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<p>DIREITO DAS SUCESSÕES</p><p>Conceit�</p><p>● Conjunto de normas jurídicas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém</p><p>depois de sua morte aos herdeiros, em virtude de lei ou testamento</p><p>● Sucessão no sentido estrito: refere-se aos casos de transmissão do patrimônio (e demais</p><p>relações jurídicas) após a morte de alguém (mortis causa)</p><p>● A sucessão será aberta no momento de morte da pessoa</p><p>● Herança é o conjunto de ativos e passivos que uma pessoa ao morrer transmite aos seus</p><p>herdeiros</p><p>➔ bens móveis e imóveis, direitos, relações jurídicas, obrigações etc</p><p>● As obrigações da pessoa morta ficam restritas até o limite da herança, ficando os</p><p>herdeiros com a parte remanescente</p><p>Parte�</p><p>● Art. 1.845.CC São herdeiros necessários aqueles que necessariamente precisam fazer parte</p><p>da sucessão pois são definidos por lei, sendo esses os descendentes, os ascendentes e o</p><p>cônjuge.</p><p>● Legítimo facultativo: os colaterais ou transversais (irmãos, tios, sobrinhos, primos do de</p><p>cujus) não possuem direito a parte legítima, podendo receber caso do de cujus deixar</p><p>testamento</p><p>● O Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou o status de cônjuge – quem vive casado – ao</p><p>de companheiro – quem vive em união estável - para fins de sucessão, inclusive em uniões</p><p>homoafetivas</p><p>Representaçã�</p><p>● O direito de representação (art. 1.851 CC) no direito sucessório se aplica quando um</p><p>herdeiro já faleceu no momento da sucessão.</p><p>● Se um descendente que teria direito a uma parte da herança não está mais vivo, a lei</p><p>permite que outro descendente o substitua. Assim, esse novo descendente herda os direitos</p><p>que o falecido teria se estivesse vivo.</p><p>● Por exemplo, se um filho falece antes de seu pai, o direito de representação entra em jogo</p><p>para garantir que os netos (descendentes do filho falecido) possam herdar em seu lugar)</p><p>● Só tem aplicação na sucessão legítima.</p><p>● Cônjuge nunca herdam por representação</p><p>● Só cabe representação se o herdeiro a ser representado é pré-morto (morreu antes da</p><p>abertura da sucessão), indigno, deserdado ou comoriente</p><p>● Somente existe represente representação em favor dos sobrinhos quando concorrerem</p><p>com irmãos do falecido</p><p>Espécie� d� sucessã� quant� � font�</p><p>● Art. 1.786 CC. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.</p><p>● Sucessão Testamentária:</p><p>➞ Quando o morto deixa testamento, sendo herdeiros testamentários as pessoas</p><p>beneficiadas em um testamento</p><p>➞ Deve ter pelo menos 16 anos e discernimento mental no momento da realização do</p><p>testamento</p><p>➞ Art. 1789 do CC. Vigora em nosso ordenamento jurídico o sistema da liberdade limitada de</p><p>testar, por meio do qual a pessoa que tem herdeiros necessários somente poderá dispor de</p><p>50% de seus bens em seu testamento</p><p>➞ Assim, o patrimônio do de cujus é dividido em duas partes: legítima (ou reserva dos</p><p>herdeiros necessários) e porção disponível</p><p>➞ Se for casado sob o regime da comunhão universal de bens (art. 1.667 CC) o patrimônio do</p><p>casal será dividido em duas meações e a pessoa só poderá dispor da sua meação.</p><p>● Sucessão Legítima ou ab intestato</p><p>➞ Ocorre quando o morto não deixou testamento, deixou de mencionar bens, se o</p><p>testamento caducar ou for julgado nulo (Art. 1.788 CC)</p><p>➞ Admite-se a existência simultânea dessas duas espécies de sucessão, eis que se o</p><p>testamento não abranger a totalidade dos bens do falecido, a parte de seu patrimônio não</p><p>mencionada no ato de última vontade transmite-se aos herdeiros legítimos na ordem da</p><p>vocação hereditária.</p><p>➞ Os herdeiros legítimos necessários só perdem o direito a parte legitima se forem indignos</p><p>ou deserdados</p><p>➞ Exemplos de casos em que o testamento pode ser nulo (ou anulável): quando o testador fez</p><p>testamento sob vício de consentimento; quando o testador dispôs de bem que não lhe</p><p>pertencia, quando o beneficiário morre antes do testador…</p><p>➞ Nosso ordenamento proíbe qualquer outra forma de sucessão, especialmente a</p><p>contratual. São proibidos os pactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a</p><p>herança de pessoa viva (art. 426 do C.C. – pacta corvina). No entanto admite a cessão de</p><p>direitos.</p><p>➢ uma exceção a essa regra: possibilidade de partilha feita por ascendente, por ato entre</p><p>vivos ou de última vontade, conquanto que não prejudique a legítima dos herdeiros</p><p>necessários.</p><p>Sucessã� quant� a� seu� efeit�</p><p>● Sucessão a título singular:</p><p>➞ Decorre apenas de testamento, ocorre quando a pessoa morreu e deixou testamento de</p><p>bem certo e determinado</p><p>➞ Legatário: pessoa que recebe bem certo e determinado</p><p>➞ Assim, se A faz testamento e deixa a B o seu automóvel, B será legatário. Do mesmo modo,</p><p>se os bens forem determináveis, isto é, se A deixar a B os seus bens sitos em Lisboa, B será</p><p>também legatário.</p><p>➞ O legatário não responde pelas dívidas e encargos da herança, salvo em se tratando de</p><p>débitos tributários, caso em que sua responsabilidade fica limitada ao montante do legado</p><p>(art. 131, II do CTN)</p><p>● Sucessão a título universal:</p><p>➞ Ocorre quando a totalidade da herança, ou parte indeterminada (porção abstrata), é</p><p>transmitida para algum herdeiro</p><p>➞ A sucessão legítima é sempre a título universal.</p><p>➞ Ex: Maria morreu e seu filho Pedro herdou toda a herança</p><p>➞ Ex: Maria fez um testamento e após sua morte deixou 50% de seu patrimônio para Ana</p><p>(sendo considerada parte indeterminada, já que não é objeto certo e determinado como um</p><p>carro ou um apartamento)</p><p>Abertur� d� sucessã�</p><p>● A sucessão será aberta no momento de morte da pessoa</p><p>● Art. 1.784. Aberta a sucessão (também chamada de delação ou devolução sucessória), a</p><p>herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.</p><p>➔ Sendo essa transmissão de modo imediato, sem solução de continuidade (ou seja, sem</p><p>interrupção) e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato (art. 1.784 CC) e sem que os</p><p>herdeiros precisem realizar qualquer ato</p><p>● Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo,</p><p>salvo se o legado estiver sob condição suspensiva. Entretanto, não se defere de imediato a</p><p>posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria</p><p>➔ Carlos Roberto Gonçalves leciona: "Quanto aos legatários, a situação é diferente:</p><p>adquirem a propriedade dos bens infungíveis desde a abertura da sucessão; dos</p><p>fungíveis, porém, só pela partilha. A posse, em ambos os casos, deve ser requerida aos</p><p>herdeiros, que só estão obrigados a entregá-la por ocasião da partilha depois de</p><p>comprovada a solvência do espólio"</p><p>Loca� d� abertur� d� sucessã�</p><p>● Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido, sendo este o foro</p><p>competente para processar a ação de inventário (e demais ações sucessórias)</p><p>● Não importando onde a pessoa faleceu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro,</p><p>o Art. 48 do CPC diz que no Brasil o foro competente ainda é o último domicílio do falecido</p><p>➔ Ex: Mário residia em Porto Alegre, mas estava viajando e faleceu de infarto em Curitiba.</p><p>Assim, a sucessão de Mário se deu na cidade de Porto Alegre (último domicilio = Art.</p><p>1.785 do CC), e o Inventário também deverá ser processado na cidade de Porto Alegre</p><p>(Art. 48 do CPC).</p><p>● Ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha ele residido fora do território</p><p>nacional, compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra,</p><p>proceder ao inventário e partilha de bens situados no Brasil ( art 23 do CPC)</p><p>● Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: (Art.48 parágrafo único)</p><p>I. o foro de situação dos bens imóveis: João faleceu em Maringá. Ele trabalhava em uma</p><p>empresa de circo e não possuía domicílio certo. Era proprietário de um terreno na</p><p>cidade de Joinville. Como João não possuía domicílio certo, seu Inventário deverá ser</p><p>proposto na cidade de Joinville, que é a cidade onde possuía um bem imóvel.</p><p>II. havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes: João não tinha domicílio</p><p>certo mas tinha imóveis em Joinville; Curitiba e São Paulo, nesse caso o Inventário</p><p>poderá ser proposto tanto em Joinville, quanto em Curitiba, quanto em São Paulo, pois</p><p>João possui imóveis nas três cidades.</p><p>III. Não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio: João</p><p>tinha uma conta bancária em Joinville e uma tenda de circo em Curitiba. Assim, o</p><p>Inventário de João poderá ser proposto tanto na cidade de Joinville quanto na cidade</p><p>de Curitiba.</p><p>● Art. 46. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles</p><p>➔ O falecido morava na cidade de Joinville duas semanas por mês e na cidade de</p><p>Blumenau nas outras duas semanas por mês. Nesse caso a ação de inventário poderá</p><p>ser proposta tanto em Joinville quanto em Blumenau.</p><p>Aceitaçã� o� Adoçã� d� heranç�</p><p>● É o ato unilateral pelo qual o herdeiro ou legatário manifesta a vontade de receber a</p><p>herança (arts. 1.804 e seguintes do CC)</p><p>● O fato de os herdeiros terem de aceitar uma herança em um processo de Inventário é</p><p>apenas de natureza confirmatória, sendo que a transmissão da herança aos herdeiros se dá</p><p>no momento da morte independentemente de existir ou não a abertura de Inventário</p><p>● Quanto à forma</p><p>➔ expressa- quando se faz por declaração escrita, como por petição inical</p><p>➔ tácita - quando se comporta como aceitando, ex: institui um advogado para te</p><p>representar</p><p>➔ presumida- o silêncio, é entendível como um ato de aceitação</p><p>● Quanto à pessoa que a manifesta:</p><p>➔ direta- se manifestada pelo próprio herdeiro;</p><p>➔ indireta- se alguém a faz pelo herdeiro, podendo ser feita:</p><p>- pelos herdeiros do herdeiro: se o herdeiro original falecer antes de tomar uma</p><p>decisão sobre a herança, os chamados à sucessão desse herdeiro (ou seja, os</p><p>herdeiros dele) podem aceitar ou renunciar à primeira herança, desde que</p><p>concordem em receber a segunda herança. (art. 1.809, parágrafo único, CC/2002)</p><p>- pelo tutor ou curador: de heranças e legados, com ou sem encargos, mediante</p><p>autorização do juiz;</p><p>-por mandatário ou gestor de negócios: há controvérsias quanto à</p><p>admissibilidade de aceitação da herança pelo gestor de negócios;</p><p>- pelos credores: se a renúncia prejudicar os credores, poderão eles, com</p><p>autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. Entretanto, depois de</p><p>pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente,</p><p>que será devolvido aos demais herdeiros. A habilitação dos credores se fará no</p><p>prazo de 30(trinta) dias seguintes ao conhecimento do fato (art. 1.813, §1°, CC/2002)</p><p>● Não pode haver retratação da aceitação da herança, os atos de aceitação são irrevogáveis</p><p>● É incondicional: a aceitação não pode ser feita sob condição ou a termo.</p><p>● A aceitação pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se verifica que o</p><p>aceitante não é herdeiro ou se existirem vícios de consentimento</p><p>● É indivisível: o herdeiro não pode aceitar apenas parte da herança; ele deve aceitá-la</p><p>integralmente.</p><p>➔ OBS: O artigo 1.808 do CC estabelece que, quando um herdeiro é chamado a mais de</p><p>um quinhão hereditário na mesma sucessão, ele tem a liberdade de deliberar sobre</p><p>quais quinhões aceitar e quais renunciar. Isso significa que, se houver vários quinhões</p><p>disponíveis na herança (por exemplo, diferentes propriedades ou partes dos bens), o</p><p>herdeiro pode escolher aceitar alguns e renunciar a outros.</p><p>➔ No entanto, a indivisibilidade da herança se refere a um aspecto diferente. Quando um</p><p>herdeiro decide aceitar a herança como um todo, ele não pode selecionar apenas</p><p>partes específicas para aceitar. Ou seja, ele não pode dizer: “Aceito a casa, mas</p><p>renuncio ao dinheiro.” A aceitação é integral e abrange todos os bens e obrigações</p><p>relacionados à herança. Da mesma forma, se o herdeiro optar por renunciar, ele</p><p>renuncia a tudo, não apenas a partes específicas.</p><p>➔ Portanto, o artigo 1.808 trata da liberdade de escolha entre quinhões, enquanto a</p><p>indivisibilidade se refere à totalidade da herança</p><p>Renúnci� o� repúdi� d� heranç�</p><p>● É o ato solene pelo qual o herdeiro ou o legatário manifesta a vontade de não aceitar a</p><p>herança ou o legado que lhe é transmitido.</p><p>● É indivisível, vide Art. 1.808 do CC</p><p>● Formas de renúncia (Art. 1.806 CC)</p><p>➔ Expressa</p><p>- A renúncia à herança deve ser sempre expressa, conforme o artigo 1806.</p><p>- Devendo ser feito por escritura pública (perante o tabelião) ou termo nos autos</p><p>(perante o juiz)</p><p>➔ Propriamente dita:</p><p>- Renúncia pura e simples, o herdeiro simplesmente declara que não aceita a</p><p>herança ou o legado.</p><p>- A herança é devolvida ao monte hereditário para partilha entre os herdeiros</p><p>legítimos.</p><p>- Não há tributação na renúncia</p><p>- Além disso, ela possui efeito ex tunc, retroagindo até a morte do autor da herança</p><p>➔ Renúncia translativa ou em favor de alguém:</p><p>- O herdeiro aceita a herança e, em seguida, a transfere a uma terceira pessoa.</p><p>- Nesse caso, o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer</p><p>Bens ou Direitos (ITCMD) incidirá duas vezes: na aceitação e na transmissão.</p><p>- A renúncia translativa tem um beneficiário determinado</p><p>● Requisitos para a renúncia</p><p>➔ Capacidade civil plena de renunciante: incapaz não pode renunciar a herança, a</p><p>renúncia é nula, senão por seu representante legal, autorizado pelo Juiz. O juiz vai</p><p>autorizar quando, ao renunciar, o incapaz não sofra nenhum tipo de prejuízo à sua</p><p>formação/criação/sustento/manutenção.</p><p>➔ Anuência conjugal: tem duas correntes</p><p>- Corrente majoritária: se o renunciante for casado, precisa da autorização do</p><p>outro, salvo se o casamento for contraído no regime da separação de bens</p><p>convencional ou obrigatória. A palavra alienação abrange tanto a transmissão</p><p>onerosa quanto a gratuita.</p><p>- Corrente minoritária: não importa o regime de bens. Em qualquer um dos 4</p><p>regimes bens (comunhão parcial; comunhão universal; participação final dos</p><p>aquestos; separação total) o renunciante não precisa da anuência do outro.</p><p>Fundamento: a herança é um bem imóvel (art. 80, II do CC). Toda transmissão de um</p><p>bem imóvel, se o proprietário for casado, precisa da anuência do cônjuge, mas a lei</p><p>fala em “alienação”. Alienação de um bem imóvel seria uma transferência onerosa.</p><p>Logo, a renúncia é uma liberdade, transmissão feita a título gratuito. Sendo assim,</p><p>não precisaria renunciar com a anuência do outro cônjuge.</p><p>- Cônjuge nunca herdam por representação</p><p>➔ Que não prejudique os credores do renunciante</p><p>● Efeitos da Renúncia</p><p>➔ O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão; seus efeitos</p><p>retroagem à data da abertura da sucessão</p><p>- No entanto, é importante notar que alguém que repudia a herança ainda pode</p><p>aceitar um legado específico. Ou seja, mesmo recusando a herança como um todo,</p><p>essa pessoa pode aceitar bens ou direitos específicos deixados por testamento.</p><p>Isso permite uma abordagem mais flexível em relação aos ativos deixados pelo</p><p>falecido</p><p>➔ O artigo 1.811 do CC estabelece que não há representação na renúncia da herança.</p><p>Isso significa que, quando um herdeiro renuncia à herança, considera-se que ele nunca</p><p>tenha existido para fins de sucessão. Portanto, os herdeiros do renunciante não têm</p><p>direito de representação</p><p>- Há uma exceção: se o herdeiro renunciante for o único legítimo de sua classe ou</p><p>se todos os outros herdeiros da mesma classe também renunciarem à herança, os</p><p>filhos (descendentes) podem suceder diretamente, por direito próprio e por cabeça.</p><p>➔ Quando alguém renuncia à herança, o renunciante ainda pode usufruir dos bens e</p><p>cuidar da sua administração, desde que sejam destinados aos filhos menores. Essa</p><p>regra é importante para proteger os interesses das crianças envolvidas.</p><p>- O art. 1.690 do CC estabelece que, a partir dos 16 anos, o usufruto e a</p><p>administração dos bens são compartilhados com o menor, em regime de</p><p>assistência, até que ele atinja a maioridade. Portanto, mesmo que o renunciante</p><p>não queira a herança, os direitos dos filhos menores são preservados.</p><p>➔ Na sucessão legítima, quando um herdeiro renuncia à herança, a sua parte não se</p><p>perde. Em vez disso, ela acresce à parte dos outros herdeiros da mesma classe. No</p><p>entanto, se o renunciante for o único herdeiro dessa classe, sua parte é devolvida aos</p><p>herdeiros da classe subsequente</p><p>➔ Na sucessão testamentária, quando um herdeiro renuncia à herança, a disposição</p><p>de</p><p>última vontade que o beneficie torna-se inválida, exceto se o testador tiver indicado</p><p>um substituto para o herdeiro renunciante ou se houver direito de acrescer entre os</p><p>herdeiros. Art 1.947 do CC</p><p>- Além disso, o herdeiro que renuncia não fica impedido de aceitar legados, e</p><p>vice-versa.</p><p>➔ O artigo 1812 do Código Civil estabelece que os atos de aceitação ou renúncia da</p><p>herança são irrevogáveis e indivisíveis. Isso significa que, uma vez que um herdeiro</p><p>aceita ou renuncia à herança, essa decisão é definitiva e não pode ser alterada. Essa</p><p>providência visa tornar o processo de inventário mais estável, impedindo que o</p><p>herdeiro atrapalhe o andamento do procedimento alegando mudança de posição.</p><p>Heranç� Jacent�</p><p>● É aquela relativamente à qual não há herdeiro legítimo ou testamentário notoriamente</p><p>conhecido. Artigo 1.820 do CC</p><p>● O Estado protege os bens do falecido até que um herdeiro seja localizado.</p><p>● É uma situação temporária que antecede a vacância</p><p>● Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros conhecidos ou quando estes</p><p>repudiarem a herança, os bens irão para o Município ou Distrito Federal (se localizados nas</p><p>respectivas circunscrições) ou União (se situados em Território Federal). Mas não de imediato.</p><p>Há um procedimento legal:</p><p>● Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são arrecadados.</p><p>● Nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-los e administrá-los.</p><p>● A característica principal da herança jacente é a transitoriedade da situação dos bens.</p><p>● Não goza de personalidade jurídica; é uma universalidade de direito.</p><p>➔ a administração pública não é herdeira, não lhe é dado o direito de saisine, isto é, não</p><p>se torna proprietária dos bens da herança no momento da morte do de cujus, como</p><p>acontece com os demais herdeiros</p><p>● São expedidos editais convocando eventuais sucessores. O que pode acontecer:</p><p>1. Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade de testamenteiro ou</p><p>provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á em inventário.</p><p>2. Após a realização de todas as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um</p><p>ano após o primeiro edital, haverá a declaração de vacância.</p><p>Heranç� Vacant�</p><p>● Conceito: é a que não foi disputada, com êxito, por qualquer herdeiro e que, judicialmente,</p><p>foi proclamada de ninguém. Artigos 1.820 e 1.822 do CC</p><p>● Superada esta primeira fase, a sentença que declara a vacância devolve os bens ao Poder</p><p>Público</p><p>● Os bens passam, então, para a propriedade do Estado (em sentido amplo). Mas ainda não</p><p>de forma plena, mas apenas resolúvel (propriedade resolúvel: é a que pode se “resolver”, ou</p><p>seja, se extinguir).</p><p>● Somente após 05 (cinco) anos da abertura da sucessão a propriedade passa para o</p><p>domínio público (Município, Distrito Federal ou União).</p><p>● Comparecendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário regular.</p><p>● O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de herdeiros apontados na</p><p>ordem de vocação hereditária. É, portanto, um sucessor irregular, desde que haja sentença</p><p>que declare a vacância dos bens.</p><p>�clusã� por indignidad�</p><p>● Arts. 1.814/1.818 CC.</p><p>● É uma espécie de incapacidade sucessória que priva uma pessoa de receber a herança.</p><p>● É uma pena civil, que atinge os herdeiros necessários, os legítimos e os testamentários.</p><p>● A pena de indignidade só alcança o indigno, sendo representado por seus sucessores,</p><p>como se morto fosse (representação)</p><p>● Inadmite interpretação extensiva ou aplicação analógica dos casos de exclusão do</p><p>herdeiro ou legatário por indignidade, sendo excluídos por indignidade os herdeiros ou</p><p>legatários que somente:</p><p>A. houverem sido autores, co-autores ou partícipes em crime de homicídio doloso, ou</p><p>tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,</p><p>ascendente ou descendente.</p><p>B. houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorreram em</p><p>crime contra a sua honra (calúnia, difamação e injúria), ou de seu cônjuge ou</p><p>companheira (o).</p><p>C. por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o autor da herança de livremente</p><p>dispor dos seus bens por ato de última vontade.</p><p>● Art. 1.815 CC. A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos de</p><p>indignidade, será declarada por sentença em ação ordinária, movida por quem tenha</p><p>interesse na sucessão.</p><p>● Legitimados a requerer a indignidade: credores, co-herdeiros, ministério Público (apenas</p><p>no caso de homicídio ou tentativa)</p><p>● O prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de decadência.</p><p>● Os efeitos da sentença declaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à data da abertura</p><p>da sucessão, considerando o indigno como pré-morto ao de cujus.</p><p>● Reabilitação: O art. 1.818 CC permite ao ofendido reabilitar o indigno, desde que o faça de</p><p>forma expressa em testamento ou outro ato autêntico (ex.: escritura pública), herdando</p><p>normalmente. É o perdão do indigno</p><p>➔ não tem prazo</p><p>➔ reabilitação tácita: só herda o legado que foi disponibilizado no testamento</p><p>● O indigno não terá direito ao usufruto nem administração dos bens que seus filhos</p><p>menores herdaram</p><p>➔ Além disso, a sucessão eventual, que ocorreria se o neto falecesse e o pai voltasse a</p><p>herdar, não se aplica nesse caso</p><p>● Diz o artigo 1.817, parágrafo único, do CC, a pessoa excluída da sucessão é obrigada a</p><p>restituir os frutos e rendimentos que obteve dos bens da herança.</p><p>➔ No entanto, ela tem o direito de ser indenizada pelas despesas relacionadas à</p><p>conservação desses bens. Portanto, mesmo excluído, o indivíduo não fica totalmente</p><p>desamparado e tem direitos nesse contexto</p><p>● Alienações Onerosas de Bens Hereditários a Terceiros de Boa-Fé: quando um herdeiro</p><p>vende ou transfere bens hereditários a terceiros de boa-fé (ou seja, sem conhecimento de</p><p>qualquer irregularidade), essas transações são válidas. Essa validade se mantém mesmo se o</p><p>herdeiro for posteriormente excluído da sucessão por algum motivo</p><p>➔ Antes da sentença de exclusão, os atos de administração legalmente realizados pelo</p><p>herdeiro excluído também são válidos.</p><p>➔ Por exemplo, se o herdeiro excluído vendeu ou alugou um imóvel da herança, essas</p><p>ações são consideradas legítimas até que a exclusão seja oficializada</p><p>➔ Direito dos Co-Herdeiros a Demandar Perdas e Danos: mesmo com a validade das</p><p>alienações e atos de administração, os co-herdeiros prejudicados têm o direito de</p><p>buscar indenização e compensação por eventuais danos causados.</p><p>● O excluído deverá responder por perdas e danos, no caso de restar apurada a obstação,</p><p>ocultação ou destruição do testamento por culpa ou dolo.</p><p>● Alguns autores divergem sobre se o herdeiro indigno (excluído) pode representar seu pai</p><p>na sucessão de outro parente. Enquanto alguns entendem que a pena deve ser aplicada</p><p>restritivamente, outros, como MHD e Sílvio Rodrigues, têm opinião contrária</p><p>Orde� d� vocaçã� hereditári�</p><p>● Arts 1829 – 1844 do CC</p><p>● É uma relação preferencial, estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas para</p><p>suceder o de cujus na sucessão legítima.</p><p>● Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais remoto.</p><p>● Parentes por afinidade não são parentes legítimos</p><p>● Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe precedente. Exemplo: os</p><p>ascendentes só serão chamados na sucessão se não houver descendentes</p><p>● Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente desta forma, ou</p><p>seja, pode haver algumas modificações</p><p>● Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:</p><p>I. aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente</p><p>- Os descendentes mais próximos excluem os mais remotos. Exemplo: o de cujus</p><p>deixou um filho e este possui dois filhos (que são netos do de cujus); a herança irá</p><p>somente para o filho, excluindo, neste caso, os netos</p><p>- Os filhos sucedem por cabeça (recebem quinhões iguais), e os outros</p><p>descendentes, por cabeça ou por estirpe (o quinhão do prémorto é dividido entre</p><p>seus herdeiros), conforme se achem, ou não, no mesmo grau.</p><p>- Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Constituição Federal, art. 227,</p><p>§ 6º: Os filhos, havidos ou não da</p><p>relação de casamento, ou por adoção, têm os</p><p>mesmos direitos sucessórios.</p><p>- Assim, um filho não pode ser chamado de adulterino ou bastardo. Tanto faz seja</p><p>ele proveniente de um casamento ou de uma relação extraconjugal: é filho do</p><p>mesmo jeito e terá direito à herança.- salvo se casado este com o falecido no</p><p>regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,</p><p>parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não</p><p>houver deixado bens particulares;</p><p>II. aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;</p><p>- Os ascendentes mais próximos excluem remotos.</p><p>- Não há distinção entre linha materna e paterna (Art 1836, § 2º), o que interessa é o</p><p>grau. Não há direito de representação para ascendentes (Art 1852).</p><p>III. ao cônjuge sobrevivente;</p><p>IV. aos colaterais: até 4º grau</p><p>- Os colaterais mais próximos excluem os mais remotos</p><p>- Exceção: direito de representação para filho de irmão pré-morto (que faleceu</p><p>antes do momento da abertura da sucessão):</p><p>- O artigo 1.841 do CC privilegia os irmãos bilaterais e germanos quando da divisão</p><p>da herança entre irmãos. Desta forma, os irmãos unilaterais têm metade do</p><p>quinhão dos primeiros</p><p>- Tio e sobrinho são colaterais de 3º grau, na falta de outros herdeiros, a herança</p><p>deveria ser dividida entre eles, porém o direito sucessório estabelece que sobrinho</p><p>exclui tio da sucessão, pois, devido ao direito de representação, o sobrinho entra</p><p>no lugar do irmão pré-morto, que é um colateral de 2º grau, enquanto o tio, por ser</p><p>ascendente, não possui direito de representação, se mantendo no 3º grau, como</p><p>mais próximos afastam mais remotos, logo, sobrinho exclui tio (Arts 1840, 1843 caput</p><p>e 1851).</p><p>● Comoriência:</p><p>➔ art. 8º CC</p><p>➔ morte presumidamente simultânea de herdeiro e de cujus</p><p>➔ Ex: acidente de avião</p><p>➔ premoriente: quando morre primeiro, no caso de pré morto, os descendentes herdam</p><p>por representação</p><p>➔ Não há transmissão da herança, uma vez que, para que haja transmissão da herança,</p><p>é necessário que os herdeiros estejam vivos no momento da morte do autor da</p><p>herança e como apenas pessoas vivas podem titularizar direitos, não é possível</p><p>transmitir a herança a mortos</p><p>➔ Os bens dos comorientes não se comunicam entre si; a herança passa à classe</p><p>seguinte da ordem da vocação hereditária.</p><p>➔ na comoriência entre ascendentes e descendentes há transmissão de herança</p><p>Cônjug�</p><p>● Ao se examinar uma herança no falecimento de uma pessoa casada, há de se separar dos</p><p>bens comuns o que pertence ao cônjuge, sendo de direito aquela porção do patrimônio.</p><p>● Excluindo a meação, o que não for patrimônio do cônjuge sobrevivente compõe a</p><p>herança, para ser dividida entre os descendentes, ascendentes ou cônjuge, conforme o caso.</p><p>➔ Ou seja, o cônjuge herda ab intestato, independentemente da sua meação</p><p>● O monte-mor é a soma de todos os bens que constam no inventário, ou seja, todos os bens</p><p>que foram afetados pelo falecimento de pelo menos um dos proprietários legais. A meação é</p><p>a parte que pertence ao cônjuge sobrevivente na sucessão do falecido. A meação inclui-se</p><p>no monte-mor, mas deixa de existir somente com a partilha dos bens</p><p>● Todavia, para que possa participar da sucessão, o cônjuge sobrevivente não pode estar</p><p>separado judicialmente, nem de fato por mais de dois anos do falecido, salvo, neste último</p><p>caso, se provar que a convivência se tornara impossível sem culpa sua</p><p>Deserdaçã�</p><p>● É o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante testamento com</p><p>expressa declaração de causa, herdeiro necessário, privando o de sua legítima, por ter</p><p>praticado qualquer ato taxativamente enumerado no CC (Arts 1814, 1961, 1962 e 1963)</p><p>● A indignidade priva da herança sucessores legítimos e testamentários; a deserdação é o</p><p>meio empregado pelo testador para excluir da sucessão os seus herdeiros necessários</p><p>● Requisitos: Art. 1964</p><p>➔ existência de testamento válido;</p><p>➔ declaração expressa de causa;</p><p>➔ comprovação da veracidade da causa alegada pelo testador, por parte do herdeiro</p><p>excluído ou daquele a quem aproveite a deserdação. Sujeita-se ao prazo decadencial</p><p>de 04 anos, contados da data da abertura do testamento (art. 1.965, parágrafo único,</p><p>CC/2002). Só sendo legitimados a entrar com a ação os co-herdeiros (pois são os</p><p>interessados). Não se provando a causa invocada para a deserdação, é nula a</p><p>instituição, e nulas as disposições, que prejudiquem a legítima do deserdado;</p><p>➔ existência de herdeiro necessário. É que, para excluir da sucessão o companheiro ou</p><p>parentes colaterais, basta que o testador disponha do seu patrimônio, sem os</p><p>contemplar.</p><p>● Efeitos 1816 CC</p><p>➔ Cabe representação, em favor dos descendentes do herdeiro deserdado (os</p><p>descendentes do deserdado o representam, como se ele fosse morto)</p><p>➔ O deserdado, com a abertura da sucessão, adquire o domínio e a posse da herança;</p><p>com a publicação do testamento, passa a ter propriedade resolúvel;</p><p>➔ Não provado o motivo determinante da deserdação, o testamento produzirá efeitos em</p><p>tudo o que não prejudique a legítima do herdeiro necessário;</p><p>➔ Necessidade de preservar a herança durante a ação movida pelo beneficiário da</p><p>deserdação para provar a sua causa geradora, nomeando-se depositário judicial</p><p>● Casos:</p><p>➔ ofensas físicas, se o herdeiro necessário a ser deserdado for ascendente ou</p><p>descendente;</p><p>➔ injúria grave, se o herdeiro necessário a ser deserdado for ascendente ou</p><p>descendente;</p><p>➔ relações ilícitas com a madrasta ou o padrasto, no caso da deserdação de</p><p>descendentes pelos ascendentes;</p><p>➔ relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou neto, ou com o marido ou o</p><p>companheiro da filha ou neta, no caso de deserdação dos ascendentes pelos</p><p>descendentes;</p><p>➔ desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade, no caso de</p><p>deserdação dos descendentes;</p><p>➔ desamparado filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade, no caso de</p><p>deserdação dos ascendentes.</p><p>● Revogação: Somente por meio de revogação testamentária. A mera reconciliação entre o</p><p>autor da herança e o deserdado não se afigura suficiente a acarretar a revogação da</p><p>deserdação.</p>