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Universidade Católica de Pernambuco Centro de Ciências e Tecnologia Departamento de Química edcarrazzoni@hotmail.com Quotidiano 70 Freon e relacionados e a camada de ozônio Ed Paschoal Carrazzoni Até a década de 30, o anidrido sulfuroso (SO2) e o amoníaco (NH3) eram utilizados como gás refrigerante em geladeiras e condicionadores de ar, mesmo sabendo-se que eram altamente tóxicos. As indústrias lançaram, então, os clorofluorcarbonetos (CFCs ou HCFCs.) que apresentavam, dentre outras propriedades, o fato de serem atóxicos, voláteis, não combustíveis e não corrosivos, e foi exatamente essa estabilidade dos clorofluocarbonetos que se revelou um grande problema. Desde fins da década de 60 que se sabia que o ozônio é uma proteção natural contra as radiações ultravioletas emitidas pelo sol, e que o gás freon e compostos assemelhados contribuíam claramente para a destruição da camada de ozônio localizada na estratosfera (cerca de 28 Km de altitude). Quando os CFCs são lançados próximos ao solo, eles se difundem até a estratosfera, onde se encontram com a fração mais energética dos raios ultravioleta, provocando a sua decomposição através de uma reação fotolítica (reação estudada em Química Orgânica III, no tópico de Radicais livres), originando, dentre outros componentes, o cloro livre, que é altamente reativo. Como se sabe, os radicais livres se estabilizam através de choques. Dentre as diversas alternativas existentes para que se efetue a estabilização do átomo de cloro, uma delas é chocando-se com a molécula do ozônio, formando o gás oxigênio (O2) e o radical hipoclorito ClO*, que se estabiliza, chocando-se com o O*. O cloro liberado pelos CFCs funciona como catalisador, na transformação de O em O2 (os esclarecimentos do mecanismo dessa reação e os riscos decorrentes da emissão desses tipos de compostos conferiram o título de Prêmio Nobel de 1995 a três cientistas). Seus potenciais destruidores de ozônio (PDO ou ODP - ozone depletion potential), informado na tabela a seguir, indica o potencial de destruição da camada de ozônio que uma substância possui, tendo o valor 1,0 (um) sido atribuído, arbitrariamente, para o freon ou F2Cl2C. CCl2 F2 luz ������� ������� ������ ������ Cl* O 3 �������� O2+O*Cl * + Cl O*Cl �������� ��������+ O* Cl* + O2 Composto Nome comercial Aplicações PDO Triclorofluormetano CFC-11 refrigeradores, condicionadores de ar, espumantes e solventes (propelentes de aerossóis) 1,0 Diclorodifluormetano CFC-12 refrigeradores, condicionadores de ar automotivo, freezers, espumantes e solventes (propelente de aerossóis) 1,0 Triclorotrifluoretano CFC-113 solventes para limpeza de componentes eletrônicos e peças de aeronave 0,8 Bromoclorodifluormetano Halônio-1211 extintores de incêndio portáteis 3,0 Bromotrifluormetano Halônio-1301 extintores de incêndio fixos e de aeronaves 10,0 Com a pressão mundial dos ambientalistas, as indústrias tentam obter novos produtos que substituam o freon e seu derivados. Uma tentativa relativamente com êxito tem sido a de substituir as substâncias problemas pelos HCFCs, que apresentam um poder de destruição menor da camada de ozônio quando comparado com os outros compostos. Esses novos compostos podem substituir os CFCs praticamente em todas as suas atuais aplicações: são compostos bem mais reativos, não atingindo a estratosfera com as suas moléculas intactas. Apresentam, entretanto, o inconveniente de serem tóxicos e seus preços serem bem mais altos do que os primeiros. As grandes desculpas para não utilizar os HCFCs são: 1) "possível" toxidez; 2) preço mais alto; 3) em função dos preços mais altos, torna-se difícil resolver a questão da falta de refrigeradores entre a população mais carente. Analisando cada uma das afirmativas alegadas pelos produtores: a) primeiramente não se afirma categoricamente que os HCFCs são tóxicos, e sim, que existe a possibilidade de serem tóxicos. Não entendemos quais as dificuldades práticas para se chegar a uma conclusão; b) em segundo lugar, que os preços são mais altos. Teoricamente, não existe razão alguma para que esses produtos sejam mais caros do que os CFCs: analisem as estruturas e chegarão às mesmas conclusões. Tudo indica que a instalação é a mesma e que a matéria-prima é também a mesma, logo, deve se tratar do rendimento de formação de cada produto em cada reação e, nesse caso, é possível que, de fato, seja um pouco mais caro. A pergunta que os governos se devem fazer é a seguinte: o que vale mais: diminuir a produção dos equipamentos e, portanto, diminuir o acesso da população aos mesmos (freezers, ar-condicionado etc.) ou contribuir decisivamente, e com rapidez, para danos irreversíveis na camada de ozônio, provocando doenças que já estão aparecendo de maneira galopante, como o câncer de pele, cegueira etc ? c) em terceiro lugar, não consta em nosso dicionário que, em alguma parte, tenha existido a preocupação de facilitar a compra, por parte dos carentes, de freezers e aparelhos de ar-condicionado. As classes média e rica continuarão comprando, como aliás, já vêm fazendo. Agora, não mudar o processo para facilitar a compra pela população carente certamente é uma novidade que não conhecemos. É melhor dizer que não poderão expandir as vendas para adquirir essa grande fatia do mercado. Alguns tipos de HCFC Composto Nome comercial PDO Difluormonoclorometano HCFC-22 0,055 Trifluordicloroetano HCFC-123 0,02 Dicloromonofluoretano HCFC-141b 0,11 Obtenção do freon O freon é facilmente obtido pela reação do trifluoreto de antimônio com o tetracloreto de carbono, em presença de pentacloreto de antimônio como catalisador. O trifluoreto de antimônio é regenerado continuamente por ação do ácido fluorídrico de modo que a reação total é: edcarrazzoni@hotmail.com 3 Cl C + 2 F Sb ������� ������� 4 3 Cl Sb5 3 CCl F + 2 Cl Sb2 32 3Cl Sb2 ������� 6 HF HCl F Sb+ 6 + 2 3 Cl C4 + 2 HF �������� Cl Sb5 HCl C+ Cl2 F22
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