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Discente: Anna Cláudia Werneck Rocha
Questão 1 (20 pontos) – mínimo 300 palavras 
Como vimos em nossas aulas, a Sociolinguística é o campo que se dedica ao estudo da correlação entre variação linguística e fatos sociais. Tendo essa ideia em vista, apresente, com suas palavras, (i) os conceitos de variação e mudança linguística e (ii) como a teoria linguística abordou a questão ao longo do séc. XX. 
A variação linguística é o jeito que uma língua vai mudando de acordo com o contexto, seja no vocabulário, gramática ou até mesmo na pronúncia. Essas diferenças refletem influências regionais, sociais e de situação, mostrando um pouco da identidade dos falantes. No português, por exemplo, dá para notar a diferença entre sotaques carioca e mineiro, ou mesmo no uso de gírias entre jovens e uma linguagem mais formal no ambiente de trabalho. No fim das contas, a variação linguística é uma expressão da diversidade cultural e social.
A mudança linguística é um processo mais longo, em que essas variações vão se consolidando e transformando a língua aos poucos. Esse processo pode levar séculos ou acontecer mais rápido, dependendo de fatores sociais. Um bom exemplo é a simplificação de conjugações verbais no português falado.
No começo do século XX, com o estruturalismo de Ferdinand de Saussure, a linguística tratava a língua como um sistema estático e analisava só o momento presente, variações e mudanças eram vistas como desvios de um sistema ideal. Mas com o surgimento da Sociolinguística, ficou claro que essas variações são essenciais para entender como a língua funciona de verdade. Labov mostrou que o contexto social tem um papel enorme no uso e na mudança linguística, o que deu uma nova perspectiva para a análise da linguagem.
Aqui no Brasil, estudiosos como Anthony J. Naro e Maria Marta Pereira Scherre reforçam essa ideia, mostrando que as variações no português brasileiro estão ligadas a fatores socioeconômicos e culturais. A adesão de diferentes grupos a novas formas de falar mostra a dinâmica social e contribui para a transformação da língua, que passa a representar melhor as identidades de seus falantes. Com isso, a Sociolinguística traz uma visão mais dinâmica da língua, sempre evoluindo e se adaptando às realidades sociais.
Questão 2 (10 pontos) – mínimo 250 palavras 
Explique com suas palavras quais são as principais inovações de E. Coseriu para a análise da variação e como podemos utilizar o conceito de norma para discutir a questão do ensino de Língua Portuguesa no Brasil. 
Eugenio Coseriu trouxe uma perspectiva bem inovadora para entender a variação linguística, misturando os aspectos sociais e históricos com a linguística estrutural. Ele sugeriu que, além dos dois níveis clássicos que Ferdinand de Saussure apresentou, língua (sistema) e fala (uso individual), deveríamos incluir um terceiro nível: a norma. A norma é, basicamente, o conjunto de hábitos linguísticos que uma comunidade específica aceita e usa, funcionando como um intermediário entre a língua ideal e a fala individual. Para Coseriu, a norma é essencial para entender a variação linguística, já que permite observar como a língua é usada de maneira consistente dentro de grupos, mas ainda abre espaço para variações.
Coseriu também ampliou o entendimento da variação com os conceitos de diatopia (variação regional), diastratia (variação social) e diafasia (variação situacional). Esses conceitos mostram que a língua não é algo fixo, mas se adapta conforme o contexto, o grupo social e a situação. Isso muda a ideia de que a variação linguística é um “erro” e a transforma em uma expressão natural e estruturada da língua.
Essa visão é especialmente importante para o ensino do Português no Brasil. Nas escolas, a norma culta ainda é vista como a única forma “correta” do português, o que acaba desvalorizando as variações regionais e sociais. Destaca-se que precisamos valorizar essas variações como partes legítimas e fundamentais da identidade cultural dos alunos.
A ideia de norma ajuda a trazer equilíbrio para o ensino, permitindo que os alunos aprendam a norma padrão de forma consciente, sem ignorar a riqueza linguística do português em todas as suas formas. Essa abordagem inclusiva valoriza a diversidade linguística no Brasil e promove um aprendizado que respeita as identidades dos alunos e os prepara para navegar entre diferentes contextos linguísticos.

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