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1 NOME DO ALUNO; RAJOSINEIA ANGELA PADILHA; 2023000086 INTRODUÇÃO A síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) é uma complicação grave que ocorre devido a uma resposta inflamatória intensa nos pulmões, resultando em um aumento da permeabilidade capilar e acúmulo de líquido nos alvéolos. Esse processo prejudica as trocas gasosas, levando à hipoxemia grave e à dificuldade respiratória progressiva. No caso de Rose, a infecção sistêmica desencadeou uma inflamação descontrolada, comprometendo a função pulmonar e exigindo suporte ventilatório intensivo. A presença de crepitações e sibilos bilaterais na ausculta pulmonar indicava o comprometimento dos pulmões, característico da SARA. Além do comprometimento pulmonar, Rose desenvolveu anasarca, que é um edema generalizado resultante de um grave desequilíbrio na distribuição de líquidos corporais. Na sepse e no choque séptico, ocorre uma disfunção endotelial e a liberação de mediadores inflamatórios que aumentam a permeabilidade vascular, permitindo que o líquido extravase para os tecidos. Além disso, a insuficiência renal, que pode surgir como uma complicação da sepse, compromete a eliminação de líquidos e contribui para o acúmulo de edema. O desenvolvimento da anasarca indicava um quadro avançado de falência orgânica, agravando ainda mais o estado clínico da paciente. A progressão da SARA e da anasarca evidencia a severidade da resposta inflamatória sistêmica, característica do choque séptico. O comprometimento pulmonar leva à necessidade de ventilação mecânica para manter a oxigenação dos tecidos, enquanto o acúmulo de líquidos pode causar sobrecarga cardíaca e respiratória, tornando o tratamento ainda mais desafiador. Mesmo com suporte intensivo, a disfunção de múltiplos órgãos podem ser irreversível, como ocorreu no caso de Rose, resultando em seu óbito. O desfecho reforça a importância da identificação precoce e do tratamento agressivo da sepse para evitar complicações tão graves. EPA – UNIDADE 3 Rose, 21 anos, foi admitida no hospital com histórico de dor na parte do baixo abdômen após realizar um aborto clandestino, em um local sem nenhum critério de higiene, há três dias. Com medo de contar a alguém, ela tem apresentado febre alta e sangramento pela gengiva há dois dias. Uma amiga, percebendo o seu estado, levou-a ao pronto atendimento, porém, no momento, Rose está inconsciente há três horas. 2 No exame, ela apresenta uma constituição física média, está nutrida e inconsciente, sua pressão arterial é de 90/60 mmHg, pulsação de 100 bpm, enquanto a respiração é de 40 rpm. Apresenta palidez, sangramento oral, mas sem icterícia, cianose ou linfadenopatia. Sua pele é quente ao toque. A ausculta pulmonar apresenta crepitações e sibilos bilaterais. Rose foi levada imediatamente à Unidade de Terapia Intensiva. Após 48 horas, o quadro pulmonar evoluiu para síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) e ela começou a apresentar anasarca. Infelizmente, mesmo depois de vários esforços da equipe de saúde, Rose entrou em óbito após três dias. A causa do óbito foi devido a uma sepse desenvolvida após o procedimento de aborto, a qual evoluiu para o choque séptico, coagulação intravascular disseminada e demais complicações. Fonte: Adaptado de Mohan (2015). Ao analisar o caso clínico de Rose, responda às questões abaixo: 1) Sabendo do diagnóstico apresentado no quadro clínico, explique por que a paciente apresentou os sinais e sintomas de febre, sangramento pela gengiva, pressão de 90/60 mmHg, pulsação 100 bpm e respiração de 40 rpm. RESPOSTA: O quadro clínico de Rose, que evoluiu para sepse grave e choque séptico, apresenta sinais e sintomas específicos que podem ser compreendidos dentro do contexto da infecção sistêmica grave que ela desenvolveu após o aborto clandestino. A explicação dos sinais e sintomas observados na paciente está relacionada a vários mecanismos fisiopatológicos interligados, refletindo a gravidade da sepse e suas complicações. Segue o quadro abaixo com os sinais e sintomas de Rose e suas explicações: Quadro 1. Sinais e sintomas clínicos de sepse e suas explicações fisiopatológicas Sinal/Sintoma Descrição Explicação Fisiopatológica Febre Aumento da temperatura corporal. A febre é uma resposta do corpo à infecção, ajudando a inibir a replicação dos patógenos e estimulando a defesa imunológica. Sangramento gengival Sangramento espontâneo nas gengivas. Pode indicar coagulação intravascular disseminada (CIVD), onde microcoágulos consomem plaquetas e fatores de coagulação, resultando em sangramentos espontâneos. Pressão arterial 90/60 mmHg Pressão arterial baixa (hipotensão). No choque séptico, a vasodilatação generalizada leva à redução da resistência vascular periférica, comprometendo a perfusão dos órgãos vitais. Pulsação 100 bpm Frequência cardíaca elevada (taquicardia). A taquicardia é uma tentativa do corpo de compensar a queda na pressão arterial e melhorar o fluxo sanguíneo aos órgãos vitais. Respiração 40 rpm Respiração acelerada (taquipneia). A respiração rápida é uma resposta do corpo para melhorar a oxigenação em resposta à insuficiência respiratória e hipoxia, agravada pela síndrome da angústia respiratória aguda. Fonte: Adaptado de Brasil (2011). 3 Além desses sinais, o quadro de Rose inclui palidez, que é indicativa de anemia ou falta de perfusão sanguínea adequada, e a pele quente ao toque, que é um reflexo da resposta inflamatória intensa, que altera a distribuição de sangue no corpo. A presença de crepitações e sibilos bilaterais na ausculta pulmonar é consistente com um quadro pulmonar comprometido, como a SARA, uma complicação comum da sepse grave, que leva a um aumento da permeabilidade capilar nos pulmões, resultando em acúmulo de líquidos e dificuldade respiratória. De forma geral, os sinais e sintomas apresentados por Rose refletem a evolução da sepse para um choque séptico, seguido de coagulação intravascular disseminada, insuficiência respiratória (SARA), e outros sinais de falência orgânica múltipla. A infecção inicial, associada à falta de cuidados médicos adequados, resultou em uma resposta inflamatória maciça, afetando múltiplos sistemas do corpo e culminando em sua morte. Segundo a MSD (2025), condições frequentemente associadas à sepse e à coagulação intravascular disseminada (CIVD). A CIVD é caracterizada pela ativação descontrolada da coagulação no espaço intravascular, levando à formação de microcoágulos que consomem plaquetas e fatores de coagulação, resultando em sangramentos espontâneos e possível falência de múltiplos órgãos. 2) A síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) é uma das disfunções orgânicas que podem surgir no choque séptico. Nessa síndrome, o pulmão apresenta-se “encharcado” pelo extravasamento de líquido para dentro dos alvéolos, causando edema pulmonar agudo. Além disso, a paciente apresentou anasarca. Explique: a. Por que pode acontecer a SARA no choque séptico? RESPOSTA: A Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) pode ocorrer no choque séptico devido a uma resposta inflamatória sistêmica intensa desencadeada pela infecção grave. Durante o choque séptico, há a liberação excessiva de citocinas pró-inflamatórias, como interleucinas e fator de necrose tumoral (TNF-α), que ativam os neutrófilos e promovem um aumento da permeabilidade dos capilares pulmonares, como representa a imagem 1. Imagem 1. Ilustração médica da Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) no choque séptico, destacando a inflamação pulmonar e o acúmulo de fluidos nos alvéolos devido ao aumento da permeabilidade capilar. 4 Fonte: MSD (2025). Esse aumento da permeabilidade permite que líquidos, proteínase células inflamatórias extravasem dos vasos sanguíneos para o espaço alveolar, resultando em edema pulmonar não cardiogênico. Esse processo prejudica as trocas gasosas, levando à hipoxemia severa e à rigidez pulmonar, dificultando a ventilação e a oxigenação do sangue. Além disso, a presença de mediadores inflamatórios reduz a produção de surfactante pulmonar, uma substância essencial para manter a estabilidade dos alvéolos, o que agrava ainda mais a insuficiência respiratória. Como resultado, o paciente pode apresentar dificuldade respiratória progressiva, necessitando de suporte ventilatório intensivo para manter a oxigenação adequada dos órgãos e tecidos. Portanto, a SARA no contexto do choque séptico é uma consequência da resposta inflamatória desregulada, que danifica a barreira alvéolo-capilar e causa acúmulo de líquido nos pulmões. Essa complicação pode levar à falência respiratória, sendo essencial o manejo precoce com ventilação mecânica, controle rigoroso da infecção e suporte hemodinâmico para minimizar os danos pulmonares e aumentar as chances de recuperação do paciente. b. A anasarca, que é um edema generalizado, pode ocorrer devido ao um sistema compensatório, o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Explique como ele funciona. RESPOSTA: O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) é um mecanismo fisiológico essencial para a regulação da pressão arterial e do equilíbrio hidroeletrolítico. Em situações de choque séptico, a hipotensão desencadeia a ativação do SRAA na tentativa de manter a perfusão tecidual. Inicialmente, os rins detectam a queda da pressão arterial e liberam a enzima renina, 5 que converte o angiotensinogênio (produzido pelo fígado) em angiotensina I. Em seguida, a enzima conversora de angiotensina (ECA), presente nos pulmões, transforma a angiotensina I em angiotensina II, um potente vasoconstritor que aumenta a pressão arterial. Além do efeito vasoconstritor, a angiotensina II estimula a liberação de aldosterona pelas glândulas suprarrenais. A aldosterona promove a retenção de sódio e água nos rins, reduzindo a excreção urinária e aumentando o volume sanguíneo. Esse mecanismo tenta compensar a queda da pressão arterial causada pelo choque séptico. No entanto, em quadros graves como o de Rose, essa retenção excessiva de líquidos, combinada com a permeabilidade capilar aumentada pela inflamação sistêmica, pode resultar em anasarca, caracterizada por edema generalizado devido ao acúmulo de líquido nos tecidos. Além da aldosterona, a vasopressina (hormônio antidiurético - ADH) também pode ser liberada em resposta à hipovolemia, promovendo maior reabsorção de água nos túbulos renais. No entanto, quando a sepse se torna grave e a permeabilidade vascular permanece aumentada, os líquidos retidos acabam se acumulando no espaço extravascular, levando ao edema pulmonar (agravando a SARA) e à anasarca, dificultando ainda mais a recuperação do paciente. 3) A lesão endotelial é uma das causas de problemas na coagulação e está presente no choque séptico, que, junto de outros fatores, pode levar à coagulação intravascular disseminada. Sabendo disso, explique essa condição. a. Problemas na coagulação sanguínea, como a trombose, estão ligados a três fatores de anormalidades, chamados de tríade de Virchow. Explique-as. RESPOSTA: A coagulação intravascular disseminada (CID) é uma condição grave caracterizada pela formação excessiva de coágulos sanguíneos em pequenos vasos sanguíneos por todo o corpo. No contexto do choque séptico, a CID pode se desenvolver devido a uma série de eventos patológicos que envolvem uma resposta inflamatória exacerbada e disfunção endotelial. A lesão endotelial no choque séptico desempenha um papel crucial na ativação da coagulação. O endotélio, que é a camada interna dos vasos sanguíneos, é danificado devido à inflamação e à liberação de mediadores químicos como citocinas, que resultam de uma infecção sistêmica. Esse dano endotelial ativa a cascata de coagulação, facilitando a formação de coágulos. Ao mesmo tempo, a inflamação também gera uma ativação excessiva das plaquetas e dos fatores de coagulação, o que aumenta ainda mais a formação de coágulos. Esses coágulos podem obstruir a circulação, levando à isquemia e ao mau funcionamento de órgãos. Além disso, os fatores anticoagulantes endógenos ficam 6 comprometidos, e o sistema fibrinolítico (que normalmente dissolve os coágulos) também pode não funcionar adequadamente, favorecendo a persistência da coagulação. Isso resulta em uma combinação de microtrombose e, eventualmente, hemorragias, uma vez que o consumo de plaquetas e fatores de coagulação pode esgotar os recursos do corpo. Quadro 2. Tríade de Virchow: Fatores de Risco para Formação de Trombos e Coagulação Intravascular Disseminada (CID) Fator Descrição Exemplo/Aplicação Lesão Endotelial Dano à camada interna dos vasos sanguíneos, ativando o sistema de coagulação e favorecendo a adesão de plaquetas e formação de trombos. Choque séptico, inflamação sistêmica, infecção, trauma, presença de substâncias químicas. Estase Sanguínea Lentificação ou interrupção do fluxo sanguíneo, favorecendo a agregação das plaquetas e a formação de trombos devido à estagnação do sangue. Imobilidade prolongada, insuficiência cardíaca, distúrbios vasculares, pós- cirúrgico. Hipercoagulabilidade Tendência aumentada à formação de coágulos, associada a condições patológicas, genéticas ou outras causas que aumentam a coagulação sanguínea. Mutação do fator V de Leiden, doenças autoimunes, uso de contraceptivos orais, choque séptico. Fonte: Adaptado Rothwell (2005). Esses três fatores, quando combinados, podem aumentar significativamente o risco de formação de trombos, levando a complicações como trombose venosa profunda, embolia pulmonar e, em casos graves como o choque séptico, à coagulação intravascular disseminada (CID). CONCLUSÕES O caso clínico de Rose evidencia a complexidade das complicações associadas ao choque séptico, como a síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), a anasarca e a coagulação intravascular disseminada (CID). A inter-relação entre os mecanismos fisiopatológicos desses distúrbios ressalta a importância de uma abordagem clínica integral e precoce, buscando prevenir a progressão de falências orgânicas múltiplas. A SARA, caracterizada pelo acúmulo de líquido nos pulmões devido à inflamação, exige ventilação mecânica para a manutenção da oxigenação. A anasarca, por sua vez, ocorre devido à disfunção endotelial e ao sistema compensatório renina-angiotensina-aldosterona, que leva à retenção de líquidos e ao acúmulo nos tecidos. 7 Esse quadro destaca a necessidade de uma vigilância contínua e intervenções rápidas, incluindo o controle da infecção, manejo hemodinâmico e ventilatório, além de medidas específicas para o tratamento da CIVD. Como profissionais da saúde, é fundamental compreender os mecanismos envolvidos nessas condições para garantir que ações rápidas e eficazes sejam tomadas, minimizando o risco de complicações fatais. O tratamento adequado da sepse e das complicações associadas, como a SARA e a CID, requer um trabalho colaborativo entre a equipe médica, de enfermagem e outros profissionais de saúde. Isso é fundamental para o sucesso no manejo de pacientes críticos, como exemplificado no caso de Rose. Portanto, a educação contínua sobre esses temas, juntamente com a aplicação de protocolos clínicos baseados em evidências, é crucial para melhorar os desfechos dos pacientes em situações de risco tão elevados. REFERÊNCIAS BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho2.pdf.Acesso em: 4 mar. 2025. MSD MANUAL. Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA). Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/distúrbios-pulmonares-e-das-vias- respiratórias/falência-respiratória-e-síndrome-da-angústia-respiratória-aguda/síndrome-da- angústia-respiratória-aguda-sara. Acesso em: 4 mar. 2025. ROTHWELL, P. M., & WARLOW, C. P. A glossary of terms used in clinical neurovascular disease. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 76(6), 805-813.2005; https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho2.pdf https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/fal%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-e-s%C3%ADndrome-da-ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-aguda/s%C3%ADndrome-da-ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-aguda-sara https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/fal%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-e-s%C3%ADndrome-da-ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-aguda/s%C3%ADndrome-da-ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-aguda-sara https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/fal%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-e-s%C3%ADndrome-da-ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-aguda/s%C3%ADndrome-da-ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-aguda-sara