Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONCEITO (1233, CC)1) "Descoberta é achado de coisa perdida por seu dono. Descobridor é a pessoa que a encontra. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor." Carlos Roberto Gonçalves "Rigorosamente falando, descoberta não é modo de adquirir a propriedade, uma vez que o descobridor não pode conservar para si o objeto extraviado, tendo obrigação de restituí- lo." Washington de Barros Monteiro "Descoberta é o fato jurídico que consiste em alguém encontrar coisa alheia perdida (art. 1.233 do CC). A descoberta gera para o descobridor uma obrigação de fazer consistente em entregar a coisa que saiu da esfera de proteção do titular. Cuida-se de obrigação que não se origina de um ato jurídico ou de um ato ilícito, mas de ato-fato." Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias *Essa concepção de ato-fato se transmuta em uma situação de fato materializada de uma conduta humana que independe de vontade. Dessa forma, quando alguém acha coisa alheia perdida, não importa se este procedeu com animus inveniat, ou seja, se teve vontade de encontrar o objeto. "É o instituto pelo qual o descobridor tem o dever entregar a coisa alheia ao seu dono." Alexander Seixas Dessa forma, a pessoa que acha coisa perdida não tem obrigação de pegá-la, mas o fazendo tem a obrigação de devolver ao dono ou comunicar o fato às autoridades competentes, devendo zelar pela incolumidade da coisa. ACHÁDEGO (1234, CC)2) O descobridor tem direito a ser indenizado pela coisa achada. Trata-se de verdadeira medida equitativa, uma vez que o legítimo possuidor estaria enriquecendo ilegitimamente, já que não procedeu com a cautela devida ao perder o objeto. A indenização equivale a 5% do valor da coisa. Pode o juiz fixar indenização em valor maior que 5%, já que isso é o piso definido por lei. Dessa forma, em casos que o esforço do descobridor quase custou sua vida, devendo levar em conta ainda a situação econômica do descobridor e as possibilidades financeiras do proprietário. Deve-se ressaltar que "quem, por ofício ou convenção devem procurar ou restituir coisas achadas não fazem jus à recompensa. São os casos de empregados a que se incumbe procurar objetos perdidos do patrão, ou de departamentos de achados e perdidos de lojas ou repartições públicas". FRANCISCO LOUREIRO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO DESCOBRIDOR (1235, CC)3) DESCOBERTA sexta-feira, 16 de outubro de 2015 13:28 Página 1 de Direitos Reais O art. 1235 afirma que o descobridor só responde por eventuais danos se houver agido com dolo. Dessa forma, como fica a situação se houver apenas culpa? Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias afirmam que o descobridor não tem dever de conservação para com a coisa, não respondendo, assim, por qualquer ato negligente que faça perecer ou deteriorar a coisa. Noutro giro, Carlos Roberto Gonçalves afirma que em razão do antigo princípio romano culpa lata dolus aequiparatur (a culpa grave ao dolo se equipara), deve-se admitir a responsabilização do descobridor em razão de negligência, imprudência ou imperícia grave, devendo o mesmo zelar para a conservação da coisa. Parece esta ser a melhor posição a se seguir, já que ao arrecadar a coisa perdida, o descobridor toma para si o dever de entrega ao dono, no modo como ela se encontrar. Deve consequentemente arcar com as despesas para a conservação da coisa. Página 2 de Direitos Reais
Compartilhar