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8 - DIREITOS DA PERSONALIDADE

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Direito Civil – Direitos da Personalidade
8 – DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Movimento de (Re)personalização do direito civil: o direito civil passa a tratar da pessoa e não mais somente do patrimônio.
Conceito: formam uma categoria especial do direito privado, os direitos existenciais, ao lado das relações patrimoniais. São os direitos básicos, elementares ao exercício da personalidade. Para que alguém possa ter a plenitude de sua personalidade tem que ter assegurado tais direitos. A personalidade jurídica está acobertada pelos direitos da personalidade. A essência dos direitos da personalidade é não-patrimonial. Os direitos da personalidade são direitos subjetivos que trazem consigo uma pretensão de se exigir de alguém um determinado comportamento. É um direito oponível erga omnes. Ex.: honra. São direitos subjetivos existenciais e não patrimoniais. Disso decorre que sua tutela jurídica é existência (e não patrimonial). Ex.: somente quando impossível sua reparação específica é que haverá a reparação indenizatória de forma indireta. Primeiro obriga-se o banco a retirar o nome da CPC e depois se verifica se há alguma reparação pecuniária. 
Cláusula geral de proteção: O rol de direitos da personalidade é meramente exemplificativo. Todos os direitos da personalidade nascem da cláusula geral de proteção, inclusive os não previstos. Jornada de Direito Civil, 274. A cláusula geral de proteção é a dignidade da pessoa humana. No caso brasileiro, tal cláusula é prevista na Constituição, seguindo o modelo alemão. Dignidade da pessoa humana é um conceito plástico, fluido, pois não se pode precisar o que é vida digna. Sempre vai se modelar ao caso concreto.
Conteúdo de um princípio é o seu “núcleo duro”, no sentido de mínimo necessário. O Núcleo duro do princípio da igualdade divide-se em três aspectos:
Integridade física e psíquica (Lei 11.346/06 – direito à alimentação adequada)
Liberdade e igualdade (Resp 820.475 – entidade familiar homoafetiva)
Mínimo existencial (teoria do patrimônio mínino para os civilistas, ex.: bem de família, nulidade da doação universal - art. 548 do CC -, Lei 11.382/06, altera o art. 649 do CPC, o conceito de bem impenhorável passa pelo conceito de padrão médio de vida digna). O patrimônio está, agora, submetido ao ser.
Obs.: a fundamentalidade da dignidade da pessoa humana como valor jurídico máximo da república faz surgir dois seguimentos de:
Eficácia positiva: vincula todo tecido infraconstitucional. Cabe ACP pelo MP para forçar o Estado a garantir alimentação adequada para crianças em escola e aos pacientes em hospitais públicos. 
Eficácia negativa: o Estado deve abster-se de praticar determinadas condutas que firam a dignidade humana. Nesse ponto, o princípio da supremacia do interesse público fica mitigado se o ato de supremacia violar a dignidade humana. A dignidade não é poder absoluto, pois frente a outra dignidade pode ser relativizado com base em ponderação. Mas o interesse puramente administrativo não é capaz de mitigar a dignidade humana.
Liberdades públicas: correspondem às obrigações, positivas ou negativas, impostas ao Estado para que se respeite o cumprimento dos direitos da personalidade. As liberdades públicas nascem dos direitos da personalidade, para fazer com que as garantias mínimas do titular do direito da personalidade sejam respeitada pelo Estado. Ex.: direito de locomoção e o Habeas Corpus.
Momento aquisitivo: art. 2º do CC. O momento da concepção é a nitação. Teorias da concepção:
Natalista: os direitos da personalidade somente são adquiridos pelo nascimento com vida. (Sílvio Rodrigues). O nascituro não tem direitos da personalidade. Somente os direitos patrimoniais lhe seriam assegurados retroativamente.
Concepcionista: desde a concepção já existem os direitos da personalidade (Pablo Stolze, Francisco Amaral, Teixeira de Freitas). O que começa com o nascimento com vida são as relações patrimoniais. Logo, estes direitos patrimoniais ficam submetidos a uma condição suspensiva. 
Condicionalista: interpreta o CC literalmente. A personalidade começa do nascimento com vida. Todos os direitos patrimoniais do nascituro são condicionados. Entretanto, os direitos da personalidade são assegurados desde a concepção (W. Barros Monteiro e maioria dos autores).
Obs.: a diferença da segunda para a terceira corrente é apenas de qualificação, pois os efeitos jurídicos são exatamente os mesmos. Para o direito brasileiro prevalece a terceira corrente. Os direitos da personalidade, isso não tem dúvidas, nasce com a concepção. Resp. 399.028. Lei 11.804/08, trata dos alimentos gravídicos. Nessa linha o natimorto também tem direitos da personalidade. Jornada de Direito Civil.
Obs.: o embrião intra-uterino é nascituro. Embriões congelados ou criogenizados não são nascituro (art. 5º da Lei 11.105/05, lei de biossegurança. ADI 3510, a lei é constitucional).
Obs.: o nascituro, com isso, tem uma personalidade jurídica formal, pois pode reclamar seus direitos em juízo. 
Fontes: correntes:
Jus naturalista: os direitos da personalidade são inatos. 
Positivista: os direitos da personalidade não são inatos. Em verdade, os direitos da personalidade decorrem de uma construção cultural da humanidade. Ex.: os direitos autorais.
Características: art. 11 do CC 
Indisponíveis: os direitos da personalidade são relativamente indisponíveis. Admitem restrição voluntária. Enunciados 4º e 139 da Jornada de Direito Civil.
Limites para o ato de restrição: condições:
Não pode ser permanente
Não pode ser geral
Não pode violar a dignidade do titular. Ex.: arremessos de anões; programa no limite da Rede Globo, teste de fidelidade.
Obs.: É possível se falar transmissão do direito à reparação do dano causado pela violação do direito da personalidade. Art. 943, do CC. Resp. 324.886. Transmite-se com a herança. Tudo isso depois que o autor do direito da personalidade há esteja morto e a ação ainda não tenha sido proposta.
Irrenunciabilidade dos direitos da personalidade: o contrato de namoro é possível? Isso não configura renúncia à união estável? A união estável é uma relação existencial, logo, o contrato de namoro é existente, válido, mas ineficaz, pois não consegue impedir a caracterização da união estável. Esta é uma união fática e não jurídica. 
Oponíveis erga omnes: são absolutos nesse sentido.
Extrapatrimoniais: mas sua eventual violação decorre reparação patrimonial.
Vitalícios: são intransmissíveis, mas o direito à reparação se transmite.
Impenhoráveis
Inatos
Imprescritíveis: não há prazo prescricional para exigir a proteção do direito à personalidade, mas o direito (pretensão) à reparação decorrente da violação prescreve em 3 anos. Exceção: o STJ, interpretando o art. 14 da Lei 9.140/95, disse que a reparação pecuniária decorrente de tortura é imprescritível. Resp 816.209
Tutela reparatória dos direitos da personalidade
Indenização por dano moral (art. 927): é a forma pela qual se materializa a tutela reparatória dos direitos da personalidade. Há uma correlação específica entre violação aos direitos da personalidade e dano moral, este só ocorre se ocorrida a violação daquele. É a violação da honra, da privacidade, da imagem etc. Antes, pensava-se que o dano moral estava ligado à dor, ao vexame, ao sofrimento etc. Hoje, já se entende que estes são seus efeitos e sozinhos não levam ao dano moral. A prova do dano moral é in re ipsa, vale dizer, ínsita na própria coisa. Assim, a prova do dano moral não está nos seus efeitos, mas na sua causa. Desse modo, a prova do dano moral é a própria violação à personalidade. A dor, o vexame, o sofrimento são apenas os seus efeitos. Esses efeitos não são a violação em si e servem somente para a quantificação do valor do dano. A tutela reparatória não pode ocorrer de ofício e depende sempre de expressa provocação do interessado. Aliás, discute-se a respeito da legitimidade ou não do MP para requerer a reparação de danos morais na hipótese de ação civil ex delito. O art. 68 doCPP reconhece a legitimidade do MP. Todavia, este artigo deve ser compreendido à luz do art. 127 da CF que diz que o MP só atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. O interesse na ação civil ex delicto é apenas patrimonial. Assim, a lógica jurídica conspira no sentido de que a legitimidade para essa ação não é do MP, mas pode ser atribuída à Defensoria Pública. Entretanto, a Defensoria ainda não está instalada em muitos Estados, por isso, o STF decidiu a questão entendendo que há inconstitucionalidade progressiva em relação à legitimidade do MP. Portanto, nos lugares em que há Defensoria instalada e em funcionamento, o MP perdeu a legitimidade, caso haja, a Defensoria se torna legítima e o MP ilegítimo. O dano moral corresponde, portanto, ao mesmo tempo, ao gênero (que deveria ser chamado de dano extrapatrimonial) e à espécie. Se há violação há honra, há indenização por violação da honra. O fato de ser o gênero e a espécie gerou uma dúvida: há possibilidade de cumulação entre dano moral e dano estético, que é uma modalidade de dano moral (gênero)?
O STJ hoje pacificou entendimento de que é possível sim a cumulação, pois cabe dano moral para cada violação do bem jurídico ocorrida. Súmula 37: São cumuláveis as indenizações por dano material oriundos do mesmo fato e cumulação de dano moral e dano moral. Ex. Uma senhora teve seu nome inserido nas páginas amarelas na seção de massagista. Requereu indenização por dano moral. A empresa que faz a lista alegou que não houve dano já que os amigos não ficaram sabendo, não houve ligações fora de hora etc. O Tribunal entendeu que se trata de bens jurídicos distintos. Houve sim dano moral por violação da privacidade e se tivesse havido alguns desses efeitos, haveria sim a lesão a outros bens jurídicos que poderiam aumentar o valor da indenização, mas isso não impede que a privacidade já tenha sido lesada. 
Punive damage: o STJ entende que o dano moral, no Brasil, não tem caráter punitivo, mas para a fixação dos valores deve sim levar em conta a punição. Logo, a fixação do valor do dano é matéria eminentemente fática, dependendo do caso concreto.
Cabe recurso especial para discutir o valor indenizatório do dano moral, considerando que se trata de matéria fática? 
Súmula 7 do STJ. A pretensão de simples reexame de prova não enseja REsp. Assim, esse recurso não se presta à discussão de valores que demandam análise probatória. Ocorre que, a variação dos valores passou a variar muito entre um Tribunal outro. Por isso, o STJ, no REsp 816.577, passou admitir sim REsp para a discussão de valor de indenização. Esse entendimento, portanto, mitiga o teor da Súmula 7. 
É admissível dano moral contratual? O descumprimento de um contrato, por si só, pode levar ao dano moral? 
Não. O inadimplemento contratual tem efeito somente patrimonial. Assim, neste caso, há somente indenização por danos materiais, até porque a legislação contratual permite que as partes resolvam a questão pode meio de cláusula penal. 
STJ (REsp 202.564): inaugurou jurisprudência em relação ao tratamento da matéria admitindo o dano moral contratual quando o inadimplemento do contrato, além de violar as cláusulas contratuais, termina por violar também a personalidade do contratante. Atenção: o dano moral contratual decorre neste caso da violação da personalidade. Assim, a natureza jurídica dele é, em verdade, extra-contratual. 
Características da tutela reparatória e preventiva
Tutela preventiva
Tem natureza específica.
Pode ser concedida de ofício ou a requerimento do MP.
O magistrado tem poderes para ampliar, modificar, reduzir etc.
Pode ser concedida a qualquer tempo.
Tutela reparatória
Tem natureza genérica (indenização por danos morais).
Só pode ser concedida a pedido do interessado.
O magistrado tem poderes limitados pelo pedido da parte (incide o princípio da congruência).
Só pode ser concedida ao final do processo.
Tutela jurídica coletiva dos direitos da personalidade (art. 1º da LACP e art. 6º, VI do CDC)
Há dano moral coletivo? O ordenamento parte da premissa de que ao lado de uma afronta individual dos direitos da personalidade, pode também haver uma afronta coletiva a esses direitos e, nestes casos, cabe uma ação coletiva para tutelar os direitos da personalidade coletivos. Ex. Dano causado ao meio ambiente do trabalho, exposição da saúde da coletividade ao risco, improbidade administrativa (alguns autores).
Legitimidade ativa: somente aqueles que dispõem de legitimidade para propor ação coletiva podem propor esta espécie de ação.
Indenização: a indenização será revertida para o fundo dos interesses difusos. 
Atenção! Nem sempre o que se formula dentro de uma ACP é um pedido de dano moral coletivo. Dentro de uma ACP também se pode pleitear dano moral individual. 	
ACP tende à proteção de 3 valores: interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos. Assim, quando se tratar de interesse difuso ou coletivo, trata-se de interesse social e quanto a estes, a indenização será revertida para o fundo. Já o interesse individual homogêneo é estritamente individual e quanto a este pode haver a indenização individual. Neste caso, a legitimidade da ACP vai até o momento da sentença. A liquidação e a execução serão feitas individualmente. 
Proteção dos direitos da personalidade do morto (art. 12, p. único): abrange o morto ou ausente e também o companheiro. Em verdade, os atingidos são o CCADI, que são chamados de lesados indiretos. Violados os direitos da personalidade do morto ou ausente o ordenamento jurídico reputa importante não a afronta direta ao morto (já que a sua personalidade jurídica já se extinguiu), mas a afronta indireta aos direitos dos vivos (CCADI). Em verdade, não há violação aos direitos da personalidade do morto. Há sim tutela jurídica sobre estes direitos. Todos os parentes têm um direito tutelado, o direito de proteger os direitos da personalidade do parente morto. Quando um lesado indireto ajuíza ação na defesa dos seus interesses em decorrência da violação aos direitos do morto ele o faz em nome próprio e em defesa de interesse seu, logo, trata-se de legitimidade autônoma, ordinária. Lembrando que aqui não se aplica a ordem de sucessão hereditária, pois todos os lesados indiretos são co-legitimados reciprocamente e a legitimidade de um não exclui a do outro que também se sentir lesado (STJ REsp 86.109 e REsp 521.697).
Exceção! Art. 20, p. único. Quando o lesado indireto estiver reclamando a indenização por violação à imagem do morto são legitimados apenas o CCADI. Aqui foram excluídos os colaterais (irmãos). Enunciado 5 da JDC. 
Obs.: só se pode falar em lesados indiretos se a afronta ocorreu após o óbito. Se a ofensa foi anterior, a legitimidade é da vitima e, caso esta venha a morrer, os parentes podem dar continuidade ao processo por sucessão processual. Mas, se morreu sem promover a ação, deve-se aplicar o art. 943 que fala da transmissão dos direitos à reparação. Aqui, em verdade, há transferência de da tutela patrimonial (o herdeiro ajuíza a ação em nome do morto, como representante dele).
Direitos da personalidade da pessoa jurídica: os direitos da personalidade são vocacionados à proteção da pessoa humana, mas estendem a sua proteção à pessoa jurídica, na medida em que estas dispõem de personalidade. Art. 52 do CC. Os direitos da personalidade são aplicados por extensão às pessoas jurídicas, no que couber, o que significa naquilo que a falta de estrutura bio-psicológica permita exercer. Ex. Direito ao nome, a honra objetiva, mas não tem direito à intimidade, à integridade física em razão da falta de estrutura bio-psicológica. Desta forma, a pessoa jurídica pode pleitear dano moral. Ex. STJ dano moral decorrente do protesto indevido de duplicata. Súmula 227 do STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, no que couber.
Obs.: Não é só em relação à honra objetiva, mas também ao nome, a imagem.
Alguns autores como Gustavo Tepedino passaram a sustentara impossibilidade de a pessoa jurídica poder pleitear dano moral. Argumento: o dano moral é uma categoria essencial da dignidade da pessoa humana, pois a pessoa jurídica não tem dignidade. Sustentam que todo e qualquer dano dirigido sobre a pessoa jurídica repercute sobre o seu lucro, logo, todo e qualquer dano será patrimonial. E se for uma pessoa jurídica sem finalidade lucrativa? Nem assim haveria um dano moral. Nesse caso, já que não se pode falar em dano material, há dano institucional. Essa doutrina conseguiu inclusive aprovar o Enunciado 286 da JDC. 
Direitos da personalidade e direito à comunicação social: o direito de comunicação social tem duas vertentes: liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Neste caso, como ambos os direitos tem proteção constitucional, não há prevalência de um sobre o outro. A análise só poderá ser feita no caso concreto, utilizando-se da ponderação de interesses. Não é possível solucionar a questão em tese. Luiz Roberto Barroso. Jornal publica duas notícias: um determinado ministro de estado tem um amante e ela tem um cargo de confiança no ministério e noticia ainda que a presidente de uma associação de bairro tem um amante. É certo que há liberdade de imprensa de um lado e privacidade de outro. No primeiro caso deve prevalecer a liberdade de imprensa, em razão do cargo de confiança. Já no segundo caso, a ponderação se resolve em favor do direito da personalidade, pois a mais ninguém interessa a relação amorosa de uma pessoa desconhecida, que não exerce função pública. Súmula 221 do STJ estabelece responsabilidade solidária entre o veículo de comunicação e o jornalista pela informação. A vítima que sofreu a violação por conta da liberdade de imprensa pode ajuizar ação contra o jornal ou contra o jornalista. Súmula 281 do STJ afasta a incidência da lei de imprensa no que tange ao tabelamento para a quantificação do dano moral sob argumento de que a CF estabelece que toda indenização por dano moral deve ser proporcional a extensão do dano, logo não pode ser tabelada em abstrato, cabendo ao magistrado a fixação do valor que entender adequado. Quando a liberdade de expressão colidir com os direitos da personalidade, pode-se estar falando de hate speech, que é a manifestação da liberdade de expressão de forma ilimitada. É o direito de cada pessoa de falar o que quiser. Discute-se se o alcance da liberdade de expressão também abarcaria o hate speech. Ex. HC 82.424-2 RS. O STF permitiu que se processasse uma ação penal movida pelo MP por crime de racismo praticado no RS por um autor que escreveu um livro contrário aos judeus. O autor alegou que só estava falando que de fato pensava. O STF não tolerou o hate speech e deu seguimento ao processo. Direitos da personalidade de pessoas públicas. Pessoas públicas são aquelas cujas atividades exercidas expõem suas vidas ao público, p. ex. jogador de futebol, ator etc. Todas as pessoas têm direitos da personalidade e todos estes direitos estão protegidos, todavia, por ponderação de interesses, não se pode negar que há mitigação na proteção dos direitos da personalidade destas pessoas e esta flexibilização decorre do simples fato de que as suas atividades são públicas, pois não se pode imaginar que a personalidade destas pessoas tem a mesma esfera de proteção de uma pessoa comum. Mas, a mitigação ocorre somente naquilo que disser respeito à sua profissão ou ofício, não podendo atingir outros direitos. 
Obs.: Junto da flexibilização dos direitos da personalidade da pessoa pública há a também a flexibilização daquele que está junto da pessoa. 
Obs.: Se uma pessoa pública acopla à sua personalidade a de um produto ou serviço, ele pode ser responsável civilmente? Com base no art. 7º, p. único do CDC, o Cristiano Chaves entende que sim, pois há solidariedade entre todos que participam da relação de consumo (não é o artista que faz a propaganda, mas aquele que vincula a sua personalidade ao produto, p. ex. melissinha da Xuxa). Não há ainda precedente jurisprudencial no Brasil. 
Classificação dos direitos da personalidade: a classificação é trinaria porque diz respeito ao corpo, à alma e ao intelecto da pessoa. Logo a classificação é:
Direitos da personalidade no âmbito físico: proteção do corpo humano.
Direitos da personalidade no âmbito psíquico: proteção do direito à honra, à imagem, à privacidade e ao nome. 
Direitos da personalidade no âmbito intelectual: proteção da criação humana. 
Obs.: esta classificação dos direitos da personalidade traz consigo uma cláusula geral que sustenta todos eles. No Brasil e na Alemanha, a cláusula geral está na própria CF e é a dignidade da pessoa humana, deste modo, todos os critérios classificatórios passam por ela. Ao reconhecer essa cláusula geral, não mais é possível dizer que há direito à vida. O certo é que se tem direito à vida digna. A outra conclusão que se chega é que o rol dos direitos da personalidade é meramente exemplificativo.
Direitos da personalidade no âmbito intelectual: proteção dos valores intelectuais. Ex. Direito autoral (Lei 9.610/98). No Brasil, o direito autoral tem proteção binária e é a um só tempo direito da personalidade e direito real. É direito da personalidade no tange ao invento. É direito real no tange à exploração, ao exercício. Portanto, o direito autoral traz consigo aspectos personalíssimos e aspectos patrimoniais. Art. 7º e 14 estabelecem um amplo conceito de autor (autor é todo aquele que produz uma criação – não é aquele que teve a idéia). O direito autoral é móvel e incorpóreo (não pode existir ação possessória sobre ele, não é suscetível de usucapião). O mecanismo de defesa é tutela específica e ação indenizatória. Súmula 228 do STJ.
Características patrimoniais do direito autoral
Não se comunica no casamento e na união estável independente do regime de bens. Salvo disposição expressa em sentido contrário. 
Admite transmissão dos efeitos patrimoniais. Se a transmissão for inter vivos, tem prazo máximo de 5 anos renováveis indefinidamente e obrigatoriamente será onerosa. 
Quando a transmissão do direito for causa mortis ela ocorre para os herdeiros pelo prazo de 70 anos contados de 1 de janeiro do ano subseqüente à morte do autor. Após, o direito cai em domínio público e qualquer pessoa pode explorar sem precisar pagar ao autor. 
Pagamento pela reprodução. O autor tem direito de ser ressarcido pela reprodução do seu direito autoral. 
Pouco interessa se a reprodução tem ou não finalidade lucrativa. Se a reprodução é pública haverá incidência de direito autoral. Se a reprodução foi privada não haverá incidência. 
Também há incidência do direito autoral na retransmissão radiofônica. Súmula 63 do STJ. Ex. Consultório de dentista.
Aspectos personalíssimos do direito autoral
Direito à paternidade, ou seja, proteção a autoria da obra. 
Lembrando que não existe plágio de idéia.
Direito ao ineditismo, ou seja, colocar a obra em circulação somente quando quer.
Direito à integridade da obra, ou seja, direito de manter a obra como ele criou. 
Direito de acesso ao exemplar raro ou único. 
Direito de modificação da obra a qualquer tempo. 
Obs.: Quando se trata de obra de autoria desconhecida, ela também demora 70 anos para cair em domínio público. Dentro desse prazo o autor ainda pode reivindicá-lo. 
Direitos da personalidade no âmbito psíquico: direito à honra, à imagem, à privacidade e ao nome (estes 4 direitos são os que mereceram referência pelo legislador, embora o rol seja exemplificativo). 
Direito à honra: é o conceito que cada pessoa tem de si mesma e o conceito que as pessoas têm de cada um de nós. Ele se bifurca em 2 aspectos:
Honra objetiva: é o conceito que a pessoa tem perante a sociedade (o que as pessoas pensam do sujeito).
Obs.: A pessoa jurídica dispõe apenas de honra objetiva.
Honra subjetiva: é o conceito que própria pessoa tem de si mesma. 
No estado democrático de direito não existem direitos absolutos, que não possam se relativizar quando em conflito comoutros bens jurídicos desta forma, o direito à honra pode também ser mitigado quando em conflito com outro bem jurídico constitucional. Ex. Mitigação do direito à honra quando em conflito com a liberdade de imprensa ou expressão. Neste sentido, no que diz respeito à honra, admite-se a exceção da verdade (exceptio veritatis). Admite-se, portanto, que se prove a veracidade daquilo que se discute. Lembrando que a súmula 37 permite a cumulação do dano moral com o dano material, em razão do prejuízo extra-patrimonial e patrimonial, respectivamente. 
Direito à imagem: é o direito à identificação pessoal. É o bem jurídico que serve para vislumbrar, identificar alguém. Existem diferentes maneiras de se identificar uma pessoa, p. ex. por seu comportamento psíquico, pelo timbre sonoro, pela feição visual.
O direito á imagem é complexo. Ele engloba ao mesmo tempo: 
Imagem retrato: identificação de alguém por suas características fisionômicas. 
Imagem atributo: identificação de alguém por suas características emocionais. Esta pode ser reconhecida tanto às pessoas naturais (ex. pessoa conhecida como a mais generosa), quanto às pessoas jurídicas (ex. empresa que é conhecida como a melhor no ramo).
Imagem voz: identificação pelo timbre sonoro. 
Obs.: a violação de mais de uma das espécies da imagem, cabe uma única indenização, pois se trata do mesmo direito.
2 diferentes diplomas cuidam do direito à imagem: 
CF: art. 5º, V, X e XXVIII que fazem menção às três dimensões da imagem. Para a CF, o direito à imagem é autônomo, independente. Assim, violada somente a imagem há o dano ao direito da personalidade. Ex. Violação da imagem é separada do direito há honra. Somente a utilização indevida da imagem já enseja indenização, não é necessário que tenha havido o direito à honra. 
CC: art. 20. A proteção ao direito da imagem não é absoluto. Mas o artigo além de reconhecer que o direito à imagem não é absoluto estabeleceu que a proteção jurídica da imagem só existe se houver violação à honra ou se houver desvio para a finalidade econômica.
Problema! O CC vinculou o direito à imagem ao direito à honra, diferentemente do que fez a CF que tratou de ambas de forma autônoma. Dessa forma, o artigo deve ser interpretado conforme a CF, merecendo proteção distinta, ou seja, mesmo se não houver a violação à honra, à respeitabilidade ou se destinar a fins comerciais, a imagem deve ser protegida.
Função social da imagem: a doutrina assinala que o direito à imagem não é absoluto, logo é possível mitigá-lo para proteção de outro bem jurídico que com ele conflite. Ela pode ser mitigada em 3 casos: por vontade do titular ou por administração da justiça ou manutenção da ordem pública. Art. 20 do CC. Ex. Programa linha direta. A imagem o agente é relativizada em nome da manutenção da ordem pública e da administração da justiça. 
Problema: surge a partir dessa relação uma dúvida: a flexibilização só é possível nestas hipóteses do CC ou existem outros bens jurídicos que admitem a flexibilização? Ao contrário do que o CC diz, é possível sim flexibilizar a imagem em alguns casos:
Consentimento do titular: que pode ser expresso ou tácito.
Em nome da função social da imagem, ou seja, quanto outro bem jurídico mais importante com ele conflitar. 
É o que dispôs o Enunciado 279 da JDC “É plenamente possível flexibilizar o direito à imagem em nome da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão”. 
Ex. Pessoas que estão em lugares públicos e fatos jornalísticos também implicam em violação do direito à imagem, desde que dentro do limite à informação. Mas, a imagem deve ser genérica. Segundo o STJ, para as pessoas que estão em lugar público, a flexibilização só ocorre se a imagem for genérica (REsp 85.905).
Além destas duas hipóteses, a imagem pode ainda ser flexibilizada em se tratando de celebridades. 
É importante ressaltar que em todas as hipóteses não se admite o desvio de finalidade, ou seja, a exploração econômica desta imagem. 
Direito de arena: é a faculdade da entidade a que estiver vinculado o atleta de autorizar ou proibir a fixação ou transmissão ou retransmissão de espetáculo desportivo, com entrada paga. O direito à imagem implica direito de arena, art. 7º da Lei de direitos autorais. 
Enquanto direito autoral, a imagem tem prazo máximo de 5 anos. O contrato pode estipular prazo menor, mas nunca maior.
Art. 20, p. único. O CC restringiu a proteção dos lesados indiretos (CAD) e vale lembrar que esta regra é diferente dos lesados indiretos do art. 12, p. único (C ou qq parente em linha reta ou colateral até o 4º grau), ou seja, há uma diminuição no tange ao direito á imagem, diferentemente do que ocorre no direito de defesa dos direitos da personalidade genericamente considerados. 
Direito à vida privada: é tudo aquilo que se afastou do interesse de terceiros. São as informações que pertencem ao titular e a mais ninguém. Há uma bifurcação, abrange:
Segredo ou sigilo: são as informações do titular, mas que eventualmente podem ser reveladas em nome do interesse público. Ex. Sigilo bancário, fiscal, telefônico, médico. 
Intimidade: são as informações do titular e de mais ninguém. Aqui, não há a possibilidade de flexibilização em nome do interesse público. Ex. Relações intimas, sexualidade, opiniões religiosas e filosóficas. 
Teoria dos círculos concêntricos: desenvolvida pelos constitucionalistas. Na esfera mais externa está a privacidade (gênero), mais para dentro o segredo (espécie) e ao centro a intimidade (espécie).
Flexibilização: admite-se a flexibilização do direito à imagem das pessoas notórias e pelo consentimento do titular. Ex. Entrevista ou comportamento público nos quais a pessoa exterioriza a intimidade. 
Obs.: Isso não significa que a pessoa pública não tenha intimidade. Ele a tem. O que há é a flexibilização dela. Ex. Biografia não autorizada de Roberto Carlos. Ela conta casos da intimidade e não somente os casos públicos. Foi protegida pelo judiciário.
Direito autônomo: o direito à privacidade é autônomo e não se confunde com o direito à honra. Se esta for também violada, será devida duas indenizações. 
Não admite exceção da verdade: admitir a exceção da verdade aqui seria violar duplamente a privacidade. 
Ex.: E-mail corporativo. Há conflito entre personalidade e propriedade (o e-mail é de propriedade do empregador). O TST entendeu que vale o direito de propriedade. Assim, o empregador pode sim fiscalizar o e-mail corporativo sem que haja violação do direito à privacidade do empregado. Ex. Segredo de justiça, direito de construir a menos de 1,5m na área urbana e 3,0m na área rural.
Direito ao nome: é a identificação da pessoa. É a etiqueta que se coloca em cada uma a fim de diferenciar as pessoas. É composto de prenome, sobrenome (nome patronímico) e agnome. 
Caráter personalíssimo: falar em caráter personalíssimo é reconhecer que o nome é direito da personalidade. 
Obs.: A escolha do nome é tácito. O ordenamento autoriza a modificação do nome no primeiro ano depois da maioridade civil imotivadamente. Assim, é certo falar que o nome é direito da personalidade. Não é, portanto, direito de propriedade. 
Prenome: identifica a pessoa. Pode ser simples ou duplo. O único caso em que a lei obriga o prenome duplo é no caso do mesmo nome dos gêmeos. 
Sobrenome ou nome patronímico: identifica a origem familiar.
Agnome: serve para distinguir pessoas da mesma família que possuem o mesmo nome. Ex. Júnior, filho, neto, sobrinho.
Não são elementos do nome:
Títulos: doutor, professor.
Pseudônimo ou heterônimo (art. 19): é o nome utilizado exclusivamente para atividades profissionais. Ele não é elemento componente do nome, apesar de merecer a mesma proteção dada ao nome. 
Hipocorístico: é a alcunha pela qual a pessoa passa a ser conhecida pessoal e profissionalmente. É mais amplo. Ex. Zezé de Camargo, José Sarney.
Registro do nome: sofre limitações. Não se pode registrar com nome estrangeiro, com nome exótico ouridículo que fira algum direito da personalidade.
Se houver conflito entre o particular interessado e o oficial, qual deve prevalecer? Art. 198 e 203 da Lei de Registro Públicos. É o chamado procedimento de dúvida, tem natureza administrativa. 
Dúvida inversa é a aquela provocada pelo próprio particular. 
O MP, a parte e o terceiro interessado podem recorrer, mas o oficial do cartório não pode recorrer, pois a sua finalidade era apenas suscitar a dúvida. 
Mudança de nome: art. 56 a 58 da LRP. O direito brasileiro admite o princípio da imutabilidade relativa da alteração do nome. 3 etapas:
Há possibilidade de mudança de nome no prazo decadencial de 1 ano contado a partir da maioridade civil. Não é necessário motivo, mas deve-se fazer por procedimento judicial.
A qualquer tempo é possível modificar o nome nos casos previstos em lei. Ex. Adoção, programa de proteção à testemunha, aquisição de nacionalidade brasileira, nomes ridículos ou que exponha o titular. Deve-se formular requerimento dirigido ao juiz. 
A qualquer tempo, por requerimento judicial, em hipótese fundamentada de proteção à personalidade. Mesmo não havendo hipótese prevista em lei, é possível a modificação do nome se o motivo for razoável. Ex. STJ. Acréscimo de sobrenome de padrasto, retirada do nome do pai que foi ausente na criação do filho. 
Art. 1.565, §1º do CC. Há possibilidade de mudança de nome pelo casamento.
Atenção! Art. 1.578 do CC. Estabelece nova regra para a dissolução do casamento. A pessoa que mudou o nome somente o perde se quiser. O nome se incorpora à personalidade da pessoa e só abre mão dele se quiser. 
1 exceção: a pessoa pode perder o nome contra a sua vontade se presentes concomitantemente 4 requisitos.
 Culpa grave.
Pedido expresso da parte. 
Não prejudicar a identificação da prole. 
Não causar prejuízo à identificação do próprio cônjuge. 
Obs.: A culpa sozinha não implica a perda do nome. Por mais grave que seja a culpa, se a perda do nome viola a identificação da pessoa, ou seja, a sua personalidade, o nome se mantém. STJ. REsp. 358.598 PR. 
Enunciado 278 do JDC. A proteção do nome se dava sempre de forma direta, mas o enunciado vai além e garante a proteção de forma indireta. Assim, mesmo sem expressamente mencionar o nome, é possível a sua proteção, desde que capaz de identificar a pessoa. 
Direito da personalidade no âmbito físico: no CC, a proteção da integridade física ocorre por meio dos artigos 13, 14 e 15.
Art. 13: proteção do corpo vivo. Ex. Art. permite o piercing, tatuagem. 
Obs.: A regra não abrange a questão dos transplantes, que está regulamentada em lei específica. Lei 9.434/97. 
Art. 14: proteção do corpo morto.
Art. 15: autonomia do paciente ou livre consentimento informado. 
Regulamentação jurídica dos transplantes: Lei 9.434/97. A lei estabelece 2 diferentes critérios para a realização de transplantes:
Transplantes em vida: as regras são as seguintes:
Gratuidade. 
O objeto dos transplantes só podem ser órgãos dúplices ou regeneráveis. Ex. Rim, medula. 
Somente se admite transplantes em vida entre pessoas que sejam da mesma família. Se não forem da mesma família, o transplante precisa de autorização judicial.
Atenção! O Dec. 2268/97 determina a intervenção do MP (da comarca do donatário) para fiscalizar a regularidade e a obediência às regras. Sem a intervenção do MP, o médico está proibido de realizar a intervenção.
No que tange ao sangue, leite materno, sêmen e cabelo, a lei dispensou o rigor e basta a gratuidade. 
Transplante depois da morte
Gratuidade.
Quaisquer órgãos aproveitáveis.
Beneficiário é sempre a pessoa que estiver com mais urgência na fila de espera, nos termos da Lei 9.434/97. Esta fila é feita por Estado e não é organizada por critério cronológico, mas de urgência. 
Somente é possível fazer transplante de pessoas identificadas. Mas, nada obsta que o corpo de indigente seja encaminhado para pesquisas, p. ex. para faculdade.
O que é testamento vital? É a declaração de vontade pela qual a pessoa dispõe do seu próprio corpo, indicando, p. ex. uma pessoa para receber os seus órgãos. No Brasil, o testamento vital é nulo. 
Art. 4º da Lei 9.834/97 foi alterado: hoje, a doação de órgãos depois da morte só pode ocorrer com o consentimento da família.
Atenção! Não é técnico falar em doação, pois, segundo o CC, doação só serve para direitos patrimoniais. O certo é falar em dação. 
Enunciado 277 da JDC: propõe a interpretação de acordo com o art. 14 do CC. O consentimento dos familiares só será exigido se o titular em vida não tiver manifestado a vontade. Se houver manifestado, vale esta. 
Transexual viola a integridade física: transexual é diferente de homossexual e bi-sexual (orientação afetiva), intersexual (hermafrodita – tem características morfológicas de ambos os sexos). Transexualismo é patologia. É a dicotomia fisio-psíquica, segundo a qual o individuo nasce com a mente voltada para um sexo e o corpo para outro. Para ele, a sua relação sexual é heterossexual, pois não admite se relacionar com pessoa do mesmo sexo. 
CFM editou a resolução 1652/02 reconhecendo o transexualismo como patologia indicando a solução terapêutica, ou seja, a cirurgia de mudança de sexo, independente de autorização judicial. 
O art. 13 do CC proíbe ou permite tal cirurgia? O art. 13 fala em exigência médica, assim, é possível sim a cirurgia de mudança de sexo. 
Depois de muitas controvérsias, o STJ (homologação de sentença estrangeira) firmou entendimento no sentido de que depois da cirurgia haverá uma adequação sexual, podendo sim ser modificado o registro civil da pessoa. 
Gestação em útero alheio (“barriga de aluguel”) viola a disposição do próprio corpo? A Resolução 1.352/92 do CFM permitiu a gestação em útero alheio independe de autorização judicial, desde que atendidos os seguintes requisitos:
Gratuidade. 
Capacidade das partes. 
Impossibilidade gestacional da mãe biológica. 
Mãe biológica e a mãe hospedeira sejam da mesma família. 
Se não forem da mesma família é necessário autorização judicial. Aqui, não há intervenção do MP. 
Presentes os requisitos, nascido o bebê, o médico deve entregá-lo para a mãe biológica, ao contrário do que faz de acordo com regra geral. 
Testemunha de Jeová pode ser obrigado a fazer transfusão de sangue? O art. 15 permite a recusa?
1ª Corrente (maj): entre a liberdade de religião e o direito à vida, deve prevalecer este. Assim, o testemunha de Jeová pode ser compelido a realizar a transfusão de sangue. 
2ª Corrente (Guatavo Tepedino, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Celso Ribeiro Bastos): o testemunha de Jeová não pode ser obrigado a receber a transfusão. A CF estabelece a vida digna e dentro deste conceito está abrangido o direito de liberdade religiosa. Mas, neste caso não estão alcançados o menor de idade e a situação de emergência. Trata-se de ponderação.
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