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Fraturas dos Membros Inferiores 1 🦵 Fraturas dos Membros Inferiores FRATURAS DA BACIA / QUADRIL Normalmente são as mais graves Ocorrem com traumas de alta energia Geralmente após acidentes automobilísticos ou quedas. Podem levar a morte rapidamente. Manejo com ATLS 1. Lesão do anel pélvico (livro aberto) Abertura da sínfise púbica, fratura perigosa pode ter sangramento de toda volemia do corpo e levar o paciente a morte. Quadro clínico / exame físico Palpa as EIAS e tentar comprimi-las, aproximar uma da outra → verifica se há instabilidade Hematomas em lábios vaginais ou escroto (sinal de Destot) Lesões gastrointestinais (sangramentos), geniturinárias e neurológicas Se há sangramento na uretra não pode sondar! Toque retal: se observar sangue pode indicar lesão da uretra, vagina, anus Fraturas dos Membros Inferiores 2 Sangramento retroperitoneal é sinônimo de gravidade Exame digital Buscar por fraturas expostas: seguir protocolo, limpeza, uso de ATB para evitar contaminação Lesões neurológicas Exame de imagem RX AP, inlet e outlet Fluroscopia: avaliar instabilidade, paciente sedado TC: melhor exame para tratamento definitivo Achados: livro aberto, trauma de cisalhamento (se abre e se eleva), abertura de um lado e compressão do outro Fraturas com rotação externa e cisalhamento vertical tem maior sangramento: aumento de volume Tratamento Hemorragia: pode sangrar todo sangue disponível para o retroperitônio, por isso que precisa fechar, encostar as duas partes da sínfese púbica. Pode passar um lençol para fixar até manejo adequado. Tratar hemorragia Estabilização da fratura → urgente: lençol ou fixador externo por um tempo e posteriormente se fixa de forma interna. Nunca opera na emergência nesses tipos de trauma. FÊMUR Queda própria altura (idoso), dor no local, rotação externa da perna, observar quando a perna estiver encurtada (fratura proximal do fêmur), paciente pode deambular, é mais comum em mulheres pelo fato da osteoporose. Fraturas dos Membros Inferiores 3 Não existe tratamento conservador nesse tipo de lesão, sempre faz tratamento cirúrgico. Tipos de fratura Colo do fêmur Intertrocantérica Diáfise Fratura de colo do fêmur Geralmente idosos, brancos, por volta dos 70 anos, associação com osteoporose (não acontece no fêmur normal), mais comum em mulheres. Fraturas dos Membros Inferiores 4 Sempre precisa operar devido as possíveis complicações clínicas que podem surgir. → necrose avascular da cabeça do fêmur Quadro clínico Mulher, idosa, caiu (trauma de baixa energia), reclama de dor no quadril e no joelho direito. Pode chegar caminhando. Perna com rotação externa e encurtamento quando comparada a perna sadia. Diagnóstico Raio X Tratamento Cirúrgico em avaliar todos os sistemas, perda sanguínea = choque, SARA Tratamento Não vamos fazer fixação definitiva em politrauma -> mais agressão, aumenta risco de problemas pulmonares Sempre cirúrgico - (crianças tem a possibilidade de não fazer cirurgia) Fixação precoce/estabilização - com tração Estabilizar (tração – foto, feita no próprio fêmur ou tíbia, anestesia pele e perióstea, passa fio metálico de Kirschner, prende estribo e usa uma porcentagem de peso corporal 10-15% para conseguir realinhar o fêmur). Esse não é o melhor método de estabilizar. O melhor método é fixador externo Fixação definitiva por cirurgia, manejo é sempre cirúrgico em adultos. Padrão são as hastes intramedulares bloqueadas (padrão ouro) ou placas (vai parafusos) Sempre que for imobilizar precisa imobilizar as articulações adjacentes. No caso do fêmur precisaria imobilizar articulação do joelho e do quadril (gesso pélvico podálico) → Hastes intra-medulares → padrão ouro → porém, mais invasiva a cirurgia → também podemos colocar placas ENTORSE DO JOELHO Após rotação do joelho, quando o movimento articular excede o seu limite fisiológico, ocasionando uma sobrecarga dos ligamentos e cápsula articular. Fraturas dos Membros Inferiores 8 Pode ocorrer praticando esportes, trabalhando ou até mesmo em uma caminhada (porém mais difícil). Entorse pode causar lesão de qualquer uma dessas estruturas Mais comumente: → Menisco → Ligamento cruzado anterior Menos comumente: → Ligamento cruzado posterior → é uma lesão grave. Limitante para atividades físicas → Ligamentos colaterais mediais e laterais Diagnóstico Precisa pedir uma eco para diagnosticar, RX apenas descarta fraturas RM: padrão ouro, normalmente não se usa a não ser que a instabilidade e dor permaneçam Podem estar lesados: ligamentos cruzados, ligamentos laterais e menisco Podemos pensar numa possível lesão ligamentar quando o paciente informa que o joelho inchou logo após o trauma. Esse inchaço não é decorrente do processo inflamatório em si, mas sim da lesão de vasos sanguíneos dentro do joelho (por lesão do ligamento cruzado, provavelmente). Uma eco informa presença de líquido dentro da cavidade articular (não tem como saber se é sangue ou não). Fazer punção é contraindicado. Tratamento inicial Imobilização de Jones Protocolo PRICE: proteção, repouso, gelo, compressão e elevação Fraturas dos Membros Inferiores 9 Após 1 semana examina, não dá para examinar na fase aguda por causa da dor intensa Exame físico ✍ Teste de McMurray: Com o paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado a 90° ou mais, o examinador segura no pé e tornozelo, provocando uma rotação externa da tíbia sob o fêmur (para estressar o menisco medial) ou uma rotação interna da tíbia sob o fêmur (para estressar o menisco lateral); em seguida, estende passivamente o joelho mantendo a rotação tibial. O sentimento de dor associada a um “estalo” indica teste positivo para lesão meniscal 🗄 Teste da gaveta: testa o ligamento cruzado anterior e posterior. Com o paciente emdecúbito dorsal, joelho flexionado em torno de 80° e o pé tocando a mesa de exame, o examinador segura na panturrilha, tracionando a perna anteriormente ou posteriormente. O teste é positivo quando há uma translação anterior > 5 mm (Grau II: 5-10 mm, Grau III: > 10 mm) Caso não haja melhora se pensa em tratamento mais invasivo, mas na maioria dos casos o tratamento não é cirúrgico Lesão ligamentar Artroscopia Reconstrução ligamentar Lesões do ligamento cruzado anterior: difícil fazer tratamento conservador (joelho fica instável). Paciente com muita dor, não adianta querer fazer manobras (cruzado anterior, lesão meniscal). Tratamento: imobilizar (só com atadura e algodão laminado, pode usar brace especial para joelho – foto 2), tirar o apoio, fazer elevação, gelo e analgesia por mais ou menos 1 semana. Isso serve para qualquer entorse. Fraturas dos Membros Inferiores 10 TÍBIA Osso longo com fraturas mais frequentes. Fraturas resultantes de acidentess de alto impacto (acidentes automobilísticos) ou até mesmo esporte. Mais comum em jovens. Atentar para vascularização, nervos, contaminação (exposta), síndrome compartimental Fratura exposta da tíbia Muito comum porque há apenas pele e osso Classificação de Gustillo e Anderson Grau de lesão das partes moles Grau de contaminação Padrão de fratura Tratamento Antibiótico profilaxia I e II: cefalosporina III: cefalosporina + aminoglicosídeos Imunoglobulina humana antitetânica Não suturar lesões Considerar síndrome compartimental Lavagem e desbridamento: remoção de corpos estranhos, remoção de tecido desvitalizado, redução da contaminação bacteriana, criar uma ferida vascularizada (tirar tecido morto das bordas) Estabilizar a fratura, imobilizar com o devido alinhamento, cuidar com comprimento Fixadores externos para evitar infecção (provisória), em até 3 semanas pode ser trocado o modo de fixação (definitiva). Fraturas não expostas Tratamento Fraturas dos Membros Inferiores 11 Conservador com gesso cruropodálico (aplicado em todo o membro inferior, pode ocorrer atrofia da musculatura, aumento da rigidez articular por imobilização das articulações) ou gesso normal Redução incruenta: fraturas fechadas, 5-10 angulação, 1-2cm de encurtamento OBS: a recuperação com fisioterapia pode levar mais tempo que a própria consolidação óssea! avaliar indicação de tratamento conservador somente em casos de extrema necessidade, pois o paciente fica muito tempo sem poder se mexer Cirurgias secundárias: síntese definitiva, reconstrução dos tecidos, reconstrução óssea. Hastes intramedulares são o padrão ouro de fixação definitiva. Causa menos atrofia e rigidez e tem menor tempo de recuperação. Mais chance de infecção ENTORSES DO TORNOZELO Trauma ortopédico mais comum. Mais comum é em inversão (para dentro). Sempre tem algum grau de lesão ligamentar: Fibulo-talar anterior (FTA): mais comum FTA e fíbulo calcâneo (FC) Fíbulo-talar posterior (FTP): menos comum Podemos ter associação com fraturas: 5º meta, calcâneo, tálus... Classificação de Jakson Grau I: leve, pouca dor, edema, sem instabilidade, perda funcional mínima Grau II: moderado e tem frouxidão com edema, marcha claudicante, incapacidade de ficar apoiado sobre o pé Grau III: grande edema, dor e instabilidade Classificação quanto a área afetada e lesão ligamentar Grau I: “estiramento ligamentar”. Edema discreto, tornozelo estável, incapacidade mínima, lesão parcial do ligamento talo-fibular anterior. Grau II: “lesão ligamentar parcial”. Edema moderado, tornozelo instável, teste gaveta anterior positivo, incapacidade moderada e lesão total do ligamento talo- fibular anterior e parcial do ligamento calcâneo-fibular. Fraturas dos Membros Inferiores 12 Grau III: “lesão ligamentar total”. Edema e equimose importante, tornozelo instável, teste da gaveta positivo, incapacidade grave, lesão completa do ligamento talo-fibular anterior, ligamento calcâneo-fibular e pode haver comprometimento do ligamento talo-fibular posterior. Quadro clínico Dor Diminuição no movimento Edema (local dos ligamentos acometidos) Inchaço Não consegue caminhar Dificuldade de sustentar o peso Sensação de ruptura ou som de ruptura. Diagnóstico Clínico Inicialmente não faz as manobras de estresse (gaveta anterior e inclinação lateral) porque o paciente tem muita dor, pode ter dor a palpação óssea. Após uma semana pode fazer o teste de lesão ligamentar RX para descartar fratura (AP, A verdadeiro e P) -> solicita com base no protocolo de Ottawa Mais de 55 anos Não consegue caminhar mais de 4 passos Tem dor a palpação óssea: osso navicular, base do 5º metatarso, maléolo lateral da fíbula, maléolo medial da tíbia Tratamento Tratar sempre no início Imobilizar é essencial (gesso ou tala) por menor tempo possível Protocolo PRICE: proteção, repouso, gelo, compressão, elevação Se instável em 3-6 semanas, realizar fisioterapia para fortalecimento Só irá realizar cirurgia o paciente que não tratou adequadamente, tornozelo fica instável e tem entorses de repetição. NUNCA opera lesão ligamentar aguda. Fraturas dos Membros Inferiores 13 🤔 Regra de Otawa para solicitação de raio x >55 anos Incapacidade de pisar (???) Fraturas do tornozelo O tornozelo irá quebrar quando o ligamento for mais forte que o osso (maléolo), geralmente ocorre mais em mulheres tabagistas (aumenta o grau de osteoporose e fragilidade óssea, dificulta cicatrização local), osteoporose. Fraturas maleolares são as mais frequentes. Associadas a traumas de alta energia. Classificação de Denis Weber Tipo A: infrasindesmótica (100% cx) Tipo B: transindesmótica (50% cx) Tipo C: suprasindesmótica (tto conservador) Tratamento Fratura articular, na enorme maioria das vezes vai ser tratada com cirurgia para deixar a mais anatomicamente correta possível. De forma geral, as fraturas são melhor manejadas com cirurgia (principalmente acima dos 50 anos) porque há menos risco de consolidação viciosa (consolidação errada), menor atrofia muscular e aderências intra-articulares, menor imobilização