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PAT PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR Daniel Henrique Bandoni e Carolina Menezes Ferreira Histórico HISTÓRICO • Nas décadas de 60 e 70 diversos estudos demonstravam os prejuízos decorrentes da má nutrição da força de trabalho • Aumento da preocupação com a força de trabalho, considerado chave para a produção econômica – Torna-se importante aumentar produtividade, reduzir absenteísmo e acidentes de trabalho • Com o agravamento dos problemas sociais e econômicos o governo decide criar programas para tentar compensar as desigualdades sociais » (Gomes 1982, Veloso e Santana 2002) Histórico • A partir de 1978, quando a Volkswagen passou a fornecer desjejum aos seus empregados, houve um aumento de 10% na produtividade. • Resultado semelhante ocorreu quando se passou a fornecer almoço: a produtividade cresceu aproximadamente 30% GOMES, G. Dispêndio energético e disposição calórica em algumas funções da indústria automobilística, (apud SILVA FILHO, A. R. Manual básico para planejamento e projeto de restaurantes e cozinha industrial. São Paulo: Varela, 1996. p. 14 Alimentação do trabalhador no Brasil - antecedentes históricos • Década de 30 - As primeiras ações governamentais rumo a uma política alimentar-nutricional para o trabalhador brasileiro quando se avolumavam as massas trabalhadoras urbanas, em meio à ascensão de Getúlio Vargas • Nesse período, agências do Estado realizaram alguns inquéritos sobre as condições de vida dos trabalhadores em São Paulo e a questão alimentar-nutricional revelou-se dramática, vindo a ser objeto de algumas medidas específicas do governo, até mesmo como instrumento de cooptação de segmentos da população trabalhadora. • A partir de 1937, numa estratégia de "complementação / disciplinarização da força de trabalho prioritária", o governo passou a editar legislação quanto à instalação de refeitórios nas indústrias, ao mesmo tempo que inicia, ele mesmo, a instalação de restaurantes para atendimento ao trabalhador. • Segundo essa linha de ação, foi editado o decreto-lei n 1.238, de 2 de maio de 1939, que dispõe sobre a instalação dos refeitórios nas indústrias, visando assegurar condições mínimas para a alimentação dos trabalhadores. Alimentação do trabalhador no Brasil - antecedentes históricos • Em 5 de agosto de 1940 foi lançado o decreto-lei n 2.478, criando o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), também subordinado ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e destinado a "assegurar condições favoráveis e higiênicas à alimentação dos segurados dos Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensões" (Art. 10), por meio da instalação de restaurantes e do fornecimento de gêneros alimentícios a preços reduzidos (Art. 2). • Programa foi reorganizado em 1941, sofrendo uma ampliação do seu raio de ação para quatro níveis distintos: a) restaurantes próprios, b) armazéns nos quais os produtos eram comercializados ao preço de custo mais uma taxa de "administração do sistema” (10 %), c) restaurantes gregários, construídos por autarquias e entidades paraestatais, cuja administração era entregue ao SAPS; d) restaurantes fiscalizados, ligados direta ou indiretamente ao serviço público, indústrias ou outras instituições, inscritos no SAPS a fim de gozar de seus benefícios. Alimentação do trabalhador no Brasil - antecedentes históricos • Na entrada dos anos 60 a questão alimentar- nutricional desapareceu da agenda do Estado com o golpe militar de 64. • No que se refere à alimentação, a preocupação do governo se direcionava não para a alimentação popular, mas para criar condições de crescimento econômico sem problemas de suprimento agrícola. • Somente em 1976, com o lançamento do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN), a questão da alimentação do trabalhador, assim como a de toda a população brasileira, voltou à agenda. A criação do Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT • Concebido como um subsistema do PRONAN, o Programa de Alimentação do Trabalhador foi instituído através da lei n 6.321, de 14 de abril de 1976. • As finalidades básicas do programa diziam respeito à melhoria do estado nutricional do trabalhador de baixa renda (basicamente o fornecimento de energia para o trabalho) e à divisão do custo dessa "energia" entre governo, empresas e trabalhadores. • 1.400 quilocalorias para oito horas de atividades produtivas de trabalho, segundo estabelecido pela Organização Mundial de Saúde e pela FAO. • Também é fixado um índice de NDP CAL % maior ou igual a 6 • Programa de caráter social e econômico O Programa de Alimentação do Trabalhador PAT • Baseado: incentivos fiscais fornecidos às empresas • Público-alvo: beneficia com alimentação e refeição os trabalhadores, principalmente no segmento de renda até cinco salários mínimos mensais. • É formado por uma parceria entre governo federal (benefício fiscal), empresa beneficiária (assume a maior parte do custo da refeição) e trabalhadores (contribuem com um % de seu salário). OBJETIVOS Melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, com repercussões positivas para a qualidade de vida, a redução de acidentes de trabalho e o aumento da produtividade. População trabalhadora de baixa renda BENEFÍCIOS DO PAT • Para o trabalhador : • Melhoria das condições nutricionais e qualidade de vida; • Aumento da capacidade física, da resistência à fadiga e à doenças; • Redução dos riscos de acidentes de trabalho. BENEFÍCIOS DO PAT • Para a Empresa: � aumento da produtividade; � maior integração entre trabalhador e empresa; � redução do absenteísmo (atrasos e faltas) e rotatividade; � isenção de encargos sociais sobre o valor da alimentação fornecida; � incentivo fiscal (dedução de até quatro por cento no imposto de renda devido). BENEFÍCIOS DO PAT • Para o Governo: � redução de despesas e investimentos na área da saúde; � crescimento da atividade econômica; � bem-estar social. MODALIDADES DO PAT • A empresa beneficiária poderá optar pelas seguintes modalidades de serviços: – Autogestão (serviço próprio): a empresa beneficiária assume toda a responsabilidade pela elaboração das refeições, desde a contratação do pessoa até a distribuição das mesmas; MODALIDADES DO PAT – Terceirizada (serviço de terceiros): o fornecimento é formalizado através de contrato firmado entre a empresa beneficiária e as concessionárias registradas no PAT. Dispões das seguintes opções: • Refeição transportada: refeições feitas em uma cozinha industrial e transportado até o local de trabalho; • Administração de cozinha ou refeitório: a empresa contrata os serviços de uma terceira, que utiliza as suas instalações para o preparo das refeições; MODALIDADES DO PAT – Terceirizada (serviço de terceiros): • Refeição convênio: os empregados da empresa recebem as refeições em restaurantes conveniados; • Alimentação convênio: a empresa fornece senhas, tíquetes etc., para aquisição de gêneros alimentícios; • Cesta de alimentos: a empresa fornece os alimentos, que devem garantir ao menos uma refeição diária. CARACTERÍSTICAS FINANCEIRAS • A participação financeira do trabalhador fica limitada a 20% do custo direto da refeição. • As empresas poderão deduzir, do lucro, o dobro das despesas comprovadamente realizadas no período-base. A dedução não poderá exceder, quando considerados isoladamente, a quatro por cento do Imposto de Renda devido EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS ATÉ AGOSTO DESTE ANO • Refeição menor (desjejum e merenda) : – mínimo de 300 calorias e 6% de NDpCal • Refeição maior (almoço, jantar, ceia): – mínimo de 1400 calorias e 6% de NDpCal • Cestas de alimentos:- deverão conter o total dos valores diários citados acima de acordo com o tipo de refeição escolhida. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS • Exigências nutricionais: 6-106-10NDPCal % 720-960360-480Sódio (mg) 7-10g4-5gFibras (g) <10%<10%Gord. Saturadas 25%25%Gorduras 15%15%Proteínas 600 a 800 Kcal300 a 400 KcalCalorias Almoço/Jantar/CeiaDesjejum/LancheNutriente Os cardápios deverão oferecer, pelo menos, uma porção de frutas e uma porção de legumes ou verduras, nas refeições principais (almoço, jantar e ceia) e pelo menos uma porção de frutas nas refeições menores (desjejum e lanche). Descrição das Atividades • Leve: sentar, estar parado em pé – motorista, trabalhador de laboratório, pintor,datilógrafo/digitador, professor, profissionais liberais, vendedor, dona-de-casa com eletrodomésticos, bancário, manobrista, eletricista, cozinheiro, telefonista, administrativo,supervisor, balconista e estudante. • Moderada: caminhar em superfície plana carregando peso – carpinteiro, faxineira, auxiliar de serviços, auxiliar de cozinha, dona- de-casa sem eletrodoméstico, etc. • Intensa: caminhar, subir carregando peso – agricultor não- mecanizado, operários da construção civil (ferreiro, pedreiro, servente,...), metalúrgicos, soldados em atividade e atletas. Composição do Cardápio • 55 a 60% de carboidrato; • 10 a 15% de proteína; • 25 a 30% de lipídeo Composição do Cardápio Composição do Cardápio • Independentemente da modalidade adotada, a empresa beneficiária poderá oferecer aos seus trabalhadores uma ou mais refeições diárias. EVOLUÇÃO • Em 1977 eram 760 mil trabalhadores beneficiados, hoje o programa atende quase 9 milhões; • Iniciando com cerca de 1.300 empresas, atualmente agrega mais de 100.000 de todos os segmentos produtivos; • Cada vez mais firmas de pequeno e médio porte ingressam no PAT. Inicialmente somente empresas de grande porte estavam vinculadas ao programa; • A quantidade de trabalhadores com renda inferior a 5 salários mínimos apresentou crescimento de 1995 a 1999, passando de 51% para 60% do total de trabalhadores beneficiados. EVOLUÇÃO • Em 2000 a renúncia fiscal do governo foi equivalente a R$ 155 milhões, que eqüivale a 0,92% do total de renúncias fiscais do governo • O custo dos incentivos fiscais é quase insignificante para o governo, média de R$1,42 por mês por trabalhador • Estima-se que os negócios gerados pelo PAT foram de R$ 7 a 8 bilhões, e propiciaram empregos para mais de 236 mil trabalhadores • O PAT também impulsionou o número de restaurantes no Brasil: passou de 320 mil do começo dos anos 80 para 756 mil em 1997 » (Mazzon 2001) Evolução Evolução do Número de Empresas Participantes do PAT - 1977 a 2002 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2000 2002 E m p re sa s EVOLUÇÃO Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000 9.000.000 10.000.000 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2006 Evolução do número de trabalhadores beneficiados pelo PAT (1992 – 2006) EVOLUÇÃO Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego 17,261.829.720 Cesta de Alimentos 25,492.701.635 Alimentação convênio 22,01 2.332.583 Refeição convênio 18,501.960.975 Administração de cozinhas 4,14438.980 Refeição transportada 12,60 1.335.983 Serviço próprio %NModalidade Trabalhadores beneficiados por modalidade de serviço, 2005. Evolução dos Trabalhadores (%) beneficiados, segundo modalidade de gestão. 0 10 20 30 40 50 Ano % Serv. Prop. Dist. Ref. Admin.Coz. Refeic-Conv Alim-Conv Cesta de Alimentos1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 EVOLUÇÃO EVOLUÇÃO • Trabalhadores Beneficiados pelo PAT por Faixa Salarial 25,20%25,50%26,20%37,20%Acima de 7 12,70%12,80%13,50%11,50%Acima de 5 até 7 24,50%25,20%25,00%21,90%Acima de 3 até 5 21,10%20,90%20,90%17,40%Acima de 2 até 3 16,40%15,60%14,40%12,10%Até 2 1999199719961995 (Em Salários-Mínimos) Faixa Salarial Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego 23,28NÃO ESPECIFICADO 0,20AGRÍCOLA 9,29SERVIÇOS 14,69COMÉRCIO 54,00INDÚSTRIA PORCENTAGEMSETOR - Distribuição das empresas filiadas ao PAT Dados de 1993 EVOLUÇÃO • O PAT demonstra eficiência na redução de acidentes de trabalho • Até o ano de criação do PAT, o número de acidentes de trabalho crescia de forma acelerada: – 1,3 milhões em 1971 ���� 1,9 milhões em 1975 (���� 46%) • Em 2002 este número havia caído para 387 mil – Quantidade 4,5 vezes inferior a 1975 • A produtividade da mão de obra brasileira cresceu em média 2,5% ao ano, sendo que os trabalhadores que apresentaram os mais elevados índices de produtividade pertencem aos segmentos que mais participam do programa. (Mazzon 2001, Fundacentro 2004) Mas será que o PAT é um instrumento de promoção da saúde na classe trabalhadora?? Após 30 anos Mudanças no perfil do trabalho ���� automatização, informatização e aumento do emprego no setor de serviços e comércio Mudanças no perfil de saúde ���� predomínio das doenças crônicas, aumento da obesidade e declínio da desnutrição Poucos estudos que avaliem o impacto do programa nos trabalhadores Veloso e Santana (2002) • Avaliou o impacto nutricional do PAT em trabalhadores do Estado da Bahia • Prevalência de fatores de risco nos trabalhadores beneficiados no PAT – Hipercolesterolemia : 32,4% – Hipertrigliceridemia: 10% – Hipertensão arterial: 15,3% – Sobrepeso: 32,27% Veloso e Santana (2002) • Aumento generalizado de peso – Encontrou-se uma associação significativa entre aumento de peso e ser trabalhador de empresa com PAT – A média de aumento de peso entre os trabalhadores de empresas com PAT variou de 2,82 Kg/ano • Conclui que o programa tem impacto negativo sobre o EN dos trabalhadores • Sugere uma revisão nas recomendações para que promovam a saúde do trabalhador Costa et al (2002) • Estudou a associação entre as práticas alimentares e sobrepeso em trabalhadores de uma indústria petroquímica de Camaçari, Bahia – Prevalência de sobrepeso 50,6% – Consumo de energia consumida durante o trabalho foi superior a 80% do recomendado – Consumo acima do recomendado de proteínas e colesterol • Conclui que é necessária uma revisão das recomendações do PAT Bertolami et al. (1993) • Resultados – Colesterol total >200mg/dL = 38% H e 27% M – HDL <35mg/dL = 19% H e 3% M – LDL > 130mg/dL = 38% H e 27% M • Conclusão • População de risco para doença coronáriana • Sugere que o primeiro passo seria a modificação alimentar • Descreveu o perfil lípidico e relacionou com outros fatores de risco para doença coronáriana de funcionários de indústria metalúrgica em São Bernado do Campo – SP Gambardella (1990) • Conclui que havia uma excessiva oferta calórica, sugerindo que o estabelecimento dos parâmetros fosse feitos por nutricionistas • Estudou os cardápios propostos pelo PAT face às recomendações de energia e nutrientes dos trabalhadores da cidade de São Paulo – A variação de energia dos cardápios ficou entre 1400 e 2200 Kcal – 66% apresentaram valores superiores a 1600 Kcal – Estimou que as refeições cobriam de 40 a 60% das necessidade para os homens e 60 a 80% para as mulheres PESQUISA O Programa de Alimentação do Trabalhador: O caso da cidade de São Paulo Pesquisadora responsável: Profª Dr. Patrícia Constante Jaime Objetivo Geral • Avaliar o potencial de promoção de alimentação saudável dos cardápios planejados por Unidades de Alimentação e Nutrição de empresas beneficiárias do Programa de Alimentação do Trabalhador(PAT) na cidade de São Paulo Trabalhos • Adequação das refeições oferecidas por empresas cadastradas no Programa de Alimentação do Trabalhador na cidade de São Paulo Patrícia Constante Jaime Daniel Henrique Bandoni Ana Paula Gines Geraldo Renata Vieira da Rocha O Mundo da Saúde, v.29 (2): 186-191, 2005 OBJETIVO Avaliar os cardápios oferecidos em Unidades de Alimentação e Nutrição de empresas inscritas no PAT em relação às exigências nutricionais do programa e às recomendações atuais para promoção de alimentação saudável Recomendações nutricionais (OMS/2003) ≥ 400 g/diaFrutas, legumes e verduras < 5 g/dia (< 2 g/dia)Cloreto de sódio (Sódio) < 300 mg/diaColesterol 10 – 15%Proteína 55 – 75% < 10% Carboidratos totais Açúcares (free sugars) 15 – 30% < 10% 6 -10% 5 – 8% 1 – 2% < 1% Por diferença Gordura Total: Ácidos graxos saturados Ácidos graxos polinsaturados: ômega 6 ômega 3 Ácidos graxos trans Ácidos graxos monoinsaturados Recomendação / MetaSubstrato dietético RESULTADOS CARACTERÍSTICAS N % Setor de atividade econômica Industrial 21 29,2 Serviços 21 29,2 Comércio 30 41,7 Porte da empresa Micro 8 11,1 Pequeno 27 37,5 Médio 28 38,9 Grande 9 12,5 Perfil por qualificação Baixa qualificação 41 56,9 Média qualificação 31 43,1 Alta qualificação _ _ Perfil salarial Até cinco salários mínimos 64 88,9 Mais de cinco salários mínimos 8 11,1 Modalidade de adesão ao PAT Autogestão 44 61,1 Gestão terceirizada: refeição transportada 4 5,6 Gestão terceirizada: preparo e distribuição de refeição 24 33,3 Supervisão técnica (nutricionista) Sem supervisão 28 38,9 Com supervisão 44 61,1 Atuação de técnico em nutrição Sem atuação 59 81,9 Com atuação 13 18,1 Tabela . Caracterização das empresas (n = 72). São Paulo, 2004. RESULTADOS Pequena refeição1 Grande refeição2 Nutrientes N % N % Energia Adequado 51 87,9 31 43,1 Inadequado 7 12,1 41 56,9 NDPcal Adequado 31 43,1 71 98.6 Inadequado 27 37,5 1 1,4 Tabela. Adequação dos cardápios em relação às exigências nutricionais do PAT, segundo tipo de refeição. São Paulo, 2004. RESULTADOS 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% Carboidrato Proteína Gordura abaixo do recomendado adequado acima do recomendado Gráfico. Adequação da proporção de macronutrientes das refeições servidas em relação às recomendações da OMS. São Paulo, 2004. Composição dos clusters, segundo características das empresas. CLUSTER 1 • Comércio e serviços • Micro e pequeno porte • Autogestão • Sem supervisão de Nutricionista CLUSTER 2 • Industrial • Médio e grande • Gestão terceirizada • Com supervisão de Nutricionista RESULTADOS Tabela 1. Características do valor nutricional das refeições servidas, segundo cluster das empresas cadastradas no PAT. São Paulo, 2004. Cluster 1 Cluster 2 p*Nutriente/ Alimento Média Desvio padrão Média Desvio padrão Energia (kcal) 1035,96 336,65 1393,86 256,77 < 0,001 Porcentagem das calorias (%): Carboidratos 50,47 7,96 51,56 9,62 0,599 Proteínas 19,41 4,97 18,15 3,47 0,226 Lipídios totais 30,11 8,42 30,27 8,31 0,932 Lipídios polinsaturados 3,27 1,90 4,61 1,68 0,003 Lipídios saturados 9,93 4,88 8,05 2,61 0,054 Ácidos graxos trans 1,13 1,03 1,44 0,88 0,187 Açúcares livres 9,92 8,29 11,27 6,09 0,444 Quantidade oferecida: Colesterol (mg) 137,26 74,99 179,61 66,68 0,015 FLV (g) 89,91 82,9 208,93 88,13 < 0,001 * Nível descritivo do teste de t de student (p<0,05) • PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SEUS GESTORES LOCAIS Daniel Henrique Bandoni Bettina Gerken Brasil Patrícia Constante Jaime Revista de Saúde Pública (no prelo) OBJETIVO Analisar por meio das representações sociais de gestores locais do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), o conhecimento sobre promoção de alimentação saudável e sobre os objetivos do PAT METODOLOGIA • Estudo Qualitativo • Gestor local → responsável pela alimentação dos trabalhadores na empresa • Caracterização dos gestores: – Através de questionário semi-estruturado – Conhecimento e representação social dos gestores. • Questões abertas: – “Na sua opinião, por que essa empresa foi cadastrada no PAT?” – “Se você tivesse que explicar para alguém o que é PAT, o que você falaria?”. Resultados “...É um órgão federal que cuida da alimentação do trabalhador... seria informações que nós passamos para Brasília” É uma forma de controle pelo governo (1,7%) “É uma pesquisa que vocês estão fazendo, focando no alimento que é servido para cada colaborador...” É um programa de avaliação e pesquisa (4,5%) “Não sei bem ao certo, o que é o PAT? Eu não estava muito por dentro do que queria dizer o PAT...” Eu não sei (21,5%) Trechos do DiscursoIdéia Central (freqüência da resposta) Tabela 2. Idéia Central, freqüência da resposta (%) e Discurso do Sujeito Coletivo dos gestores locais do PAT, referente ao desconhecimento do programa. Resultados “...O objetivo é, com a pessoa que está empregada, ter boas condições para render no trabalho... O funcionário bem alimentado rende mais...” Para o trabalhador ter maior produtividade (13,5%) “...a empresa visa estar dentro da lei... pra tá seguindo a legislação não tem uma preparação de cardápio...” Por causa da lei (5,7%) “...eu penso mesmo em melhoria da nossa qualidade de serviço prestado ao nosso colaborador...” Para melhorar o serviço de cozinha (2,8%) “...O cardápio, a contabilidade orientou, faz o cardápio pro PAT, que é pra deduzir do imposto de renda...” Para receber auxílio fiscal (10,2%) Trechos do DiscursoIdéia Central (freqüência da resposta) Tabela 3. Idéia Central, freqüência da resposta (%) e Discurso do Sujeito Coletivo dos gestores locais do PAT, com ênfase aos benefícios do programa para empresa. Resultados “...é importante você ter o trabalhador bem quisto em todos os ramos da sociedade, ele tem que estar bem alimentado com todas as funções físicas plenas...” Para beneficiar / motivar o funcionário (7,9%) “... O programa de alimentação do trabalhador é aquele, o qual a empresa fornece uma alimentação equilibrada, para promover saúde e bem-estar...” Para fornecer alimentação adequada / balanceada ao trabalhador (29,4%) “... Eu acho que é um programa que garante o bem estar do funcionário dentro da empresa ...” É um programa para beneficiar o trabalhador (2,8%) Trechos do DiscursoIdéia Central (freqüência da resposta) Tabela 4. Idéia Central, freqüência da resposta (%) e Discurso do Sujeito Coletivo dos gestores locais do PAT, com ênfase na promoção de alimentação saudável e saúde. DISCUSSÕES • A maioria dos gestores não conhecia os objetivos do programa. • Pouca ênfase na promoção de saúde e alimentação saudável. • Capacitação dos gestores. • ÍNDICE DE QUALIDADE DA REFEIÇÃO DE EMPRESAS CADASTRADAS NO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR Daniel H. Bandoni Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública. Área de Concentração: Nutrição Orientadora: Profª. Drª. Patrícia Constante Jaime OBJETIVO GERAL Avaliar a qualidade global das refeições oferecidas por uma amostra de empresas beneficiárias do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) na cidade de São Paulo. METODOLOGIA • ÍNDICE DE QUALIDADE DA REFEIÇÃO – Composto por cinco itens – Frutas e hortaliças, carboidratos, gorduras, gorduras saturadas e variedadeUtilizado para avaliar a qualidade das refeições principais do PAT. Variáveis de Estudo CLUSTER 1 • Comércio e serviços • Micro e pequeno porte • Autogestão • Sem supervisão de Nutricionista CLUSTER 2 • Industrial • Médio e grande • Gestão terceirizada • Com supervisão de Nutricionista APLICAÇÃO DO IQR Valor médio do Índice de Qualidade da Refeição das empresas, segundo a refeição. São Paulo, 2004. Refeição N* Média Mediana Desvio padrão Almoço 72 68,01 70,03 24,09 Jantar 44 62,46 65,92 29,10 Ceia 19 73,26 73,31 23,83 Média das grandes refeições 72 66,25 64,94 23,83 * Incluiu somente as empresas que ofereciam a refeição. 72 66,25 64,95 23,83 APLICAÇÃO DO IQR Classificação do IQR das empresas, segundo tipo de refeição. São Paulo, 2004. Classificação do IQR / Refeição Refeição Inadequada Refeição que precisa de melhoras Refeição Adequada N % N % N % Almoço 13 18,1 38 52,8 21 29,2 Jantar 13 29,5 19 43,2 12 16,7 Ceia 4 21,1 8 42,1 7 36,8 APLICAÇÃO DO IQR Classificação do Índice de Qualidade da Refeição segundo clusters das empresas. São Paulo, 2004. Cluster 1 Cluster 2 Classificação do IQR N % N % Refeição Inadequada 12 26,7 3 11,1 Refeição que precisa de melhoras 30 66,7 8 29,6 Refeição Adequada 3 6,7 16 59,3 Total 45 100 27 100 Discussão • IQR demonstrou ser um instrumento simples e eficiente – Avaliação de forma global. – Classificação das refeições • IQR grandes refeições = 66,25 • Diferença significativa entre as empresas. – Empresas de maior porte e estrutura. – 26,72 pontos • Priorização do programa. – Empresas de menor porte. Considerações Finais • O programa conseguiu atingir um grande número de trabalhadores do mercado formal • Reestruturação do programa. • Boa aceitação do programa pelo governo, empregadores e trabalhadores • Porém o crescimento do mercado formal e as colocam novos desafios ���� mudança do programa • São necessários mais estudos que avaliem a alimentação fornecida pelas empresas e suas conseqüências para o trabalhador ���� subsídios para reformulação das exigências nutricionais Obrigado!! Daniel H. Bandoni dbandoni@usp.br PAT: www.trabalho.gov.br/empregador/pat Veloso IS, Santana VS. Impacto nutricional do Programa de Alimentação do Trabalhador no Brasil. Rev Panam Salud Publica 2002, 11(1): 24-31.
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