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<p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ</p><p>18ª CÂMARA CÍVEL</p><p>Autos nº. 0027219-30.2024.8.16.0000</p><p>Agravo de Instrumento n° 0027219-30.2024.8.16.0000 AI</p><p>6ª Vara Cível de Maringá</p><p>JARLENE GARCIA VIEIRA e ORTILIO CARLOS VIEIRAAgravantes:</p><p>ALFA ADMINISTRADORA DE BENS LTDA, CIRLEI MARIA VECCHI LUZ, Agravados:</p><p>BENEDITO JOSE LUZ, AVENIDA FASHION ADMINISTRADORA EIS LTDA E CONDOMÍNIO</p><p>AVENIDA FASHION</p><p>Relatora: DESª DENISE KRUGER PEREIRA</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL –</p><p>DECISÃO AGRAVADA QUE INDEFERIU O PEDIDO DE LEVANTAMENTO DA</p><p>PENHORA – IRRESIGNAÇÃO DOS EXECUTADOS – PEDIDO DE</p><p>LEVANTAMENTO DA PENHORA DO BEM IMÓVEL DOS AGRAVANTES POR SE</p><p>TRATAR DE BEM DE FAMÍLIA – NÃO ACOLHIDO – PENHORA LEGÍTIMA – BEM</p><p>DE PROPRIEDADE DO FIADOR EM CONTRATO DE LOCAÇÃO – EXCEÇÃO</p><p>EXPRESSAMENTE PREVISTA NO ARTIGO 3º, INCISO VII, DA LEI Nº 8.009/90 –</p><p>POSICIONAMENTO FIRMADO PELO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA –</p><p>RECURSO ESPECIAL REPETITIVO Nº 1.363.368/MS – SÚMULA Nº 549 –</p><p>ENTENDIMENTO ADOTADO POR ESTA COLENDA 18ª CÂMARA CÍVEL –</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL QUE, EM CASO COM REPERCUSSÃO GERAL,</p><p>APRECIOU A TESE 1.127, ADMITINDO A PENHORABILIDADE – RECURSO</p><p>DESPROVIDO</p><p>AGRAVO INTERNO – RECURSO MOVIDO EM FACE DA DECISÃO QUE</p><p>INDEFERIU A LIMINAR PLEITEADA PELA PARTE AGRAVANTE – JULGAMENTO</p><p>DEFINITIVO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO – ANÁLISE DO AGRAVO</p><p>INTERNO PREJUDICADA – RECURSO NÃO CONHECIDO</p><p>, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nºVISTOS</p><p>27219-30.2024.8.16.0000, da 6ª Vara Cível de Maringá, em que são JARLENEAgravantes</p><p>GARCIA VIEIRA e ORTILIO CARLOS VIEIRA e ALFA ADMINISTRADORA DEAgravados</p><p>BENS LTDA e OUTROS.</p><p>RELATÓRIO:</p><p>Trata-se de Agravo de Instrumento (mov. 1.1 – AI) interposto em face de</p><p>decisão interlocutória (mov. 236.1) que, em autos de Ação de Execução de Título Extrajudicial</p><p>nº 21391-07.2021.8.16.0017, não acolheu a alegação de impenhorabilidade de bem de família.</p><p>Eis o teor da decisão agravada:</p><p>Foi deferida a penhora dos direitos do imóvel de matrícula n.º 31.147 do 2º SRI de</p><p>Maringá-PR (seq. 222.1).</p><p>A parte executada, alegou impenhorabilidade por ser bem de família (seq. 231.1).</p><p>Manifestação da parte exequente, na seq. 234.1, argumentando que por se trata de</p><p>bem imóvel pertencente a fiador em contrato de locação, é possível a penhora.</p><p>Relatei e decido.</p><p>Nos termos do art. 3.º, inc. VII da Lei nº 8.009/1990, há a excepcionalidade da</p><p>impenhorabilidade do bem de família quando se trata de obrigação decorrente de</p><p>fiança concedia em contrato de locação. In verbis:</p><p>(...)</p><p>Assim, da própria previsão legal expressa já se observa que a impenhorabilidade de</p><p>bem de família não prevalece quando o imóvel pertence ao fiador de contrato de</p><p>locação.</p><p>Além disso, restou pacificado no âmbito do STJ e do STF sobre validade e</p><p>constitucionalidade da penhora do imóvel pertencente ao fiador de contrato de</p><p>locação, seja ele residencial ou comercial:</p><p>(...)</p><p>Nestes termos, evidente que a penhorabilidade sobre o bem imóvel deve</p><p>prevalecer, porque hipótese excepcionada.</p><p>Com efeito, indefiro o pedido de reconhecimento de bem de família, e, por</p><p>consequência, mantenho a constrição anteriormente determinada nestes autos.</p><p>Cumpra-se a decisão no que couber.</p><p>Inconformados, sustentam os executados, resumidamente, que: fazem(a)</p><p>jus à concessão da gratuidade da justiça; a dignidade da pessoa humana e a proteção à(b)</p><p>família exigem que se coloque ao abrigo da constrição e da alienação forçada determinados</p><p>bens; eventual bem de família de propriedade do locatário não deve se sujeitar à contrição(c)</p><p>e alienação forçada, com o escopo de satisfazer valores devidos ao locador; é neste(d)</p><p>sentido que a Exma. Ministra Relatora Rosa Weber firmou seu entendimento quando do</p><p>julgamento do Recurso Extraordinário 605.709/SP em situação análoga; o caráter de(e)</p><p>moradia do imóvel constrito se comprova desde o momento da assinatura do contrato de</p><p>locação objeto da execução; tais informações são reiteradas em todos os documentos(f)</p><p>acostados aos autos originários como conta referente ao consumo de energia, condomínio e</p><p>plano de saúde, todos constando como endereço residencial dos agravantes a localidade onde</p><p>se encontra o imóvel objeto da penhora; o imóvel pertence aos próprios locatários, visto(g)</p><p>que são titulares da pessoa jurídica locatária no contrato de locação comercial e,</p><p>concomitantemente, assumem a função de fiadores no mesmo negócio jurídico, razão pela</p><p>qual não cabe a exceção dada pelo art. 3º, VII da Lei nº 8.009/90, tampouco pode haver a</p><p>interpretação extensiva dada pelo magistrado não pode o direito do exequente sea quo; (h)</p><p>sobrepor ao direito fundamental do executado; a decisão agravada está fundamentada no(i)</p><p>Tema 1091 do STJ e Tema 1127 do STF, todavia sua aplicação ao caso concreto encontra</p><p>óbice no princípio (tempo rege o ato), por meio do qual se impede que hajatempus regit actum</p><p>retroatividade de lei ou entendimento jurisprudencial a fatos ocorridos antes da sua</p><p>formulação; a ação originária versa sobre negócio jurídico concretizado em 20.07.2016(j)</p><p>conforme cópia do Contrato de Aluguel oportunamente disponibilizada, ou seja, é anterior ao</p><p>entendimento utilizado pelo magistrado para motivar a relativização do bem de família ea quo</p><p>sua impenhorabilidade verifica-se que houve alteração da natureza jurídica do contrato(k)</p><p>através da posterior formulação de distrato de contrato de loja de uso comercial com</p><p>reconhecimento de dívida, o que, em razão da sua natureza, ocasiona na anulação do contrato</p><p>de locação anteriormente firmado entre as parte; ante a rescisão contratual, não cabe(l)</p><p>aplicação dos entendimentos suscitados que versam especificamente sobre contratos de</p><p>locação de natureza residencial e comercial; deve ser concedido efeito suspensivo ao(m)</p><p>recurso, uma vez presentes os requisitos da probabilidade de provimento do recurso e o perigo</p><p>de dano.</p><p>Remetidos os autos a este e. Tribunal de Justiça, vieram conclusos por</p><p>prevenção (mov. 4.1 – AC).</p><p>Determinou-se (mov. 10.1 – AI) a intimação da parte recorrente para que</p><p>comprovasse documentalmente o preenchimento dos pressupostos para a concessão da</p><p>gratuidade da justiça, sob pena de indeferimento.</p><p>Os agravantes peticionaram, apresentando suas considerações (mov. 13.1</p><p>– AI).</p><p>A justiça gratuita restou indeferida (mov. 15.1 – AI), tendo os agravantes</p><p>apresentado o recolhimento do preparo (mov. 21.1 – AI).</p><p>O pedido liminar foi indeferido (mov. 24.1 – AI), motivando a interposição</p><p>de Agravo Interno (mov. 1.1 – AG).</p><p>Intimada, a agravada apresentou contrarrazões (mov.30.1 – AI e mov. 11.1</p><p>– AG).</p><p>É a breve exposição.</p><p>VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO:</p><p>Os pressupostos de admissibilidade recursal foram objeto de análise na</p><p>decisão que indeferiu o pedido liminar.</p><p>Cinge-se a controvérsia recursal à adequação da decisão que não acolheu</p><p>a alegação de impenhorabilidade do imóvel objeto de Termo de Penhora de mov. 224.1.</p><p>Não obstante os argumentos suscitados pela parte agravante, sobretudo</p><p>quanto à aplicação do primado do e da teoria da ,tempus regit actum prospective overruling</p><p>tem-se que o entendimento quanto à possibilidade de penhora do imóvel do fiador já vinha</p><p>sendo há muito adotado pelos tribunais pátrios, conforme se passa a explicitar.</p><p>A definição de bem de família foi estabelecida pelo legislador, no artigo 1º,</p><p>da Lei nº 8.009/90 nos seguintes termos: “O imóvel residencial próprio do casal, ou dacaput,</p><p>entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,</p><p>fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos</p><p>que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei”.</p><p>Não se olvida da relevância social da legislação em questão, a qual</p><p>consagra o direito constitucional à moradia e o princípio da dignidade da pessoa humana.</p><p>Tem-se, no entanto, que em referido diploma legal estão previstas</p><p>hipóteses em que a impenhorabilidade não é oponível. No caso em análise, a exceção está</p><p>disposta no artigo 3º, inciso VII: “A impenhorabilidade</p><p>é oponível em qualquer processo de</p><p>execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido por</p><p>obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação”.</p><p>A celeuma instaurada em torno da constitucionalidade do dispositivo em</p><p>questão não é novidade.</p><p>Ainda no ano de 2010, o egrégio Supremo Tribunal Federal, reconhecendo</p><p>a repercussão geral da matéria, firmou a tese de que “é constitucional a penhora de bem de</p><p>família pertencente a fiador de contrato de locação, em virtude da compatibilidade da exceção</p><p>prevista no art. 3°, VII, da Lei 8.009/1990 com o direito à moradia consagrado no art. 6° da</p><p>Constituição Federal, com redação da EC 26/2000” (RE 612360 RG / SP - SÃO PAULO –</p><p>REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO – Relator(a): Min. ELLEN</p><p>GRACIE – Julgamento: 13/08/2010 – Publicação: 03/09/2010 – Órgão julgador: Tribunal Pleno).</p><p>O Excelentíssimo Ministro Joaquim Barbosa teceu considerações sobre o</p><p>aparente confronto entre o direito à moradia e o direito à liberdade, das quais se transcreve</p><p>relevante trecho, por oportuno:</p><p>[...] aparentemente, a questão posta nos presentes autos centra-se no embate entre</p><p>dois direitos fundamentais: de um lado, o direito à moradia (art. 6º da Constituição</p><p>Federal), que é direito social constitucionalmente assegurado e, em princípio, exige</p><p>uma prestação do Estado; de outro, o direito à liberdade, em sua mais pura</p><p>expressão, ou seja, a da autonomia da vontade, exteriorizada, no caso concreto, na</p><p>faculdade que tem cada um de obrigar-se contratualmente e, por consequência, de</p><p>suportar os ônus dessa livre manifestação de vontade. Ambos os direitos merecem</p><p>igual tutela em nossa Constituição, de modo que é tarefa complexa estabelecer os</p><p>parâmetros e limites de sua aplicação, em especial neste tema da penhorabilidade</p><p>do bem de família do fiador nos contratos de locação. [...]. A norma é muito clara: o</p><p>fiador que oferece o único imóvel de sua propriedade para garantir contrato de</p><p>locação de terceiro pode ter o bem penhorado em caso de descumprimento da</p><p>obrigação principal pelo locatário. Sustenta-se que essa penhora seria contrária ao</p><p>disposto na Constituição federal, sobretudo após a Emenda Constitucional 26, que</p><p>incluiu o direito à moradia no rol dos direitos sociais descritos no art. 6º da</p><p>Constituição. Entendo, porém, que esse não deve ser o desenlace da questão.</p><p>Como todos sabemos, os direitos fundamentais não têm caráter absoluto. Em</p><p>determinadas situações, nada impede que um direito fundamental ceda o passo em</p><p>prol da afirmação de outro, também em jogo numa relação jurídica concreta. É</p><p>precisamente o que está em jogo no presente caso. A decisão de prestar fiança,</p><p>como já disse, é expressão da liberdade, do direito à livre contratação. Ao fazer uso</p><p>dessa franquia constitucional, o cidadão, por livre e espontânea vontade, põe em</p><p>risco a incolumidade de um direito fundamental social que lhe é assegurado na</p><p>Constituição. E o faz, repito, por vontade própria. Por via de consequência, entendo</p><p>que não há incompatibilidade entre o art. 3º, VII, da Lei 8.009/1990, inserido pela Lei</p><p>8.245/1991, que prevê a possibilidade de penhora do bem de família em caso de</p><p>fiança em contrato de locação, e a Constituição federal.</p><p>Quanto à validade, posteriormente, no ano de 2014, o egrégio Superior</p><p>Tribunal de Justiça posicionou-se no mesmo sentido ao definir, para fins do artigo 543-C do</p><p>Código de Processo Civil de 1973 (sistemática dos Recursos Repetitivos), a seguinte tese: "É</p><p>legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de contrato de locação,</p><p>ante o que dispõe o artigo 3º, inciso VII, da Lei nº 8.009/1990".</p><p>Também foi redigida a Súmula nº 549/STJ: “É válida a penhora de bem de</p><p>família pertencente a fiador de contrato de locação”.</p><p>Nota-se, portanto, que a jurisprudência pátria já havia se firmado, inclusive</p><p>em precedentes de caráter vinculante, pela aplicação do artigo 3º, inciso VII, da Lei do Bem de</p><p>Família.</p><p>É este o posicionamento adotado por esta colenda 18ª Câmara Cível:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE</p><p>PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS DA</p><p>LOCAÇÃO EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – DECISÃO</p><p>AGRAVADA QUE INDEFERIU O PLEITO DOS FIADORES DE</p><p>RECONHECIMENTO DE IMPENHORABILIDADE DE SEU IMÓVEL – BEM DE</p><p>FAMÍLIA – NÃO CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO – TESE DE</p><p>POSSIBILIDADE DE GARANTIA DO DÉBITO POR MEIO DE AÇÕES MOVIDAS</p><p>PELOS FIADORES CONTRA O INSS QUE NÃO FOI SUBMETIDA À ANÁLISE DO</p><p>MAGISTRADO A QUO – APRECIAÇÃO QUE RESULTARIA EM INDEVIDA</p><p>SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – PENHORA LEGÍTIMA – BEM DE PROPRIEDADE</p><p>DO FIADOR EM CONTRATO DE LOCAÇÃO – EXCEÇÃO EXPRESSAMENTE</p><p>PREVISTA NO ARTIGO 3º, INCISO VII, DA LEI Nº 8.009/90 – POSICIONAMENTO</p><p>FIRMADO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – RECURSO ESPECIAL</p><p>REPETITIVO Nº 1.363.368/MS – SÚMULA Nº 549 – ENTENDIMENTO ADOTADO</p><p>POR ESTA COLENDA 18ª CÂMARA CÍVEL – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL</p><p>QUE, EM CASO COM REPERCUSSÃO GERAL, APRECIOU A TESE 1.127,</p><p>ADMITINDO A PENHORABILIDADE – AUSÊNCIA DE RESSALVA LEGISLATIVA À</p><p>APLICAÇÃO DA REGRA POR SER O FIADOR PESSOA IDOSA – PRECEDENTES</p><p>DESTA CÂMARA JULGADORA – RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E,</p><p>NESSA EXTENSÃO, DESPROVIDO (TJPR - 18ª Câmara Cível - 0053842-</p><p>34.2024.8.16.0000 - Curitiba -  Rel.: DESEMBARGADORA DENISE KRUGER</p><p>PEREIRA -  J. 26.08.2024)</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL.</p><p>DISCUSSÃO SOBRE A PENHORABILIDADE DE IMÓVEL RESIDENCIAL DO</p><p>FIADOR QUE SE RESPONSABILIZOU PELO PAGAMENTO DE ENCARGOS</p><p>LOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE DE CONSTRIÇÃO, EX VI DO DISPOSTO NO</p><p>ARTIGO 3o, VII DA LEI 8.009/1990. CIRCUNSTÂNCIA DE A LOCAÇÃO TER POR</p><p>OBJETO IMÓVEL COMERCIAL QUE NÃO DESAUTORIZA A APLICAÇÃO DA</p><p>REGRA DE EXCEÇÃO À IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA.</p><p>CONSTITUCIONALIDADE DAQUELE NORMA RECONHECIDA PELO STF AO</p><p>JULGAR O RECURSO EXTRAORDINÁRIO 612.360, COM REPERCUSSÃO</p><p>GERAL (TEMA 295). LEGALIDADE DA CONSTRIÇÃO EM TAL CONTEXTO,</p><p>ADEMAIS, AFIRMADA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO JULGAR O</p><p>RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.363.368/MS. DECISÕES ATUAIS DO</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONSIDERANDO IMPENHORÁVEL O BEM DE</p><p>FAMÍLIA DAQUELE QUE PRESTA FIANÇA EM CONTRATO DE LOCAÇÃO</p><p>COMERCIAL QUE NÃO SÃO VINCULANTES, MAS MERAMENTE PERSUASIVAS.</p><p>OBRIGATORIEDADE DE RESPEITO AOS OUTROS PRECEDENTES, HAJA</p><p>VISTA SEU CARÁTER VINCULANTE (CPC, ARTIGO 927, III). RECURSO</p><p>CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 18ª C.Cível - 0006766-19.2021.8.16.0000</p><p>- Curitiba -  Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU LUIZ</p><p>HENRIQUE MIRANDA -  J. 10.05.2021)</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO C/C COBRANÇA.</p><p>CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. BAIXA DA PENHORA DE IMÓVEL DE</p><p>TITULARIDADE DO FIADOR. BEM DE FAMÍLIA. 1. PENHORABILIDADE DO BEM</p><p>DE FAMÍLIA DE PROPRIEDADE DO FIADOR. CABIMENTO. ART. 3º, INCISO VII,</p><p>DA LEI Nº 8.009/90. EXCEÇÃO APLICÁVEL AO CASO CONCRETO. DIVERSAS</p><p>TENTATIVAS DE SATISFAÇÃO DO CRÉDITO. DEMAIS IMÓVEIS COM</p><p>RESTRIÇÕES. - À luz do disposto no art. 3º, inciso VII, da Lei nº 8.009/90, é</p><p>inoponível a impenhorabilidade em caso de obrigação decorrente de fiança</p><p>concedida em contrato de locação.2. JULGAMENTO PROFERIDO, POR MAIORIA,</p><p>NO RE 605.709 PELO STF. ENTENDIMENTO NÃO VINCULANTE. ADOÇÃO DE</p><p>TESE CONTRÁRIA POR ESTA CÂMARA. SÚMULA 549 DO STJ.</p><p>APLICABILIDADE. VIABILIDADE DA PENHORA.- A despeito do julgamento</p><p>proferido no RE 605.709 pelo STF, esta Câmara filia-se a entendimento contrário,</p><p>fundado na Súmula 549 do STJ, segundo a qual “é válida a penhora de bem de</p><p>família pertencente a fiador de contrato de locação”.Agravo de instrumento provido.</p><p>(TJPR - 18ª C.Cível - 0055965-78.2019.8.16.0000 - Curitiba -  Rel.:</p><p>DESEMBARGADOR PÉRICLES BELLUSCI DE BATISTA PEREIRA -  J.</p><p>15.02.2021)</p><p>Destaque-se que o Supremo Tribunal Federal somente veio a dirimir</p><p>definitivamente a questão, apreciando o tema 1.127 da repercussão geral, negou provimento</p><p>ao Recurso Extraordinário nº 1307334 e fixou a seguinte tese: “É constitucional a penhora de</p><p>bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, seja residencial, seja comercial”.</p><p>Ainda, conquanto os agravantes</p><p>tenham afirmado que o contrato de</p><p>locação foi desnaturado em virtude da celebração de distrato, certo é que igualmente figuraram</p><p>como garantidores (fiadores) no negócio resolutivo (mov. 1.9 – AI), ou seja, a hipótese jurídica</p><p>que viabiliza a penhora persistiu a mesma.</p><p>Finalmente, uma vez que o recurso de Agravo Interno objetivava a reforma</p><p>da decisão liminar, resta prejudicada sua análise, ante o julgamento definitivo do mérito do</p><p>Agravo de Instrumento.</p><p>Por todo o exposto, voto por negar provimento ao Agravo de</p><p>Instrumento e pelo não conhecimento do Agravo Interno.</p><p>DECISÃO:</p><p>Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 18ª Câmara Cível do</p><p>Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao</p><p>Agravo de Instrumento, restando prejudicado o Agravo Interno.</p><p>O julgamento foi presidido pelo Desembargador Marcelo Gobbo Dalla Dea,</p><p>sem voto, e dele também participaram e acompanharam o voto da Relatora o Desembargador</p><p>Vitor Roberto Silva e o Desembargador Péricles Bellusci de Batista Pereira.</p><p>Curitiba, 30 de agosto de 2024.</p><p>Desª Denise Kruger Pereira</p><p>Relatora</p>

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