Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

W
BA
10
41
_V
1.
0
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO 
PROCESSO TERAPÊUTICO 
EM TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
2
Gessyka Wanglon Veleda
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PROCESSO 
TERAPÊUTICO EM TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Revisor
Rogério Adriano Bosso
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Veleda, Gessyka Wanglon
Princípios básicos do processo terapêutico em terapia 
cognitivo-comportamental / Gessyka Wanglon Veleda. – São 
Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022.
32 p.
ISBN 978-65-5356-187-8
1. Terapia cognitivo-comportamental. 2. Processo 
terapêutico. 3. Técnicas cognitivas. I.Título.
CDD 616.8914
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
V436p 
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Avaliação inicial do paciente e primeira sessão ______________ 06
Sessões subsequentes em TCC e aliança terapêutica ________ 18
Técnicas Cognitivas e Técnicas Comportamentais ___________ 30
Encerramento do processo terapêutico e prevenção da 
recaída _______________________________________________________ 43
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PROCESSO TERAPÊUTICO 
EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
5
Apresentação da disciplina
Seja bem-vindo! Na disciplina Princípios básicos do processo terapêutico 
em Terapia Cognitivo-Comportamental, você conhecerá um pouco mais 
sobre como a psicoterapia cognitivo-comportamental acontece na 
prática, discutindo seus objetivos e sua estrutura.
No primeiro Tema, você aprenderá sobre o início do processo 
terapêutico, a partir da avaliação inicial, e os passos que devem ser 
seguidos. Em seguida, no segundo Tema, serão abordadas a estrutura 
das sessões subsequentes e a importância da aliança terapêutica para a 
psicoterapia cognitivo-comportamental.
Já no terceiro Tema, é o momento de conhecer as principais técnicas 
cognitivas e comportamentais que podem ser utilizadas ao longo da 
intervenção terapêutica, a fim de identificar e alterar tanto estruturas 
cognitivas do paciente, pensamentos automáticos e crenças subjacentes 
e nucleares quanto seu repertório comportamental. Por fim, no quarto 
Tema, você poderá verificar também sobre o encerramento do processo 
psicoterapêutico e as práticas da prevenção de recaída.
Como é possível perceber, nesta disciplina você estudará todas as 
etapas do processo terapêutico, buscando uma interlocução entre os 
conceitos teóricos e as atividades práticas. O objetivo aqui é ajudar 
você a desenvolver o processo terapêutico da melhor maneira possível, 
a partir das ferramentas que a TCC proporciona. Para maximizar 
a sua prática, ao final de cada Tema, você também estudará casos 
clínicos inspirados em demandas reais, possibilitando o exercício das 
habilidades aprendidas ao longo da disciplina. Certamente as discussões 
presentes aqui contribuirão ainda mais para a sua formação. 
Bons estudos!
6
Avaliação inicial do paciente e 
primeira sessão
Autoria: Gessyka Wanglon Veleda
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Apresentar o processo de avaliação inicial e primeira 
sessão na Terapia Cognitivo-Comportamental.
• Oferecer ferramentas úteis para a realização da 
avaliação inicial e da primeira sessão.
• Propor uma interlocução entre os achados empíricos 
e os aspectos práticos associados à avaliação clínica 
inicial e à primeira sessão.
7
1. Avaliação inicial: objetivos e estrutura
Para desempenhar uma prática clínica efetiva na Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC), é necessária, além de um conjunto de teorias e 
técnicas bem desenvolvidas, a formulação de planos de tratamento que 
orientem as intervenções do terapeuta. Nesse sentido, a avaliação inicial 
tem papel fundamental para a TCC, visto que, para ser efetiva, requer 
que o terapeuta avalie, formule e conceitue o caso de modo adequado e, 
assim, planeje a intervenção (BECK, 2013; WRIGHT et al., 2018).
Para compreendermos como conduzir as sessões de avaliação, 
inicialmente precisamos identificar os seus objetivos. Em resumo, 
a avaliação para o tratamento cognitivo-comportamental inclui 
colher informações e identificar possíveis hipóteses diagnósticas, 
além de atentar-se aos problemas presentes do paciente que 
possivelmente o trouxeram à terapia. Ainda, é necessário investigar 
suas relações interpessoais, seus pontos fortes pessoais e sua base 
sociocultural, levando em consideração os impactos da história de 
seu desenvolvimento, os fatores genéticos e biológicos e os possíveis 
diagnósticos médicos (DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT et al., 2018). 
A avaliação de um paciente inicia-se normalmente com uma série de 
entrevistas, que podem ser complementadas através da aplicação 
de instrumentos padronizados de avaliação psicológica. Além das 
entrevistas não estruturadas, mais comuns na prática clínica, temos 
as entrevistas estruturadas e semiestruturadas já desenvolvidas 
(entrevista clínica estruturada para os transtornos do DSM-5, cujo nome 
original é Structured Clinical Interview For DSM Disorders – SCID-5, por 
exemplo), bem como modelos de anamnese completa. Vale destacar 
que a escolha desses instrumentos deve considerar suas adequação e 
sustentação empíricas, ou seja, o ajuste desta ao contexto real, além de 
suas propriedades psicométricas, como a validade e a fidedignidade da 
medida. 
8
Na plataforma Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), 
o terapeuta poderá encontrar medidas que estão de acordo com as 
adequações psicométricas citadas anteriormente. Contudo, ressalta-se 
que esses instrumentos são dirigidos especialmente para a identificação 
diagnóstica, que, apesar de importante, é limitada para a avaliação na 
TCC, visto que esta requer informações consideráveis que superam 
esses aspectos, necessitando de outras ferramentas para o seu processo 
de avaliação (ARAÚJO; SHINOHARA, 2002; DOBSON; DOBSON, 2009; 
WRIGHT et al., 2018).
Ainda não está disponível nenhum formato padronizado ou entrevista 
estruturada específica para a avaliação cognitivo-comportamental. 
Contudo, Beck (2013) elenca as áreas e os aspectos essenciais que devem 
ser identificados na avaliação inicial, como fica evidente no quadro a seguir:
Quadro 1 – Áreas investigadas na avaliação inicial na TCC
• Dados pessoais.
• Queixas principais e problemas atuais.
• História da doença atual e eventos desencadeantes.
• Estratégias de enfrentamento (adaptativas e desadaptativas), atuais e passadas.
• História psiquiátrica, incluindo tipos de tratamento psicossocial (e opinião sobre a 
validade desses tratamentos), hospitalizações, medicação, tentativas de suicídio e 
situação atual.
• História de abuso de substância e situação atual.
• História médica e situação atual.
• Históriapsiquiátrica familiar e situação atual.
• História do desenvolvimento.
• História geral familiar e situação atual.
• História social e situação atual.
• História educacional e situação atual.
• História vocacional e situação atual.
• História religiosa/espiritual e situação atual.
• Pontos fortes, valores e estratégias de enfrentamento adaptativas.
• Descrição de um dia típico.
Fonte: Beck (2013, p. 69).
9
Cada uma dessas áreas exige que o terapeuta levante diferentes 
informações, as quais, apesar de parecerem pouco úteis em um primeiro 
momento, podem ser significativas no decorrer da terapia ou mesmo no 
caso de encaminhamento desse paciente (ARAÚJO; SHINOHARA, 2002). 
Para potencializar a sessão de avaliação, é possível coletar parte dessas 
informações antes do primeiro atendimento. O terapeuta poderá solicitar 
ao paciente que envie relatórios relevantes de diferentes profissionais, 
incluindo profissionais da saúde (check-up médico, por exemplo) e saúde 
mental. Outro recurso que poderá ser utilizado é o preenchimento, com 
antecedência, de questionários de autorrelato, como o Inventário de 
Depressão de Beck (BDI-II) (BECK, 2013).
Outras fontes de informação que podem ser consideradas são os pais, 
cônjuges, parceiros ou professores, possibilitando a coleta de dados a 
partir do ponto de vista de outro indivíduo. Porém, para levantar dados 
com essas pessoas, é essencial o consentimento do cliente (DOBSON; 
DOBSON, 2009; WENZEL, 2018). Beck (2013) recomenda que, antes da 
sessão de avaliação, o psicólogo informe ao paciente sobre a possibilidade 
da companhia de um familiar, parceiro ou amigo de confiança, com o 
objetivo de fornecer outras informações importantes; contudo, não se 
trata de uma obrigatoriedade, sobretudo na avaliação de adultos. Em 
geral, na sessão de avaliação, é desejável encontrar, no primeiro momento, 
apenas o paciente e então decidir em conjunto sobre a necessidade de o 
acompanhante ser chamado, próximo ao final da sessão.
Além de entrevistas e instrumentos padronizados, a observação clínica 
é uma forte aliada no processo de avaliação inicial. Os psicólogos são 
treinados para observar o paciente de forma cuidadosa, o que inclui 
as comunicações verbal e não verbal que ocorrem desde o primeiro 
contato. Ainda, tanto o conteúdo quanto os aspectos subjacentes 
das respostas aos instrumentos também podem fornecer dados 
importantes. Vale destacar que o comportamento do paciente 
durante a avaliação pode ser entendido como uma “amostra” do seu 
comportamento geral e por isso deve ser observado com cuidado. 
10
Fazer anotações sobre esse comportamento (após sua comunicação 
e consentimento) ao longo da sessão, juntamente com fragmentos de 
suas frases de maior destaque, auxilia no processo de avaliação inicial 
(DOBSON; DOBSON, 2009).
Por fim, outro objetivo da avaliação inicial é a identificação da 
elegibilidade do paciente para o tratamento com TCC e as chances 
de essa intervenção fornecer resultados satisfatórios a curto e médio 
prazos (BECK, 2013). Apesar de não haver contraindicações absolutas 
ao uso da TCC, uma análise inicial de diferentes dimensões do sujeito 
pode auxiliar o terapeuta a verificar a sua adequação para a terapia, 
aumentando as chances de bom prognóstico (WRIGHT et al., 2018).
Wright et al. (2018) indicam sete dimensões que devem ser avaliadas 
para a verificação da adequação do paciente à terapia, como fica 
evidente no quadro a seguir.
Quadro 2 – Dimensões a serem consideradas ao avaliar 
pacientes na TCC
• Cronicidade e complexidade.
• Otimismo em relação às chances de sucesso na terapia.
• Aceitação de responsabilidade pela mudança.
• Compatibilidade com a linha de raciocínio cognitivo-comportamental.
• Capacidade de acessar pensamentos automáticos e identificar as emoções que os 
acompanham.
• Capacidade de envolver-se em uma aliança terapêutica.
• Capacidade de manter e trabalhar dentro de um foco orientado para o problema.
Fonte: Wright et al. (2018, p. 47). 
As duas primeiras dimensões (“cronicidade e complexidade” e “otimismo 
em relação às chances de sucesso na terapia”) são importantes 
11
indicadores de prognóstico. Problemas complexos e presentes há muito 
tempo podem demandar acompanhamentos mais longos, aspecto 
que precisa ser avaliado por terapeutas que oferecem programas de 
tratamento com durações de 12 a 16 semanas, por exemplo. Ainda, 
altos níveis de pessimismo podem reduzir a capacidade de um paciente 
responder e se engajar no processo terapêutico, influenciando, assim, 
na sua resposta ao tratamento (WRIGHT et al., 2018).
A TCC é um modelo de terapia colaborativa que busca o envolvimento 
ativo do paciente e do terapeuta na resolução dos problemas 
(ARAÚJO; SHINOHARA, 2002). Desse modo, as dimensões “aceitação 
da responsabilidade pela mudança” e “compatibilidade com a linha de 
raciocínio cognitivo-comportamental” são essenciais para a continuidade 
do tratamento. Para isso, é indicado que ainda na sessão de avaliação o 
terapeuta possa começar a familiarizar o paciente com a estrutura e o 
processo terapêutico e verificar assim sua aceitação e adequação (BECK, 
2013; WRIGHT et al., 2018). 
Já a dimensão “capacidade de acessar pensamentos automáticos e 
identificar as emoções que os acompanham” indica uma inclinação real 
para a TCC, que poderá ter implicações diagnósticas positivas, tendo 
em vista as especificidades do modelo. A sexta dimensão (“capacidade 
de envolver-se em uma aliança terapêutica) também está intimamente 
associada a uma maior adesão ao tratamento e assim a melhores 
resultados. Perguntas sobre a história de relacionamentos íntimos e a 
observação de comportamentos na sessão podem transferir algumas 
informações sobre como será a relação terapêutica. Destaca-se que na 
avaliação inicial já é indicado o início do desenvolvimento da aliança 
terapêutica com o paciente (ARAÚJO; SHINOHARA, 2002; BECK, 2013; 
WRIGHT et al., 2018).
A última dimensão a ser considerada aborda a presença de 
comportamentos potencialmente disruptivos como tentativas de 
controlar excessivamente os conteúdos durante a entrevista, evitação de 
12
materiais emocionalmente carregados ou mesmo um discurso prolixo 
e tangencial. Repertórios como esses podem dificultar o andamento 
e a evolução do tratamento ao longo do tempo. A baixa capacidade 
de trabalhar com base na estruturação da TCC da mesma forma pode 
limitar os efeitos da terapia (WRIGHT et al., 2018). 
Assim, estando atento a essas dimensões, juntamente com todos os 
outros aspectos indicados, o terapeuta poderá definir se tanto ele como 
o paciente estão apropriados para o início do acompanhamento. Ainda, 
esses fatores podem auxiliar na construção de hipóteses sobre possíveis 
fatores potencializadores e desafiadores do tratamento, bem como guiar 
o pensamento do terapeuta no desenvolvimento de um plano inicial 
(BECK, 2013; WRIGHT et al., 2018).
Após coletar as principais informações e estando próximo ao fim 
da sessão, é indicado que o terapeuta explique ao paciente sobre a 
necessidade de um tempo para examinar as anotações, os formulários e 
os relatórios anteriores. Contudo, é conveniente discutir as impressões 
iniciais e as expectativas do tratamento junto com o paciente ainda 
na sessão de avaliação, além de questioná-lo se existe alguma outra 
informação importante ou mesmo dúvidas que precisem ser discutidas 
(BECK, 2013).
Há muitas tarefas a serem cumpridas na sessão de avaliação; entretanto, 
é importante destacar que a avaliação inicial não está limitada ao 
primeiro encontro, visto que a cada sessão o terapeuta continuará 
coletando dados significativos. A avaliação na TCC é um processo 
dinâmico e contínuo, que precisará sofrer repetições e aprimoramentos 
ao longo do acompanhamento (BECK, 2013 DOBSON; DOBSON, 2009).
1.1 Formulação e conceituação inicial do caso 
Após coletar as informações mais relevantes, é necessário que o 
terapeuta as analise e sintetize com o objetivo de desenvolver uma 
13conceituação inicial do caso. A conceitualização ou formulação de caso 
pode ser definida como o processo pelo qual os terapeutas aplicam 
a teoria cognitivo-comportamental para entender os fatores que 
precipitam, mantêm e exacerbam as apresentações clínicas do paciente. 
Na conceitualização, não são levados em conta apenas os aspectos 
relativos ao momento presente, mas toda a história de desenvolvimento 
do paciente (ARAÚJO; SHINOHARA, 2002; BECK, 2013; WENZEL, 2018). 
Para a construção da conceitualização de caso, o terapeuta deverá 
considerar todos os achados importantes da sua avaliação. Wright et 
al. (2018) propõem um fluxograma que reúne os principais domínios 
presentes na avaliação, como indicado a seguir.
Figura 1 – Fluxograma da conceitualização de caso
Fonte: Wright et al. (2018, p. 49).
Por ser construída logo no início da terapia, a conceitualização de caso, 
neste momento, pode ser apenas um esboço, o qual será aprimorado ao 
longo do acompanhamento. O importante é que esta não seja considerada 
14
uma verdade absoluta e estática. Inclusive, todas as hipóteses levantadas 
devem ser discutidas em conjunto com o paciente, que poderá validá-las 
ou não (ARAÚJO; SHINOHARA, 2002; WRIGHT et al., 2018).
Desse modo, semelhantemente a uma bússola, a formulação de caso 
orienta o terapeuta para o seu trabalho com o paciente. Apesar de 
não ficar em destaque no tratamento, esta será um suporte para toda 
intervenção durante o tratamento, guiando o plano de intervenção 
(ARAÚJO; SHINOHARA, 2002; WRIGHT et al., 2018). Existem diferentes 
perspectivas que auxiliam na estruturação da formulação de caso, 
contudo a abordagem beckiana tradicional ainda é a mais utilizada. 
De qualquer forma, todos os diferentes enfoques partem do modelo 
cognitivo, no qual as emoções, os comportamentos e as reações 
fisiológicas dos sujeitos são influenciados pelas percepções dos eventos 
e das situações (BECK, 2013; WENZEL, 2018). 
2. Primeira sessão: objetivos e estrutura
Ao finalizar a sessão de avaliação, muitos estudantes e profissionais se 
perguntam “o que fazer agora?”. Assim, para auxiliar nesse processo, são 
elencados a seguir passos importantes para realizar a primeira sessão, 
após a avaliação inicial, de maneira efetiva (DOBSON; DOBSON, 2009).
Após a construção da conceituação e do plano de tratamento inicial, o 
terapeuta já poderá conduzir a primeira sessão. Nesse momento, será 
importante que o profissional comunique ao paciente suas hipóteses 
para que assim possam juntos estabelecer as metas da terapia. 
Apesar de parecer uma tarefa simples, esse processo é parte crucial e 
está intimamente ligado ao envolvimento e ao comprometimento do 
paciente a longo prazo, bem como à postura de trabalhar para atingir 
esses objetivos (DOBSON; DOBSON, 2009).
15
Wright et al. (2018) defendem que o desenvolvimento de metas de 
tratamento é uma das primeiras intervenções do tratamento, além de 
ser uma grande oportunidade de ensinar ao paciente a importância 
do estabelecimento de alvos objetivos e mensuráveis para a mudança. 
No quadro a seguir, são elencados alguns tópicos importantes a serem 
levados em conta no planejamento e na psicoeducação das metas com o 
paciente:
Quadro 3 – Dicas para estabelecer metas na TCC
• Instrua o paciente sobre as técnicas de estabelecimento de metas.
• Tente evitar metas muito generalizadas e abrangentes que possam ser difíceis de 
definir ou atingir. Por parecerem pesadas e inatingíveis, a formulação de metas desse 
tipo pode fazer com que o paciente se sinta pior, pelo menos temporariamente.
• Seja específico.
• Oriente o paciente a escolher metas que tenham a ver com preocupações ou 
problemas significativos.
• Escolha metas de curto prazo que você acredite terem probabilidade de serem 
alcançadas no futuro próximo.
• Desenvolva algumas metas de longo prazo que exijam trabalho mais extensivo na 
TCC.
• Tente usar termos que tornem as metas mensuráveis, ajudando-o a medir o 
progresso.
Fonte: Wright et al. (2018, p. 61).
Ao longo de todo o processo de tratamento, essas metas devem ser 
revistas e revisadas. É possível que os problemas destacados no início do 
tratamento não façam sentido ao longo do tempo, ou mesmo que novas 
metas surjam devido à progressão da terapia, sendo necessários ajustes 
no método de tratamento. É importante estabelecer maneiras de avaliar 
os resultados e o cumprimento dessas metas, possibilitando que o 
paciente identifique as evoluções no tratamento. Vale registrar as metas 
16
por escrito, em sessão, ou ainda solicitar que o paciente as aprimore em 
casa (BECK, 2013 DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT et al., 2018).
A concordância explícita entre paciente e terapeuta sobre as metas 
pode levar a uma melhora já no início do processo. Em concomitância, 
o terapeuta pode estabelecer também um contrato formal ou informal 
com o paciente. Contratos formalizados são impressos ou digitais e 
solicitam assinatura de todos os atores envolvidos no processo. Em boa 
parte dos ambientes clínicos, os contratos informais são mais comuns; 
todavia, vale ressaltar que os contratos formais ampliam a adesão e a 
motivação do paciente, além de evitar que o próprio terapeuta se desvie 
dos propósitos da dupla (DOBSON; DOBSON, 2009).
Além da discussão com o paciente sobre a conceitualização, a 
definição de metas e o contrato de tratamento, a primeira sessão tem 
como propósito o estabelecimento de confiança com o paciente, a 
familiarização deste com o modelo cognitivo e o processo de terapia, 
além de ser o início da resolução de problemas importantes. Apesar de 
ter início na primeira sessão, esses tópicos serão trabalhos também ao 
longo das sessões posteriores. Em síntese, desenvolver uma relação 
terapêutica efetiva e estimular o paciente a aliar-se para atingir os 
objetivos da terapia são tarefas fundamentais da sessão inicial, as quais 
aumentam as chances de o paciente retornar para as próximas sessões 
(BECK, 2013; DOBSON; DOBSON, 2009).
Referências 
ARAÚJO, C. F.; SHINOHARA, H. Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-
comportamental. Interação em psicologia, [s.l.], v. 6, n. 1, 2002.
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 2013. 348p.
DOBSON, D.; DOBSON, K. S. A terapia cognitivo-comportamental baseada em 
evidências. Por Alegre: Artmed, 2009.
17
KNAPP, P.; BECK, A. T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da 
terapia cognitiva. Brazilian Journal of Psychiatry, [on-line], v. 30, suppl., p. s54-s64, 
2008. 
WENZEL, A. Inovações em terapia cognitivo-comportamental: intervenções 
estratégicas para uma prática criativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.
WRIGHT, J. H. et al. Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental: Um Guia 
Ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2018.
18
Sessões subsequentes em TCC e 
aliança terapêutica
Autoria: Gessyka Wanglon Veleda
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Apresentar os objetivos e a estruturação das 
sessões subsequentes na Terapia Cognitivo-
Comportamental.
• Oferecer ferramentas úteis para a realização das 
sessões subsequentes, elencando potencialidades e 
desafios.
• Discutir a função e a relevância da aliança 
terapêutica no tratamento baseado na Terapia 
Cognitivo-Comportamental.
19
1. Sessões subsequentes: estruturação e 
objetivos
Após o processo de avaliação inicial e primeiro atendimento na Terapia 
Cognitivo-Comportamental (TCC), a segunda sessão e todas as sessões 
subsequentes seguem um formato aproximado. Isso porque as sessões em 
TCC são planejadas a partir de uma estruturação com diferentes elementos 
que maximizam a resolução das metas e dos objetivos estabelecidos pelo 
paciente e pelo terapeuta na primeira sessão. Seguir o formato estruturado 
de sessão permite uma maior colaboração entre paciente e terapeuta, 
potencializa a eficácia e eficiência do tratamento e auxilia na compreensão 
do processo da terapia por parte do paciente (BECK, 2013; KNAPP, 2009).
Mesmopara pacientes com diferentes diagnósticos ou estágios do 
tratamento, alguns componentes da sessão são mantidos; entretanto, 
momentos iniciais da terapia acabam necessitando de maior estrutura. 
É nessa etapa que os sintomas tendem a se apresentar de maneira 
mais intensa e a habilidade de enfrentar problemas pode ser diminuída, 
sendo a estruturação das sessões uma aliada. Ao passo que pacientes 
vão progredindo e assumindo uma maior responsabilidade pelo controle 
do processo terapêutico, a estruturação da sessão pode sofrer maiores 
flexibilizações (BECK, 2013; WRIGHT et al., 2018).
De modo geral, o roteiro usual da segunda sessão e das posteriores em 
TCC inclui os seguintes passos:
Quadro 1 – Roteiro de estrutura de sessão
Parte Inicial da Sessão
1. Fazer uma verificação do humor.
2. Definir a pauta.
3. Obter uma atualização.
4. Revisar o exercício de casa.
5. Priorizar a pauta.
20
Parte Intermediária da Sessão
6. Trabalhar em um problema específico e ensinar habilidades da 
Terapia Cognitivo-Comportamental naquele contexto.
7. Discutir o seguimento com a prescrição colaborativa de exercícios de casa relevantes.
8. Trabalhar em um segundo problema.
Parte Final da Sessão
9. Apresentar ou solicitar um resumo.
10. Revisar as novas prescrições de exercícios de casa.
11. Solicitar feedback.
Fonte: adaptado de Beck (2013, p. 120-121).
1.1 Parte inicial da sessão: elementos e estrutura
Na primeira parte da sessão, o terapeuta deverá revisar o humor do 
paciente, podendo utilizar avaliações objetivas preenchidas antes 
do início da sessão. O Inventário de Depressão de Beck-II é uma das 
possibilidades quando é necessário mensurar sintomas depressivos, por 
exemplo. 
A verificação de humor também pode ser registrada de modo mais 
breve, por meio de escala de pontos. Para isso, o terapeuta questiona 
o paciente sobre como ele se sente, atribuindo uma nota de zero a 
dez, em que zero equivale a nenhuma depressão ou ansiedade e 10 a 
muita depressão e ansiedade. São igualmente úteis perguntas abertas 
como: “Como você está se sentindo esta semana em relação a semana 
passada?”. A verificação do humor, além de ser uma oportunidade para 
o terapeuta demonstrar interesse pela semana do paciente, traz uma 
avaliação importante do progresso do tratamento (BECK, 2013; KNAPP, 
2009; WRIGHT et al., 2018).
Em seguida, paciente e terapeuta, em conjunto, deverão definir uma 
pauta inicial ou agenda da terapia. O objetivo maior dessa estrutura é o 
estabelecimento de uma hierarquia nos assuntos que serão discutidos 
21
na sessão, focando nos problemas a serem trabalhados e em suas 
possíveis soluções. Uma agenda de atividades da sessão pode auxiliar 
no maior rendimento de tempo de cada encontro (KNAPP, 2009; RANGÉ, 
2001).
Ressalta-se que, para maior aproveitamento, é indicado que os tópicos 
das pautas a serem trabalhadas na sessão voltem-se diretamente para 
as metas gerais da terapia, estabelecidas no primeiro atendimento. 
Ainda, as metas precisam ser específicas, mensuráveis e atingíveis. Caso 
o paciente ainda não consiga estabelecer essas pautas, o terapeuta pode 
tomar a frente na modelagem da agenda (WRIGHT et al., 2018). 
Para a potencialização dos efeitos da TCC, as sessões devem estar 
associadas, trazendo a percepção de continuidade do trabalho. Assim, é 
indicado que o terapeuta estabeleça uma “ponte” com a sessão anterior, 
fazendo comentários e perguntas sobres os aspectos mais importantes 
trabalhados no último encontro. Ainda, nesse momento, o terapeuta 
deve realizar uma rápida atualização da semana do paciente, ficando 
atento a questões que podem ser importantes ao longo da sessão. 
Outro aspecto a ser verificado trata-se da realização da tarefa de casa. É 
importante que esta seja revisada e discutida junto com o paciente, a fim 
de extrair da tarefa todo o aprendizado possível. Destaca-se que ignorar 
essa etapa influenciará no engajamento do paciente em tarefas futuras 
(DOBSON; DOBSON, 2009; KNAPP, 2009). 
Após o seguimento de todas as etapas anteriores, é o momento de 
resumir os tópicos que serão abordados em sessão, já que, após 
coletar dados sobre a semana e verificar a realização de tarefa de casa, 
é provável que outros pontos tenham sido acrescentados à agenda. 
Colaborativamente, a dupla terapêutica define os tópicos de fato 
essenciais para serem trabalhados naquela sessão e os que podem ser 
trabalhados em sessões futuras. Igualmente deve ser definido o tempo 
médio para cada tópico escolhido (BECK, 2013).
22
1.2 Parte intermediária da sessão: elementos e 
estrutura
Na parte intermediária da sessão, com a pauta já construída, é indicado 
perguntar ao paciente por quais problemas ou tópicos ele deseja 
começar. Esse processo auxilia no desenvolvimento de uma postura 
ativa do paciente e no reconhecimento de suas responsabilidades no 
acompanhamento terapêutico.
Nessa etapa, o objetivo é trabalhar a situação-problema através 
das ferramentas cognitivas e comportamentais, além de reduzir o 
sofrimento imediato do paciente, caso necessário. Um dos objetivos 
de todas as intervenções utilizadas em TCC é ajudar o paciente a 
desenvolver habilidades mais adaptativas que poderão ser utilizados 
na resolução de problemas presentes e futuros (BECK, 2013; DOBSON; 
DOBSON, 2009).
A partir dos pontos trabalhados na sessão, o terapeuta deverá solicitar 
uma tarefa ou exercício de casa que possibilite a continuidade do 
aprendizado. Este é um dos componentes essenciais para a prática 
clínica em TCC que permite a generalização de mudanças e a resolução 
de problemas reais para além do contexto de terapia. Além disso, as 
tarefas de casa são elementos-chave no processo de estruturação da 
terapia, sendo um item comum da agenda de cada sessão e um elo 
entre as sessões. 
Para que a tarefa de casa seja bem-sucedida, é imprescindível que a 
decisão final sobre a atividade seja colaborativa, específica e clara. Ela 
precisa estar relacionada com as metas gerais do tratamento, devendo 
o paciente dispor de recursos e habilidades para realizá-la. Entre os 
diferentes tipos de tarefas, podemos incluir desde a leitura de materiais 
psicoeducativos e a orientação de experimentos comportamentais até 
práticas de habilidades apreendidas em sessão (DOBSON; DOBSON, 
2009; RANGÉ, 2001; WRIGHT et al., 2018).
23
Em seguida, se ainda houver tempo disponível na sessão, é indicado 
trabalhar em um segundo problema a partir de técnicas cognitivas e 
comportamentais específicas, as quais serão abordadas com maior 
aprofundamento na próxima seção. Para maximizar a compreensão dos 
problemas, é indicado fazer um resumo dos conteúdos trazidos ao longo 
da sessão de forma clara e concisa e apresentá-lo ao paciente, inclusive 
usando suas próprias palavras, a fim de possibilitar uma compreensão 
mais adequada para ambos, além de manter o foco no problema 
principal (BECK, 2013). 
1.3	 Parte	final	da	sessão:	elementos	e	estrutura
Com o propósito de compreender o que foi descoberto juntamente com 
o fortalecimento da memória desses novos aprendizados, no período 
final da sessão é solicitado que o paciente faça um resumo dos tópicos 
mais importantes. É possível que nas sessões iniciais o próprio terapeuta 
faça um resumo e ao longo do acompanhamento, conforme progressão, 
o paciente aponte os principais aprendizados da sessão (BECK, 2013; 
KNAPP, 2009). 
Por fim, o terapeuta solicita ao paciente um feedback da sessão, 
questionando como ele se sentiu, se algum dos assuntos foi 
desconfortável ou mesmo se algo importante não foi trabalhado. 
O objetivo dessa etapa é manter a estruturação da sessão, 
investir na aliança terapêutica e estimular e corrigir distorções no 
processamento de informações. Contudo, deve ficar claro para 
o terapeuta que, ao dar feedback, é importante que este seja 
verdadeiro e não ultrapasse limites com afirmações extremamente 
positivas ou críticas. É indicado o uso de comentários construtivos 
que reconheçam pontos fortes do paciente e seus ganhosao longo 
d tempo, sugerindo também maiores oportunidades de mudança 
(RANGÉ, 2001; WRIGHT et al., 2018).
24
Apesar de estarem estruturados próximo ao término da sessão, os 
feedbacks podem ser recebidos e dados a qualquer momento. Ainda, 
devem ser solicitados ao paciente feedbacks do processo geral de 
tratamento e do progresso terapêutico. Caso seja necessário que ele 
trabalhe a habilidade de dar e receber feedbacks para além da terapia, 
esses momentos, em sessão, poderão ser úteis para o aprendizado a 
partir da modelação (aprendizado pela observação) de formas eficazes 
de processar feedbacks (KNAPP, 2009; WRIGHT et al., 2018).
Ainda que a estruturação da sessão seja uma importante aliada na 
prática clínica cognitivo-comportamental, é comum que terapeutas 
mais novos tenham dificuldades para compassar a sessão, inclusive 
superestimando a quantidade de trabalho que é possível ser realizada. 
Alguns sinais que denotam problemas em relação ao compasso da 
terapia e merecem mais atenção são: sessões imprecisas sem foco 
específico, poucos itens da agenda abordados, dificuldades em tomar 
decisões com o paciente sobre o direcionamento da sessão, nenhuma 
sensação de movimento ou progresso ao término dos encontros e 
pouco aprofundamento de um tópico importante (DOBSON; DOBSON, 
2009; WRIGHT et al., 2018).
Identificando problemas na condução da terapia, é recomendado que 
os terapeutas desenvolvam habilidades de aproveitamento do tempo 
e de elaboração de perguntas mais precisas que facilitem o manejo 
das transições entre as diferentes etapas da sessão. Em conjunto com 
a supervisão clínica, outra sugestão que pode melhor a percepção de 
tempo e manejo da sessão é usar a regra 10-30-10, que indica que 
devem ser dispendidos 10 minutos com a parte inicial da sessão, 30 
minutos com a etapa intermediária e 10 minutos com o momento 
final, totalizando os 50 minutos de sessão tradicional. Desse modo, 
próximo aos 40 minutos de sessão, o terapeuta já deverá estar atento 
para encaminhar a etapa de finalização (DOBSON; DOBSON, 2009; 
WRIGHT et al., 2018).
25
Finalmente, vale destacar que a estruturação e mesmo a construção 
da agenda para a sessão não são um processo extremamente fixo ou 
imutável que precisa ser seguido dogmaticamente. Questões mais 
urgentes, como término de relacionamento, perda de emprego ou 
mesmo o adoecimento de um familiar, serão destaques em uma sessão 
mesmo que não estejam na lista de problemas inicial. Assim, ao utilizar 
esses instrumentos de forma flexível, o terapeuta permitirá maior 
espontaneidade e aprendizagem criativa do paciente, garantindo maior 
eficácia e efetividade ao tratamento (KNAPP, 2009; WRIGHT et al., 2018).
2. Psicoeducação
Juntamente com todas as etapas descritas anteriormente, a 
psicoeducação em TCC também agrega estrutura à terapia e está 
presente em diferentes momentos do tratamento. Em definição, a 
psicoeducação é o ensino de princípios e conhecimentos psicológicos 
que sejam pertinentes ao paciente. Pode ser empregada com 
diferentes objetivos, que vão desde informar o paciente sobre o 
modelo cognitivo, apontando as conexões existentes entre situações, 
pensamentos e emoções, e apresentar a estrutura das sessões 
até mesmo informar sobre um possível diagnóstico (RANGÉ, 2001; 
WRIGHT et al., 2018).
Existem diferentes materiais que podem ajudar no processo de 
psicoeducação, como livros, cartilhas, filmes e recursos da internet 
(vídeos em diferentes plataformas, por exemplo). Wright et al. 
(2018) indicam o uso do caderno de terapia, no qual ficam descritos 
e compilados vários materiais associados às sessões, como os 
exercícios realizadas, as tarefas de casa e as anotações sobre 
insights importantes. Esse instrumento possibilita ao paciente maior 
aprendizagem, realização da tarefa de casa e fortalecimento dos 
conceitos discutidos na sessão. 
26
Além disso, o terapeuta poderá oferecer miniaulas durante a sessão 
para ajudar o paciente a compreender diferentes conceitos. É necessário 
que essas breves explicações não sigam um estilo palestra, mas sim 
um modelo interativo, claro e amigável, inclusive levando em conta 
exemplos da vida do paciente (DOBSON; DOBSON, 2009). A Figura 1 
ilustra um modelo de cinco partes que pode ser utilizado em sessão, 
auxiliando na psicoeducação sobre o modelo cognitivo.
Figura 1 – Modelo de cinco partes para a compreensão do modelo 
cognitivo
Fonte: Greenberger e Padesky (2016, p. 7).
É importante que o terapeuta antes fique atento também a algumas 
características do paciente que são determinantes para a escolha. Em 
primeiro lugar, é necessário considerar a escolarização e a linguagem 
do paciente, a fim de optar por um material que corresponda a esses 
aspectos. Ainda devem ser priorizados os interesses, as habilidades e os 
recursos disponíveis para ele que facilitem o acesso ao material. Por fim, 
o terapeuta precisa garantir a qualidade dos materiais, examinando-os 
com antecedência (DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT et al., 2018).
27
A psicoeducação traz inúmeros benefícios ao tratamento, visto que 
o conhecimento sobre os problemas e seus precursores e gatilhos 
leva a uma maior sensação de controle sobre eles, potencializando 
as mudanças cognitivas. Além do mais, identificar que outras pessoas 
escreveram, pesquisaram e discutiram sobre o seu problema traz 
ao paciente uma sensação de alívio, identificação e apoio (DOBSON; 
DOBSON, 2009).
3. Empirismo colaborativo e aliança 
terapêutica
Na TCC, terapeuta e paciente formam uma equipe de trabalho em que 
ambos têm um papel ativo e diretivo na detecção de estratégias que 
podem ser utilizadas para enfrentar os problemas do paciente. Esse 
estilo terapêutico colaborativo é denominado “empirismo colaborativo” 
e tem um papel fundamental para a efetividade da terapia. Em conjunto, 
a dupla terapêutica identifica pensamentos e comportamentos 
disfuncionais, verifica empiricamente sua validade ou utilidade e planeja 
estratégias de enfrentamento para dificuldades futuras. Contudo, para 
que essa equipe trabalhe de modo afinado, é necessária a construção de 
uma aliança terapêutica sólida desde o primeiro contato (KNAPP, 2009; 
RANGÉ, 2001; WRIGHT et al., 2018). 
Inúmeros fatores influenciam na construção de uma relação terapêutica 
positiva, como confiança, empatia, autenticidade, respeito pelo 
paciente, entre outras dimensões não específicas. Um dos enganos 
comuns sobre a TCC é pensar que os terapeutas dessa abordagem são 
secos e técnicos e não dão importância às emoções. Pelo contrário, os 
terapeutas cognitivo-comportamentais reconhecem que, ao longo do 
acompanhamento, empatia e afeto são fundamentais e precisam de 
investimento (DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT et al., 2018). 
28
Em contrapartida, é importante que o terapeuta fique atento e regule 
adequadamente o quanto e quando essas expressões de empatia e afeto 
são necessárias. Por exemplo, balançar a cabeça de modo afirmativo 
enquanto o paciente relata cognições negativamente distorcidas poderá 
validá-las, favorecendo que o paciente acredite que o terapeuta concorda 
com essas afirmações. Por outro lado, ignorar uma demonstração 
significativa de sofrimento igualmente poderá distanciar o paciente. 
Portanto, manter a postura autêntica aliada à constante busca de 
estratégias que reduzam o sofrimento do paciente são estratégias indicadas 
para estabelecer empatia e afeto e construir uma relação terapêutica 
significativa (DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT et al., 2018).
Outro fator importante a ser considerado no desenvolvimento da 
aliança terapêutica é a demonstração adequada de boas habilidades 
terapêuticas e compreensão acurada por parte do terapeuta. Ao 
buscar um profissional, o paciente deseja receber um apoio efetivo e, 
à medida que o terapeuta indica suas especialidades, poderá sentir-se 
mais seguro com o acompanhamento a seguir. Entretanto, apesar do 
conhecimento especializado, somente o paciente é o especialista em sua 
própria história, funcionamento eproblemas atuais, o que deve sempre 
ser respeitado pelo terapeuta (BECK, 2013; DOBSON; DOBSON, 2009; 
KNAPP, 2009).
No que diz respeito ao paciente, algumas características também podem 
influenciar substancialmente na aliança terapêutica. Pacientes com 
transtorno bipolar em episódios maníacos, por exemplo, podem ser 
intrusivos e irritantes ou mesmo sedutores. Da mesma forma, traços 
de personalidade também podem interferir na relação terapêutica, 
a exemplo de pacientes com traços esquizoides, que podem ser 
defensivos, dificultando na relação de confiança necessária para o 
processo terapêutico (BECK, 2013; WRIGHT et al., 2018).
Para lidar com esses desafios, é necessário que o terapeuta fique 
atento a possíveis problemas e possa adaptar seu comportamento 
29
a esses casos mais complexos. É indicado que o profissional não 
rotule o paciente, utilizando termos que podem ser entendidos como 
pejorativos (como maníaco e alcoolista). Manter a serenidade e a 
objetividade, mesmo em situações desafiadoras ou emocionalmente 
carregadas, também é uma habilidade valiosa para lidar com pacientes 
demandantes em relação à aliança terapêutica (WRIGHT et al., 2018).
Diferentes pesquisas apontam que alianças positivas estão fortemente 
associadas ao resultado positivo do tratamento, tornando-se assim um 
dos pilares fundamentais para a TCC. Desse modo, da mesma maneira 
que a estruturação das sessões, a psicoeducação e outras ferramentas 
recebem destaque na intervenção cognitivo-comportamental, o 
empirismo colaborativo e a aliança terapêutica devem ser priorizados 
(BECK, 2013; WRIGHT et al., 2018).
Referências 
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 2013. 348p.
DOBSON, D.; DOBSON, K. S. A terapia cognitivo-comportamental baseada em 
evidências. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GREENBERGER, D.; PADESKY, C. A. A mente vencendo o humor: mude como você 
se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Artmed, 2016.
KNAPP, P. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto 
Alegre: Artmed, 2009.
RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. 
In: RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a 
psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 567-567.
WRIGHT, J. H. et al. Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental: Um Guia 
Ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2018.
30
Técnicas Cognitivas e Técnicas 
Comportamentais
Autoria: Gessyka Wanglon Veleda
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Apresentar as principais técnicas cognitivas e 
comportamentais utilizadas no contexto clínico.
• Desenvolver habilidades para a aplicação de técnicas 
cognitivas e comportamentais no contexto clínico.
• Discutir a importância e a finalidade das técnicas 
cognitivas e comportamentais.
31
1. Técnicas cognitivas
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se baseia na ideia de que 
estados de sofrimento, como a depressão e a ansiedade, são mantidos 
ou acentuados por pensamentos exagerados ou tendenciosos. Sendo 
assim, é papel do terapeuta auxiliar o paciente a identificar e examinar 
estilos disfuncionais de pensamentos para poder modificá-los a partir de 
dados lógicos e empíricos (LEAHY, 2018). 
Para isso, a TCC se utiliza de diferentes métodos terapêuticos, como a 
avaliação inicial, a estruturação das sessões e as técnicas cognitivas e 
comportamentais. Apesar de ser reconhecida pelo grande arcabouço de 
intervenções disponíveis, a prática da TCC não se concentra apenas na 
aplicação de um punhado de técnicas cognitivas e comportamentais. Seu 
diferencial está na ênfase que o terapeuta dá ao papel dos pensamentos 
na causa e na manutenção do sofrimento, sendo as técnicas um dos 
meios de acessar e alterar essas relações (KNAPP, 2009). 
Ainda, apesar de o modelo cognitivo trazer contribuições relevantes para 
esse arcabouço de intervenções, técnicas e outras orientações utilizadas 
dentro de uma estrutura cognitiva são igualmente implementadas. 
Intervenções inspiradas na Gestalt, em mindfulness e na ativação 
comportamental são exemplos de procedimentos emprestados de 
outras escolas terapêuticas, adaptadas para a mudança cognitiva (BECK, 
2013; KNAPP, 2009; LEAHY, 2018). 
Ao longo deste Tema, serão discutidas técnicas cognitivas e 
comportamentais separadamente. Contudo, vale ressaltar que se trata 
de uma divisão com propósito didático, já que tanto técnicas cognitivas 
como comportamentais geram efeitos nessas duas estruturas (KNAPP, 
2009). Para auxiliar na compreensão, um caso será descrito e utilizado 
ao longo do texto, a fim de demonstrar a aplicabilidade das técnicas ao 
contexto clínico:
32
Vicente, 33 anos, procura a terapia devido a sintomas depressivos e 
ansiosos que se intensificaram após sua demissão da instituição em 
que trabalhava há 8 anos. É enfermeiro e atuava em um hospital 
privado como chefe de setor; contudo, devido a cortes de gastos, ele 
e mais alguns colegas foram demitidos. Jeane, sua companheira, 
trabalha como assistente social em uma instituição pública, mas o 
casal tem dois filhos, o que preocupa a família em relação às despesas 
mensais. Desde sua demissão, há 7 meses, Vicente tem ficado muito 
preocupado com o futuro da família e se percebe triste, sem motivação 
e sem perspectivas de encontrar outro emprego. Comenta que verifica 
as vagas em aberto e no mês anterior se candidatou a um cargo 
em uma clínica privada, mas não foi chamado. Desde então não se 
candidata para outras vagas e tem passado os dias realizando tarefas 
domésticas, cuidando dos filhos e assistindo a conteúdos na internet.
1.1 Técnicas cognitivas – Pensamentos automáticos 
As técnicas voltadas para identificar, examinar e modificar os 
pensamentos automáticos desadaptativos são centrais nas intervenções 
cognitivo- comportamentais. Especialmente nos estágios iniciais, 
os terapeutas auxiliam os pacientes a compreender o conceito de 
pensamentos automáticos e avaliar sua precisão, identificando possíveis 
distorções cognitivas (WENZEL, 2018). 
Os terapeutas costumam acessar pensamentos automáticos ao longo 
da sessão a partir de perguntas diretas sobre esses pensamentos, 
principalmente quando o paciente descreve acontecimentos com alto 
grau de emoção. Assim, nesse momento é indicado que, de forma 
objetiva, o terapeuta questione o paciente sobre o que está pensando. 
Essa abordagem direta é uma das técnicas possíveis para acessar esses 
pensamentos, como fica evidente no caso de Vicente descrito a seguir 
(KNAPP, 2009; DOBSON; DOBSON, 2009)
33
Na primeira sessão, quando Vicente comenta com o terapeuta sobre 
a dificuldade em se candidatar para novas vagas, começa a ficar 
com a voz trêmula e olhos marejados. Nesse momento, o terapeuta 
comenta: “notei que você se emocionou ao falar sobre a dificuldade 
em se candidatar para vagas de emprego. O que está passando pela 
sua cabeça neste momento?”. Vicente responde: “Fico pensando que 
nunca conseguirei um emprego, pois já fui demitido e agora não fui 
selecionado em outra vaga.”.
Assim, a partir da intensificação do humor do paciente, o terapeuta 
consegue identificar seus pensamentos automáticos e, com isso, pode 
promover sua psicoeducação. Na fala de Vicente “nunca conseguirei 
um emprego, pois já fui demitido e agora não fui selecionado em outra 
vaga”, este é o pensamento automático associado à busca de vagas. O 
Quadro 1 traz outras perguntas que podem ser feitas para identificar 
esses pensamentos.
Quadro 1 – Perguntas objetivas para acessar pensamentos 
automáticos
• O que estava passando na sua cabeça instantes antes de você começar a se sentir 
assim?
• Que imagens ou lembranças você tem em relação a essa situação?
• Neste momento, você acha que pode ter pensado algo como (exemplificar com 
pensamentos plausíveis, ex.: “já que ele não me cumprimentou, deve estar chateado 
comigo”)?
• Se o (exemplifica com uma pessoa próxima ao paciente) estivesse nessa situação, o 
que você acreditaque ele pensaria? 
Fonte: adaptado de Greenberger e Padesky (2016); Knapp (2009).
Após a identificação e o reconhecimento dos pensamentos automáticos, 
os terapeutas podem utilizar o questionamento socrático para ajudar o 
paciente a avaliar e identificar sua real precisão. Nessa técnica, inspirada 
na linha de investigação do filósofo grego Sócrates, o objetivo é realizar 
34
um série de perguntas gradativas que levem o paciente a avaliar 
racionalmente seus problemas e as soluções a partir de uma perspectiva 
mais distante. Vale destacar que a premissa dessa técnica não está 
associada ao convencimento do paciente através de argumentos, mas a 
sua autoexploração inquisitiva (WENZEL, 2018; KNAPP, 2009). O Quadro 
2 traz exemplos de perguntas socráticas:
Quadro 2 – Perguntas socráticas para exame de pensamentos 
automáticos
• Que evidência apoia esse pensamento automático? Essa evidência é factual? Que 
evidência é incompatível com esse pensamento automático?
• Quais são as outras explicações para essa situação?
• Qual é o resultado da pior hipótese? Qual é o resultado da melhor hipótese? Qual é o 
resultado mais realista?
Fonte: Wenzel (2018, p. 58).
Dando continuidade ao caso de Vicente, após identificar os pensamentos 
disfuncionais, o terapeuta poderá questionar sua validade através de 
perguntas similares, como fica evidente a seguir:
Em sessão, após identificar os seguintes pensamentos automáticos: 
“nunca conseguirei um emprego, pois já fui demitido e agora não fui 
selecionado em outra vaga”, o terapeuta comenta: 
Terapeuta: Sobre o pensamento “nunca conseguirei um emprego”, 
como você se sente logo após essa ideias aparecerem?
Vicente: Fico triste e preocupado, até mesmo sem esperança.
Terapeuta: E quais são as evidências que apoiam essa ideia? 
Vicente: Eu fui demitido e não passei no primeiro processo que 
tentei. Isso mostra que realmente não conseguirei e que não devo me 
candidatar para novas vagas. 
35
Terapeuta: Além desses pontos, quais outros fatores você acredita que 
podem estar associados a conquistar um novo emprego?
Vicente: Boa qualificação, disponibilidade e experiência na atividade.
Terapeuta: Você acredita que tem alguma das características que citou?
Vicente: Eu posso considerar que tenho uma boa formação, já que 
continuei me especializando após a graduação. Também tenho 
disponibilidade, apesar de não estar me sentindo motivado. Além disso, 
fiquei oito anos no hospital como chefe de setor e sei fazer algumas 
coisas.
Terapeuta: Então, podemos considerar que suas chances de conseguir 
um novo emprego não são nulas, tendo em vista que você apresenta 
boa parte dos requisitos necessários para ser contratado?
Vicente: Pensando assim, acho que que pode fazer sentindo.
Após identificar e examinar o pensamento automático, é o momento de 
propor uma resposta adaptativa que substitua o pensamento original, 
corrigindo os erros nesse pensamento, o que irá resultar em menos 
dificuldades emocionais (WENZEL, 2018). Em sessão, essa proposta pode 
ser aplicada da seguinte maneira: 
Terapeuta: Agora que verificamos que suas chances de conseguir um 
novo emprego não são nulas, podemos encontrar um pensamento 
alternativo à ideia de nunca mais conseguir um novo emprego?
Vicente: Sim, talvez o pensamento mais razoável seja: “eu tenho 
requisitos necessários para conseguir um emprego, apesar de ainda 
não ter conseguido”.
Terapeuta: E como você se sente após identificar esse novo 
pensamento?
36
Vicente: Eu me sinto um pouco mais animado e com esperança, apesar 
de ainda estar preocupado.
O processo de identificação dos pensamentos automáticos disfuncionais 
e de proposta de novas alternativas é denominado de restruturação 
cognitiva e ocorre dentro e fora da sessão. Comumente, os terapeutas 
solicitam como tarefa de casa o uso do registro de pensamentos 
automáticos, o que possibilita realizar esse processo à medida que os 
pensamentos surgem ao longo dos dias (BECK, 2013; WENZEL, 2018). 
A seguir trazemos o registro de Vicente com base nos pensamentos 
relatados.
Quadro 3 – Registro de Pensamento de Vicente
Data/
Hora Situação
Pensamento 
automático Emoções
Reposta 
adaptativa Resultado
15 horas. Verificar 
novas vagas 
de emprego.
“Nunca 
conseguirei 
um emprego, 
pois já fui 
demitido e 
agora não fui 
selecionado”.
Tristeza, 
ansiedade, 
desesperança.
“Eu tenho os 
requisitos 
necessários 
para conseguir 
um emprego, 
apesar de 
ainda não ter 
conseguido”.
Diminui a 
intensidade 
da tristeza.
Maior 
esperança.
Fonte: adaptado de Beck (2013).
1.2 Técnicas cognitivas – Crenças subjacentes e 
nucleares 
Além dos pensamentos automáticos, outras estruturas mais profundas 
que os pacientes têm de si mesmos, dos outros e do mundo estão 
associadas ao sofrimento psicológico e suscitam esses pensamentos. 
Entre essas estruturas, estão as crenças subjacentes e as crenças 
nucleares. 
A crenças subjacentes são definidas como regras e pressupostos rígidos, 
relacionados a afirmações como “deveria”, “tenho que” e “se... então”. 
37
Essas crenças não costumam ser problemáticas em períodos estáveis; 
contudo, mudanças significativas, como término de relacionamentos 
e perda de emprego, tendem a ativá-las, resultando em sofrimento ao 
paciente (BECK, 2013; LEAHY, 2018).
Uma das maneiras mais conhecidas de identificar crenças subjacentes é 
a partir da técnica da seta descendente, que visa questionar o paciente 
sobre os significados associados aos pensamentos automáticos até 
chegar ao seu significado principal (WENZEL, 2018). A seguir a técnica da 
seta descendente é aplicada na demanda de Vicente.
Vicente: Apesar de identificar uma alternativa em relação as minhas 
chances de conseguir um novo emprego, ainda me sinto incomodado 
com o fato de não estar empregado.
Terapeuta: Certo, entendi. Eu gostaria de compreender mais sobre seus 
pensamentos. Por favor, tente completar a seguinte frase: “Não estar 
trabalhando no momento me incomoda porque...
Vicente: Porque parece que sou um inútil e fracassado na minha 
profissão.
Terapeuta: E parecer que é um fracassado e inútil significaria que... 
Vicente: Eu realmente sou um fracassado.
A partir da intervenção anterior, o terapeuta pode identificar crenças 
subjacentes como: “se eu não estou trabalhando, então sou um fracasso 
na minha profissão” e “se sou um fracasso na minha profissão, então 
sou um fracassado.”.
Vale destacar que a técnica da seta descendente também auxilia na 
identificação de crenças nucleares, que são ideias e conceitos que se 
encontram no nível cognitivo mais profundo e dizem respeito sobre 
si mesmo, os outros ou o mundo. Ainda, são do tipo “tudo ou nada” 
38
e originadas desde a infância. Contudo, para aplicar a técnica da seta 
descendente na identificação da crença nuclear, é necessário perguntar 
ao paciente o que esse pensamento diz sobre ele, e não somente o que 
significa (GREENBERGER; PADESKY, 2016; KNAPP, 2009). 
A partir da descrição da intervenção anterior, já podemos identificar 
que Vicente possui uma crença nuclear de desvalor, descrita como 
“sou um fracasso”. Esta está diretamente associada a suas regas e seus 
pressupostos, além dos pensamentos automáticos disfuncionais que 
aparecem em situações desafiadoras.
Após a identificação das crenças subjacentes e nucleares, a técnica das 
vantagens e desvantagens pode ser utilizada com o objetivo de auxiliar 
o paciente a avaliar e reconsiderar as crenças que mantêm o sofrimento 
emocional. O propósito nessa intervenção é minimizar as vantagens e 
potencializar as desvantagens, a ponto de que o paciente identifique que 
a insistência nessa crença poderá lhe causar ainda mais sofrimento (BECK, 
2013; WENZEL, 2018). A seguir trazemos a aplicação no caso de Vicente:
Terapeuta: Agora que identificamos uma regra importante, ou seja, “se 
eu não estou trabalhando, então sou um fracasso na minha profissão”, 
quais as vantagens de acreditar nessa ideia?
Vicente: Acho que isso me ajuda a não ficar parado,sabe? Pensando 
assim, eu nunca vou desistir de trabalhar.
Terapeuta: Seria interessante verificar se você realmente precisa de 
uma crença tão extrema para não desistir de trabalhar, mas podemos 
conversar sobre isso mais tarde. Você consegue pensar em alguma 
outra vantagem?
Vicente: No momento não.
Terapeuta: E quais são as desvantagens de acreditar que, se você não 
estiver empregado, então é um fracasso na profissão?
39
Vicente: Acho que isso faz eu me sentir muito triste e ansioso, 
especialmente nesse momento em que não estou trabalhando. 
Inclusive, fico com vergonha de conversar com colegas. Também acabo 
ficando bastante desesperançoso em relação a um emprego futuro.
Terapeuta: E isso ajuda você a encontrar um novo emprego ou tentar 
outras oportunidades?
Vicente: Com certeza não, porque parece que tenho ainda mais medo 
de tentar qualquer processo seletivo.
Terapeuta: Então, se por um lado essa crença ajuda você a não desistir 
de trabalhar, por outro faz você se sentir triste, ansioso e desmotivado 
com a ideia de tentar novas oportunidades, afastando inclusive você de 
colegas e de novos processos seletivos?
Vicente: Isso mesmo.
Terapeuta: Então, será que poderíamos mudar essa ideia?
A partir daí, o terapeuta poderá utilizar estratégias para modificar e 
formular uma nova crença mais adaptativa. Para isso, é importante que 
o profissional se pergunte qual crença seria funcional e realista para 
o paciente (BECK, 2013). No caso de Vicente, pode propor a alteração 
de “se eu não estou trabalhando, então sou um fracasso na minha 
profissão” para “se eu não estou trabalhando, não significa que sou um 
fracasso, apenas que ainda não consegui minha nova oportunidade de 
emprego”.
2. Técnicas comportamentais 
A prática clínica da TCC envolve inevitavelmente técnicas 
comportamentais, porque, além de aprimorar o repertório 
comportamental do cliente, também possuem a capacidade de modificar 
40
crenças que mantêm problemas específicos. Modificando as crenças 
disfuncionais para ideias mais adaptativas, as expectativas futuras e 
a disponibilidade para se engajar em estratégias comportamentais 
igualmente aumentam, demonstrando assim os impactos mútuos 
dessas diferentes técnicas (LEAHY, 2018).
Uma das técnicas extensamente utilizadas na prática clínica é a ativação 
comportamental, especialmente para pacientes que apresentam humor 
deprimido, padrões evitativos de comportamento e distanciamento da 
resolução de problemas. Especialmente para sintomas depressivos, 
essa técnica é uma estratégia central no tratamento, visto que o 
enfrentamento evitativo é um dos maiores problemas nesses casos. 
Paciente deprimidos são governados por reforço negativo, ou seja, são 
gratificados apenas por comportamentos de fuga e esquiva, enquanto 
carecem de comportamentos intrinsicamente gratificantes, o que leva 
assim a um agravamento do quadro depressivo e o sujeito se torna cada 
vez mais letárgico e com humor deprimido (DOBSON; DOBSON, 2009; 
WENZEL, 2018).
Assim, a ativação comportamental é uma técnica prioritariamente 
contextual que estimula o paciente a se tornar ativo apesar de sua 
motivação ou de como esteja se sentindo no momento. Inicialmente, é 
indicado seguir o modelo TRAP (Trigger – gatilho ou ativador; Response – 
resposta; e Avoidance Pattern – padrão de evitação), ou seja, o paciente 
identifica os gatilhos para a evitação e suas consequências. Em seguida, 
sugere-se o modelo TRAC (Trigger – gatilho ou ativador; Response – 
resposta; e Alternative Coping – enfrentamento alternativo) (DOBSON; 
DOBSON, 2009).
No caso de Vicente, o paciente indica que tem realizado poucas 
atividades e que, após a recusa em um dos processos seletivos, não tem 
conseguido buscar novas vagas. O terapeuta poderá utilizar a técnica de 
ativação comportamental e discutir os modelos TRAP e TRAC em sessão, 
como identificado a seguir.
41
Figura 1 – Modelo TRAP aplicado à demanda de Vicente
Fonte: adaptada de Dobson e Dobson (2009).
Após identificar os gatilhos, as respostas e os padrões de evitação em 
sessão, o terapeuta poderá discutir com Vicente sobre as alternativas 
para a manutenção dessa condição. Vale ressaltar que, após essa 
identificação, o objetivo é que o paciente se engaje na atividade, apesar 
de sentimentos negativos ou desmotivação. Os comportamentos 
alternativos bloqueiam padrões de evitação, rompendo o agravamento 
do quadro depressivo (DOBSON; DOBSON, 2009). A seguir trazemos o 
modelo TRAC. 
Figura 2 – Modelo TRAC aplicado à demanda de Vicente
Fonte: adaptada de Dobson e Dobson (2009).
Por fim, vale ressaltar que a TCC apresenta um número vasto de 
técnicas que vão muito além das debatidas nessa sessão, cabendo ao 
terapeuta sua atualização e a escolha das intervenções mais adaptadas 
às diferentes demandas do paciente. Vale lembrar que a técnica mais 
valiosa e significativa será aquela que ajude o paciente a se sentir 
cuidado e ouvido (LEAHY, 2018). 
42
Referências 
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 2013. 348p.
DOBSON, D.; DOBSON, K. S. A terapia cognitivo-comportamental baseada em 
evidências. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GREENBERGER, D.; PADESKY, C. A. A mente vencendo o humor: mude como você 
se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Artmed, 2016.
KNAPP, P. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto 
Alegre: Artmed, 2009.
LEAHY, R. L. Técnicas de Terapia Cognitiva: Manual do Terapeuta. Porto Alegre: 
Artmed, 2018.
WENZEL, A. Inovações em terapia cognitivo-comportamental: intervenções 
estratégicas para uma prática criativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.
43
Encerramento do processo 
terapêutico e prevenção da recaída
Autoria: Gessyka Wanglon Veleda
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Apresentar os objetivos e a estruturação da etapa 
de encerramento do processo terapêutico cognitivo-
comportamental.
• Apresentar os objetivos e as etapas do modelo 
de prevenção de recaída na Terapia Cognitivo-
Comportamental.
• Oferecer ferramentas para a aplicação do modelo de 
prevenção de recaída no encerramento do processo 
terapêutico cognitivo-comportamental.
44
1. Encerramento do processo terapêutico
Toda terapia chega a um fim, e, mesmo nessa etapa, alguns tópicos são 
imprescindíveis para aumentar as chances de efetividade e manutenção 
dos ganhos terapêuticos (DOBSON; DOBSON, 2009). Ao longo dos 
últimos três Temas, foram abordadas diferentes etapas e estratégias 
de intervenção para o acompanhamento cognitivo-comportamental. 
Assim, antes de iniciar as discussões sobre a última fase do tratamento, 
vale lembrar os principais tópicos abordados nas fases anteriores, 
juntamente com as últimas intervenções a serem aplicadas, como 
apresentado na figura a seguir.
Figura 1 – Fases da terapia e suas principais intervenções
Fonte: elaborada pela autora.
Salienta-se que algumas intervenções podem estar presentes em 
diferentes etapas da terapia, a exemplo de algumas técnicas, como a 
psicoeducação, devendo o terapeuta estar atento às especificidades 
de cada fase (BECK, 2013). E como o terapeuta poderá identificar que 
o processo terapêutico deve ser finalizado?
O propósito da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é facilitar 
o alívio e a remissão dos sintomas do paciente, bem como ensiná-
lo novas habilidade que poderão ser usados na sua vida, sem 
45
necessidade de tratamento contínuo. Em resumo, um dos objetivos 
da TCC é preparar os pacientes para que sejam seus próprios 
terapeutas. Assim, a terapia bem-sucedida vai além dos progressos 
identificados na fase aguda e inclui o uso contínuo de intervenções 
autodirecionadas que proponham uma melhor qualidade de vida 
(BECK, 2013; DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT, 2012).
É importante lembrar que, por outro lado, a intenção da terapia 
não é resolver todos os problemas do paciente. O terapeuta que 
assume a responsabilidade de lidar com todas essas demandas 
está favorecendoa dependência do paciente ao longo do tempo 
e dificultando que ele teste e fortaleça suas habilidades (BECK, 
2013). A verdade é que os problemas continuarão a aparecer na 
vida do paciente e mesmo pensamentos automáticos disfuncionais 
ainda poderão ser identificados; entretanto, após o treinamento 
significativo de identificação, exame e alteração desses conteúdos, 
essas habilidades passam a ocorrer “automaticamente” (BECK, 2013; 
GREENBERGER; PADESKY, 2016). 
Os terapeutas cognitivo-comportamentais costumam concordar que a 
decisão de finalizar o tratamento deve ser tomada quando o paciente 
atingir os objetivos da lista de problemas construída no início da terapia, 
juntamente com a verificação do seu progresso em diversas situações de 
vida e por tempo suficiente. A partir dessa descrição, o terapeuta pode 
ficar com a impressão de que a finalização da terapia é um processo 
fácil, com poucos desafios. Porém, na realidade clínica, os pacientes 
costumam apresentar demandas complexas e crônicas associadas a 
problemas e sintomas residuais que, mesmo após intervenção, podem 
ser melhorados, mas não eliminados. Ainda, após a dupla terapêutica ter 
estabelecido uma boa aliança e uma boa relação colaborativa, pode ser 
difícil encerrar o tratamento, tornando-se mais um desafio dessa etapa 
(KNAPP, 2009; DOBSON; DOBSON, 2009).
46
Para auxiliar na decisão de finalizar o tratamento, alguns pontos 
podem ser levados em consideração pelo terapeuta. De modo geral, 
o profissional deve ter a condição técnica de avaliar o momento em 
que os sintomas de um determinado diagnóstico psicológico foram 
reduzidos ou eliminados e os objetivos atingidos, visto que esse é 
o momento ideal para finalizar a terapia. Destaca-se aqui a ideia de 
diminuição dos sintomas, e não somente sua eliminação. Muitos 
transtornos psicológicos, como a esquizofrenia, apresentam mais 
períodos de remissão parcial do que total da sua condição e isso 
deverá ser avaliado pelo terapeuta no momento do encerramento 
(DOBSON; DOBSON, 2009). 
Em contrapartida, muitos pacientes buscam ajuda devido a uma crise 
pessoal ou a uma transição de vida ou mesmo para solucionar um 
problema difícil, e não devido a um transtorno psicológico. Um sujeito 
que busca ajuda devido à morte de um ente querido, por exemplo, 
poderá não apresentar sintomas graves, mas necessitar de auxílio 
para lidar com as mudanças nesse momento. No encerramento, um 
dos critérios que pode ser utilizado é identificar se houve a resolução 
da crise ou do problema que levou o paciente para a terapia. Em 
muitas situações, é possível que, a partir de intervenções mais breves, 
o problema possa ser abordado e resolvido, indicando assim a 
finalização do tratamento (DOBSON; DOBSON, 2009).
Também é possível levar em conta as mudanças nos fatores 
causativos, como as crenças, os esquemas e as situações 
precipitantes. É difícil identificar a quantidade de mudanças 
necessária nesses pontos, porém verificar se algumas habilidades 
cognitivo-comportamentais foram desenvolvidas e estão sendo 
utilizadas no presente pode dar um direcionamento sobre o 
encerramento do processo. A seguir, encontram-se algumas 
habilidades a serem verificadas para auxiliar na decisão sobre 
o encerramento do tratamento (DOBSON; DOBSON, 2009; 
GREENBERGER; PADESKY, 2016):
47
Quadro 1 – Habilidades centrais que devem ser identificadas ao 
final do tratamento psicoterapêutico
Próximo ao término do processo terapêutico, o paciente:
Nota as interações entre pensamentos, estados de humor, comportamentos, reações 
físicas e ambiente?
Avalia a intensidade dos estados de humor?
Considera as vantagens e as desvantagens da mudança?
Identifica pensamentos automáticos e imagens?
Completa um Registro de Pensamentos?
Gera pensamentos alternativos ou compensatórios com base nas evidências coletadas?
Reúne mais evidências para fortalecer novos pensamentos?
Quando as evidências em um Registro de Pensamentos apoiam um pensamento 
disfuncional, cria um plano de ação para resolver o problema?
Usa planos de ação para fazer uma mudança em sua vida ou para atingir um objetivo?
Identifica pressupostos subjacentes do tipo “Se... então...”?
Testa um pressuposto subjacente com experimentos comportamentais?
Desenvolve pressupostos alternativos que combinam com sua experiência de vida?
Identifica crenças nucleares?
Identifica novas crenças nucleares?
Anota evidências que apoiam e fortalecem novas crenças nucleares?
Avalia a confiança em novas crenças nucleares?
Fonte: adaptado de Greenberger e Padesky (2016, p. 273-274).
Não é necessário que todas essas habilidades estejam totalmente 
construídas, e diferentes pacientes podem desempenhar essa 
habilidade em graus variados. Contudo, esses pontos podem indicar 
como o paciente se encontra em relação aos seus aspectos cognitivos 
e comportamentais, ajudando na decisão de encerramento. Após 
identificar que a terapia chegou a sua fase final, o terapeuta deverá 
voltar suas intervenções para esse objetivo (BECK, 2013; GREENBERGER; 
PADESKY, 2016).
48
1.1 Preparação para o encerramento da terapia 
A preparação para o encerramento da terapia começa na primeira 
sessão, quando o terapeuta propõe a familiarização do paciente com o 
modelo da TCC. Nessa etapa, o profissional comenta que o tratamento 
será estruturado para durar o menor tempo possível, fazendo com que 
o paciente se torne o seu próprio terapeuta (BECK, 2013). 
Ao longo do tratamento, algumas intervenções são igualmente 
imprescindíveis, a fim de preparar o paciente para a etapa final. 
Atribuir o progresso ao paciente diante de suas melhoras no humor é 
essencial para fortalecer sua autoeficácia na resolução de problemas. 
Alguns pacientes tendem a atribuir toda a sua melhora a mudanças nas 
circunstâncias, como o início do uso de psicotrópicos; nesses casos, o 
terapeuta deverá ficar atento para que, ao longo do processo, possa 
auxiliar em uma atribuição mais adequada, que leve em consideração 
as mudanças dos conteúdos cognitivos. Em situações em que o paciente 
insiste que não merece o mérito, vale investigar e trabalhar as crenças 
associadas a essa inclinação (BECK, 2013).
Já próximo ao término, o terapeuta deve discutir o espaçamento 
na frequência de sessões, visto que esse processo não ocorre 
abruptamente. Incialmente, as sessões que costumam ser semanais 
passam a ser quinzenais, mensais e logo são oferecidas algumas sessões 
de reforço que podem acontecer 3, 6 e 12 meses após a finalização. 
Ao discutir essa combinação, alguns pacientes podem ficar ansiosos 
com a redução e com a futura finalização. Nesses casos, o terapeuta 
poderá utilizar a técnica de vantagens e desvantagens, potencializando 
os benefícios e reestruturando os prejuízos da decisão. Vale destacar 
que a redução das sessões se inicia como um experimento, devendo a 
cada nova sessão a combinação ser revisitada (BECK, 2013; DOBSON; 
DOBSON, 2009; KNAPP, 2009).
49
Próximo às sessões mensais, é indicado que o terapeuta incentive o 
paciente a ler e organizar suas anotações mais significativas do processo 
terapêutico, a fim de auxiliá-lo durante e após a redução e a finalização 
do tratamento. Ainda, o terapeuta deverá preparar o paciente para 
possíveis retrocessos após o encerramento. Aqui é importante esclarecer 
que o progresso ocorre com períodos de melhora que são interrompidos 
por flutuações e retrocessos, além do surgimento de novos problemas. 
Apesar disso, essas mudanças não significam que o tratamento falhou 
ou mesmo que é necessário retomar o processo integralmente, visto que 
agora o paciente está mais equipado para lidar com essas demandas, 
especialmente após a prevenção da recaída, que será discutida na Seção 2 
(BECK, 2013; DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT, 2012). 
Já as sessões de reforço acontecem com tempo maior de espaçamento. 
Um de seus propósitos é conferir o bem-estar do paciente, tornando-
se também uma oportunidade de discutir as estratégias utilizadas 
diante de novos problemas eavaliar se existiriam outras ferramentas 
mais funcionais. Em caso positivo, a dupla poderá construir um plano 
para lidar com essas situações ao longo dos próximos meses. De modo 
geral, a própria programação de sessões de reforço tende a suavizar a 
ansiedade do paciente em relação à manutenção de seu progresso a 
longo prazo (BECK, 2013).
Por fim, existem outros cenários de encerramento da terapia que não 
permitem preparação, como no caso dos pacientes que evadem sem 
dar explicações. Nessas situações, cabe ao terapeuta tentar contactar o 
sujeito pelos contatos disponíveis. Caso a desistência seja por conta de 
uma percepção ineficaz da terapia, vale questioná-lo sobre o que o ajudou 
a construir essa percepção. De qualquer forma, esses acontecimentos 
devem ser avaliados para que a atuação do terapeuta possa ser ainda mais 
potencializada a partir dessas experiências. A supervisão de caso poderá 
ajudar o terapeuta a avaliar esse cenário e identificar se outras estratégias 
poderiam ter sido utilizadas (DOBSON; DOBSON, 2009). 
50
2. Prevenção da recaída 
Compreende-se por recaída a recorrência de sintomas ou 
comportamentos disfuncionais que aparecem logo após a remissão, 
fazendo com que os critérios diagnósticos sejam novamente 
encontrados. Especialmente em casos mais graves e crônicos, as 
chances de recaída tendem a ser mais altas, o que preocupa os 
terapeutas cognitivo-comportamentais. A fim de lidar com esse 
desafio, a TCC inclui como parte integrante do tratamento o processo 
de prevenção da recaída, que busca identificar o aparecimento 
dos sintomas, revisar as estratégias relevantes da TCC e, por fim, 
implementar um plano para o seu acompanhamento de maneira 
contínua (DOBSON; DOBSON, 2009; WRIGHT, 2012).
Para iniciar a prevenção da recaída, é importante que terapeuta e 
paciente identifiquem situações de alto risco, ou seja, as circunstâncias 
que auxiliam o aparecimento dos sintomas. Como a grande maioria 
dos pacientes com transtornos psiquiátricos já vivenciou mais de um 
episódio da condição antes mesmo de chegar à terapia, poderá trazer 
informações importantes sobre os estressores aos quais apresenta mais 
vulnerabilidade (GREENBERGER; PADESKY, 2016; WRIGHT, 2012).
Logo após a identificação dos aspectos situacionais, é importante que 
o paciente e a rede de apoio (como familiares, companheiros e amigos) 
estejam alertas aos primeiros sinais que precedem os sintomas. Esses 
sinais podem ser tanto alterações nos comportamentos quanto em 
pensamentos, estados de humor e alterações físicas. A experiência 
passada pode ajudar a identificar essas mudanças previamente. Indica-
se ainda que o paciente tenha uma planilha de resumo de sintomas 
personalizada que permita a identificação dessas condições precoces. 
Pacientes com transtorno depressivo maior, por exemplo, podem incluir 
na sua planilha a perda de prazer nas atividades, a falta de motivação e 
o aumento de apetite, caso estes sejam sintomas presentes em outros 
episódios (GREENBERGER; PADESKY, 2016; WRIGHT, 2012).
51
Após identificar as possíveis situações de gatilho e os sintomas 
precoces, é importante construir um plano de enfrentamento. 
Nesse momento, o objetivo é levantar diferentes possibilidades que 
poderão ser desempenhadas pelo paciente fora do contexto da 
terapia. Essas estratégias poderão ser técnicas e habilidades cognitivo-
comportamentais já desenvolvidas pelo paciente ao longo do processo 
terapêutico ou mesmo outras ações que evitem o retorno completo dos 
sintomas (WRIGHT, 2012). 
Para ilustrar a prevenção de recaída, a figura a seguir descreve os três 
momentos da intervenção a partir do caso de Janice, que se encontra 
na fase final do tratamento. A paciente tem 47 anos e, após seis meses 
de acompanhamento, encontra-se em remissão parcial dos sintomas 
depressivos, juntamente com uma melhora global em vários aspectos de 
sua vida. Em sessão, ela discute com seu terapeuta sobre a prevenção 
de recaída, chegando ao seguinte planejamento:
Figura 2 – Prevenção de recaída aplicada ao caso de Janice
Fonte: elaborada pela autora.
52
Para fortalecer o plano de enfrentamento, nas últimas sessões é 
indicado utilizar técnicas como a dramatização para promover um 
ensaio cognitivo-comportamental das estratégias elencadas. Outra 
ferramenta importante é a técnica do cenário, isto é, “no pior caso...”, 
para que o paciente encontre possibilidades de enfrentamento 
mesmo em situações de sofrimento intenso. Vale destacar que uma 
das estratégias poderá ser a retomada das sessões ou a procura do 
terapeuta novamente (WRIGHT, 2012).
Outro aspecto que deve ser levado em conta, especialmente em casos 
de psicopatologias mais graves, é a manutenção da farmacoterapia 
após o encerramento das sessões. Esta está diretamente relacionada 
a bons resultados a longo prazo, sendo indicado que o terapeuta 
trabalhe a adesão do paciente ao longo da terapia e a inclua 
como um dos cuidados que deverão ser mantidos. Vale lembrar 
que a prescrição de medicamentos é uma conduta restrita aos 
profissionais médicos, sendo necessário que o paciente mantenha 
os atendimentos com esses especialistas. Mudanças no estilo de 
vida, como a prática de exercícios físicos e a regularização de sono 
e alimentação, também devem ser reforçadas pelo terapeuta como 
pontos fundamentais para a manutenção dos ganhos terapêuticos a 
longo prazo (WRIGHT, 2012). 
O encerramento do processo terapêutico pode ser um momento 
de muitos receios para o paciente e o terapeuta; contudo, as 
pesquisas em TCC apontam uma vantagem: pacientes que passam 
pelo processo terapêutico e continuam fazendo uso competente 
de suas estratégias apresentam menores taxas de recaída. Diante 
disso, é importante que os terapeutas empreguem a preparação 
para o encerramento e a prevenção de recaída ao longo da 
terapia, aumentando assim as chances de manutenção dos ganhos 
terapêuticos a longo prazo (BECK, 2013; DOBSON; DOBSON, 2009; 
WRIGHT, 2012).
53
Referências 
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 2013. 348p.
DOBSON, D.; DOBSON, K. S. A terapia cognitivo-comportamental baseada em 
evidências. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GREENBERGER, D.; PADESKY, C. A. A mente vencendo o humor: mude como você 
se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Artmed, 2016.
KNAPP, P. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto 
Alegre: Artmed, 2009.
WENZEL, A. Inovações em terapia cognitivo-comportamental: intervenções 
estratégicas para uma prática criativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.
WRIGHT, J. H. et al. Terapia cognitivo-comportamental de alto rendimento para 
sessões breves: guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2012.
54
	Sumário
	Apresentação da disciplina
	Avaliação inicial do paciente e primeira sessão
	Objetivos
	1. Avaliação inicial: objetivos e estrutura
	2. Primeira sessão: objetivos e estrutura
	Referências 
	Sessões subsequentes em TCC e aliança terapêutica
	Objetivos
	1. Sessões subsequentes: estruturação e objetivos
	2. Psicoeducação
	3. Empirismo colaborativo e aliança terapêutica
	Referências 
	Técnicas Cognitivas e Técnicas Comportamentais
	Objetivos
	1. Técnicas cognitivas
	2. Técnicas comportamentais 
	Referências 
	Encerramento do processo terapêutico e prevenção da recaída 
	Objetivos
	1. Encerramento do processo terapêutico
	2. Prevenção da recaída 
	Referências

Mais conteúdos dessa disciplina