Treinamento%20de%20Cavalo%20Atleta1[1]

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Manejo Nutricional e Treinamento de 
Cavalos de Alta Performance 
 
 
Marc Andre Dlouin 
Agribrands Purina International 
 
Cavalos de alta performance devem ser considerados atletas. O objetivo é treiná-
los para obter o máximo desempenho com o menor risco possível de lesões. 
Nutrição adequada, programa de treinamento adaptado ao tipo de prova e bom 
manejo são fundamentais para que o atleta eqüino atinja e mantenha altos níveis 
de desempenho. Dietas que consistem apenas de grãos e forragem podem ser 
deficientes em diversos nutrientes e devem ser suplementadas. O cavalo atleta 
necessita de altos níveis de determinados nutrientes, tal como energia. As 
necessidades nutricionais variam com o nível de atividade e limitações 
ambientais. Todos os nutrientes devem estar disponíveis em forma altamente 
digestível, para otimizar o aproveitamento da dieta. Atualmente, existe uma 
tendência de fornecimento de concentrados comerciais, que beneficiam o cavalo 
atleta ao reduzirem o risco de deficiências nutricionais. As rações comerciais são 
apresentadas geralmente em forma física texturizada ou pellets. O 
processamento pode alterar o local de digestão dos ingredientes e melhorar a 
digestibilidade dos nutrientes. A moagem pode aumentar a digestibilidade no 
intestino delgado, levando a um aumento da glicemia (níveis séricos de glicose). 
A extrusão gelatiniza o amido e melhora a digestibilidade total dos carboidratos 
contidos na dieta fornecida ao animal. 
A manipulação da dieta não melhora a capacidade genética inerente ao cavalo 
atleta, mas combinada a um bom treinamento, pode aumentar a expressão do 
pleno potencial de rendimento desportivo. Raça e treinamento a que o cavalo é 
submetido podem influenciar a distribuição de fibras musculares. Embora cada 
fibra muscular seja específica para determinado tipo de exercício, elas também 
utilizam fontes específicas de energia. O nutriente cujas necessidades são mais 
afetadas pelo exercício é energia. As fontes primárias de energia para o cavalo 
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são carboidratos e gorduras e, em menor grau, o catabolismo de proteínas (5-
10%). Os cavalos não conseguem converter reservas de energia de forma 
eficiente, ocorrendo perdas de até 80% neste processo. A condição corporal, 
entretanto, afeta as necessidades de energia. Assim, um grande desafio 
nutricional é conseguir manter uma boa condição corporal (escores 4 e 6) 
durante um período prolongado de competição. A sobrecarga do trato digestivo 
do cavalo atleta com amidos na tentativa de fornecer níveis mais elevados de 
energia pode levar a graves distúrbios gastrointestinais. Para aumentar o valor 
energético da dieta, uma excelente prática nutricional é a combinação de fontes 
de energia, como gordura e amido. A adição de gordura tem diversos efeitos 
positivos sobre a fisiologia muscular, metabolismo energético e desempenho do 
cavalo atleta. 
As necessidades de proteína do cavalo atleta são da ordem de 9,8% para trabalho 
leve, 10,4% para trabalho moderado e 11,4% para trabalho físico intensivo 
(NRC, 1989). A literatura apresenta dados controversos quanto aos resultados 
obtidos com níveis variáveis de proteína na dieta: alguns trabalhos sugerem 
melhor performance com altos níveis de proteína, outros descrevem efeitos 
nocivos resultantes do excesso de proteína na dieta. Na verdade, a qualidade da 
proteína é muito mais importante que a quantidade, principalmente frente ao 
fato de que o exercício altera o metabolismo de aminoácidos. O uso de um 
sistema de níveis de proteína baseado em determinações individuais e que 
considere as diferenças fisiológicas entre os animais permitirá que o nutricionista 
estabeleça um melhor balanço nutricional na dieta fornecida. Uma vez que os 
cavalos são sensíveis à contaminação do ar por amônia, as potenciais 
conseqüências ambientais do excesso de proteína não devem ser esquecidas. 
Os eletrólitos desempenham um papel essencial na manutenção do equilíbrio 
ácido-básico sistêmico, balanço de fluidos orgânicos e função muscular. O 
desequilíbrio eletrolítico pode afetar dramaticamente a performance do cavalo. A 
sudorese intensa durante o exercício é responsável por grande perda de 
eletrólitos e como estes não são armazenados no organismo, as necessidades 
devem ser satisfeitas diariamente. Sabe-se que o balanço entre cátions e ânions 
também afeta a fisiologia do organismo eqüino. Pesquisadores avaliaram a 
capacidade de tamponamento das dietas através do DCAB (balanço de cátions e 
ânions na dieta). A administração de soluções de bicarbonato de sódio também já 
foi estudada em cavalos. Os minerais (macrominerais) são fundamentais para 
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manter a integridade do processo de contração muscular (Ca) e o balanço 
metabólico geral do organismo do cavalo atleta (P). Considerando a perda de 
líqüidos através do suor e as possíveis conseqüências sobre a viscosidade do 
sangue, as necessidades diárias de água são muitas vezes esquecidas. 
Outros fatores ergogênicos foram avaliados quanto ao potencial de melhorar o 
desempenho do cavalo atleta. A carnitina, molécula transportadora de ácidos 
graxos essenciais, é freqüentemente utilizada em associação a gorduras na dieta. 
A trimetilglicina já foi associada à redução dos níveis de lactato. Já se considerou 
o potencial da creatina em melhorar o desempenho. Existem alguns casos em que 
leveduras e outros suplementos nutricionais resultaram em melhor performance 
dos animais. 
Uma vez que o manejo nutricional pode afetar o bem estar do animal, estas 
estratégias são utilizadas em diversos tipos de competições para melhorar o nível 
de performance dos cavalos atletas. 
Nos últimos 20 anos, houve considerável progresso nas áreas de nutrição e 
fisiologia eqüina, mas pesquisas complementares ainda são necessárias para 
determinar com precisão os níveis nutricionais ideais para cavalos de 
performance. 
 
 
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