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Teorias da Administração Autora: Izabel Cristina da Silva Reis BELO HORIZONTE / 2015 Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 2 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton ESTRUTURA DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA REITOR JOÃO PAULO BARROS BELDI VICE-REITORA JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO DIRETOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EDUARDO PENNA DE SÁ EQUIPE DE PRODUÇÃO ANTÔNIO HENRIQUE RIBEIRO DALBEM LUCIANA REGINA VIEIRA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA MARIA LUIZA QUEIROZ BRAGA REGINA MARCIA DE JESUS PAREDES AUXILIAR ADMINISTRATIVO MARILIA APARECIDA OLIVEIRA BICALHO SIMONE DE SOUZA REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA ACADÊMICA VIRTUAL LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES ATENDIMENTO AO ALUNO POLO CARLOS LUZ 800 – BELO HORIZONTE MIRIÃ NERES PEREIRA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS JAQUELINE MARA DE VARGAS MARCIA DE SOUZA PARREIRAS MOREIRA Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 3 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Legenda Nosso Tema Síntese Referências Bibliográficas Saiba mais Reflexão Material complementar Atividade Dica Importante Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 4 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Nosso Tema Prezado aluno (a), É grande a minha satisfação por fazer parte do início da sua trajetória acadêmica. Seja bem-vindo! A administração é um tema muito, muito, muito interessante porque sem ela nossa vida não andaria para frente e se não for adequadamente utilizada e aplicada, gera consequências desastrosas para a humanidade... Veja bem... Eu disse “para a humanidade”. Para introduzir nossas discussões, alguns exemplos são úteis para que você entenda as primeiras noções de administração, em aspectos macro e situações micro, corriqueiras e bem presentes no nosso dia a dia. Olhe para você e para a rotina da sua vida. O que faz ao acordar? Quanto tempo gasta com todas as suas atividades durante o dia? Como define o que vem antes ou depois? Como controla e monitora os resultados de seus sonhos e projetos? Sua conta no banco anda mais no azul ou sempre no vermelho? Você sustenta a casa? Faz supermercado? Você namora ou já se casou? Como organiza seus sentimentos com relação a seus pais, irmãos, filhos e família em geral? Por essas e outras centenas de perguntas, quero lhe mostrar onde está a administração no nosso bê-á-bá de todos os dias. Devemos administrar nosso tempo, recursos financeiros e investimentos, relacionamentos, sonhos e projetos. Veja bem que administrar se faz necessário tanto em terrenos abstratos como relacionamentos familiares, sociais e profissionais (onde estão presentes habilidades e competências, além de sentimentos e emoções como amor, ódio, ressentimentos, rancores, amizade, gentileza, sinceridade) como em campos áridos e supostamente, exatos, como dinheiro, máquinas, bens e serviços. Está tudo junto e misturado. Quando trazemos o conceito de administrar para o contexto das empresas, consegue-se visualizar com clareza a importância da Administração como ciência: capacitar pessoas para realizarem com excelência quatro funções bem distintas, mas complementares: planejamento, organização, liderança e controle. Fonte: Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_TuWKagU6i- 4/TFGSFHe2D5I/AAAAAAAAAHo/BZ15mEC KbYQ/s1600/ID0000000060.jpg Acesso em: 02/01/2013 Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 5 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Você verá, no entanto, que nem sempre essas funções estão em equilíbrio e acontecem num nível ideal, como previstas. Por quê? Simplesmente porque são executadas por pessoas e que mudam todos os dias. As mesmas pessoas devem, ao mesmo tempo, planejar, organizar, liderar e controlar suas vidas dentro e fora das empresas e isso lhes custa bastante quando, ainda, não se encontram preparadas. Como ponto de partida para as nossas discussões, a partir de agora, quero lhe mostrar, nessa disciplina, algumas das mais importantes Teorias da Administração e como, cada uma, no seu tempo histórico, econômico e social, explicava e exercia essas quatro funções básicas e importantes da ciência administrativa. Você vai gostar muito, aposto que sim. De uma forma bastante ampla, Chiavenato (2000), citando Stone e Freeman, define Administração como o processo de planejar, organizar, liderar e controlar tudo aquilo que é considerado trabalho e executado por meio das pessoas dentro das organizações, utilizando todos os recursos disponíveis para alcance de objetivos definidos por meio das pessoas. A Administração conquistou o status de ciência ao longo dos anos, caminhando devagarinho e influenciada por instituições sociais, principalmente o trabalho, a educação e o estado, tendo como ponto de partida realmente importante o período após Revolução Industrial, no século XVIII, quando achou seu “jeito” de se firmar como ciência. Veja, no Quadro 1, algumas das possíveis classificações das teorias de administração – Ênfase e enfoques principais. Quadro 1 – Teorias administrativas e seus enfoques ÊNFASE TEORIA/ ABORDAGENS ASPECTOS CONSIDERADOS Nas tarefas Administração científica (1903) Racionalização do trabalho no nível operacional. Na estrutura Clássica (1916) Neoclássica (1954) Organização formal, princípios gerais da administração, funções do administrador. (Burocracia 1909) Organização formal burocrática, racionalidade organizacional. Estruturalismo (1947) Organização formal e informal, análise intraorganizacional e interorganizacional. Nas pessoas Relações humanas (1932) Organização informal, motivação, liderança, comunicações e dinâmica dos grupos. Comportamento organizacional (1957) Estilos de administração, teoria das decisões, integração dos objetivos organizacionais e individuais. Desenvolvimento organizacional (1962) Mudança organizacional planejada, abordagem de sistema aberto. No ambiente Comportamental (1962) Contingencial (1972) Foco na psicologia organizacional e que redimensiona e atualiza os conceitos da teoria das relações humanas. Na tecnologia Sistêmica (1951) Contingencial (1972) Moderna de Gestão (1990) Parte do princípio de que a administração é relativa e situacional, isto é, depende de circunstâncias ambientais e tecnológicas da organização. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 6 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Fonte: CHIAVENATO, 2004; SILVA (2008) (Adaptado pela autora). Para quevocê entenda consistentemente as teorias da administração, sinalizei no Quadro 1 aquelas mais importantes e nelas vou concentrar meus esforços para que fiquem bem contextualizadas e possamos aplicá-las com facilidade na prática das organizações. Reflexão Pense e reflIta: as organizações nasceram para satisfazer as necessidades e realizar os desejos humanos. Para isso, produzem bens e serviços e coloca-os no mercado para serem consumidos. Todo o processo produtivo e de consumo devem ser minunciosamente planejados. Como as organizações podem atingir efetividade em seus processos? Como se adaptar às mudanças? Você já parou para pensar na complexidade que é o ato de administrar e o quanto os profissionais dessa área devem se preparar e se capacitar para exercer a profissão de administrador? Para que se atinja essa excelência, muito foi feito e, ainda, está por fazer no campo da Administração, Então... vamos lá... veja que campo interessante e necessário para a nossa vida, a vida de todos nós! Desejo-lhe sucesso nesta sua nova caminhada! Parabéns por estar estudando. Conte com a minha parceria neste caminho fascinante que é a educação no ensino a distância. Meu abraço, Profª. Cristina Reis Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 7 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Unidade 1: Quando a Administração ganhou o status de ciência 1. Conteúdo Didático A história da Administração não teve origem em um só lugar ou em um só momento. Desde que o mundo é mundo, os empreendimentos humanos configurados como empresas, ao se estabelecerem no mercado, devem fazer, obrigatoriamente, o gerenciamento dos seus processos para o alcance da competitividade frente aos seus concorrentes, além de precisarem gerar lucro – fundamento do capitalismo. Além disso, a história da administração foi nos mostrando que os problemas iam surgindo no contexto da gestão e precisavam ser enfrentados. Essa necessidade foi, também, um gatilho para o surgimento de diversas formas de resolver problemas novos ou antigos, mas que precisavam de novos parâmetros, novas soluções. Tendo essas premissas como verdadeiras, vou partir do final do século XVIII, passar pelo século XIX e chegar ao século XX, para, finalmente, apresentar-lhe as duas primeiras teorias – dois jeitos diferentes, mas complementares, de implementação das funções administrativas: planejamento, organização, liderança e controle. Tenha-as sempre em mente porque em cada teoria e em cada momento histórico, essas funções tiveram pesos e significados diferentes. Se com a Revolução Industrial (século XVIII) a mecanização substituiu o homem na indústria e na agricultura, a produção artesanal se rendeu à produção em escala, toda essa modernidade trouxe a urgência de se pensar um jeito novo de gerenciar os processos produtivos que, também, estavam adquirindo novos formatos. Você consegue ver a profundidade das mudanças ocorridas e em como elas mexeram com a vida das pessoas e da administração das organizações? Foi assim e por causa delas, que o amadorismo e o senso comum na gestão estavam com seus dias contados... Aqui começa a nossa história com o surgimento da Administração Científica. Quero que você conheça as ideias principais dessa teoria. 1.1 A administração científica: executar a tarefa com excelência Frederick Taylor (1856-1915) é considerado o precursor da administração científica. Sua teoria ficou conhecida, posteriormente, como Taylorismo ou Organização Científica do Trabalho, no final do século XIX e início do século XX. Nessa época, grandes empresas como a Ford, General Motors, Goodyear, General Eletric e Bell Telephone estimulavam e incentivavam o estudo sobre como aumentar a eficiência no trabalho. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 8 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Taylor era um jovem rapaz que, aos 21 anos, formou-se em engenharia. Treinou sua mente para a disciplina e para o trabalho. Exerceu atividades laborais numa grande empresa siderúrgica americana, seu laboratório para a criação da sua teoria. Dedicou sua atenção à observação de como os operários executavam as tarefas que lhes eram designadas. Devemos nos lembrar sempre de que os pressupostos tayloristas e suas preocupações com “as tarefas” estavam diretamente relacionadas com o cenário econômico e social américa pós guerra civil. Os donos do capital ficavam cada vez mais ricos. Enquanto as pessoas que trabalhavam na produção dos bens recebiam salários cada vez mais baixos e em situações de trabalho cada vez mais precárias, a produção em larga escala barateava todo o processo e isso já era um indicador poderoso do lucro que poderia ser conseguido em pouco tempo. Taylor foi reconhecido por tentar sistematizar, num corpo teórico jáconsistente – em forma de ciência da administração - as suas experiências e proposições para resolução de problemas gerados pelas relações entre patrões e empregados, passando evidentemente pela produção em escala, produtividade, salários, tempo e lucro. Veja as proposições de Taylor no Quadro 2. Quadro 2 – Princípios da Administração Científica Princípios Papel da empresa 1 - Desenvolvimento de uma verdadeira ciência do trabalho, com a separação entre concepção (planejamento) e execução (operacionalização) Investir na investigação científica para a definição de uma jornada de trabalho justa. Por uma quantidade de trabalho ideal, o empregado receberia uma alta taxa de pagamento (maximização dos ganhos). 2 - Seleção científica e o desenvolvimento progressivo do trabalhador Treinar e desenvolver os trabalhadores garantindo que se tornassem altamente produtivos e de “primeira linha”, sem chances para o concorrente. A gerência deverá fazer o operário executar bem a tarefa pensada para ele. 3 Conexão da ciência do trabalho e trabalhadores cientificamente selecionados e treinados e utilização do conhecimento para controlar cada fase do processo de trabalho e seu modo de execução. Adotar critérios baseados na ciência para recrutamento, seleção e treinamento de empregados. Cabe à gestão realizar o direcionamento e preparação das tarefas que serão realizadas e sua forma de execução. 4 - Cooperação de gestores e trabalhadores Implantar ações de cooperação para eliminação de conflitos, já que o relacionamento direto entre gestores e trabalhadores conscientiza-os de suas responsabilidades e funções. Fonte: CHIAVENATO, 2004 (Adaptado) Fonte: http://marianaideiasforadacaixa.fi les.wordpress.com Disponível em: 11/12/2012 Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 9 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Segundo França (2000, p.56), o Taylorismo teve como objetivo principal gerar o aumento da produtividade por meio de um esquema de tarefas diferenciadas aplicando métodos científicos. Isso permitiria, segundo essa teoria, que a geração de uma harmonia no grupo de trabalho trouxesse lucros maiores às organizações porque a tarefa a ser executada se daria em um ambiente mais propício e adequado, acompanhada por um gestor conhecedor dos processos produtivos. O enfoque básico dessa teoria é o estudo detalhadoe aprofundado dos tempos e dos movimentos dos trabalhadores, permitindo a racionalização dos métodos e o emprego de técnicas mais adequadas às situações laborais de produção. Para cada tarefa, um estudo do tempo gasto e do movimento executado, nos mínimos detalhes... resultado... fixação de tempos-padrão para cada tarefa a ser feita. São pontos chave desse modo produtivo: Toda tarefa pode ser esmiuçada em unidades menores e, posteriormente, redefinidas, de forma que as unidades menores que se mostrarem dispensáveis, são eliminadas do processo, reduzindo o tempo de realização da tarefa. Cada pessoa deve ser selecionada a dedo para executar uma tarefa específica ou seja, a pessoa certa no lugar certo e na hora certa para que o trabalho seja feito sempre da melhor maneira possível. O mesmo raciocínio vale para o operário do chão de fábrica ao diretor executivo. Cada um deve estar na tarefa onde seu desempenho é maior e melhor. A remuneração das pessoas se dá pelo desempenho e resultado entregue. À medida que o resultado vai se tornando melhor, a pessoa vai recebendo mais como incentivo à manutenção da qualidade total. 1.2 Teoria clássica: força na estrutura para ganhar eficiência Henri Fayol foi o pai da Teoria Clássica da Administração (1916). Tal como Taylor nos Estados Unidos, Fayol iniciava seu trabalho teórico na França. Assim como a Administração Científica, a Teoria Clássica se caracterizou pela busca da eficiência organizacional, porém de maneira diferente. Ao invés de pensar na execução da tarefa, Fayol apostou suas fichas no estudo da estrutura da organização e nas funções gerenciais como maneira de ganhar eficiência. Como engenheiro de Fonte: Disponível em http://3.bp.blogspot.com/- K22cUhpQvk/Ta8AZjZ__xI/AAAAAAAAABw/6m7vgecMNKw /s400/hawthorne-workers-2.jpg. Acesso em 02/12/2012. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 10 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton minas (terminou a faculdade aos 19 anos... olha que gênio esse menino!!), Fayol teve a preocupação, já trabalhando numa empresa de metalurgia e carvão, de criar uma teoria administrativa que fosse baseada em princípios e técnicas científicas. Não se pode esquecer de que o início do século XX foi um cenário propício e um grande laboratório para a ciência administrativa porque se caracterizou pela existência de inúmeras empresas em concorrência acirrada, mas com inúmeros problemas de natureza administrativa e de gestão. Prevaleciam a inoperância, o baixo desempenho organizacional, desperdício de recursos e uma péssima utilização da mão de obra, já que existia a divisão social do trabalho – os que pensavam a tarefa e os que as executavam. Se já havia resultados mostrando que a divisão social do trabalho não funcionava tão bem como foi pensado por Taylor, Fayol pensou de outra forma: “vou focar na estrutura... vou mostrar cientificamente qual o desenho que ela deve ter para ser eficiente” (olha que gênio esse menino...!!!). Esse pressuposto tirou o foco da tarefa e considerou a empresa com todos os seus componentes – departamentos e seções. Dentro deles, as pessoas ocupavam cargos e executavam tarefas. Nesse enfoque, não importa qual seja o negócio da empresa. Sabe por quê? Simples: Fayou elaborou seis funções básicas, consideradas universais porque se aplicam a qualquer organização, de qualquer área ou atividade e tamanho. Conheça essas funções e suas vinculações: 1.2.1 Princípios gerais da administração Como você já constatou, Fayol era uma pessoa antenada e observadora. Como engenheiro, estava sempre atento aos processos organizacionais e às estruturas às quais eles estavam relacionados. Confiante na sua intuição e com a mente disciplinada para o exercício científico, sempre que solucionava um problema gerencial, registrava que métodos e técnicas estavam adequados a cada situação e quais foram os resultados alcançados. Com base na sua experiência como gerente, elaborou e propôs 14 diretrizes a serem utilizadas nas organizações para solucionar ou minimizar problemas de natureza administrativa. Conheça essas diretrizes, como foram originalmente pensadas: 1. Técnicas – produção de bens e serviços da empresa. 2. Comerciais – compra, venda e permutação/troca. 3. Financeiras - captação e gerência de capitais. 4. De segurança – proteção e preservação dos bens e das pessoas. 5. Contábeis - inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. 6. Administrativas – integração das cinco funções anteriores. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 11 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 1. Divisão do trabalho: especialização das tarefas e das pessoas para aumento da eficiência. 2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A responsabilidade é um desdobramento natural da autoridade e significa ter o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si. 3. Disciplina: depende da obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito às normas estabelecidas. 4. Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o princípio da autoridade única. 5. Unidade de direção: uma cabeça e um plano para cada conjunto de atividades que tenha o mesmo objetivo. 6. Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais: os interesses gerais devem ter prioridade sobre interesses particulares. 7. Remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição. 8. Centralização: refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização. 9. Cadeia escalar: a autoridade vai do escalão mais alto ao mais baixo. 10. Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. 11. Equidade (reconhecer o direito de cada um): amabilidade e justiça para alcançar lealdade do pessoal. 12. Estabilidade do pessoal: a rotatividade tem um impacto negativo sobre a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer num cargo, tanto melhor. 13. Iniciativa: a capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe: harmonia e união entre as pessoas são as forças da organização. Ufa! Você conseguiu sentir a importância de Taylor e Fayol para o campo da ciência administrativa? Não se esqueça de que eles foram os primeiros nessa área, como nossos contemporâneos, a sistematizar, em teorias, o que havia de empírico, de intuitivo e testado por por meio de métodos científicos. Graças a Taylor e Fayol, a Administração conquistou o status de ciência e passou a ser vista como uma área aonde não basta ter boa vontade para resolver problemas. Tem que ter conhecimento e capacitação técnica. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 12 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton As funções do Administrador, segundo Fayol 1. Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação. 2.Organizar: constituir o duplo organismo material e socialda empresa. 3. Comandar: dirigir e orientar o pessoal. 4. Coordenar: ligar, unir harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos. 5. Controlar: verificar que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e as ordens dadas. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 13 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 2. Teoria na Prática O trabalho em equipe requer o espírito de união. Como estratégia para aumentar a produtividade e o lucro, ele é coisa nova. Já estava pensado lá desde 1916, batizado como um dos princípios da Teoria Clássica, de Fayol. Muita água já rolou por debaixo da ponte e hoje, no século XXI, mais que nunca, ele tem sido exigido como requisito imprescindível de empregabilidade. Veja as recomendações que os consultores organizacionais têm levado para os gestores que pretendem “gerar” o espírito de equipe nos “colaboradores”: Leia a reportagem. Estimule o espírito de equipe Patrícia Bispo [...] Abaixo, algumas sugestões para que sua equipe torne-se mais coesa e apresente uma performance que atenda às expectativas do negócio da organização. 1 - Toda vez que um colaborador novo ingressar na sua equipe, logo no primeiro dia, dedique alguns minutos do expediente para apresentá-lo aos demais colegas e dê boas-vindas. Isso fará com o recém-chegado não se sinta um "peixe fora d'água'. 2 - O líder precisa ficar atento ao comportamento dos seus liderados e analisar como vai o entrosamento entre os membros da equipe. É claro que haverá pessoas que terão uma identificação mais acentuada com algum colega, mas isso não deve influenciar quando as atividades exigirem a participação de todos ou de boa parte da equipe. 3 - Lembre –se de o que grupo não é sinônimo de pessoas. Contar com um grupo significa que as pessoas ocupam apenas um mesmo espaço físico diariamente. Já em uma equipe é notório o espírito de camaradagem e de sinergia entre os colaboradores. 4 - Promova reuniões periódicas com todos os membros da equipe. Isso significa que cada um tem um papel importante no andamento das atividades: a secretária que atende as ligações e registra os recados; o rapaz que tira cópias de documentos e agiliza o andamento dos trabalhos e os demais profissionais que participam de atividades estratégicas. Todos são importantes! 5 - Na responsabilidade de líder, sempre que chegar aquele momento de dar uma "paradinha" para o famoso cafezinho, aproveite o momento para conversar com quem está ao seu lado. Pergunte como foi o final de semana, se a pessoa assistiu ao futebol ou a um bom filme. A humanização no ambiente de trabalho é revelada por meio de pequenas ações. 6 - Durante as reuniões com os membros da equipe, deixe um espaço reservado para que as pessoas façam considerações sobre assuntos pertinentes ao trabalho. Todas têm algo a acrescentar. Nesses momentos, surgem ideias valiosas que podem agregar valor ao negócio. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 14 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 7 - Se possível, crie um quadro de avisos para o seu departamento. Nesse espaço de comunicação interna, divulgue informações relacionadas à empresa e também notícias que envolvam os membros da sua equipe. Não custa divulgar a data de aniversário dos colaboradores, a informação de que um colega realiza um trabalho voluntário, que durante o final de semana os colegas se reuniram para participar de um campeonato de futebol e conquistaram uma boa colocação. Certamente, essas notícias descontraem o ambiente e aproximam as pessoas. 8 - Em momentos comemorativos da empresa, onde os profissionais tenham a oportunidade de estar reunidos, se a ocasião permitir, promova alguma atividade descontraída como uma gincana ou um campeonato. 9 - Caso a empresa em que você atua realize pesquisa periódica de clima organizacional, fique atento aos resultados que indicam como os profissionais se manifestam em relação ao indicador "espírito de equipe" ou "camaradagem". Caso o indicador seja negativo, como gestor você deverá realizar uma ação estratégica para identificar a raiz do problema. 10 - Lembre-se de um detalhe importantíssimo: a boa comunicação entre o líder e seus liderados é o primeiro passo para que o espírito de equipe seja fortalecido a cada dia. Esse trabalho precisa ser contínuo e não esporádico. Fonte: Disponível em http://www.rh.com.br/Portal/Grupo_Equipe/Dicas/6276/estimule-o-espirito-de-equipe.html. Acesso em 07 dez 2012. (Adaptado) Para os críticos, a Administração Científica: a) Transformou o homem em máquina: o funcionário é tratado como mais uma engrenagem do sistema produtivo, passivo e desencorajado de tomar iniciativas. b) Padronizou tanto o trabalho que ao invés de racionalizá-lo, tornou o trabalhador seu escravo. c) Incutiu no trabalhador uma visão limitada do processo produtivo ao leva-lo à superespecialização por meio do treinamento e da supervisão intensa, reduzindo a sua satisfação no trabalho. d) Desconsiderou por completo o lado social e humano do trabalhador ao valorizar apenas seu lado produtivo. Como você se posicionaria se fosse indagado sobre essas críticas? Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 15 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 3. Síntese Nessa unidade, você conheceu as duas teorias que levaram a Administração ao status de ciência: a Administração Científica (Taylor, 1093) e a Teoria Clássica ( Fayol, 1916). A Administração científica tinha sua ênfase nas tarefas que os empregados executavam e estudava maneiras de diminuir o tempo de execução dessas tarefas para que mais bens fossem produzidos, aumentando a eficiência organizacional. A Teoria Clássica, em caminho oposto, pôs seu foco na estrutura organizacional e permitiu que se conhecesse a globalidade do seu funcionamento. Considerou os departamentos e seções e que, dentro deles, pessoas executavam tarefas reunidas em cargos. Embora essas duas teorias tenham partido de pontos diferentes, de lugares diferentes, o contexto era muito semelhante: o início do século XX, com todos os acontecimentos que fizeram desse momento histórico um período propício para a elevação da administração ao posto de uma ciência que deveria ser exercida e praticada por pessoas que tivessem preparo teórico e capacitação técnica para lidar com problemas e situações que exigiam novos olhares sobre os processos, as tarefas, as pessoas. Ambas têm princípios e métodos característicos e peculiares e que devem ser entendidos no contexto em que foram criados. Embora sejam do começo do século XX, a Administração Científica e a Teoria Clássica da Administração são muito atuais e muitas organizações se utilizam de seus princípios e métodos, nos dias atuais, para se manterem no mercado e em competitividade com os concorrentes. Para sintetizar e fechar nossa Unidade 1, veja o Quadro 3: Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 16 |P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Quadro 3 – Comparação entre Taylor e Fayol Fonte: CHIAVENATO, 2008. TAYLOR Administração Científica Ênfase nas Tarefas Aumentar a eficiência da empresa através do aumento de eficiência ao nível operacional. FAYOL Teoria Clássica Ênfase na Estrutura Aumentar a eficiência da empresa através da forma e disposição dos órgãos componentes da organização e das suas interrelações estruturais. Confronto das Teorias de TAYLOR e FAYOL Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 17 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Unidade 2: A abordagem estruturalista: novas soluções para novos (antigos) problemas administrativos 1. Conteúdo Didático Desde que comecei a estudar sobre as teorias, para o que elas servem e a serviço de quem ou do que elas estão, aprendi que se deve, antes de mais nada, conhecer a sua origem, o contexto onde nasceram e seus “pais”, ou seja, quem as escreveu. Aprendi, ainda, que uma teoria sempre surge para concordar e reforçar ou para divergir e contrariar outra(s), mas apresenta, de maneira distinta, outros caminhos ainda não pensados anteriormente. Vou explicar melhor para que você acompanhe meu raciocínio. Foi assim que surgiu a abordagem estruturalista da Administração. Muitos pensadores já estavam de olho nas organizações e no seu funcionamento administrativo, muita gente importante e inteligente. Para você ter uma ideia, os filósofos e os sociólogos eram pessoas muito interessadas nesse campo que já havia adquirido o status de ciência quando os resultados das teorias de Taylor e Fayol começaram a aparecer e ganharam o mundo. Lembre-se de que estou me situando já no século XX. Eles já haviam apresentado às sociedades americana e francesa os modelos de Administração Científica e a Teoria Clássica. Após esses dois teóricos, novas abordagens surgiram, concordando ou discordando deles, mas sugerindo novos formatos de gestão e novos olhares no campo administrativo porque foram muitos e muitos os problemas organizacionais que precisaram de soluções inovadoras diante das novas exigências – economia do tipo monetário, o mercado de mão de obra, o surgimento do estado-nação centralizado e a disseminação da ética protestante - que defendia o pressuposto do trabalho como um dom divino e a necessidade de se fazer poupança, fugindo da vaidade e da ostentação do luxo. Como nosso foco, nesta Unidade, é a abordagem estruturalista da Administração, quero lhe apresentar as duas principais correntes mais debatidas: a Teoria da Burocracia e a Teoria Estruturalista. Vamos lá! 1.1 Burocracia: uma nova tipologia de organização com foco nas estruturas e na sua eficiência A Teoria da Burocracia vem posterior, mas quase que imediatamente às teorias Clássica e das Relações Humanas. Seu aparecimento se deveu à urgência de uma abordagem administrativa que conseguisse mostrar “uma fotografia geral” ou uma “radiografia do todo” da estrutura das organizações – elemento não considerado até então pelas teorias anteriores. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 18 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Na Alemanha (entre 1909 e 1920), uma outra forma de pensar a administração já estava fazendo história por causa de um rapaz genial, chamado Max Weber, sociólogo e economista, que tinha patenteado o termo Burocracia para se referir especificamente às grandes empresas da sua época. Weber, baseado em princípios protestantes, foi quem primeiro definiu a Burocracia como um tipo de força suficientemente poderosa para fazer com que as estruturas organizacionais, sejam estas pertencentes ao Governo ou de domínio privado, funcionem eficientemente. A característica principal da Burocracia, segundo Weber, tem foco na racionalidade do ponto de vista das atividades desempenhadas na organização. Note a existência, a partir do conceito de burocracia, de um forte indício de uma necessidade de relacionamento entre as organizações e o seu contexto histórico, social, cultural e econômico, além da interdisciplinaridade entre os campos de conhecimento. Eram a Sociologia e a Economia influenciando o campo administrativo para dialogar com as organizações sociais. No entanto, na burocracia, isso ainda não fora possível...vamos saber porquê. A teoria da burocracia teve uma enorme influência no campo administrativo por causa de Max Weber, sociólogo e economista alemão. Ele foi um dos primeiros a vincular os conceitos da Sociologia e da Economia ao mundo das organizações (às quais ele deu o nome de Burocracias). Grande parte desse pressuposto se deve ao fato de Weber caracterizar as organizações do século XX como grupos sociais e organizações sociais extremamente complexas quanto à sua estrutura e gerenciamento em um cenário de grandes revoluções e mudanças. De acordo com Chiavenato (2004; 2008), Burocracia é uma forma de organização humana que tem como seu princípio fundamental a racionalidade, significando que deveria existir, obrigatoriamente, um equilíbrio entre os meios e os objetivos a serem alcançados para que as organizações conseguissem garantir, para os seus processos, a máxima eficiência. Você sabe o que é eficiência?1 É fazer certo; o meio para se atingir um resultado; é a atividade, ou, aquilo que se faz. Completo: fazer corretamente e com erro quase zero. Na Burocracia, tinha-se que 1 Disponível em http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/eficiencia-e-eficacia-a-busca-dos-profissionais/12624/. Acesso 08.12.2012 Fonte: Disponível em: http://br.bing.com/images/search?q=A+ BUROCRACIA+DE+WEBER&view=det ail&id=7D8A79FE17982D5BA8635004 12D9B1CF987193EA&first=1. Acesso em 07.12.2012 Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 19 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton trabalhar no grau máximo e de maneira extremamente correta, na execução das tarefas, dos procedimentos, executar com muita expertise as funções. Como expus na Unidade 1 (volte nela se necessário), e agora aprofundando o conceito de Burocracia, pode-se afirmar que a sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de burocracias, das quais homens e mulheres dependem em tudo para a satisfação das suas necessidades e desejos, mas de forma eficiente e racional. Deve-se, para isso, observar atentamente os fundamentos pensados e elaborados para uma burocracia. Conheça-os: 1.1.1 Fundamentos da Burocracia Não se pode menosprezar a importância da burocracia (leia-se organizações regidas por princípios que buscam a eficiência com excelência). Conheça os pressupostos elaborados por Weber porque por eles se consegue ter clareza sobre como a burocracia funciona. Veja o Quadro 1. Quadro 1 – Fundamentos da Burocracia 1 - Caráter legal das normas e regulamentos Normas e regulamentos são estabelecidos por escrito, definindo como a organização irá funcionar. 2 - Caráter formal das comunicações As regras e ações administrativas são registradas, formalmente, por escrito. Todas as ações e procedimentos são feitos para facilitar as comunicações e rotinizar o preenchimento de sua formalização.3 - Caráter racional e divisão sistemática do trabalho Os especialistas têm cargos específicos, com funções específicas, sabendo com clareza o que devem executar e sob que comandos, além dos seus direitos e deveres na hierarquia que ocupam. Cargos, tarefas e funções são atribuídos impessoalmente. As pessoas entram e saem das organizações, mas os cargos continuam os mesmos. 5 - Hierarquia da autoridade Todos os cargos estão dispostos em estrutura hierárquica com privilégios e obrigações definidos por regras. Cada cargo inferior deve estar sob controle e supervisão do superior. 6- Rotinas e procedimentos padronizados Fixação de regras e normas técnicas que regulam os ocupantes de cada cargo, cujas atividades são executadas de acordo com rotinas e procedimentos. 7- Competência técnica e meritocracia Utilização de critérios universais como o mérito e a competência técnica para contratações, promoções e aumentos salariais. 8 - Especialização da administração Existe a profissionalização do alto comando e dos postos de direção. Os acionistas majoritários ou os donos da empresa podem não ser quem a dirige. 9 - Profissionalização dos participantes São especialistas nos cargos ocupados, assalariados e nomeados por um superior hierárquico, têm contrato de trabalho por tempo indeterminado, seguem uma carreira, identificam-se intimamente com os objetivos da empresa e não detém os meios de produção. 10 - Previsibilidade do funcionamento A consequência da burocracia seria, segundo Weber, a previsibilidade do comportamento de seus membros. Tudo é estabelecido para prever antecipadamente as ocorrências e rotinizar sua execução para que a máxima eficiência do sistema seja alcançada. Fonte: CHIAVENATO, 2004. (Adaptado pela autora) Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 20 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 1.1.2 Pontos fortes e disfunções da Burocracia Lendo atentamente a teoria da burocracia, pode-se afirmar que ela traz uma concepção ideal de organização social. Sabemos da sua importância e das suas influências, ainda hoje, no campo administrativo. O mais sensacional disso tudo é que qualquer ação humana, precisando ser administrada como organização, traz uma tendência muito grande de se tornar burocrática e há gente até a pensar que sem a burocracia, não se pode viver. Como se sabe, também, todas as teorias apresentam pontos fortes e fragilidades. Na Burocracia, as fragilidades são chamadas também de disfunções. Elas significam imperfeições de funcionamento ou consequências não previstas e decorrentes do desvio ou exagero de cada um dos fundamentos do modelo, especialmente quanto à organização informal, aspecto desconsiderado nessa teoria. Conheça os mais importantes referentes à teoria da burocracia. Quadro 2 – Pontos fortes e disfunções da Burocracia PONTOS FORTES DISFUNÇÕES A formalidade do relacionamento entre as estruturas da empresa. Excesso de formalismo e papel, tornando os processos lentos demais (muitos memorandos, circulares internas, portarias). Univocidade de interpretação Internalização das regras – elas se tornam os meios para os fins e a elas é conferida uma importância muito maior do que às metas organizacionais. (Já olhou o manual?) Padronização de rotinas e procedimentos. Resistência a mudanças (se sempre foram 20 carimbos no mesmo papel, por que agora são só 19?). Hierarquia formalizada. Impessoalidade: o especialista não tem nome e nem identidade. É um número ou o cargo que ocupa na hierarquia e assim é conhecido (o chefe do Marketing). Fonte: http://br.bing.com/images/search?q=A+BUROCRACI A+DE+WEBER&view=detail&id=7D8A79FE17982D5 BA863500412D9B1CF987193EA&first=1. Acesso 07.12.2012 Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 21 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Subordinação natural dos mais novos aos mais antigos na empresa. Categorização como base no processo decisorial: quem tem um cargo maior, toma decisões, independentemente do que conhece sobre o assunto. (o coordenador geral decide). Precisão na definição de cargos e operações. Superconformidade às rotinas: geração de muita dificuldade de inovação e crescimento (o manual de procedimentos deve ser seguido ao pé da letra). Confiabilidade nas regras do negócio. Exibição de poderes de autoridade e pouca comunicação dentro da empresa (“manda quem pode, obedece quem tem juízo”). Redução de conflitos pela redução dos relacionamentos pessoais mais próximos. Dificuldades com o cliente: se uma necessidade dele não está prevista nas regras e nas normas, ele não é atendido porque o funcionário não pode quebrar a norma. Fonte: MAXIMIANO, 2005; CHIAVENATO, 2004. (Adaptado pela autora) Não se esqueça desta observação: a teoria da burocracia tem como principal pressuposto – e nele se sustenta – um modelo de organização ou de empresa completamente fechada, um sistema embutido em si mesmo. Não considera o ambiente externo no qual a empresa está inserida, as mudanças ambientais e suas influências na dinâmica de funcionamento das empresas. Gostou de conhecer a Burocracia? Viu como esse enfoque está presente com toda força nas nossas organizações do século XXI? Vamos continuar... Conheça a segunda teoria da abordagem estruturalista da Administração, muito mais completa e complexa. 1.2 A Teoria Estruturalista: da Burocracia trancada em si mesmo ao estudo comparativo das organizações na sociedade A Teoria Estruturalista da Administração surgiu como um desdobramento da Teoria da Burocracia e seu objetivo foi, com certeza, mostrar outros elementos não considerados anteriormente e criticar, com veemência, toda a formalidade que se tornara excessiva e disfuncional nas burocracias (não se esqueça de Max Weber nunca mais). Ela teve influências de pensadores de peso oriundos das ciências sociais e da sociologia como Lévi-Strauss, para quem a estrutura é uma construção abstrata de modelos para representar a realidade empírica; Gurwitch e Radcliffe-Brown, ao afirmarem que a estrutura é o conjunto de relações sociais num determinado momento; Karl Marx, para quem a estrutura é composta de partes que, ao longo do desenvolvimento do todo, se descobrem e tomam forma e autonomia próprias, influenciando umas às outras e mantendo uma totalidade que não corresponde à reunião entre as partes dessa estrutura; e por fim, Weber, que você já conhece. (CHIAVENATO, 2004). Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 22 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Se, na teoria da burocracia, o estilo rígido e impessoal de administrar era a estratégia para o alcance da máxima eficiência, chega o Estruturalismo como proposta para a abertura “da burocracia para a vida lá fora”, sugerindo que todo o fazer administrativo deveria considerar o ambiente externo às empresas, que elas sofriam influências, positivas e/ou negativas e que causavam impactos na tal eficiência tão amada e requerida. Ao aceitar esse novo enfoque, as organizações passaram a ser vistas como estruturas que traziam, na sua concepção, aspectos formais e informais que deveriam ser conhecidos, controlados,monitorados e avaliados para o alcance da eficiência. Como todas as demais, a teoria estruturalista tem fundamentos, objetivos, pontos fortes e fragilidades. Quero que você conheça mais profundamente esse novo momento da ciência administrativa. Veja a Figura 1. Por meio dela, vamos entender a sua abrangência. 1.2.1 Fundamentos da Teoria Estruturalista 1) A sociedade de organizações As organizações são caracterizadas por um conjunto de relações sociais estáveis e intencionalmente criadas para o alcance de um objetivo (satisfação de desejos e necessidades humanos, nas suas mais variadas modalidades). Sendo assim, elas são unidades sociais dentro das quais as pessoas constroem relacionamentos relativamente duradouros entre si para que o objetivo maior da organização seja alcançado. Para que se entenda as organizações e seus objetivos no ambiente (sociedade) deve-se considerar a evolução delas ao longo da história. Veja as quatro principais etapas no Quadro 3. Quadro 3 – Evolução da sociedade de organizações ao longo dos anos 1 – Etapa da natureza Tempo em que a agricultura era a única base da subsistência da humanidade e a natureza era a fonte de sobrevivência. 2 – Etapa do trabalho Momento em que a ação do homem sobre a natureza modifica e transforma seus elementos a ponto de revolucionar a organização da sociedade. 3 – Etapa do capital Significando os meios de produção, o capital tem primazia e domínio sobre o trabalho e a natureza, tornando-se um elemento vital para a vida social. 4 – Etapa da organização Modo específico de arranjo entre os elementos da natureza, do trabalho e do capital entre si. Existem modalidades diferentes de organização entre natureza, trabalho e capital de acordo com o momento histórico e com os objetivos a serem alcançados pelas empresas ou corporações. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 23 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Fonte: Adaptado pela autora de CHIAVENATO, 2004 e MAXIMIANO, 2005. 2) Análise das organizações Foco na abordagem múltipla de análise, que envolve: a) Interrelação entre a organização formal e a informal: gera a necessidade de buscar um equilíbrio nos comportamentos tanto das pessoas quanto das organizações, entre os aspectos considerados racionais e os não racionais, visto ser o equilíbrio o pilar da vida, da sociedade e do pensamento modernos. A múltipla análise motiva a busca da imparcialidade quando se torna necessária uma avaliação mais aprofundada de questões como motivação para o trabalho, relacionamentos interpessoais, avaliação de desempenho, por exemplo, dentre outros processos, “sem tomar partido”, ou seja, a decisão tende a ser mais justa ou menos parcial, ao incluir todos os elementos participantes do processo. b) Recompensas materiais e recompensas sociais: o significado das recompensas salariais e sociais e os símbolos de posição (tamanho da mesa ou escritório, carros da empresa, etc.) são importantes na vida da organização. c) Os diferentes enfoques da organização: elas podem ser concebidas por duas concepções: Quadro 4 – Enfoques da organização Modelo racional Modelo natural Meio deliberado e racional de alcançar objetivos organizacionais. Os objetivos são para buscar a maximização dos lucros. A estrutura organizacional quer a maior eficiência. Enfatiza o planejamento e o controle. As partes da organização se submetem a uma rede de controle. A organização funciona como um sistema fechado de lógica que exclui a incerteza. Como exemplos, a Administração Científica e do modelo burocrático, no qual toda contingência é prevista e orientada por regras. As influências ambientais, sob a forma de clientes, são controladas pelo tratamento impessoal da clientela por meio de regras padronizadas. Como um conjunto de parte interdependentes que constituem o todo. No modelo de sistema natural, tudo é funcional e equilibrado. A autorregulação é o mecanismo que governa as relações entre as partes e suas atividades, mantendo o sistema equilibrado e estável frente às perturbações vindas do ambiente externo. O sistema natural é aberto às influências ambientais e não pode ser abordado sob o aspecto de completa certeza ou pelo controle. Obedece a uma lógica de sistema aberto. O modelo de sistema natural traz como consequência o aparecimento da organização informal nas organizações. Não há nenhuma organização fechada ao ambiente ou inteiramente de acordo com os planos ou, ainda, que consiga completo poder sobre todos Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 24 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton os seus membros. Fonte: Adaptado pela autora de CHIAVENATO, 2004. d) Os níveis da organização: as organizações caracterizam-se por uma hierarquia pela diferenciação de poder. Para enfrentar uma variedade de problemas de ordens e naturezas diversas, eles são categorizados e distribuídos para os níveis organizacionais correspondentes para que uma solução adequada seja encontrada. Conheça esses níveis. Quadro 5 – Níveis organizacionais Níveis Descrição e sentidos 1. Institucional É o nível mais elevado. Nele estão alocados os dirigentes e os executivos. Define os objetivos e estratégias organizacionais, trata dos assuntos relacionados à vida da empresa no longo prazo, além de fazer a conexão do ambiente interno e do ambiente externo da organização. 2. Gerencial É o nível intermediário, responsável pela articulação e relacionamento entre o nível institucional e o nível técnico. Transforma em planos e programas as decisões vindas do nível institucional para que o nível técnico os execute. Depois de identificar a natureza do problema, monta a logística organizacional para que eles sejam alocados para o lugar certo e na hora certa. Além disso, o nível gerencial faz a distribuição dos produtos e serviços da organização. 3. Técnico É o nível mais baixo da organização. É chamado nível operacional, onde as tarefas e operações são executadas, os programas são desenvolvidos e as técnicas são aplicadas. Focado no curto prazo, segue programas desenvolvidos no nível gerencial. Fonte: Adaptado pela autora de CHIAVENATO, 2004. e) Os diferentes tipos de organizações: se para a Burocracia, as siderurgias e fábricas eram as unidades de observação e estudo, na Teoria Estruturalista todas as organizações - pequenas, médias e grandes, públicas e privadas, de segmentos distintos como indústrias, produtoras de bens, prestadoras de serviços, comerciais, agrícolas, as organizações militares (exército, marinha, aeronáutica), religiosas, filantrópicas, partidos políticos, prisões e sindicatos são objetos de análise e intervenção da ciência administrativa. f) Análise inter e intraorganizacional: É proposta dos estruturalistas um estudo analítico interorganizacional a partir da crescente complexidade ambiental e da interdependência das organizações. Até então, não havia a preocupação com o ambiente organizacional como unidade de observação e análise. A negligência quanto às relações interorganizacionais surpreende mais ainda quando se nota que as organizações formais estão envolvidas em um ambiente composto por outras Disciplina: Teorias da Administração Autor: IzabelCristina da Silva Reis 25 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton organizações e controlado por um complexo de normas e valores de uma sociedade maior. O relacionamento entre a organização e seu ambiente revela o grau de dependência da organização quanto aos eventos externos. 3 Tipologia das organizações Se não há sequer duas organizações iguais, existem características que permitem classificá-las em classes ou tipos para compará-las em aspectos relevantes ou comuns. Para a análise comparativa, foram criadas algumas tipologias. Vou detalhar as duas mais importantes dentro da Teoria Estruturalista. Tipologia de Etzioni: Amitai Etzioni, sociólogo alemão estruturalista, defende a ideia de que todas as sociedades devem estabelecer um equilíbrio entre direitos, responsabilidades, autonomia e ordem. É uma das mais estudadas no contexto administrativo pelo seu alto grau explicativo sobre os sistemas psicossociais das organizações. Segundo essa teoria (1964) as organizações se caracterizam por apresentar: Divisão social do trabalho, atribuição de poder e responsabilidades, com intenções bem definidas para que os objetivos sejam alcançados. Centros de poder para o controle e monitoramento dos esforços feitos e que são direcionados para os objetivos. Os meios utilizados para controle e monitoramento são classificados em três categorias: * Controle físico: baseado na imposição de sanções e ameaças físicas, gerando nas pessoas uma obediência originada pelo medo de retaliações, coações, força e violência. Obediência para evitação da punição. Ao controle físico se relaciona a obediência do tipo alienatório caracterizado em que o indivíduo não está predisposto psicologicamente à participação, mas é forçado a permanecer na organização. É o caso de prisões, campos de concentração, instituições penais, etc. * Controle material: baseado na atribuição de recompensas materiais. As pessoas obedecem com base no interesse, na vantagem desejada e nos incentivos econômicos. Ao controle material se relaciona a obediência calculista. As pessoas sentem-se interessadas na medida em que seus esforços tenham uma vantagem ou compensação econômica imediata. É o caso da maioria das empresas nas quais trabalhamos no sistema capitalista. * Controle normativo: baseado em recompensas simbólicas ou em valores sociais. As pessoas buscam símbolos normativos (como prestígio e estima) e sociais (como amor e aceitação). É o controle moral e ético baseado na convicção, na fé, na crença e na ideologia. Ao controle normativo se relaciona o controle moral. As pessoas atribuem valor à missão da organização e ao trabalho Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 26 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton dentro dela, cumprindo-o da melhor forma possível porque lhe atribui valor. É o caso da Igreja, de universidades, hospitais, organizações políticas e sociais, organizações voluntárias e ONGs. Veja a síntese dessa teoria na Figura 1. Figura 1 – Tipologia de Etzioni 3.2 Tipologia de Blau e Scott (1970) De acordo com essa tipologia, existe um relacionamento entre os beneficiários das organizações de acordo com o que elas oferecem e os usuários procuram e desejam, considerando que as organizações existem para proporcionar benefícios ou resultados para a comunidade. A tipologia de Blau e Scott se baseia no beneficiário que á a essência da organização, além de identificar quatro tipos de participantes e que se beneficiam dos seus bens, produtos e serviços. Veja os tipos básicos definidos por Blau e Scott e quem cada tipo de organização atende. Tipos básicos de organizações - Associações de benefícios mútuos: nelas o beneficiário principal são os próprios membros da organização, como as associações profissionais, as cooperativas, os sindicatos, os fundos mútuos, os consórcios etc. - Organizações de interesses comerciais: os proprietários ou acionistas são os principais beneficiários da organização. É o caso de empresas privadas, sociedades anônimas ou sociedades de responsabilidade limitada. - Organizações de serviços: um grupo de clientes é o beneficiário principal. Exemplos: hospitais, universidades, escolas, organizações religiosas, agências sociais e ONGs. - Organizações de Estado: o beneficiário é o público em geral. Exemplos: organização militar, correios, instituições jurídicas e penais, segurança pública, saneamento básico, etc. Fonte: http://br.bing.com/images/search?q=os+tipos+de+organiza%c3%a7%c3%a3o+segundo+Etzioni&view=detail&id=59F70913AE86A07E A728CA1A0B98A99293F07187 Acesso 09.12.2012. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 27 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Essa tipologia enfatiza, ainda, a influência dos beneficiários sobre a organização de tal maneira que estabelece uma relação direta entre eles e a estrutura e os objetivos da organização. Outra fragilidade identificada é a não consideração das influências das tecnologias nas estruturas ou os sistemas administrativos das organizações. 4. Objetivos organizacionais São unidades simbólicas ou ideais que a organização pretende atingir e transformar em realidade, com o foco na eficiência. Os objetivos são intencionais, mas podem não ser racionais. Têm as funções de guiar os gestores uma situação futura que se espera alcançar, ser fonte de legitimidade para justificar a existência da empresa e suas atividades, além de servir como padrões a serem seguidos pelos seus membros. Conheça a natureza dos objetivos no Quadro 6. Eles são a prova concreta do relacionamento existente entre as organizações e a sociedade como um todo. Quadro 6 – Natureza dos objetivos organizacionais 1 – Da sociedade Direcionados para produzir bens e serviços, manter a ordem pública, satisfazer as necessidades da sociedade em geral. 2 – De produção Voltados para o consumidor assim que ele faz a solicitação: educação, saúde, esporte, lazer, alimentação, habitação, dentre outros. 3 – De sistemas Relacionados à manutenção do sistema que acolhe as organizações, por exemplo, no sistema capitalista, a base é o lucro e todos os bens e serviços gerados pela empresa vão alimentar o sistema capitalista. 4 – De produtos Têm sua ênfase nas características do que é considerado como qualidade dos bens e serviços quanto à sua variedade, estilo, inovação e quantidade. 5 - Derivados Referentes aos usos que as organizações fazem e das vantagens que obtêm em razão do sucesso alcançado pelos quatro objetivos anteriores. Fonte: Adaptado pela autora de CHIAVENATO, 2004. 5. Estratégia organizacional A estratégia é a maneira pela qual uma organização lida com seu ambiente para atingir seus objetivos. Veja no Quadro 7 como a Teoria Estruturalista pensa as estratégias para atingimento dos objetivos e para mapear a estrutura de poder existente na organização. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 28 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Quadro 7 – Estratégias organizacionais Estratégias Significado 1 – De competição É uma forma de rivalidade entre duas ou mais organizações frente à mediação de alguém, que pode ser o cliente ou fornecedor. A competição é um complexosistema de relações e envolve a disputa por recursos (como clientes ou compradores). É um processo pelo qual a escolha do objetivo pela organização é controlada, em parte, pelo ambiente. Daí a necessidade de disputa devido à rivalidade pelos mesmos recursos. A competição nem sempre envolve interação direta entre as partes rivais. 2 – De ajuste ou negociação É uma estratégia que busca negociações para um acordo quanto à troca de bens ou serviços entre duas ou mais organizações. O ajuste é a negociação quanto a uma decisão sobre o comportamento futuro que seja satisfatório para os envolvidos. O realinhamento periódico de relações ocorre nos acordos coletivos sindicais, negociações com fornecedores ou com compradores, etc. 3 - De cooptação A cooptação é a aceitação de representantes de outras organizações (bancos credores ou instituições financeiras) pelo grupo dirigente, o que limita a arbitrariedade da organização na escolha de objetivos. Pretende infiltrar novos elementos na liderança ou na tomada de decisão de uma organização como meio para impedir ameaças externas à sua estabilidade ou existência. A organização traz para dentro de si elementos vindos de outras organizações potencialmente ameaçadoras para compartilhar seu processo político de tomada de decisões e afastar possíveis retaliações. 4 - Coalizão É a combinação de duas ou mais organizações para alcançar um objetivo comum. Duas ou mais organizações agem como uma só com relação a certos objetivos, quando há necessidade de mais apoio ou recursos que não são possíveis para cada organização isoladamente. A coalizão exige a decisão conjunta de atividades futuras e limita decisões arbitrárias ou unilaterais. É uma forma de controle social. Fonte: Adaptado pela autora de CHIAVENATO, 2004. 6. Conflitos Organizacionais Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, coordenação, resolução, unidade, consentimento, comprometimento, harmonia, deve-se lembrar de que essas palavras pressupõem a existência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, desentendimento, incongruência, Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 29 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton discordância, inconsistência, oposição - o que significa conflito. As fontes de cooperação residem nas semelhanças de interesses - reais ou supostos - entre indivíduos e organizações. Considerando que não existe harmonia de interesses entre capital e trabalho, os conflitos, inerentes aos processos organizacionais e às pessoas que as compõem, são e podem ser vistos como elementos geradores de mudanças e inovação quando as soluções são alcançadas. Todavia, essas soluções constituirão a base de novos conflitos que gerarão novas mudanças, as quais provocarão outras inovações, mantendo-se o ciclo. 7. Ambiente Organizacional As organizações vivem em um mundo humano, social, político, econômico. Elas existem em um contexto que denominamos ambiente. Ambiente é tudo o que envolve externamente uma organização. O ambiente é constituído pelas outras organizações que formam a sociedade. Dois conceitos são fundamentais para a análise interorganizacional: o conceito de interdependência das organizações e o conceito de conjunto organizacional. Nenhuma organização é autônoma ou autossuficiente, dependente de outras e da sociedade em geral para sobreviverem. As consequências dessa interdependência são: mudanças frequentes nos objetivos organizacionais, na medida em que ocorrem mudanças no ambiente externo, e certo controle ambiental sobre a organização que limita sua liberdade de agir. 1.2.2 O homem organizacional O conceito de homem organizacional, centro da Teoria Estruturalista, fecha a nossa Unidade. O homem organizacional ou homem moderno é todo aquele empregado, funcionário, colaborador ou empregado (pessoas) que trabalha nas organizações e realiza diferentes funções, desempenha diferentes papéis. Nessa teoria, eu, professora Cristina, ou você, somos “homem organizacional” se preenchermos ou desenvolvermos as seguintes características ou competências pessoais: a) Flexibilidade: ter o jogo de cintura para adaptação aos mais variados contextos e situações de mudança em tempos de turbulência da sociedade pós-moderna. Essa flexibilidade diz respeito, inclusive, à capacidade de realização de vários papéis e em várias organizações de naturezas diferenciadas, com sucesso e produtividade. b) Tolerância às frustrações: capacidade que se espera de recomposição emocional quando alguma coisa não dá certo conforme o planejado. Tem que “sacudir a poeira e dar a volta por cima” quase que instantaneamente. Em situações de conflito entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais, a tolerância à frustração, no homem organizacional, deve se fazer presente sempre, seguindo as normas e as regras, racionalmente. Isso significa, ainda, Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 30 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton sacrificar as preferências pessoais em nome do amor à empresa e esperar, pacientemente, pelas recompensas prometidas, que podem vir a médio e longo prazos. c) Constante desejo de realização: capacidade de superação do trabalho solitário para privilegiar o trabalho cooperativo e em consonância com os objetivos maiores da organização. O resultado pode ser o recebimento de recompensas sociais, materiais ou simbólicas (status, prestígio, dentre outros). Sintetizando todos os conceitos vistos na Teoria Estruturalista, estude a Figura 2. Ela nos mostra panoramicamente como essa teoria revolucionou a visão do fazer administrativo ao introduzir as variáveis pessoas e ambiente à estrutura organizacional. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 31 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Figura 2 – Síntese da Teoria Estruturalista Fonte: Disponível em: http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1226532785127_257221836_7608/Teoria%20Estruturalista%202.cmap?rid=1226532785127_257221836_7608&partName=htmljpeg Acesso 08.12.2012. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 32 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 2 . Teoria na Prática BUROCRATA? NÃO SENHOR! Você estudou a Burocracia de Weber e sabe os seus fundamentos e pressupostos. Ela é tudo de bom. Concorda? Não? Então vem cá, vamos conversar... No meio do caminho, apareceu o chamado burocrata. Esse sujeito é um alguém, ou, em português claro, uma pessoa quadradinha, formatadinha e centralizadinha, funcionário de uma burocracia (entenda-se aqui as palavras de Weber... funcionário de uma organização) e que só sabe trabalhar de um jeito: seguindo fielmente e rigorosamente as regras definidas pela empresa. O burocrata ignora (ou não enxerga) o que está por detrás da norma, da regra e qual o seu real sentido, o que ela quer traduzir ou pode trazer em termos de benefícios ou aspectos positivos para o beneficiário final que é o cliente externo. Não foi afirmado anteriormente que as empresas nascerampara satisfazer as necessidades e desejos das pessoas? Pois, então.. Continuando... o burocrata, na maioria das vezes e raramente isso não acontece, está sempre e muito focado em três pontos: a) nas normas e regulamentos; b) nas rotinas internas e procedimentos; c) no seu superior, seu chefe... Veja só que tristeza a vida do burocrata. Esse comportamento típico já tem em si uma grave disfunção, mas que não é totalmente culpa da burocracia. Se você olhar bem de pertinho os pontos positivos dessa teoria, verá que sem a burocracia não poderíamos viver, nem mesmo em sociedade. Quero dar um pequeno exemplo de uma disfunção da burocracia que vivi durante anos, quando fui funcionária de uma grande instituição financeira por 17 anos. Em 1984, quando fui contratada, fui trabalhar no setor de contabilidade. Durante anos, todos os dias quando eu chegava para cumprir a minha rotina, já havia sobre a minha mesa um amontoado de memorandos. Eu olhava a data de todos eles, ou seja, a data em que foram redigidos. Como eu fazia parte da base da pirâmide, vários Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_BGMAUXPdeRg/TOcHXOMOorI/AAAAAAA AAIY/sUwilStBAPs/s800/burocracia0101.png. Acesso 10.12.2012 Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 33 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton níveis hierárquicos existiam entre mim e a alta direção, de onde os memorandos haviam saído. Quando chegavam à minha mesa, pasme você, tinham se passado, pelo menos, 10 a 12 dias. Além disso, cada um que pegava no memorando batia o seu carimbo (com seu nome, cargo e seção ou departamento) e encaminhava para o nível abaixo. Isso significava um memorando com pelo menos 10 carimbos, antes do meu, dependendo do caminho percorrido. Às vezes, não havia nem mais espaço no papel para bater mais um carimbo. Coitado desse memorando! Mas isso ainda não era o mais grave e a maior consequência... a pior, no meu entendimento, é a que quando a ordem chegava aqui embaixo, em mim, ela já estava velha e já havia sido contrariada ou anulada. Nossa, eu sofria demais com os burocratas no banco. Tive pelo menos três superiores hierárquicos que agiam exatamente como manda o figurino. Se no manual de procedimentos estivesse estabelecida a necessidade de 5 carimbos de 5 colegas para a liberação de um empréstimo a um cliente, esses burocratas não sabiam o que fazer e nem como proceder diante de uma necessidade visível do cliente que estava ali, na frente deles, implorando ajuda. O que o burocrata consegue com esses comportamentos? Mesmo que a burocracia seja “sinônimo” de racionalidade, significando ordem e padronização para a eficiência nota 1000, o burocrata consegue piorar uma situação que era confortável ou poderia se tornar. Ele não se dá conta de que como um agente que reforça as disfunções da burocracia, o feitiço pode se virar contra o feiticeiro. Felizmente, no ano passado, encontrando com um ex-colega do banco, ele me contou como as coisas mudaram por lá. Claro que o banco é uma organização altamente burocratizada em inúmeros processos organizacionais, mas a maneira como os funcionários têm sido treinados e desenvolvidos para lidar com aspectos específicos, por exemplo, da comunicação intraorganizacional cujos - Irritação do cliente. - Impessoalidade no tratamento porque o cliente tem que se submeter aos procedimentos descritos no manual. - Transmissão de uma péssima imagem da empresa, supostamente parada no tempo e no espaço. - Desconhecimento do pressuposto de que os processos devem ser padronizados mas não o atendimento ao cliente. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 34 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton resultados impactam o cliente externo, tem feito a diferença para que ele, “o meu ex-banco”, não perca mercado para os seus concorrentes. Ah... os memorandos ainda existem, mas sem tantos carimbos... e mesmo porque, por causa da racionalidade, muitos níveis hierárquicos foram extintos e os carimbos foram embora junto com seus donos. E aqueles que não são mais impressos, estão nos e-mails com solicitação de pedido de recebimento... o controle nunca vai desaparecer, mas mudou o jeitão de acontecer e se mostrar. São os tempos modernos nas burocracias!!!! Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 35 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton 3. Síntese A abordagem estruturalista da administração tem duas teorias principais: a Teoria da Burocracia e a Teoria Estruturalista. A Teoria da Burocracia aparece como referência no campo administrativo na década de 1940 em oposição à Teoria Clássica e à Teoria das Relações Humanas (Falaremos sobre essa em outro momento). Ambas os modelos já estavam exaustos e seus princípios e pressupostos já não contemplavam as mudanças que ocorriam na sociedade. O modelo da Burocracia, de Max Weber, trouxe aspectos característicos como: formalismo e legalidade, racionalidade, impessoalidade, hierarquia, rotinas e procedimentos altamente padronizados, competência técnica e meritocracia, especialização, profissionalização da direção e a previsibilidade completa do funcionamento empresarial. No entanto, por causa do fator “pessoas” e seus comportamentos, a burocracia apresentou disfunções (ou consequências imprevistas como a internalização das regras e apego excessivo aos regulamentos, formalismos e muitos papéis, resistência às mudanças, despersonalização do atendimento ao cliente e muitos conflitos em decorrência das disfunções, cada vez mais acentuadas. A Teoria Estruturalista e seus autores (mais voltados para a sociologia organizacional) defendem um relacionamento de dependência entre as empresas e o seu ambiente externo, que é a sociedade de uma maneira geral. Vem daí o conceito da sociedade de organizações, cuja característica é exatamente essa interdependência. A Teoria Estruturalista traz uma nova abordagem a respeito do ambiente dentro da visão de organizações como sistemas abertos e influenciadas pelo contexto externo, modificando pressupostos anteriores da Teoria Clássica que afirmam serem elas sistemas fechados e não dependentes de outros fatores para o alcance dos objetivos organizacionais. Conceito importante nessa teoria é a de homem organizacional, ou seja, aquele que desempenha inúmeras funções e papéis simultaneamente em diversas organizações e ambientes diferentes. A análise organizacional, numa abordagem múltipla e de forma abrangente, englobou duas tipologias interessantes: a de Etzioni e de Blau e Scott, ambas unidimensionais, pretendendo analisar e comparar organizações. Disciplina: Teorias da Administração Autor: Izabel Cristina da Silva Reis 36 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Unidade 3: A abordagem comportamentalista: o homem “concreto” no centro das atenções do campo administrativo 1. Conteúdo Didático Pensar nas pessoas como o elemento mais precioso dos processos produtivos das organizações e tratá-las como tal, parece ser o caminho mais óbvio para o alcance efetivo dos objetivos organizacionais, visto serem elas, de fato, o que sustenta
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