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<p>Fermino Sansão Bila</p><p>Ivandra da Antónieta Etelvina Machai</p><p>Lárcia Joaquina Langa</p><p>Raimundo Alfredo Chavane Júnior</p><p>Vânia Sérgio Dengo</p><p>Deficiência Intelectual: definição, causas e características</p><p>Licenciatura em Geografia</p><p>Unisave – Gaza</p><p>2024</p><p>1</p><p>Fermino Sansão Bila</p><p>Ivandra da Antónieta Etelvina Machai</p><p>Lárcia Joaquina Langa</p><p>Raimundo Alfredo Chavane Júnior</p><p>Vânia Sérgio Dengo</p><p>Universidade Save, Faculdade de ciência Naturais e Exactas; No Âmbito de Avaliação de Aprendizagem na cadeira de Necessidades Educativas Especiais, sob orientação do Msc: Estevão Mandlate.</p><p>Unisave</p><p>Gaza</p><p>Índice</p><p>0.Introdução 4</p><p>1.Objectivos 5</p><p>2.Metodologia 5</p><p>3.Breve história da deficiência Intelectual 6</p><p>4.Conceitos 7</p><p>5.Causas da Deficiência Intelectual 8</p><p>5.1.Factores biológicos 8</p><p>5.2.Factores ambientais 9</p><p>5.3.Factores sociais 9</p><p>5.4.Factores Genéticos 10</p><p>6.Sinais de alerta e sintomas 17</p><p>7.Características da Deficiência intelectual (DI) 18</p><p>9.Quociente de inteligência (QI) 19</p><p>10.1.Nível Moderado de Deficiência Intelectual 20</p><p>10.2.Nível Leve de Deficiência Intelectual 22</p><p>12.2.Não Educável 24</p><p>12.Conclusão 25</p><p>14.Referências bibliográficas 26</p><p>0.Introdução</p><p>A deficiência intelectual é um tema que tem ganhado destaque nas discussões sobre inclusão e direitos humanos nas últimas décadas. Historicamente, as pessoas com deficiência intelectual enfrentaram estigmas e limitações que restringiram seu acesso a oportunidades educacionais e sociais. No entanto, a partir da década de 1980, um novo paradigma começou a emergir, enfatizando a importância da inclusão e da convivência não segregada. Esse movimento foi impulsionado pelo reconhecimento de que a educação inclusiva não é apenas uma estratégia pedagógica, mas um direito fundamental que deve ser garantido a todos.</p><p>O presente trabalho busca explorar a evolução do conceito de deficiência intelectual, suas causas bem como as suas características que surgem a partir dessa compreensão. A deficiência intelectual é um tema que permeia diversas áreas do conhecimento, incluindo a educação, a saúde e os direitos humanos, reflectindo uma realidade complexa que afecta milhões de pessoas em todo o mundo.</p><p>O conceito de inclusão passou a se fundamentar na ideia de que todos os alunos, independentemente do tipo ou grau de deficiência, devem ser integrados nas turmas regulares de ensino, com a responsabilidade das instituições educacionais de se adaptarem para atender às necessidades de cada estudante.</p><p>Este trabalho visa aprofundar a discussão sobre a deficiência intelectual, abordando suas definições contemporâneas, causas e implicações sociais e educacionais. Com base nas directrizes da Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AAIDD), analisaremos como a deficiência intelectual é compreendida, considerando tanto os factores genéticos e biológicos quanto as influências ambientais e sociais que contribuem para o seu desenvolvimento. Buscando destacar a importância de promover um ambiente educacional inclusivo que respeite e valorize a diversidade, e que possibilite o desenvolvimento integral de todos os alunos, independentemente de suas limitações. Ao explorar esses aspectos, pretendemos não apenas esclarecer o que constitui a deficiência intelectual, mas também como ela se manifesta acordo com ss suas características.</p><p>1.Objectivos</p><p>Objectivo geral</p><p>· Analisar os conceitos, as causas e características da Deficiência intelectual ou mental.</p><p>Objectivos específicos</p><p>· Compreender a história da Deficiência Intelectual;</p><p>· Identificar as causas da Deficiência Intelectual DI;</p><p>· Caracterizar os níveis da Deficiência Intelectual.</p><p>2.Metodologia</p><p>Segundo Bruyne (1991), a metodologia é a lógica dos procedimentos científicos em sua génese e em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a uma “metrologia” ou tecnologia da medida dos fatos científicos.</p><p>Para a produção do trabalho usou-se a pesquisa bibliográfica e a pesquisa do campo que consiste na leitura e interpretação para compressão do tema e descrever conclusão do mesmo.</p><p>3.Breve história da deficiência Intelectual</p><p>Na década de 1980 ganha força um novo paradigma, caracterizado pelo pressuposto de que a pessoa com deficiência tem direito à convivência não segregada e acesso aos recursos disponíveis aos demais cidadãos. A proposta da educação inclusiva continua norteando o processo, mas o novo paradigma fundamenta-se na inclusão, a qual preconiza que esses alunos, independente do tipo de deficiência ou grau de comprometimento, devem ser absorvidos directamente nas classes comuns do ensino regular, ficando a escola com a responsabilidade de se reestruturar para poder atendê-los. Crianças e adolescentes com deficiência passam a ser matriculados nas turmas regulares de ensino, tornando-se possível o acesso e permanência de todos os alunos por meio de uma transformação da escola (Aranha, 2001).</p><p>Durante todo esse processo, a condição que hoje se conhece por deficiência intelectual foi marcada ao longo da história por conceituações diversas, incluindo: idiota, imbecil, débil mental, oligofrénico, excepcional, retardado, deficiente mental, entre outros. Esses nomes apareceram na medida em que novas estruturas teóricas surgiram e os nomes mais antigos passaram a indicar um estigma. Actualmente, o conceito de deficiência intelectual mais divulgado nos meios educacionais tem como base o sistema de classificação da Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento – AAIDD. Segundo essa definição, a deficiência intelectual é compreendida como uma condição caracterizada por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual, quanto no comportamento adaptativo, que está expresso nas habilidades adaptativas conceituais, sociais e práticas, manifestadas antes dos dezoito anos de idade(AAMR,2006).</p><p>4.Conceitos</p><p>A Deficiência Intelectual, de acordo com a Associação Americana de Deficiências Intelectuais e de Desenvolvimento (AAIDD), é definida como uma condição caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, que se manifesta antes dos 18 anos de idade (Schalock et al., 2010).</p><p>O funcionamento intelectual refere-se ao quociente de inteligência (QI), que mede habilidades cognitivas como raciocínio, resolução de problemas e aprendizado. O comportamento adaptativo, por sua vez, envolve as habilidades necessárias para a vida diária, como comunicação, interacção social e gestão pessoal.</p><p>A definição de Deficiência Intelectual varia entre autores e organizações, reflectindo a complexidade da condição e sua evolução ao longo do tempo. Segundo a American Psychiatric Association (APA), a DI é caracterizada por déficits significativos no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, manifestando-se em habilidades conceituais, sociais e práticas. A APA utiliza o termo "Transtorno do Desenvolvimento Intelectual" em seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), destacando a necessidade de suporte contínuo para as atividades diárias do indivíduo (American Psychiatric Association, 2013).</p><p>A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a Deficiência Intelectual como "uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto, caracterizada por comprometimento das habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, que contribuem para o nível geral de inteligência, ou seja, habilidades cognitivas, linguísticas, motoras e sociais" (World Health Organization, 2022). Esta definição enfatiza a necessidade de compreender a DI como uma condição que afecta múltiplas áreas do desenvolvimento humano, exigindo abordagens integradas para o diagnóstico e intervenção.</p><p>No contexto apresentado, Pessotti (2004) destaca que o termo deficiência mental foi utilizado pelo modelo médico para classificar, denominar e conceituar os sujeitos que possuíam problemas em seu desenvolvimento mental e cognitivo.</p><p>Para Paasche, Gorril e Strom (2010p. 34).“O termo</p><p>deficiência intelectual é usado para descrever uma criança cujo nível de funcionamento intelectual e capacidades adaptativas se encontram significativamente abaixo da média em comparação com crianças da mesma idade cronológica”</p><p>Segundo a American Psychiatric Association (APA, 2013)., a Deficiência Intelectual é definida como "um transtorno que se inicia durante o período de desenvolvimento e inclui déficits em capacidades intelectuais e no funcionamento adaptativo em domínios conceituais, sociais e práticos".</p><p>A APA destaca que esses déficits afectam negativamente as habilidades para realizar actividades da vida diária e que a DI é caracterizada por um QI significativamente abaixo da média, geralmente inferior a 70-75. Além disso, a APA enfatiza que as limitações no funcionamento adaptativo são um componente crucial para o diagnóstico, uma vez que elas determinam a capacidade do indivíduo de se adaptar às demandas da vida diária (APA, 2013).</p><p>5.Causas da Deficiência Intelectual</p><p>As causas da Deficiência Intelectual são variadas e podem ser divididas em factores genéticos, biológicos, ambientais e sociais. Entre os factores genéticos, destacam-se as síndromes de Down, X-Frágil e outras condições hereditárias (Rondal, 2011).</p><p>A Deficiência Intelectual (DI) pode resultar de uma combinação complexa de factores genéticos, biológicos, ambientais e sociais. Cada um desses factores pode influenciar o desenvolvimento do cérebro de maneiras diferentes, resultando em deficits no funcionamento intelectual e adaptativo. A seguir, explora-se cada um desses factores com maior detalhes.</p><p>5.1.Factores biológicos</p><p>Incluem complicações durante a gestação, como infecções maternas (rubéola, sífilis), uso de substâncias tóxicas (álcool, drogas) e problemas no parto, como anóxia neonatal.</p><p>Factores biológicos também desempenham um papel crucial, especialmente durante a gestação e o parto. Complicações durante a gravidez, como infecções maternas (rubéola, sífilis), podem causar danos irreversíveis ao cérebro em desenvolvimento do feto, levando à DI. O uso de substâncias tóxicas pela mãe, como álcool e drogas, pode resultar em condições como a Síndrome Alcoólica Fetal, uma causa evitável, mas comum, de deficiência intelectual. Além disso, problemas no parto, como a falta de oxigénio ao cérebro do recém-nascido (anóxia neonatal), podem causar lesões cerebrais permanentes que comprometem o desenvolvimento intelectual. Esses factores biológicos destacam a importância de cuidados pré-natais adequados e de práticas de saúde que previnam complicações que podem resultar em DI.</p><p>5.2.Factores ambientais</p><p>Envolvem a exposição a toxinas, desnutrição, e falta de estímulos intelectuais adequados durante a infância (Batshaw, Roizen & Lotrecchiano, 2013).</p><p>Os factores ambientais também são determinantes significativos da Deficiência Intelectual, especialmente quando considerados em conjunto com factores biológicos e genéticos. A exposição a toxinas ambientais, como chumbo e mercúrio, pode prejudicar gravemente o desenvolvimento neurológico, resultando em déficits cognitivos e comportamentais. A desnutrição, especialmente durante os primeiros anos de vida, pode ter um impacto devastador no desenvolvimento cerebral, levando a dificuldades cognitivas e, em casos graves, à deficiência intelectual. Além disso, a falta de estímulos intelectuais e sociais adequados durante a infância pode contribuir para o atraso no desenvolvimento cognitivo e adaptativo, exacerbando os efeitos de outras condições subjacentes. Este cenário é particularmente grave em ambientes onde a pobreza e a negligência prevalecem, resultando em um círculo vicioso de privação e atraso no desenvolvimento.</p><p>5.3.Factores sociais</p><p>Factores sociais, como a pobreza extrema e a falta de acesso a serviços de saúde e educação, também podem contribuir para o desenvolvimento de DI.</p><p>Por fim, os factores sociais, como a pobreza extrema e a falta de acesso a serviços básicos de saúde e educação, têm um papel substancial no desenvolvimento da Deficiência Intelectual. A pobreza pode intensificar a exposição a factores de risco como desnutrição, ambientes insalubres e a falta de estímulos cognitivos, todos contribuintes significativos para o desenvolvimento de DI. A falta de acesso a cuidados de saúde adequados, incluindo cuidados pré-natais e intervenções educativas precoces, pode impedir a identificação e o tratamento de condições que, se tratadas precocemente, poderiam evitar ou atenuar o desenvolvimento da deficiência intelectual. Em muitos casos, a marginalização social e a falta de apoio institucional agravam ainda mais a situação, dificultando a criação de ambientes favoráveis ao desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças afectadas.</p><p>5.4.Factores Genéticos</p><p>Os factores genéticos são um dos principais determinantes da Deficiência Intelectual. Alterações cromossómicas, mutações genéticas específicas e distúrbios metabólicos hereditários estão entre as principais causas. Um exemplo clássico é a Síndrome de Down, que resulta de uma trissomia no cromossoma 21, levando a características físicas e cognitivas específicas, incluindo deficiência intelectual que pode variar de leve a moderada. A Síndrome do X-Frágil, causada por uma mutação no gene FMR1, é outra condição genética comum associada à DI, sendo caracterizada por dificuldades significativas de aprendizado e comportamento. Além dessas síndromes, outras condições hereditárias, como a fenilcetonúria (PKU), uma doença metabólica tratável, podem resultar em deficiência intelectual se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente.</p><p>Os factores genéticos desempenham um papel crucial no desenvolvimento da Deficiência Intelectual. Muitas condições genéticas são directamente associadas a DI, incluindo síndromes cromossômicas, mutações genéticas específicas e distúrbios metabólicos hereditários.</p><p>Sindrome de Apert</p><p>A Síndrome de Apert é uma doença genética de herança autossómica dominante, que tem como principais características: a macrocefalia devido à sinostose da sutura coronária e o sindactilismo, na maioria das vezes simétrico, envolvendo as quatro extremidades. Na maioria dos casos, a desordem resulta de uma mutação paternal e mostra uma prevalência no nascimento de 1/65.000, com alta incidência em asiáticos. É comum a deficiência intelectual. A literatura determina que esta síndrome é causada por uma de duas mutações do gene de factor de crescimento receptor 2 (FGFR2), envolvendo dois aminoácidos adjacentes. O tratamento destes pacientes é feito por ordem multidisciplinar. O planejamento cirúrgico deve ser feito em etapas, onde a craniotomia com objetivo de descompressão cerebral deve ser realizada na infância; o avanço do terço médio, melhora o fluxo aéreo nasal, pode ser feita na puberdade, e finalmente a cirurgia ortográfica, que melhoraria a oclusão e estética, pode ser planejada para a adolescência (CARNEIRO et al., 2008).</p><p>Síndrome de Down</p><p>Esta é a causa genética mais comum de DI. A Síndrome de Down ocorre devido à trissomia do cromossoma 21, que resulta em uma série de características físicas e cognitivas específicas. Pessoas com Síndrome de Down geralmente apresentam um grau leve a moderado de deficiência intelectual, além de riscos aumentados para problemas de saúde como doenças cardíacas e distúrbios da tireoide (Rondal, 2011).</p><p>Bissoto (2005) levanta várias características e sugestões relevantes quanto ao desenvolvimento cognitivo e linguístico da criança com Síndrome de Down, as quais vêm ao encontro das iniciativas que devem ser tomadas no ambiente escolar:</p><p>· O atraso no desenvolvimento da linguagem, o menor reconhecimento das regras gramaticais e sintácticas da língua, bem como as dificuldades na produção da fala apresentados por essas crianças, resultam em que apresentem um vocabulário mais reduzido, o que, frequentemente, faz com não consigam se expressar na mesma medida em que compreendem o que é falado, levando a serem subestimadas em termos de desenvolvimento cognitivo.</p><p>· Essas alterações linguísticas também poderão</p><p>afetar o desenvolvimento de outras habilidades cognitivas, pois há maior dificuldade ao usar os recursos da linguagem para pensar, raciocinar e lembrar das informações.</p><p>· Tente-se atestado no estudo de Sás (2009) que crianças com Síndrome de Down apresentam uma capacidade de memória auditiva de curto prazo mais breve, o que dificulta o acompanhamento de instruções faladas, especialmente se elas envolvem múltiplas informações ou ordens/ orientações consecutivas. Essa dificuldade pode, entretanto, ser minimizada se essas instruções forem acompanhadas por gestos ou figuras que se refiram às instruções dadas.</p><p>· No mesmo sentido, por apresentarem habilidades de processamento e de memória visual mais desenvolvidas do que aquelas referentes às capacidades de processamento e memórias auditivas, as crianças com Síndrome de Down se beneficiarão de recursos de ensino que utilizem suporte visual pra trabalhar as informações.</p><p>· É imprescindível que às crianças com Síndrome de Down sejam dadas oportunidades de mostrar que compreendem o que lhes foi dito/ ensinado, mesmo que isso seja feito através de respostas motoras como apontar e gesticular, se ela não for capaz de fazê-lo exclusivamente de forma oralizada.</p><p>Síndrome do X-Frágil:</p><p>Esta condição genética é causada pela mutação no gene FMR1 no cromossoma X e é a forma hereditária mais comum de DI. Indivíduos com Síndrome do X-Frágil frequentemente apresentam características de autismo, hiperatividade e dificuldades de aprendizado, além de comprometimento intelectual que pode variar de leve a grave (Batshaw, Roizen & Lotrecchiano, 2013).</p><p>As manifestações comportamentais dos indivíduos com SXF assemelham- -se ao autismo, como a hiperatividade, o déficit de atenção, a dificuldade na interacção social, a timidez, a ansiedade, a labilidade emocional e os movimentos estereotipados de mãos. Foi constatado que existe associação do autismo com a SXF que, entretanto, é casual e não causal. Não é raro que indivíduos com SXF tenham diagnósticos iniciais de autismo, conforme observado em vários estudos (YONAMINE; SILVA, 2002).</p><p>A habilidade em linguagem em homens jovens com SXF, com idade entre 6 e 17 anos, evolui até atingir aproximadamente a idade de 23,2 anos. Observam-se na fala de indivíduos com SXF algumas manifestações frequentes, como ecolalia e perseveração. Tais manifestações são caracterizadas como fala com repetições de expressões e/ou frases, ou ainda, ininterrupta e inapropriada sobre um mesmo assunto, a fim de aumentar o prazo para a elaboração da resposta, na tentativa de encontrar o que deveria vir a seguir, uma palavra ou uma frase, para estabelecer estrutura sintáctica que permitisse a sustentação do diálogo.</p><p>Ainda é frequente encontrar-se na fala de indivíduos com SXF distúrbios sintácticos e inconsistência no quadro fonético-fonológico, além de dificuldade em sequencializar movimentos; os dois últimos itens caracterizam o quadro de apraxia fona articulatória em indivíduos com SXF. A fala na SXF é comummente caracterizada como rápida e difluente. O indivíduo pode também apresentar hesitação em falar e suas palavras e frases podem ser entrecortadas.</p><p>Os aspectos cognitivos encontram-se alterados nos indivíduos com SXF pois apresentam alterações perceptuais auditivas e visuais, tais como discriminação e memória imediata e de curto prazo. Essas dificuldades, somadas às alterações no desenvolvimento neurológico, linguístico e das estruturas lógicas, acabam ocasionando quadro de dificuldade no aprendizado da comunicação gráfica.</p><p>Os indivíduos com SXF apresentam não apenas déficits relacionados à sintaxe, mas também à semântica, como dificuldade de evocação de palavras e pouca habilidade em escolher a palavra correta do léxico mental ao tentar produzir um pensamento com significado e bem estruturado (YONAMINE; SILVA, 2002).</p><p>Síndrome do Álcool Fetal</p><p>A síndrome do álcool fetal representa um conjunto de anormalidades físicas, comportamentais e cognitivas observadas em indivíduos expostos ao álcool intraútero. Foi citada como a causa mais comum da DI nos países desenvolvidos, com estimativas de que até 8% dos casos de DI seriam afectados.</p><p>As características clínicas da síndrome incluem uma fácies típica, com lábio superior fino e filtrolabial plano e alongado, fissuras palpebrais curtas, ptose, nariz arrebitado e face média achatada. As manifestações adicionais são fenda labial ou palatina, atraso do crescimento pré- e pós-natal, microcefalia, agenesia do corpo caloso, cardiopatia congénita e anormalidades do comportamento. A exposição no primeiro trimestre de gravidez afecta a organogênese e o desenvolvimento craniofacial, enquanto o desenvolvimento do sistema nervoso central é influenciado durante toda a gravidez, devido à maturação continuada dos neurónios.</p><p>A fisiopatologia da síndrome é mal compreendida, mas parece envolver a formação de radicais livres com resultante lesão celular nos tecidos em formação. É importante frisar que a síndrome do álcool fetal é uma das principais causas preveníveis de DI. Assim, as mulheres que planejam engravidar e as gestantes devem abster-se totalmente do consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, as evidências sugerem que um diagnóstico e intervenção precoces podem reduzir a ocorrência de deficiências secundárias (THACKRAY, 2001).</p><p>Síndrome Cornélia de Lange</p><p>Síndrome caracterizada por retardo do crescimento, retardo mental severo, baixa estatura, um choro tipo rosnar baixo, braquicefalia, orelhas pequenas, pescoço em cadeia, boca de carpa, ponte nasal diminuída, sobrancelhas atrofiadas se encontrando no meio, hirsutismo e malformações das mãos. Esta condição pode ocorrer esporadicamente ou estar associada com um padrão de herança autossómica dominante ou duplicação do braço longo do cromossoma. Recém- -nascidos pequenos, com baixo peso, apresentam uma microcefalia e características faciais particulares, que se misturam com os traços herdados da sua própria família. Têm as sobrancelhas unidas, as pestanas longas, o nariz pequeno, a cara redonda, os lábios finos e ligeiramente invertidos. As mãos e os pés são pequenos, o quinto dedo está geralmente encurvado e, por vezes, as crianças apresentaram uma membrana interdigital entre o segundo e o terceiro dedo dos pés. A síndrome caracteriza-se também pela presença de um atraso de linguagem, deficiência mental, anomalias cardíacas, intestinais, refluxos gastresofágicos, problemas visuais e auditivos e dificuldades de alimentação. As pessoas portadoras desta doença podem registar uma falta de sensibilidade à dor ou uma sensibilidade táctil mais acentuada. Só depois do nascimento é que se pode identificar a doença. Não há um exame pré-natal que permita detectar prematuramente a síndrome e, por outro lado, mesmo sendo um bebé muito pequeno, ninguém pensa que se trata de Cornélia de Lange. (JOHNSTON, 1993).</p><p>Síndrome Prader-Willi</p><p>A síndrome de Prader-Willi, embora não seja muito frequente, não é rara. A incidência dessa síndrome varia entre l:10.000 e 1:25.000, colocando-a entre as mais frequentes das síndromes malformativas reconhecidas; mais de 3.000 casos já foram identificados no mundo; homens e mulheres são igualmente afectados e ocorre em todos os grupos raciais, classes socioeconómicas e regiões geográficas. Essa síndrome, de ocorrência geralmente esporádica, é caracterizada por grave hipotonia neonatal na primeira infância, obesidade na infância, deficiência intelectual (o quociente de inteligência varia de 10 a 90, com alguns pacientes apresentando valores de 100), baixa estatura, mãos e pés pequenos (acromiria), hipogenitalismo/hipogonadismo, fácies característico com diâmetro bifrontal diminuído, olhos amendoados e boca triangular. A história natural da síndrome de Prader-Willi (PWS) pode ser dividida em dois períodos clinicamente distintos. O primeiro é caracterizado por vários graus de hipotonia neonatal e da primeira infância, choro fraco, hipotermia, hipogenitalismo e um reflexo de sucção fraco. A hipotonia é central, não progressiva e geralmente começa a melhorar</p><p>entre 8 e 11 meses de idade. A segunda fase, que começa por volta de l a 2 anos de idade, é caracterizada por retardo psicomotor – o engatinhar, geralmente, ocorre por volta dos 16 meses, o andar, aos 28 meses e o falar (mais de 10 palavras), aos 39 meses – e pelo aparecimento da obesidade; outras características que podem ser reconhecidas nesse segundo estágio são: problemas de articulação na fala, hiperfagia, apetite insaciável e não selectivo, “pilhagem” de alimentos, ruminação, sono sem motivo aparente, inactividade física, sensação à dor diminuída, “cutu car” feridas e locais com picada de insectos, períodos prolongados de hipertermia, hipopigmentação, problemas ósseos (escolióse) e dentais (cáries/hipoplasia do esmalte). Os problemas de personalidade começam, em cerca de 50% das crianças com PWS, dos 3 aos 5 anos; acessos de fúria, depressão, teimosia e súbitos actos de violência podem ser desencadeados quando o paciente vê recusado o alimento solicitado. Cerca de 60% dos indivíduos com PWS têm QI de valor normal ou limítrofe; 30% têm deficiência intelectual moderada e só 3%, severa. Disfunções na área cognitiva estão quase sempre presentes; essas crianças podem ter dificuldades na área de aritmética e na escrita, mas na leitura e em “educação artística” apresentam bons resultados (GONZALEZ, 1991).</p><p>Síndrome de Angelman</p><p>Relatada pela primeira vez em 1965 pelo neurologista britânico Dr. Harry Angelman, é um distúrbio neurológico causando deficiência intelectual, alterações de comportamento e características físicas próprias. Por ser uma doença rara e pouco divulgada, esta doença genética compromete substancialmente o diagnóstico por parte dos profissionais da saúde infantil e mesmo da neuropsiquiatria. O diagnóstico é feito, geralmente, a partir do primeiro ano de vida por um pediatra, geneticista clínico ou neurologista, que se baseiam na história do desenvolvimento motor, desenvolvimento da fala, em relatos de movimentos atípicos incluindo tremores, flapping das mãos, andar desequilibrado com as pernas rígidas, abertas e os braços afastados do corpo na tentativa de melhorar o equilíbrio. O paciente com esta síndrome tem um comportamento alegre, caracterizado com riso fácil e frequente, comunicando-se com dificuldade em consequência da diminuição de sua capacidade de expressão oral. Não há cura para a Síndrome de Angelman, mas há alguns tratamentos para os seus sintomas. A epilepsia pode ser controlada através do uso de medicação, a fisioterapia é uma aliada importante para estimular as articulações prevenindo sua rigidez. Terapia ocupacional ajuda a melhorar a motricidade fina e controlar a conduta motoro- -bucal. Terapias de comunicação e fonoaudiologia também são essenciais para se trabalhar a fala. A hidroterapia e musicoterapia também são muito utilizadas na melhoria dos sintomas desta síndrome. Modificação da conduta, tanto em casa quanto no colégio, podem permitir que a criança desenvolva, ela mesma, a capacidade de realizar a maioria das tarefas relacionadas com o comer, o vestir e realizar inclusive actividades de casa, neste caso a ajuda, compreensão e paciência dos familiares é essencial para essa conduta (VASCONCELOS, 2004) .</p><p>Esclerose Tuberosa (Doença/Sindrome de Bourneville-Pringle)</p><p>Doença rara e pouco conhecida, de difícil diagnóstico. Em muitos casos de Esclerose Tuberosa os portadores são tardiamente diagnosticados e a falta de informação dificulta o tratamento de seus sintomas. A Esclerose Tuberosa, também conhecida como Síndrome de Bourneville-Pringle ou Epiloia, é uma desordem genética e, portanto, uma doença não contagiosa, causada por anomalias nos genes TSC1 ou TSC2, dos cromossomas 9 e 16, respectivamente. Inicialmente, a Esclerose Tuberosa foi descrita no sistema nervoso central por Bourneville, em 1880. É uma doença degenerativa, causadora de tumores benignos, que pode afectar diversos órgãos, especialmente o cérebro, coração, olhos, rins, pele e pulmões. As manifestações clínicas da doença podem variar, dependendo do grau de acometimento dos órgãos afectados. Podem surgir lesões na pele, nos ossos, dentes, rins, pulmões, olhos, coração e sistema nervoso central. As lesões dermatológicas se apresentam sob forma de nódulos de cor vermelha ou cereja, geralmente na região facial. As lesões retinianas afectam as camadas superficiais da retina e as lesões cerebrais podem ser tumores e calcificações na região dos ventrículos cerebrais. É uma doença rara, de tendência evolutiva, que pode afectar ambos os sexos de todas as raças e grupos étnicos. Ao primeiro sinal de depressão, os pais devem acolher a criança e encaminhá-la a um profissional o mais rápido possível. Na maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são suficientes. Somente a partir dos 6 anos de idade é necessário, em alguns casos, intervir com medicamentos. A depressão infantil desencadeia várias outras doenças, tais como: anorexia, bulimia, etc. (VASCONCELOS, 2004).</p><p>Síndrome de Rubinstein-Taybi</p><p>Segundo Vasconcelos (2004), a anomalia pode ocorrer em meninos e meninas das raças branca e amarela. Esta doença não é possível ser diagnosticada durante a gestação, já que o diagnóstico, geralmente, só pode ser feito a partir dos 15 meses de idade. Entre 0 e 2 anos, a criança costuma engasgar muito com líquidos, tem vômitos constantes, fica resfriada frequentemente e tem paradas repetidas e temporárias da respiração durante o sono. O desenvolvimento de cada criança com esta síndrome será peculiar a cada uma e, embora elas apresentem semelhanças nas características físicas, comportamentais e de personalidade, cada uma terá o seu tempo de desenvolver seu potencial. A criança portadora da síndrome tem normalmente um carácter amigável e alegre, são muito felizes e bastante socializadas. Costumam ter um sorriso como se estivesse fazendo careta, mas, na realidade, é um sorriso irradiando amor, carinho e aceitação que estas crianças têm por todos ao seu redor. Têm o costume de tocar qualquer coisa e gostam de manipular instrumentos e electrónicos. Gostam de livros, água, pessoas e são muito sensíveis a qualquer forma de música. Como a deficiência intelectual está presente nesta síndrome a sua extensão varia em cada paciente.</p><p>6.Sinais de alerta e sintomas</p><p>A deficiência intelectual pode ser identificada a partir da observação do comportamento e desenvolvimento da criança, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem, comunicação e habilidades sociais.</p><p>· Atraso no desenvolvimento da linguagem;</p><p>· Aprendem de forma mais lenta a usar as palavras, a uni-las e a construir frases completas;</p><p>· Tem um desenvolvimento social lento devido as dificuldades cognitivas e deficiências da linguagem;</p><p>· As crianças com DI são mais propensas do que as outras crianças a ter problemas comportamentais, tais como explosões, crises de raiva e comportamento fisicamente agressivo.</p><p>· Dificuldade de aprendizagem e de entendimento;</p><p>· Dificuldade de adaptação a qualquer ambiente</p><p>· Falta de interesse nas actividades escolares do dia-a-dia;</p><p>· Isolamento da família, dos colegas ou do/a professor/a;</p><p>· Dificuldade de coordenação e concentração</p><p>Os resultados baseiam-se nos resultados de testagem formal a realização de cuidados pré-natais adequados reduz o risco de ter um filho com deficiência intelectual.</p><p>Apoio de muitos especialistas, terapia e educação especial ajudam as crianças a alcançar o nível de desempenho mais elevado possível.</p><p>7.Características da Deficiência intelectual (DI)</p><p>As características da Deficiência Intelectual variam de acordo com o grau de severidade e as áreas afectadas. No geral, indivíduos com DI apresentam limitações em habilidades conceituais, como linguagem, leitura, escrita e cálculo matemático. Além disso, habilidades sociais, como comunicação e interacção com outras pessoas, também podem ser prejudicadas. As habilidades práticas, que incluem o autocuidado, gestão financeira e actividades diárias, são outras áreas que podem ser afetadas (Hodapp, 2016).</p><p>Além disso, algumas características comportamentais</p><p>podem estar presentes, como dificuldades em compreender normas sociais, problemas de comunicação não verbal, e a tendência a comportamentos repetitivos ou estereotipados. A presença de outras condições associadas, como transtornos de humor, transtornos de ansiedade, epilepsia e problemas motores, é comum entre indivíduos com Deficiência Intelectual (Dykens, 2007)</p><p>A Deficiência Intelectual é caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, que se manifestam em habilidades conceituais, sociais e práticas. Essas limitações geralmente se manifestam antes dos 18 anos.</p><p>Dificuldades de aprendizado</p><p>As pessoas com deficiência intelectual podem ter dificuldades em adquirir habilidades académicas e de vida diária.</p><p>Habilidades sociais limitadas</p><p>Muitas vezes, enfrentam desafios em interacções sociais e na compreensão de normas sociais.</p><p>Necessidade de suporte</p><p>Dependendo do grau da deficiência, pode ser necessário suporte contínuo ou intermitente em diversas áreas da vida.</p><p>8.Classificação Tradicional e Actual da Deficiência Intelectual</p><p>Historicamente, a Deficiência Intelectual foi classificada em termos de educabilidade, utilizando termos como "educável" e "não educável". Esses termos reflectiam a expectativa quanto à capacidade dos indivíduos de aprender habilidades académicas e práticas. No entanto, tais terminologias têm sido consideradas inadequadas e estigmatizantes na abordagem contemporânea. Actualmente, a Deficiência Intelectual é classificada com base na gravidade das limitações, dividindo-se em quatro níveis principais: leve, moderada, grave e profunda. Esta classificação é amplamente aceita e utilizada para avaliar tanto as capacidades intelectuais quanto as habilidades adaptativas dos indivíduos (Schalock et al., 2010)</p><p>9.Quociente de inteligência (QI)</p><p>QI é um indicador derivado de um de vários testes. Existem muitos tipos de testes de QI que procuram medir habilidades gerais ou específicas: leitura, aritmética, vocabulário, memória, conhecimentos gerais, visual, verbal e raciocínio abstracto.</p><p>Os testes de QI bem conhecidos incluem a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, Stanford-Binet, Bateria de Kaufman para Avaliação de Crianças, e Matrizes Progressivas de Raven. Tradicionalmente, uma pontuação de QI era obtida dividindo-se a idade mental da pessoa em teste o grupo etário que em média pontuou tal escore em uma amostra aleatória da população pela idade cronológica multiplicada por 100. No entanto, este método tem limitações por exemplo, não pode ser utilizado em adultos. Actualmente, os resultados dos testes são padronizados em relação a uma amostra representativa da população; pontuações de QI para as crianças são em relação às crianças da mesma idade.</p><p>10. Nível Grave de Deficiência Intelectual</p><p>A Deficiência Intelectual grave é caracterizada por um quociente de inteligência (QI) que varia entre 20 e 35. Indivíduos neste nível apresentam limitações severas tanto nas habilidades intelectuais quanto nas habilidades adaptativas, o que impacta significativamente sua capacidade de funcionar de maneira independente na vida diária.</p><p>Características</p><p>Habilidades Conceituais: Indivíduos com DI grave apresentam habilidades conceituais extremamente limitadas. "Essas limitações se manifestam principalmente na incapacidade de aprender a ler, escrever e realizar cálculos matemáticos complexos. O aprendizado é frequentemente restrito ao reconhecimento de palavras ou símbolos básicos" (APA, 2013).</p><p>Habilidades Sociais: A comunicação é geralmente limitada a frases simples ou, em muitos casos, à comunicação não-verbal. Indivíduos nesse nível podem entender e responder a ordens simples, mas têm dificuldade em compreender normas sociais mais complexas. Segundo Dykens (2007), "os indivíduos com DI grave frequentemente apresentam dificuldades em desenvolver habilidades sociais que vão além das interacções básicas, o que pode levar ao isolamento social".</p><p>Habilidades Práticas: Eles necessitam de assistência contínua em actividades diárias, como alimentação, higiene pessoal e vestuário. A supervisão constante é necessária para garantir sua segurança e bem-estar. "A incapacidade de realizar tarefas diárias de maneira independente é uma das principais características da DI grave, o que requer suporte intensivo em todas as áreas da vida" (Schalock et al., 2010).</p><p>Suporte Necessário: O apoio intensivo é essencial em todas as áreas da vida. Os programas de intervenção devem focar em maximizar a autonomia dentro das limitações do indivíduo e em garantir sua qualidade de vida através de ambientes estruturados e seguros. Hodapp (2016) enfatiza que "um ambiente seguro e bem estruturado é crucial para o desenvolvimento de pessoas com DI grave, pois permite que eles alcancem seu potencial máximo dentro de suas capacidades".</p><p>10.1.Nível Moderado de Deficiência Intelectual</p><p>A Deficiência Intelectual moderada é caracterizada por um QI entre 35 e 50. Indivíduos com DI moderada têm limitações significativas nas capacidades intelectuais e adaptativas, mas, com apoio adequado, podem desenvolver habilidades suficientes para realizar algumas tarefas quotidianas de forma semi-independente.</p><p>Características</p><p>Habilidades Conceituais: As habilidades conceituais, como leitura e escrita, são limitadas, mas com uma educação apropriada, esses indivíduos podem aprender a reconhecer palavras básicas e realizar cálculos simples. "Embora suas habilidades académicas sejam limitadas, pessoas com DI moderada podem aprender e se beneficiar de uma educação estruturada, desenvolvendo capacidades funcionais que lhes permitem algum grau de independência" (Schalock et al., 2010).</p><p>Habilidades Sociais: A comunicação é mais desenvolvida em comparação com a DI grave, permitindo a utilização de frases curtas e a compreensão de ordens mais complexas. Contudo, eles podem apresentar dificuldades em interacções sociais mais elaboradas e frequentemente têm dificuldades em entender nuances sociais. Como observado por Hodapp (2016), "a compreensão e a resposta a normas sociais são limitadas, o que pode levar a mal-entendidos e isolamento social, mas com treinamento e suporte, essas habilidades podem ser melhoradas".</p><p>Habilidades Práticas: Indivíduos com DI moderada podem realizar tarefas diárias simples, como alimentação e higiene pessoal, mas frequentemente necessitam de supervisão para actividades mais complexas. Eles podem aprender rotinas de trabalho simples e participar de ambientes de trabalho protegidos. "Com treinamento adequado, esses indivíduos podem desenvolver habilidades práticas que lhes permitem uma maior participação em atividades sociais e ocupacionais" (Batshaw, Roizen & Lotrecchiano, 2013).</p><p>Comorbidades: Além das limitações intelectuais, é comum que esses indivíduos apresentem problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, assim como dificuldades motoras em alguns casos.</p><p>Suporte Necessário: O suporte para indivíduos com DI moderada é essencial, mas pode ser mais flexível em comparação com os níveis mais graves. Programas de educação especial e treinamento vocacional adaptado são fundamentais para desenvolver suas habilidades e promover alguma independência. "A integração desses indivíduos em programas de educação especial permite que eles desenvolvam as habilidades necessárias para funcionar de forma mais independente, dentro de suas limitações" (Schalock et al., 2010).</p><p>10.2.Nível Leve de Deficiência Intelectual</p><p>A Deficiência Intelectual leve é caracterizada por um QI entre 50 e 70. Este é o nível mais comum e menos severo de DI, onde os indivíduos têm capacidade para desenvolver uma maior independência e adquirir habilidades académicas básicas.</p><p>Características</p><p>Habilidades Conceituais: Indivíduos com DI leve podem aprender a ler, escrever e realizar operações matemáticas simples, embora com algumas dificuldades. Eles geralmente atingem o nível de escolaridade do ensino fundamental. "Apesar das limitações, as habilidades académicas básicas podem ser desenvolvidas e melhoradas com suporte contínuo,</p><p>permitindo maior participação em actividades educativas e ocupacionais" (APA, 2013).</p><p>Habilidades Sociais: A comunicação é relativamente eficaz, e eles podem participar de interacções sociais, embora possam ter dificuldades em compreender e responder adequadamente a situações mais complexas. "Esses indivíduos geralmente conseguem se integrar socialmente, mas podem necessitar de orientação em situações sociais mais complexas" (Hodapp, 2016).</p><p>Habilidades Práticas: Indivíduos com DI leve podem cuidar de si mesmos e realizar a maioria das actividades diárias sem supervisão, incluindo tarefas domésticas e responsabilidades no trabalho. No entanto, podem precisar de apoio em situações novas ou complexas. "Com o treinamento adequado, esses indivíduos podem alcançar um nível significativo de independência, embora possam necessitar de suporte contínuo para lidar com desafios inesperados" (Batshaw, Roizen & Lotrecchiano, 2013).</p><p>Comorbidades: Embora menos frequente, algumas dificuldades emocionais e comportamentais podem estar presentes, especialmente em resposta a desafios sociais e académicos.</p><p>Suporte Necessário Indivíduos com DI leve necessitam de suporte intermitente ou limitado, focando-se na educação regular, capacitação profissional e apoio psicossocial para promover a independência. "O suporte contínuo e a educação adaptada são fundamentais para ajudar essas pessoas a desenvolver todo o seu potencial" (Schalock et al., 2010).</p><p>11.Intervenção do professor</p><p>Gift (2004 cit por Galiciane 2016) afirma que:</p><p>Não há dúvida que a necessidade de cuidado maior imposta por sua condição restringe e transforma, em maior ou menor grau, a vida de todos os que lhes são próximos. No entanto, é importante que atenção que lhe é dada seja no sentido de estimular e incentivar ao máximo sua autonomia e crescimento, para que ele possa aprender a melhor lidar com suas dificuldades (p.36).</p><p>· O professor em primeiro lugar deve agir sempre com ele como pessoa normal;</p><p>· Promover respeito e inclusão social em todas as faixas etárias;</p><p>· Realizar o diagnóstico psicopedagógico;</p><p>· Observação e mais atenção com a criança/aluno;</p><p>· Adequar o currículo funcional ou individual às necessidades da criança;</p><p>· Utilizar mais jogos pedagógicos no processo de alfabetização, danças, alguns vídeos como ferramentas para facilitar a aprendizagem dessas crianças;</p><p>· Dialogar com as crianças para compreender as situações de sucessos noutras áreas;</p><p>· Testes nos quais o desempenho da criança e comparado com as pontuações de muitas crianças da mesma idade</p><p>Todas as crianças com DI se beneficiam de educação especial. A lei federal dos EUA sobre educação para indivíduos com deficiências (Individuals with Disabilities Education Act, IDEA) exige que as escolas públicas ofereçam educação gratuita e apropriada para crianças e adolescentes com DI ou outros distúrbios do desenvolvimento. A educação deve ser fornecida no ambiente menos restritivo e mais inclusivo possível, ou seja, em um ambiente no qual a criança tenha todas as oportunidades para interagir com outras crianças não afectadas e tenha igual acesso aos recursos da comunidade.</p><p>12.Classificações Tradicionais: Educável e Não Educável</p><p>12.1.Educável</p><p>O termo "educável" foi tradicionalmente utilizado para se referir a indivíduos com Deficiência Intelectual leve ou moderada, que podiam aprender habilidades académicas básicas e se beneficiar da educação formal. Segundo Schalock et al. (2010), "a classificação de 'educável' incluía aqueles que, com a educação apropriada, poderiam atingir níveis funcionais de aprendizado e viver de forma semi-independente".</p><p>Capacidades: Estes indivíduos têm a capacidade de aprender a ler, escrever e realizar operações matemáticas simples. Eles também podem desenvolver habilidades vocacionais e alcançar um certo nível de independência em suas vidas diárias.</p><p>Suporte: A educação especial e o treinamento vocacional são essenciais para maximizar suas capacidades. "A intervenção precoce e o suporte contínuo são fundamentais para ajudar indivíduos educáveis a alcançarem sua independência máxima" (Batshaw, Roizen & Lotrecchiano, 2013).</p><p>12.2.Não Educável</p><p>O termo "não educável" era utilizado para descrever indivíduos com Deficiência Intelectual grave ou profunda, que não poderiam se beneficiar de uma educação formal tradicional. Para esses indivíduos, o foco era o treinamento em habilidades de vida diárias e comunicação básica. "Indivíduos classificados como 'não educáveis' requerem</p><p>12.Conclusão</p><p>Terminado o trabalho, conclui se que, a deficiência intelectual é uma condição complexa que, ao longo da história, tem sido moldada por diversas concepções e abordagens. A transição para um paradigma de inclusão, iniciado na década de 1980, representa um avanço significativo na forma como a sociedade compreende e trata as pessoas com deficiência. Este novo enfoque enfatiza o direito à convivência não segregada e à educação inclusiva, reconhecendo que todos os indivíduos, independentemente de suas limitações, merecem acesso igualitário aos recursos e oportunidades.</p><p>A análise das causas da deficiência intelectual revela uma interacção multifacetada entre factores genéticos, biológicos, ambientais e sociais. Essa compreensão é crucial para o desenvolvimento de intervenções eficazes que possam apoiar o crescimento e a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência intelectual. As síndromes genéticas, as complicações durante a gestação e os factores sociais, como a pobreza e a falta de acesso a serviços de saúde e educação, são elementos que devem ser considerados na formulação de políticas públicas e práticas educacionais.</p><p>Ademais, promover uma educação que respeite e valorize a diversidade é fundamental não apenas para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais das crianças com deficiência, mas também para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. É imperativo que educadores, profissionais de saúde, familiares e a sociedade em geral trabalhem em conjunto para criar ambientes que favoreçam o aprendizado e a convivência de todos. Em suma, a deficiência intelectual deve ser abordada com um olhar atento às suas múltiplas dimensões, visando sempre a promoção dos direitos humanos e a inclusão plena na sociedade. A educação inclusiva não é apenas uma responsabilidade das instituições, mas um compromisso coletivo que pode transformar vidas e comunidades.</p><p>14.Referências bibliográficas</p><p>Galiciani, G. G. (2017). Estratégias pedagógicas de intervenção para crianças com deficiência intelectual. Rio de Janeiro. Brasil</p><p>Manual MSD. (2020). Versão saúde para família. Deficiência intelectual. Acessado em: www.msdmanuals.com</p><p>Associação Americana de Psiquiatria. (2013). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.</p><p>Batshaw, M. L., Roizen, N. J., & Lotrecchiano, G. R. (2013). Crianças com Deficiências (7ª ed.). Baltimore, MD: Paul H. Brookes Publishing Co.</p><p>Rondal, J. A. (2011). Manual Abrangente de Educação Especial: Deficiência Intelectual, Autismo e Transtornos Relacionados. Nova York, NY: Springer Publishing.</p><p>Schalock, R. L., Borthwick-Duffy, S., Bradley, V., Buntinx, W. H., Coulter, D. L., Craig, E. M., ... & Luckasson, R. (2010). Deficiência Intelectual: Definição, Classificação e Sistemas de Apoio (11ª ed.). Washington, DC: Associação Americana sobre Deficiências Intelectuais e do Desenvolvimento.</p><p>Organização Mundial da Saúde. (2022). Classificação Internacional de Doenças (11ª ed.). Genebra: WHO Press.</p><p>Batshaw, M. L., Roizen, N. J., & Lotrecchiano, G. R. (2013). Crianças com Deficiências (7ª ed.). Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co.</p><p>Rondal, J. A. (2011). Deficiências Intelectuais: Genética, Comportamento e Inclusão. Nova York: Wiley-Blackwell.</p><p>Associação Americana de Psiquiatria. (2013). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª ed.). Washington, DC: Autor.</p><p>Batshaw, M. L., Roizen, N. J., & Lotrecchiano, G. R. (2013). Crianças com Deficiências (7ª ed.). Baltimore, MD: Paul H.</p><p>Brookes Publishing Co.</p><p>1</p><p>Fermino Sansão Bila</p><p>Ivandra da Antónieta Etelvina Machai</p><p>Lárcia Joaquina Langa</p><p>Raimundo Alfredo Chavane Júnior</p><p>Vânia Sérgio Dengo</p><p>Deficiência Intelectual</p><p>:</p><p>definição, causas e características</p><p>Licenciatura em Geografia</p><p>Unisave</p><p>–</p><p>Gaza</p><p>2024</p><p>1</p><p>Fermino Sansão Bila</p><p>Ivandra da Antónieta Etelvina Machai</p><p>Lárcia Joaquina Langa</p><p>Raimundo Alfredo Chavane Júnior</p><p>Vânia Sérgio Dengo</p><p>Deficiência Intelectual: definição, causas e características</p><p>Licenciatura em Geografia</p><p>Unisave – Gaza</p><p>2024</p>