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Aula 5 - Teoria do Delito

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O Conceito de Delito
A criminologia entende o conceito de delito como “toda infração a normas sociais prevista nas leis penais que, no caso de ser conhecida, deverá ser objeto de persecução oficial”. Podemos fazer as distinções dos conceitos sob os aspectos:
Formal ou Nominal: É crime aquilo que a lei penal vigente define, conforme o Art. 1º (princípio da anterioridade da lei penal) deste código. Essa definição encontra pesadas críticas, em relação de ser o delito definido fora da ciência de estudo, de serem as leis penais imprecisas e vagas, e de o legislador (que é quem estabelece quais condutas são delitos) não seguir um critério satisfatório do ponto de vista da explicação causal dos delitos.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Material ou Substancial: Diz respeito ao conteúdo do ilícito penal – caráter danoso da ação ou seu desvalor social –, quer dizer, o que determinada sociedade, em dado momento histórico, considera que deve ser proibido pela lei penal. Em princípio, são socialmente danosas condutas que afetam de forma intolerável a estabilidade e o desenvolvimento da vida em comunidade, só sendo admissível o emprego da lei penal quando haja necessidade essencial de proteção da coletividade ou de bens vitais do indivíduo. No aspecto material, o delito constitui lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico-penal, de caráter individual, coletivo ou difuso. 
Analítico ou Dogmático: Nesta definição, decompomos o delito em suas partes constitutivas: Fato Típico (ação ou omissão), Antijurídico (ilícito) e Culpável. Essa dissociação não exclui a consideração do fato delitivo como um todo unitário, mas torna a subsunção mais racional e segura. Fato Típico é aquele que está tipificado na lei. Este conceito está relacionado ao princípio da legalidade. Antijuridicidade é o conceito que envolve todos os atos contrários ao direito. Nem todo fato típico é ilícito, dado que existem excludentes de ilicitude (e.g. legítima defesa). A culpabilidade equivale à reprovabilidade, ou seja, a possibilidade de reprovação social. E.g. o homicídio por parte de uma criança de 5 anos ao brincar com a arma do pai é fato típico e antijurídico, entretanto, não é passível de reprovabilidade. 
Tipicidade
Para um fato ser típico, primeiramente deve se ter uma conduta e o resultado esperado (que pode ou não ser material). Não somente isso, deve haver um nexo causal, ou seja, e.g. a causa da morte deve ser a mesma da ação. É preciso que se tenha a Tipicidade para que se configure o crime, afinal, não se pode responsabilizar alguém por um fato que não está previsto em lei alguma. 
Muitas vezes o nexo causal não é tão evidente, como no caso do sujeito que foi alvejado e levado ao hospital por ambulância, e este veículo sofre um acidente levando a morte do sujeito. Veja, ouve conduta, resultado, mas houve nexo causal entre o tiro e a morte? 
Outra observação importante é que nem sempre uma conduta, com resultado e nexo causal, é crime, pois devemos verificar a tipicidade, se está previsto em lei. São, portanto, quatro elementos: conduta, resultado, nexo causal, e tipicidade. Estudaremos cada um destes pontos agora.
Conduta: Ação/omissão que é humana, deve ser consciente (voluntário), e dirigida a uma finalidade.
A finalidade é de suma importância, principalmente nos casos onde o plano de ações não é executado perfeitamente. Nestes casos, deve-se perseguir a finalidade do agente para analisar o crime (finalismo de Hans Welzel). A simples vontade não pode ser nem ao menos considerada no campo penal (cogitationis poenam nemo patitur ou nullum crimen sine actione). Nenhuma lesão pode ser considerada no crime se não for resultado de uma conduta. 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Tipos Dolosos (Art. 18 I CP)
Entende-se que só existe crime com dolo, e o dolo pressupõe má-fé, isto é, dolo, a intenção de cometer o crime está absolutamente atrelado à noção de má-fé, de agir de uma maneira inesperada perante a outro, de modo a causar-lhe algum mal. A noção de dolo, portanto, está ligada à conduta. 
O crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
Dolo Direto: Consciência e vontade de praticar o ato (teoria da vontade – dolo é a vontade dirigida ao resultado). O agente procura o resultado como fim de sua ação, o resultado se produz como consequência dessa sua ação. O dolo direto divide-se em:
Imediato: É aquele em que o agente busca diretamente a realização do tipo legal. A tipificação é mais do que clara. Este tipo de dolo é considerado de primeiro grau. 
Mediato: É aquele em que o agente considera que a produção do resultado está necessariamente unida ao alcance do fim almejado (e.g. provocar incêndio na casa de alguém de modo a matar este alguém). É um dolo de segundo grau. 
Dolo Indireto: Previsão do resultado e aceitação dos riscos de produzi-lo (teoria do assentimento). A intenção pode não existir, no entanto, o agente aceita os riscos de a ação tipificada se materializar. Também temos duas espécies deste tipo doloso:
Eventual: Quando o agente, conscientemente, admite e aceita os riscos de produzir o resultado. 
Alternativo: Quando a vontade do agente visa outro resultado que não o produzido.
Tipos Culposos (Art. 18 II CP)
A noção de culpa já vinha desde o Direito Romano, sempre atrelada com a ideia de negligência ou imprudência, e assim continuou a ser desenvolvida. Culpa é uma conduta voluntária. No tipo culposo pune-se o comportamento mal dirigido a um fim irrelevante, ou lícito. O resultado atingido é involuntário, não se teve a intenção de cometer o delito. A responsabilidade por culpa é exceção, e por isso, deve ser prevista em lei. Para que haja culpa é necessário não ter havido o cuidado necessário e esperado. A culpa, noção extremamente complexa pode ser distinguida de acordo com suas modalidades, como no Código Penal brasileiro, espécies, segundo a doutrina, ou ainda em graus, de acordo com a escola tradicional.
Modalidade 
Imperícia: Falta de conhecimentos técnicos precisos para o exercício de determinada profissão ou arte.
Imprudência: Quando se toma alguns cuidados, mas não suficientes. 
Negligência: Ausência total de cuidados, inatividade.
Espécies
Culpa Consciente: Quando o autor prevê o resultado como possível, mas espera que não ocorra. Efetiva previsão do risco do resultado, sem aceitação do risco de sua produção. 
Culpa Inconsciente: Culpa comum, quando o autor não prevê o resultado que lhe é possível prever.
 
Graus
Grave 
Leve
Levíssima
Cabe ao julgador observar o grau da culpa, uma vez que o CP não traz esta distinção.
	
	Dolo Eventual e Culpa Consciente
Existe um traço comum entre o dolo eventual e a culpa consciente (previsão do resultado ilícito). 
No dolo eventual, o agente presta anuência, consente, concorda com o advento do resultado, preferindo arriscar-se de produzi-lo a renunciar à ação. Ao contrário, na culpa consciente, ao agente afasta ou repele, embora inconsideradamente, a hipótese de superveniência do evento e empreende a ação na esperança de que este não venha a ocorrer – prevê o resultado como possível, mas não o aceita, nem o consente. 
Hans Frank criou a chamada fórmula de Frank (teoria positiva do consentimento e teoria hipotética do conhecimento. Há dolo eventual quando o agente diz para si mesmo: “seja como for, dê no que der, em qualquer hipótese não deixo de agir”. E existe culpa consciente quando “se acontecer tal resultado, deixo de agir”.
Classificação das Infrações
O Direito Penal brasileiro agasalha a divisão bipartida das infrações penais em crime ou delito e contravenção. A diferença entre as classificações é meramente quantitativa (gravidade da infração/pena).
Segundo o CP brasileiro, os crimes ou delitos são puníveis com penas privativas de liberdade, restritivas de direito e de multa, ao passo que a contravençãoé sancionada com prisão simples e multa. 
	Crime Praeterdoloso
Praeterdolo é algo que vai além do dolo, ou seja, a pessoa teve o dolo de cometer o crime, mas não na intensidade em que ele aconteceu. O dolo está no antecedente e a culpa, no consequente. 
	Crime Omissivo
É crime onde não existe outra possibilidade de ação, além de existir o dever de agir, e, no entanto, a pessoa decide nada fazer (Art. 13 §2 CP). É um crime excepcional, e não necessariamente é culposo. 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
	
Crime Omissivo Próprio ou Puro
O crime omissivo próprio ou puro será sempre doloso, sem exceções. 
	Crime Omissivo Impróprio, Impuro ou Comissivo por Omissão
Dá-se lugar por omissão a um resultado típico, não evitado por quem podia fazê-lo e devia fazê-lo, ou seja, por aquele que que tinha a capacidade de ação e o dever jurídico de agir para obstar a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Este é o crime que coloca a figura do garantidor (garante) do bem jurídico. No caso de uma tragédia (exemplo da criança que se afoga no mar), o garante é julgado por um crime omissivo, pois, ao se tornar garante, é atribuída à ele, a responsabilidade da integridade do bem jurídico. Se a criança se afogar, o garante é culpado de homicídio. Se a criança estiver se afogando mas o salva-vidas conseguir realizar o salvamento, o garante é culpado por tentativa de homicídio. Este cenário é característico de um crime comissivo por omissão.
	Algumas situações são ausentes de ação ou omissão. São elas:
Ato Reflexo (não se confunde com atos instintivos e automáticos)
Estado de Inconsciência
Coação Física Irresistível
Caso Fortuito (o resultado produzido independe da conduta voluntária do agente. O acontecimento decorre de fato imprevisível).
Crime Consumado
É aquele que reúne todos os elementos descritos no tipo. O problema é que nem sempre o agente chega ao fim esperado. O crime envolve algumas fases, o que é chamado de iter criminis. 
		Iter Criminis: Cogitação | Atos Preparatórios | Execução | Consumação
		Antes do início da execução não se pode falar em responsabilização.
		Responsabilização diz respeito ao primeiro ato idôneo e inequívoco à consumação. 
	Tentativa
É a realização incompleta do tipo objetivo. A vontade está na íntegra, mas não o resultado. Primeiramente, é necessário o dolo. Por óbvio, o crime culposo não possui tentativa. É preciso também o início da Execução. E por fim, o terceiro elemento necessário para a configuração da tentativa é a não consumação por razões alheias ao agente. 
	Consequência
Quando alguém é condenado por tentativa de algum crime, a pena é reduzida de 1/3 a 2/3 da pena prevista em lei.
		Crimes que Não Admitem Tentativa
Não admitem tentativas os crimes culposos e as contravenções penais (crimes menos graves, por assim dizer; os delitos podem ser classificados em crimes e em contravenções). Também não admitem, os crimes unisubsistentes (crimes que não podem ser fracionados, contrariamente aos plurisubsistentes), os crimes puros, os crimes habituais.
		Tipos de Tentativa
A tentativa pode ser Branca, Cruente, Imperfeita (ou Inacabada), ou perfeita (ou acabada)
Desistência Voluntária (Art. 15 CP)
Quando, no meio da execução, o sujeito desiste, mude de ideia, é chamado de Desistência voluntária. Para esses casos, o sujeito é responsabilizado apenas pelos atos já cometidos, conforme o Art. 15: 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Arrependimento Eficaz
Situação em que o agente impede o resultado do crime. Há todos os atos até a consumação, mas o agente tenta impedir que se tenha o resultado. São requisitos: interrupção eficaz do resultado e voluntariedade. É perfeitamente possível que se tenha ajuda para o impedimento do resultado, mas só será enquadrado em arrependimento eficaz se a intervenção tenha sido motivada pelo agente. 
Arrependimento Posterior
Situação em que o agente repara o dano causado pelo crime. São requisitos: A ausência de violência ou grave ameaça (exceto crime culposo); Ato voluntário do agente; Deve ocorrer antes do recebimento da denúncia (posição primeira do processo penal); Reparação integral do dano.
Nestes casos, a pena é reduzida de 1/3 a 2/3.
Exceções: Peculato Culposo (Art. 312 §3º CP); Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo; Crimes contra a ordem tributária; Lei 9.099/95;
Crime Impossível
Também chamado de tentativa inidônea. Consumação impossível por ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto. Algum fato impede a consumação do crime. Este tipo criminal em muito se assemelha a uma tentativa, pois em ambos o agente deu início à execução de atividade criminosa, mas não foi bem sucedido. No Brasil este tipo criminal não é punível. 
Não é punível (Art. 17 CP).
Resultado
Todo crime produz resultados. O artigo 19, CP, visa impedir a punição de alguém por mera responsabilidade penal objetiva. Para isso, determinou que pelo resultado que agrava especialmente a pena, o agente só responderá quando o houver causado, ao menos por culpa. A agravação só será aplicável ao agente, se ele houver causado aquele resultado, ao menos culposamente. 
Há algumas espécies de resultado: material, formal e os resultados dos crimes de mera conduta. 
Nos crimes de resultado material, o crime se consuma apenas se o crime houver resultado naturalístico. O resultado naturalístico considera a ação um movimento corporal voluntário que causa uma modificação no mundo exterior. Compõe-se de vontade, movimento corporal e resultado. 
No iter criminis, devemos acrescentar após a consumação, o exaurimento. O exaurimento envolve o encerramento da produção de resultados. A maioria dos casos há coincidência da consumação e exaurimento. No caso de extorsão mediante sequestro, temos a consumação a captura da vítima, a negociação, o pagamento é o exaurimento. No entanto, a punição já se dá a partir da consumação. Nos crimes de resultado material, a consumação e exaurimento são simultâneos. 
Nos crimes de resultado formal, o crime se consuma com o mero constrangimento, ou seja, não é necessário o resultado naturalístico, basta o constrangimento. É o caso da extorsão mediante sequestro. O resultado naturalístico ocorre, mas não é necessário para a consumação, é um mero exaurimento. 
Nos crimes de mera conduta não existe resultado naturalístico. Ocorre resultado, mas apenas jurídico, como nos crimes contra a honra e desacato.

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