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<p>AS MÚLTIPLAS GEOGRAFIAS DO PODER: UM ESTUDO ACERCA DO CONCEITO DE SOBERANIA (DEVE SER ESCRITO TODO EM LETRA MAIÚSCULA)</p><p>Thiago Moreira de Jesus[footnoteRef:1] [1: Mestrando em Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Email: thiago.moreiradejesus@gmail.com]</p><p>Elvio Rodrigues Martins[footnoteRef:2] [2: Titulação, vínculo institucional e e-mail]</p><p>Deixar 01 linha em branco.</p><p>RESUMO</p><p>I. Introdução</p><p>Buscamos prioritariamente através da Ciência Geográfica a maior compreensão acerca da Geografia concebida enquanto dado concreto da realidade (MARTINS, 2009), haja vista que ela muitas vezes esconde seus reais conteúdos atrás de uma falsa forma aparente. É dever do geógrafo proporcionar através de suas produções científicas o entendimento mais próximo possível da real dinâmica dos fenômenos geográficos encontrados na superfície terrestre.</p><p>Contudo, é preciso que o cientista se atente que como consequência da frequente mudança da relação sociedade/natureza, esta realidade geográfica está em incessante metamorfose, sendo assim, o pesquisador deve analisar determinados conceitos dentro das temporalidades e espacialidades devidas. A ciência precisa acompanhar de perto este movimento de mudança da realidade, e sobretudo os historiadores e geógrafos devem adaptar suas análises de acordo com o período histórico, haja vista que grandes generalizações sobre diferentes tempos históricos provavelmente culminará em anacronismo. É preciso que os conceitos da ciência se adaptem à realidade concreta, e não o contrário.</p><p>Conforme contribui Fernand Braudel, o espaço geográfico é apenas “um fator parcial de interpretação”, já que “êle não constrange os homens irremissivelmente”. O estudo dêsse meio não pode, portanto, dar indicações válidas para todos os séculos e para todos os estados de civilização (apud RENOUVIN; DUROSELLE, p.32). Também para Armando Corrêa da Silva, “ o espaço não é o mesmo em todos os tempos e lugares” (2011, p.103), variam de acordo com as características próprias de cada modo de produção, sendo que as particularidades de cada um deles indicarão uma formação espacial e social específica. A produção do espaço, segundo (SILVA, 2011) obedecerá aos interesses da classe ou das classes dominantes de cada sociedade, no capitalismo a produção do espaço tem a função de atender os interesses do capital.</p><p>Sendo assim, ao longo do trabalho analisaremos a evolução de um conceito dentro da história da ciência. Verificar-se-á como foi concebido o conceito de “soberania” pela Geografia Política em suas raízes e como contemporaneamente ele deve ser problematizado tendo em vista que sua concepção pretérita não mais explica fenômenos emergentes da realidade como a territorialidade produzida pelo crime organizado por exemplo.</p><p>E com o declínio do Estado-nação, sujeito privilegiado da realidade territorial desde no mínimo o século XIX, novos sujeitos emergem e carregam consigo novas dimensões ou realidades do território. O território enquanto parcela do espaço apropriada por um sujeito político já não se identifica mais primordialmente com o lugar da soberania de um Estado nacional (VESENTINI, 1994, p.105).</p><p>Indo ao encontro do pensamento de Amélia Damiani (2002, p.17), a Geografia deve se atentar às metamorfoses pelas quais ela mesma sofre, e reconhecer que a dimensão espacial do poder também se configura em territórios que não são o Estado.</p><p>O caminho da Geografia também foi o de reconhecer outros instrumentos de territorialização: outras organizações e instituições, do que adveio uma interpretação que supunha as relações de poder, determinando o território e não exclusivamente o Estado. Assim, o termo territorialidade ganha expressão no corpo da ampliação do conceito. Haveria numerosas territorialidades que definiriam usos do território, marcados pelas relações de poder.</p><p>Os fundamentos teóricos da Geografia Política Tradicional proporcionaram o alicerce para o entendimento de conceitos como “território”, “Estado”, “soberania” etc., mas é no perpassar histórico da disciplina que os geógrafos têm a missão ética com a ciência na qual se comprometeram de melhor interpretarem a realidade que os cercam, precisando assim de novas “lentes” e ajustes para conceitos e categorias que não devem permanecer engessadas.</p><p>Analisar-se-á tanto os alicerces da Geografia Política, suas contribuições teóricas conceituais, o pioneirismo de Ratzel e de outros importantes geógrafos, pois como já foi dito, foram etapas fundamentais para a fortalecimento da Geografia enquanto campo do conhecimento independente, além de ter também aberto portas para reflexões mais críticas e progressistas posteriormente na Ciência Geográfica.</p><p>A importância sobretudo de se estudar Friedrich Ratzel é a de reconhecer sua perspicácia em tomar o espaço geográfico como protagonista para análise da realidade, baseando suas formulações no entendimento de que as relações sociais ocorrem em um determinado meio que será segundo ele essencialmente determinante para o que virá a seguir, dentro daquilo que o autor chama de “a base geográfica dos eventos históricos” (2011, p.100) ou quando afirma que o solo serviria de “teatro”, para as relações sociais. “O espaço [...] concebido principalmente como meio natural [...] é a natureza física, que se manifesta como território, solo” (SILVA, 2011, p.106) nas formulações de Ratzel.</p><p>Até que oportunamente, após o acúmulo das exposições conceituais, das reflexões sobre seus significados em diferentes temporalidades, será proposta a discussão sobre o significado das diferentes Geografias do Poder.</p><p>Partindo-se de uma realidade repleta de territorialidades produzidas, heterogêneas entre si, o pressuposto de Estado Soberano será problematizado, sendo crucial neste momento as provocações trazidas por Claude Raffestin (1993).</p><p>Será feito o estudo de caso sobre o Crime Organizado Carioca para a constatação de possíveis organizações militares, formas de conduta e ideários de justiça paralelos à do Estado Brasileiro Soberano (teoricamente o detentor do monopólio da força, e do aparato jurídico e legislativo).</p><p>Mesmo que a soberania exclusiva do Estado esteja legitimamente consolidada pela lei, coexistem com ela poderes paralelos (por mais paradoxal que isso possa parecer considerando-se o rigor conceitual) sendo que o do Crime Organizado vem se mostrando um dos mais fortes e bem estruturados na história recente do país.</p><p>Fato é que a Geografia Política não deve se ater somente a uma delas, mas sim naquilo que mais fortemente defina suas raízes: a intrínseca relação entre espaço e poder.</p><p>É preciso valorizar o trabalho de uma geração e geógrafos que após Ratzel teve o ousado e fundamental trabalho para o progresso da disciplina: de traduzi-lo, de com ele dialogar, contrapor e superar, comportamentos esses que de forma inegável contribuíram para a evolução qualitativa da Geografia Política. Aliás, conforme lembra Wanderley Messias da Costa (2013, p.44) “este tem sido o comportamento da maioria dos autores posteriores ao geógrafo alemão”, apresentarem suas concepções em torno do objeto de estudo, mas sempre a partir da teoria e do método ratzelianos, divergindo, concordando ou inovando, mas sempre o incorporando como referência inicial.</p><p>Este movimento, acredita-se aqui, deve ser recorrente, a estagnação de ideias e conceitos é questionável.</p><p>II. Justificativa</p><p>Mesmo não tendo a pretensão de alcançar todos os elementos da realidade através das concepções conceituais da ciência, a apropriação das produções científicas geográficas dá as condições para que se possa entender mais profundamente as dinâmicas da natureza, da relação homem e natureza e das relações dos homens entre si que existem nos diferentes territórios do mundo.</p><p>Entender a realidade que nos cerca, é sem dúvida, a condição primária caso pensemos em agir em algum momento com o propósito de transformá-la. E parte-se aqui do princípio que a Ciência Geográfica é ferramenta chave no trabalho de decifrar as complexidades do mundo, pois</p><p>há de se considerar a(s) geografias(s) para análise mais profunda da sociedade, embora Ratzel (2011) alertasse que já em seus tempos houvessem “[...] muitas teorias da sociedade que permaneceram completamente alheias a quaisquer considerações geográficas […]” (p. 93).</p><p>Contrapor a visão da Geografia Política Clássica com as produções mais recentes e proporcionar uma análise de como atualmente a disciplina está enxergando e lidando com o conceito de soberania, dá as condições para que a sociedade civil, organizações políticas partidárias e apartidárias, agentes do Estado, Forças Armadas, ONGs, Organizações Supranacionais etc. orientem suas reflexões e ações de forma mais afinada com os fundamentos da realidade atual. O trabalho dos geógrafos e historiadores é fundamental nesta proposta, sendo essencial que estes dêem a capacidade, o poder e até mesmo o privilégio de observação e entendimento das diversas Geografias em suas mais profundas complexidades e totalidades. Suas contribuições científicas, dessa forma, inevitavelmente intervirão na realidade do mundo. Cabe, inclusive, a classe dos geógrafos “chamar a atenção dos historiadores para a importância que o teatro dos  acontecimentos  assume  perante  a  história”.</p><p>(RATZEL, 1990, p.  41).</p><p>Portanto, o modo de leitura do mundo a partir da ciência, de representação do objeto através do pensamento e da reflexão crítica, se compromete antes de mais nada na compreensão da realidade, qualquer teoria científica que fuja dessa responsabilidade será em vão.</p><p>A apropriação da ciência na intenção de que esta seja a reflexão mais fidedigna da realidade, faz com que a sociedade esteja mais próxima do domínio da geografia como fundamento da realidade que à cerca (MARTINS, 2009). Isso a deixa muito mais preparada para a ação, seja ela de ordem política, econômica, social ou de outros gêneros.</p><p>O permanente incômodo de que teorias e verdades do passado não mais se adequam ao contexto contemporâneo, incentivaram a elaboração de várias problemáticas presentes neste trabalho. O embasamento nas teses que se propõe a refletir o sentido atual do conceito não só de “Soberania”, mas também de “Estado”, “território”, "territorialidades" e “fronteiras” proporciona um compreendimento mais fidedigno e atualizado sobre a dinâmica da geografia global. Conforme já foi salientado, é dever dos geógrafos acompanhar e analisar as mudanças dessas “Geografias”, e não emperrar suas concepções teóricas dentro de apenas uma espacialidade e temporalidade específica.</p><p>Conforme trouxe Raffestin (1993), as escolas da Geografia que foram influenciadas por Ratzel tratam a Geografia Política como a “Geografia dos Estados”, ou seja, tratam a esfera do Estado como a detentora do monopólio do poder no espaço. Como, entretanto, fica a discussão acerca dos outros espaços de poder que não sejam do Estado? Como já mencionamos, a Geografia Política deve atentar-se também a eles.</p><p>A historiografia apresenta poderosas e duradouras territorialidades, que ao contestar o “status quo” proveniente do Estado Nacional e propor um modo de vida paralelo a ele (com normas, condutas, leis, hábitos, dialetos etc.) passam a rivalizar e representar perigo ao poder em tese soberano do Estado.</p><p>Pode-se adotar como exemplo o “Quilombo dos Palmares” no século XVII, território de resistência de escravizados ao Sistema Colonial brasileiro em vigência na época, quando milhares de negros colocados na condição de escravos, ao fugirem do contexto de exploração do qual eram submetidos, se agrupavam nos quilombos, criando uma territorialidade paralela daquela em que estavam inseridos anteriormente. Exercendo novas práticas, se comunicando através de outras línguas e utilizando-se de outras leis e formas de organização política. Foi o que Edison Carneiro (1958), denominou de “Um Estado Negro”, ao tratar da territorialidade quilombola.</p><p>A História do Brasil também traz no final do século XIX e começo do XX, a História do Cangaço no nordeste brasileiro. Dentro do contexto do chamado “Banditismo Social”. Grupos de sertanejos e outros marginalizados agiam com extrema violência em busca da justiça social (historicamente à eles negada). O grande número de cangaceiros comandados por Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, representava dentro do contexto do território nordestino, um núcleo de poder considerável, capaz de fazer frente às forças policiais oficiais, além de também confrontar com outros bandos marginais e grandes fazendeiros.</p><p>A “Territorialidade da Violência”, estudada neste trabalho, está consolidada na realidade brasileira e de outros países latino-americanos de maneira marcante. A análise da Geografia Urbana e Física do Rio de Janeiro, e da Cartografia do crime (figura 2), faz com que nos deparemos frente a um cenário de embate político e bélico entre grupos representando o narcotráfico, milícias organizadas e o Estado; ou seja, polos de poder coexistindo com o Estado central, exercendo e controlando suas territorialidades dentro dos limites deste mesmo Estado.</p><p>Em algumas periferias de metrópoles latino americanas muitas vezes o domínio (em ramificados setores) está em posse de representações ou representantes que não são os estatais. E como não é de se estranhar, caso haja contato entre estas “diferentes instâncias de poder” decorrem conflitos armados como fruto desta interação.</p><p>Portanto, o debate acerca do conceito de soberania com o decorrer dos anos foi carecendo cada vez mais de contribuições, subsídios e comparações em estudos de caso.</p><p>Contraditoriamente, foi justamente após a Segunda Guerra Mundial o período histórico no qual se deflagra o surgimento do maior número de Estados nacionais soberanos, conforme traz Martin (2002), muito devido à independência política de dezenas de países na África e Ásia principalmente. O que também se constata como contraditório, é que somado a isso, este é o momento em que muitos destes Estados ratificam a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que por sua vez se tornou uma das maiores responsáveis pela criação de políticas supranacionais e mundializantes.</p><p>É importante também que se problematize, concomitantemente à análise do Estado e de sua soberania, o atual contexto e significância dos limites das fronteiras dos territórios estatais. Como já foi mencionado, considerando-se o processo de Globalização, que traz consigo o aumento do fluxo de informações, pessoas, mercadorias e capitais a nível mundial, haverá certamente a fragilização destes limites fronteiriços anteriormente mais poderosos, além da dinâmica multiescalar de configurações territoriais de poder que se concretizam internamente aos limites do Estado nacional, o que para os primeiros pensadores do conceito de soberania seria algo inconcebível.</p><p>III. Problema de Pesquisa</p><p>A Geografia aqui chamada de “tradicional” (aquela construída pelos autores clássicos da disciplina como Ratzel e LaBlache) produziram, estruturaram e consolidaram fortemente um pensamento geográfico, inegavelmente importante para a história da ciência. Contudo, esta linha de raciocínio no que se refere à análise do poder no espaço concebe esta relação como singular: a territorialidade do poder soberano estatal.</p><p>É possível conceber que o espaço geográfico, mais especificamente o território (parcela do espaço que representa as relações de poder), possa ser marcado por outras formas de poder que não exclusivamente a do Estado?</p><p>Como explicar o fenômeno do “Crime Organizado” partindo-se da problematização da soberania estatal.</p><p>IV. Objetivo Geral</p><p>Resgatar a noção clássica de soberania para a Geografia Política Tradicional, confrontando esta conceitualização com as novas territorialidades emergentes no espaço geográfico, que são muitas vezes antagônicas à do Estado Nacional Soberano.</p><p>Evidenciar como o espaço geográfico, e mais especificamente o território, são palcos para a manifestação de outras formas de poder, que não somente a do Estado.</p><p>Demonstrar através de um estudo de caso como a geografia é fato importante para a formação, existência e crescimento</p><p>do Crime Organizado Carioca.</p><p>V. Objetivos Específicos</p><p>· Compreender as teorias que sustentam o conceito de soberania na Geografia Política Clássica.</p><p>· Expor como a Ciência Geográfica, em seu processo inerente de renovação epistemológica, contrapõe este conceito pioneiro diante das novas formas de territorialidades presentes no espaço geográfico, sobretudo a(s) territorialidade(s) produzida(s) a partir da(s) Geografia(s) da Violência.</p><p>· Destacar as contribuições da Geografia para a formação e desenvolvimento do Crime Organizado Carioca.</p><p>V. Procedimentos Metodológicos</p><p>No primeiro capítulo optamos pela revisão bibliográfica da Geografia Política Tradicional. A proposta no início da dissertação é expor o pensamento clássico da Geografia Política, para isso é indispensável passar repetidamente pelas reflexões de Friedrich Ratzel, e também, conforme achamos oportuno, citar fontes secundárias de um grupo de autores que se propôs a comentar as obras do geógrafo alemão.</p><p>Acreditamos que além da exposição do pensamento de Ratzel, o diálogo, a crítica e a superação proposta por outros autores, também expoentes da disciplina, seriam benéficas para cumprirmos a proposta que projetamos para o “Capítulo 1”. Sendo assim, retratar como o pensamento geográfico mais ortodoxo concebe conceitos tradicionais da disciplina, pressupõe a consulta de bibliografias clássicas como ocorreu em Ratzel (1990; 2011), Dix (1943), Maull (1960), Claval (1979) e Moodie (1965). Mas também é uma estratégia cabível, e foi aqui tomada, recorrer às riquíssimas análises de uma geração de geógrafos que se propôs a analisá-los.</p><p>Ao longo do capítulo também foi retratado o pensamento militar brasileiro, que por sua vez reflete também uma ideologia extremamente ortodoxa no que diz respeito à visão de soberania estatal. Como as Forças Armadas reagem diante da contestação ou fragilização da soberania nacional tendo em vista que a existência da instituição depende da proteção desta?</p><p>O segundo capítulo tem como função retratar os novos rumos pelos quais a Geografia Política tem caminhado para a consolidação de uma visão mais plural sobre o exercício do poder no território. A tarefa será de dialogar com as pesquisas mais recentes que vão ao encontro com o que aqui também é defendido. Será o momento de consulta e revisão das publicações que retratam esta ideia menos conservadora dentro da Geografia Política, assim como o de buscar referências em outros casos concretos de territorialidades paralelas à do Estado. Algumas produções que tratam do fenômeno da Globalização, do aumento do poder das multinacionais perante os governos e da contemporânea tendência a associação supranacional serão aqui citadas com o intuito de demonstrar que o poder que está nas mãos do Estado atualmente não tem as mesmas características de tempos mais remotos.</p><p>Portanto, a proposta no princípio do trabalho, é contrapor duas visões antagônicas sobre a manifestação do poder no território.</p><p>No “Capítulo 3”, a proposta é pesquisar e dialogar com pesquisas que tratem da questão territorial do crime organizado. Definir o conceito de “crime organizado” e entender a/s territorialidade/s que lhe sustenta/m será a tarefa inicial do capítulo, entretanto, para isso optaremos por um recorte espacial mais específico que nos ajude a melhor compreender essa nova ideia: a coexistência do Estado nacional com esses outros “Estados”, que representam esses diversos territórios em confronto e em disputa.</p><p>Adotando este estudo de caso, conseguiremos validar a tese de Raffestein (1993), anunciando como o território é marcado por outras formas de poder, essa ação irá aprimorar e enriquecer o que foi teorizado até esta fase da pesquisa.</p><p>Diante dos objetivos colocados para a pesquisa, o procedimento metodológico de levantamento e revisão bibliográfica de autores clássicos da História do Pensamento Geográfico possibilita a busca por conteúdos teóricos que aproxime o pesquisador da concepção conceitual de soberania que se fez ao longo da história da Geografia Política. Pesquisando o conceito de soberania nas obras clássicas da Geografia Política, analisando sua trajetória histórica, e também fazendo o contraponto com as publicações científicas mais recentes que dialoguem com o objetivo desta pesquisa, de maneira bastante minuciosa e atenta será possível alcançar resultados e conclusões significativas.</p><p>Partindo do pressuposto de que a ciência vai acumulando conhecimentos ao longo do tempo e depois comumente supera algumas de suas próprias ideologias, a revisão bibliográfica das produções científicas da Geografia Política servirá antes de mais nada, para que o pesquisador possa entender quais foram os caminhos tomados pelo pensamento geográfico político que fizessem com que os geógrafos atuais retratassem a ideia de soberania de determinada forma.</p><p>Todo o conhecimento produzido ao longo da ciência não deve ser dispensado, mas sim servir de alicerce para novos conhecimentos. Na pesquisa, se partirá do princípio metodológico de não conceber as teorias geográficas da história como diferentes qualitativamente, a concentração estará em interpretá-las dentro da historicidade do pensamento geográfico pertinente a elas.</p><p>Além da revisão bibliográfica dos autores clássicos da História do Pensamento Geográfico e de geógrafos políticos do meio universitário, o pesquisador selecionará produções do campo militar e incluirá visitas em ONGs ou coletivos do Terceiro Setor para coletar entrevistas e/ou depoimentos que possam enriquecer a pesquisa sobre a temática da Produção da Territorialidade do Crime Organizado.</p><p>VI. Desenvolvimento</p><p>1. Raffestin e a problemática inicial</p><p>Na publicação de “Por uma Geografia do Poder” (1993), do original “Pour une géographie du pouvoir'' (1980), o francês Claude Raffestin tece uma crítica a Geografia Política produzida até então, porém, conforme ressaltamos aqui na “Introdução” o autor não teve a intenção de destruí-la, mas sim destacar uma identidade, uma raíz. Raffestin aponta claramente em sua crítica que na Geografia Política Clássica nos deparamos sobretudo diante de uma perspectiva geográfica unilateral, que aborda o poder no Estado, e que negligencia a sua multiescalaridade.</p><p>Para Raffestin (1993), a Geografia Política Clássica, criada por Ratzel, é a Geografia que se dedica ao estudo do Estado, pois a ele destina todo o poder, subentendendo portanto uma concepção totalitária (abrange uma totalidade de visão). Por essa razão, para os estudiosos em geopolítica, sendo eles militares ou não, a concepção do termo “guerra” acontece como choque entre poderes, portanto conflito entre Estados. O que também é marcante ao longo da história da Geografia Política, salienta Raffestin, é que as demais escolas da Geografia que seguiram a escola de Geografia Alemã corroboraram a esse arcabouço ideológico, e vem ao longo dos anos tratando poder e Estado como sinônimos. De maneira veemente em seus escritos, o autor defende a ideia que o poder não está refugiado nos Estados, devendo a Geografia Política estudá-lo de forma comparativa em outras coletividades.</p><p>Quando se pensa na origem e gênese do Estado-nação, a partir da influência do olhar geográfico é possível conceber como um fenômeno político recente, oriundo da Idade Moderna, e de acordo com Raffestin (1993) há praticamente um consenso entre os geógrafos na sua definição: “ O Estado existe quando uma população instalada num território exerce sua soberania” (MUIR apud RAFFESTIN, 1993, p. 22). Portanto, três sinais são mobilizados para caracterizar o Estado: a população, o território e a autoridade. Toda geografia do Estado deriva dessa tríade”.</p><p>Lembremos aqui que a Geografia no final dos anos de 1970 e início de 1980, de uma maneira geral, passava por um processo de renovação epistemológica, influenciada por reflexões mais críticas, muitas de cunho marxista, sendo grande influenciador nesse contexto justamente o compatriota de Raffestin, Yves Lacoste. Havia uma crítica mais direcionada a Geografia hegemônica da época, da escola possibilista</p><p>de Paul Vidal de la Blache, que não propunha uma crítica política e social mais profunda da realidade. Inserido neste contexto, Raffestin rechaça a grande preocupação desta Geografia do Estado na dimensão, forma e posição dos territórios, que segundo ele também já passava do momento de ser superada. Percebe também que a quantificação introduziu exatidões inúteis que fez a ciência escantear a sua real problemática, pois se tinha uma percepção não geográfica da realidade, mas sim geométrica. O autor estava situado em uma panorama de mudanças radicais do modo de se produzir a Ciência Geográfica, catalisado por nomes como Lacoste e Paul Claval que se mobilizaram em torno da revista Hérodote, que fundada em 1976 começou a dar início a uma geografia politizada e comprometida com a causa social.</p><p>O momento era de extrema efervescência metodológica dentro da disciplina, lembram Font e Fufí (2006). Ao passo que a partir da metade dos anos oitenta ocorre uma nova renovação na Ciência Geográfica, desta vez influenciada pelo que ficou conhecido como as “metanarrativas”. Neste novo contexto merecem destaque o declínio da Guerra Fria, a crise dos grandes discursos e métodos de análise, incluindo o marxismo, fazendo surgir uma porção de novas visões de mundo, nomeadas de pós-modernas. Estas inevitavelmente atingiram as análises geográficas políticas, todo esse movimento culmina na reconceitualização do espaço político, agora também já aceito como um conjunto de relações entre sujeitos, grupos e instituições em dinâmica interação.</p><p>Aqui já foi destacado com o Estado vem se mostrando a mais perfeita das coletividades humanas se comparada às outras que a antecederam (COLOCAR NOTA DE RODAPÉ PÁGINA DA CITAÇÃO DO ANDRÉ MARTIN), reflexão que dialoga com a citação de Raffestin, que ainda traz uma consideração importante: “O Estado mesmo sendo a mais acabada e a mais incômoda das formas políticas não é a única. Se a linguagem tivesse sido criada para justificar o poder político e as relações que ele estabelece no espaço e no tempo, o Estado certamente teria um lugar privilegiado, mas não estaria sozinho” (p.28).</p><p>Há muito mais para se investigar nas realidades espaciais do que exclusivamente os Estados, embora a disciplina tenha levado em consideração sobretudo os Estados e suas relações, é preciso mais. Raffestin (1993) é irônico ao citar que se “Ratzel abrisse hoje os manuais de geografia política geral, não se sentiria deslocado [...], pois encontraria as categorias de análise utilizadas e forjadas por ele. Essas categorias de análise seriam aliás procedentes, direta ou indiretamente, de um único conceito, o de Estado [...]” (p.14). Citando aquele a quem em certos momentos até elogia pela sua perspicácia e pioneirismo teórico-metodológicos, a ironia do autor indica a crítica à Geografia Política Clássica, pois para ele “ [...] tudo se desenvolve como se o Estado fosse o único núcleo de poder, como se todo o poder estivesse concentrado nele [...] (p.15).</p><p>O que o autor deixa de provocação sobretudo nos capítulos iniciais de sua obra é que o fato político penetrou toda sociedade, sendo assim, por que a unidimensionalidade do Estado ainda é triunfante?</p><p>1.1. Deve a Geografia Política se restringir ao debate do Estado Soberano?</p><p>Parte deste trabalho se propôs a analisar a origem, o desenvolvimento, as funções e os componentes do Estado Moderno, contudo, parte também substancial da pesquisa também é refletir o futuro do Estado frente a multiescalaridade de poderes. Até aqui reconhecemos a centralidade histórica do Estado na organização das sociedades contemporâneas, havendo a necessidade agora de propor sua ressignificação, motivada pelas instâncias paraestatais, transnacionais e globalizantes. Não se trata portanto da dissolução do Estado ou do fim de sua soberania, mas da mudança de seus princípios clássicos devido às metamorfoses pelas quais o mundo passou. É necessário sobretudo um entendimento geográfico dessa ressignificação.</p><p>Aqui defendemos a ideia de que no território o poder é multiforme e multiescalar, o que se configura como a antítese do conceito tradicional de soberania. Discorremos até agora com um montante de argumentações teóricas que avançam no sentido de vulnerabilizar e contestar a aplicação do conceito clássico de soberania nos dias de hoje. A problemática levantada principalmente por Claude Raffestin (1993) deve servir de impulso para os geógrafos expandirem suas reflexões sobre a questão do poder no espaço geográfico, pois embora precisemos dos clássicos e da teoria tradicional para produzir ciência em Geografia Política, não devemos estar presos necessariamente à “Geografia dos Estados”.</p><p>Raffestin (1993) também se propôs a investigar a definição de “poder”, o que para fins metodológicos é importante sempre estar em foco neste trabalho. O Poder (com letra maiúscula) remete-se às instituições e aparelhos que submetem os cidadãos aos seus respectivos Estados, refere-se a soberania do Estado, a garantia da lei. Por aqui, também já foi demasiadamente lembrado como ao longo da história da geografia política equalizou Estado e Poder. Portanto, “Poder” está a priori mais “visível” no território por se manifestar nos aparelhos estatais permeando o território, com as finalidades de controle populacional e dominação dos recursos.</p><p>Baseado na abordagem foucaltiana, o autor explica que interpreta o poder (substantivo) primeiramente como o exercício das múltiplas relações de forças presentes do domínio em que elas exercem. O poder configura-se, segundo ele, como multidimensional, sendo portanto, inútil tentar localizar o seu epicentro, pois suas origens são variadas. Ele é tão pouco visível ou dotado de forma aparente, como são as instituições estatais dispersas pelo território,. Ele se manifesta através de uma relação, processo de troca, comunicação, quando pólos se confrontam, criando-se aí o campo do poder. Relações, que sempre que existirem já se configurarão como relações de poder, quase sempre são marcadas pela dissimetria.</p><p>Mas o que é que fundamenta o poder? Segundo Lapierre, após longa e minuciosas pesquisas, não é “a necessidade natural, mas a capacidade que os homens têm de transformar, por seu trabalho e ao mesmo tempo, a natureza que os circunda e suas próprias relações sociais. Pela inovação técnica e econômica, os homens transformam seu meio natural. Pela inovação social e cultural, transformam seu meio social (LAPIERRE apud RAFFESTIN, 1993, p.56). Dialogar com Elvio.</p><p>E voltando às teses sobre a natureza do poder de Paul Claval (1979), percebemos como é factível que ele esteja inserido em outras instâncias e organizações políticas além do Estado.</p><p>Após a análise sobre a natureza do poder também sob a ótica de Raffestin, é necessário entender o objetivo de seu exercício: controlar e dominar - A população (origem de todo poder segundo o autor por ser dotada da habilidade primitiva de transformação), o território (o palco dos acontecimentos) e onde ocorrem as relações sociais, dentre elas as de poder, e também os recursos que condicionam os horizontes de um Estado. Lembremos aqui, que dois Estados vão a guerra não só por território e recursos mas também por população.</p><p>É também necessário nos atermos a novos fenômenos e realidades que podem ter ressignificado a ideia de soberania. Por que então, mesmo diante de suas já comprovadas complexidades, as relações de poder devem se restringir à esfera dos Estados-Nacionais? Aprofundarmos na questão da autoridade e poder no espaço independente da significação espacial é o que direcionamos como resposta ao questionamento do subcapítulo.</p><p>2 – A contribuição da Geografia Urbana Carioca para o surgimento e evolução dos territórios do crime – A dimensão geográfica do fenômeno “crime organizado”</p><p>É nossa intenção nesta pesquisa abordar um recorte espacial específico para que por meio deste se comprove o que foi teorizado no capítulo anterior. Acreditamos, no entanto, que para entendermos a geografia do mundo contemporâneo precisamos nos debruçar no processo de sua constituição.</p><p>Portanto, este capítulo não necessariamente objetiva se aprofundar nas questões da história da cidade do Rio de Janeiro, mas sim em como se constituiu sua evolução urbana.</p><p>A maneira pela qual a cidade cresceu, se espraiou e se metropolizou, culminou no surgimento de poderes paraestatais, considerando-se o fato de que a mancha urbana se proliferou com tamanha velocidade que tornava os próprios espaços da cidade ingovernáveis pelas forças institucionais. Entretanto, estes espaços após a apropriação por diversos sujeitos passaram a ser territorializados por distintas e complexas organizações que se aproveitaram dessa vacância de poder.</p><p>Acreditamos metodologicamente ser este o caminho mais apropriado a ser seguido até chegarmos na discussão sobre o exercício do poder pelo crime organizado e a natureza geográfica que sustenta o fenômeno. Por ora, precisamos encontrar quais as contribuições dos aspectos geográficos da realidade que deram origem a isso, o que passa necessariamente pela evolução do espaço urbano carioca.</p><p>2.1 – Geografia Urbana Carioca – “terreno fértil” para a ascensão de poderes</p><p>O processo de evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro foi marcado sobretudo pela omissão e negligência do Estado com o seu povo, entende-se com isso a ausência de regulamentação em certas áreas da economia (fazendo com que o privado prevalece sobre o público), o distanciamento de suas instituições, escassez de políticas públicas, o que culminou na descrença de grande parte da população nas instituições do Estado Democrático de Direito. Não é de se estranhar que muitas vezes a vida cotidiana de muitos cariocas ocorresse em territórios violentos, pois essa violência se tornou resultado da ausência/omissão/negligência do Estado, que abriu brechas para a disputa e emergência de outros poderes, entre eles o do crime organizado.</p><p>Segundo Abreu (1987, p.11) a “atualidade [da estrutura urbana carioca] é apenas a expressão mais acabada de um processo de segregação das classes populares que vem se desenvolvendo no Rio há bastante tempo”. A análise da estrutura urbana do Rio de Janeiro desde o início do século XIX até o momento atual, carece do envolvimento de sua sociedade para que se evite o empirismo da simples descrição geográfica. Ao mesmo tempo que é preciso estabelecer paralelos e contextualizações com os acontecimentos econômicos, sociais e políticos que influenciavam o restante do Estado brasileiro nesse período.</p><p>A princípio, o caso da Área Metropolitana do Rio de Janeiro não se difere da maioria das cidades do capitalismo periférico, cuja área central é dotada de um valor simbólico significativo, por ser onde se concentram tradicionalmente as funções de comando e residência das classes dominantes. Através das premissas teórico conceituais marxistas-lefebvrianas é sabido que nas cidades capitalistas há um processo desigual de ocupação do espaço devido ao preço adquirido pelo solo urbano e sua contínua valorização, restando as classes sociais mais baixas o esforço cotidiano do percurso periferia (lugar da habitação) - centro (onde se encontra o emprego necessário para a reprodução da vida no Modo de Produção Capitalista).</p><p>Este processo de estruturação urbana, é importante que se ressalve, é comandado pela instância econômica, sendo o Estado peça chave para isso. É o que Ana Fani Alessandri Carlos (XXXX) aponta como a associação do econômico e político em detrimento ao social. Sendo assim, a luta de classes toma concretude na geografia das cidades, dentre outras formas, através da disputa pelo domínio do espaço urbano, caracterizando-se pela distribuição desigual da população ao longo do solo. Em suma, o exercício de análise da estrutura espacial de uma cidade formada aos moldes capitalistas não pode ser feita a não ser abordando suas práticas sociais e seus conflitos de classe.</p><p>Está presente na análise de Maurício de Abreu (1988) e de outros geógrafos urbanos, que o Estado “tem tradicionalmente apoiado os interesses e privilégios das classes e grupos sociais dominantes", e isso tem acontecido “pela adoção de políticas, controles e mecanismos reguladores altamente discriminatórios e elitistas” (p.15). Essa lógica, que influenciou de maneira marcante a formação social do país e a produção de seus espaços, é diretamente responsável, de acordo com a visão defendida neste trabalho, pela ascensão de poderes paralelos aos estatais. Tratam-se de muitas gerações ao longo de muitos anos sem a proteção devida do Estado, sem sua cobertura, vivendo de maneira indigna inclusive motivada suas ações violentas e segregatórias.</p><p>Ainda segundo o autor (1988), no contexto brasileiro contemporâneo (pós 1964), foi somada a essa tendência “uma prática política concentradora e antidistributiva, [que] tem se refletido na acentuação das disparidades intrametropolitanas, isto é, na crescente elitização dos espaços urbanos centrais e na consequente periferização das classes de baixa renda”. Portanto, a configuração socioespacial formada nos principais pólos urbanos brasileiros é caracterizada pela exclusão de parcela significativa da sociedade, por sua “periferização” em relação ao núcleo de infraestrutura e afastamento e negação ao consumo de bens, serviços e infraestruturas de qualidade, que embora produzidos socialmente, localizam-se sobretudo nas centralidades metropolitanas, beneficiando entretanto apenas quem ali reside.</p><p>Através de “O Direito à Cidade”, Henri Lefebvre discorre sobre a ótica marxista de produção do espaço no capitalismo, e analisando o processo de formação e a função da cidade capitalista, espera-se de fato que a ação pública governamental contribua para produção de um espaço urbano configurado para ser desigual, produzindo-o e reproduzindo-o para a benefício do Capital e das classes dominantes. Entretanto, após isso relembrado, se faz necessário refletir como isso de forma particular no espaço urbano carioca contribuiu para o surgimento do crime organizado.</p><p>Já defendemos aqui que espaço e sociedade devem ser pensados conjuntamente, e para isso é necessário examinar a interação que se estabeleceu entres os campos políticos, econômicos e sociais na cidade, que culminaram em sua estrutura geográfica. Sobre esse intrínseco envolvimento entre sociedade e espaço, precisamos em análises tanto de Sociologia quanto de Geografia entender como uma sociedade consolidada no espaço urbano ali se fixou, dando a este espaço uma forma. Por outro lado, é necessário também o entendimento do conteúdo das formas, e o motivo pelos quais os grupos sociais assim a produziram.</p><p>Segundo Abreu (1988) as áreas metropolitanas brasileiras são reflexos espaciais coerentes das ações de Estado propostas ao país e ao seu povo, pois espelha a “coerência e contradições dos sistemas econômico, institucional e ideológico prevalecente no país” (p.16). A sede da capital do país de 1763 a 1960 e a cidade mais populosa do país até 1950, o caso metropolitano carioca talvez seja o exacerbamento desse pressuposto.</p><p>O desenvolvimento da RMRJ ocorreu seguindo a tendência de concentração da maioria da renda e dos recursos urbanísticos disponíveis em seu núcleo, e cercando- periferizando-favelizando as demais classes urbanas, que à medida que se afastaram desse núcleo cada vez mais careciam de serviços e infraestrutura urbana. Imagina-se o grande impacto causado à população, tendo em vista a grande massa populacional atingida por essa forma excludente de organização do espaço e o quanto isso influenciou outros núcleos urbanos do país, por ser essa na ocasião a capital político-administrativa do país.</p><p>Deve conter entre 3.000 e 5.000 caracteres (com espaço).</p><p>Recomenda-se que o(s) autor(es) busque(m) explicitar os objetivos da pesquisa, o percurso metodológico realizado, o referencial teórico-metodológico e os principais resultados.</p><p>Texto justificado, Fonte Arial, tamanho 11, espaçamento simples</p><p>As palavras-chave devem conter de 3 (três) a 5 (cinco) termos, separados entre si por vírgula e finalizados por ponto. Deixar 01 linha em branco.</p><p>Palavras-chave: Artigo</p><p>completo, Normas científicas, Congeo, Geopolítica, Congresso. Deixar 01 linha em branco.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Indicar as principais referências que fundamentam a pesquisa e a proposta do resumo.</p><p>TÍTULO (DEVE SER ESCRITO TODO EM LETRA MAIÚSCULA)</p><p>Autor(a)[footnoteRef:3] [3: Titulação, vínculo institucional e e-mail]</p><p>Autor(a)[footnoteRef:4] [4: Titulação, vínculo institucional e e-mail]</p><p>Autor(a)[footnoteRef:5] [5: Titulação, vínculo institucional e e-mail]</p><p>Deixar 01 linha em branco.</p><p>RESUMO</p><p>O texto deve conter, antes da introdução, resumo em três línguas (português seguido de inglês e espanhol): Poderá apresentar as principais informações da pesquisa, e para isso, deverá ser formatado com base nas seguintes orientações: parágrafo único, de 100 a 250 palavras, texto justificado, regular, tamanho 11, espaçamento simples, sem referências bibliográficas, tabelas, gráficos, citações ou destaques de qualquer natureza. Nele devem constar: a síntese do trabalho, o referencial teórico-metodológico e os principais resultados. As palavras-chave devem conter de 3 (três) a 5 (cinco) termos, separados entre si por vírgula e finalizados por ponto. Deixar 01 linha em branco.</p><p>Palavras-chave: Artigo completo, Normas científicas, Congeo, Geopolítica, Congresso. Deixar 02 linhas em branco.</p><p>TITLE (MUST BE WRITTEN IN ALL CAPS) Leave 1 line blank.</p><p>ABSTRACT</p><p>The text must contain, before the introduction, a summary in three languages (Portuguese followed by English and Spanish): It can present the main information of the research, and for that, it must be formatted based on the following guidelines: single paragraph, of 100 to 250 words, justified, regular text, size 11, single spacing, without bibliographical references, tables, graphs, quotes or highlights of any kind. It should contain: the summary of the work, the theoretical-methodological framework and the main results. Keywords must contain 3 (three) to 5 (five) terms, separated by commas and ending with a period. Leave 1 line blank.</p><p>Keywords: Full article, Scientific norms, Congeo, Geopolitics, Congress. Leave 2 lines blank.</p><p>TÍTULO (DEBE ESCRIBIRSE EN MAYÚSCULAS) Deje 01 línea en blanco.</p><p>RESUMEN</p><p>El texto debe contener, antes de la introducción, un resumen en tres idiomas (portugués seguido de inglés y español): Este resumen debe utilizarse en la forma de presentación de la declaración noPodrá. Também</p><p>IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território</p><p>Universidade de São Paulo, 21 a 23 de novembro de 2023</p><p>IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território</p><p>Universidade de São Paulo, 21 a 23 de novembro de 2023</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.png</p>

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