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PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Otavia Alves Cé Tipos de vídeos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir vídeos. Reconhecer os tipos de vídeos. Aplicar os tipos de vídeos para organizações públicas e privadas. Introdução Neste capítulo, você vai estudar conceitos e definições de vídeo. Você vai se debruçar sobre questões técnicas, como tamanhos e formatos, e também verificar fatores de ordem estilística. Você ainda vai conhe- cer alguns dos tipos de vídeos mais comuns encontrados na esfera da comunicação de marcas e organizações. Por fim, você vai acompanhar uma reflexão sobre a utilização do audiovisual por organizações, sejam públicas ou privadas, na era da transmídia. Vídeo: conceito e definições Um vídeo é um sistema de gravação e reprodução de imagens que pode ser acompa- nhado por sons e que, originalmente, era produzido por meio de uma fi ta magnética. O processo de produzir um vídeo consiste em capturar uma série de fotografi as (nesse contexto, chamadas frames) que são então exibidas em sequência e em alta velocidade, emulando movimento, para reconstruir a cena original. Atualmente, o termo “vídeo” engloba diferentes formatos. Além de fitas de vídeo analógicas, como VHS e Betamax, os formatos digitais, como DVD e MPEG–4, também estão incluídos. A qualidade do vídeo é determinada por diferentes fatores, como o método de captura e o tipo de armazenamento escolhido. Existem várias técnicas de compressão de vídeo que procuram reduzir o tamanho de uma gravação digital (ou convertida para esse meio) para facilitar a sua distribuição. De acordo com o tipo de conteúdo, esses processos afetam mais ou menos o resultado final. Gravações de pessoas em ambientes urbanos, por exemplo, sofrem menos alterações do que documentários sobre a natureza e filmes gerados por computador, em que o nível de detalhe é quase indispensável. Por outro lado, a palavra “vídeo” também é usada para designar um videoclipe, uma sequência geralmente ligada ao mundo da música cuja duração, no geral, não excede 5 minutos. É muito comum que grupos de música e cantores solistas produzam videoclipes de suas músicas para promover o lançamento de um disco. O nascimento do YouTube marcou um antes e um depois em termos de popula- ridade dos vídeos e acesso a eles. Desde o seu lançamento, em 2005, a plataforma oferece aos seus usuários a possibilidade de compartilhar conteúdo original de diferentes gêneros, sendo a música e o vlog os mais comuns. Este último deriva dos termos “vídeo” e blog e geralmente consiste em gravações curtas, nas quais são tratados diferentes tópicos da vida cotidiana, como um diário pessoal com- partilhado com o mundo inteiro em formato de vídeo. Formatos de vídeo Conhecer os diferentes formatos de vídeo é fundamental para quem trabalha com programas de tratamento de vídeos ou cinema digital, como uma produtora audio- visual. Para trabalhar com programas de edição de vídeo, seja em pós-produção ou pós-efeitos, edição ou correção de cor, é necessário conhecer formatos de vídeo digital e também saber como confi gurar formatos de saída. Portanto, é essencial conhecer os diferentes formatos de vídeo digital existentes, bem como os critérios que defi nem um formato de vídeo. Um formato de vídeo é um “conjunto” que pode incluir vídeo, áudio, texto e imagens. Todos esses elementos juntos resultam, geralmente, em um arquivo muito pesado. Para driblar esse problema, é necessária a utilização de codecs. Um codec é um conjunto de regras que definem como o algoritmo de compactação se comporta. A compactação implica uma perda de dados; portanto, dependendo do codec utilizado, a qualidade e a resolução variam ao salvar o arquivo. Em resumo, a função de um codec é codificar e decodificar o vídeo; codificar significa salvá-lo no formato, e decodificá-lo significa reproduzi-lo. Apesar das variáveis comple- xas, o necessário é saber qual formato permite a reprodução em boa qualidade, mantendo pouco peso no arquivo. Características dos formatos de vídeo Os critérios que defi nem os formatos de vídeo estão em constante evolução. Quando os primeiros formatos de vídeo digital apareceram, no fi nal dos anos Tipos de vídeos2 1980, havia apenas dois critérios: tamanho da imagem (largura × altura) e taxa de quadros (imagens por segundo no formato). Um terceiro padrão se juntou aos dois critérios originais com a evolução de formatos de gravação digital: o aspecto de pixel (PAR). Portanto, hoje, um formato de vídeo digital é constituído por estas três ca- racterísticas: largura e altura (o tamanho da imagem), o número de imagens por segundo (taxa de quadros) e, finalmente, o PAR. A seguir, você vai conhecer cada uma delas. Tamanho do vídeo (resolução): o tamanho dos formatos de vídeo digital é medido em pixels e é representado pelas coordenadas x e y, que cor- respondem à largura e à altura. Com o tamanho da imagem, você pode saber se está diante de resolução padrão, alta definição, formatos de filme, definição ultra-alta, etc. Por exemplo, um tamanho de vídeo de 720 × 576 corresponde a medições phase alternating line (PAL), que mostram 25 fotogramas por segundo (FPS) de resolução padrão. Caso você trabalhe com material National Television Standart Committee (NTSC), são 29,97 FPS; o formato de vídeo equivalente seria 720 × 480. Você deve levar em conta o tamanho da imagem ao enviar um vídeo para o YouTube se pretende projetá-lo. Afinal, é necessário cumprir os requisitos de tamanho de imagem do dispositivo em que o vídeo será projetado. Para compreender melhor as definições de tamanho de um vídeo, observe a Figura 1, a seguir. Figura 1. Referência para o tamanho de exibição/resolução de um vídeo. Fonte: Tvaughan1 (2007, documento on-line). 3Tipos de vídeos Taxa de quadros: a frequência ou cadência de imagem ( frame rate) é a quantidade de quadros que há em um segundo ( frames per second — FPS) para dar a sensação de movimento. Isto é, é o número de imagens fixas necessárias para criar um segundo de vídeo. Também está em jogo a forma como os quadros podem ser exibidos por um dispositivo, seja uma televisão, um celular, um tablet ou um monitor, por exemplo. A taxa de quadros é muito importante porque permite conhecer os formatos de vídeo com os quais se está trabalhando, se têm formato de cinema, ultra-alto, etc. A taxa de quadros é uma das principais características dos formatos de vídeo. Na Figura 2, a seguir, você pode observar o comportamento de uma taxa de quadros. Figura 2. Comportamento de uma taxa de quadros. Fonte: Frame (2016, documento on-line). As frequências PAL e NTSC não dizem respeito a números aleatórios. Elas estão inti- mamente relacionadas à frequência da rede elétrica em cada país. Por exemplo, em grande parte da Europa, a frequência da rede elétrica é de 50 Hz, de modo que 25 quadros por segundo é um divisor exato de 50. No Brasil, também se utiliza o sistema PAL como padrão. Já no Japão, no Canadá, no México e nos Estados Unidos, utiliza-se o NTSC, por exemplo. Tipos de vídeos4 PAR: refere-se à deformação da aparência do vídeo para manter cons- tante a largura do formato de vídeo, mesmo se a quantidade de pixels horizontais for alterada. A aparência do pixel pode ser um critério difícil de entender, pois é um fator que surgiu com os formatos de gravação digital. A maioria dos sistemas de vídeos digitais descreve uma imagem como uma grade de pixels muito pequenos, mas quadrados. No entanto, certos sistemas de imagem digital, em particular aqueles que têm de manter a compatibilidade com a definição padrão de filmes de televisão, definem uma imagem como uma grade de pixels retangulares em que a largura do pixel é ligeiramente diferente da sua altura. A proporção de um pixel descreve essa diferença. É importante atentar para o aspecto de pixel para que a imagem não seja distorcida em sua exibição de acordo com o aparelho que vaireproduzi-la. Em um monitor normal, os pixels se apresentam em uma matriz quadrada. Para entender melhor, observe a Figura 3, a seguir. Figura 3. (a) Pixels quadrados; (b) pixels não quadrados; (c) pixels não quadrados não corrigidos em um monitor de pixels quadrados. Fonte: Adobe (2019, documento on-line). Quando se fala em televisão, é necessário atentar ao aspecto da compati- bilidade, ou seja, o que é gravado deve ser capaz de ser reproduzido em uma televisão antiga. Assim, novos formatos de vídeo aparecem, mas permanece a necessidade de se manter a compatibilidade. Para isso, é obrigatória uma “sobreposição” das novas tecnologias. Tudo isso faz com que, atualmente, exista uma grande variedade de formatos de vídeo. 5Tipos de vídeos Diferentes formatos de vídeo A seguir, você pode ver uma lista com uma breve explicação sobre os formatos de vídeo mais comuns. Formato AVI: é um dos mais conhecidos e mais usados como armaze- namento, principalmente para séries, filmes e outros vídeos semelhan- tes. O AVI veio à luz em 1992 e foi o arquivo de exportação de vídeo dominante por excelência, pois era totalmente compatível com diversos sistemas, como Windows, Apple, Linux, Unix, etc. Atualmente, é um dos formatos mais usados. Todavia, possui desvantagens no que diz respeito à memória usada para armazenar as informações de áudio e vídeo. Apesar da reprodução de alta qualidade, a sua compactação de um arquivo é bem pesada. Formato MPG: é um formato de vídeo com compatibilidade mundial cuja compactação de áudio e vídeo sofre pouca perda de qualidade, o que torna possível fazer o upload e o download de arquivos facilmente na web. O arquivo MPG, por sua vez, é dividido em MPG–1, MPG–2, MPG–3 e MPG–4, cada um com uma qualidade diferente. Veja a seguir. ■ MPG–1: qualidade que pode ser comparada com a do antigo formato VHS obsoleto, resolução de 352 × 240. ■ MPG–2: equipado com uma qualidade ligeiramente superior, que pode ser comparada com a da televisão analógica. Sua resolução é de 720 × 486. Esse formato foi responsável pelo sucesso do DVD. ■ MPG–3: foi uma tentativa de proporcionar qualidade de televisão de alta resolução, a HDTV, mas foi descartado, dando-se prioridade ao MPG–2. Em sua evolução, o MPG–3 se tornou o conhecido arquivo de áudio chamado MP3. ■ MPG–4: baseado no formato Quicktime e idêntico ao formato MOV, melhora a eficiência de compressão do MPG–2. O formato MPG–4/ MP4 é sinônimo de alta definição. É o formato oficial da Apple. Atualmente, é um dos formatos mais comuns. Formato WMV: a Microsoft Windows é a proprietária desse formato. Para reproduzir esse arquivo de vídeo, é utilizado o Windows Media Player ou o seu equivalente, o reprodutor VLC. Esse formato oferece suporte ao gerenciamento de direitos digitais, impedindo que os usuários copiem as informações, um recurso interessante para vendedores de Tipos de vídeos6 áudio e vídeo digitais on-line. Esses arquivos são compactados com resolução superior a 300.000 pixels, o que os torna um formato ideal para blu-ray e HD DVD. Formato MOV: padrão desenvolvido pela Apple, permite a transmissão e a reprodução de conteúdo visual de alta qualidade na internet, tanto nos sistemas operacionais da Apple quanto do Windows. O Quicktime vem com seu player embutido; desde a versão 7, ele se tornou um player que reconhece a maioria dos arquivos de vídeo atuais, suprindo problemas anteriores de reprodução. Formato H.264: é um dos formatos mais atuais para edição de vídeo. Criado em 2003, evoluiu, produzindo alta qualidade de vídeo, mantendo sua baixa taxa de bits e alcançando um design de estrutura simples e formato flexível para uso em massa. É o candidato ideal para usar como formato do YouTube ou qualquer plataforma para transmissão via internet. MKV (matroska): é um formato usado principalmente para filmes, séries e conteúdo 3D. Esse formato permite armazenar muitos dados no mesmo arquivo. Por exemplo, inclui faixas de áudio em vários idiomas. Ele funciona principalmente em computadores, mas também em outros dispositivos, como televisores que têm uma conexão USB. Ele funciona de forma muito semelhante ao MP4. Formato DivX: é caracterizado por ser o codec de vídeo usado nos primeiros filmes no formato DVD para reduzir o tamanho do conteúdo e gravá-lo em um CD. DivX é um formato de compressão que permite reproduzir imagens com qualidade similar ao DVD, mas que precisam de menos capacidade de armazenamento. O formato DivX não atua na compactação de áudio, afetando apenas o vídeo. Formato Xvid: quando o DivX deixou de ser tão popular, deu lugar ao Xvid, que o superou pela sua melhor qualidade e tornou-se mais famoso porque foi apoiado por muitos leitores de DVD. Atualmente, embora existam outros formatos mais poderosos, essa compactação ainda é usada, já que o seu desempenho e a sua velocidade de compactação são considerados muito bons. Formato FLV: é usado principalmente para transmitir vídeos pela internet. FLVs podem ser vistos pela maioria dos sistemas operacionais e em todos os navegadores, com o pré-carregamento de atualização. Sites como o YouTube usam esse formato para reproduzir seus vídeos. 7Tipos de vídeos Tipos de vídeos Enumerar todos os tipos de vídeos é uma tarefa extensa e praticamente im- possível. Dessa maneira, neste tópico, você vai ver os tipos de vídeos mais comumente utilizados por empresas e organizações para a divulgação de suas mensagens. Como você vai verifi car, as opções são diversas, sendo defi nidas de acordo com o que se pretende transmitir e o modo como se deseja fazer isso. Marcas e organizações, sejam públicas ou privadas, de maneira geral, buscam firmar vínculos especiais com os seus clientes fiéis e com os seus clientes potenciais. Uma das maneiras de alcançar esse objetivo, e que tem se mostrado a mais eficiente, é por meio de conteúdo capaz de excitar, impactar e até mesmo seduzir clientes e usuários em potencial. A principal maneira de produzir e transmitir esse tipo de conteúdo é a experiência audiovisual. O audiovisual é considerado uma das ferramentas mais eficazes, pois estratégias de comunicação que contêm esse tipo de linguagem costumam ter ampla visualização. Em termos de divulgação on-line, isso significa mais visitas em uma página/canal e aumento do tempo que o internauta despende — ocasionado pela duração do vídeo que é exibido —, o que pode melhorar o posicionamento da página/canal nos mecanismos de busca da web. Existe um tipo de conteúdo audiovisual adaptado a cada necessidade; tudo depende do objetivo da marca ou organização. Não existe certo ou errado na hora de investir no formato estilístico do audiovisual, pois essa linguagem permite a adaptação de variadas situações e necessidades à narrativa. A seguir, você vai ver alguns dos principais e mais comuns tipos de vídeos voltados para marcas e organizações. a) Vídeo de apresentação: esse tipo de vídeo é a melhor maneira de apre- sentar aos clientes em potencial o que a empresa propõe. Geralmente, inclui uma mensagem do chief executive officer (CEO) ou da diretoria. Explica aspectos importantes da empresa, como visão, missão, história, produtos estelares e proposta de valor. Muitos vídeos corporativos se enquadram nesse tipo. b) Vídeo corporativo industrial: é o vídeo focado em mostrar como estão os processos de produção ou como os serviços costumam ser executados. Esses vídeos mostram o coração da empresa e oferecem visibilidade a terceiros. Eles são amplamente utilizados em campos de “negócios para negócios” (business to business — B2B) para que o cliente saiba o que esperar da marca. Também costumam ser encontrados em feiras, reuniões de investidores e outros eventos. Tipos de vídeos8 c) Vídeo comercial ou publicitário: esse tipo de vídeo curto revela a um público específico os benefícios de um produto, serviço ou marca com a finalidade de vendê-lo. Em pouco tempo, gera uma impressão profundano receptor, e a repetição ajuda a potencializar a mensagem. Podem ser transmitidos em canais de televisão e também na internet, como é o caso das publicações nos canais de vídeo YouTube ou Vimeo. d) Vídeo depoimento/testemunhal: esse tipo de vídeo é ideal para se aproximar do espectador. Consiste no agrupamento de depoimentos de clientes, trabalhadores ou especialistas do setor. Como você sabe, consumidores prestam muita atenção às opiniões de outros compradores antes de adquirir um produto. Dessa forma, os vídeos de depoimentos são geralmente muito eficazes tanto na venda final quanto na criação de imagens. e) Vídeo promocional: parece um vídeo de publicidade, embora tenha uma duração maior. Além disso, não se concentra apenas em produtos ou serviços. Um vídeo promocional pode celebrar um aniversário da empresa, angariar fundos antes de um projeto importante ou divulgar os resultados de uma investigação. Lembre-se de não confundir com o vídeo de promoção de vendas, que é uma subcategoria dos comerciais publicitários. f) Vídeo de comunicação interna: é típico em grandes empresas, em que é usado para comunicar eventos relevantes. Só é consumido pelos funcionários da empresa. Não há regras sobre a sua extensão e a cria- tividade necessária para o seu desenvolvimento. Além de transmitir informações, também serve para elevar a moral do grupo e consolidar imagens e valores da empresa entre seus colaboradores. g) Vídeo de eventos: registra seminários, congressos, reuniões importantes e outras atividades que precisam ser documentadas. Esse tipo de vídeo é cada vez mais frequente em empresas de todos os setores e ajuda a criar memória dos marcos da organização. h) Vídeo educativo/de treinamento: é normalmente voltado para traba- lhadores da empresa e é comum (mas não exclusivo) em organizações cujos processos de produção envolvem riscos. Os vídeos educativos abordam questões como segurança no emprego, uso de ferramentas, montagem de equipamentos, entre outras. Marcas e organizações têm investido em alguns tipos específicos de produ- ção audiovisual exclusiva para exibição on-line. A seguir, veja alguns exemplos. 9Tipos de vídeos a) Vídeo ao vivo (livestream): mais de um terço dos internautas dizem assistir a vídeos ao vivo on-line. O Facebook Live é o canal mais popu- lar, seguido pelo YouTube e suas transmissões ao vivo. Vídeos ao vivo também estão disponíveis no Twitter e no Instagram (EMARKETER, 2017). b) Vídeo 360º: deve ser pensado como um ponto de entrada para a reali- dade virtual, pois é um formato de vídeo de mídia social que permite aos usuários girar a câmera virtualmente para mudar o seu ponto de vista. Assim, eles podem “mergulhar” no conteúdo que se publica, aumentando a interatividade. c) Vídeo em loop: como o próprio nome indica, é um vídeo que se repete. É uma peça curta, geralmente chegando ao tempo máximo de 1 minuto. O disparo é automático e a mensagem é transmitida por meio da repetição. d) Vídeo que “desaparece”: nem todos os vídeos precisam ficar disponí- veis para sempre. Às vezes, um vídeo apresenta um conteúdo oportuno e do momento, que desaparecerá depois de um tempo de sua publicação. São as histórias do Snapchat ou do Instagram, por exemplo. Todos os tipos de vídeos on-line podem ser utilizados por organizações tanto públi- cas quanto privadas, proporcionando experiências diferenciadas para suas marcas, aproximando-as da audiência, humanizando-as, etc. A escolha do tipo de vídeo mais adequado depende da forma como a mensagem é pensada, bem como da necessidade de transmissão. Utilização de vídeos por organizações no ambiente transmidiático No mundo contemporâneo, novas tecnologias estão evoluindo exponencial- mente e afetando todas as ordens da vida diária. Nesse processo de digitalização permanente, a mídia tradicional também está se reinventando para não perder o ritmo que outros canais de difusão impõem. Hoje, a mídia enfrenta um usuário individual, digital e on-line que se tornou um novo tipo de consumidor: ele participa, produz conteúdo e exige algo dos diferentes meios de comunicação em troca de sua atenção. Tipos de vídeos10 Vive-se uma mudança estrutural; está em jogo um paradigma dinâmico em que a comunicação digital interativa é um espaço de convergência tecnológica e cultural, caracterizado pela presença de tecnologias que afetam a produção, a distribuição e o consumo de conteúdo. O que ocorre são processos simultâneos de convergência de mídias, não apenas digitais ou relacionadas aos meios de comunicação, mas sociais — entre as esferas de negócios, política, profissional, de conteúdo e de desenvolvimento tecnológico. Assim, a convergência é um processo mais cultural e transmidiático do que tecnológico (VARGAS, 2011). Nesse novo cenário, vários fatores afetam diretamente o novo paradigma das narrações digitais: suporte de vídeo, novos formatos audiovisuais na inter- net, produção de conteúdo por diferentes mídias e busca de marcas anunciantes para integrar mensagens em conteúdo audiovisual (por meio de conteúdo de marca ou entretenimento de marca). Esse ecossistema digital origina conceitos e termos comuns a todos os estudos acadêmicos relacionados ao fenômeno da nova forma de comunicação: experiência do usuário, interatividade, código textual, construção de marca, público social, engajamento, redes sociais, estratégia de marketing, design multiplataforma, youtubers, etc. Uma das consequências desse novo ecossistema de mídia tem sido a generalização do vídeo como um aglomerado de mensagens e suportes para conteúdo de marca. No vídeo, afirma Díaz Arias (2008), existem dois formatos narrativos principais: o segmento de curta duração e a própria narrativa de ficção, algo mais expandido. No entanto, a televisão fornece outro formato de grande con- centração narrativa, o spot publicitário. Além disso, toda narrativa televisiva é fragmentada pela influência da propaganda ou da transmissão comercial promocional. Nesse sentido, “A maioria dos programas de televisão insere segmentos ou vídeos que focam a atenção em um aspecto particular [...]” (DÍAZ ARIAS, 2008, p. 65, tradução nossa). Mas hoje o vídeo viaja e se expande por todos os canais de transmissão, tradicionais ou emergentes. O vídeo também surge como o fator dominante no ciberespaço. No entanto, pontua Díaz Arias (2008, p. 64, tradução nossa), “Dez anos atrás, a World Wide Web foi baseada em textos, acompanhados de fotos e gráficos. Poucos sites ofereciam a possibilidade de baixar ou assistir a vídeos [...]”. Citando Manovich (2001), Díaz Arias (2008, p. 64, tradução nossa) aponta que “[...] os vídeos são hoje parte substancial das interações que criam uma informação globalmente compartilhada que, segundo uma metáfora espacial, chamamos de ciberespaço, espaço navegável, espaço que podemos navegar graças à linguagem de hipertexto [...]”. Na rede, é possível acessar as grandes narrativas estendidas (filmes, pro- gramas de televisão, programas completos), mas o produto mais característico 11Tipos de vídeos é o vídeo curto, uma história condensada que requer atenção fugaz, adequada para um consumo banal, compulsivo e de fácil compartilhamento por meio da difusão viral. Um bom exemplo é o formato de videoclipe. Atualmente, na verdade, mesmo as grandes histórias — a grande programação — são fragmen- tadas na forma de pílulas que sustentam conteúdos isolados da mesma história, mas buscando unidade narrativa total na forma de sequências independentes. Na internet, na rede, operadoras de telecomunicações, meios de comunica- ção de massa, grandes marcas, grupos multinacionais e instituições de todos os tipos encontraram uma verdadeira fonte via tripla oferta: internet, smartphone e pacote de canais de televisão. No entanto, como destaca Bustamante (2008, p. 29, tradução nossa), trata-se de “[...] mera operação de marketing, sem investimento em nova programação [...]”. Para além disso, está o universo em contínuaexpansão do cibervídeo, ampliado graças a repositórios que permitem compartilhar vídeos e cujo modelo é o YouTube (DÍAZ ARIAS, 2008; PÉREZ RUFÍ; GÓMEZ PÉREZ, 2013). As possibilidades da Web 2.0, como destaca Jenkins (2007), também são o resultado da necessidade de participação cultural de todos os tipos nas últimas décadas, em que ocorreu o desenvolvimento e a rápida adoção de plataformas como o YouTube. Assim, pode-se concluir que a tecnologia res- ponde às demandas da sociedade, e não o contrário. O vídeo, indica Díaz Arias (2008, p. 67, tradução nossa), “Também é um nó de conexão entre diferentes redes sociais. O vídeo compete com a palavra escrita na conversação global de blogs. O vídeo também é um catalisador para a mobilização do grupo. O vídeo é, em suma, um dos grandes motores das redes sociais [...]”. Nos enredos da era da convergência, surgem “[...] novos tipos de narrativas que, baseando-nos nas novas tecnologias, nos unem especialmente na atividade do leitor/espectador/usuário [...]” (COSTA SÁNCHEZ; PIÑEIRO OTERO, 2012, p. 103, tradução nossa). A internet e outras plataformas de distribuição de conteúdo não têm um único multiplicador de possibilidades de transmissão de mensagens, mas incorporam novos formatos de comunicação e novas formas de comunicar, mais específicas e de acordo com as novas possibilidades e hábitos de consumo. Como argumenta Ràfols (2011, p. 569, tradução nossa), o desenvolvimento da tecnologia computacional no tratamento, na manipulação e na criação de peças audiovisuais atingiu níveis que tornam tal tecnologia “[...] um instrumento potencial para ser considerado na preparação da informação audiovisual diária [...]”. A indústria audiovisual adaptou-se a essas formas de produzir conteúdo, especialmente àquelas que usam diferentes mídias e linguagens para construir histórias. Nesse contexto, produtores e criadores começaram Tipos de vídeos12 a inventar novas formas de produção audiovisual no ambiente digital; novas histórias envolvem estruturas narrativas que utilizam múltiplas plataformas tecnológicas e gerenciamento de conteúdo. Expressões como “transmídia” ou crossmedia são frequentemente utilizadas para designar esse tipo de projeto, que pode ser acessado a partir de diferentes plataformas de conteúdo e adequado à linguagem e à forma de apresentação de cada uma delas. Do ponto de vista da recepção, alguns estudos apontam para a apropriação, pelo público, de novas mídias digitais, influenciando o crescimento da experiência interativa e imersiva à qual o consumidor é sensível. Refere-se também à opor- tunidade de criação coletiva, já que os meios não estão mais no poder exclusivo das empresas de comunicação. Além disso, há as possibilidades de visibilidade que as novas plataformas tecnológicas proporcionam ao usuário (FREITAS; CASTRO, 2010). A nova maneira de desfrutar de conteúdo audiovisual cria um hábito de entretenimento diferente, “[...] onde a Internet está desempenhando um papel essencial, permitindo — junto com a televisão — que o consumidor tenha uma experiência de visualização de conteúdos interagindo com eles de casa [...]” (RUANO LÓPEZ, 2014, p. 280, tradução nossa). Como você pode imaginar, as marcas que não perceberem isso ficarão prejudicadas. A mídia tradicional, como a televisão, já está oferecendo conteúdo multite- las (multi-screen), e o espectador pode visualizar conteúdo audiovisual digital como, quando e onde quiser. É possível assistir simultaneamente à transmissão televisiva a partir de diferentes dispositivos e em qualquer suporte: televisão, web, serviços de telefonia móvel. Graças às redes sociais, os usuários podem deixar seus comentários e opiniões no próprio site, a partir de suas páginas do Facebook ou de suas contas do Twitter. Além disso, por meio das redes sociais, “[...] os espectadores são mais informados sobre o conteúdo exclusivo que podem encontrar em suas transmissões favoritas e participam de concursos e jogos e até comentam sobre a transmissão de alguns programas ao vivo [...]” (RUANO LÓPEZ, 2014, p. 281, tradução nossa). O grau de penetração dos sites de redes sociais nos hábitos de consumo coloca-os no centro das atenções de grande parte dos processos tecnológicos que sustentam a chamada sociedade da informação. O modelo baseado na relação emissor–mensagem–receptor parece sofrer uma certa mutação, ou pelo menos estabelece as bases para o desenvolvimento de novos sistemas de interatividade. É evidente que o novo cenário multitela precisa de uma rede- finição de técnicas narrativas audiovisuais. Freitas e Castro (2010) e Anrubia Aparici (2002) concordam que o que vale agora é contar uma história: uma história que emerge de uma narrativa, de um evento real ou imaginário, oral ou textual, que é atualizada pela mente do ouvinte ou leitor e transposta para 13Tipos de vídeos um ambiente de representação. O segredo em qualquer forma de narração permanece o mesmo: ter uma boa história para contar e saber como contá-la. A narrativa digital é a base sobre a qual os discursos na mídia são articulados. Nesse sentido, é necessária uma reflexão sobre as mudanças provocadas pelo uso da tecnologia tanto no estilo quanto na forma de construir e entender a realidade. Existe uma necessidade de encontrar novas formas de narrar a partir da convergência de mídia e multiculturalismo, estruturando a história em duas partes principais: o contexto geral e os formatos e histórias (GUARINOS GA- LÁN; SEDEÑO VALDELLÓS, 2013). Isso leva à pergunta: existem narrativas analógicas e outras digitais? Victorino Ramírez (2011) indica que inúmeras abordagens ao conceito de “narrativa digital” foram feitas, compondo um campo em construção que se desenvolveu em relação à evolução tecnológica: “Hoje, as tecnologias intro- duziram mudanças na forma como o conteúdo é criado, circulado e recebido, além de influenciar ideias que sustentam o modelo narrativo hegemônico [...]” (VICTORINO RAMÍREZ, 2011, p. 11, tradução nossa). O autor acrescenta que a força da narrativa digital — no presente — reside na possibilidade de comunicar imediatamente e em manter contato permanente com o destina- tário. Essa formulação hipertextual abandona a autoridade narrativa de uma única voz — que dá solidez e coerência à história — para dar lugar a uma multiplicidade de vozes vindas dos usuários. Estes “[...] se tornam coautores dos conteúdos e encontram nas diversas plataformas digitais uma forma de expressão personalizada mas ao mesmo tempo coletiva, recuperando assim uma memória social [...]” (VICTORINO RAMÍREZ, 2011, p. 14, tradução nossa). A relação deixa de ser unilateral para se tornar bidirecional e dialógica. Echegaray e Peñafiel (2011) comentam que a digitalização da mídia gerou mudanças na criação e na disseminação do conteúdo midiático e no papel atribuído ao público. Eles acrescentam ainda que “[...] os ambientes digitais utilizam o próprio meio digital e sua capacidade interativa de saber quais as expectativas do seu público em relação ao produto em questão, incentivando o público a participar de certos processos de criação de scripts [...]” (ECHE- GARAY; PEÑAFIEL, 2011, p. 428, tradução nossa). Esse é o cenário contemporâneo ao qual marcas e organizações precisam se adequar para realizar a sua comunicação. As comunicações digitalizadas trouxeram elementos sociais e tecnológicos que deram origem a um novo contexto de mídia em uma única matriz. Hoje, há novas plataformas de mídia e distribuição de conteúdo, novos intermediários, novos agentes na produção, novos hábitos de consumo e a necessidade de reajustar o setor audiovisual, bem como de estudar o comportamento dos cidadãos diante das alternativas Tipos de vídeos14 que se impõem à mídia tradicional. Somente assim se pode traçar estratégias de aplicação do suporte audiovisual de maneira eficiente e adequada às ne- cessidades e aos anseios da sociedade atual. Hoje, comunicar e expressar uma ideia de maneira clarae eficaz requer habilidades práticas, como usar as ferramentas e a linguagem audiovisual corretamente, além de aplicar todos os outros aspectos necessários para uma comunicação eficiente. O suporte audiovisual, com a sua linguagem de fácil apelo, no contexto digital, apresenta a possibilidade concreta e direta de visibi- lidade e integração das marcas com o conteúdo narrativo. Consequentemente, o formato de vídeo alcançou um nível muito alto de padronização, no qual as estratégias de vendas e marketing visual digital são baseadas. Organizações da esfera pública e da privada anteriormente possuíam distinções evidentes em sua forma de se comunicar com o público. Todavia, as mudanças tecnológicas e comportamentais minimizaram essa diferença, tornando a fronteira nublada. De fato, ainda há diferenças no planejamento estratégico de cada uma, pois cada tipo de organização possui interesses específicos — lucro, capital imediato ou manutenção de imagem, desempenho, etc. Porém, a maneira como os vídeos são utilizados é uma questão de adaptação e compreensão das reais necessidades de comunicação de cada um dos envolvidos. O ponto de maior divergência talvez se encontre no ambiente em que cada uma das organizações está inserida; enquanto as privadas enfrentam ambientes competitivos, as públicas tendem a gozar de certa estabilidade. Nas organizações privadas, toda escolha comunicacional envolve o estudo racional de oportunidades e ameaças. As ações devem ser tomadas com o intuito de garantir maior domínio gerencial da organização sobre o seu contexto e o seu bom desempenho no longo prazo. Em contrapartida, nas organizações públicas, o processo decisório não costuma levar em conta as mesmas questões analíticas, pois não estão em jogo os mesmos tipos de ameaça (concorrência ou falência, por exemplo), nem se buscam as mesmas oportunidades (consumidores e lucro, por exemplo). A reflexão sobre o novo interlocutor, coautor de conteúdo, é algo que deve ser levado em consideração independentemente da origem da organização. Além disso, o que in- teressa aos produtores de conteúdo audiovisual é a capacidade de traduzir os objetivos organizacionais e de se apropriar das ferramentas que o contexto transmidiático oferece. 15Tipos de vídeos ADOBE. Working with aspect ratios and field options. 2019. Disponível em: https://helpx. adobe.com/premiere-elements/mac-app-store/help/aspect-ratios-field-options.html. Acesso em: 07 ago. 2019. ANRUBIA APARICI, E. La estructura narrativa del ser humano I. Espéculo: Revista de Estudios Literarios, [s. l.], n. 21, 2002. 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