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NUTRIÇÃO E O IDOSO Unidade 1 Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA FERREIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria BRUNA GABRIELA SIQUEIRA SOUZA SUDRÉ 4 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 A U TO RI A Bruna Gabriela Siqueira Souza Sudré Olá. Sou graduada em Nutrição e mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, com experiência técnico-profissional na área de Docência e Tutoria EAD. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! 5NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 ÍC O N ES Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO Para o início do desenvolvimento de uma nova competência. DEFINIÇÃO Houver necessidade de apresentar um novo conceito. NOTA Quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento. IMPORTANTE As observações escritas tiveram que ser priorizadas para você. EXPLICANDO MELHOR Algo precisa ser melhor explicado ou detalhado. VOCÊ SABIA? Curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias. SAIBA MAIS Textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento. ACESSE Se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast. REFLITA Se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido. RESUMINDO Quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens. ATIVIDADES Quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada. TESTANDO Quando uma competência for concluída e questões forem explicadas. 6 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Teorias do envelhecimento .................................................... 10 Envelhecimento ..................................................................................................10 Teoria dos radicais livres ..................................................................................13 Teoria genética ...................................................................................................16 Teoria da taxa metabólica ...............................................................................17 Teoria do erro .....................................................................................................18 Teoria de programa ...........................................................................................20 Fatores de risco e o estado nutricional do idoso ................. 23 Fatores socioeconômicos .................................................................................23 Fatores psicossociais ........................................................................................25 Alterações fisiológicas .......................................................................................26 Efeitos secundários a medicamentos ............................................................ 27 Medicamentos versus alimentos .....................................................................28 Importância da nutrição na velhice ................................................................30 Mudanças fisiológicas durante o envelhecimento .............. 37 Alterações sensoriais ........................................................................................37 Alterações gastrointestinais.............................................................................39 Alterações no sistema cardiovascular ........................................................... 40 Alterações no sistema respiratório ................................................................41 Alterações no sistema renal ............................................................................41 Alterações no sistema hepatobiliar ................................................................42 Alterações no sistema nervoso central .........................................................43 Alterações no sistema imune ..........................................................................44 Alterações no sistema hematológico ............................................................. 44 Alterações na composição corporal ...............................................................45 SU M Á RI O 7NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Alterações na pele .............................................................................................47 Problemas comuns de saúde durante o envelhecimento ... 50 Doença ocular ....................................................................................................50 Depressão ...........................................................................................................51 Insuficiência familiar ..........................................................................................54 Lesão por pressão .............................................................................................55 Fragilidade e “dificuldade em avançar” ..........................................................56 Alzheimer ............................................................................................................56 Parkinson .............................................................................................................57 Doenças reumáticas ..........................................................................................58 Problemas no sistema imunológico ...............................................................61 8 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 A PR ES EN TA ÇÃ O Você sabia que a área da Nutrição é extremamente impor- tante, e que alimentos podem tratar e prevenir doenças? Isso mesmo. A alimentação é o “combustível do corpo”, adotar uma alimentação de qualidade influenciará diretamente no funciona- mento do organismo. Mais do que saborosa, a alimentação pre- cisa ser completa, variada e nutritiva, para que consigamos de- sempenhar nossas atividades do dia a dia, e ainda garantir longa expectativa de vida. Graças ao reconhecimento da importância de uma boa alimentação, surgiu o ramo da Nutrição. Indepen- dente do objetivo, seja para adquirir um estilo de vida saudável ou eliminar aqueles “quilinhos” a mais, a preocupação com a nu- trição vem crescendo e se tornando rotina na vida das pessoas. Os alimentos são uma excelente ferramenta para melhorar a qualidade de vida de cada indivíduo em todos os ciclos da vida, principalmente na fase idosa, quando a nutrição pode auxiliar no tratamento e prevenção de patologias. Interessante, não é? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! 9NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 O BJ ET IV O SOlá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar as principais teorias do envelhecimento. 2. Identificar quais são os fatores de risco para o estado nutricional do idoso. 3. Identificar quais são as mudanças fisiológicas que ocor- rem durante o envelhecimento. 4. Apontar os problemas comuns de saúde durante o en- velhecimento. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! 10 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Teorias do envelhecimento OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de en- tender quais são as teorias do envelhecimento. Isso será fundamental para o exercício de sua pro- fissão. Todas as pessoas irão passar pelo processo de envelhecimento, porém sem os devidos cuida- dos nutricionais podem surgir algumas patologias durante a velhice. Vamos estudar um pouco a res- peito? E então? Motivado para desenvolver esta competência?Vamos lá. Avante! Envelhecimento De acordo com a organização mundial da saúde, idoso é toda pessoa que tenha idade igual ou superior a 60 anos. Quando falamos sobre pessoas idosas é importante definirmos alguns conceitos. DEFINIÇÃO • Longevidade – capacidade de atingir o ciclo de vida. • Ciclo de vida – o máximo tempo de vida em potencial que os serem humanos conseguem viver. • Expectativa de vida – tempo médio de vida projetado como restante para uma população de uma determinada idade (portanto muda à medida muda a idade do indivíduo). • Senescência – alterações fisiológicas que ocor- rem naturalmente no envelhecimento. É o en- velhecimento bem-sucedido. • Senilidade – alterações provocadas por afec- ções ou doenças que acometem o idoso. 11NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Mas o que é o envelhecimento? Por que algumas espécies de tartaruga conseguem viver 170 anos, e um camundongo somente três anos? Por que alguns animais não aparentam sinais de envelhecimento enquanto os humanos podem aparentar uma idade muito além do que realmente tem devido a certas circunstâncias? Existem várias teorias que tentam explicar o processo de envelhecimento, todas com bases fundamentadas. O mais provável é que o envelhecimento seja um processo sistêmico, que possa ser explicado pelo conjunto das teorias e não apenas uma isolada. Figura 1 – Idosos praticando atividade física Fonte: Freepik O que não podemos negar é que o envelhecimento está ligado tanto a questões internas como questões externas ao ser humano, como é o caso do ambiente ao qual o indivíduo está exposto. Assim, podemos destacar que o envelhecimento pode 12 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 acontecer de diferentes formas e afetar cada pessoa de uma maneira totalmente peculiar. Assim, temos o envelhecimento conhecido como orgânico, derivado da senescência e do decorrer normal do tempo e da sua ação sobre o ser humano. Esse é um processo fisiológico e que acontece de maneira gradual com o passar do tempo, de maneira natural e sem outras complicações. Logo, no momento em que trazemos outras doenças crô- nicas ou alterações que vão além do envelhecimento fisiológico normal, temos algo que vai além da senescência, incluindo ou- tros tipos de distúrbios e que vão se manifestar de forma dife- rente em cada um a depender das suas condições de vida, há- bitos, saúde e até do próprio ambiente em que o indivíduo está inserido. Fries e Pereira (2011) destacam que existem algumas alte- rações padronizadas e marcantes durante o processo de enve- lhecimento e que acometem grande parte da população, entre os quais, podemos citar: • Embranquecimento do cabelo. • Calvície. • Redução na estatura corporal. • Aumento do nariz e das orelhas. • Perda de sustentação da pele. • Surgimento de enrugamento na pele. • Arcus Senilis (formação de um círculo branco ao redor da córnea). • Alterações na cavidade bucal. • Perda de elasticidade nas mucosas. 13NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 • Perda do paladar. • Desgaste dentário. • Aumento no tecido adiposo e redução dos tecidos musculares e ósseos. • Maior concentração da gordura ao redor das vísceras e no tronco. • Entre outros. Dessa forma, devemos compreender que o envelhecimento é um processo de alteração corporal lento e progressivo, sendo inevitável para todos. No geral, esse processo irá trazer alterações morfológicas, bioquímicas, psicológicas e funcionais, deixando o indivíduo mais vulnerável para o aparecimento de novas doenças e problemas de saúde. As teorias do envelhecimento mais conhecidas são: teoria da taxa metabólica, teoria dos radicais livres, teoria de programa e teoria de erro, vamos conhecer um pouco sobre cada uma delas e outras também. Tal variedade de teorias ocorre devido à quantidade de controvérsias sobre os fatores que ocorrem durante esse período, o que acontece também pela grande complexidade sobre o tema, assim, teorias novas são construídas diariamente se apoiando em diferentes fatores e alterações fisiológicas. Então, você está pronto para conhecer algumas dessas teo- rias? Vamos lá?! Teoria dos radicais livres A teoria do envelhecimento via radicais livres foi proposta em 1956, por um médico gerontologista (estuda os fenômenos 14 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 fisiológicos, psicológicos e sociais relacionados ao envelhecimento do ser humano), chamado Denham Harman. Os radicais livres são formados pelo nosso corpo decorrente da metabolização do oxigênio pelo organismo. Eles são fundamentais para um bom funcionamento do organismo. Porém, quando em demasia, passam a afetar as células sadias. A teoria propõe que o envelhecimento é provocado pela toxicidade gerada pelos radicais livres. O radical livre atua como agente oxidante, e, dessa forma, o processo de oxidação danifica a membrana e a estrutura da célula, levando, em casos extremos, à morte celular. Nesse sentido, podemos afirmar que a oxidação celular é um fator causador do envelhecimento. Essa teoria é considerada uma das mais robustas para explicar o processo do envelhecimento. 15NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 2 – Formação de radicais livres Fonte: Oncologia do Cólon ([s.d.], on-line). Como estratégia para combater o envelhecimento precoce, está o consumo de alimentos ricos em antioxidantes, além da prática de atividade física regular, pois reduz a produção de radicais livres com a metabolização do oxigênio pelo organismo. As principais fontes de radicais livres externos ao corpo e que devem ser evitadas são: o consumo álcool, exposição a poluição, radiação, tabagismo e dieta rica em gordura. VOCÊ SABIA? Os principais alimentos antioxidantes são: alimen- tos ricos em betacaroteno, licopeno, vitamina A, C, E, cobre, selênio e zinco, ou seja, uma gama enor- me de alimentos, como amora, nozes, morango, café, uva, cereja, ameixa, repolho, laranja, brócolis, e muito mais! 16 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Teoria genética Quando tratamos sobre a teoria genética é necessário ter em mente que ela está aliada com o resultado das alterações bio- químicas que o genoma humano realiza de maneira espontânea, regulando a expectativa de vida do indivíduo por meio dos seus genes. Sendo assim, o envelhecimento e, consequentemente, a duração da vida estaria aliada com os padrões genéticos indivi- duais. Fries e Pereira (2011) compreendem que essa teoria está embasada nas mais diversas pesquisas relacionadas com o estudo da longevidade e nas próprias práticas clínicas que estudam sobre o envelhecimento precoce ou outras doenças enzimáticas que também sofrem controle dos genes autossômicos recessivos. Além disso, é interessante ressaltar que o encurtamento dos telômeros, localizados no final de cada cromossomo de uma célula eucariótica, pode ser também determinante para desencadear o envelhecimento do ser humano, uma vez que estas são as principais responsáveis por proteger os cromossomos e replicar o DNA cromossomal. Ainda segundo Fries e Pereira (2011, p. 3): o encurtamento dos telômeros também traria como consequência perdas de informações genéticas e ins- tabilidades genômicas no decorrer da vida. Contudo, a avaliação experimental desta teoria é lenta pelo fato da existência de grande número de variáveis e à limi- tação dos métodos experimentais. 17NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 3 – Localização do telômero dentro do cromossomo Fonte: Freepik Teoria da taxa metabólica Essa teoria afirma que mamíferos de tamanho menor tendem a possuir maiores taxas metabólicas, e, dessa forma, morrem com uma idade inferior do que a maioria dos mamíferos. A teoria da taxa metabólica possui relação direta com a teoria dos radicais livres, pois acredita que quanto menor o mamífero, menor sua expectativa de vida, pois haverá maior produção de radicais livres devido ao aumento do metabolismo. 18 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 4 – Etapas do envelhecimentoFonte: Freepik Teoria do erro Relaciona o envelhecimento com o dano ambiental ao modelo do DNA, levando a erros no programa genético, mutações e efeitos teratogênicos. A teoria sugere que o envelhecimento celular começa quan- do, de forma natural, acontecem erros na transcrição e transpor- te de material genético. Esses erros na síntese de uma proteína podem ser utilizados na síntese de outras proteínas, assim, acu- mulando erros e proteínas potencialmente letais. Dessa forma, haverá um comprometimento da renovação celular e, a longo prazo, sérios problemas, como patologias. Dentro dessa teoria, também podemos observar uma sub- teoria que trata do acúmulo de danos ou do erro catástrofe. Nesse caso, se explora a possibilidade do envelhecimento estar atrelado com o acúmulo das mais diversas moléculas com falhas e defeitos das sínteses moleculares intracelulares. 19NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Ou seja, quanto mais a idade de um indivíduo avança, maior será a repercussão das perdas funcionais do organismo. Logo, as falhas relacionadas com o reparo e a síntese celular estavam ligadas ao processo de transcrição do RNA e ao seu processo de tradução proteica que, consequentemente, gera um aumento nas proteínas modificadas não funcionais (FRIES; PEREIRA, 2011). As proteínas inativas acabam aparecendo no momento em que ocorrem erros durante o processo de síntese enzimática das polimerases, responsáveis pelo RNA, durante a transcrição do DNA. Em outras palavras, qualquer transcrição de uma enzima que esteja com erro, ou modificada de maneira inadequada, acaba por gerar ainda mais bases erradas ou bases púricas (pirimídicas) conectadas com o código genético do indivíduo. 20 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 5 – Consequências de uma transcrição errada Fonte: Elaborado pela autora com base em Fries e Pereira (2011, p. 510). O grande problema disso tudo é que os erros gerados aca- bam sendo acumulados e transmitidos em todas as replicações de forma que, em determinado momento, ocorreria o chamado “erro catástrofe”, em que a célula chega à um nível de ineficiência letal, reduzindo suas funções e dando sequência ao processo de envelhecimento. Teoria de programa Essa teoria propõe que as células se reproduzem durante um certo número finito (programado) e, depois, morrem, ou seja, explica o envelhecimento por meio de fatores genéticos. 21NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 EXPLICANDO MELHOR A velocidade com que uma espécie envelhece é predeterminada por seus genes ou, se preferirmos, os genes determinam quanto tempo as células viverão. Quem defende essa teoria acredita que as células do nosso organismo estão geneticamente programadas para morrer após um certo número de divisões celulares (mitose). Atingido esse número, seria, então, desencadeado o processo de morte, cujo momento estaria ligado à idade biológica, variando, assim, entre as diversas espécies. SAIBA MAIS Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofun- damento, o artigo “Teorias biológicas do envelhe- cimento: do genético ao estocástico”. Acesse o QR- Code: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922002000400001 22 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a diferença entre o termo “senescência”, que é envelhecer com as alterações fisiológicas da idade, e “senilidade”, que é o envelhecer com patologias. Você deve também ter aprendido que existem diversas teorias que buscam explicar o envelhecimento, são elas: teoria da taxa metabólica, teoria dos radicais livres, teoria de programa e teoria de erro. A teoria dos radicais livres propõe que o envelhecimento é provocado pela toxicidade gerada pelos radicais livres. Já a teoria da taxa metabólica acredita que quanto menor o mamífero, menor sua expectativa de vida, pois haverá maior produção de radicais livres devido ao aumento do metabolismo. A teoria do erro relaciona o envelhecimento com o dano ambiental ao modelo do DNA, levando a erros no programa genético, mutações e efeitos teratogênicos (chamamos de agente teratogênico tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez). Por fim, a teoria do programa propõe que as células se reproduzem durante um certo número finito programado de vezes e depois morrem. 23NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Fatores de risco e o estado nutricional do idoso OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de entender quais são os fatores de risco para o estado nutricional do idoso. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos estudar um pouco a respeito? E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Fatores socioeconômicos A partir da segunda metade do século XX, o aumento da longevidade constituiu-se um dos maiores êxitos, mas o envelhecimento da população, apesar de representar um grande triunfo, também é um enorme desafio. Devido às mudanças no perfil epidemiológico da população brasileira, atualmente no nosso país coexistem algumas doenças tanto transmissíveis quanto crônico-degenerativas. São necessá- rias medidas e estratégias para prevenção e tratamento dessas doenças e suas possíveis complicações. A população idosa brasileira apresenta um baixo poder aquisitivo, e essa condição financeira desfavorável acaba impac- tando diretamente no estado nutricional do idoso, devido à aqui- sição de gêneros alimentícios de baixo custo que podem apre- sentar qualidade inferior. O consumo inadequado de alimentos e nutrientes pode le- var, principalmente os idosos, a um risco nutricional. De acordo com Florentino (2002), quanto menor é a renda, menor é a varie- dade e o poder de aquisição de alimentos, e o oposto também ocorre. 24 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 6 – Idoso fazendo compras Fonte: Freepik O poder aquisitivo influencia diretamente no acesso aos alimentos, podendo, dessa forma, interferir no agravamento do estado nutricional das pessoas idosas que tem, na maioria das vezes, somente o seu salário-mínimo como a principal fonte de renda fixa para o sustento de toda a família. Aqueles idosos que convivem com familiares ganham vários benefícios, como o apoio familiar, reduzindo, assim, a solidão do idoso e o estresse na saúde mental. Porém, por outro lado, pode ocorrer conflitos intergeracionais, o que pode acarretar a diminuição da autoestima, abalando o estado emocional e, consequentemente, afetando o processo de alimentação. 25NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 IMPORTANTE Os idosos que apresentam um elevado poder aqui- sitivo também podem apresentar inadequação ali- mentar, e os motivos para tal fato são vários, como o isolamento social, a solidão e o fácil acesso a ali- mentos industrializados, dessa forma, afetando a ingestão e adequação de alimentos, levando o ido- so ao risco nutricional. Fatores psicossociais Os fatores psicossociais também afetam diretamente na alimentação do idoso, esses fatores podem ser: imagem corporal distorcida, ausência de papel social, condições físicas precárias, perdas cognitivas e até depressão. Ainda de acordo com Florentino (2002), o idoso que apre- senta perda de apetite e até mesmo a recusa por se alimentar, pode indicar que há algum problema de saúde, colaborando para a deterioração do estado nutricional. O oposto também pode ocorrer. Fatores, como ansiedade, podem levar ao consumo ex- cessivo de alimentos e, consequentemente, ganho de peso. Quando o idoso se aposenta, a sua função na sociedade é reduzida e consequentemente sua valorização também, forta- lecendo o preconceito em relação à improdutividade, podendo, dessa forma, levar o idoso a um quadro de depressão que pode levar à falta de apetitee à redução da ingestão de alimentos. A capacidade funcional está diretamente relacionada com a má ingestão de nutrientes, aqueles idosos que apresentam al- guma limitação devido a enfermidades não conseguem preparar adequadamente suas refeições e acabam consumindo os ali- mentos prontos, que não apresentam os nutrientes necessários. 26 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Alterações fisiológicas Com o envelhecimento, é comum ter perdas sensoriais devido a vários fatores, como o próprio envelhecimento, uso de medicamentos, enfermidades, cirurgias e até mesmo exposição ambiental. Com o passar dos anos, as sensações de odor, paladar, au- dição, tato e visão diminuem. A hiposmia e a disgeusia iniciam-se por cerca dos 60 anos e agravam-se com a idade, principalmente após os 70 anos. DEFINIÇÃO • Hiposmia – é a diminuição do sentido do ol- fato. • Disgeusia – distorção ou diminuição do senso do paladar. Com a habilidade limitada de sentir odores e gostos, pode ocorrer a redução do prazer associado à alimentação, além da interferência da seleção correta do alimento saudável, levando ao aumento dos riscos de envenenamento alimentar, consumo de alimentos deteriorados por micro-organismos ou até mesmo a exposição a substâncias químicas tóxicas do ambiente. As perdas de sentidos, como audição e visão, também podem interferir diretamente nas escolhas alimentares, além de limitar fisicamente o indivíduo que prepara as próprias refeições, diminuindo a ingestão adequada de nutrientes. O consumo alimentar e a nutrição do idoso pode ser afetado também pela questão da saúde oral. A redução da saúde oral pode ocorrer devido ao aumento da cárie dental, ao uso de próteses mal ajustadas, às infecções periodontais e à xerostomia. 27NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 DEFINIÇÃO Xerostomia – a baixa produção de saliva pelas glândulas salivares. A xerostomia pode levar à redução da ingestão de alimen- tos, devido a dificuldades, tanto de mastigação quanto de deglu- tição, levando o idoso a evitar alguns tipos de alimentos e predis- pondo-o ao risco nutricional. A saliva, além de umedecer a boca, também possui ação tamponante, ela neutraliza os ácidos bacterianos presentes na boca, apresentando ação cariostática, dessa forma, os idosos que apresentam a xerostomia estão mais propensos a apresentarem cáries, devido à baixa produção de saliva. Com o avanço da idade também pode ocorrer alterações gastrointestinais, como gastrite atrófica e a hipocloridria, que podem levar à má absorção de nutrientes devido ao elevado crescimento bacteriano no intestino delgado. Entre idosos, é frequente o relato de constipação intestinal, que tem entre suas principais causas: a baixa ingestão de líquidos e consumo de fibras, a baixa ingestão de alimentos com energia adequada, a falta de atividade física, a redução no número de refeições, além da depressão e fatores psicológicos. Efeitos secundários a medicamentos Com a idade avançada, surgem algumas patologias, e, assim, os idosos normalmente utilizam uma quantidade expressiva de medicamentos. 28 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 A ingestão de diversos fármacos simultaneamente pode levar os idosos a uma elevada incidência de interações medica- mentosas, além de diversos efeitos colaterais. As mudanças fisiológicas durante o processo de envelheci- mento influenciam diretamente nas concentrações de medica- mentos e seu metabolismo, sendo que uma interação entre mais de um medicamento podem influenciar negativamente a capaci- dade funcional, bem como a habilidade psicomotora e cognitiva dos idosos. Os efeitos adversos de alguns medicamentos podem pro- vocar sintomas, como xerostomia, sialorreia, alterações do pala- dar, diarreia, constipação, entre outros, podendo agravar o esta- do nutricional do idoso. DEFINIÇÃO Sialorreia – secreção abundante de saliva. Outro fato muito relevante é que alguns fármacos podem afetar a absorção de nutrientes ingeridos na dieta, agravando a má nutrição. Deve-se ter grande atenção quando ocorrer múltipla pres- crição medicamentosa, principalmente em relação às interações entre esses medicamentos e nutrientes. Medicamentos versus alimentos Além de verificarmos a data de validade dos medicamentos antes de ingerirmos, também é importante conhecermos os efeitos dos nutrientes, presentes em alimentos sobre a ação dos medicamentos. 29NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 7 – Alimentação saudável versus uso de medicamentos Fonte: Freepik Diversos fatores podem interferir no funcionamento dos medicamentos, são eles: idade do paciente, sexo, peso, condi- ções clínicas, dose administrada, associação de mais de um me- dicamento, vitaminas, ervas, suplementos e alimentos. Alimentos com fonte de cálcio, magnésio, zinco e ferro interferem na ação de alguns antibióticos, como tetraciclinas e quinolonas. Alimentos ricos em vitamina K, como as folhas verdes-escuras, podem interferir na ação dos anticoagulantes como a varfarina, diminuindo sua eficácia e, consequentemente, favorecendo a formação de trombos. 30 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Para aqueles pacientes que estão tomando medicamentos para o mal de Parkinson, tuberculose, infecções na pele, o ideal é evitar queijos, tanto processados quanto maturados, e alimentos como vinho, chocolate, fígado, uva passa, banana em compota, pois esses alimentos apresentam em sua composição, a tiramina. Importância da nutrição na velhice Os alimentos são extremamente importantes no tratamen- to e prevenção de doenças. A alimentação do idoso deve ser dife- renciada, pois, com o envelhecimento, várias funções fisiológicas são alteradas. Além de alterações na dentição, que dificultam a mastigação, e até mesmo na locomoção, além das funções di- gestiva, absortiva, gástrica e intestinal que se tornam reduzidas. Os idosos, ou seus cuidadores, devem ter cuidado quanto ao consumo de carboidratos, como pães e massas, e às formas líquida ou pastosa, como as sopas. As proteínas são encontradas especialmente nas carnes, porém caso encontre alguma dificul- dade em sua ingestão, temos algumas alternativas, como leite, ovos e peixes. Em relação aos legumes, para facilitar a mastigação, devem estar bem cozidos e macios. Quanto às frutas e vegetais, podem ser ingeridos sob a forma de sucos. Na velhice, é extremamente importante o acompanhamento e orientações de profissionais especializados. Ao elaborarmos um plano alimentar, devemos levar em consideração todas as patologias do paciente. Familiares e cuidadores devem estar sempre atentos aos hábitos alimentares dos idosos, sempre verificando tanto quantidades quanto variedades ingeridas a cada refeição, bem 31NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 como sua frequência. Em caso de observar perda ou ganho de peso, se faz necessário avaliação médica para que, assim, as causas possam ser investigadas. IMPORTANTE A seguir, conheça dez passos para alimentação saudável do idoso (BRASIL, 2018, p. 47-49): 1) Faça três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite de mais, faça outras refeições nos intervalos. Procure fazer as refeições principais (café da manhã, almo- ço e jantar) em horários semelhantes todos os dias. Nos inter- valos entre essas refeições, prefira realizar pequenas refeições saudáveis, com alimentos frescos. Coma sempre devagar e des- frute o que está comendo, procurando comer em locais limpos e onde você se sinta confortável, evitando ambientes ruidosos ou estressantes. 2) Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. Inclua nas principais refeições alimentos como arroz, milho, batata, mandioca/macaxeira/aipim. Esses alimentos são as mais importantes fontes de energia e, por isso, devem ser o componente essencial das principais refeições, sendo consumidos preferencialmente em sua forma integral. As atividades de planejar as compras de alimentos, organizar a despensa doméstica e definir com antecedênciao cardápio da semana podem contribuir para a satisfação com a alimentação. Em supermercados e outros estabelecimentos, utilize uma lista de compras para não comprar mais do que você precisa. 32 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 3) Inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia. Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras. Por essa razão, eles devem estar presentes diariamente na sua alimentação. O consumo desses alimentos contribui para diminuir o risco de várias doenças e ajuda a evitar a constipação (prisão de ventre). Feiras livres, “sacolões” ou “varejões” são uma boa opção para comprar alimentos frescos que estão na safra (época) e com menor custo. 4) Coma feijão com arroz, de preferência no almoço e no jantar. Esse prato brasileiro é uma combinação completa e nutritiva e é a base de uma alimentação saudável. Varie os tipos de feijões usados (preto, manteiga, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e use também outros tipos de leguminosas (como soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha ou fava). Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las com familiares e amigos. Se você não tem habilidades culinárias, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet e descubra o prazer de preparar seu próprio alimento. Para evitar o desperdício, cozinhe pequenas porções e congele sempre que possível para utilização em dias posteriores. 5) Lembre-se de incluir carnes, aves, peixes ou ovos e leites e derivados em pelo menos uma refeição durante ao dia. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis. Leite e seus derivados são ricos em cálcio, que ajuda no fortalecimento dos ossos. Já carnes, aves, peixes e ovos são ricos 33NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 em proteínas e minerais. Quanto mais variada e colorida for a sua alimentação, mais equilibrada e saborosa ela será. 6) Use pouca quantidade de óleo, gorduras, açúcar e sal no preparo dos alimentos. Esses ingredientes culinários devem ser usados com mode- ração para temperar alimentos e para criar preparações culiná- rias. Procure evitar o açúcar e o sal em excesso, substituindo-os por temperos naturais (como cheiro-verde, alho, cebola, manje- ricão, orégano, coentro, alecrim, entre outros) e optando por re- ceitas que não levam açúcar na preparação. 7) Beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos das refeições. A quantidade de água que precisamos ingerir por dia é muito variável e depende de vários fatores, incluindo a idade e o peso da pessoa, a atividade física que ela realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde vive. É importante estar atento(a) ao consumo diário de água para evitar casos de desidratação, principalmente em dias muito quentes. Vale lembrar que bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, não devem substituir a água. Uma dica é aromatizar a água com hortelã ou frutas, como rodelas e cascas de laranja ou limão. 8) Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos industria- lizados e chás gelados), bolos e biscoitos recheados, doces, so- bremesas e outras guloseimas como regra de alimentação. Produtos ultraprocessados (como biscoitos recheados, gu- loseimas, “salgadinhos”, refrigerantes, sucos industrializados, sopa e macarrão “‘instantâneos”, “tempero pronto”, embutidos, produtos prontos para aquecer) devem ser evitados ou consu- midos apenas ocasionalmente. Embora convenientes e de sabor 34 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 pronunciado, esses produtos ultraprocessados tendem a ser nu- tricionalmente desequilibrados e, em sua maioria, contêm quan- tidades elevadas de açúcar, gordura e sal. 9) Fique atento às informações nutricionais dos rótulos dos alimentos para favorecer a escolha de produtos alimentícios mais saudáveis. Os rótulos dos produtos processados e ultraprocessados (como biscoitos, pães de forma, iogurtes, barras de cereais, entre outros) são uma forma de comunicação entre esses produtos e os consumidores e contêm informações importantes sobre sua composição. Outras formas de esclarecimento podem surgir no diálogo com outras pessoas no local de compra, por meio do serviço de atendimento ao consumidor (SAC) ou até mesmo em uma consulta com um profissional de saúde. Mas fique atento: as informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais geralmente visam aumentar a venda de produtos e não informar. 10) Sempre que possível, coma em companhia. A companhia de familiares, amigos ou vizinhos, na hora da refeição, colabora para comer com regularidade e atenção, proporciona mais prazer com a alimentação e favorece o apetite. Escolha uma ou mais refeições na semana para desfrutar da alimentação em companhia, mantendo o convívio social com as pessoas próximas. 35NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 SAIBA MAIS Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofun- damento, o artigo “Fatores associados ao estado nutricional no envelhecimento”, acesse o QR-Code: http://rmmg.org/artigo/detalhes/277 36 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 RESUMINDO E então? Gostou do que foi apresentado? Entendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido quais são os fatores de risco que afetam o estado nutricional do idoso, são vários: 1) Fatores socioeconômicos que vão interferir di- retamente na escolha dos alimentos, aqueles que possuem baixa renda podem se tornar um idoso com risco nutricional; 2) Fatores psicossociais afetam diretamente a ali- mentação do idoso, esses fatores podem ser a imagem corporal distorcida, a ausência de papel social, as condições físicas precárias, as perdas cognitivas e até a depressão; 3) Alterações fisiológicas também influenciam dire- tamente na alimentação, elas podem ser olfativas, visuais, auditivas e gástricas; 4) Efeitos secundários a medicamentos afetam na alimentação, pois, devido aos sintomas adversos, os idosos podem ter seu estado nutricional agra- vado. Vamos para o próximo capítulo? 37NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Mudanças fisiológicas durante o envelhecimento OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de entender quais são as mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo durante o envelhecimen- to. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos estudar um pouco a respeito? E então? Motivado para desenvolver essa competên- cia? Vamos lá. Avante! Alterações sensoriais Com o envelhecimento, cada idoso possui alterações do pa- ladar, visão, olfato, audição e tato em proporções individualiza- das. A visão prejudicada e a perda da audição e até mesmo a per- da da coordenação fazem com que o idoso reduza a ingestão de alimentos, podendo se encontrar em situação de risco alimentar. • Sabor e cheiro: O grau de perda da capacidade sensorial está relacionado com vários fatores, como a genética, o meio ambiente e o estilo de vida do idoso. As alterações de paladar, olfato e toque podem acarretar a redução do apetite, as escolhas alimentares não apropriadas, além da ingestão inadequada de nutrientes. DEFINIÇÃO Disgeusia – paladar alterado. Hiposmia – diminuição do olfato. A disgeusia e hiposmia são atribuídas ao processo natural de envelhecimento, porém também podem ocorrer devido a outros fatores, como o uso de medicamentos. 38 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Com os limiares do paladar e olfato elevados, os idosos tendem temperar em demasia os alimentos, principalmente adicionando o sal, o que pode gerar um efeito negativo. Quando tratamos do paladar, é importante salientar que as alterações podem acontecer com relação aos sabores dos alimentos, de forma que algunssabores podem ficar em maior evidência, em detrimento a outros, como é o caso dos sabores azedo e amargo, que aparecem mais frequentemente que outros. Essa mudança de paladar pode acarretar o menor prazer durante a alimentação que, consequentemente, pode trazer ou- tros problemas, como é o caso da desnutrição, anemia, deficiên- cia de vitaminas, proteínas, minerais, entre outros nutrientes. Figura 8 – Idoso com falta de apetite Fonte: Freepik 39NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 • Audição e visão: Cerca de um entre quatro idosos precisa usar aparelho au- ditivo. A exposição cumulativa aos barulhos diários, como tráfe- go, construção, música alta, barulhos do escritório e máquinas, causam alterações no interior do complexo auditivo. Essa mudança não acontece de uma hora para outra, mas sim vagarosamente, e com o passar dos anos, sendo que as pessoas podem não perceber a evolução dessa perda. As deficiências de algumas vitaminas estão correlacionadas com a participação na perda da audição, como a vitamina B12, presente em alimentos de origem animal. Com o passar dos anos, a visão das pessoas vai mudando, mas a perda dela não é normal, para a maioria das pessoas basta somente utilizar óculos para correção. Assim, a alteração da visão pode ser causada por doenças como catarata, glaucoma, ou outras, além do próprio envelheci- mento das células visuais. Dessa forma, salientamos que a difi- culdade na visão pode trazer diversos problemas ao idoso, como quedas, confusão, dificuldades para leitura, dores de cabeça, en- tre outros. Alterações gastrointestinais Com o aumento da idade, ocorre a atrofia da língua ou perda de papilas gustativas, dessa forma, limitando o paladar, ocasionando redução no prazer de se alimentar. Os dentes podem se tornar mais frágeis com possível perda e consequente uso de próteses que podem interferir na mastigação e, consequentemente, na escolha de alimentos menos nutritivos. No estômago, ocorre a diminuição da produção de 40 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 ácido clorídrico, dificultando a digestão, e aumentando o tempo de esvaziamento gástrico. No pâncreas, os níveis de insulina no sangue aumentam e a sensibilidade ao hormônio diminui, podendo levar à diabetes tipo 2 e à intolerância à glicose. Além disso, ocorre redução das vilosidades do intestino e possível redução na absorção de algumas vitaminas, ferro, cálcio e vitamina D. O que pode acarretar uma maior predisposição à diarreia e à osteopenia. DEFINIÇÃO Osteopenia – é uma condição fisiológica caracteri- zada pela diminuição da densidade mineral, princi- palmente de cálcio e fósforo dos ossos, precursora da osteoporose. Em relação à função orgânica, ocorrem alterações, como o aumento da gordura corporal e a redução da massa muscular magra. Com a elevada idade, ocorre a redução do gasto de energia diária. Com a redução da água corporal, os órgãos encolhem e também ocorre a redução da estatura e do peso. Alterações no sistema cardiovascular Com o envelhecimento, o coração tende a aumentar um pouco seu tamanho ao desenvolver paredes mais espessas. Quando em repouso, o coração de uma pessoa idosa funciona quase da mesma maneira que um coração de um jovem, porém ocorre uma diminuição na frequência cardíaca (número de vezes que o coração bate em um minuto). Com o envelhecimento, as artérias e as arteríolas se tornam menos elásticas e não conseguem relaxar tão rapidamente du- 41NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 rante o bombeamento rítmico do coração. Dessa forma, quando o coração se contrai, a pressão arterial se eleva. Alterações no sistema respiratório Com o passar dos anos, o aumento na rigidez da caixa torácica, perda de retração elástica dos pulmões e diminuição significativa da força dos músculos respiratórios levam a uma redução gradual da função pulmonar em indivíduos idosos. Diversos fatores podem prejudicar a função pulmonar, sendo agravantes do processo de envelhecimento: o tabaco, a poluição do ambiente, as doenças pulmonares pré-existentes e até mesmo as diferenças socioeconômicas. Entre as principais alterações fisiológicas do aparelho respiratório, destacam-se: • Perda das propriedades de retração elástica do pulmão. • Enrijecimento da parede torácica. • Diminuição da potência motora e muscular. A maior alteração encontrada no pulmão do idoso é a redução do tamanho da via aérea. Alterações no sistema renal No envelhecimento, ocorre uma redução lenta, porém constante, do peso dos rins. Apesar das alterações relacionadas à idade, a função renal permanece em condições suficiente para satisfazer as necessidades do organismo. As alterações que se manifestam com a idade não causam nenhuma patologia. 42 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 VOCÊ SABIA? O sistema renal tem a função de redução do potencial de armazenar Na+ e excretar H+, além de diminuir a capacidade de regular fluido e balanço ácido básico. Na velhice, incontinência urinária é comum, ela pode ser definida como a perda involuntária de qualquer quantidade de urina. Muitas vezes, a incontinência urinária é omitida pelos pa- cientes por apresentarem vergonha sobre a situação. A incon- tinência pode interferir muito na qualidade de vida, levando ao isolamento social, ansiedade e depressão, com aumento de risco de quedas e fraturas. Alterações no sistema hepatobiliar Com o envelhecimento, a capacidade do fígado em meta- bolizar várias substâncias diminui. Como consequência, medica- mentos não são inativados com tanta rapidez em pessoas idosas como são nos mais jovens. Dessa forma, como consequência, uma dose de medica- mento que não teria efeitos colaterais nos jovens, pode provocar efeitos colaterais em pessoas idosas. Com o avançar da idade algumas alterações ocorrem no sistema hepatobiliar, sendo as principais alterações: • Proliferação do ducto biliar. • Redução do número total e peso de hepatócitos. • Redução do fluxo sanguíneo hepático. • A síntese proteica permanece preservada. 43NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Alterações no sistema nervoso central A partir dos 80 anos, se observa um declínio sobre a função intelectual. A velocidade de redução do funcionamento do cérebro pode ser influenciada pelas pessoas. NOTA A atividade física reduz a perda de células nervosas em áreas do cérebro envolvidas na memória, já a bebida alcóolica pode acelerar o declínio do funcionamento do cérebro. Figura 9 – Órgãos do Sistema Nervoso Central Fonte: Freepik O funcionamento do cérebro varia normalmente com o envelhecimento. Na infância, a capacidade de pensar e raciocinar é maior, porém, na velhice, o funcionamento do cérebro diminui. 44 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Alterações no sistema imune Com o avanço da idade, ocorre o declínio da competência imune, ocorrendo um aumento da suscetibilidade a infecções. O sistema imunológico, aos poucos, começa a perder a sua capa- cidade de distinguir o que é e o que não é próprio do seu orga- nismo e, por consequência, os distúrbios autoimunes tornam-se mais frequentes. O idoso apresenta uma frequência aumentada de doenças infecciosas, crônicas, neoplásicas, processos inflamatórios exa- cerbados e alterações de autoimunidade. Todas essas doenças são muito influenciadas pelas alterações no sistema imunológi- co. Alterações no sistema hematológico As doenças hematológicas são aquelas que afetam o sangue e os elementos presentes no sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas, e também a medula óssea, gânglios linfáticos e baço, que são os órgãos responsáveis pela produção do sangue. A anemia é a alteração hematológica comum em toda população brasileira e mais frequente na população idosa, ela é definida como uma redução na concentração de hemoglobina (Hb) e pode ser causada por múltiplos fatores. Diferente da anemia dos adultos, a anemia em idosos não é, muitas vezes, diagnosticada, nem atribuída a um único fator,pois pode estar associada a uma série de causas como: inflamação, insuficiência renal, deficiências nutricionais. 45NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Alterações na composição corporal Com o passar do tempo, a composição corporal muda. A massa de gordura e a gordura visceral podem se elevar, enquanto a massa muscular cai. DEFINIÇÃO Sarcopenia – é o processo natural e progressivo de perda de massa muscular (músculos), característico do envelhecimento. A sarcopenia ocorre nos idosos que apresentam perda de massa muscular, da força e da funcionalidade, podendo ser prejudicial para a qualidade de vida do idoso por reduzir sua mobilidade. A redução da prática de atividade física pode acelerar a sarcopenia, porém a musculação pode diminui-la. DEFINIÇÃO Obesidade sarcopênica – é a perda de massa mus- cular em idosos obesos. Juntos, o excesso de massa corporal e a perda de massa muscular, sem a prática de atividade física, consequentemente, aceleram a sarcopenia. Nesse sentido, é interessante observar que apenas um número pequeno de idosos fazem o mínimo recomendado de atividades físicas, que devem ser de 30 minutos ou mais e por cinco ou mais dias por semana. De acordo com 46 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Centers for Disease Control and Prevention (2000), apenas 22% dos adultos com mais de 65 anos de idade relatam praticarem atividade física regular. Figura 10 – Idoso com problemas de controle de peso Fonte: Freepik SAIBA MAIS Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofunda- mento, o artigo “O processo de envelhecimento: as principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos”, acesso no QR-Code: http://www.fonovim.com.br/arquivos/534ca4b0b3855f1a4003d09b77ee4138-Modifica----es-fisiol--gicas-normais-no-sistema-nervoso-do-idoso.pdf 47NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Alterações na pele A pele é conhecida como o maior órgão do corpo humano, logo, ela não poderia ser excluída do processo de envelhecimento e de todas as suas consequências. Durante a velhice, é comum observar que a pele do ser humano vai ficando mais fina e frágil devido à diminuição da presença de colágeno no corpo, deixando-a menos elástica e mais ressecada. Esse problema pode ser potencializado nos casos de pessoas que não bebem água regularmente e na quantidade recomendada, uma vez que essa condição deixa a pele ainda mais seca e mais fácil de ser machucada, acarretando o surgimento de feridas e hematomas. Pouca água no sistema corporal causa uma certa fragilidade nos capilares, afetando diretamente a pele. Além disso, também ocasiona: • Perda da sensibilidade na pele. • Mudança nos pigmentos da pele. • Maior facilidade no surgimento de manchas. • Aparecimento de rugas. • Maior flacidez. • Entre outros. 48 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 VOCÊ SABIA? De acordo com Fries e Pereira (2011), após o indivíduo atingir 50 anos, é normal que a sua pele perca mais de 50% de sua capacidade de reposição das células de colágeno, assim como a capacidade fisiológica de outras células, sendo assim, para evitar o aparecimento de manchas, rugas e a temida flacidez, é recomendado que se faça a reposição do colágeno por meio de alimentos ou suplementos alimentares. Figura 11 – Tratamentos e cuidados com a pele Fonte: Freepik 49NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 RESUMINDO E então? Gostou do que foi apresentado? Enten- deu mesmo tudinho? Agora, só para termos cer- teza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre as mudan- ças fisiológicas durante o envelhecimento, essas mudanças envolvem alterações sensoriais como diminuição ou perda do olfato, paladar, audição e visão, alterações gastrointestinais influenciam diretamente no estado nutricional do idoso. Com o envelhecimento, no sistema cardiovascular, as artérias e as arteríolas se tornam menos elásticas e não conseguem relaxar tão rapidamente duran- te o bombeamento rítmico do coração, elevando a pressão arterial. Além disso, ocorrem alterações no sistema respiratório, com perda da retração dos pulmões e diminuição da força dos músculos respiratórios, também ocorrem alterações no sis- tema renal, hepatobiliar, sistema nervoso central, sistema imune, sistema hematológico e composi- ção corporal, todas essas alterações influenciam no estado nutricional do idoso. Vamos para o pró- ximo capítulo? 50 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Problemas comuns de saúde durante o envelhecimento OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de en- tender os problemas comuns de saúde durante o envelhecimento. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos estudar um pou- co a respeito? E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Doença ocular Com o envelhecimento, surgem diversas doenças oculares, algumas ligadas a patologias, como a retinopatia diabética, e outras ligadas à idade, como a catarata e o glaucoma. Uma das principais causas de cegueira em pessoas com mais de 65 anos é a degeneração macular relacionada com a idade (DMRI), e o resultado é a perda da visão central, porém, uma alimentação diversificada em frutas e vegetais pode ajudar a retardar ou prevenir o desenvolvimento da DMRI. Já o glaucoma é outra doença ocular que se dá devido a uma lesão no nervo óptico em razão da pressão alta ocular. Hipertensão arterial sistêmica e diabetes melito aumentam o risco de desenvolvimento de glaucoma. A catarata é uma das doenças oculares na idade avançada, ela ocorre devido a opacificação da lente natural do olho. Uma alimentação variada, rica em antioxidantes como betacaroteno, selênio, resveratrol e vitaminas C e E (laranja, abobora, cenoura, beterraba, castanha, amendoim, uva etc.), pode retardar o seu desenvolvimento. 51NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 A retinopatia diabética é outro tipo de doença ocular que afeta os idosos, e está associada à complicação do diabetes mellitus (doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue). Figura 12 – Idoso realizando exame de vista Fonte: Freepik A perda de visão pode afetar negativamente o estado nutritivo, pois os idosos com perda de visão podem apresentar dificuldades desde as compras até no preparo dos alimentos e na autoalimentação. Depressão A depressão em idosos, muitas vezes, não é diagnosticada ou é mal diagnosticada, porque os sintomas são confundidos com outras doenças, como Alzheimer e demências. Entre as pessoas idosas, a depressão pode ser resultado de outras patologias, 52 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 como doenças cardíacas, acidente vascular encefálico, diabetes melito, câncer, tristeza e estresse. Quando não cuidada, a depressão pode causar sérios efeitos colaterais, como a diminuição dos prazeres da vida, por exemplo na alimentação. A depressão pode estar associada à falta de apetite, perda de massa corporal e fadiga. Figura 13 – Principais sintomas da depressão Fonte: Elaborado pela autora (2023). É necessário um cuidado nutricional frequente, como ofe- recer alimentos ricos em nutrientes e calorias, líquidos adicio- nais, alimentos com textura modificada, se necessário, e alimen- tos favoritos nos melhores horários, nos quais as pessoas estão mais predispostas a ingerir maiores quantidades. 53NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 É importante considerar que, para muitos idosos, o início de um processo demencial do tipo Alzheimer pode se iniciar com sintomas depressivos. Além disso, destacamos que existem fatores de risco que podem desencadear ou potencializar sintomas depressivos, tais como: • Redução da renda. • Afastamento dos filhos ou da família. • Perda de parentes, amigos ou cônjuge. • Estresse. • Negligência. • Mudanças na rotina ou nos hábitos diários. • Aposentadoria. • Luto. • Perda ou redução da capacidade física. • Isolamentosocial. • Entre outros. 54 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Figura 14 – Idoso depressivo Fonte: Freepik Insuficiência familiar A insuficiência familiar é caracterizada como a perda da capacidade da família para prover os cuidados e dar todo apoio e suporte que o idoso necessita. É na família que o indivíduo busca amparo e refúgio. A família representa o local onde as pessoas aprendem sobre saúde e doença e onde a maior parte do cuidado é dada ou recebida no decorrer da vida. Consequentemente, a família tem grande potencial como aliada tanto na manutenção quanto na recuperação da saúde. Sendo assim, a saída dos filhos de casa, o afastamento do convívio social e até mesmo o afastamento devido à internação do idoso em casas de repouso podem fragilizar ainda mais a 55NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 sua saúde, aumentando o sentimento de isolamento social e de quebra da rotina, que pode acabar gerando um quadro clínico depressivo. Lesão por pressão Lesão por pressão são lesões causadas pela pressão contínua em um determinado local, que afeta o fluxo sanguíneo capilar da pele e dos tecidos. O idoso que apresenta quadros de desnutrição e subnutrição, pode apresentar demora na cicatrização das lesões. As lesões por pressão surgem principalmente sobre as proeminências ósseas e onde há diminuição de tecido adiposo, diversos fatores contribuem para a formação de lesões de pressão, porém o principal é a falta de mobilidade, incontinência urinária ou fecal, déficit cognitivo e alterações de sensibilidade. Figura 15 – Idoso acamado Fonte: Freepik 56 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 Fragilidade e “dificuldade em avançar” A “dificuldade geriátrica em avançar” inclui diversos sinto- mas, como: deficiência nas funções físicas, desnutrição, depres- são e prejuízos cognitivos, que podem levar à redução de massa magra, diminuição de apetite, nutrição deficiente, desidratação, inatividade e deficiência nas funções imunológicas. Alzheimer A doença de Alzheimer é uma doença que acontece no cérebro e está relacionada à morte das células cerebrais e à atrofia do cérebro. No início da doença, são atingidas a memória e, progressivamente, as demais funções mentais. Muitas vezes, os doentes de Alzheimer evoluem para in- capacidade de realizar tarefas simples, até mesmo o reconheci- mento dos rostos familiares, e quase sempre ficam acamados. Alzheimer é uma doença que está relacionada com a idade, afetando as pessoas com mais de 50 anos, que tem como estimativa de vida entre 2 e 15 anos. A sua causa ainda não é bem definida. 57NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 IMPORTANTE Como deve ser a alimentação de uma pessoa com Alzheimer? • Sente o doente com o tronco bem ereto e a cabeça firme. • Não converse com o idoso durante a refeição. • Dê-lhe tempo para comer tranquilamente e não o contrarie se ele quiser comer com a mão. • Ofereça pequenas porções de alimentos sóli- dos ou, se necessário, modifique a consistên- cia para alimentos amassados ou batidos. • Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastiga- ção e a deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca. • Higienize a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem para os pulmões. • Deixe o idoso sentado durante 20 minutos após a refeição. Parkinson A doença de Parkinson é um dos distúrbios do movimento que mais acomete os idosos. É caracterizada por quatro sinais tí- picos, como: tremor, rigidez, instabilidade postural e bradicinesia (lentificação de reflexos e movimentos do corpo). A doença de Parkinson é um desequilíbrio do sistema nervoso central afetando centenas de pessoas. A doença de Parkinson não é comum em pessoas com idade inferior a 30 anos, porém ela pode aparecer em qualquer idade, com o avanço da idade, os riscos aumentam. Todas as pessoas podem ser 58 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 afetadas, mas a doença está mais propensa a acometer pessoas do sexo masculino. Como deve ser alimentação de uma pessoa com Parkinson? Devido aos sintomas da doença, podem ocorrer perda de peso involuntária e dificuldades de mastigação, podendo levar até mesmo à desnutrição. São necessários cuidados nutricionais específicos para que ocorra a manutenção do peso, ingestão de quilocalorias, proteínas e vitaminas adequadas, prevenção do controle de constipação e adaptação do paciente que pode possuir problemas motores. Estudos presentes na literatura demonstram que a exclusão da carne vermelha e a suplementação de vitamina B12 na dieta de idosos com Parkinson tem efeito positivo. Doenças reumáticas São doenças e alterações funcionais que acometem o sistema musculoesquelético de causa não traumática. Há diversos tipos de doenças reumáticas, como: as doenças inflamatórias do sistema musculoesquelético, as doenças dege- nerativas das articulações periféricas, da coluna vertebral e do tecido conjuntivo e as doenças metabólicas ósseas e articulares. As mulheres com 65 anos ou mais são quem mais sofrem com as doenças reumáticas. As principais doenças reumáticas são: • Osteoartrose. • Artrites idiopáticas (com causa desconhecida) juvenis. • Raquialgias (dores na coluna vertebral). 59NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 • Espondilartropatias (doenças inflamatórias da articula- ção da coluna vertebra). • Artrite reumatoide (doença inflamatória crônica, au- toimune, que afeta as articulações). • Osteoporose (condição na qual os ossos se tornam frágeis e quebradiços). • Fibromialgia (dor e fraqueza muscular generalizada). 60 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 IMPORTANTE Como deve ser alimentação de uma pessoa com doenças reumáticas? Alimentar-se de forma saudável e reduzir ou man- ter peso adequado com a finalidade de não sobre- carregar as articulações. É necessário a redução do consumo de gorduras saturadas, trans, açúcar e farinha refinadas, pois esses alimentos pioram o estado inflamatório. O sódio aumenta o edema, então, é interessante reduzir do consumo do sódio, muito presente em: sal, temperos e condimentos artificiais, embutidos, alimentos em conserva, preparações industrializa- das. Alguns medicamentos reduzem a absorção de cálcio pelo organismo, gerando fragilidade óssea, então, dessa forma, se deve aumentar a ingestão de alimentos ricos em cálcio. É necessário elevar o consumo de alimentos com ações imunomoduladora e antioxidante, como: as vitaminas A e C (frutas cítricas e hortaliças verme- lhas, alaranjadas e verde-escuras), zinco/selênio (grãos integrais, carnes, lácteos e castanhas em geral), vitamina E (óleos de girassol, de amendoim e de soja; ovos, abacate, folhosos verde-escuros, nozes, sementes e gérmen de trigo). Os alimentos que são fonte de ômegas 3 e 9 têm importante ação anti-inflamatória (sardinha, atum, salmão, arenque, azeite extravirgem, abacate, aveia, linhaça, castanha do Brasil, nozes e avelãs). 61NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 SAIBA MAIS Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofun- damento, o artigo: “Aspectos fisiopatológicos do envelhecimento humano e quedas em idosos”, acesse no QR-Code: Problemas no sistema imunológico O sistema imunológico também acaba passando por diversas alterações durante o processo de envelhecimento do corpo humano, deixando o idoso mais fragilizado e suscetível ao desenvolvimento de doenças e problemas de saúde. Quando tratamos sobre o sistema imunológico, é importante ter em mente que ele está ligado ao timo, que é o órgão que produz e matura os linfócitos T, uma das mais importantes células do sistema imunológico e que atua diretamente na prevenção de infecções. É justamente no timo que ocorrem as mudanças durante a velhice, de forma que ele acaba reduzindo o seu tamanho com o tempo e, consequentemente, diminuindo a produção dos linfócitos T. Outro ponto que afeta o sistema imunológico são os problemasligados ao sistema digestório, uma vez que ele para https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/10124/9623 62 NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 de absorver corretamente os nutrientes e as vitaminas que auxiliam na sustentação do sistema imunológico, como é o caso da vitamina c, a qual auxilia na prevenção contra gripes e resfriados. Destacamos, ainda, que o uso exacerbado de medicamentos pode também interferir diretamente no funcionamento adequado do sistema imunológico, causando imunossenescência, ou seja, deficiências na atuação e funcionamento do sistema imunológico, facilitando o desenvolvimento de doenças, infecções e até mesmo doenças crônicas e degenerativas. A imunossenescência também está ligada ao processo natural do envelhecimento, se manifestando de forma mais visível após os 60 anos de idade. RESUMINDO E então? Gostou do que foi apresentado? Enten- deu mesmo tudinho? Agora, só para termos cer- teza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre os proble- mas comuns de saúde durante o envelhecimento. Os principais problemas de saúde são: doenças oculares, depressão, lesão por pressão, fragilidade e dificuldade em avançar, Alzheimer, Parkinson e doenças reumáticas, todas elas podem interferir diretamente no estado nutricional do idoso. 63NUTRIÇÃO E O IDOSO U ni da de 1 RE FE RÊ N CI A SBRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderneta da pessoa idosa. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: https:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_pessoa_ idosa_5ed.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019. CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Promoting better health for young people through the physical activity and sports: a report to the president from the secretary of heal than human services and the secretary of education. [S.l.]: ERIC, 2000. Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/ ED447132.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019. FLORENTINO A. M. Influência dos fatores econômicos, sociais e psicológicos no estado nutricional do idoso. In: FRANK, A. A.; SOARES, E. A. Nutrição no envelhecer. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 3-11. FRIES, A. T.; PEREIRA, D. C. Teorias do envelhecimento humano. Revista Contexto & Saúde, Ijuí, v. 11, n. 20, p. 507–514, 2013. Dis- ponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contex- toesaude/article/view/1571. Acesso em: 27 abr. 2023. https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1571 https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1571 Teorias do envelhecimento Envelhecimento Teoria dos radicais livres Teoria genética Teoria da taxa metabólica Teoria do erro Teoria de programa Fatores de risco e o estado nutricional do idoso Fatores socioeconômicos Fatores psicossociais Alterações fisiológicas Efeitos secundários a medicamentos Medicamentos versus alimentos Importância da nutrição na velhice Mudanças fisiológicas durante o envelhecimento Alterações sensoriais Alterações gastrointestinais Alterações no sistema cardiovascular Alterações no sistema respiratório Alterações no sistema renal Alterações no sistema hepatobiliar Alterações no sistema nervoso central Alterações no sistema imune Alterações no sistema hematológico Alterações na composição corporal Alterações na pele Problemas comuns de saúde durante o envelhecimento Doença ocular Depressão Insuficiência familiar Lesão por pressão Fragilidade e “dificuldade em avançar” Alzheimer Parkinson Doenças reumáticas Problemas no sistema imunológico