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ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Juliana Landolfi Maia 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A adolescência é um período crucial de desenvolvimento, no qual a 
atividade física desempenha um papel fundamental. Ao longo da história, a 
humanidade prosperou em meio a uma interação dinâmica entre movimento e 
repouso, moldando o funcionamento do organismo por meio da prática regular 
de exercícios. No entanto, em um mundo onde o comportamento sedentário 
tornou-se a norma, é imperativo reconhecer a importância de estudar 
profundamente os benefícios que a atividade física oferece, especialmente 
durante a adolescência. 
Ao mergulharmos nesse universo, não estamos apenas investigando a 
atividade física como uma prática isolada; estamos explorando como ela se 
entrelaça com a saúde, desencadeando uma série de efeitos positivos. 
Desbravamos as fronteiras da fisiologia humana para compreender como a 
atividade física pode ser um poderoso antídoto na prevenção de doenças e na 
promoção da longevidade. 
A pesquisa científica sobre atividade física oferece insights valiosos sobre 
os benefícios fisiológicos associados ao exercício regular. Estudando a fundo os 
impactos do exercício físico na adolescência, podemos desenvolver uma base 
sólida para intervenções preventivas em diversas condições de saúde. 
Para tanto, vamos abordar os seguintes tópicos: 
• conceitos de atividade física e exercício físico; 
• conceitos e classificações da saúde; 
• aspectos epidemiológicos da prática de atividade física na infância e na 
adolescência; 
• aspectos psicomotores da prática de atividade física na infância e na 
adolescência; 
• aspectos socioculturais da prática de atividade física na infância e na 
adolescência. 
TEMA 1 – CONCEITO DE ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO 
Você compreende a distinção entre atividade física e exercício físico? 
A compreensão do conceito abrangente de aptidão física requer uma 
distinção clara entre termos como saúde, atividade física, exercício físico e 
 
 
3 
esporte, além de uma avaliação precisa dessa aptidão em diferentes 
populações. Para estabelecer uma relação precisa entre esses elementos, é 
essencial revisitar alguns conceitos fundamentais. 
1.1 Diferenças conceituais entre atividade física, exercício físico e esporte 
A definição de atividade física, conforme Matsudo (2008), abrange 
qualquer movimento corporal resultante da contração muscular que leva a um 
gasto calórico. Esse gasto energético varia de acordo com fatores como 
intensidade, duração, frequência e massa muscular envolvida, tanto entre 
indivíduos quanto no mesmo indivíduo (ACSM, 2011). 
Embora atividade física e exercício físico compartilhem semelhanças, são 
distintos em sua essência. O exercício físico refere-se a atividades planejadas, 
estruturadas e repetitivas, com o objetivo de aprimorar ou manter um ou mais 
componentes da aptidão física, implicando progresso nos parâmetros de 
intensidade, frequência e duração em relação à carga. 
O esporte, por sua vez, é um fenômeno sociocultural global de grande 
importância, caracterizado por práticas corporais complexas e atividades de 
competição institucionalmente regulamentadas. Envolve a superação de 
competidores ou resultados anteriores e recebe atenção especial da 
intelectualidade e da mídia internacional (Tubino, 2010; Barbanti, 2006). 
Esses conceitos, embora distintos, compartilham variáveis e englobam 
movimentos corporais que resultam em adaptações relacionadas à aptidão 
física. A aptidão física, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde, 
refere-se à capacidade de realizar trabalho muscular de forma satisfatória, 
indicando a condição de executar tarefas motoras com vigor e energia (Guedes; 
Guedes, 1999; ACSM, 2011). 
1.2 Conceito de aptidão física 
A aptidão física é dividida em dois componentes principais: relacionada à 
saúde e relacionada ao desempenho físico. O primeiro componente inclui 
atributos biológicos que protegem contra disfunções causadas pelo 
sedentarismo, enquanto o segundo destaca habilidades específicas para a 
prática eficiente de esportes (Guedes, 2007). 
 
 
4 
Além disso, a avaliação da aptidão física está intrinsecamente ligada à 
saúde funcional, que engloba os níveis ideais dos componentes relacionados à 
saúde, exigindo manutenção constante por meio de programas específicos e 
regulares. A atividade física relacionada à saúde pode ser entendida como a 
capacidade de realizar atividades diárias com vigor e energia, refletindo 
características associadas a um baixo risco de desenvolver fatores de risco 
relacionados à inatividade física (Glaner, 2013). 
Figura 1 – Relação entre atividade física, aptidão e saúde 
 
Fonte: Guedes; Guedes, 1999. 
TEMA 2 – COMPREENDER OS CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES DA SAÚDE 
Você já refletiu sobre o verdadeiro significado da palavra “saúde”? Se 
perguntarmos às pessoas sobre o que essa palavra representa, certamente 
receberemos uma ampla gama de definições. Portanto, neste contexto, vamos 
nos concentrar na definição fornecida pela Organização Mundial da Saúde. 
Segundo a OMS, saúde é “um estado completo de bem-estar físico, mental e 
social, ou seja, não somente a ausência de doença.” 
Essa definição é amplamente difundida globalmente, mas também é 
abrangente, pois requer uma análise minuciosa dos elementos que influenciam 
a vida das pessoas. Isso inclui não apenas a estrutura pessoal, mas também os 
fatores que afetam a comunidade na qual estão inseridas. 
O conceito de saúde, conforme definido pela OMS, tem sido objeto de 
debates e críticas. Observa-se a influência dos fatores econômicos, culturais e 
sociais na definição de saúde, enquanto outros associam saúde à qualidade de 
 
 
5 
vida, ressaltando sua natureza coletiva e cultural. Essa perspectiva 
multidimensional do conceito abrange aspectos como capacidade funcional e 
bem-estar integral, alinhando-se à definição da OMS, que reconhece a saúde 
como um estado completo de bem-estar físico, mental e social, indo além da 
simples ausência de doença (Haverkamp, 2018). 
Em contraste com a doença, que recebeu muita atenção de filósofos e 
cientistas, a saúde foi relativamente negligenciada. Diante disso, é essencial 
explorar e confrontar diferentes perspectivas sobre o conceito de saúde. 
Considerando sua natureza multifacetada, conforme delineada pela OMS, saúde 
é compreendida como um estado completo de bem-estar físico, mental e social, 
integrando evidências e atitudes para minimizar os fatores de risco associados 
às doenças (Batistela, 2007). 
Esse conceito, conhecido como saúde ampliada, abrange todos os 
aspectos relacionados ao indivíduo nos domínios social, psicológico e físico. 
Apesar da diversidade e do consenso não total sobre os conceitos, a saúde é 
um direito universal, ao qual todas as pessoas devem ter acesso, e isso precisa 
ser garantido pelos governos de cada país. Esse conceito abrange várias 
dimensões que precisam ser trabalhadas em conjunto: a dimensão pessoal, que 
envolve o autocuidado e o autoconhecimento visando autonomia e bem-estar 
físico e psicológico; e a dimensão coletiva, que se refere às condições de vida 
da população, promovida principalmente por ações governamentais. 
2.1 Determinantes sociais em saúde 
Os diversos determinantes influenciam a saúde de maneiras distintas, e 
nem todos possuem a mesma importância. A OMS enfatiza os fatores ambientais 
como os mais significativos, pois são responsáveis por 25% da saúde da 
população. A importância de um estilo de vida saudável é destacada devido aos 
seus potenciais benefícios para a saúde. Por outro lado, no contexto dos 
determinantes sociais, destacam-se aqueles que contribuem significativamente 
para a estratificação social. 
 
 
 
6 
Figura 3 – Determinantes sociais em saúde 
 
Créditos: CALIN-H/Shutterstock. 
Manterdo 
desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, preparando o cenário para suas 
futuras habilidades e interações (Liu et al., 2019; Coh et al., 2021). 
A prática de atividade física é crucial para o desenvolvimento motor 
infantil. Participar de diferentes modalidades, como exercícios aeróbicos, 
fortalecimento muscular, dança e ioga, tem um efeito positivo nas habilidades 
motoras. 
A primeira infância, um período crítico para o desenvolvimento, se 
beneficia significativamente da estimulação física, a qual melhora tanto 
habilidades cognitivas quanto motoras. 
 
 
8 
Incentivar as crianças a se envolverem em atividades físicas estruturadas 
não apenas aprimora suas habilidades motoras, mas contribui para seu bem-
estar físico e mental, estabelecendo a base para um estilo de vida saudável no 
futuro (Schmutz et al., 2020). 
Estudos revelaram que iniciar a prática de atividades físicas desde cedo 
não só melhora as habilidades motoras, mas impacta positivamente na saúde 
geral. Encorajar as crianças a participar de diversas atividades físicas, como 
esportes coletivos, natação, artes marciais ou jogos ao ar livre, pode aumentar 
significativamente seu bem-estar físico e mental. 
Essas atividades promovem coordenação, equilíbrio, força e flexibilidade, 
ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades sociais e de trabalho em 
equipe. Além disso, o exercício regular na infância estabelece uma base para 
manter um estilo de vida ativo, reduzindo o risco de doenças crônicas posteriores 
(Knowles et al., 2023). 
Já na adolescência, de acordo com Li et al. (2021), iniciativas organizadas 
de atividade física nas escolas têm um impacto notável na melhoria da aptidão 
cardiorrespiratória, força muscular e habilidades motoras em jovens 
adolescentes. Além disso, adolescentes engajados em níveis mais altos de 
atividade física diária, particularmente atletas, exibem uma trajetória de 
crescimento físico mais equilibrada em comparação com seus pares com níveis 
médios de atividade, ressaltando os efeitos vantajosos do exercício físico 
consistente no desenvolvimento corporal. 
A recente diminuição da aptidão física e das habilidades motoras entre os 
jovens, exacerbada por fatores como a pandemia da Covid-19, ressalta a 
importância de incentivar esforços que melhorem esses aspectos para o bem-
estar geral e a saúde dos jovens. Além disso, a pesquisa enfatiza as implicações 
específicas de gênero da atividade física nos níveis hormonais e na progressão 
puberal, destacando a necessidade de adaptar os níveis de atividade para 
otimizar o desenvolvimento físico e psicossocial em adolescentes (Huhtiniemi et 
al., 2023). 
Em resumo, a participação ativa em atividades físicas, seja por meio de 
programas educacionais ou do envolvimento esportivo, impacta positivamente o 
desenvolvimento motor e a saúde geral durante a fase da adolescência. 
 
 
 
9 
TEMA 4 – ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE E SEUS EFEITOS NA FASE ADULTA 
A Especialização Esportiva Precoce (ESS) consiste em um treinamento 
intenso durante todo o ano em um único esporte, causando possíveis lesões por 
fadiga e esforços repetitivos, especialmente em atletas jovens. Apesar da ideia 
de que o ESS melhora o desempenho, as evidências indicam que alcançar o 
status de elite em esportes de alto desempenho na idade adulta não depende 
disso (Jones et al., 2022). 
A ESS está associada a um maior risco de lesões musculoesqueléticas e 
pode impactar o desempenho a longo prazo. No entanto, não é claro na literatura 
que a especialização tenha relação com alto índice de lesões (Smith et al., 2017). 
O envolvimento de adolescentes em esportes estruturados e organizados 
oferece vantagens como o aprimoramento das habilidades físicas e a adoção de 
hábitos positivos, comportamentos relacionados à saúde, diretrizes para a 
prática de exercícios físicos, além de promover melhorias cardiometabólicas, 
esqueléticas e psicossociais, porém é importante atentar-se ao período de 
desenvolvimento para que a carga não seja excessiva para determinado 
período. 
Uma das principais consequências da especialização precoce na fase 
adulta é o incremento do risco de lesões, tanto físicas quanto mentais. A 
exposição a treinamentos intensivos em uma fase de desenvolvimento corporal 
ainda em curso pode predispor esses indivíduos a danos físicos. 
Além disso, a pressão incessante para alcançar o destaque em uma única 
esfera de atividade pode desencadear problemas de saúde mental, tais como 
ansiedade, estresse e depressão, os quais podem perdurar até a idade adulta. 
Em resumo, embora a especialização precoce possa parecer promissora 
para obter resultados imediatos, seus efeitos adversos na fase adulta podem ser 
substanciais. Portanto, é crucial que pais e educadores ponderem 
cuidadosamente as implicações a longo prazo ao orientar as crianças em direção 
à especialização precoce, visando estabelecer um equilíbrio saudável entre o 
foco e a diversidade em suas atividades e experiências de vida. 
 
 
 
10 
TEMA 5 – OVERTRAINING 
Overtraining é um estado físico e psicológico que emerge quando um 
indivíduo se envolve em atividade física excessiva, sem permitir períodos de 
recuperação adequados entre as sessões de treinamento. Esse excesso de 
treinamento pode precipitar uma série de sintomas adversos à saúde (Cunha et 
al., 2006). 
Os sintomas de overtraining abrangem uma gama de manifestações, 
desde leves até graves, e incluem fadiga crônica, declínio do desempenho 
atlético, aumento da frequência cardíaca em repouso, distúrbios do sono, 
irritabilidade, dores musculares persistentes, redução do apetite, propensão a 
lesões, comprometimento do sistema imunológico, entre outros (Brylinkski et al., 
2022). 
O overtraining geralmente surge quando há uma negligência na 
concessão de períodos adequados de descanso e recuperação após períodos 
de treinamento intenso. Esse desequilíbrio pode ser atribuído a diversas causas, 
como insuficiente descanso, inadequada nutrição, sobrecarga no volume ou na 
intensidade dos treinos, falta de diversidade na prática de exercícios, entre 
outros fatores. 
Figura 3 – Principais etapas do overtraining 
 
Crédito: desdemona72/Shutterstock. 
O treinamento excessivo em atletas pode levar à estagnação ou declínio 
do desempenho, caracterizado por alterações fisiológicas, metabólicas e 
 
 
11 
hormonais. Os sintomas incluem diminuição da capacidade de resistência, 
queixas subjetivas e alterações em vários parâmetros sanguíneos. A síndrome 
resulta de um desequilíbrio entre treinamento, competição e recuperação, 
levando ao déficit de glicogênio, desequilíbrio catabólico-anabólico e distúrbios 
neuroendócrinos (Cunha et al., 2006; Brylinkski et al., 2022). 
A detecção do excesso de treinamento pode ser desafiadora, exigindo 
uma avaliação clínica completa devido à sua associação com fadiga crônica e 
elevação do nível de cortisol. O treinamento excessivo pode impactar a formação 
de classes de equivalência, com o aumento do treinamento potencialmente 
fortalecendo as relações de estímulo dentro dessas classes. 
Compreender os aspectos fisiológicos, biomédicos e psicológicos do 
treinamento excessivo é crucial para o monitoramento, prevenção e 
gerenciamento eficazes em atletas de diferentes modalidades por parte de 
educadores e treinadores. 
NA PRÁTICA 
Hoje em dia ainda é comum associar transtornos alimentares 
exclusivamente às mulheres. Embora o número de homens afetados por esses 
transtornos seja menor em comparação ao das mulheres, os casos existem e se 
manifestam de maneiras distintas. Portanto, é essencial que os estudantes em 
fase escolar entendam que esse é um problema que pode afetar qualquer 
pessoa e que eles também devem estar atentos aos sinais, buscando ajuda 
profissional para si ou para alguém próximo, se necessário. Discutir esse assunto 
também ajuda a identificar e superar preconceitos e estereótiposrelacionados 
aos padrões corporais, que frequentemente associam essas questões apenas 
às mulheres. 
O texto a seguir apresenta um estudo de caso de um garoto com anorexia 
nervosa, que desenvolveu o transtorno enquanto tentava perder peso. O artigo 
destaca algumas características que ajudam a entender como esses distúrbios 
podem se desenvolver e quais são suas consequências nessa fase da vida. 
Fernando relata que, inicialmente, foi muito difícil seguir as 
recomendações da nutricionista: 
Para mim, não resolvia nada... eu só queria fazer do meu jeito, eu 
estava emagrecendo, não queria que ninguém desse palpite, estava 
conseguindo alcançar minha meta. Então, ela falava, mas eu voltava a 
 
 
12 
comer pouco, ou minha mãe me obrigava a comer e eu ia na bicicleta, 
queimava tudo e saía. (Andrade; Santos) 
Como podemos analisar essa fala e trabalhar essa temática nas aulas de 
Educação Física? Nesse segmento de fala fica evidente o uso recorrente de 
manobras compensatórias com a finalidade de aumentar o gasto energético. 
Casos como esse são muito comuns no ambiente escolar e não podem ser 
negligenciados pelos professores. 
Esse texto poderia ser utilizado como base para trabalhar o tema dos 
distúrbios alimentares nas aulas de Educação Física, combinando a educação 
teórica e atividades práticas. 
Isso inclui discutir o que são os distúrbios alimentares, suas causas e 
consequências. Além disso, é importante promover a aceitação corporal e criar 
um ambiente de apoio entre os alunos, evitando comentários sobre peso e 
aparência. Além disso, integrar outras disciplinas, como Ciências e Biologia, 
pode enriquecer a compreensão dos alunos sobre os efeitos dos distúrbios 
alimentares como no caso do relato do artigo. 
Projetos interdisciplinares e campanhas de conscientização podem 
reforçar a mensagem de que esses transtornos podem afetar qualquer pessoa e 
trazer maior proximidade a esse tema. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, exploramos a interseção entre atividade física e saúde, 
abordando os benefícios dos esportes e exercícios para o bem-estar físico e 
mental. Além disso, discutimos a relação entre atividade física e distúrbios 
alimentares, destacando como uma prática equilibrada pode promover uma 
relação saudável com a alimentação. Em seguida, compreendemos como a 
atividade física influencia o crescimento e desenvolvimento motor, ressaltando 
sua importância na aquisição de habilidades motoras essenciais. 
Porém, também discutimos os potenciais efeitos negativos da 
especialização precoce em esportes, incluindo lesões e perda de interesse na 
fase adulta. Por fim, analisamos o fenômeno do overtraining e seus impactos 
adversos na saúde, enfatizando a importância de um equilíbrio adequado entre 
exercício e recuperação para um bem-estar integral. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
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com transtorno alimentar. Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo, v. 
12, n. 3, set. 2009. Disponível em: 
. Acesso 
em: 31 maio 2024. 
CUNHA, G. S.; RIBEIRO, J. L.; OLIVEIRA, A. R. de. Sobre treinamento: teorias, 
diagnóstico e marcadores. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São 
Paulo, v. 12, p. 297-302, 2006. 
DAPP, L. C.; GASHAJ, V.; ROEBERS, C. M. Physical activity and motor skills in 
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p. 101916, 2021. 
DUGDILL, L.; CRONE, D.; MURPHY, R. Physical activity and health 
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Sons, 2009. 
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bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005. 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: 
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2003. 
HUHTINIEMI, M. et al. A scalable school‐based intervention to increase early 
adolescents' motor competence and health‐related fitness. Scandinavian 
Journal of Medicine & Science in Sports, v. 33, n. 10, p. 2046-2057, 2023. 
KNOWLES, C. et al. Does physical activity in childhood or adolescence predict 
future anxiety, depression, or wellbeing? A systematic review of 98 prospective 
cohort studies. Eur J Public Health, Oxford, v. 10, n. 33, p. 878-883, oct. 2023. 
LIU, X. et al. Analysis of motor development in 2-and 3-year-old children. 
Research on the Development and Education of 0-3-Year-Old Children in 
China, p. 13-48, ago. 2019. 
MATHISEN, T. F.; HAY, P.; BRATLAND-SANDA, S. How to address physical 
activity and exercise during treatment from eating disorders: a scoping review. 
Current Opinion in Psychiatry, v. 36, n. 6, p. 427-437, 2023. 
 
 
14 
SCHMUTZ, E. A. et al. Motor competence and physical activity in early childhood: 
stability and relationship. Frontiers in Public Health, Lausanne, v. 8, p. 39, 
2020. 
SMITH, A. D. et al. Early sports specialization: An international perspective. 
Current sports medicine reports, v. 16, n. 6, p. 439-442, 2017. 
VIEIRA, L. F. Os efeitos do treinamento precoce em crianças e 
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1989. 
WOODS, C.; MURPHY, M.; BENGOECHEA, E. G. Sport, physical activity, and 
health promotion: Implications for the education of future professionals. 
Education in Sport and Physical Activity, Routledge, p. 162-172, 2022. 
ZAKY, E. A. Adolescence: a crucial transitional stage in human life. Journal of 
Child and Adolescent Behavior, v. 4, n. 6, p. 115-116, 2016. 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Juliana Landolfi Maia 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
ATIVIDADE FÍSICA: UMA PRÁTICA REGULAR NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 
A prática de atividade física é influenciada por uma série de fatores 
psicossociais que moldam as atitudes e comportamentos em relação ao 
exercício. Nesta etapa, examinaremos a influência desses aspectos na 
participação em atividades físicas e como eles podem afetar o bem-estar geral. 
Além disso, discutiremos a importância do lazer ativo como uma forma de 
promover a saúde e o bem-estar, considerando os benefícios físicos, mentais e 
sociais associados a essa prática. 
Também abordaremos a questão do déficit de atividade física em 
crianças, particularmente relacionado à falta de brincadeiras ao ar livre, e 
exploraremos estratégias para compensar essa lacuna, levando em 
consideração os desafios e oportunidades existentes. 
Em seguida, analisaremos os impactos da falta de atividade física na fase 
adulta, destacando as consequências para a saúde cardiovascular, metabólica 
e mental. Por fim, discutiremos considerações bioéticas relacionadas à atividade 
física e saúde, examinando questões éticas e morais associadas à promoção do 
exercício e à tomada de decisões na área da saúde. Teremos como ponto de 
partida os seguintes objetivos: 
• Compreender a influência psicossocial na prática da atividade física na 
infância e na adolescência; 
• Compreender a importância do lazer ativo na infância e adolescência; 
• Compreender como não brincar na rua influencia na saúde de crianças e 
adolescentes; 
• Compreender como a falta de atividade física impacta os aspectos 
relacionados à prática regular de atividade física e a saúde na fase adulta; 
• Conhecer e compreender a relação entre bioética, atividade física e 
saúde. 
TEMA 1 – A INFLUÊNCIA PSICOSSOCIAL NA PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA 
Ao longo da última década, um número crescente de estudos centrou-se 
na identificação de fatores que podem influenciar a participação de adolescentes 
 
 
3 
na atividade física e nos mecanismos pelos quais tais fatores influenciam esses 
comportamentos. 
 Essa preocupação deve-se ao fato de uma elevada proporçãode 
adolescentes não cumprir as recomendações mínimas de atividade física e os 
níveis de atividade durante a adolescência e a vida adulta estarem em declínio 
(Cheng; Mendonça; Farias Júnior, 2016). 
Por esse motivo, considera-se que fatores psicossociais desempenham 
um papel significativo na influência das práticas de atividade física. Estudos 
enfatizam o impacto das interações sociais nos hábitos de exercício, com as 
interações entre pares sendo cruciais para aumentar os níveis de atividade física. 
A qualidade dos relacionamentos nas redes sociais, a frequência do contato e o 
tamanho da rede são fatores-chave que podem afetar o engajamento na prática 
(Cheng; Mendonça; Farias Júnior, 2023). 
A infância e a adolescência podem ser caracterizadas como períodos 
fundamentais do desenvolvimento psicossocial de um indivíduo, pois diferentes 
emoções e interações sociais podem influenciar o impacto da atividade física. 
Nesse sentido, foi recomendado o desenvolvimento de estratégias para 
aumentar a participação dos jovens na atividade física. Para atingir esse objetivo, 
os fatores e determinantes associados à atividade física devem ser identificados 
e intervencionados. 
 Nesse contexto, estudos demonstram que a atividade física está 
associada a fatores intrapessoais, interpessoais e ambientais; entre os fatores 
intra e interpessoais, tanto a autoeficácia quanto o apoio social relacionado à 
prática de atividade física são fatores muito estudados. Sabe-se, por exemplo, 
que adolescentes do sexo feminino e condições socioeconômicas mais baixas 
são menos ativas, o que nos leva a compreender que determinantes sociais 
também precisam ser avaliadas nesse cenário (Cheng; Mendonça; Farias Júnior 
2016). 
Os determinantes psicossociais são essenciais para moldar o 
comportamento da atividade física nessa faixa etária. Muitas vezes, sobretudo 
na adolescência, a prática de atividade física pode cair, e isso se relaciona 
também com esses fatores psicossociais. Pesquisas indicam uma correlação 
positiva entre autoeficácia, motivação autônoma e níveis de atividade física entre 
diversos grupos (Vaquero-Cristóbal et al., 2023). 
 
 
 
 
4 
autoeficácia 
é a crença na capacidade de realizar tarefas e alcançar os 
resultados desejados, influenciando o estabelecimento de metas, a 
persistência, a adaptabilidade emocional e o ajuste geral entre os 
indivíduos 
 
Para entender e abordar esses fatores de forma eficaz, é essencial adotar 
uma abordagem abrangente que leve em consideração não apenas os aspectos 
físicos, mas também os emocionais e sociais. Uma maneira de fazer isso é 
implementar programas de promoção da saúde que visem aumentar o 
conhecimento sobre os benefícios da atividade física e desenvolver habilidades 
psicossociais, como autoconfiança, resiliência e habilidades de tomada de 
decisão. Isso pode ser feito por meio de workshops, grupos de apoio e 
intervenções direcionadas que visam fortalecer esses aspectos psicossociais 
dos adolescentes, incentivando assim a prática regular de atividades físicas. 
 Ao abordar aspectos intrínsecos e contextuais relacionados à atividade 
física, podemos criar um ambiente que promova um estilo de vida ativo e 
saudável para os adolescentes, contribuindo para seu bem-estar global. Em 
essência, compreender e lidar com esses fatores psicossociais são cruciais para 
promover e manter comportamentos de atividade física em adolescentes, por 
isso estratégias como lazer ativo podem ser uma opção para o estímulo a prática 
de atividades físicas em adolescentes. 
TEMA 2 – A IMPORTÂNCIA DO LAZER ATIVO 
O lazer ativo durante a adolescência desempenha um papel fundamental 
no desenvolvimento físico, social e emocional de adolescentes. A participação 
em atividades físicas e de lazer durante essa época da vida promove a saúde e 
o bem-estar e contribui para o desenvolvimento de competências sociais, 
autoconfiança e resiliência. 
 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os 
adolescentes devem fazer pelo menos 60 minutos de atividade física por dia para 
se manterem saudáveis. Portanto, atividades de lazer ativas como esportes, 
dança, caminhada e outras atividades físicas podem ajudar a manter os 
adolescentes saudáveis, melhorar seu estilo de vida e prevenir doenças crônicas 
associadas à inatividade. 
A atividade física regular durante a adolescência tem inúmeras 
vantagens. Ela tem um impacto positivo no bem-estar físico e mental, com uma 
 
 
5 
tendência de os meninos se envolverem mais em atividades físicas do que as 
meninas, que normalmente se inclinam para atividades moderadas a vigorosas. 
A importância da atividade física não pode ser subestimada para o 
desenvolvimento saudável, o bem-estar cardiovascular e a saúde psicológica 
dos adolescentes em todas as faixas do índice de massa corporal. Está também 
ligada ao aumento dos níveis de atividade física e à redução do comportamento 
sedentário entre adolescentes. A prática de atividades físicas regulares ou 
esporádicas tem uma influência favorável nas percepções dos adolescentes em 
relação à atividade física e à imagem corporal, afetando sua qualidade de vida 
ao aumentar a autoeficácia e o funcionamento diário (Tambalis, 2022, Shao; 
Zhou, 2023). 
Adicionalmente, a prática regular de atividades físicas durante a 
adolescência tem sido associada a uma maior conectividade, eficiência e 
estabilidade nas redes cerebrais, que apoiam as funções cognitivas e podem 
ajudar a neutralizar os efeitos adversos do peso não saudável na saúde cognitiva 
(Janeckova et al., 2021) 
Segundo Marcellino (2010), o lazer ativo é caracterizado pela prática de 
atividades físicas que demandam movimento corporal e esforço físico, enquanto 
o lazer passivo está relacionado a atividades mais contemplativas e relaxantes. 
Observe, na Figura 1, um exemplo dessa categorização. 
Figura 1 – Lazer ativo e lazer passivo 
 
Crédito: Dudarev Mikhail/Shutterstock/REDPIXEL.PL/Shutterstock. 
Além disso, as atividades de lazer ativas proporcionam oportunidades de 
contatar colegas, aprofundar amizades e desenvolver relacionamentos 
saudáveis. O lazer ativo refere-se às atividades físicas e recreativas que exigem 
movimento e esforço, como praticar esportes, fazer caminhadas ou dançar. Já o 
lazer passivo envolve atividades mais relaxantes e tranquilas, como assistir 
televisão, ler um livro ou ouvir música. O lazer ativo diminui muito a probabilidade 
 
 
6 
de o adolescente ser fisicamente inativo, já que auxilia no volume total de 
atividade física. 
A promoção do lazer ativo entre os adolescentes não apenas os beneficia 
fisicamente, mas também os ajuda a desenvolver habilidades sociais e 
emocionais essenciais para uma vida saudável e equilibrada. 
TEMA 3 – BRINCAR NA RUA: COMO COMPENSAR ESSE DÉFICIT 
Hoje em dia é muito comum as crianças brincarem em espaços fechados, 
dentro de casa ou apartamentos, isso por conta de várias razões, segundo 
estudos recentes propostos por Bodrožić Selak, Kotrla Topić e Merkaš (2023). 
• O aumento da disponibilidade de tecnologias digitais, como smartphones, 
tablets e videogames, proporcionando uma ampla variedade de 
entretenimento e interações sociais, geralmente faz com que as crianças 
passem longos períodos em ambientes fechados. 
• Preocupações com a segurança, como altos níveis de tráfego, taxas de 
criminalidade ou acesso limitado a espaços externos seguros, podem 
levar os pais a favorecer ambientes de recreação internos para seus 
filhos. 
• As crescentes demandas de tempo para as crianças, incluindo atividades 
extracurriculares, trabalho acadêmico e obrigações sociais, também 
podem limitar as oportunidades de brincadeiras ao ar livre. 
• Fatores ambientais, como mudanças climáticas ou a falta de parques e 
instalações recreativas nas proximidades, podem contribuir ainda mais 
para a preferência por atividades dentro da casa. 
Em funçãodisso, muitos países têm voltado sua atenção para o 
planejamento de ambientes que estimulem o brincar de diferentes maneiras e 
considerando diferentes realidades. 
Compensar o déficit de brincadeiras ao ar livre pode ser alcançado de 
várias maneiras, mesmo em um ambiente urbano. Uma abordagem é promover 
atividades físicas e recreativas dentro de casa ou em espaços comunitários, 
como parques e áreas de lazer. Isso pode incluir jogos ativos, como corrida, pular 
corda, jogos de bola e circuitos de exercícios (Tagawa et al., 2023) 
 Além disso, incentivar a participação em atividades extracurriculares 
esportivas ou recreativas, como aulas de dança, natação ou esportes de equipe, 
 
 
7 
pode proporcionar oportunidades adicionais para movimentar o corpo e interagir 
socialmente. 
Recentemente, uma pesquisa proposta por Zhao et al. (2023), analisou 
55 estudos para examinar a ligação entre os ambientes físicos nos bairros e as 
brincadeiras infantis ao ar livre; eles descobriram muitas necessidades de 
melhorar espaços públicos infantis com adaptabilidade multifuncional nas 
comunidades. Além disso, acrescentar ambientes naturais pode auxiliar no 
engajamento de crianças na utilização desses espaços urbanos. Integrar 
elementos naturais, como árvores, plantas e áreas verdes, não só torna os 
espaços mais atraentes e convidativos para as brincadeiras: também oferece 
benefícios adicionais para a saúde física e mental das crianças, como uma maior 
exposição à natureza e a oportunidade de experimentar diferentes texturas, 
aromas e sons. Portanto, investir na melhoria e diversificação dos espaços 
públicos infantis é fundamental para promover um estilo de vida ativo e saudável 
desde a infância. 
Por fim, é importante priorizar o tempo ao ar livre sempre que possível, 
organizando passeios familiares para parques locais, trilhas para caminhadas ou 
atividades ao ar livre, como piqueniques e exploração da natureza, para garantir 
que as crianças tenham experiências enriquecedoras e diversificadas fora de 
ambientes fechados, contribuindo assim para evitar consequências negativas do 
estilo de vida sedentário nessa população. 
TEMA 4 – A FALTA DE ATIVIDADE FÍSICA E OS IMPACTOS NA FASE ADULTA 
O sedentarismo é um importante problema de saúde pública no Brasil e 
no mundo, levando ao desenvolvimento de várias condições crônicas. Estudos 
têm mostrado que comportamentos sedentários são predominantes entre 
adultos no Brasil, influenciados por fatores como assistir TV por muito tempo e 
usar dispositivos eletrônicos (Bertuol et al., 2023; Araújo et al., 2023). 
O sedentarismo é um fator de risco crítico para várias doenças, incluindo 
doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer. Por outro lado, a atividade 
física regular é essencial para prevenir e controlar doenças não transmissíveis, 
melhorando a saúde mental, mantendo um peso saudável e promovendo o bem-
estar geral. 
Segundo dados recentes da OMS, uma grande parte da população 
mundial não cumpre as recomendações de atividade física da organização, com 
 
 
8 
disparidades significativas entre gêneros, grupos econômicos e regiões. Em 
crianças e adolescentes, a prática de atividades físicas oferece inúmeros 
benefícios, como a melhora da aptidão física, saúde cardiometabólica, saúde 
óssea, cognição, saúde mental e a redução da adiposidade, ressaltando a 
importância de entender o impacto da atividade física na saúde. 
 A correlação entre comportamento sedentário e fatores como estresse 
percebido, hábitos alimentares não saudáveis e obesidade foi descoberta 
durante a pandemia de Covid-19. No contexto brasileiro, o tempo de 
sedentarismo na tela tem sido associado a variáveis como falta de atividade 
física e escolhas alimentares inadequadas (Bell et al., 2023). 
Além disso, entre os idosos no Brasil, o comportamento sedentário tem 
sido associado à presença de múltiplas condições crônicas, enfatizando a 
necessidade de abordar esse comportamento para alcançar melhores resultados 
de saúde. Essas descobertas ressaltam a necessidade crucial de intervenções 
e estratégias que visem promover a atividade física e reduzir comportamentos 
sedentários no Brasil e no mundo 
O comportamento sedentário, caracterizado pelo tempo gasto em 
atividades sentadas ou deitadas com um gasto energético de 1,0 a 1,5 taxas 
metabólicas basais, é um tema central de discussão. Essas atividades 
sedentárias, presentes em diversos contextos como trabalho, 
lazer/entretenimento e deslocamento, têm sido associadas a impactos negativos 
na saúde, independentemente da prática de atividade física moderada a 
vigorosa. 
A literatura científica demonstra que altos níveis de comportamento 
sedentário e inatividade física estão ligados a um aumento no risco de várias 
doenças, como obesidade, câncer, síndrome metabólica, doenças 
cardiovasculares, diabetes e mortalidade. Além disso, a redução da atividade 
física também está associada a um aumento do risco de transtornos mentais, 
como depressão e ansiedade. Da mesma forma, foi observada uma relação 
inversa entre o comportamento sedentário e a qualidade de vida geral, felicidade 
e sensação de bem-estar (Guthold et al., 2020; Bell et al., 2023). 
Esses comportamentos referem-se à falta de atividade física, que ocorre 
quando as atividades têm um gasto energético de 1,5 METs ou menos, e aos 
níveis insuficientes de atividade física que não atendem às recomendações 
atuais. Esses níveis têm aumentado recentemente devido a mudanças sociais e 
 
 
9 
econômicas em curso. Apesar dos notáveis benefícios para a saúde física e 
mental associados à atividade física, as diretrizes da OMS para atividade física 
regular de intensidade moderada a vigorosa ainda levantam preocupações sobre 
comportamento sedentário e inatividade. 
Figura 2 – Alguns hábitos, quando inseridos em nossas rotinas, transformam 
nossa qualidade de vida 
 
Crédito: montira areepongthum/ShutterStock. 
As recomendações para a prática de atividades físicas indicam a 
necessidade de executar exercícios de moderados a intensos. E como saber se 
praticamos um ou outro? Pelo controle da carga do exercício. Nesse controle, 
temos melhor domínio das intensidades. Vamos aprender agora a percepção 
subjetiva de esforço. 
Um instrumento de avaliação amplamente utilizado para análise do 
desempenho durante determinada atividade física ou teste físico é o uso de 
escalas de percepção subjetiva de esforço. A escala mais utilizada 
mundialmente é a Escala de Borg, originalmente composta por valores de 6 a 
20, com respectivas percepções associadas à percepção de esforço, como 
demonstrado no Quadro 1. 
 
 
 
10 
Quadro 1 – Escala de percepção subjetiva de esforço original 
• 6 
• 7 – Muito fácil 
• 8 
• 9 – Fácil 
• 10 
• 11 – Relativamente fácil 
• 12 
• 13 – Ligeiramente cansativo 
• 14 
• 15 – Cansativo 
• 16 
• 17 – Muito cansativo 
• 18 
• 19 – Exaustivo 
• 20 
Quadro 2 – Escala de percepção subjetiva de esforço adaptada 
1 – Muito leve 
2 – Leve 
3 – Moderado 
4 – Moderado/Forte 
5, 6 – Forte 
7, 8, 9 – Muito forte 
10 – Extremamente forte 
A percepção subjetiva de esforço geralmente é utilizada para a avaliação 
ou acompanhamento de atividade aeróbias, estando seus números associados 
com a frequência cardíaca numa relação teórica de 1 para 10, ou seja, espera-
se que quando algum sujeito mencionar o número 13, sua frequência cardíaca 
esteja por volta de 130 bpm. 
Há ainda escalas adaptadas, com os valores indo de 1 a 10, por exemplo 
(Quadro 2); seu objetivo é facilitar a compreensão por parte dos avaliados, ou 
então usá-la para avaliar outros tipos de atividades, como cargas na musculação. 
É sempre crucial que, independentemente da escala utilizada, esta seja 
devidamente explicada ao avaliado. O momento em que o avaliador questiona o 
avaliado depende do propósito da escala. Por exemplo, em um teste aeróbio, osmomentos ideais para sua utilização seriam no início, fim e durante mudanças 
de intensidade, o que também se aplica ao acompanhamento de um programa 
de treinamento. 
 
 
11 
Embora a percepção de esforço seja geralmente compreensível e 
confiável, algumas pessoas podem ter dificuldades de interpretação, mesmo 
após uma explicação adequada, resultando em subestimação ou 
superestimação do esforço, com respostas que não correspondem à frequência 
cardíaca. Portanto, a atenção do avaliador é crucial nesse aspecto, pois 
divergências entre as respostas e a frequência cardíaca podem indicar 
indiretamente o nível de motivação. 
Por exemplo, se duas pessoas têm uma frequência cardíaca de 150 bpm, 
mas uma responde 8 e a outra responde 18, isso pode indicar diferenças no 
estado de motivação, desde que não haja problemas de entendimento. Diversas 
ferramentas e métodos são usados para monitorar a intensidade de um 
exercício. A utilização desses métodos pode ajudar a atingir objetivos de 
treinamento mais facilmente. 
Você usa smartwatch? Monitor de frequência cardíaca? Registra o 
consumo de calorias? Qualidade do sono? GPS? Se você respondeu sim a pelo 
menos um desses itens, você está entre as milhões de pessoas que usam 
dispositivos vestíveis pelo menos uma vez por mês para cuidar da saúde e bem-
estar. 
Durante muito tempo, a tecnologia foi vista como algo negativo para o 
desenvolvimento da saúde e de um estilo de vida ativo, sendo constantemente 
associada ao aumento do sedentarismo. Nos últimos anos, a disseminação de 
aplicativos para treinamento e equipamentos de monitoramento ajudou a criar 
novos paradigmas. Hoje não há mais dúvidas em relação ao potencial da 
tecnologia em oferecer informações inteligentes e confiáveis para promover a 
saúde e reduzir o sedentarismo. 
Os avanços tecnológicos tornaram mais fácil a coleta de importantes 
métricas de saúde, auxiliando profissionais de saúde e exercício físico a 
melhorar a eficiência, controlar doenças crônicas, monitorar exercícios, 
desenvolver estilos de vida saudáveis, detectando também sinais precoces que 
possam refletir em tratamentos mais eficazes. 
Os dispositivos vestíveis, ou wearables, estão em alta no mundo da 
atividade física, estando presentes no topo do ranking das tendências fitness do 
American College of Sports Medicine desde 2016, quando surgiram no mercado. 
De acordo com a pesquisa, a tecnologia vestível está enraizada na cultura de 
 
 
12 
hoje, e a indústria não mostra sinais de desaceleração, visto que as novas 
gerações estão nascendo imersas no ambiente digital. 
No entanto, apesar do grande desenvolvimento da tecnologia, é 
fundamental que um profissional de educação física esteja sempre presente, 
orientando a prática de exercícios físicos. Essa assistência auxilia na 
interpretação dos dados fornecidos pelas ferramentas tecnológicas e no uso 
desses dados para uma prescrição adequada e eficiente. Por esse motivo, é 
importante que os profissionais estejam sempre atualizados com as novas 
tecnologias a fim de incrementar sua área de atuação e melhor auxiliar seus 
alunos. 
Para concluir, é essencial reconhecer que a educação de adultos sobre a 
importância do exercício físico e a capacidade de identificar os graus de 
intensidade, de moderado a intenso, desempenha um papel crucial na promoção 
de uma saúde ótima e na prevenção de doenças crônicas. Ao equipar os 
indivíduos com o conhecimento necessário para avaliar e ajustar seus níveis de 
atividade, capacita-se cada pessoa a assumir um papel ativo em seu próprio 
bem-estar. Esta educação não apenas melhora a qualidade de vida dos adultos, 
mas também alivia a carga sobre os sistemas de saúde pública, criando uma 
sociedade mais saudável e consciente dos benefícios de um estilo de vida ativo. 
TEMA 5 – BIOÉTICA, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE 
A bioética é um campo interdisciplinar focado em julgamentos éticos 
sobre avanços na biologia, medicina e tecnologias relacionadas. No campo da 
saúde e do esporte, diferentes perspectivas influenciam as discussões sobre 
análise ética, políticas públicas e prática clínica. 
• A ética pode ser entendida como uma disciplina de reflexão moral 
baseada em padrões ideais do que é bom para os indivíduos e para a 
sociedade. 
• A bioética é uma aplicação caracterizada pelo estudo sistemático dos 
aspectos morais utilizando diversos princípios e métodos em um contexto 
interdisciplinar em direção aos valores sociais, culturais e morais da 
civilização moderna. 
A educação física é uma área do conhecimento cujos interesses de 
pesquisa estão relacionados às habilidades motoras, ao movimento humano e à 
 
 
13 
cultura do movimento. Sendo esta uma área relacionada ao conhecimento da 
educação, do esporte e da saúde, a formação dos profissionais envolve 
formação acadêmica, prática profissional, questões éticas e pessoais em 
conexão com isso (Silva; Santos; Oliveira, 2020). 
Os profissionais do desporto necessitam transformar sua prática, 
aprofundando sua compreensão da subjetividade e enfatizando a necessidade 
de uma educação ao longo da vida em consonância com as mudanças atuais. 
Leitura comentada sobre o artigo: 
CUNHA, L. S. de O.; HELLMANN, F. Ética, bioética e educação física: revisão 
sistematizada de uma convergência necessária. Revista Bioética, v. 30, p. 444-
461, 2022. 
Esse artigo oferece uma contribuição significativa ao explorar a 
publicação de estudos sobre ética e bioética no campo da educação física. A 
pesquisa identificou quatro áreas principais de interesse: 
1. Educação física como ferramenta para o desenvolvimento pessoal: 
Examina como a educação física pode contribuir para o crescimento 
pessoal dos alunos dentro do ambiente escolar. 
2. Esporte como meio de educação moral: Analisa o potencial do esporte em 
ensinar valores e formar virtudes morais. 
3. Conhecimento de ética pelos profissionais de educação física: Avalia o 
nível de entendimento dos profissionais sobre questões éticas. 
4. Ética na formação de profissionais: Investiga como a ética é incorporada 
na formação dos profissionais de educação física. 
O estudo indica a importância de fortalecer a compreensão de ética e 
bioética entre os profissionais de educação física e o progresso nesta área é 
essencial para promover práticas educacionais mais éticas e reflexivas, 
beneficiando tanto o ambiente escolar quanto a formação de virtudes nos 
indivíduos. 
NA PRÁTICA 
 Neste estudo, você já conheceu o Guia de Atividades Físicas para a 
População Brasileira. Que tal explorar as diretrizes de atividades físicas para a 
prática clínica de outros países, como o Canadá? 
 
 
14 
As Diretrizes de Movimento de 24 Horas1 enfatizam a importância de 
incorporar atividade física, comportamento sedentário e sono para melhorar o 
bem-estar geral. 
 A adesão a essas diretrizes tem sido associada a um risco reduzido de 
desenvolver miopia em crianças em idade escolar, ressaltando a importância do 
sono suficiente, do tempo limitado de tela e da atividade física regular. 
No geral, a adesão a essas Diretrizes apresentou-se como uma excelente 
estratégia para melhorar os resultados gerais de saúde em várias faixas etárias 
e demográficas (Coats et al., 2023). 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, foram analisadas diversas questões relacionadas à prática 
da atividade física e sua influência no bem-estar geral. Abordou-se a importância 
dos fatores psicossociais na participação em atividades físicas e como esses 
aspectos moldam atitudes e comportamentos em relação ao exercício. 
Além disso, discutimos a relevância do lazer ativo como meio de promover 
a saúde e o bem-estar, considerando os benefícios físicos, mentais e sociais 
associados a essa prática. Foram também exploradas estratégias para 
compensar o déficit de atividade física em crianças, especialmente no que diz 
respeito à falta de brincadeiras ao ar livre, e osimpactos negativos da falta de 
atividade física na fase adulta. Por fim, foram examinadas as implicações 
bioéticas relacionadas à promoção da atividade física e à tomada de decisões 
em saúde, destacando questões éticas e morais subjacentes à educação física. 
 
 
 
 
1 Disponível em: https://csepguidelines.ca/. Acesso em: 21 maio 2024. 
 
 
15 
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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Juliana Landolfi Maia 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Ao longo deste conteúdo, vamos mergulhar em uma jornada que nos 
levará a entender não apenas os benefícios físicos, mas também os impactos 
profundos que a prática regular de exercícios pode ter na sociedade como um 
todo. 
A atividade física é um agente de mudança, capaz de influenciar 
positivamente diversos aspectos de nossa existência. Nos dias de hoje, em meio 
a um estilo de vida cada vez mais sedentário e às pressões modernas da vida 
urbana, a importância da atividade física se torna ainda mais evidente. Ao longo 
deste capítulo, exploraremos os diversos aspectos da atividade física como 
agente transformador. 
Vamos analisar como o exercício pode contribuir para a promoção da 
saúde física e mental, para o desenvolvimento de habilidades sociais e 
emocionais, e até mesmo para a construção de comunidades mais inclusivas e 
resilientes. Além disso, vamos investigar o papel da atividade física em contextos 
específicos, como a educação, a reabilitação e até mesmo a prevenção e 
tratamento de doenças. Vamos examinar as evidências científicas que 
respaldam os benefícios da prática regular de exercícios e discutir estratégias 
para promover um estilo de vida ativo em nossa sociedade. 
Para isso, vamos explorar os seguintes objetivos: 
• Conhecer e compreender os benefícios da prática de atividade física 
como ferramenta educativa e social na infância e na adolescência. 
• Conhecer e compreender os benefícios da prática de atividade física e as 
relações culturais na infância e na adolescência. 
• Conhecer e compreender os benefícios da prática de atividade física em 
relação às doenças psicológicas na infância e na adolescência. 
• Conhecer e compreender os benefícios da prática de atividade física no 
processo de reabilitação de dependência na infância e na adolescência. 
• Identificar diferentes problemas relacionados à saúde mental e 
compreender os benefícios proporcionados pelo exercício físico. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA COMO 
FERRAMENTA SOCIAL E EDUCATIVA 
Quando pensamos em educação física e a prática de atividade física 
dentro do ambiente escolar, esta pode ser uma excelente ferramenta social e 
educativa, pois proporciona uma plataforma única para a construção de 
comunidades e relações interpessoais. 
Quando os indivíduos se envolvem em atividades físicas coletivas, seja 
através de esportes de equipe, dança ou outras formas de movimento, eles criam 
laços sociais fundamentados na colaboração, na comunicação e no respeito 
mútuo. Essas interações não apenas fortalecem os laços sociais, mas também 
promovem habilidades de trabalho em equipe e resolução de conflitos, 
essenciais para uma sociedade coesa e funcional. 
Ademais, a prática de exercícios físicos pode se revelar uma valiosa 
estratégia educativa, exercitando valores e competências, especialmente ao 
considerarmos a formação integral dos alunos, uma vez que engloba aspectos 
cognitivos, emocionais e sociais. Através dessas atividades, os estudantes 
adquirem noções de disciplina, resiliência, liderança e autoconfiança, 
competências que se revelam úteis em diversas esferas de suas trajetórias 
acadêmicas e pessoais. 
Na esfera da Educação Física Escolar, é imperativo reconhecer que o 
conhecimento nessa disciplina não se limita a um único domínio de saber e 
transcende a mera experiência, sendo crucial para o desenvolvimento pleno dos 
indivíduos e para a construção de uma sociedade mais unida e saudável. Como 
educadores, é nossa responsabilidade valorizar e fomentar a importância da 
atividade física não somente como um meio de promover a saúde física, mas 
também como uma poderosa ferramenta para o avanço social e educacional de 
nossos alunos. 
A literatura recente indica que a atividade física oferece uma infinidade de 
vantagens como meio de aprimoramento social e educacional, aumentando a 
autoestima, a integração social, as capacidades cognitivas, a saúde emocional 
e o desempenho acadêmico. Intervenções que incorporam atividade física 
demonstraram melhorias nas capacidades físicas, autoestima, qualidade de vida 
geral, integração social e prevenção da exclusão. Além disso, a prática de 
atividades físicas tem uma influência positiva nos engajamentos sociais e 
 
 
4 
educacionais dos indivíduos, promovendo o impulso e a realização dos objetivos 
(Konstantinos et al., 2022). 
O esporte funciona como um poderoso instrumento educacional, 
transmitindo valores e habilidades fundamentais aos indivíduos. Reconhecidapor promover o crescimento do caráter, do trabalho em equipe, da liderança, da 
resiliência e do fair play, a educação esportiva também promove o bem-estar 
físico, a autoconfiança e as competências interpessoais, enriquecendo os alunos 
dentro e fora do campo de jogo. Apesar da mudança do papel do esporte no 
tratamento de doenças do estilo de vida e na melhoria do bem-estar, seu 
significado tradicional na instrução moral, ética e pessoal permanece. 
 Em essência, a educação esportiva ocupa uma posição fundamental no 
avanço abrangente dos indivíduos, alinhando-se às demandas pedagógicas 
contemporâneas e ressaltando o desenvolvimento de proficiências 
socioemocionais cruciais para a ferramenta educacional poderosa, transmitindo 
valores e habilidades essenciais aos indivíduos. 
TEMA 2 – ATIVIDADE FÍSICA E RELAÇÕES CULTURAIS 
Na infância e na adolescência, as relações culturais ocorrem em grande 
parte dentro do ambiente escolar; considerando que os alunos produzem cultura 
a todo momento. 
A cultura corporal de movimento é um conceito essencial na Educação 
Física, englobando uma ampla variedade de práticas e movimentos corporais 
presentes na sociedade. Esse termo, introduzido por Nóvoa (1992), representa 
o conjunto de conhecimentos, valores, crenças, hábitos e habilidades 
relacionados às diversas formas de expressão corporal humana, incluindo 
esportes, danças, lutas, jogos e atividades de lazer. 
Essa abordagem reconhece o corpo como um meio de expressão cultural 
e social, permitindo às pessoas interagirem com o mundo ao seu redor. Portanto, 
a cultura corporal de movimento não se limita apenas à prática física em si, mas 
também abrange as interpretações e significados atribuídos a essas práticas em 
diferentes contextos sociais e históricos 
Ao explorar essa perspectiva, é essencial considerar as dimensões 
históricas, sociais e políticas que moldam as práticas corporais. Como destacado 
por Daolio (2004), a cultura corporal é uma construção histórica, influenciada por 
fatores como tradições culturais, mudanças sociais e movimentos políticos. Por 
 
 
5 
exemplo, as modalidades esportivas populares em determinada época refletem 
não apenas as preferências individuais, mas também as condições sociais e 
políticas daquele período. 
A cultura corporal de movimento está diretamente ligada à identidade 
individual e coletiva, sendo uma forma pela qual as pessoas constroem e 
afirmam suas identidades culturais, étnicas, de gênero e sociais. Conforme 
argumentado por Soares (2004), as manifestações corporais são uma poderosa 
expressão e resistência cultural, possibilitando que grupos marginalizados 
reafirmem sua identidade e resistam à dominação cultural. Isso nos desafia a 
refletir sobre as complexas interações entre corpo, cultura e sociedade na 
Educação Física, reconhecendo a diversidade das práticas corporais humanas 
e seu papel na construção da identidade e na transformação social. 
Na infância e adolescência, a cultura corporal de movimento é crucial para 
o desenvolvimento integral dos jovens, influenciando sua identidade, habilidades 
motoras, cognitivas e sociais, além de promover hábitos de vida saudáveis. A 
Educação Física escolar desempenha um papel essencial ao introduzir os alunos 
em diversas práticas corporais, enriquecendo seu repertório motor, promovendo 
habilidades físicas e cognitivas e fomentando a apreciação pela diversidade 
cultural. 
Adicionalmente, a cultura corporal de movimento entre os jovens colabora 
para o estabelecimento de laços sociais e inclusão, possibilitando interações 
entre pares, cooperação em equipe, desenvolvimento de liderança e resolução 
de conflitos. Essa dinâmica promove a formação de competências sociais 
fundamentais e uma comunidade escolar mais unida e diversificada. 
Ao reconhecer a importância da cultura corporal de movimento desde 
cedo, educadores e responsáveis podem incentivar um estilo de vida ativo e 
saudável nos jovens, promovendo não apenas a saúde física, mas também o 
bem-estar emocional e social. Essa abordagem está alinhada com a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC), que preconiza uma ampla gama de práticas 
corporais no ambiente escolar, incluindo jogos, esportes, danças e atividades 
expressivas (Brasil, 2018). 
De acordo com a BNCC, a Educação Física deve proporcionar 
experiências significativas aos estudantes, permitindo-lhes compreender e 
apreciar a diversidade das manifestações corporais presentes na sociedade. 
Nesse sentido, os diferentes objetos de estudo na Educação Física estão 
 
 
6 
intrinsecamente ligados à cultura corporal de movimento, que inclui não apenas 
as práticas esportivas mais tradicionais, mas também formas de movimento 
culturalmente relevantes e historicamente significativas. 
Figura 1 – Unidades temáticas segundo a BNCC 
 
Os jogos, por exemplo, representam uma importante manifestação da 
cultura corporal de movimento, oferecendo aos estudantes a oportunidade de 
desenvolver habilidades motoras, cognitivas e sociais de forma lúdica e 
participativa. Da mesma forma, as danças e atividades rítmicas exploram a 
expressão corporal e a criatividade, permitindo que os alunos experimentem 
diferentes formas de movimento e se conectem com suas emoções e 
sentimentos. 
Além disso, as atividades esportivas e de condicionamento físico também 
desempenham um papel significativo na Educação Física, promovendo a saúde 
e o bem-estar dos estudantes, bem como valores como cooperação, fair play e 
respeito às regras. As lutas, por sua vez, proporcionam aos alunos a 
oportunidade de desenvolver habilidades de autodefesa, disciplina e 
autocontrole, ao mesmo tempo em que exploram aspectos culturais e históricos 
dessas práticas. 
Em resumo, a cultura corporal de movimento é um conceito central na 
Educação Física, que orienta a seleção e a organização dos conteúdos de 
ensino. Ao reconhecer a diversidade dos objetos de estudo na disciplina, os 
educadores podem oferecer experiências enriquecedoras e significativas aos 
estudantes, contribuindo para o desenvolvimento integral de sua formação 
pessoal, social e cultural (Brasil, 2019). 
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
DANÇA
ESPORTES
LUTAS
GINÁSTICA
PRÁTICAS 
CORPORAIS DE 
AVENTURA
 
 
7 
TEMA 3 – ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS PSICOLÓGICAS 
A atividade física desempenha um papel vital na prevenção e gestão de 
condições psicológicas, como depressão e ansiedade. A literatura ressalta os 
efeitos benéficos do exercício físico no bem-estar mental, enfatizando sua 
capacidade de aliviar o estresse e dar uma contribuição substancial à saúde 
geral. Praticar atividade física regular não só ajuda a evitar problemas de saúde 
mental, mas também diminui os sintomas de depressão, melhorando, com isso, 
a qualidade de vida (Hale et al., 2022). 
Além disso, há evidências ligando a aptidão cardiorrespiratória à melhoria 
da saúde mental entre jovens aparentemente saudáveis, destacando a 
importância de priorizar melhorias na aptidão física para otimizar o bem-estar 
mental. Apesar desses méritos, existem obstáculos na implementação de 
programas de atividade física para transtornos mentais graves, acentuando a 
necessidade de maiores esforços para facilitar sua incorporação regular e 
aumentar a adesão às intervenções de atividade (Mahindru et al., 2021). 
O transtorno depressivo maior é a principal causa de deficiência global e 
está associado a um declínio significativo na satisfação com a vida quando 
comparado a questões como endividamento, divórcio e diabetes. Além disso, 
agrava outras condições médicas, como doenças cardíacas, ansiedade e 
câncer. 
Embora um número considerável de indivíduos com depressão maior 
exiba respostas positivas a tratamentos como medicamentos e psicoterapia, 
uma proporção notável não alcança resultados satisfatórios com essas 
intervenções. Além disso, o acesso ao tratamento para muitos indivíduos que 
sofremde depressão é restrito, com apenas aproximadamente metade das 
nações de alta renda e uma fração notavelmente menor de países de baixa e 
média renda fornecendo cobertura de tratamento. Portanto, há uma necessidade 
urgente de mais opções de tratamento baseadas em evidências (Naveed et al., 
2021). 
O exercício pode potencialmente funcionar como uma opção adicional ou 
até mesmo um substituto viável para medicamentos e psicoterapia. Além das 
vantagens para a saúde mental, a prática de exercícios físicos também leva a 
melhorias em diversos domínios físicos e cognitivos. Notavelmente, as diretrizes 
 
 
8 
de prática clínica em países como EUA, Reino Unido e Austrália incorporam o 
exercício físico como um componente fundamental do tratamento da depressão. 
No entanto, essas diretrizes carecem de recomendações precisas e 
consistentes em relação à quantidade ou natureza do exercício. Embora as 
diretrizes britânicas defendam programas de exercícios em grupo e defendam o 
aumento de qualquer forma de atividade física, a Associação Americana de 
Psiquiatria recomenda praticar qualquer quantidade de exercícios aeróbicos ou 
de resistência (Recchia et al., 2022). 
Várias formas de exercício são bem recebidas e eficazes no tratamento 
da depressão, principalmente atividades como caminhar ou correr, ioga e 
treinamento de força. Os resultados foram semelhantes aos observados com 
psicoterapia e farmacoterapia. Notavelmente, o exercício demonstrou maior 
eficácia com níveis de intensidade mais altos. 
Os desenvolvedores de diretrizes podem encontrar obstáculos ao tentar 
fornecer recomendações distintas com base em avaliações de estudos 
existentes, particularmente ao comparar diretamente diferentes modalidades de 
exercícios. Esse desafio surge devido a variações substanciais entre os estudos 
em termos dos exercícios testados e das populações-alvo. Consequentemente, 
chegar a conclusões definitivas sobre os exercícios mais eficazes pode ser um 
desafio. 
Além disso, certas formas de exercício, como ioga e tai chi, são 
ocasionalmente excluídas das análises, pois podem não se encaixar 
perfeitamente em categorias convencionais, como “exercícios de força”. Os 
efeitos do exercício sobre a depressão são moderados em comparação com 
grupos de controle ativos, tanto quando aplicados isoladamente quanto em 
combinação com outros tratamentos estabelecidos, como a terapia cognitivo-
comportamental. 
Em termos de modalidades de exercício isoladas, caminhada ou corrida, 
ioga, treinamento de força e dança mostram-se mais eficazes. Os benefícios do 
exercício tendem a ser proporcionais à intensidade prescrita, sendo atividades 
vigorosas mais benéficas. Além disso, os benefícios são consistentes 
independentemente da dose semanal, comorbidades existentes ou níveis iniciais 
de depressão (Oberste et al., 2022). 
 
 
 
9 
TEMA 4 – ATIVIDADE FÍSICA NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DA 
DEPENDÊNCIA 
A rotina consistente de atividade física tem um papel fundamental na 
recuperação de indivíduos enfrentando a dependência química, trazendo 
diversos benefícios para sua saúde tanto física quanto mental. Pesquisas 
destacam a relevância de permanecer ativo para aprimorar a saúde e o bem-
estar dessas pessoas (Cossio-Bolaños et al., 2008). 
Durante a adolescência, a prática de atividade física é especialmente 
relevante para proteger os jovens do uso de substâncias e da dependência 
química. Pesquisas indicam que a falta de exercício aumenta o risco de 
desenvolver problemas relacionados ao uso de substâncias, como a cannabis, 
especialmente quando combinada com histórico familiar de uso de drogas. Além 
disso, o envolvimento em atividades físicas pode promover o autocontrole, 
reduzindo a dependência do celular entre os adolescentes (Squeglia et al., 2009; 
Lynch et al., 2013). 
Diferentes tipos de exercícios físicos têm efeitos variados nos 
comportamentos relacionados ao uso de substâncias, com algumas atividades 
diminuindo as chances de uso de certas substâncias e outras podendo aumentá-
las. Portanto, incentivar a prática de atividade física na adolescência pode ser 
uma medida importante na prevenção da dependência química (Noky et al., 
2017). 
Além disso, a introdução de atividades de aventura que envolvem o corpo 
tem sido reconhecida como uma forma eficaz de auxiliar no tratamento da 
dependência química. Essas atividades ajudam a regular emoções e 
proporcionam prazer por meio de desafios controlados. Estudos demonstram 
que integrar exercícios físicos e aventuras no tratamento da dependência 
química é uma abordagem eficaz para promover a recuperação e o bem-estar 
dos pacientes. Além disso, workshops de educação nutricional têm sido 
destacados como um complemento valioso nesse processo, resultando em 
mudanças positivas nos hábitos alimentares e contribuindo para o sucesso do 
tratamento. 
Pesquisas recentes também destacam a importância de intervenções 
baseadas na atenção plena, juntamente com atividades físicas, para ajudar na 
recuperação de transtornos relacionados ao uso de substâncias. Ao combinar 
 
 
10 
exercícios físicos, aventuras ao ar livre e técnicas de atenção plena, os 
indivíduos podem experimentar uma melhoria na saúde mental, redução do 
estresse e ansiedade, e aumento da autoconsciência, contribuindo para uma 
recuperação mais eficaz (Sancho et al., 2018). 
Ao integrar esses elementos nos planos de tratamento, os pacientes 
podem experimentar uma melhoria na regulação emocional, prazer através de 
desafios controlados e mudanças positivas nos hábitos alimentares, contribuindo 
para uma recuperação bem-sucedida e sobriedade a longo prazo. 
TEMA 5 – ATIVIDADE FÍSICA E PERSPECTIVAS ECOLÓGICAS 
 As perspectivas ambientais e ecológicas têm uma influência notável na 
implementação da atividade física. O papel do planejamento urbano e dos 
elementos de nível comunitário é crucial para facilitar ou impedir a participação 
em atividades físicas. 
As consequências das ações humanas no meio ambiente resultaram em 
alterações ambientais que impactam a vida social e a saúde dos indivíduos 
envolvidos em atividades físicas. Pesquisas indicam que residir em ambientes 
propícios à atividade física está ligado ao aumento da participação, melhores 
marcadores de saúde e melhor qualidade de vida, principalmente entre 
adolescentes (Terrón-Pérez et al., 2021). 
Portanto, promover ambientes construídos que apoiem a atividade física, 
serviços de transporte eficientes e medidas de segurança é fundamental para 
promover a atividade física e o bem-estar geral. 
A influência do ambiente sobre o comportamento tem sido objeto de 
estudo através de modelos ecológicos, os quais buscam compreender como o 
ambiente impacta o comportamento humano. Algumas premissas são 
reconhecidas na aplicação de uma abordagem socioecológica para a promoção 
da saúde, reconhecendo a complexidade do ambiente e a necessidade de 
considerar suas múltiplas dimensões. Nesse contexto, o ambiente pode ser 
caracterizado como social ou físico, sendo tanto tangível quanto percebido pelos 
indivíduos (Fermino et al., 2013). 
O impacto dos fatores ambientais na atividade física é uma questão 
multifacetada que vai além da saúde e do desempenho dos atletas. As 
considerações ambientais desempenham um papel crucial na formação do 
envolvimento dos indivíduos em atividades físicas, com o planejamento urbano 
 
 
11 
e os fatores de nível comunitário sendo os principais influenciadores. A relação 
entre a atividade humana e o meio ambiente levou a mudanças significativas que 
não apenas afetam a vida social, mas também afetam o bem-estar geral das 
pessoas envolvidas em atividades físicas. 
Pesquisas indicam que residir em ambientes propícios à atividade física 
está relacionado a níveis mais altos de engajamento, melhores resultados de 
saúde e melhor qualidade de vida em várias faixas etárias. Portanto, criarambientes construídos que apoiem uma vida ativa, serviços de transporte 
acessíveis e medidas de segurança é essencial para promover a atividade física 
e melhorar o bem-estar geral. 
Além disso, explorar a interação entre tipos específicos de atividades 
físicas e fatores ambientais percebidos revela associações interessantes, 
particularmente entre adolescentes. Estudos têm mostrado que a proximidade 
de pistas de caminhada/corrida aumenta a probabilidade de se envolver em 
várias atividades físicas, especialmente entre meninas. 
Fatores como estética, segurança no trânsito e acesso a instalações 
recreativas internas estão ligados à participação em esportes coletivos entre 
adolescentes, ressaltando como o ambiente influencia as escolhas específicas 
de atividades. Além disso, a presença de equipamentos esportivos em casa se 
correlaciona com níveis mais altos de atividade física em meninos e meninas, 
enquanto as percepções de segurança e ruas bem iluminadas estão associadas 
ao transporte ativo entre meninas (Tcymbal et al., 2020). 
Essas descobertas ressaltam o papel crítico dos fatores ambientais na 
formação das preferências e níveis de atividade entre adolescentes, enfatizando 
a necessidade de intervenções direcionadas para promover a atividade física 
adaptada a contextos ambientais específicos. 
NA PRÁTICA 
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o componente curricular de 
Educação Física aborda as práticas corporais, explorando suas diversas 
manifestações e como elas conferem significado para aqueles que as realizam. 
De acordo com essa abordagem, a movimentação do corpo está 
intrinsecamente ligada à cultura e deve ser compreendida dentro do contexto 
social e histórico dos indivíduos envolvidos. Portanto, dentro dessa proposta, a 
educação física tem como objetivo desenvolver habilidades e competências 
 
 
12 
essenciais para aprofundar o entendimento sobre os movimentos corporais, os 
métodos de autocuidado e de cuidado com os outros, e para promover a 
autonomia e uma participação mais confiante e dinâmica na sociedade. 
Assim, busca o desenvolvimento de habilidades e competências 
essenciais para expandir o conhecimento sobre os movimentos corporais, os 
meios de autocuidado e de cuidado com os outros, e para encorajar a autonomia 
e uma participação mais segura e proativa na sociedade. 
A Educação Física na BNCC enfatiza a promoção de atividades corporais 
compostas por três elementos: a prática do movimento corporal como o aspecto 
central, uma organização interna de maior ou menor complexidade, guiada por 
uma lógica específica, e a produção de um produto cultural relacionado ao 
lazer/entretenimento e/ou ao cuidado com o corpo e a promoção de saúde. 
 A BNCC de Educação Física destaca oito dimensões do conhecimento: 
Quadro 1 – Dimensões do conhecimento na Educação Física 
EXPERIMENTAÇÃO Refere-se à oportunidade de vivenciar diretamente 
as práticas corporais, experimentando diferentes 
movimentos, técnicas e modalidades esportivas. É 
uma abordagem prática que permite aos alunos 
explorarem e descobrirem seus corpos e 
habilidades. 
USO E 
APROPRIAÇÃO 
Envolve a capacidade de aplicar os conhecimentos 
adquiridos durante a experimentação em situações 
práticas. Os alunos aprendem a utilizar as 
habilidades e técnicas aprendidas na prática das 
atividades físicas em diversos contextos e situações 
do cotidiano. 
FRUIÇÃO Refere-se ao prazer e satisfação que os alunos 
experimentam ao se envolverem nas práticas 
corporais. É a sensação de bem-estar e realização 
que surge ao praticar atividades físicas que 
proporcionam prazer e gratificação pessoal. 
REFLEXÃO SOBRE A 
AÇÃO 
Consiste na capacidade de os alunos analisarem e 
refletirem sobre suas próprias experiências durante 
a prática das atividades físicas. Isso inclui identificar 
 
 
13 
pontos fortes e áreas de melhoria, bem como 
compreender o impacto das suas ações no contexto 
da atividade física. 
CONSTRUÇÃO DE 
VALORES 
Envolve o desenvolvimento de valores e atitudes 
positivas em relação à prática de atividades físicas e 
ao convívio social. Isso inclui valores como respeito, 
cooperação, ética esportiva, inclusão e 
responsabilidade, que são promovidos e reforçados 
por meio da participação nas práticas corporais. 
ANÁLISE Refere-se à capacidade de os alunos analisarem 
criticamente diferentes aspectos das práticas 
corporais, incluindo técnicas, táticas, regras, 
estratégias e desempenho individual e coletivo. É a 
habilidade de identificar padrões, tendências e áreas 
de melhoria nas atividades físicas. 
COMPREENSÃO Consiste na capacidade de os alunos 
compreenderem os princípios teóricos e conceituais 
subjacentes às práticas corporais, bem como sua 
relevância e aplicação em diferentes contextos. Isso 
inclui compreender os benefícios para a saúde, os 
aspectos biomecânicos, fisiológicos, psicológicos e 
socioculturais das atividades físicas. 
PROTAGONISMO 
COMUNITÁRIO 
Refere-se à capacidade dos alunos de se 
envolverem ativamente na comunidade por meio da 
prática de atividades físicas. Isso inclui participar de 
iniciativas e projetos comunitários relacionados à 
promoção da saúde, ao esporte, à recreação e ao 
lazer, contribuindo para o bem-estar coletivo e o 
desenvolvimento social. 
Fonte: BNCC, 2017. 
É essencial que cada dimensão seja sempre abordada de modo integrado 
com as outras, levando em consideração sua natureza vivencial e subjetiva, com 
especial atenção às metodologias de aprendizagem e ensino. 
Que tal fazermos um exercício de organizar uma situação de 
aprendizagem pensando nessas dimensões? 
 
 
14 
FINALIZANDO 
Este capítulo explorou diversos aspectos relacionados à prática de 
atividade física durante a infância e adolescência, ressaltando seu papel tanto 
como ferramenta educativa quanto social. Foram abordados os benefícios físicos 
e sociais da atividade física nessa fase da vida, destacando sua contribuição 
para o desenvolvimento completo dos jovens, incluindo habilidades cognitivas, 
emocionais e sociais. 
Além disso, investigamos as influências culturais na prática de atividade 
física durante a infância e adolescência, evidenciando como fatores culturais 
podem moldar as preferências e os padrões de exercício desses jovens. 
Também discutimos a relação entre atividade física e saúde mental, enfatizando 
os benefícios da prática regular de exercícios na prevenção e tratamento de 
problemas psicológicos comuns nessa faixa etária, como ansiedade e 
depressão. 
Outro aspecto abordado foi o papel da atividade física na reabilitação de 
dependência durante a infância e adolescência. Apresentamos evidências sobre 
como o exercício pode auxiliar no tratamento e recuperação de jovens que 
enfrentam dependência, facilitando sua reintegração social e melhoria da 
qualidade de vida. Por fim, examinamos as influências do ambiente na prática 
de atividade física. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Juliana Landolfi Maia 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Para adolescentes e crianças, a atividade física não é apenas uma 
questão de saúde, mas também um meio vital de expressão, aprendizado e 
interação com o mundo ao seu redor. É por meio do movimento que eles 
exploram seus corpos, desenvolvem habilidades motoras fundamentais e 
fortalecem sua autoconfiança. 
No mundo contemporâneo, no qual as telas digitais competem pela 
atenção dos jovens e as pressões acadêmicas e sociais são cada vez mais 
intensas, a importância da atividade física se torna ainda mais evidente. Além de 
promover a saúde física, o exercício regular pode melhorar o humor, reduzir o 
estresse e promover um senso de pertencimento e conexão com os outros. 
Ao longo desta etapa, vamos examinar de perto o impacto da atividade 
física na vida de adolescentes e crianças. Vamos explorar como o exercício pode 
contribuir para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social e, também, 
estratégias para incentivar a participação ativa em atividades físicas, tanto dentro 
como fora da escola, e discutir o papel dos educadores, pais e da comunidade 
em promover um estilo de vida ativo e saudável. 
Iremos abordar os seguintes objetivos: 
• Conhecer e compreender a relação entre o uso de dispositivos eletrônicos 
e o sedentarismo na infância e adolescência; 
• Conhecer e compreender as características do uso de dispositivos 
eletrônicos na prática de atividade física na infância e adolescência; 
• Conhecer as características do centro de atividade física infantil; 
• Conhecer e compreender as características dos programas de 
treinamento resistido na infância e adolescência; 
• Conhecer e compreender as características dos programas de 
treinamento de endurance na infância e adolescência. 
TEMA 1 – USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS E O SEDENTARISMO NA 
INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 
A utilização excessiva de aparelhos eletrônicos durante a infância e a 
adolescência tem sido associada à adoção de um estilo de vida sedentário. Essa 
conduta inativa tem o potencial de resultar em várias consequências adversas à 
 
 
3 
saúde, como problemas musculoesqueléticos, deficiências visuais e desafios 
psicossociais de saúde (Tsang et al., 2023). 
Os pais têm um papel vital na supervisão da utilização de dispositivos 
eletrônicos para atividade física entre jovens. Embora os dispositivos eletrônicos 
possam oferecer oportunidades de prática, há reservas quanto à inclinação para 
a atividade física na realidade, em oposição ao tempo de tela, particularmente 
em faixas etárias mais jovens (Dibben et al., 2023) 
É imperativo compreender as perspectivas dos pais sobre os dispositivos 
eletrônicos para a atividade física para implementar estratégias eficazes para 
promover comportamentos saudáveis e abordar os hábitos sedentários entre os 
jovens. Iniciativas destinadas a desenvolver dispositivos eletrônicos que 
possibilitem a prática de atividade física adequadas para diferentes faixas etárias 
e melhorar a conformidade com seu uso, podem ajudar a aliviar o estilo de vida 
sedentário associado ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos na infância e 
adolescência (Doruk et al., 2023). 
A pirâmide a seguir nos ajuda compreender o volume de atividades e 
exercícios físicos recomendados ao longo da semana. 
 
Crédito: Jefferson Schnaider. 
Para medir a intensidade da atividade física, utilizamos os METs, ou 
"Metabolic Equivalent of Task". Cada MET é uma unidade que representa o 
gasto energético de uma pessoa em repouso, equivalente a cerca de 3,5 ml de 
oxigênio por quilo de peso corporal por minuto. Ao empregar os METs para 
avaliar a intensidade das atividades físicas, podemos indicar o quanto uma 
 
 
4 
atividade consome de energia em comparação com o estado de repouso. Por 
exemplo, uma atividade que requer 5 METs indica que a pessoa está gastando 
energia cinco vezes mais rápido do que em repouso durante essa atividade 
específica. 
A relação entre METs e atividade física é essencial para avaliar e 
prescrever exercícios. A seguir estão algumas categorias gerais de intensidade 
com base nos METs: 
• Leve: até 3 METs. 
Exemplos: caminhada leve, atividades domésticas simples. 
• Moderada: 3 a 6 METs. 
Exemplos: caminhada rápida, ciclismo moderado. 
• Vigorosa: acima de 6 METs. 
Exemplos: corrida, prática de esportes intensos. 
Ao calcular a intensidade da atividade física em METs, profissionais da 
área de saúde e condicionamento físico podem adaptar programas de exercícios 
de acordo com a capacidade e os objetivos individuais, assegurando uma 
abordagem segura e eficaz para promover a saúde. 
Para mensurar o grau de atividade física, há ferramentas específicas que 
se dedicam a analisar os padrões de atividade física realizados na semana 
anterior, como o Questionário Internacional de Atividade Física (Ipaq) - seja em 
sua versão completa ou abreviada - e o questionário Baecke, que avalia as 
atividades executadas nos meses precedentes ao preenchimento. Ambos os 
questionários estão disponíveis em língua portuguesa e podem ser facilmente 
acessados pela internet (Matsudo et al., 2001). 
Por sua praticidade, destacamos alguns aspectos sobre o Ipaq versão 
curta, que avalia a atividade física estimada da última semana em termos de 
duração, frequência e intensidade. O próprio questionário fornece instruções 
simplificadas para sua conclusão, explicando os objetivos e definindo as 
intensidades, duração e frequência a serem consideradas (Matsudo et al., 2001). 
Após analisar e tabular os dados coletados, é importante interpretar osa saúde e reduzir a ocorrência de doenças são pilares essenciais 
para garantir uma alta qualidade de vida. No entanto, boa saúde não se resume 
simplesmente à ausência de doenças. Ela envolve também vários outros 
elementos cruciais, como aspectos cognitivos, sociais e econômicos. Por isso, 
adotar um estilo de vida que promova hábitos saudáveis é fundamental, e isso 
inclui a prática regular de atividade física. 
TEMA 3 – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA 
NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 
3.1 Mas, afinal, o que é adolescência? 
A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, 
caracterizada por mudanças físicas, emocionais e sociais significativas. É um 
momento crucial no desenvolvimento humano, marcado por alterações 
hormonais, crescimento rápido e maturação sexual (Arena, 2017). Nesta seção, 
exploraremos a fisiologia da adolescência, incluindo sua definição, as principais 
 
 
7 
transformações físicas que ocorrem durante esse período, e as diferentes 
classificações da adolescência. Todas as informações apresentadas serão 
respaldadas por pesquisas científicas pertinentes, com o intuito de oferecer uma 
análise abrangente e fundamentada sobre o assunto. 
A pesquisa científica tem demonstrado que níveis elevados de 
comportamento sedentário e falta de atividade física estão associados a um 
aumento do risco de várias condições, incluindo obesidade, câncer, síndrome 
metabólica, doenças cardíacas, diabetes e mortalidade. Além disso, a 
diminuição da atividade física também está correlacionada a uma maior 
probabilidade de desenvolver transtornos mentais, como depressão e 
ansiedade. Da mesma forma, foi observada uma relação inversa entre 
comportamento sedentário e qualidade de vida geral, felicidade e percepção de 
saúde. 
É de grande importância incentivar as crianças a desenvolver e manter 
hábitos saudáveis, pois a infância é um período crucial de descobertas e 
formação de costumes que podem perdurar até a vida adulta. Isso envolve 
encorajar a prática regular de atividades físicas e reduzir o comportamento 
sedentário entre crianças e adolescentes. O comportamento sedentário, definido 
como a realização de atividades com um gasto energético menor que 1,5 
equivalentes metabólicos (METs), tem sido identificado como um desafio de 
saúde pública (Hallal et al., 2010). 
3.2 Exercício físico na adolescência 
A prescrição de exercícios físicos é um tema complexo que requer a 
consideração de vários elementos, incluindo a faixa etária da população, as 
condições de saúde e doença, as capacidades físicas e fisiológicas, entre outros 
aspectos. Para orientar os profissionais na seleção de exercícios físicos 
adequados para diferentes grupos populacionais, as instituições normativas 
estabelecem diretrizes e guias de recomendações gerais, que devem ser 
avaliados e interpretados com cuidado pelos profissionais. Essas diretrizes são 
específicas para grupos como idosos, hipertensos, diabéticos, entre outros. 
Recentemente, foi lançado um guia de recomendações de atividade física para 
crianças e adolescentes brasileiros (Silva et al., 2021a). É amplamente 
reconhecido que o crescimento e desenvolvimento saudáveis estão diretamente 
ligados à prática regular de atividades físicas, com os principais guias 
 
 
8 
internacionais recomendando que as crianças comecem a se envolver em 
atividades físicas desde os primeiros meses de vida (Silva et al., 2021a). 
A prática de atividade física oferece uma ampla gama de benefícios, 
abrangendo aspectos fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais, além de 
contribuir para a melhoria de componentes da saúde, como níveis superiores de 
aptidão física, desenvolvimento motor, manutenção da composição corporal e 
redução de doenças crônicas não transmissíveis. Outros elementos promovem 
uma melhor qualidade de vida (Dumith et al., 2021; Gallahue, Ozmun; Goodway, 
2013). Diversas diretrizes internacionais foram desenvolvidas para orientar os 
profissionais na prescrição e supervisão da prática de atividade física em 
crianças de diferentes faixas etárias. Essas diretrizes destacam a importância de 
iniciar a prática desde os primeiros anos de vida, pois é nesse período que os 
hábitos começam a se formar, aumentando as chances de manter um estilo de 
vida ativo ao longo da vida adulta (Silva et al., 2021a). 
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2009 revelou que 
cerca de 43,1% dos adolescentes brasileiros do 9º ano do Ensino Fundamental 
eram considerados ativos, sendo essa proporção maior entre os meninos 
(56,2%) do que entre as meninas (31,3%). Surpreendentemente, apenas metade 
dos adolescentes relatou ter participado de duas ou mais aulas de educação 
física na semana anterior à entrevista. A pesquisa também ressaltou a 
dificuldade de mensurar a atividade física em jovens, destacando a importância 
de intervenções urgentes para promover a prática nessa faixa etária no Brasil 
(Hallal et al., 2010). 
Uma revisão sobre o comportamento sedentário em adolescentes 
brasileiros mostrou que a maioria dos estudos tinha desenho transversal, com 
apenas 13,1% sendo pesquisas experimentais. O indicador mais usado para 
caracterizar o comportamento sedentário foi o tempo de tela. A revisão destacou 
a importância de desenvolver práticas para reduzir o comportamento sedentário, 
levando em consideração a complexidade dessa mudança comportamental e a 
influência de fatores como hábitos diários e a atratividade dos dispositivos 
eletrônicos (Silva Filho et al., 2024). 
3.3 O que dizem as diretrizes de prática clínica sobre atividades físicas 
para adolescentes? 
 
 
9 
Algumas das principais diretrizes internacionais para a prática de 
exercícios físicos em crianças e adolescentes apresentam diferenças entre si. 
Uma das principais disparidades está na faixa etária abordada em cada uma 
dessas diretrizes. Por exemplo, as recomendações da Austrália contemplam 
crianças de 5 a 12 anos e adolescentes de 12 a 18 anos. Já as diretrizes do 
Canadá dividem as faixas etárias em grupos de 0 a 4 anos, 5 a 11 anos e 12 a 
17 anos. As recomendações do Reino Unido, por sua vez, oferecem orientações 
para as faixas etárias de 0 a 5 anos e de 5 a 18 anos. 
É importante salientar que essas recomendações mencionam que o 
ambiente escolar pode ser utilizado como uma oportunidade para a prática de 
atividades físicas, porém, não fornecem diretrizes específicas quanto à 
frequência ou duração das aulas. Ademais, é crucial reconhecer as variações 
culturais entre os países. 
No Brasil, algumas iniciativas também são implementadas para oferecer 
atividades físicas extracurriculares, como o programa Segundo Tempo, que 
proporciona a prática de esportes coletivos e individuais para crianças e 
adolescentes (Matias, 2013). No entanto, essa realidade não é uniforme em todo 
o país. 
Em relação à frequência das aulas de educação física para estudantes 
brasileiros, é comum observar que muitas escolas oferecem duas aulas por 
semana. Entretanto, existem disparidades regionais. Na região Sul, é mais 
comum encontrar cidades que oferecem duas ou mais aulas semanais. Já na 
região Nordeste, há o menor percentual de aulas de educação física por semana, 
geralmente duas ou menos (Soares; Hallal, 2015). 
Com o objetivo de desenvolver um guia voltado para a população 
infantojuvenil do Brasil, o Ministério da Saúde criou o Guia de Atividade Física 
para a População Brasileira, que se baseou em diversos guias e estudos 
internacionais, adaptando-os à realidade do país (Brasil, 2021). 
TEMA 4 – ASPECTOS PSICOMOTORES DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA 
NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
A melhoria das habilidades físicas e motoras é essencial para o 
desenvolvimento humano completo e para a adoção de uma vida adulta 
saudável. No entanto, pesquisas indicam que há uma escassez de 
 
 
10 
oportunidades para aprimoramento motorresultados para caracterizar o nível de atividade física dos indivíduos. Um estudo 
conduzido por Souza et al. (2016) resume a interpretação dos níveis de atividade 
física em diferentes categorias. 
 
 
5 
1. Muito ativo – aquele que ultrapassou as recomendações de atividades 
físicas: a) vigorosa: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; b) vigorosa: 
≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + moderada e/ou caminhada: ≥ 5 
dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; 
2. Ativo – aquele que cumpriu recomendações de atividades físicas: a) 
vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; ou b) moderada ou 
caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; ou c) Qualquer 
atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/sem (caminhada + 
moderada + vigorosa); 
3. Insuficientemente ativo – aquele que realiza atividade física, porém 
insuficiente para ser classificado como ativo, pois não cumpre as 
recomendações quanto à frequência ou duração. Para realizar essa 
classificação soma-se a frequência e a duração dos diferentes tipos de 
atividades (caminhada + moderada + vigorosa); 
4. Fisicamente inativo – aquele que não realizou nenhuma atividade física 
por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana. 
A classificação 3 de insuficientemente ativo pode ser subdividida em dois 
grupos, conforme desejado pelo avaliador. O grupo a), insuficientemente ativo, 
inclui indivíduos que realizam pelo menos 10 minutos consecutivos de atividade 
física, seguindo pelo menos um dos critérios mencionados: frequência - 5 dias 
por semana ou duração - 150 minutos por semana. Já o grupo b) de 
insuficientemente ativo, refere-se aos que não atendem a nenhum dos critérios 
de recomendação mencionados para os indivíduos insuficientemente ativos do 
grupo A (Matsudo et al., 2001). 
Vale ressaltar que este tipo de quantificação é muito relevante, pois as 
diretrizes globais também consideram o impacto do sedentarismo na saúde, 
recomendando a redução do tempo sedentário, particularmente em ambientes 
de trabalho e lazer. Essas orientações fornecem uma base para a promoção de 
estilos de vida ativos, contribuindo para a melhoria da saúde pública global 
(ACSM, 2018). 
Apesar das evidências recentes na literatura, no Brasil ainda não há uma 
regulamentação específica para esse fim, porém o guia de atividades físicas para 
a população Brasileira aponta diversas recomendações sobre o uso de telas 
entre crianças e adolescentes, chamando a atenção para o equilíbrio, sobretudo 
para a carga mínima de atividades físicas recomendadas nessas faixas etárias. 
 
 
6 
TEMA 2 – USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS NA PRÁTICA DA ATIVIDADE 
FÍSICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
A presença comum de dispositivos eletrônicos entre crianças e 
adolescentes é um fato incontestável. Diante disso, surge a questão de como 
podemos explorar criativamente esses dispositivos para promover um uso 
saudável, e até mesmo usá-los para incentivar a atividade física. 
O emprego de dispositivos eletrônicos para estimular a prática de 
exercícios em crianças e adolescentes oferece diversos benefícios. Os pais 
reconhecem a utilidade desses dispositivos para aumentar a atividade física, 
desenvolver novas habilidades e impulsionar a motivação para se exercitar. 
Além disso, esses dispositivos são valorizados por facilitarem a socialização, 
fortalecerem os laços familiares e promoverem interações entre os jovens. 
Embora os pais geralmente prefiram que as crianças pequenas se 
envolvam em atividades ao ar livre e em ambientes reais, eles reconhecem o 
impacto positivo dos dispositivos eletrônicos na promoção da conscientização e 
motivação para a saúde. 
Estudos também mostraram que dispositivos vestíveis têm um efeito 
positivo nos níveis diários de atividade física moderada a vigorosa, incluindo a 
contagem de passos e a redução do comportamento sedentário em crianças e 
adolescentes. Em resumo, os dispositivos eletrônicos desempenham um papel 
fundamental no aumento do envolvimento, no desenvolvimento de habilidades, 
na motivação e nas interações sociais relacionadas à prática de atividade física 
durante a infância e adolescência (Malizia et al., 2021; Aldabbargh et al., 2023). 
 
 
 
7 
2.1 Um olhar sobre os jogos eletrônicos 
Figura 1 – Exergames 
 
Créditos: BNP Design Studio/ Shutterstock. 
Podemos entender a cultura eletrônica como um conjunto de práticas 
concebidas e produzidas pelo ser humano, que desempenham um papel crucial 
na formação da sociedade atual. Essa cultura não pode ser reduzida a um único 
significado, pois diferentes ideias, projetos sociais, interesses e estratégias de 
poder influenciar sua utilização. Vivemos em uma era em que o acesso aos 
meios de comunicação eletrônica, como televisão, celulares, computadores, 
videogames e internet, tem crescido rapidamente (Silveira et al., 2007). 
No outro lado, os jogos eletrônicos, em particular, não só representam o 
ápice da diversão eletrônica, mas também são considerados uma forma de 
expressão cultural no contexto da globalização. Com mais de 2,8 milhões de 
unidades vendidas apenas no Brasil, os jogos eletrônicos são um dos produtos 
mais populares em todo o mundo. 
Um bom exemplo disso são os exergames, videogames que demandam 
movimentos corporais completos, incentivando a atividade física e 
potencialmente melhorando aspectos físicos e psicológicos, especialmente em 
crianças e adolescentes com obesidade. Esses jogos podem oferecer benefícios 
na área da educação física, proporcionando maior envolvimento e atratividade 
aos usuários, embora a presente geração careça de uma base teórica sólida 
para o ensino de atividades motoras ou reabilitação. Além disso, os exergames 
em rede têm o potencial de aumentar a motivação em ambientes educacionais, 
https://www.shutterstock.com/g/lenm
 
 
8 
combinando estratégias instrucionais e de fluidez, tornando-os adequados para 
a educação a distância e o e-learning (Vaghetti et al., 2011). 
A Educação Física é concebida como um elemento integrante do currículo 
escolar, constituindo-se como um componente que engloba uma seleção de 
conhecimentos organizados e estruturados com o objetivo de promover a 
reflexão sobre uma faceta da cultura, contribuindo assim para a formação cultural 
dos estudantes (Caparroz, 2001). 
Esse estudo não pode negligenciar a abordagem dos jogos eletrônicos, 
os quais representam uma parte significativa da cultura recreativa e 
desempenham um papel relevante na sociedade contemporânea, marcada pela 
mídia e pela tecnologia da informação, portanto, compreender como estes jogos 
e, também, os dispositivos eletrônicos, podem contribuir na promoção de saúde. 
TEMA 3 – CENTRO DE ATIVIDADE FÍSICA INFANTIL 
Centros de atividades físicas infantis são ambientes cuidadosamente 
projetados para estimular o desenvolvimento físico, motor e social das crianças 
por meio de brincadeiras e exercícios apropriados à sua faixa etária. Esses 
espaços oferecem uma variedade de equipamentos e programas elaborados 
para desafiar as habilidades motoras, promover o equilíbrio, a coordenação e a 
força, tudo de forma divertida e segura. 
Darido, em seus estudos sobre Educação Física, enfatiza a relevância de 
espaços físicos bem planejados para a prática de atividades físicas, 
especialmente no ambiente escolar. Ela destaca a necessidade de espaços que 
incentivem a participação ativa dos alunos e o desenvolvimento de habilidades 
motoras, sociais e cognitivas. Isso implica na organização de ambientes seguros 
e estimulantes, com equipamentos adequados e adaptados para atender às 
diversas necessidades e níveis de habilidade dos alunos, além de garantir a 
inclusão de todos, independentemente de suas condições físicas. 
Além disso, a autora enfatiza a importância de espaços que promovam a 
igualdade de oportunidades e a participação de todos os alunos, destacando a 
adaptação de atividades e equipamentos para alunoscom deficiência. Ao 
proporcionar um ambiente propício para a prática de atividades físicas, esses 
espaços desempenham um papel crucial no desenvolvimento integral dos 
alunos, contribuindo para a promoção de um estilo de vida ativo e saudável 
desde a infância. 
 
 
9 
As instalações destes espaços podem incluir áreas de escalada, 
trampolins, piscinas de bolinhas, pistas de obstáculos e muito mais, cada uma 
adaptada para proporcionar desafios adequados ao desenvolvimento das 
crianças. Além das atividades físicas, esses espaços oferecem programas 
educativos e recreativos, como aulas de música, dança e jogos cooperativos, 
que estimulam não só o corpo, mas também o desenvolvimento cognitivo, 
emocional e social das crianças. 
TEMA 4 – PROGRAMAS DE TREINAMENTO RESISTIDO NA INFÂNCIA E NA 
ADOLESCÊNCIA 
Quando falamos em treinamento resistido, nos referimos à realização de 
exercícios físicos utilizando pesos para aumentar a força, resistência, hipertrofia 
e eficiência neuromuscular. É crucial em vários campos, como preparação física 
nos esportes, a promoção da saúde em diferentes faixas etárias e melhoria das 
habilidades motoras. 
O treinamento de resistência pode ajudar a combater a perda muscular 
relacionada à idade e melhorar a composição corporal quando combinado com 
exercícios aeróbicos. Além disso, os programas de treinamento de resistência 
podem ser personalizados e podem ser adaptados a diferentes necessidades. 
Foi evidenciado que o treinamento de resistência na infância e 
adolescência proporciona uma ampla gama de benefícios fisiológicos e de 
desempenho. Pesquisas revelam que o treinamento de resistência pode 
significativamente aprimorar a aptidão física, o desempenho na corrida e a 
capacidade pulmonar em crianças e adolescentes, contribuindo para o seu 
condicionamento geral (Wang et al., 2022). 
Adicionalmente, o treinamento de resistência, seja realizado isoladamente 
ou em combinação com o treinamento aeróbico, exerce um impacto positivo na 
composição corporal, promovendo a redução do percentual de gordura corporal 
e o aumento da massa muscular esquelética. Além disso, programas de 
treinamento de resistência bem estruturados têm o potencial de elevar a força, a 
potência e o desempenho atlético global em jovens, possivelmente mitigando o 
risco de lesões relacionadas ao esporte (Ribeiro et al., 2022). 
 Foi demonstrado que o treinamento de resistência tem inúmeras 
implicações práticas para indivíduos de todas as idades, especialmente crianças, 
adolescentes e atletas. Essa forma de exercício não apenas melhora a aptidão 
 
 
10 
física, mas também desempenha um papel vital na prevenção de lesões 
esportivas e na melhoria da saúde cardiovascular. 
Além disso, o treinamento de resistência pode contribuir para a saúde 
musculoesquelética, auxiliar no tratamento de várias condições e impactar 
positivamente a composição corporal e o condicionamento físico, principalmente 
em adolescentes obesos. 
Programas personalizados de treinamento de resistência, adaptados às 
necessidades específicas e aos resultados desejados, provaram ser benéficos 
para indivíduos em diferentes populações. Pesquisas sugerem que o 
treinamento de resistência pode ter um efeito positivo na saúde mental ao reduzir 
os sintomas depressivos em adultos jovens (Legerlotz et al., 2020; Ribeiro et al., 
2022). 
No geral, as implicações práticas da incorporação do treinamento de 
resistência às aulas de educação física e rotinas de condicionamento físico são 
significativas, pois podem levar a melhores níveis de condicionamento físico, 
composição corporal, motivação e adesão aos programas de exercícios. 
Quadro 1 – Principais benefícios do treinamento de força em crianças e 
adolescentes 
1. Aumento da força muscular: o exercício resistido ajuda a desenvolver a 
força muscular, permitindo que os adolescentes realizem tarefas diárias com 
mais facilidade e eficiência; 
2. Melhora da resistência: a prática regular de exercícios resistidos ajuda a 
melhorar a resistência muscular, o que é útil em atividades físicas prolongadas 
ou esportes competitivos; 
3. Desenvolvimento ósseo: o exercício resistido, especialmente quando 
combinado com exercícios de impacto, promove o desenvolvimento ósseo 
saudável, ajudando a prevenir a osteoporose no futuro; 
4. Controle de peso: o exercício resistido contribui para a queima de calorias 
e o aumento do metabolismo, o que pode ajudar os adolescentes a 
controlarem o peso e prevenirem o ganho de gordura corporal excessiva. 
 
 
 
11 
TEMA 5 – PROGRAMAS DE TREINAMENTO DE ENDURANCE NA INFÂNCIA E 
NA ADOLESCÊNCIA 
O exercício aeróbico na adolescência mostrou benefícios significativos 
em vários aspectos da saúde. Estudos demonstraram que o exercício aeróbico 
pode efetivamente reduzir a gordura corporal, melhorar os perfis lipídicos, 
aumentar a massa muscular e aumentar a ingestão basal de calorias e gorduras 
(Haiyng et al., 2023). 
Além disso, descobriu-se que o exercício aeróbico afeta positivamente o 
funcionamento, a capacidade aeróbica, a função motora grossa, a mobilidade, o 
equilíbrio e a participação em crianças e adolescentes com paralisia cerebral. 
Além disso, foi demonstrado que exercícios aeróbicos de intensidade moderada 
realizados durante a adolescência atenuam os efeitos negativos na composição 
corporal e no metabolismo da glicose na idade adulta, particularmente em 
indivíduos predispostos à obesidade (Chein et al., 2023). 
No geral, praticar exercícios aeróbicos durante a adolescência pode levar 
a um melhor índice de eficiência física e resultados gerais de saúde. 
Saiba mais 
Efeitos do exercício aeróbico em crianças e adolescentes 
• O exercício aeróbico reduz a gordura corporal, o peso e melhora o 
metabolismo lipídico; 
• Hábitos saudáveis, como exercícios aeróbicos, podem combater a 
obesidade juvenil de forma eficaz; 
• O exercício aeróbico na adolescência pode reverter a disfunção 
metabólica causada pela obesidade; 
• Implementar exercícios aeróbicos no currículo escolar traz benefícios 
à saúde cardiovascular; 
• Incentivar a atividade física entre adolescentes melhora os parâmetros 
cardiovasculares. 
 
 
 
 
12 
NA PRÁTICA 
 Releitura dos jogos eletrônicos 
A BNCC apresenta os jogos eletrônicos como um conteúdo a ser 
trabalhado nos jogos; e aqui a proposta é pensarmos na possibilidade de 
ressignificação dos jogos eletrônicos e de sua transformação em práticas 
corporais adaptadas para espaços amplos. 
Como prática de representação lúdica, os jogos eletrônicos estimulam o 
desenvolvimento do raciocínio lógico e da coordenação visomotora, dando ao 
jogador um senso de realização. Além disso, a possibilidade de simular 
diferentes situações, planejar, antecipar ações e criar estratégias para resolução 
dos problemas. 
Do ponto de vista atitudinal, uma função importante do trabalho 
pedagógico de transformação dos jogos eletrônicos em práticas corporais mais 
amplas é possibilitar a construção, junto aos alunos, dos valores de 
solidariedade, respeito mútuo e cooperação. 
As características mencionadas podem também ser exploradas nas 
adaptações para os espaços amplos, favorecendo a construção e apropriação 
de conceitos, de procedimentos e de atitudes, o desenvolvimento da criatividade, 
bem como a mobilização dos alunos no processo de aprendizagem. 
Vamos agora observar um exemplo de proposta para a elaboração de 
sequências didáticas com os seguintes elementos: 
1. Objetivos 
• Conhecer as principais características dos jogos eletrônicos propostos; 
• Elaborar propostas de atualização para jogos eletrônicos, testando 
movimentações, estratégias e adaptações de materiais para a 
transformação dos jogos virtuais em jogos motores; 
• Participar das propostas de atualização dos jogos eletrônicos, mantendo 
uma postura solidária nas competições e agindo cooperativamente com 
os colegasnos trabalhos em equipe. 
Com base nas orientações da unidade e na organização dos conteúdos, 
tendo como norte as seções, organize um plano de aula para o jogo elencado a 
seguir: 
• Ideia central do jogo virtual; 
 
 
13 
• A ideia central dos jogos virtuais é realizar competições de corrida, em 
que o objetivo é chegar à frente dos adversários. 
Proposta de atualização 
Tomando essa ideia como base para a atualização, sugere-se organizar 
a turma em grupos de cinco corredores para participar de várias rodadas de 
corrida. 
Os alunos que eventualmente não participarem da corrida devem assumir 
a função de “fiscal” para observar quem chega à frente e avaliar os casos em 
que ocorram dúvidas. 
Quando a última rodada terminar, cada grupo terá um vencedor, que irá 
compor o grupo dos finalistas que realizarão uma última corrida para verificar 
quem é o vencedor da turma. Após o término dessa etapa, novos grupos podem 
ser formados para iniciar outra competição nos mesmos moldes da anterior, com 
ajustes sugeridos pelos alunos, se necessário. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, abordamos diversos aspectos relacionados ao uso de 
dispositivos eletrônicos e à prática de atividade física durante a infância e 
adolescência. Iniciamos discutindo os impactos do uso excessivo desses 
dispositivos no sedentarismo, ressaltando os potenciais riscos à saúde 
associados a esse comportamento. 
Em seguida, exploramos as oportunidades proporcionadas pelos 
dispositivos eletrônicos para promover a atividade física entre jovens, 
destacando estudos e práticas que evidenciam sua eficácia nesse sentido. 
Deslocando o foco, discutimos a importância da criação de centros de 
atividade física voltados para crianças e adolescentes, enfatizando seu papel no 
estímulo ao desenvolvimento motor e social nesses grupos etários. 
Adentrando o campo dos programas de treinamento físico, examinamos 
os benefícios e desafios relacionados aos programas de treinamento resistido e 
de endurance direcionados a essa faixa etária. Esses programas não apenas 
visam melhorar a aptidão física, mas também promover hábitos saudáveis desde 
cedo, contribuindo para a prevenção de doenças crônicas e para a promoção de 
um estilo de vida ativo. 
 
 
14 
Por fim, o capítulo proporciona uma visão abrangente sobre o papel dos 
dispositivos eletrônicos, a importância dos centros de atividade física infantil e a 
diversidade de programas de treinamento físico disponíveis para a promoção da 
saúde e bem-estar durante a infância e adolescência. 
 
 
 
 
15 
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	CONVERSA INICIAL
	TEMA 1 – CONCEITO DE ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO
	1.1 Diferenças conceituais entre atividade física, exercício físico e esporte
	1.2 Conceito de aptidão física
	TEMA 2 – COMPREENDER OS CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES DA SAÚDE
	2.1 Determinantes sociais em saúde
	TEMA 3 – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
	3.1 Mas, afinal, o que é adolescência?
	3.2 Exercício físico na adolescência
	3.3 O que dizem as diretrizes de prática clínica sobre atividades físicas para adolescentes?
	TEMA 4 – ASPECTOS PSICOMOTORES DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
	4.1 Mudanças no crescimento e desenvolvimento ao longo da infância até a adolescência
	TEMA 5 – ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
	NA PRÁTICA
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIASdurante a infância e a adolescência. 
Para compreender melhor como abordar essas atividades, é crucial entender o 
desenvolvimento humano, especialmente durante a transição da infância para a 
adolescência, um período marcado por mudanças rápidas e significativas. 
Os aspectos psicomotores são fundamentais para a prática de atividade 
física na infância e adolescência, exigindo uma compreensão aprofundada para 
uma abordagem eficaz na educação física nesses estágios. A psicomotricidade, 
que integra processos motores e cognitivos, abrange habilidades perceptivas, 
motoras e emocionais, desempenhando um papel crucial nesse contexto 
(Bruininks, 2016). 
Durante essas fases, ocorrem marcos no desenvolvimento psicomotor, 
influenciados por fatores genéticos, ambientais e experiências motoras 
(Gabbard, 2012). No contexto da atividade física, os aspectos psicomotores 
englobam desde habilidades motoras básicas até habilidades complexas, como 
coordenação e equilíbrio, impactando diretamente na saúde e no bem-estar 
físico e mental dos jovens (Holfelder; Schott, 2014). 
4.1 Mudanças no crescimento e desenvolvimento ao longo da infância até 
a adolescência 
Na transição para a fase adulta, diversas habilidades físicas, motoras, 
afetivas e sociais se desenvolvem para alcançar sua plenitude. No entanto, essa 
transição não ocorre de maneira uniforme para todos, havendo variações 
significativas no desenvolvimento, crescimento e maturação dos indivíduos. 
Embora a legislação defina essa fase como começando aos 12 e terminando aos 
18 anos, o amadurecimento biológico e cultural pode ocorrer em idades 
diferentes para cada pessoa. Aspectos biológicos, como a maturação sexual, e 
aspectos culturais, como independência financeira e emocional, influenciam a 
manifestação da adolescência. 
É importante notar que, conforme apontado por Gallahue, Ozmun e 
Goodway (2013), a adolescência tem se estendido ao longo dos anos, com a 
maturação biológica ocorrendo mais cedo em muitas sociedades, enquanto 
mudanças econômicas podem atrasar a independência financeira. 
Portanto, os autores sugerem que a adolescência, vista de maneira mais 
ampla, pode começar por volta dos 8 anos e se estender até depois dos 20 anos. 
 
 
11 
Esse período é caracterizado por mudanças significativas no crescimento, 
desenvolvimento e maturação biológica, envolvendo o crescimento físico, o 
início da puberdade e o amadurecimento sexual. 
Domínio Compreende 
 
Físico 
Desenvolvimento físico e cerebral, funções sensoriais, 
destrezas motoras e bem-estar físico. 
 
Cognitivo 
Alterações e consistência nas habilidades cognitivas, 
incluindo aprendizado, concentração, retenção de 
informações, linguagem, processamento mental, lógica e 
inventividade. 
 
Psicossocial 
Alterações e constância nas esferas emocionais, de 
caráter e nos vínculos sociais. 
Fonte: Papalia; Olds; Feldman, 2009. 
Durante a transição da infância para a adolescência, ocorre um rápido 
crescimento conhecido como surto de crescimento adolescente, pré-adolescente 
ou circumpúbere, precedendo a maturação sexual. Esse processo dura 
aproximadamente quatro anos e meio e varia em relação ao sexo, começando 
por volta dos 11 anos nos meninos e aos 9 anos nas meninas, estabilizando-se 
por volta dos 15 anos para meninos e 13 anos para meninas. Durante essa fase, 
é comum um crescimento anual de cerca de 15,2 a 20,3 cm. Após o surto, o 
crescimento continua, mas a um ritmo mais lento, cessando por volta dos 16 
anos para meninas e 18 anos para meninos (Gallahue; Ozmun; Goodway, 2013). 
Durante a adolescência, ocorrem diversas mudanças significativas no 
corpo, incluindo o coração, que aumenta cerca de 50% em tamanho e dobra seu 
peso. Isso leva a uma redução na frequência cardíaca e a um aumento na 
pressão arterial sistólica em repouso. Além disso, os pulmões também crescem 
rapidamente, resultando em uma diminuição gradual da frequência respiratória 
desde o nascimento, mas com um aumento na quantidade de ar inalado a cada 
respiração, especialmente após os 12 anos. 
No contexto do desenvolvimento psicomotor na infância e adolescência, 
é crucial entender que a prática regular de atividade física desempenha um papel 
significativo na aquisição e no refinamento das habilidades motoras 
fundamentais. Conforme sugerido por Stodden et al. (2008), essas habilidades, 
como correr, saltar, lançar e pegar, são essenciais para a participação em 
atividades físicas e esportivas ao longo da vida. Durante a infância e 
adolescência, o cérebro está em um estágio de plasticidade significativa, 
 
 
12 
tornando-se particularmente receptivo ao estímulo motor proporcionado pela 
prática de atividades físicas variadas e desafiadoras (Gallahue; Ozmun, 2013). 
Portanto, programas de atividade física bem planejados e adaptados às 
características específicas dessa faixa etária podem otimizar o desenvolvimento 
psicomotor de crianças e adolescentes. 
Além disso, é importante reconhecer que o desenvolvimento psicomotor 
não se limita apenas às habilidades motoras fundamentais, mas também inclui 
o aprimoramento de habilidades mais complexas, como equilíbrio, coordenação 
e destreza. De acordo com Seefeldt (1980), essas habilidades motoras 
específicas são fundamentais para o desempenho em atividades físicas e 
esportivas mais avançadas, influenciando diretamente a competência motora e 
a autoconfiança dos jovens. Portanto, ao planejar intervenções em atividade 
física para crianças e adolescentes, é importante considerar não apenas o 
desenvolvimento das habilidades motoras básicas, mas também a progressão 
para habilidades mais avançadas. 
TEMA 5 – ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA 
NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
A prática de atividade física na infância e adolescência está intimamente 
ligada aos aspectos socioculturais, que influenciam os padrões de 
comportamento e as preferências das crianças e adolescentes em relação às 
atividades físicas. De acordo com Leddy et al. (2018), fatores como o ambiente 
familiar, as influências dos colegas, as políticas educacionais e as oportunidades 
de lazer desempenham um papel significativo na promoção ou restrição da 
participação em atividades físicas. Além disso, autores como Barbalho et al. 
(2020) ressaltam a importância de considerar as diferenças culturais e sociais na 
abordagem da atividade física, buscando práticas inclusivas e acessíveis que 
atendam às necessidades e interesses de todas as crianças e adolescentes, 
independentemente de sua origem ou contexto social. 
Outro aspecto relevante é o impacto da atividade física no 
desenvolvimento cognitivo e emocional durante a infância e adolescência. 
Pesquisas indicam que a prática regular de atividade física está associada a 
melhorias na função cognitiva, incluindo memória, atenção e habilidades de 
resolução de problemas (Hillman et al., 2008). Além disso, a atividade física 
 
 
13 
desempenha um papel importante na regulação do humor e na redução do 
estresse e da ansiedade em crianças e adolescentes (Biddle; Asare, 2011). 
Portanto, ao promover a prática de atividade física, contribui-se não apenas para 
o desenvolvimento psicomotor, mas também para o bem-estar cognitivo e 
emocional dos jovens. 
NA PRÁTICA 
Desenvolvido pelo Ministério da Saúde do Brasil, o Guia de Atividade 
Física para a População Brasileira é uma iniciativa fundamental para promover 
a saúde e o bem-estar da população em todas as faixas etárias. O guia reúne 
recomendações embasadas em evidências científicas sobre a prática regular de 
atividade física, adaptadas à realidade do país e às necessidades específicas de 
cada grupo populacional. 
Dividido em seções que abrangem desde crianças e adolescentes até 
adultos e idosos, o guia oferece orientações detalhadas sobre a quantidade, 
intensidade e tipos de atividades físicas recomendadas para cada faixa etária. 
Além disso, forneceinformações sobre os benefícios para a saúde associados à 
prática regular de exercícios, como prevenção de doenças crônicas não 
transmissíveis, controle do peso corporal, melhoria da saúde mental e promoção 
da qualidade de vida. 
Uma das principais contribuições do Guia de Atividade Física é sua 
abordagem inclusiva, que busca incentivar a participação de todos os segmentos 
da sociedade na prática de atividades físicas. Isso é especialmente relevante em 
um país tão diverso quanto o Brasil, onde as condições socioeconômicas, 
culturais e ambientais podem influenciar o acesso e a adesão a programas de 
exercícios. 
Além de fornecer diretrizes gerais sobre a prática de atividade física, o 
guia também destaca a importância de criar ambientes favoráveis à prática de 
exercícios, promovendo espaços públicos seguros e adequados para a prática 
esportiva, além de integrar atividades físicas no ambiente escolar e no local de 
trabalho. 
Por fim, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira representa 
uma ferramenta valiosa para profissionais de saúde, educadores físicos, 
gestores públicos e indivíduos interessados em adotar um estilo de vida mais 
ativo e saudável. Ao seguir as recomendações apresentadas, é possível 
 
 
14 
promover uma cultura de atividade física no país e contribuir para a melhoria da 
saúde e qualidade de vida de todos os brasileiros. 
Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2024. 
FINALIZANDO 
Nesta abordagem, sintetizamos uma ampla gama de tópicos relacionados 
à atividade física e à saúde na infância e adolescência, começando pela 
distinção entre atividade física e exercício físico. Enquanto a atividade física 
engloba qualquer movimento corporal que resulte em gasto energético, o 
exercício físico refere-se a atividades planejadas e estruturadas com o objetivo 
específico de melhorar a aptidão física. 
Em seguida, exploramos os conceitos e classificações da saúde, 
destacando que a saúde vai além da ausência de doenças, abrangendo os 
aspectos físicos, mentais e sociais do bem-estar. Também abordamos os 
aspectos epidemiológicos da prática de atividade física na infância e 
adolescência, evidenciando a importância de compreender a prevalência de 
determinados comportamentos e os fatores de risco associados. 
Além disso, discutimos os aspectos psicomotores da prática de atividade 
física nesses grupos etários, enfatizando como o desenvolvimento motor e 
cognitivo é influenciado pela atividade física. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
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avaliação da aptidão física relacionada à saúde. Grupo Gen-Guanabara 
Koogan, 2011. 
ARENA, S. S. Crescimento e desenvolvimento com qualidade de vida. 
Phorte, 2017. 
BARBANTI, V. J. Treinamento físico: bases científicas. 3. ed. São Paulo: CLR 
Balieiro, 1996. 
_____. O que é esporte? Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 
11, n. 1, p. 54-58, 2006. 
BATISTELLA, C. E. C. et al. Abordagens contemporâneas do conceito de 
saúde. 2007. 
BIDDLE, S. J.; ASARE, M. Efeito do exercício físico e atividade física na saúde 
mental infantil e adolescente. International Journal of Environmental 
Research and Public Health, v. 8, n. 9, p. 393, 2011. 
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Edition. In: KREUTZER, J. S.; DELUCA, J.; CAPLAN, B. (Eds.). Encyclopedia 
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GABBARD, C. Lifelong Motor Development. 6. ed. Pearson Education, 2012. 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: 
bebês, crianças, adolescentes e adultos. Phorte, 2013. 
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Londrina: Midiograf, 1995. 
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of health concepts. In: The Journal of Medicine and Philosophy: a Forum for 
Bioethics and Philosophy of Medicine. Oxford University Press, 2018. p. 381-401. 
 
 
16 
HILLMAN, C. H.; ERICKSON, K. I.; KRAMER, A. F. Seja esperto, faça exercícios 
físicos: efeitos do exercício físico e aptidão física na cognição. International 
Journal of Sport Psychology, v. 40, n. 1, p. 44-64, 2008. 
HOLFELDER, B.; SCHOTT, N. Relationship of fundamental movement skills and 
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PITANGA, F. J. G. Epidemiologia, atividade física e saúde. Revista Brasileira 
de Ciência e Movimento, v. 10, n. 3, p. 49-54, 2008. 
SEEFELDT, V. Desenvolvimento da habilidade motora: o papel do esporte 
e atividade física: para melhorar o desempenho esportivo em crianças e jovens. 
Biblioteca de Ciências do Esporte, 1980. 
STODDEN, R. A. et al. A history of adolescent transition education. In: 
Handbook of Adolescent Transition Education for Youth with Disabilities. 
Routledge, 2020. p. 5-24. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Juliana Landolfi Maia 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Você sabia que a infraestrutura dos espaços escolares desempenha um 
papel crucial na promoção dos níveis de atividade física de crianças e 
adolescentes? Um ambiente escolar adequado, com uma estrutura pedagógica 
condizente, pode contribuir para um aumento da atividade física dos alunos 
durante o período escolar. Com o intuito de explorar essa questão, nesta etapa, 
vamos abordar os seguintes objetivos: 
• Identificar as estruturas físicas das escolas infantis e ensino médio e a 
relação com a prática de atividade física de crianças e adolescentes; 
• Identificar e compreender as barreiras inibidoras da atividade física na 
escola; 
• Conhecer e compreender as características da atividade física na 
educação infantil; 
• Conhecer e compreender as características da atividade física no ensino 
fundamental; 
• Conhecer e compreender as características da atividade física no ensino 
médio. 
TEMA 1 – ESTRUTURA FÍSICA DAS ESCOLAS INFANTIS E ENSINO BÁSICO 
A entrada na escola pode representar um momento crucial para a criança, 
repleto de expectativas, mas também muito propenso a experiências e 
conhecimentos. Entre essas experiências, destaca-se o repertório motor 
desenvolvido por meio de brincadeiras de correr, pular, saltar e jogar. A função 
da escola, portanto, é proporcionar ao educando um uso significativo dessas 
vivências ao longo de sua vida. Além disso, a escola tem o papel de ampliar e 
aperfeiçoar essas experiências, permitindo que a criança aprenda a 
compreender, respeitar e conviver tanto com o próprio corpo quanto com o corpo 
dos outros. 
1.1 Influência da infraestrutura na promoção da atividade física escolar 
A Educação Física na escola é concebida como uma área que se dedica 
à cultura corporal e tem como objetivo introduzir e integrar o aluno nesse 
universo, visando a formação de um cidadão autônomo. 
 
 
3 
Nesse contexto, o aluno é capacitado para desfrutar de jogos, esportes, 
danças, lutas, ginásticas e uma variedade de atividades para seu 
desenvolvimento, buscando bem-estar e crescimento saudável (Freire; Scaglia, 
2003). 
Destaca-se a relevânciado ambiente escolar para o desenvolvimento das 
aulas de Educação Física, uma vez que um espaço apropriado pode incentivar 
a participação dos alunos nas atividades físicas. O ambiente físico da instituição 
educacional engloba as instalações, áreas de recreação e os equipamentos 
disponíveis. 
Sabe-se que escolas com ambientes físicos mais adequados, desde pré-
escolas até o ensino médio, tendem a ter alunos mais engajados em atividades 
físicas. Além disso, há uma associação entre as condições favoráveis do 
ambiente escolar e a eficácia do trabalho pedagógico e social dos professores 
de Educação Física. Quanto mais apropriada for a estrutura física oferecida e 
quanto mais tempo for dedicado à prática, maior será a tendência de os 
indivíduos aumentarem a quantidade de atividade física que realizam (Kobal et 
al., 1996). 
Figura 1 – Parque Infantil 
 
Crédito: Zyn Chakrapong/Shutterstock. 
 
 
 
4 
Figura 2 – Espaço verde na escola 
 
Crédito: New Africa/Shutterstock. 
Figura 3 – Sala de aula espaçosa 
 
Crédito: Stocksmartstart/Shutterstock. 
A distribuição arquitetônica das instituições educacionais de educação 
infantil desempenha um papel fundamental na facilitação do exercício físico entre 
os alunos. Área planejadas, como playgrounds, campos esportivos, espaços 
verdes e salas de aula espaçosas oferecem oportunidades de praticar exercícios 
físicos diversos e enriquecedores. Além disso, a disponibilidade de 
equipamentos adequados, como brinquedos, bolas, cordas e obstáculos, 
incentiva a exploração motora e a aquisição de habilidades motoras essenciais 
em crianças em idade escolar. 
A alocação de recursos para instalações esportivas seguras e de fácil 
acesso é fundamental para estabelecer um ambiente escolar que promova a 
melhoria do bem-estar e da saúde física dos alunos (Jesus et al., 2023). 
 
 
 
5 
TEMA 2 – BARREIRAS INIBIDORAS DE ATIVIDADE FÍSICA NA ESCOLA 
Podemos estabelecer uma relação direta entre a prática de atividades 
físicas realizadas por crianças e adolescentes e o ambiente escolar. Apesar da 
importância da atividade física na infância, várias barreiras podem dificultar sua 
prática nas escolas. Uma delas é a falta de espaços adequados e seguros para 
a prática de atividades físicas, como campos esportivos malconservados ou 
ausência de áreas cobertas para atividades em dias de chuva. Além disso, a falta 
de incentivo por parte dos professores e a ênfase excessiva em disciplinas 
acadêmicas podem diminuir o tempo dedicado à Educação Física e recreação. 
A escassez de recursos financeiros também pode limitar a disponibilidade de 
equipamentos esportivos e programas de atividade física nas escolas (Oliveira 
et al., 2019; Jesus et al., 2023; Shanon et al., 2023). 
De acordo com Sallis, Prochanska e Taylor (2000), várias barreiras podem 
surgir no caminho da prática regular de atividades físicas. Entre elas, destacam-
se fatores ambientais, como a falta de espaços adequados e seguros para a 
prática de exercícios, bem como a escassez de tempo devido a compromissos 
familiares, profissionais ou acadêmicos. Além disso, as crenças pessoais e as 
percepções individuais sobre a importância e os benefícios da atividade física 
podem influenciar significativamente o engajamento (Sallis, 2015). 
Questões relacionadas à autoeficácia, como a falta de confiança nas 
próprias habilidades para realizar exercícios, também podem representar 
obstáculos significativos. Outras barreiras incluem fatores socioeconômicos, 
como o custo de acesso a instalações esportivas e programas de Educação 
Física, e a falta de apoio social de familiares, amigos ou colegas, portanto, 
identificar e superar essas barreiras é essencial para promover um estilo de vida 
ativo e saudável na população (Christofoletti et al., 2022; Marina et al., 2022; 
Moore et al., 2023). 
As barreiras da atividade física nas escolas incluem falta de tempo, 
motivação, recursos, apoio social, energia e inacessibilidade de instalações 
esportivas recreativas próximas. 
Os professores de sala de aula enfrentam barreiras na adoção de 
programas de atividade física para toda a escola, como falta de apoio e recursos 
para abordar essas barreiras, pois isso requer intervenções baseadas em teoria, 
liderança solidária, recursos e estratégias que considerem os desafios sociais, 
 
 
6 
estruturais e ambientais. Os esforços devem se concentrar em aprimorar o 
conhecimento, as habilidades e a motivação dos educadores, bem como na 
criação de ambientes propícios para a promoção da atividade física na educação 
infantil (Christofoletti et al., 2022; Moore et al., 2023). 
Portanto, compreender e abordar essas barreiras de forma integral e 
adaptada a cada contexto é essencial para promover uma cultura de atividade 
física mais inclusiva e acessível. No contexto escolar, as barreiras para a prática 
de atividades físicas podem ser ainda mais acentuadas: a infraestrutura 
inadequada das escolas, com espaços limitados ou mal equipados para a prática 
esportiva, pode desencorajar os estudantes a se envolverem em atividades 
físicas regulares. 
Figura 4 – Classificação das barreiras para a atividade física 
 
Fonte: Sallis; Owen, 1999. 
As percepções dos estudantes sobre a importância da atividade física 
também podem ser influenciadas pela cultura escolar e pela atitude dos 
professores em relação ao tema. Intervenções que visam superar essas 
barreiras no ambiente escolar, como a melhoria da infraestrutura esportiva, a 
inclusão de programas de atividade física no currículo escolar e o incentivo à 
participação por meio de abordagens motivacionais e de apoio, são 
fundamentais para promover um estilo de vida ativo entre os alunos. 
 
 
 
DEMOGRÁFICAS E 
BIOLÓGICAS 
 
 
CULTURAIS E 
AMBIENTAIS 
 
 
PSICOLÓGICAS, 
COGNITIVAS E 
EMOCIONAIS 
 
 AMBIENTAIS 
 
 
PELAS 
CARACTERÍSTICAS 
DA ATIVIDADE 
FÍSICA 
 
 
PELOS ATRIBUTOS 
COMPORTAMENTAIS 
 
 
 
7 
TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE FÍSICA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
No campo da educação infantil, a Educação Física é abordada de forma 
abrangente ao lado de vários campos de experiência, levando em conta as 
características de cada faixa etária e os âmbitos nos quais são definidos os 
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Na BNCC para a educação 
infantil, organizam-se campos de experiências considerando os saberes e 
conhecimentos fundamentais para crianças conforme o Quadro 1 (Brasil, 2017). 
Quadro 1 – Base Nacional Comum Curricular (2017) 
Campos de 
Experiência 
Descrição 
O eu, o outro e o 
nós 
Na interação com pares e adultos, crianças desenvolvem sua 
identidade social e individual, percebendo a diversidade e construindo 
autonomia. Na educação infantil, é essencial proporcionar 
experiências que ampliem sua compreensão sobre si mesmas e o 
mundo, promovendo respeito à diversidade e valorização da 
identidade. 
Corpo, gestos e 
movimentos 
Desde cedo, as crianças exploram o mundo e estabelecem relações 
por meio do corpo, expressando-se e adquirindo conhecimento sobre 
si mesmas e o ambiente ao seu redor. Na educação infantil, o corpo é 
central, sendo valorizado como instrumento de comunicação e 
expressão, e não de submissão. A escola deve oferecer 
oportunidades para que as crianças, de maneira lúdica e interativa, 
experimentem uma variedade de movimentos e gestos, descobrindo 
diferentes formas de ocupação e uso do espaço. 
Traços, sons, cores 
e formas 
A presença de diversas expressões artísticas, culturais e científicas na 
rotina escolar oferece às crianças experiências variadas de expressão 
e linguagem, como artes visuais, música, teatro, dança e audiovisual. 
Essas vivências permitem que as crianças expressem sua criatividade 
e autoria, desenvolvendo senso estético e crítico desde cedo. A 
educação infantil deve incentivar a participação das crianças em 
atividades artísticas, promovendo o desenvolvimentoda sensibilidade, 
criatividade e expressão pessoal, permitindo que elas se apropriem da 
cultura e expressem suas singularidades. 
Escuta, fala, 
pensamento e 
imaginação 
Desde o nascimento, as crianças se envolvem em interações 
comunicativas, inicialmente por meio de gestos e expressões 
corporais, evoluindo para a compreensão e uso da linguagem oral. Na 
 
 
8 
educação infantil, é crucial proporcionar experiências que estimulem a 
participação oral das crianças, promovendo sua inserção na cultura 
oral e o desenvolvimento da linguagem escrita. A imersão na literatura 
infantil, mediada pelo educador, nutre o gosto pela leitura, estimula a 
imaginação e expande o conhecimento do mundo, enquanto o contato 
com diferentes tipos de textos escritos auxilia na familiarização com a 
escrita e na compreensão de sua função representativa. 
Espaços, tempos, 
quantidades, 
relações e 
transformações 
Desde os primeiros anos, as crianças mostram interesse em entender 
o mundo ao seu redor, seja em termos físicos ou sociais, explorando 
espaços, tempos e fenômenos naturais e culturais. Na educação 
infantil, é crucial oferecer oportunidades para que elas observem, 
manipulem, investiguem e explorem o ambiente, estimulando a 
formulação de hipóteses e a busca por respostas às suas 
curiosidades, contribuindo assim para expandir seu conhecimento e 
sua capacidade de aplicação prática. 
O campo de experiência corpo, gesto e movimento ressalta as interações 
físicas das crianças, indicando a importância do movimento e da comunicação 
corporal para o desenvolvimento integral do indivíduo, sendo muito importante 
pautar a escolha dos ambientes nas diretrizes que regulamentam a educação. 
Nesse contexto, a Educação Física é integrada por meio de atividades 
recreativas, brincadeiras, danças, cantos, narrativas e formas alternativas de 
comunicação corporal. No entanto, isso não quer dizer que ela não está presente 
nos outros campos de conhecimento, mas que, nesse campo, há uma ênfase 
maior. O objetivo principal é proporcionar às crianças encontros significativos 
que reforcem as habilidades motoras, as faculdades cognitivas, o bem-estar 
emocional e o desenvolvimento social. 
Nesse sentido, os educadores têm a responsabilidade de criar um 
ambiente repleto de estímulos motores e caminhos para que as crianças 
investiguem sua fisicalidade, movam-se livremente, melhorem sua sincronização 
motora, consciência corporal e aptidões interpessoais. Isso pode ocorrer nas 
salas de aula, bem como em espaços externos, como playgrounds e áreas 
recreativas. 
Além disso, a Educação Física está intrinsecamente ligada à promoção 
de comportamentos saudáveis, incluindo o envolvimento consistente em 
exercícios físicos, higiene corporal e uma dieta nutritiva. Essas facetas estão 
inseridas nas rotinas diárias, motivando as crianças a adotar um estilo de vida 
ativo e saudável. 
 
 
9 
O eixo corpo, gesto e movimento aborda de forma mais direta o papel da 
Educação Física nessa faixa etária, sendo de suma importância na educação 
infantil, representando uma dimensão fundamental no desenvolvimento das 
crianças pequenas. Nessa fase, as crianças estão em constante exploração do 
mundo ao seu redor, e o movimento desempenha um papel central nesse 
processo. Durante esse estágio, as crianças se envolvem na exploração 
contínua do ambiente, com o movimento desempenhando um papel central e 
fundamental nesse processo de desenvolvimento. 
Desde a infância, as crianças utilizam seu corpo físico para interagir com 
o mundo, experimentar vários gestos e transmitir suas emoções. Atividades 
como brincar, correr, pular e dançar são comportamentos inatos que ajudam as 
crianças a descobrir suas habilidades motoras, refinar a coordenação e melhorar 
sua consciência corporal. Além disso, contribuem significativamente para o 
progresso cognitivo das crianças. 
Por meio da exploração de diversos movimentos e ritmos, as crianças 
aprimoram as habilidades de observação, atenção e memória, ao mesmo tempo 
em que compreendem conceitos matemáticos fundamentais, como consciência 
espacial, compreensão temporal e raciocínio quantitativo (Brasil, 2019). 
Na educação infantil, a atividade física desempenha um papel 
fundamental no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. As atividades 
físicas devem ser planejadas de forma lúdica e criativa, incentivando o 
movimento espontâneo e a exploração do ambiente. Jogos, brincadeiras, danças 
e atividades ao ar livre são formas eficazes de promover o desenvolvimento 
físico e social das crianças. Além disso, é importante que os professores estejam 
capacitados para estimular a participação ativa dos alunos e adaptar as 
atividades às necessidades individuais de cada criança (Nascimento et al., 
2021). 
A Educação Física segue a organização da BNCC para a educação 
infantil, com três diferentes grupos: 
• bebês (0 a 1 ano e 6 meses); 
• crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses); 
• crianças pequenas (4 a 5 anos e 11 meses). 
Desde o início da infância, atividade física está inserida como um direito 
de aprendizagem, incluindo: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e 
 
 
10 
conhecer. Entendemos que a Educação Física desempenha um papel crucial na 
educação infantil, pois oferece às crianças oportunidades para explorar uma 
variedade de experiências que elas podem criar por si mesmas, seja ao descobrir 
novos movimentos ou ao conceber novas formas de se locomover. 
A prática do movimento permite que a criança compreenda melhor suas 
habilidades motoras, capacitando-a a realizar atividades tanto dentro quanto fora 
do ambiente escolar com maior eficácia. Portanto, os movimentos corporais são 
para as crianças um meio de comunicação, expressão e interação social, 
evidenciando que o corpo é capaz de falar, criar e aprender por meio do 
movimento (Teixeira et al., 2018; Tavares et al., 2020). 
A transição entre as fases da educação básica demanda cuidado para 
garantir a integração e continuidade da aprendizagem das crianças, respeitando 
suas particularidades e a natureza das mediações de cada etapa. 
Estratégias de acolhimento e adaptação são essenciais para que a nova 
fase seja construída considerando o conhecimento e habilidades das crianças, 
promovendo a continuidade do percurso educativo. 
É crucial equilibrar mudanças, continuidade e acolhimento afetivo para 
garantir o sucesso dos estudantes, evitando a fragmentação do processo 
educativo. As aprendizagens esperadas na educação infantil servem como guia 
para todo o segmento, e não como requisito para o acesso ao ensino 
fundamental. 
A tabela a seguir apresenta os principais objetivos de aprendizagem 
propostos pela BNCC para essas faixas etárias. Pautar o planejamento de aulas 
nesses objetivos é fundamental para o desenvolvimento das habilidades 
propostas na educação infantil. 
Durante essa fase, é importante incentivar a prática de atividades físicas 
não apenas nas aulas de Educação Física, mas também durante o horário 
regular da escola, em atividades extracurriculares e fora do ambiente escolar. 
Quando as crianças são ativas desde cedo, é mais provável que se tornem 
adolescentes e adultos igualmente ativos. 
 
 
 
 
 
11 
Tabela 1 – Campo de experiências: corpo, gesto e movimento 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO 
Bebês (zero a 1 ano e 6 
meses) 
Crianças bem pequenas (1 
ano e 7 meses a 3 anos e 11 
meses) 
Crianças pequenas (4 anos 
a 5 anos e 11 meses) 
(EI01CG01) Movimentar as 
partes do corpo para exprimir 
corporalmente emoções, 
necessidades e desejos 
(EI02CG01) Apropriar-se de 
gestos e movimentos de sua 
cultura no cuidado de si e 
nos jogos e brincadeiras 
(EI03CG01) Criar com o 
corpo formas diversificadas 
de expressão de 
sentimentos, sensações e 
emoções, tanto nas 
situações do cotidiano 
quanto em brincadeiras, 
dança,teatro, música 
(EI01CG02) Experimentar as 
possibilidades corporais nas 
brincadeiras e interações em 
ambientes acolhedores e 
desafiantes 
(EI02CG02) Deslocar seu 
corpo no espaço, orientando-
se por noções como em 
frente, atrás, no alto, 
embaixo, dentro, fora etc., ao 
se envolver em brincadeiras 
e atividades de diferentes 
naturezas 
(EI03CG02) Demonstrar 
controle e adequação do 
uso de seu corpo em 
brincadeiras e jogos, escuta 
e reconto de histórias, 
atividades artísticas, entre 
outras possibilidades 
(EI01CG03) Imitar gestos e 
movimentos de outras 
crianças, adultos e animais 
(EI02CG03) Explorar formas 
de deslocamento no espaço 
(pular, saltar, dançar), 
combinando movimentos e 
seguindo orientações 
(EI03CG03) Criar 
movimentos, gestos, olhares 
e mímicas em brincadeiras, 
jogos e atividades artísticas 
como dança, teatro e 
música 
(EI01CG04) Participar do 
cuidado do seu corpo e da 
promoção do seu bem-estar 
(EI02CG04) Demonstrar 
progressiva independência 
no cuidado do seu corpo 
(EI03CG04) Adotar hábitos 
de autocuidado relacionados 
a higiene, alimentação, 
conforto e aparência 
(EI01CG05) Utilizar os 
movimentos de preensão, 
encaixe e lançamento, 
ampliando suas 
possibilidades de manuseio 
de diferentes materiais e 
objetos 
(EI02CG05) Desenvolver 
progressivamente as 
habilidades manuais, 
adquirindo controle para 
desenhar, pintar, rasgar, 
folhear, entre outros 
(EI03CG05) Coordenar suas 
habilidades manuais no 
atendimento adequado a 
seus interesses e 
necessidades em situações 
diversas 
 
 
 
12 
TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE FÍSICA NO ENSINO 
FUNDAMENTAL 
Os objetivos de aprendizagem estabelecidos nos componentes 
curriculares da BNCC (Brasil, 2019) para as diversas etapas da educação básica 
apresentam relações diretas com as competências e habilidades propostas para 
as quatro áreas de conhecimento – Linguagens, Matemática, Ciências da 
Natureza e Ciências Humanas –, exigindo a superação da fragmentação 
disciplinar. A Educação Física representa um componente curricular da área da 
Linguagem, fundamental dentro da proposta pedagógica das escolas. 
Nesse sentido, é crucial percebê-la como uma área de conhecimento 
pedagógico responsável por organizar, sistematizar, construir e produzir 
conhecimentos, competências e habilidades. É importante compreender que os 
saberes presentes nessa área de conhecimento estão intrinsecamente 
relacionados com diversas esferas de socialização, auxiliando os alunos a 
identificar elementos de convivência, contradições e diversas relações que 
permeiam suas experiências de vida. 
O ensino fundamental é uma etapa que se divide em anos Iniciais (1º ao 
5º ano) e anos finais ( 6º ao 9º), envolvendo, portanto, crianças e adolescentes. 
As atividades físicas nesse período englobam práticas corporais que vão além 
da mera execução; os alunos devem compreendê-las em suas mediações 
consigo mesmos, com os outros e com a sociedade. Dessa forma, é necessário 
estimular ações e reflexões que promovam a análise de como as práticas 
corporais se manifestam em diferentes contextos sociais e culturais, permitindo 
que os alunos apreendam e ressignifiquem conhecimentos, procedimentos, 
valores, princípios e atitudes. 
A aquisição do conhecimento em Educação Física ocorre por meio da 
apropriação da linguagem das práticas corporais, possibilitando uma leitura 
crítica dos seus sentidos e significados histórico-culturais, assim como das 
contradições sociais subjacentes a elas. Além disso, as práticas corporais na 
escola oferecem aos alunos a oportunidade não apenas de reproduzir e manter 
a cultura, mas também de se tornarem agentes transformadores e produtores de 
cultura. 
Para os alunos do ensino fundamental, é importante a apropriação das 
práticas corporais em conformidade com as dimensões de conhecimento 
 
 
13 
estabelecidas pela BNCC (Brasil, 2017). Essas dimensões incluem a 
experimentação, o uso e a apropriação, a fruição e a reflexão sobre a ação, que 
visam proporcionar uma vivência completa e enriquecedora das atividades 
físicas, contribuindo para o desenvolvimento integral dos estudantes. 
Tanto nas etapas iniciais quanto nas etapas finais do ensino fundamental, 
é importante encorajar a participação nas aulas de Educação Física e 
disponibilizar atividades extracurriculares para garantir o cumprimento da 
recomendação mínima de atividade física estabelecida pela Organização 
Mundial da Saúde. 
TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE FÍSICA NO ENSINO MÉDIO 
A escola tem o papel de preparar os alunos para a vida em sociedade, 
não apenas transmitindo conhecimento, mas também cultivando habilidades 
como flexibilidade, autonomia e responsabilidade. Nesse sentido, a BNCC 
organiza o ensino médio como a fase final da educação básica, composta pelas 
1ª, 2ª e 3ª séries. 
O novo ensino médio, proposta de recente implantação, ao enfatizar o 
desenvolvimento de competências emocionais e sociais, capacita os estudantes 
a enfrentar desafios e tomar decisões futuras com coerência e autoconfiança. 
Vivemos em uma era de transformação digital, social e profissional, em que 
novos modelos de trabalho e comportamento estão emergindo, e os valores e 
prioridades estão sendo reavaliados. A geração Z desempenha um papel crucial 
nessa mudança, influenciando o modo como o mundo pensa e se transforma. 
Como consequência dessa mudança, também evoluem os recursos e as 
ferramentas que conectam os estudantes ao conhecimento (Lima et al., 2020). 
No ensino médio, a atividade física desempenha um papel importante na 
promoção da saúde e bem-estar dos adolescentes. A Educação Física 
transcende a mera prática física, incorporando valores, conceitos e 
conhecimentos que ajudam os indivíduos a se relacionarem com o ambiente 
social em que vivem. Em um olhar crítico sobre a interação entre educação e 
sociedade, os projetos pedagógicos das escolas devem priorizar a formação 
integral dos alunos, visando uma sociedade mais justa. Portanto, é essencial que 
esses projetos permitam aos estudantes analisar como as relações sociais se 
desenvolveram no passado e configuram-se no presente, além de capacitá-los 
 
 
14 
a planejar e construir essas relações no futuro, por meio de suas escolhas 
(Brasil, 2019). 
Nesse contexto, qual seria o papel da Educação Física no processo 
educativo? Segundo a BNCC para o ensino médio, as diversas formas de 
expressão da cultura corporal por meio de práticas físicas são consideradas 
formas de linguagem. Assim, o corpo e o movimento comunicam e expressam 
conceitos, valores e contradições das relações sociais mais abrangentes. Dessa 
forma, o objetivo desse componente curricular é capacitar os alunos para uma 
análise crítica da realidade social por meio das práticas físicas, proporcionando 
códigos que servirão como ferramentas para compreender o mundo. 
As atividades físicas, assimiladas como conhecimento pela Educação 
Física escolar, abrangem uma variedade de expressões na esfera da cultura 
corporal de movimento, incluindo brincadeiras, jogos, ginásticas, esportes, 
danças, lutas e atividades de aventura. 
A cultura corporal de movimento é entendida como o conjunto de 
práticas culturais em que os movimentos são os mediadores do 
conteúdo simbólico e significante de diferentes grupos sociais. Por 
isso, sua abordagem na educação básica exige que as experiências 
corporais dos estudantes sejam integradas à reflexão sobre a cultura 
corporal de movimento. (Brasil, 2019, p. 475) 
É importante lembrar que, de acordo com o guia de atividade física para 
a população brasileira, sugere-se pelo menos 60 minutos por dia de atividade 
física moderada vigorosa. Além disso, o espaço da escola pode contribuir muito 
para esse volume por meio das aulas de Educação Física. 
NA PRÁTICA 
Como elaborar uma sequência didática com base na BNCC? O processo 
de elaboraçãode uma sequência didática alinhada com a BNCC pode ser guiado 
por etapas específicas. 
1. Identifique o tema com base nas habilidades da BNCC: escolha um 
tema que esteja diretamente relacionado às habilidades e competências 
previstas na BNCC para a faixa etária e área de ensino dos alunos. 
Certifique-se de que o tema seja atrativo e relevante para os estudantes, 
estimulando seu interesse e engajamento; 
2. Estabeleça os objetivos do plano de aula: liste de forma clara e 
detalhada os objetivos que você pretende alcançar com a sequência 
 
 
15 
didática. Além dos objetivos principais, considere também outros objetivos 
que possam surgir durante o processo de ensino e aprendizagem. Uma 
dica é sempre se guiar pela habilidade específica do objeto de ensino 
escolhido; 
3. Descreva as atividades de forma detalhada: elabore um plano de aula 
detalhado, dividindo as atividades em etapas e especificando o tempo 
necessário para cada uma delas. Utilize uma estrutura organizada, como 
tabelas ou colunas, para facilitar a compreensão e garantir que todas as 
etapas sejam contempladas; 
4. Liste os recursos necessários: identifique quais recursos serão 
necessários para a realização das atividades planejadas, levando em 
consideração materiais didáticos, recursos tecnológicos, materiais de 
apoio, entre outros. Certifique-se de organizar previamente todos os 
materiais necessários para evitar imprevistos durante as aulas; 
5. Planeje a forma de avaliação: defina como será realizada a avaliação do 
aprendizado dos alunos ao longo da sequência didática. Considere 
diferentes formas de avaliação, como observação participativa, produção 
de trabalhos, resolução de problemas, entre outras, garantindo uma 
avaliação abrangente e alinhada com os objetivos estabelecidos; 
6. Ajuste o plano de acordo com a realidade escolar: revise o plano de 
aula considerando as características e particularidades da escola, dos 
alunos e do contexto educacional em que será aplicado. A BNCC fornece 
um direcionamento importante, mas é essencial adaptar o plano às 
necessidades e realidades específicas de cada ambiente escolar. 
Ao seguir esse passo a passo, você poderá desenvolver sequências 
didáticas significativas e alinhadas com as diretrizes da BNCC, promovendo uma 
educação de qualidade e contribuindo para o desenvolvimento integral dos 
alunos. 
Confira nesse site diversos modelos de plano 
de ensino de acordo com o segmento escolar. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, exploramos diversos aspectos fundamentais da inclusão da 
atividade física no currículo escolar de acordo com a proposta da BNCC, 
 
 
16 
buscando compreender sua importância e aplicabilidade em diferentes níveis de 
ensino. 
Ao examinar as instalações educacionais destinadas às crianças em 
estágios iniciais e ao ensino básico, ressaltamos a relevância de ambientes 
propícios para estimular a prática de atividades físicas desde cedo. Além disso, 
destacamos a necessidade de superar obstáculos que possam limitar a 
promoção de uma educação mais ativa e saudável, abordando as potenciais 
barreiras que podem surgir no ambiente escolar. 
Ao progredir na aula, direcionamos nossa atenção para as características 
específicas da Educação Física em cada fase do percurso educacional, desde a 
primeira infância até o ensino médio, evidenciando como cada uma tem suas 
particularidades distintas. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 
2018. Disponível em: 
. Acesso em: 7 maio 2024. 
Impulsiona. Disponível em: . Acesso em: 7 maio 
2024. 
JESUS, G. M. et al. Desigualdades de cor/raça na disponibilidade de instalações 
para a prática de atividades físicas e esportes nas escolas públicas de educação 
básica do Brasil. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 45, p. 
e20230029, 2023. 
KOBAL, M. C. et al. Motivação intrínseca e extrínseca nas aulas de educação 
física. 1996. 179 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade 
Estadual de Campinas, Campinas, 1996. 
LIMA, D. R., SANTOS, M. B., & COSTA, L. R. Percepção dos alunos sobre as 
aulas de Educação Física no Ensino Médio. Revista Brasileira de Educação 
Física e Esporte, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 79-89, 2020. 
MARINA et al. Barreiras e facilitadores para a prática de atividade física em 
diferentes domínios no Brasil: uma revisão sistemática. Ciência & Saúde 
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 27, p. 3487-3502, 2022. 
MOORE, R. et al. Barriers and facilitators to physical activity and further digital 
exercise intervention among inactive british adolescents in secondary schools: a 
qualitative study with physical education teachers. Frontiers in public health, v. 
11, p. 1193669, 2023. 
NASCIMENTO, J. Y. V.; MARQUES, D. B.; SILVA, J. S. Educação física na 
educação infantil: estágio supervisionado com crianças/Physical education in 
child education: supervised internship with children. Brazilian Journal of 
Development, São José dos Pinhais, v. 7, n. 1, p. 3442–3454, 2021. Disponível 
em: 
. 
Acesso em: 7 maio 2024. 
 
 
18 
OLIVEIRA, C. F.; LOPES, A. A.; FREIRE, A. A. Práticas de atividades físicas e 
esportivas em escolas públicas de ensino fundamental. Revista Brasileira de 
Atividade Física & Saúde, Florianópolis, v. 24, n. 2, p. 1-12, 2019. 
SALLIS, J. F. et al. A review of correlates of physical activity of children and 
adolescents. Medicine and science in sports and exercise, v. 32, n. 5, p. 963-
975, 2000. 
SALLIS, J. F. et al. Ecological models of health behavior. Health behavior: 
Theory, research, and practice, v. 5, n. 43-64, 2015. 
SALLIS, J. F.; OWEN, N. Physical activity and behavioral medicine. New 
York: SAGE publications, 1998. 
SANTOS, V. P.; COSTA, R. F.; SILVA, A. M. Atividades físicas no ensino 
fundamental: um estudo nas escolas públicas municipais do município de 
Itabuna. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Florianópolis, v. 22, 
n. 3, p. 1-10, 2017. 
TAVARES, G. F. et al. Atividade física na educação infantil: um estudo sobre a 
prática pedagógica em creches. Revista Brasileira de Educação Física e 
Esporte, São Paulo, v. 34, n. 3, p. 723-731, 2020. 
TEIXEIRA, L. S.; OLIVEIRA, A. C.; VIANA, M. D. Contribuições da educação 
física na educação infantil: práticas pedagógicas e formação docente. Revista 
Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 23, n. 4, p. 1-11, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Juliana Landolfi Maia 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Sabemos que a participação esportiva na infância e adolescência tem um 
impacto positivo na saúde física e no bem-estar geral. O envolvimento regular 
em atividades esportivas pode levar a vários benefícios, como melhores 
resultados cardiovasculares, redução do risco de doenças crônicas, aumento 
dos níveis de atividade física e aprimoramento do desenvolvimento de 
habilidades psicossociais e motoras. 
No entanto, é importante considerar os possíveis desafios associados à 
participação precoce e intensa em atividades esportivas. A especialização 
precoce, por exemplo, pode levar a uma variedade de problemas, incluindo 
lesões, estresse excessivo e perda de interesse na atividade ao longo do tempo. 
Além disso, os distúrbios alimentares podem surgir em contextos de pressão 
para alcançar padrões de desempenho atlético, representando uma 
preocupação significativa para atletas jovens. 
Por fim, o overtraining pode ocorrer quando os atletas se exercitam em 
excesso, sem permitir tempo adequado para recuperação, podendo resultar em 
fadiga crônica, lesões e diminuição do desempenho atlético. Com o intuitode 
explorar essa questão, nesta etapa, pretendemos: 
• Compreender o esporte como ferramenta da prática de atividade física e 
possível agente na promoção de saúde na infância e na adolescência; 
• Conhecer e compreender a influência da atividade física em relação aos 
distúrbios alimentares da infância e adolescência; 
• Compreender a influência da atividade física no crescimento e 
desenvolvimento motor; 
• Compreender os aspectos da especialização precoce e seus efeitos na 
fase adulta; 
• Conhecer e compreender os aspectos do Overtraining na infância e na 
adolescência. 
TEMA 1 – ESPORTE, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE 
A adolescência é marcada por mudanças físicas, cognitivas e sociais 
significativas. 
 
 
 
3 
Fisicamente, os adolescentes experimentam o início da puberdade com 
importantes alterações corporais, já as mudanças cognitivas envolvem o 
desenvolvimento de habilidades de tomada de decisão, influenciadas por 
mudanças estruturais e funcionais do cérebro. 
Socialmente, os adolescentes passam por mudanças nos 
relacionamentos, independência e identidade pessoal, passando da 
dependência da família e dos colegas para a exploração de interesses e talentos 
individuais. Mudanças são cruciais para que os adolescentes formem um senso 
mais claro de identidade pessoal e sexual, ganhem independência e naveguem 
pelas complexidades das interações sociais. Compreender essas mudanças 
multifacetadas é essencial para promover a saúde e o bem-estar dos 
adolescentes, pois elas moldam comportamentos, escolhas e resultados futuros 
(Zaky et al., 2016). 
Estratégias e políticas eficazes podem otimizar o potencial de promoção 
da saúde dos esportes nessas faixas etárias. Por isso o contexto da escola é tão 
importante no engajamento e motivação para a prática esportiva (Woods et al., 
2022). 
Além do impacto positivo dos esportes na saúde cardiovascular, por 
exemplo, a prática de esportes durante a infância e a adolescência também 
desempenha um papel crucial no desenvolvimento físico e psicológico dos 
adolescentes. Por meio de atividades esportivas, crianças e adolescentes 
aprendem habilidades importantes, como trabalho em equipe, resiliência, 
disciplina e autoconfiança, essenciais não apenas para o bem-estar físico, mas 
para o crescimento emocional e social. 
1.1 Impactos da prática esportiva na saúde 
É inegável que o esporte tem um impacto significativo no aumento da 
atividade física e na melhoria da saúde desde a infância até a adolescência. O 
exercício tem um efeito positivo nos indicadores de saúde cardiovascular e pode 
retardar o aparecimento de doenças cardiovasculares. Isso realça o papel do 
esporte na promoção da saúde entre os jovens. Nesse contexto, tem sido 
demonstrado que a prática desportiva na infância e adolescência pode ter um 
impacto positivo nos marcadores de saúde cardiovascular e retardar o 
aparecimento de doenças cardiovasculares, sendo que, nos jovens, o papel do 
desporto na promoção da saúde é destacado (Woods et al., 2022). 
 
 
4 
Figura 1 – Atividades físicas e esportes 
 
Crédito: GoodStudio/Shuttestock. 
O esporte funciona como como uma ferramenta valiosa para aumentar os 
níveis de atividade física, promovendo a saúde em faixas etárias mais jovens. 
No entanto, para garantir o desenvolvimento saudável dos jovens, é crucial não 
apenas focar nos benefícios dos esportes, mas reconhecer a importância 
fundamental da nutrição adequada. Uma dieta equilibrada desempenha um 
papel vital ao fornecer os nutrientes essenciais necessários para o crescimento 
e pode ajudar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (Dugdill et 
al., 2009). 
Portanto, educar e incentivar hábitos alimentares saudáveis desde a tenra 
idade é fundamental para estabelecer bases sólidas que orientarão escolhas 
conscientes ao longo da vida, resultando em uma melhor qualidade de vida e 
bem-estar geral. Além disso, intervenções nutricionais podem ser cruciais para 
crianças e adolescentes com excesso de peso, visando melhorar seus hábitos 
alimentares e reduzir riscos associados a distúrbios alimentares, como veremos 
a seguir. 
TEMA 2 – ATIVIDADES FÍSICAS E DISTÚRBIOS ALIMENTARES 
Os transtornos alimentares são prevalentes entre adolescentes, com um 
impacto significativo na saúde física e mental. Esses distúrbios geralmente 
resultam de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e sociais, levando 
a crenças, percepções e atitudes distorcidas em relação ao peso e à imagem 
 
 
5 
corporal. Adolescentes, especialmente mulheres, são vulneráveis devido às 
pressões sociais relacionadas aos ideais corporais. Estudos têm demonstrado 
que os transtornos alimentares podem persistir no início da idade adulta, com 
uma taxa de recaída de 24,5% (Filiponni et al., 2022). 
Fatores como insatisfação com a imagem corporal, níveis de escolaridade 
materna e sentimentos de solidão têm sido associados à prevalência de 
sintomas de transtorno alimentar em adolescentes. O reconhecimento precoce 
dos sintomas e uma abordagem de tratamento multidimensional são cruciais 
para lidar com esses distúrbios complexos e crônicos (Mathisen et al., 2023). 
Figura 2 – Exemplos de distúrbios alimentares 
 
Crédito: pinktree/Shutterstock. 
A atividade física é essencial para a prevenção e tratamento dos 
transtornos alimentares. Por meio de pesquisas, descobrimos que a 
incorporação de atividade física e exercícios monitorados e modificados durante 
o tratamento de transtornos alimentares é eficaz no controle da atividade física 
disfuncional. Vários estudos mostraram que a prática pode impactar 
positivamente a saúde e a psicopatologia dos transtornos alimentares, 
especialmente em indivíduos com anorexia nervosa e bulimia nervosa (Dugdill 
et al., 2009). 
 
 
6 
Além disso, exercícios e dietoterapia são tratamentos comprovados e bem 
recebidos para transtornos alimentares bulímicos, ressaltando a importância da 
atividade física na terapia de transtornos alimentares. É crucial, no entanto, 
distinguir entre atividade física saudável e adaptativa e exercícios excessivos ou 
compulsivos, pois os últimos podem ter efeitos negativos na saúde física e 
mental, potencialmente piorando os sintomas do transtorno alimentar. 
TEMA 3 – INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NO CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO MOTOR 
A Educação Física desempenha um papel crucial no aprimoramento das 
habilidades motoras dos estudantes, contribuindo significativamente para seu 
desenvolvimento geral. Ao ensinar os princípios do movimento por meio de 
atividades físicas, isso ativa neurotransmissores que facilitam as funções 
psicomotoras, levando à promoção de movimentos coordenados e intencionais 
(Gallahue; Ozmun, 2003). 
O desenvolvimento motor em crianças progride em vários estágios que 
são cruciais para seu crescimento e habilidades gerais. Na primeira infância, 
particularmente entre as idades de 2 e 3 anos, as crianças começam a exibir 
sinais de desenvolvimento de habilidades motoras finas e grossas (Gallahue; 
Ozmun, 2005). 
Essas habilidades incluem habilidades funcionais com as mãos, 
manipulação de objetos, postura corporal, movimento e muito mais, que são 
essenciais para independência, adaptação social e construção de confiança. 
Conforme as crianças crescem, dos 4 aos 5 anos, suas habilidades motoras se 
tornam mais refinadas e observáveis, com a capacidade de avaliar as 
habilidades motoras grossas e finas de forma eficaz, as quais estão resumidas 
no Quadro 1 (Gallahue; Ozmun, 2005; Dapp et al., 2021). 
 
 
 
7 
Quadro 1 – Desenvolvimento motor em diferentes faixas etárias 
 
Fonte: Vieira, 1989. 
No entanto, fatores como parto prematuro e baixo peso ao nascer podem 
impactar o desenvolvimento motor, levando a desafios na manipulação, 
equilíbrio, mira e recebimento de tarefas. No geral, um ambiente motor 
estimulante e variado desempenha um papel significativo no aprimoramento

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