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concurso de crimes

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CONCURSO DE CRIMES
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
 Multas no concurso de crimes
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. 
Assim como temos a possibilidade de várias pessoas concorrerem para um único crime, caso em que teremos o concurso de pessoas, também pode ser que uma pessoa pratique dois ou mais crimes, caso em que teremos o concurso de crimes. Quando uma ou mais pessoas praticam dois ou mais crimes, este concurso de crimes (concursus delictorum) pode ser de três espécies: concurso material, concurso formal ou crime continuado. O Código Penal trata das espécies de concurso de crimes nos arts. 69 a 71.
O concurso de crimes acaba tendo por conseqüência um concurso de penas. Quando se analisa as modalidades de concurso de crimes, vários sistemas tratam da aplicação das penas resultantes destes crimes:
1 – Cúmulo material – Trata da aplicação das penas resultantes dos vários crimes cometidos, de forma aritmética, recomendando a soma das penas que incidem para os crimes cometidos, o que pode acabar por resultar em pena desproporcional às infrações penais praticadas, pois ainda que várias, podem se tratar de crimes dotados de pouca gravidade.
Foi adotada inicialmente pelo Direito Romano, tendo sido observada ainda pelo Direito germânico e canônico, tendo sido o primeiro dos demais sistemas surgidos posteriormente, que vieram para mitigar os rigores do cúmulo material.
2 – Cúmulo jurídico – Tal sistema preceitua que a pena a ser aplicada deve ser maior que a pena prevista para cada um dos delitos, mas sem chegar a representar a soma de todas as penas.
3 – Absorção – Preceitua que a pena do delito mais grave absorva a pena do delito menos grave. Por esta teoria, estaria consagrada a impunidade dos crimes menos gravosos.
4 – Exasperação – Preceitua que a pena a ser aplicada seja a pena mais grave, aumentada em virtude da prática de uma pluralidade de crimes.
No estudo das diversas modalidades de concurso de crimes e suas conseqüências quanto à aplicação da pena, podemos perceber que nosso Código Penal adota dois sistemas: o do cúmulo material e da exasperação.
Breve análise histórica
As diversas modalidades de concurso de crimes não surgiram simultaneamente no ordenamento jurídico brasileiro. O concurso material teve previsão no Código Criminal do Império, no art. 61:
“Art. 61. Quando o réo fôr convencido de mais de um delicto, impor-se-hão as penas estabelecidas nas leis para cada um delles; e soffrerá as corporaes umas depois das outras, principiando, e seguindo da maior para a menor, com attenção ao gráo de intensidade, e não tempo de duração.
Exceptua-se o caso de ter incorrido na pena de morte, no qual nenhuma outra pena corporal se lhe imporá, pondendo sómente annexar-se àquella a pena de multa.”
O Decreto 847 (Código Penal de 1890) trouxe a previsão do concurso formal e do material, e ainda trouxe de forma pouco clara um início de previsão acerca da continuidade delitiva, cuja previsão foi aperfeiçoada por meio de alteração em 1923:
“Art. 66. Na applicação das penas serão observadas as seguintes regras: 
§ 1º Quando o criminoso for convencido de mais de um crime impor-se-lhe-hão as penas estabelecidas para cada um delles. 
§ 2º Quando o criminoso tiver de ser punido por mais de um crime da mesma natureza, commettidos em tempo e logar differentes, contra a mesma ou diversa pessoa, impor-se-lhe-ha no gráo Maximo a pena de um só dos crimes, com augmento da 6ª parte. (texto sem alteração�)
§ 3º Quando o criminoso pelo mesmo facto e com uma só intenção, tiver commettido mais de um crime, impor-se-lhe-ha no gráo maximo a pena mais grave me que houver incorrido. 
§ 4º Si a somma accumulada das penas restrictivas da liberdade a que o criminoso for condemnado exceder de 30 annos, se haverão todas as penas por cumpridas logo que seja completado esse prazo.”
Ainda no Direito Penal Brasileiro, o concurso de crimes sofreu alteração em 1984, quando da reforma da Parte Geral do Código Penal.
A origem na modalidade de continuidade delitiva é apontada pela doutrina como forma de afastar a pena de morte pelo terceiro furto. Em artigo denominado “Notas sobre o crime continuado”�, o Juiz Federal Ivan Lira muito bem aponta a ampla abordagem doutrinária acerca da origem do crime continuado:
CEZAR ROBERTO BITTENCOURT registra que o crime continuado “deve a sua formulação aos glosadores (1100 a 1250) e pós-glosadores (1250 a 1450) teve as suas bases lançadas efetivamente no século XIV, com a finalidade de permitir que os autores do terceiro furto pudessem escapar da pena de morte. Os principais pós-glosadores, Jacob de Belvisio, seu discípulo Bartolo de Sassoferrato e o discípulo deste, Baldo Ubaldis, bem lançaram as bases político-criminais do novo instituto que, posteriormente, foi sistematizado pelos práticos italianos dos séculos XVI e XVII.”�. LUIZ VICENTE CERNICCHIARO esclarece um pouco mais: “O instituto surgiu, como se sabe, pelo trabalho pretoriano de Farinaccio e Bartolo, na Idade Média, para impedir a aplicação da pena de morte a autor reincidente de furto de pequeno valor.”�. MAGALHÃES NORONHA faz o registro: “Sua criação é geralmente atribuída aos práticos; porém, alguns autores, como MASSIMO PUNZO, citam fragmentos de Glosadores e Pós-Glosadores, onde se depara a origem da figura em questão. Reconhece, entretanto, ainda o mesmo jurista que os práticos do 500 e do 600 lhe deram maior relevo, ‘diante da severidade das penas, especialmente para o furto’. Razão, assim, não falta de todo ao insigne CARRARA quando escreve que o crime continuado ‘deve sua origem à benignidade dos Práticos, os quais, com seus estudos, tentaram evitar a pena de morte cominada ao terceiro furto’. Foi, porém, o Código toscano que com mais precisão delineou os contornos da figura, tornando-se modelo das legislações que o seguiram.”�. EDMUNDO OLIVEIRA tambémcontribui para a demarcação histórica do crime continuado: “Este instituto é uma construção dos práticos medievais. No início da era moderna, o jurista italiano Prospero Farinácio (famoso defensor da romana Beatriz Cenci, celebrada em peça de Gonçalves Dias) sistematizou o regime do crime continuado. Tratando de furto, sustentou que há um só crime, e que não vários, quando alguém subtrai do mesmo lugar, em tempos diversos, mas continuados e sucessivos, uma ou mais coisas (quando quis es uno loco, temporetamen diverso, sed continuato et sucessivo, unam rem sive plures furatur). No início do século XIX, Anselmo von Feuerbach, notabilizado por haver abolido a tortura na Baviera, introduziu no Código bávaro figura do crime continuado. Em 1853, o Código da Toscana deu ao crime continuado a formulação daí por diante adotada com ligeiras variações, nos códigos modernos.”�. Basicamente as mesmas informações estão na obra de HELENO CLÁUDIO FRAGOSO: “Em Farinaccio encontramos a idéia de que o furto deveria reputar-se único se várias ações fossem praticadas, em diversos lugares, na mesma noite. Aparece a noção de crime continuado no Código Bávaro de 1813 (art. 110) e no Código Toscano (art. 80), passando à legislação e à jurisprudência dos tempos modernos com diversos critérios.”
Posicionamento do estudo do concurso de crimes
Parte da doutrina estuda o assunto ligado à teoria da pena, em virtude de sua posição topográfica no Código Penal, tendo em vista que suas modalidades se encontram previstas dentro do Título V (Das penas), em seu Capítulo III (da aplicação das penas). No entanto, não é esse o entendimento majoritário. Consoante Rogério Greco, Bettiol, Ada Pellegrini Grinover, Antonio Scarance Fernandes e Antonio M. Gomes Filho�, o assunto deve ser tratado de forma intimamente ligada à teoria geral da lei penal e do crime, tendo em vista que o aumento de pena derivado do concurso de crimes apenas incide após a fixação da pena para cada crime.
1 - Concurso Material ou real de crimes – art. 69
	Trata-se de modalidade sucessiva de prática de crimes. Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão (pluralidade de condutas) pratica dois ou mais crimes (pluralidade de crimes). São esses seus requisitos. Os crimes podem ser idênticos ou não. Se idênticos, o concurso é homogêneo. Se diversos, é heterogêneo. Ressalte-se que o concurso material continua sendo homogêneo, ainda que as formas de prática do mesmo crime sejam distintas (forma simples, privilegiada ou qualificada).
Adota-se o sistema do cúmulo material, que é a consequência trazida pela existência do concurso material. As penas dos dois ou mais crimes são somadas. Muito embora uma leitura rápida do caput e do parágrafo primeiro do art. 69 pareçam vedar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, basta a análise do parágrafo segundo para percebermos que a substituição é possível. Só não será cabível a substituição, consoante o parágrafo primeiro, quando a pena privativa de liberdade por um dos crimes não for suspensa. Quando houver a substituição de todas as penas privativas de liberdade, as restritivas de direito, que são as penas substitutivas, poderão ser cumpridas de forma cumulativa caso sejam compatíveis, ou ainda de forma sucessiva caso sejam incompatíveis.
Questão controvertida se apresenta na análise da possibilidade de existência ou não de vários processos em um único concurso material de crimes, ainda que entre eles não exista uma relação de contexto ou uma conexão ou continência. Poderíamos falar em concurso material no caso de vários crimes praticados pelo mesmo agente, mas julgados em processos distintos e sem qualquer ligação entre suas práticas? Cabe analisar se soma e unificação de penas seriam sinônimos.
Concordamos com Rogéri Greco�, quando sustenta que:
“Estamos falando em soma e unificação como se fosse institutos distintos, e realmente o são. Se não o fossem, a lei não teria necessidade de mencionar as duas hipóteses, como o faz na alínea a, do inciso III do art. 66 da Lei de Execução Penal, que diz competir ao juiz da execução decidir sobre a soma ou a unificação das penas. Soma é a simples operação matemática que tem por finalidade reunir, adicionar, a fim de se chegar a um resultado final de todas as penas aplicadas ao condenado; a unificação, embora não deixe de ser uma soma, destina-se a afastar do total das penas aplicadas ao condenado o tempo que supere o limite de trinta anos para cumprimento da pena determinado pelo art. 75 do Código Penal”
Tal posicionamento, no entanto, é minoritário. Para a doutrina majoritária, haverá concurso material ainda quando determinados delitos forem julgados após a condenação por delitos anteriores. Ou seja, caberia ao juiz da execução, posteriormente, aplicar o concurso material, que ainda assim, sem necessidade de conexão, continuaria existindo.
Na lição de Bitencourt�:
“ A pluralidade delitiva decorrente do concurso material poderá ser objeto de vários processos, que gerarão várias sentenças. Constatada a conexão entre os crimes praticados, serão observados os preceitos do art. 76 do CPP.”
Fernando Capez cita apenas a vinculação pela identidade do agente�.
	2 - Concurso Formal ou ideal de crimes (concursus formalis) – art. 70
	Distingue-se do material porque aqui há uma única conduta e com ela o agente pratica vários crimes idênticos ou não. Trata-se de prática simultânea de crimes. O concurso formal será homogêneo se os crimes forem idênticos ou heterogêneo se distintos. 
Na análise de casos concretos, sempre devemos atentar para a distinção entre condutas e atos. Vejamos que o art. 70 apenas exige uma unidade de condutas, mas a conduta única pode se dividir em vários atos. Quando um sujeito aponta uma arma em direção a alguém e desfere cinco tiros, não teremos cinco condutas, mas tão somente uma conduta dividida em vários atos. Se um desses tiros acabar por atingir terceiro, é plenamente possível a utilização do concurso formal, pois a conduta foi a única, muito embora dividida em vários atos. José Frederico Marques� aponta o exemplo de um sujeito que subtraia várias jóias em um mesmo momento, mas vai carregando parte das jóias até onde se encontra a mala, haveria conduta única praticada em vários atos. Com base nesta divisão, é que a jurisprudência vem considerando o roubo a ônibus como hipótese de concurso formal, entendendo que a conduta é única, sendo a subtração de pertences dos diversos passageiros mera divisão da conduta principal em atos diversos:
STJ:
	Processo
	HC 24332 / RJ
HABEAS CORPUS
2002/0114129-7 
	Relator(a)
	Ministro FELIX FISCHER (1109) 
	Órgão Julgador
	T5 - QUINTA TURMA
	Data do Julgamento
	06/05/2003
	Data da Publicação/Fonte
	DJ 23/06/2003 p. 399 
	Ementa 
	PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO. CRIME
ÚNICO. INOCORRÊNCIA. MAJORAÇÃO DA REPRIMENDA. FUNDAMENTAÇÃO.
PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL.
I – Tendo sido o crime praticado contra seis vítimas que estavam em
dois coletivos, não há que se falar em crime único com pluralidade
de vítimas, mas sim em duas condutas (praticadas em cada ônibus) que
se desdobraram em vários crimes (concurso formal).
II – Restou devidamente fundamenta a majoração da pena-base do
delito acima do patamar mínimo estatuído no art. 157, § 2º, do CP.
Inviável, portanto, a pretendida redução de pena.
Writ denegado.
O concurso formal se divide em próprio(perfeito) e impróprio(imperfeito). No concurso formal próprio, deve ser aplicado o sistema da exasperação – art. 70, 1ª. parte. Aplica-se uma só das penas (qualquer uma delas se idênticas ou a mais grave se diversas) aumentada de um sexto até a metade. O legislador aqui foi mais brando porque a vontade do agente não foi a de realizar vários resultados. O que justifica o tratamento mais brando que no concurso material é a unidade de desígnio, ou seja, de querer realizar um só resultado e não vários.O abrandamento não ocorre em razão do agente atuar com apenas uma conduta, mas sim em relação ao aspecto subjetivo, tanto que quando existirem desígnios autônomos, o sistema a ser aplicado será do cúmulo material (2ª. Parte do art. 70). Afirma-se a existência de concurso formal próprio quando os dois crimes ocorrem a título de culpa. ex.: no trânsito atropela e mata duas pessoas, mas também quando o primeiro crime decorre de dolo e o segundo de culpa, como ocorre no aberratio ictus ou aberratio criminis com duplo resultado (arts. 73 e 74 do CP):
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
 Resultado diverso do pretendido
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Se o agente tiver desígnios (vontade/desejo/ fim almejado/ objetivo) autônomos, ou seja, atuar com dolo em cada um dos crimes querendo praticar vários resultados, o concurso será o impróprio/imperfeito e o sistema a ser adotado será o do cúmulo material – art. 70, 2ª. parte. Neste caso, a conduta do sujeito é dolosa e embora se trate de uma única conduta dolosa, ele tem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados que será alcançado, ele quer cada um dos resultados. É o que ocorre quando o sujeito lança uma granada para matar cinco pessoas.
Nesta ótica, por que é aplicada a regra de exasperação pela jurisprudência, nos casos de assalto a coletivos, conforme vimos acima? Tecnicamente esse não seria o entendimento que estaria de acordo com o que dispõe a segunda parte do art. 70. Ocorre que por questões de política criminal, a jurisprudência aplica o sistema da exasperação, afirmando que o dolo do agente é de assaltar o ônibus e não de assaltar várias pessoas, portanto, não haveria desígnio autônomo. Entende-se que há única conduta com vários atos – ressalte-se que só podemos falar em unidade de conduta a ensejar a existência de concurso formal quando o agente anuncia o assalto para todos. Se o agente senta ao lado de um passageiro e rouba-o, depois senta do lado de outro e assim vai agindo, pratica crime continuado (desde que preenchidos todos os requisitos do art. 71) e não concurso formal, que exige unidade de conduta.
Quanto à natureza jurídica do concurso formal, Fontán Balestra, adotando a teoria da unidade de delito, aponta a existência de duas teorias que disputam seu tratamento:
A teoria da unidade de delito preconiza que mesmo diantes da lesão de várias leis penais, haveria um só delito. Em sua visão, a nomenclatura concurso ideal já denotaria a inexistência de uma verdadeira pluralidade de crimes.
A teoria da pluralidade afirmaria a existência de vários delitos, tendo em conta a pluralidade de tipos penais violados.
É importante destacar que o concurso formal é uma regra criada em benefício do agente, não podendo ser aplicada para prejudicá-lo. Imaginemos o caso em que um sujeito dolosamene atira em outro para matar. Conseguindo atingir seu objetivo, acaba, no entanto, por atingir culposamente também uma terceira pessoa, causando-lhe lesões corporais. O sujeito que atirou deverá responder pelo crime de homicídio doloso e por lesão coporal culposa em concurso formal. Ocorre que a regra da exasperação seria maléfica, pois aplicada a pena mais grave (homicídio) , aumentada de 1/6 (aumento mínimo determinado pelo art. 70), ainda assim a pena ficaria mais alta do que a soma da pena do homicídio com a pena da lesão coporal culposa (art. 129, par. 6º, CP). Desta forma, para exemplos como esse, determina o parágrafo único do art. 70 que seja utilizado o cúmulo material benéfico.
O percentual de aumento estabelecido no caput do art. 70 deve variar de acordo com o número de infrações penais praticadas. Muito embora seja necessário um critério de razoabilidade e proporcionalidade, somos contrários à aplicação de critérios exatos para essa variação.
Fernando Capez, no entanto, aponta em sua obra, uma indicação de como pode ser feita a aplicação do aumento de pena decorrente do concurso formal, conforme podemos verificar na tabela abaixo:
	Número de crimes
	Percentual de aumento
	2
	1/6 
	3
	1/5 
	4
	¼
	5
	1/3 
	6 ou mais
	½ 
Ressalte-se que o acréscimo deve ser motivado pelo juiz.
		3 - Crime continuado – art. 71 CP
O crime continuado é a modalidade de concurso de crimes que apresenta maior complexidade, tendo em vista as várias peculiaridades exigidas pelo tipo penal, uma vez que só haverá crime continuado se preenchidos, de forma cumulativa, os requisitos do art 71: devem os crimes serem da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, de forma a serem havidos como continuação do primeiro.
Como vimos anteriormente, a origem histórica do crime continuado apresenta uma medida de política criminal, sistematizada principalmente pelos práticos italianos dos séculos XVI e XVII. A criação do instituto é apontada como tendo sido feita pelos glosadores� (1100 a 1250) e pós glosadores (1250 a 1450), com a finalidade de evitar a solução draconiana de pena de morte aos autores do terceiro furto (ainda que de pequeno valor), dentro de uma política derivada do favor rei.
É controvertida a natureza jurídica do crime continuado, discutindo-se se o instituto daria origem a um único crime ou a diversos crimes. Bitencourt� aponta o art. 81 do Código Rocco italiano como origem de tal controvérsia. O artigo dispunha que : “Em tal caso as diversas violações consideram-se como um só crime”. Várias teorias surgiram para dicutir o assunto:
Teoria da unidade real, pela qual as várias condutas caracterizariam a prática efetiva de um único crime, pois traduziriam uma unidade de intenção, que se reflete na unidade de lesão.
Teoria da ficção jurídica - A unidade delitiva (crime continuado) seria apenas uma criação da lei. Carrara sustentava que se efetivamente se tratasse de crime único, a pena não poderia ser aumentada. Manzini� afirma que a ficção jurídica resulta de uma transação entre a coerência lógica, a utilidade e a equidade. 
Teoria da unidade jurídica ou mista – a continuidade delitiva cria uma figura própria, um terceiro crime chamado de crime de concurso, constituindo uma realidade jurídica e não uma ficção.
A doutrina aponta a adoção da teoria da ficção jurídica pelo nosso Código Penal.
Recentemente, o STJ, ao julgar a possibilidade de protesto por novo Júri (anteriormente à reforma do CPP), assim decidiu:
	
	Informativo nº 0385
Período: 2 a 6 de março de 2009. 
Sexta Turma
CRIME CONTINUADO. NOVO JÚRI.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu a ordem para a conversão do recurso de apelação em protesto por novo júri (art. 607 do CPP), após o reconhecimento da continuidade delitiva pelo Tribunal a quo. Na hipótese, o julgamento ocorreu anteriormente à edição da Lei n. 11.689/2008, a qual extinguiu o protesto por novo júri. Observou o Min. Relator que, atendidos os requisitos objetivos de a pena ser igual ou superior a vinte anos e configurado o crime continuado, que é considerado crime único, é cabível o protesto por novo júri. Não é admissível o protesto por novo júri quando a sanção penal, mesmo equivalente a vinte anos de prisão, for resultado de concurso material das somas de diversas penas de delitos praticados. Precedentes citados: HC 27.822-RJ, DJ 29/9/2003, e REsp 158.046-DF, DJ 11/5/1998. HC 58.317-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 5/3/2009. 
Teoriasacerca dos requisitos do crime continuado
Três teorias disputam o tratamento acerca da exigência ou não de elemento subjetivo para a caracterização do crime continuado. Para a teoria objetiva, apenas devem estar presentes os elementos objetivos traçados pelo art. 71. Para a teoria subjetiva, o que vale é a unidade de desígnio (relação de contexto), enquanto para a teoria objetiva-subjetiva, é necessária a presença conjunta de todos os elementos objetivos, assim como do elemento subjetivo consubstanciado pela unidade de desígnio.
A exposição de motivos, de forma um pouco confusa, adota em seu item 59 a teoria objetiva:
“O critério da teoria puramente objetiva não revelou na prática maiores inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva. O Projeto optou pelo critério que mais adequadamente se opõe ao crescimento da criminalidade profissional, organizada e violenta, cujas ações se repetem contra vítimas diferentes, em condições de tempo, lugar, modos de execução e circunstâncias outras, marcadas por evidente semelhança. Estender-lhe o conceito de crime continuado importa em beneficiá-la,pois o delinqüente profissional tornar-se-ia passível de tratamento penal menos grave que o dispensado a criminosos ocasionais.De resto, com a extinção, no Projeto, da medida de segurança para o imputável,Urge reforçar o sistema destinando penas mais longas aos que estariam sujeitos à imposição de medida de segurança detentiva e que serão beneficiados pela abolição da medida. A Política Criminal atua, neste passo, em sentido inverso, a fim de evitar a libertação prematura de determinadas categorias de agentes, dotados de acentuada periculosidade.”
A doutrina moderna indica que a última teoria é a mais coerente, de forma que não se confunda o criminoso de ocasião com o criminoso contumaz. O criminoso contumaz age com habitualidade na prática delitiva, o que é mais grave do que a idéia de continuidade do art. 71, que só deve ser utilizada quando houver uma unidade de desígnio, um conjunto de crimes que partem do mesmo planejamento inicial, da mesma situação primitiva, aproveitando-se a mesma oportunidade, agindo com dolo total, devendo os atos estarem entrelaçados. Desta forma, entendemos que além dos elementos objetivos do art. 71 do CP, deve ser levado em conta o elemento subjetivo.
Concordamos com Rogério Greco�, quando afirma que:
“Acreditamos que a última teoria – objetivo-subjetiva – é a mais coerente com o nosso sistema penal (...) A expressão contida no art. 71 do Código Penal – devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro – mais do que nos permitir, nos obriga a chegar a essa conclusão.”
No mesmo sentido são os julgamentos de nossos tribunais superiores:
STF - RHC 93144 / SP - SÃO PAULO
�� HTMLCONTROL Forms.HTML:Hidden.1 RECURSO EM HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. MENEZES DIREITO
Julgamento:  18/03/2008           Órgão Julgador:  Primeira Turma
Publicação 
DJe-083 DIVULG 08-05-2008 PUBLIC 09-05-2008
EMENT VOL-02318-02 PP-00384
Parte(s) 
RECTE.(S): EVALDO JOSÉ DE LIMA
ADV.(A/S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
RECDO.(A/S): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Ementa 
EMENTA Recurso ordinário em habeas corpus. Delitos de roubo. Unificação das penas sob a alegação de continuidade delitiva. Não-ocorrência das condições objetivas e subjetivas. Impossibilidade de revolvimento do conjunto probatório para esse fim. Recurso desprovido. Precedentes. 1. Para configurar o crime continuado, na linha adotada pelo Direito Penal brasileiro, é imperioso que o agente: a) pratique mais de uma ação ou omissão; b) que as referidas ações ou omissões sejam previstas como crime; c) que os crimes sejam da mesma espécie; d) que as condições do crime (tempo, lugar, modo de execução e outras similares) indiquem que as ações ou omissões subseqüentes efetivamente constituem o prosseguimento da primeira. 2. É assente na doutrina e na jurisprudência que não basta que haja similitude entre as condições objetivas (tempo, lugar, modo de execução e outras similares). É necessário que entre essas condições haja uma ligação, um liame, de tal modo a evidenciar-se, de plano, terem sido os crimes subseqüentes continuação do primeiro. 3. O entendimento desta Corte é no sentido de que a reiteração criminosa indicadora de delinqüência habitual ou profissional é suficiente para descaracterizar o crime continuado. 4. Incensurável o acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, ora questionado, pois não se constata, de plano, ocorrerem as circunstâncias configuradoras da continuidade delitiva, não sendo possível o revolvimento do conjunto probatório para esse fim. 5. Recurso desprovido.
Passemos a analisar os requisitos objetivos do crime continuado:
- Crimes da mesma espécie
Existe grande controvérsis no que tange ao significado da expressão “crimes da mesma espécie”. O STF, na esteira do ensinamento de Fragoso, vem entendendo que para reconhecimento da continuidade delitiva, os crimes devem estar previstos no mesmo tipo penal, muito embora exista uma decisão desta corte em sentido contrário:
INFORMATIVO Nº 457
TÍTULO
Estupro e Atentado Violento ao Pudor: Crime Continuado
PROCESSO
HC - 89827
ARTIGO
Em face de empate na votação, a Turma deferiu habeas corpus impetrado em favor de condenado pela prática dos crimes de estupro e de atentado violento ao pudor para determinar a unificação das penas pelo reconhecimento de crime continuado. Entendeu-se que a circunstância de esses delitos não possuírem tipificação idêntica não seria suficiente a afastar a continuidade delitiva, uma vez que ambos são crimes contra a liberdade sexual e, no caso, foram praticados no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima. Vencidos, no ponto, os Ministros Carlos Britto, relator, e Cármen Lúcia que aplicavam a orientação da Corte, no sentido de que o estupro e o atentado violento ao pudor, ainda que praticados contra a mesma vítima, caracterizam hipótese de concurso material. Por unanimidade, deferiu-se o writ para afastar o óbice legal do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, declarado inconstitucional, de modo a que o juiz das execuções analise os demais requisitos da progressão do regime de execução. Rejeitou-se, ainda, a alegação de intempestividade do recurso especial do Ministério Público, ao fundamento de que, consoante assentado pela jurisprudência do STF, as férias forenses suspendem a contagem dos prazos recursais, a teor do art. 66 da LOMAN. HC 89827/SP, rel. Min. Carlos Britto, 27.2.2007. (HC-89827) 
HC 91370 / SP - SÃO PAULO
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Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE
Julgamento:  20/05/2008           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação 
DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008
EMENT VOL-02324-03 PP-00586
Parte(s) 
PACTE.(S): ERIK FRANCISCO CARDENAS DE OLIVEIRA OU ERIK FRANCISCO
 CARDENA DE OLIVEIRA OU ERIK FRANCISCO CARDENOS DE OLIVEIRA
IMPTE.(S): EDUARDO NUNES DE ARAÚJO
COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa 
DIREITO PENAL. CRIMES DE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. MESMA VÍTIMA. CONCURSO MATERIAL (E NÃO CRIME CONTINUADO). 1. O Direito Penal brasileiro encampou a teoria da ficção jurídica para justificar a natureza do crime continuado (art. 71, do Código Penal). Por força de uma ficção criada por lei, justificada em virtude de razões de política criminal, a norma legal permite a atenuação da pena criminal, ao considerar que as várias ações praticadas pelo sujeito ativo são reunidas e consideradas fictamente como delito único. 2. "Não há falar em continuidade delitiva dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor" (HC nº 70.427/RJ, Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 24-9-1993), ainda que "perpetrados contra a mesma vítima" (HC nº 688.77/RJ, Relator Ministro Ilmar Galvão, 1ª Turma, DJ 21-2-1992). 3. A hipótese dos autos demonstra que, em relação às duas vítimas, os crimes de atentado violento ao pudor não foram perpetradoscomo "prelúdio do coito" ou meio para a consumação do crime de estupro, havendo completa autonomia entre as condutas praticadas. 4. Tal solução não ofende as diretrizes da política criminal voltadas ao cumprimento dos objetivos expressos na Constituição da República, acentuando a própria circunstância da hediondez das condutas havidas pelo paciente por ocasião dos fatos referidos na ação penal a que respondeu, que vitimaram duas mulheres. 5. Ordem de habeas corpus denegada.
- Mesmas condições de tempo
Não se pode estabelecer de forma categórica qual é o período exato em que se admite o intervalo, a conexão temporal entre um e outro crime da cadeia delitiva. Em média, a doutrina aponta o espaço médio de até trinta dias entre um crime e outro. Recentemente, o STF admitiu a continuidade delitiva com o lapso temporal de três meses entre um crime e outro. A análise deve ser feita cauísticamente, de forma a se aferir a conexão temporal em conjunto com os demais requisitos do art. 71, o que vai permitir que o julgador verifique se efetivamente havia uma ligação temporal entre um e outro crime. Se rompida tal conexão, inexiste crime continuado, incidindo a regra do concurso material de crimes.
Informativo 456 
Sonegação Fiscal: Crime Continuado e Intervalo Temporal - 2
PROCESSO
HC - 89573
ARTIGO
Inicialmente, ressaltou-se que o crime continuado não se amolda às hipóteses de prorrogação de competência, seja pela conexão (CPP, art. 76), seja pela continência (CPP, art. 77), ocorrendo, isto sim, distribuição por prevenção. Assim, reputou-se necessário para o deslinde da questão saber se, na espécie, configurar-se-ia crime continuado para, caso afirmativo, remeterem-se as ações para o juízo prevento; ou, caso negativo, analisar-se o tema residual da prorrogação da competência pela continência ou conexão entre os crimes. Tendo em conta que uma das denúncias admitira intervalo de até 3 meses entre as condutas (meses de julho e outubro de 1998), considerou-se razoável aceitar-se, sem desfigurar a continuidade delitiva, esse prazo como o máximo a ser considerado como parâmetro para todas as ações, sem prejuízo da escolha de critério mais favorável pelas instâncias de mérito. Em conseqüência, deferiu-se o writ, nesta parte, para que o paciente passe a responder a 3 acusações (meses de julho e outubro de 1998; março a maio de 1999; novembro de 1999, janeiro de 2000 a outubro de 2001 e dezembro de 2001). Concluiu-se que o parcial reconhecimento da continuidade delitiva não alteraria a distribuição da primeira ação penal, devendo esta permanecer em vara distinta, na qual se encontra. Em seguida, procedeu-se ao exame da questão residual relativa à eventual conexão ou continência desse processo com os demais. Entendeu-se incabível a continência, pois inexistente concurso de agentes, concurso formal ou erro na execução a ele assimilável, bem como se afastou a possibilidade de conexão, haja vista sequer haver sido suscitada pela impetração, salvo como decorrência da continuidade delitiva. Vencido, parcialmente, o Min. Marco Aurélio que deferia o writ em maior extensão para que o processo tivesse curso em juízo único, ao fundamento de que, na hipótese, o critério temporal fixado pela jurisprudência não deveria prevalecer. Por fim, estendeu-se a ordem ao co-réu. HC 89573/PE, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 13.2.2007. (HC-89573) 
- mesmas condições de lugar
A doutrina aponta, em regra, a possibilidade de reconhecimento da continuidade delitiva a crimes praticados dentro de uma mesma região metropolitana. Ressalte-se, no entanto, que a análise deve ser casuística na conexão espacial, assim como defendemos essa mesma casuística acima, na conexão temporal. Deve-se levar em conta a relação de contexto entre os fatos praticados, não havendo impedimento, por exemplo, de reconhecimento da continuidade delitiva, se os fatos forem praticados dentro de uma relação de contexto, em cidades próximas, mas em Estados distintos.
- modus operandi
Trata-se da mesma forma de executar o crime. Podemos citar como exemplo o uso da fraude no furto, ou o emprego de chave falsa, o concurso de agentes no roubo, o emprego de arma, a motivação no crime de homicídio. É importante a identificação de que o agente se vale do mesmo contexto, ainda que haja um certo desvio em seu padrão de comportamento, comparando uma prática à outra. Mais uma vez sustentamos que a análise deve ser casuística.
Crime continuado simples e qualificado
O parágrafo único do art. 71 trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro a possibilidade que era vedada pela súmula 605 do STF, admitindo o reconhecimento de continuidade delitiva nos crimes que atingem bens personalíssimos, praticados com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
A doutrina majoritária sustenta que para o reconhecimento do crime continuado qualificado, é necessário o preenchimento cumulativo de todos os requisitos do art. 71, par. Único. No entanto, Bitencourt sustenta uma interpretação sistemática, no sentido de que caso a prática dos vários crimes não se dê contra vítimas diferentes, a hipótese será de crime continuado simples, ainda que existente a violência ou grave ameaça contra a pessoa.
Crime continuado e novatio legis in pejus
Análise da súmula 711 o STF
Dosagem da pena no crime continuado
Número de infrações penasi praticadas
Multa no concurso de crimes
Art. 72: as penas de multa nos concursos não sofrem a exasperação, ou seja, são aplicadas distinta e integralmente. Aplicação do sistema do cúmulo material mesmo nos crimes formais próprios.
Nas hipóteses de concurso formal perfeito e de continuidade delitiva, Rogério Greco aponta a controvérsia que envolve o art. 72. Não haveria aplicabilidade deste artigo para aqueles que entendem por uma unidade legal de infrações, apontando o comentário de Alberto Silva Franco.
Limite de cumprimento da pena de prisão
-Corolário constitucional da prisão perpétua
-Passaporte de impunidade de o novo crime se der no início do cumprimento da pena
 Jurisprudência atinente ao tema
“HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME CONTINUADO. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. ANALISE DE REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. EXAME APROFUNDADO DO CONJUNTO PROBATÓRIO. ORDEM DENEGADA. 1. Nosso ordenamento, adotando a teoria da ficção jurídica, optou pela unidade fictícia e resultante da lei, em detrimento à real e verdadeira. 2. Esta Corte vem aplicando a teoria objetiva-subjetiva, na qual a aplicação do "crime continuado" depende tanto dos elementos objetivos - condições de tempo, lugar, modo de execução etc -, como dos subjetivos - unidade de desígnios” – (STJ - HC 38016 / SP – 15-08-2005)
HC 89827 / SP - SÃO PAULO
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Relator(a):  Min. CARLOS BRITTO
Julgamento:  27/02/2007         
Órgão Julgador:  Primeira Turma 
Ementa 
EMENTA: HABEAS CORPUS. SUSPENSÃO DO PRAZO RECURSAL PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL. FÉRIAS FORENSES. RÉU PRESO. PRECEDENTES DESTA CORTE. CRIMES DE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR, PRATICADOS DE FORMA INDEPENDENTE. RECONHECIMENTO DE CONTINUIDADE DELITIVA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 2º DA LEI Nº 8.072/90, QUE VEDA A PROGRESSÃO DE REGIME NA EXECUÇÃO DAS PENAS DOS CONDENADOS POR CRIMES HEDIONDOS. PRECEDENTE PLENÁRIO. RECONHECIMENTO DA INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Esta Corte já assentou o entendimento de que as férias forenses suspendem a contagem dos prazos recursais, a teor do artigo 66 da LOMAN. O fato de o réu encontrar-se preso não altera tal entendimento, pois o aparato judiciário em funcionamento em tais períodos tem como escopo evitar abusos e ilegalidades irreparáveis. 2. A turma entendeu pelo reconhecimento de continuidade delitiva entre os delitos de estupro e atentado violento ao pudor, quando praticados de forma independente. Vencido, neste ponto, o Relator, que afirmava a configuração de concurso material. 3. Reconhecida a inconstitucionalidade do impedimento da progressãode regime na execução das penas pelo cometimento de crime hediondo, impõe-se a concessão da ordem para afastar a vedação que se impôs ao paciente. Ressalve-se que pretendida progressão dependerá do preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos que a lei prevê; tudo a ser aferido pelo Juízo da execução. Writ parcialmente deferido.
Decisão 
Por empate na votação, a Turma deferiu o habeas
corpus para determinar a unificação das penas pelo reconhecimento de crime continuado; vencidos, no ponto, o Ministro Carlos Britto, Relator, e a Ministra Cármen Lúcia. E, por unanimidade, deferiu o habeas corpus para afastar o óbice legal do art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90, declarada inconstitucional, de modo a que o juiz das execuções examine os demais requisitos da progressão do regime de
execução. Ausente, justificadamente, o Ministro Marco Aurélio. 1ª. Turma, 27.02.2007.
	2007.050.00085 - APELACAO CRIMINAL 
	DES. MARIA ZELIA PROCOPIO DA SILVA - Julgamento: 28/08/2007 - SEGUNDA CAMARA CRIMINAL 
APELAÇÃO - CRIMES DOS ARTIGOS 213 E 214, DO CÓDIGO PENAL - CONTINUIDADE DELITIVA - CONCURSO MATERIAL. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.Sendo o estupro e o atentado violento ao pudor crimes de espécies diversas, embora tenham o mesmo objeto jurídico, inviável a configuração da continuidade delitiva entre os mesmos.Quando praticados sucessivos atentados violentos ao pudor e sucessivos estupros, em condições de tempo, lugar e maneira de execução idênticas, reconhece-se a continuidade delitiva entre as diversas ocorrências de cada um e o concurso material entre as duas séries de delitos.Podendo o julgador optar pela redução da pena ou pela imposição de medida de segurança, quando semi-imputável o agente (cf. artigos 26, parágrafo único e 98, do Código Penal), somente deve decidir pela última, de prazo indeterminado, quando indicada por falta de discernimento ou agressividade que importe em periculosidade, e na certeza de que lhe será propiciado o tratamento adequado, face a precariedade dos estabelecimentos de custódia psiquiátrica, no nosso sistema.Contemplando a circunstância agravante do artigo 61, II, f, do Código Penal situação (prevalecendo-se de relações domésticas) que abrange a causa de aumento do artigo 226, II, do mesmo Código (padrasto) a observância de ambos, para a elevação da pena, importa em bis in idem, no caso. Recurso parcialmente provido.
PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO. CRIME ÚNICO. INOCORRÊNCIA. MAJORAÇÃO DA REPRIMENDA. FUNDAMENTAÇÃO.
PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL.
I – Tendo sido o crime praticado contra seis vítimas que estavam em dois coletivos, não há que se falar em crime único com pluralidade de vítimas, mas sim em duas condutas (praticadas em cada ônibus) que se desdobraram em vários crimes (concurso formal).
II – Restou devidamente fundamenta a majoração da pena-base do delito acima do patamar mínimo estatuído no art. 157, § 2º, do CP.
Inviável, portanto, a pretendida redução de pena.
Writ denegado. (STJ – HC 24332RJ – Min Felix Fischer – Quinta Turma – 06/05/2003)
PENAL. CRIMES HOMOGENEOS DE ROUBO. CONCURSO DE AGENTES COM DUAS VITIMAS. CONFIGURAÇÃO DE CONCURSO IDEAL, E NÃO CRIME UNICO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, COM O RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA MONOCRATICA.
I - OS TRES RECORRIDOS, COM ACERTO PREVIO E UNIDADE DE DESIGNIO, ASSALTARAM O MOTORISTA E O TROCADOR DE UM ONIBUS NO FINAL DA LINHA.
UTILIZARAM-SE ARMA DE FOGO. O JUIZ DE PRIMEIRO GRAU RECONHECEU O CONCURSO FORMAL, E AUMENTOU AS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE DE UM SEXTO. OS CONDENADOS APELARAM. O TJ DEU PROVIMENTO A APELAÇÃO, TIRANDO A MAJORANTE: TRATA-SE DE CRIME UNICO. INSATISFEITO, O MINISTERIO PUBLICO INTERPOS RECURSO ESPECIAL PELAS ALINEAS "A" E "C" DO AUTORIZATIVO CONSTITUCIONAL.
II - POUCO INTERESSA TENHA HAVIDO UM SO DESIGNIO DELITUOSO DOS TRES RECORRIDOS, COM UMA SO AÇÃO. NA VERDADE, DOIS FORAM OS CRIMES PRATICADOS. DAI SUBSUMIR-SE O FATO NO CAPUT DO ART. 70 DO CP: CONCURSO IDEAL.
III - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, COM O RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA MONOCRATICA. (STJ – RESP 54760/DF – Sexta Turma – 27/08/1996)
	2007.050.01203 - APELACAO CRIMINAL 
	DES. CAIRO ITALO FRANCA DAVID - Julgamento: 28/08/2007 - SEGUNDA CAMARA CRIMINAL 
Crime de roubo duplamente circunstanciado. Réus condenados a oito (08) anos, quatro (04) meses e vinte e quatro (24) dias de reclusão e cem (100) dias-multa. Ambos recorreram. Alegou o acusado: a) não foi considerada a atenuante da confissão espontânea; b) o crime permaneceu no âmbito da tentativa; c) houve uma exasperação exagerada da sanção, por conta das duas majorantes. A imputada fez os seguintes questionamentos: a) houve crime continuado; b) ocorreu tentativa; c) os acusados agiram em estado de necessidade; d) a apelante atuou sob o manto da excludente de culpabilidade inexigibilidade de conduta diversa, eis que coagida pelo companheiro; e) ela teve uma participação menor no delito, devendo receber uma punição mais branda. 1 - O apelante não confessou formalmente o delito, dizendo que teria agido em estado de necessidade. Ademais, a sanção foi fixada no seu patamar mínimo e uma atenuante genérica não possui o poder de reduzir a reprimenda abaixo desse limite. 2 - O crime permaneceu na forma tentada, uma vez que tão logo os réus desceram do coletivo, foram perseguidos pelos lesados, que não os perderam de vista até que a polícia os prendeu. Nota-se assim que não foram reunidos todos os elementos contidos na definição legal do crime de roubo. O iter foi quase totalmente percorrido e a redução da reprimenda deve ser de um terço (1/3). 3 - Em razão de duas majorantes a pena foi elevada em dois quintos (2/5), índice correto e adequado. 4 Não houve continuidade delitiva. Ocorreu, num único contexto, o roubo de diversas pessoas, configurando o concurso formal, corretamente reconhecido na Sentença. 5 - Não provaram os réus que teriam agido sob estado de necessidade, pelo contrário, dita justificante não teve qualquer dos seus requisitos demonstrados. 6 - Segundo se colhe dos depoimentos, a apelante, em momento algum, demonstrou que atuava sob coação, pelo contrário, ela é quem procurava ameaçar a qualquer lesado que não a atendesse prontamente. 7 - A sua atuação no crime foi evidente e marcante, não se podendo dizer que teria tido uma participação de somenos importância. 8 Recursos conhecidos e parcialmente providos, apenas no sentido de ser reconhecida a tentativa. Mantida a pena de multa face à proibição da reformatio in pejus. 
	2007.050.03550 - APELACAO CRIMINAL 
	DES. GILMAR AUGUSTO TEIXEIRA - Julgamento: 14/08/2007 - SETIMA CAMARA CRIMINAL 
APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. RECURSO DEFENSIVO PERSEGUIDOR DE RECONHECIMENTO DO CRIME ÚNICO. ATAQUE À DOSIMETRIA, SOB ALEGAÇÃO DE BIS IN IDEM QUANTO AO RECONHECIMENTO DOS MAUS ANTECEDENTES E A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA, BEM COMO AUSÊNCIA DE CERTIDÃO CARTORÁRIA PARA COMPROVAÇÃO DESTA. Constitui concurso formal próprio ou perfeito o ataque, mediante uma única conduta, a dois patrimônios distintos, onde o agente após ingressar em veículo de transporte alternativo e coletivo, mediante grave ameaça com emprego de arma de fogo, subtrai bens de duas pessoas distintas e sem qualquer laço parental ou conjugal. Não há sancionamento repetido no fato do magistrado considerar duas das condenações do apelante na fixação das penas básicas, considerando-as maus antecedentes, e, na segunda fase das doses sancionatórias, reconhecer a agravante da reincidência em razão da existência de outra condenação. Por fim, a folha de antecedentes criminais onde constam as condenações, com as datas do trânsito em julgado, agregado ao fato do próprio apelante ter confessado haver sido condenado a cumprir 18 anos de reclusão, já cumprindo 12 anos e contando com 35 anos de idade, constituem prova suficiente para a reincidência, não tendo a defesa feito qualquer prova suficiente em contrário durante a fase da cognição, desfraldandoa referida bandeira apenas na fase recursal. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 
� Em sua obra Curso de Direito Penal Brasileiro, , Vol. 1, p. 472, 4ª. Ed, RT, Luiz Regis Prado cita a alteração promovida no par. 2º. Do art. 66 do Código Penal Republicano, promovida pelo Decreto 4.780 de 1923: “quando o criminoso tiver de ser punido por dois ou mais crimes da mesma natureza, resultantes de uma só resolução contra a mesma ou diversa pessoa, embora commettidos em tempos differentes, se lhes imporá a pena de um só dos crimes mas com o augmento da sexta parte”
� In: www.jfrn.gov.br/docs/doutrina77.doc
� Lições de Direito Penal. 3ª edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1995, pág. 218.
� Código Penal – Concurso de Pessoas. Crime continuado. Penas – Aplicação e Execução. Revista Brasileira de Ciências Criminais, vol. 8. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1994, pág. 88.
� Direito Penal. vol. 1, 20ª edição. São Paulo: Saraiva, 1982, pág. 286.
� Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1994, pág. 406.
� Apud GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 9ª. Ed, Ed. Impetus, p. 589-590
� Ob cit, p. 593
� Tratado de Direito Penal, Vol. I, 13a. Ed, Saraiva, p. 606
� Curso de Direito Penal. Parte Geral, Saraiva, 7a. Ed, p. 471
� Apud CAPEZ, Fernando. Ob cit, p. 472
� 1.Aquele que glosa; hermeneuta, intérprete. 2.Ant. Jurista que comentava textos legais por meio de glosas. (Dicionário Aurélio)
� Ob cit, p. 607
� Apud BITENCOURT, ob cit, p. 608
� Ob cit, 606
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