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1 Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Departamento de Química Orgânica e Inorgânica Curso de Farmácia EXTRAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL POR HIDRODESTILAÇÃO E EXTRAÇÃO DA BIXINA A PARTIR DE SEMENTES DE URUCUM PRÁTICA Nº 02 Disciplina: CF0688 - Química Orgânica Experimental para Farmácia Professora: Maria da Conceição Ferreira de Oliveira Equipe 3: Juverlândia Xavier, Paloma Araújo e Pedro Nonato Data do Experimento: 06 de novembro de 2015 FORTALEZA 2015 2 Sumário Introdução ....................................................................................................................... 3 1. Óleos essenciais e a hidrodestilação ................................................................... 3 2. A bixina e a extração por solventes orgânicos .................................................. 4 Objetivos .......................................................................................................................... 6 Materiais e Métodos ....................................................................................................... 7 Materiais utilizados ..................................................................................................... 7 Reagentes utilizados .................................................................................................... 7 Procedimento experimental ....................................................................................... 7 1. Extração de óleo essencial por hidrodestilação ............................................. 7 2. Extração da bixina a partir das sementes de urucum .................................. 8 Resultados e Discussão ................................................................................................... 9 1. Extração de óleo essencial por hidrodestilação ................................................. 9 2. Extração da bixina a partir de sementes de urucum ...................................... 10 Conclusão ...................................................................................................................... 11 Referências Bibliográficas ........................................................................................... 13 3 Introdução 1. Óleos essenciais e a hidrodestilação Óleos essenciais são líquidos oleosos e perfumados que apresentam uma composição química complexa e bastante diversificada, obtidos a partir de matéria-prima vegetal (flores, brotos, sementes, folhas, galhos, cascas, ervas, madeira, frutos e raízes). Também conhecidos por óleos voláteis, óleos etéreos ou essências, são caracterizados principalmente por sua volatilidade (o que os diferencia dos óleos fixos) e por seu aroma, que varia de acordo com as estruturas químicas que os compõe[1]. Em termos de componentes químicos, estas misturas são constituídas de terpenos, sesquiterpenos, fenólicos, fenilpropanóicos, alifáticos não-terpênicos, heterocíclicos; e funções químicas de álcoois, aldeídos, ácidos carboxílicos, ésteres, óxidos, acetatos e muitos outros. A atividade biológica, bioquímica e/ou farmacológica que esses óleos podem desempenhar no organismo humano, bem como o odor agradável e característico que eles apresentam provem da ação conjunta desses componentes. Contudo, essas propriedades são atribuídas virtualmente ao composto que se encontra mais concentrado nessa mistura, o qual recebe o nome de ativo majoritário[2]. A obtenção de óleos essenciais se dá por meio de métodos diversos, como hidrodestilação, destilação por arraste de vapor, expressão, extração por solventes, enfleuragem e fluído supercrítico[3]. Destaca-se nesse relatório os princípios da hidrodestilação na extração do óleo essencial do capim santo (Cymbopogon citratus). O Cymbopogon citratus é uma planta herbácea conhecida nacionalmente como capim-limão, capim-santo ou capim-limão, cuja importância econômica está focada na produção de óleo essencial para uso na indústria cosmética, farmacêutica e alimentícia. Dentre as atividades farmacológicas apresentadas pelo óleo essencial do capim-santo citadas na literatura, destacam-se aquelas relacionadas aos distúrbios como insônia, nervosismo, má-digestão, flatulência, antipasmódico de tecidos uterinos e intestinais, diaforética, antitérmico, diurético, antialérgico e analgésico[4] [5]. 4 Figura 1- Imagem do capim-santo seguida de seu ativo marjoritário, o citral. 2. A bixina e a extração por solventes orgânicos O corante extraído do pericarpo das sementes de urucum (Bixa orellana L.), um arbusto nativo do Brasil e de outras regiões tropicais do planeta, recebe a denominação internacional de annatto (E160b)1,2 sendo largamente utilizado em várias partes do mundo em escala industrial, por conferir coloração atraente a uma extensa gama de produtos manufaturados. Por sua vez o annato é uma mistura de pigmentos, tendo como composto marjoritário a bixina, composta por uma cadeia isoprênica de 24 carbonos, contendo um ácido carboxílico e um éster metílico nas extremidades, perfazendo assim a fórmula molecular C25H30O4 [6]. Figura 2 - Composição estrutural da bixina O método proposto para realizar a extração da bixina é a extração líquido-líquido, também conhecida como extração por solvente ou partição. Ele se baseia na diferença de solubilidade apresentada por um composto específico (aquele que se quer extrair) em dois 5 solventes imiscíveis entre si, no caso dessa prática, uma solução aquosa alcalina do pó das sementes de urucum com NaOH 5%. 6 Objetivos Realizar a extração do óleo essencial do capim-santo (Cymbopogon citratus); Extrair a bixina a partir de uma solução alcalina de sementes de urucum, usando a técnica de extração líquido-líquido. 7 Materiais e Métodos Materiais utilizados Balão de dois litros; Becker; Sistema de hidrodestilação; Tubo de vidro; Pipeta graduada de 10 mL; Funil de separação; Erlenmeyer; Papel de pH. Reagentes utilizados Água destilada; 159,82 gramas de capim santo; Sulfato de sódio (Na2SO4); Solução alcalina de sementes de urucum; Clorofórmio; Solução de HCl a 10%. Procedimento experimental 1. Extração de óleo essencial por hidrodestilação O material vegetal já se encontrava pesado (massa do capim santo = 159,82 gramas) e acondicionado no balão, assim, adicionou-se água destilada ao balão até a imersão do capim santo. Em seguida, montou-se o sistema de hidrodestilação e este foi ligado por vinte e seis minutos. Decorrido os vinte e seis minutos, desligou-se o sistema e esperou que este esfriasse para que pudesse assim ser medido o volume de óleo essencial obtido. A torneira do sistema foi aberta e o hidrolato foi separado do óleo essencial. Tendo sido colocado em tubo pequeno de vidro o óleo essencial, este foi tratado com sulfato de sódio da seguinte maneira: adicionou-se Na2SO4 até que não fosse mais possível observar água no óleo. 8 2. Extração da bixina a partir das sementes de urucum Com o auxílio de uma pipeta graduada, mediu-se 10 mL de solução alcalina de sementes de urucum e transferiu-se a mesma para um funil de separação, em seguida, adicionou-se ao mesmo funil com uma pipeta graduada 10 mL de clorofórmio. Tampou-se o funil e este foi vigorosamente agitado, sendoregularmente aberto para liberação dos gases nele contido. Após a agitação, o funil de separação foi posto e repouso e pode-se observá-lo. Depois de um tempo em repouso, houve a separação das duas fases. Assim, recolheu-se a fase orgânica(inferior) e observou-se a cor da mesma para posterior comparação. Usando 2 mL de HCl a 10%, acidificou-se a fase aquosa (solução alcalina) que ficou no funil até pH 1. Extraiu-se a bixina da solução acidificada com o clorofórmio da etapa anterior. Novamente agitou-se o funil e esperou-se a separação em seguida. Recolheu-se a fase orgânica em outro erlenmeyer limpo e comparou-se as fases orgânicas recolhidas nas duas extrações. 9 Resultados e Discussão 1. Extração de óleo essencial por hidrodestilação No sistema de hidrodestilação, como se pode observar ao lado, a água entrou em ebulição e conseguiu arrastar o óleo, embora sua pouca afinidade por esses constituintes voláteis. Chegou ao condensador, resfriou e caiu no coletor (ou doseador de Cleavenger). O que caiu no coletor era água e hidrolato, que é a água com óleo nela solubilizado. Foi observada a separação das fases. O excesso de água voltava para o balão. O sistema ficou sob refluxo. Transcorridos os 26 minutos para haver a extração ao máximo (embora não tenha sido exaustiva), o volume de óleo essencial registrado foi de 0,4mL. Segundo a ASTA[1], o recomendado para quantificação do rendimento do óleo essencial deve ser de 200g para massa fresca, como no caso do experimento feito, entretanto a massa por usada já diferiu desse valor. A literatura[1] indica ainda que o tempo de hidrodestilação também influencia no rendimento. Utilizando a normativa proposta pela AMERICAN OIL CHEMISTS SOCIETY (1994), o teor de óleo essencial pôde ser calculado de a partir da equação: 𝑡𝑒𝑜𝑟(%) = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 (𝑚𝐿) 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑙ℎ𝑎𝑠 (𝑔) × 100 = 0,4 159,82 × 100 = 0,25% Além dos motivos previamente citados, a presença de óleo essencial no hidrolato também interferiu diretamente no valor de rendimento apresentado. 10 2. Extração da bixina a partir de sementes de urucum A bixina é uma cadeia carbônica longa, que em uma extremidade tem um éster e na outra um ácido carboxílico, possui pouca solubilidade com água devido à sua grande cadeia carbônica. A bixina solubilizada em água estava na forma de um sal. A extração da bixina foi feita por um solvente orgânico, o clorofórmio. Na primeira tentativa de extração, observou-se que o clorofórmio não conseguiu extrair efetivamente a bixina, isso foi notável por sua cor, que continuou muito clara e a solução da bixina continuou com a cor muito intensa, conforme mostrado na figura mais abaixo (o clorofórmio, ou fase orgânica, encontra-se na fase inferior, por ser mais denso). Isso deve-se ao fato de que a bixina estava na forma de um sal, portanto solvatada pelas moléculas de água, através de interações íon-dipolo, que são fortes. Então o clorofórmio não conseguiu extrair, porque suas interações não são tão fortes quanto com a água. Figura 3 - Sistema de hidrodestilação adotado na prática Figura 4 - Nessa imagem é possível observar o hidrolato repleto de óleo essencial, conferindo a turbidez verificada na foto 11 O clorofórmio foi separado, a solução da bixina foi acidificada para que voltemos a tê-la na forma de ácido carboxílico, acabando então com as interações íon-dipolo com a água. Quando feita novamente a extração com o clorofórmio, ele passa a formar interações tão fortes quanto as da água, podendo então se ligar à bixina. Foi observada então uma coloração diferente no clorofórmio, muito semelhante à coloração da bixina, indicando que a extração foi efetiva dessa vez. Figura 3 - A esquerda é possível observar a tentativa de extração da bixina com clorofórmio em meio básico e à direita em meio ácido. 12 Conclusão A hidrodestilação se mostrou um bom método para extrair óleo essencial, porém nem todas as recomendações foram seguidas dentro dos conformes, como por exemplo, a massa de folhas usadas e o tempo de fervura, dentre outros fatores externos. Havia uma quantidade de óleo essencial considerável no hidrolato, o que afetou diretamente no rendimento final da extração. A extração da bixina por meio do método líquido-líquido quando acidificou-se o meio, o que possibilitou a transformação da bixina para sua condição normal e sua dissolução no clorofórmio. A extração em meio alcalino não foi possível porque ela estava na forma de sal de bixina, insolúvel em substâncias apolares. 13 Referências Bibliográficas [1] SIMÕES, C. M.; SPITZER, V. Óleos voláteis. In: SIMÕES C. M.; SPITZER, V. Farmacognosia da planta ao medicamento. 3. ed. Porto Alegre: Ed. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Catarina. 2002. p. 397-425; [2] Disponível em: <http://www.oleosessenciais.org/quimica-dos-oleos-essenciais-e- numero-cas/>. Acessado em: 09 de novembro de 2015; [3] BURT, S. Essential oils: their antibacterial properties and potential applications in foods-a review. International Journal of Food Microbiology, v. 94, n. 3, p. 223- 253, 2004; [4] AKISUE, G. et al. Padronização da droga e do extrato fluido de Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. Lecta Revista de Farmácia e Biologia, v. 14, n. 2, p. 109-119, 1996. [5] ALMEIDA, M. A. et al. Efeitos dos extratos aquosos de folhas de Cymbopogon citratus (DC.) stapf (capim-santo) e de Digitaria insularis (L.) fedde (capim-açu) sobre cultivos de larvas de nematóides gastrintestinais de caprinos. Revista Brasileira Parasitologia Veterinária, v. 129, n. 3, p. 125-129, 2003. [6] SOUSA, P. S.; Matos, M. E. O.; Matos, F. J. A.; Machado, M. I. L.; Craveiro, A. A.; Constituintes químicos ativos de plantas medicinais brasileiras, Ed. UFC: Fortaleza, 1991.
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