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CAPÍTULO 2

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CAPÍTULO 2 
 
Direito do Trabalho: Conceito, Características, Divisão, Natureza, Funções e 
Autonomia. 
 
 
1. Direito do Trabalho: 
 
1.1 Conceito 
 
Conceituar, definir algo é, antes de tudo, enunciar as suas propriedades específicas, 
apontar os seus elementos. Nesse sentido, a depender da ênfase que se dê a um dos 
elementos do Direito do Trabalho, teremos definições objetivas, subjetivas ou mistas. 
 
As definições subjetivas enfocam os sujeitos das relações trabalhistas1. Realça a 
condição do empregado como a parte hipossuficiente na relação jurídica de emprego, o 
que nem sempre é verdade. 
 
As definições objetivas dão destaque ao objeto do contrato de trabalho (a prestação do 
trabalho subordinado) e ao conteúdo desse ramo jurídico (princípios, regras e 
institutos).2 
 
Ambas as definições são criticadas por não representar de forma adequada a amplitude 
do Direito do Trabalho3. 
 
A definição mista busca conjugar, em um mesmo conceito, os enfoques objetivo e 
subjetivo. Combinando os sujeitos do contrato de trabalho com o conteúdo objetivo das 
relações jurídicas reguladas por esse ramo jurídico4. 
 
1 Definições subjetivas: “o sistema jurídico de proteção aos economicamente fracos”; “o Direito do 
Trabalho é o direito especial de um determinado grupo de pessoas, que se caracteriza pela classe de sua 
atividade lucrativa [...] é o direito especial dos trabalhadores [...] O Direito do Trabalho se determina pelo 
círculo de pessoas que fazem parte do mesmo” (HUECK, Alfred; NIPPERDEY, H. C. Apud DELGADO, 
Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 50.). 
2 Definição objetiva: “conjunto de princípios e normas jurídicas que regem a prestação de trabalho 
subordinado ou a ele similar, bem como as relações e os riscos que dela se originam” (DONATO, 
Messias Pereira. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 1979, p. 4 -5.). 
3 O enfoque subjetivo peca por não observar o caráter expansionista desse ramo jurídico, uma vez que não 
regula apenas a relação que envolve empregado (v.g. avulsos). Já a ênfase objetiva, pode enfraquecer 
característica protetora desse ramo especializado (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do 
Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 51). 
 
As concepções mistas são mais aptas a definir o Direito do Trabalho, pois o representa 
na sua inteireza. Acreditamos que a melhor forma de definir algo, principalmente um 
ramo jurídico, é conjugar no conceito: a natureza jurídica, os seus elementos e a sua 
função. Podemos, assim, definir o Direito do Trabalho como um ramo jurídico do 
Direito Privado, composto por normas, regras e institutos jurídicos que regulam a 
relação empregatícia de trabalho e outras relações especificadas em lei. 
 
Pretendendo ser mais completo, poderíamos conceituar o Direito Material do Trabalho – 
composto do Direito Individual e o Direito Coletivo, uma vez o mesmo é denominado 
simplesmente de Direito do Trabalho, no sentido lato - como o complexo de princípios, 
regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras 
relações normativas especificadas, englobando, também, os institutos, regras e 
princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores 
de serviço, em especial através de suas associações coletivas.5 
 
 
2. DENOMINAÇÃO 
 
A denominação Direito do Trabalho é consagrada pela doutrina, jurisprudência e 
legislação. No entanto, o ramo jurídico em tela, nem sempre foi cognominado de 
Direito do Trabalho. Recebeu diferentes nomes desde o seu surgimento, sendo os 
principais: Direito Industrial, Direito Operário, Direito Sindical, Direito Corporativo e 
Direito Social. 
 
A expressão Direito Industrial é influenciada pelo fato histórico do Direito do Trabalho 
ter surgido no período da Revolução Industrial. Peca pelo seu caráter restritivo e 
ampliativo. Apesar de parecer paradoxal, ao mesmo tempo em que se mostra 
excessivamente amplo, uma vez que engloba outros ramos jurídicos como, por 
exemplo, Direito Empresarial e Direito Tributário, o mesmo é incapaz de captar todo o 
conteúdo do Direito do Trabalho, já que as relações trabalhistas vão muito além do 
 
4 Definição mista: “conjunto de princípios e normas jurídicas que regulam as relações jurídicas oriundas 
da prestação de serviço subordinado e outros aspectos deste último, como conseqüência da situação 
econômico-social das pessoas que o exercem” (MORAES FILHO, Evaristo de. Introdução ao Direito do 
Trabalho. São Paulo: LTr, 1971, p. 17.). 
5 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 52. 
estrito segmento industrial, abrangendo, também, ilustrativamente, os setores terciários 
e primários da economia6. 
 
O designativo Direito Operário é, do mesmo modo que a expressão Direito Industrial, 
fruto da influência do momento histórico em que surgiu o Direito Laboral. Peca por ser 
restritivo, reduzindo esse ramo ao seu segmento inicial. A sua esfera normativa vai 
muito mais além dos operários, abrange trabalhadores de outros segmentos como do 
comércio, agricultura, etc. 
 
A terminologia Direito Sindical, assim como as supramencionadas, é inadequada. 
“Impressionada pela importância das organizações coletivas obreiras [...], a expressão 
veio reduzir toda a complexidade do fenômeno do Direito do Trabalho (inclusive do 
Direito individual do Trabalho) ao papel cumprido por um dos agentes de construção e 
dinamização desse ramo jurídico”. A inadequação desse terceiro nome é ainda mais 
clara “quando se percebe que, mesmo nos modelos mais autoritários de gestão 
trabalhista (onde o sindicato não cumpre papel de destaque), continua a existir um 
complexo de regras, institutos e princípios justrabalhistas regendo as relações de 
emprego na sociedade respectiva”.7 
 
O designativo Direito Corporativo foi muito difundido nos sistemas jurídicos 
autoritários, em especial no fascismo italiano. Abrangia apenas as relações coletivas e 
deixava à margem as relações individuais, não prosperando. 
 
O termo Direito Social, cujo maior defensor no Brasil foi Cesarino Júnior, não se 
consagrou no ordenamento jurídico brasileiro. Criticado pela sua amplitude, uma vez 
que todo ramo jurídico é social8, seus defensores argumentavam que o ramo jurídico em 
questão possui um conteúdo social superior aos demais. Apesar do argumento utilizado, 
a denominação Direito Social não é adequada, pois outros ramos possuem carga social 
 
6 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 52-53. 
7 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 53-54. 
8“O nome ‘Direito social’ parece-nos inaceitável, por ser demasiado vago e prestar-se à conclusão 
absurda de que haja direito sem substrato social. Tal objeção é reconhecida, ainda que repelida, pelo 
próprio Cesarino Júnior, quando confessa que ‘só há direito em sociedade; Ubi societas, ibi jus’” 
(PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2003, p. 
53.). 
igual ou superior ao Direito do Trabalho, não servindo esta singularidade para 
caracterizá-lo. 
 
Direito do Trabalho é denominação mais adequada, dentre as citadas, para representar o 
ramo jurídico especializado em estudo. Foi a adotada em diversos paises como a França 
(Droit du travail), Itália (Diritto del Lavoro), Espanha (Derecho del trabajo). Apesar da 
consolidação na doutrina, jurisprudência e ordenamento jurídico brasileiro,o termo 
Direito do Trabalho é criticado pela sua abrangência, considerando que tal Direito na 
protege todos os trabalhadores, mas sim, apenas os empregados. Nesse sentido, os 
críticos defendem a expressão Direito Empregatício. 
 
Todavia, diante da tendência expansionista do Direito do Trabalho, a crítica 
supramencionada não mais persiste, pois as normas trabalhistas vêm abarcando diversas 
categorias de trabalhadores que não podem ser caracterizados como empregados (v.g 
avulsos). Acreditamos, que futuro bem próximo, o Direito trabalho regulará todas as 
relações de trabalho (subordinados juridicamente, dependentes economicamente e os 
não subordinados), uma vez que o primeiro passo já foi dado com a EC 45/2004. 
 
 
3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO 
 
 
O Direito do trabalho possui alguns traços individualizadores que tornam peculiar este 
ramo jurídico especializado. Entre eles, podemos citar: a) a tendência expansionista; b) 
caráter reivindicatório; c) o cunho intervencionista; d) o caráter cosmopolita; e) o fato 
de seus institutos jurídicos mais típicos serem de ordem coletiva ou socializante; f) o 
fato de ser um direito em transição9. 
 
A doutrina estrangeira acrescenta às características mencionadas, o fato das normas 
trabalhistas serem limitativas da autonomia da vontade no contrato de trabalho e de 
terem como objetivo principal a tutela do economicamente hipossuficiente. 
 
 
9 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 87. 
Francisco Meton Marques de Lima elenca como características do Direito do Trabalho a 
socialidade, imperatividade, protecionismo, coletivismo, justiça social e distribuição da 
riqueza10. 
 
A tendência à ampliação (in fieri) do Direito do Trabalho se dá, não só no tocante à 
extensão pessoal, como também no plano da intensidade. O Direito do Trabalho, apesar 
de centrado no trabalho subordinado, vem incluindo em seu âmbito um número cada 
vez maior de pessoas11 antes ausentes de sua esfera normativa (extensão pessoal), como 
também, vem aumentando os benefícios e vantagens em favor do trabalhador, 
desempenhado a CF/8812 um grande papel na criação desses novos direitos e institutos 
(extensão da intensidade). 
 
O Direito do Trabalho é um ramo tuitivo, composto por normas de proteção dos 
trabalhadores subordinados, objetivando igualar, por intermédio do direito, os 
economicamente desiguais. Essa rede de proteção derivou, inicialmente, das lutas de 
classe (caráter reivindicatório), e posteriormente, da postura ativa do Estado legislador 
(cunho intervencionista). 
 
Possui, também, caráter cosmopolita, uma vez que há uma preocupação em harmonizar 
a legislação nacional com as legislações laborais existentes no plano internacional. E 
para isso é necessário: 
 
[...] estender as obrigações correspondentes a todas as nações, com o objetivo 
de assegurar uma concorrência mais justa no mercado internacional, 
impedindo que sejam comercializados produtos por preços mais baixos, com 
o sacrifício dos trabalhadores, cuja mão-de-obra seria remunerada com 
valores aviltantes. Esse caráter cosmopolita do Direito do Trabalho encontra-
 
10 LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de direito do trabalho e processo trabalhista. São 
Paulo: LTr, 2004, p. 28. 
11 Os avulsos, ao equipará-los com os empregados (art. 7, XXXIV da CF/88); os artífices, ao atribuir 
competência à Justiça do Trabalho para dirimir os conflitos decorrentes do contrato de empreitada (art. 
652, III, a, da CLT); os rurículas, ao equipará-los com os empregados urbanos. Podemos até apontar a EC 
45/2004 como indício dessa expansão que a por vir no campo trabalhista, uma vez que os tribunais já 
vêm, através de suas decisões, ampliando a competência da Justiça do Trabalho. O STF entendeu que a 
Justiça do Trabalho é competente para, por exemplo, examinar questões de acidente de trabalho. Ao 
nosso entender, o STF equivocou-se ao conceder a liminar na ADIn 3.395/6 DF, suspendendo qualquer 
interpretação do inc. I, do art. 114 da CF/88, que inclua na competência da justiça Trabalho as causa entre 
o Poder Público e seus servidores a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter 
jurídico-administrativo. Embora a relação de trabalho do servidor estatutário seja institucional e não 
contratual, entendermos que ser da competência da Justiça laboral julgar estas questões. 
12 V.g : o adicional de penosidade, a licença-paternidade, a proteção contra automação (art. 7, XXIII, XIX 
e XXVII) 
se refletidos no art. 427 do Tratado de Versalhes, de 1919, e na ação dos 
organismos internacionais, inclusive da OIT.13 
 
O Direito do Trabalho é singularizado pela origem e por seus institutos tipicamente 
coletivos, tais como: greve, os instrumentos de negociação coletiva (convenção e acordo 
coletivo) e entes sindicais. 
 
Por derradeiro, podemos afirmar que o ramo jurídico em análise é caracterizado por ser 
um direito em transição, pois a ele cabe realizar “a reforma social sem sobre saltos, nem 
alterações bruscas nas atuais posições na vida econômica”14, nos dizeres de Evaristo de 
Moraes Filho. 
 
 
4. FUNÇÕES 
 
 
Todo Direito é finalístico na proporção que incorpora e realiza um conjunto valores 
socialmente considerados importantes. O Direito do Trabalho não é diferente, destaca-se 
por conter princípios, regras e institutos que buscam a melhoria das condições de 
contratação da força de trabalho. 
 
Nesse sentido, a função principal do Direito Laboral é a busca pela melhoria das 
condições de contratação da força de trabalho, tanto na óptica individualista com na 
coletiva. 
 
Além desta função central, Maurício Godinho Delgado15 apresenta como funções do 
ramo juslaboral a: função progressista e modernizante; função civilizatória e 
democrática básica; função política conservadora. 
 
A primeira refere-se à generalização das conquistas e direitos, alcançados pelos 
segmentos mais avançados, a toda coletividade de trabalhadores. O Direito do Trabalho 
está sempre buscando um avanço da tutela laboral, adaptando-se a realidade moderna. 
 
 
13 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 91. 
14 MORAES FILHO, Evaristo de. Introdução ao Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1971, p.31. 
15 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 58-61 
O ramo jurídico em tela possui, também, uma função civilizatória e democratizante, 
uma vez que é um dos instrumentos mais relevantes de inserção na sociedade 
econômica de parte significativa dos segmentos sociais despossuídos de riqueza 
material acumulada, e que, por isso mesmo, vivem essencialmente de seu próprio 
trabalho16. O contrato de trabalho, por intermédio do emprego formal, viabiliza aos 
trabalhadores toda uma proteção social e econômica. 
 
Outra função peculiar do Direito do Trabalho é a política conservadora. Esta existe na 
medida em que esse ramo jurídico especializado confere legitimidade política e cultural 
à relação de produção básica da sociedade contemporânea. O reconhecimento desta 
função, entretanto, não impede que o Direito do Trabalho busque a elevação do patamar 
civilizatório mínimo dos empregados.17 
 
Para Alice Monteiro de Barros, as funções do Direito do Trabalho são: tutelar, 
econômica, conservadora e coordenadora. 
 
A função de tutela dá-se em relação ao trabalhador, dada a sua condição de 
hipossuficiente. Outros sustentam que sua função é econômica, tendo em 
mira a realização de valores; por conseguinte, todas as vantagensatribuídas 
ao empregado deverão ser precedidas de um suporte econômico. Em 
oposição a esta vertente, há quem diga que o Direito do Trabalho visa a 
realização de valores sociais, não econômicos, com o objetivo de preservar 
um valor universal, que a dignidade humana. 
 
Há, ainda, os que atribuem ao Direito do Trabalho uma função conservadora. 
Afirmam que ele é um meio utilizado pelo Estado para sufocar os 
movimentos operários reivindicatórios. Sustenta outra linha de pensadores 
que o Direito do Trabalho possui uma função coordenadora, na medida em 
que coordena os interesses entre o capital e trabalho.18 
 
 
Podemos, ainda, elencar como funções do Direito do Trabalho a promoção da: paz 
social, evitando os conflitos entre empregados e empregadores; das condições de 
liberdade e dignidade do trabalhador; e a igualdade de condições. Todas estas previstas 
no preâmbulo da Constituição as OIT19. 
 
 
5. Relação do Direito do Trabalho com os outros ramos jurídicos. 
 
16DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 60-61. 
17 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 61. 
18 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p.93. 
19 CAIRO JÚNIOR, José. Curso de Direito do Trabalho: Direito individual e coletivo do trabalho. 
Salvador: Juspodivm, 2008, p. 46 
 
 
É importante iniciarmos este tópico salientando que o Direito é uno. A sua divisão em 
“ramos” se dá apenas para facilitar o seu estudo. Nesse sentido, podemos utilizar da 
notória metáfora da árvore, para explicar a relação entre o Direito do Trabalho e os 
demais ramos jurídicos. O Direito é como uma árvore jurídica, na qual, entre seus 
galhos, existem vasos comunicantes. Todos são nutridos da mesma seiva, bem como 
trocam substâncias. 
 
O Direito do Trabalho possui relações com outros ramos jurídicos, tais como: 
 
a) Direito Civil: o Direito do Trabalho é oriundo do Direito Civil. O contrato de 
trabalho, categoria jurídica básica deste ramo, descende do contrato de locação 
de serviços civilista. Se não bastasse, todo o arcabouço civil da capacidade 
jurídica, da responsabilidade civil, da nulidade dos atos jurídicos foi absorvido 
pelo Direito Laboral, realizadas as devidas e necessárias adaptações setoriais. 
 
A mais eloqüente mostra da relação intima entre esses dois ramos se evidencia, 
com a aplicação supletiva do direito comum, naquilo que não for incompatível 
com os princípios fundamentais do Direito do Trabalho (art. 8º, parágrafo único 
da CLT). 
 
b) Direito Empresarial: possui relação com o Direito empresarial, no que se refere 
aos conceitos de representante comercial, empresa, estabelecimento e em relação 
aos efeitos da falência e da recuperação judicial ou extrajudicial. Ressalte-se 
também que, o Direito empresarial pode ser considerado como Direito Comum, 
e, consequentemente, aplicado supletivamente (art. 8º, parágrafo único da CLT). 
 
c) Direito Constitucional: o Direito Constitucional possui uma íntima relação com 
os demais ramos jurídicos. Com o Direito do Trabalho não é diferente. A 
interpretação das normas trabalhistas tem que tomar por base as normas 
constitucionais. Se não bastasse para configurar a íntima relação entre estes 
ramos jurídicos, a CF/88 possuiu relevante papel no aumento das garantia e dos 
direitos laborais (Direito Individual do Trabalho, art. 7º da CF/88 / Direito 
Coletivo do Trabalho, art. 8º e 9º da CF/88). 
 
d) Direito Administrativo: a fiscalização pelo Estado do cumprimento das normas 
trabalhistas, o poder de direção e disciplinar do empregador, a hierarquia 
empresarial, a estabilidade no emprego são influências do Direito 
Administrativo. A relação entre estes ramos jurídicos é tão grande que há 
doutrinadores que afirmam existir o Direito Administrativo do Trabalho20. 
 
e) Direito Processual do Trabalho: existe uma estreita relação entre o Direito 
Material do Trabalho e o Direito Processual Trabalho. O processo do trabalho 
 
20 José Augusto Rodrigues Pinto. 
viabiliza o exercício do direito material do trabalho. Efetiva as regras aplicáveis 
à lide. 
 
Os princípios de direito material acabam integrando o conteúdo das normas 
processuais. No entanto, é interessante analisar se o princípio protetor é aplicado 
no processo trabalhista, e caso afirmativo, qual o seu alcance. Este estudo será 
feito em item próprio (capítulo dos princípios). 
 
f) Direito Processual Civil: O Direito Processual Civil possui relação com o 
Direito do Trabalho, pois na ausência de norma processual trabalhista para 
instrumentalizar o exercício das regras de direito material, aplica-se o direito 
processual comum (CPC, CDC [...]), art. 769 da CLT. 
 
g) Direito Penal: Os conceitos de dolo e culpa são valiosos à aplicação do art. 462 
da CLT, alusivos aos descontos no salário do empregado por dano ocasionado 
ao empregador; o estudo das contravenções penais, pois se o objeto da contrato 
de trabalho for uma contravenção penal, o ajuste será nulo; o sistema de sanções 
penais, livramento condicional, anistia possuem reflexos na cessação do pacto 
laboral; os crimes contra a organização do trabalho, crimes contra a honra e o 
patrimônio são importantes para a configuração da justa causa. Percebe-se, a 
nítida relação entre do Direito Penal e o Direito do Trabalho21. 
 
h) Direito Internacional: O Direito internacional e o Direito do Trabalho estão 
relacionados face o caráter cosmopolita deste último. As convenções quando 
ratificadas passam a integrar o ordenamento jurídico interno, uniformizando a 
legislação mundial. 
 
i) Direitos Humanos: O Direito do Trabalho possui uma intima relação com os 
Direitos Humanos, em especial com os de segunda dimensão22 (Karel Vazak). 
Chegam a dizer que o ramo trabalhista derivou dos Direitos Humanos, uma vez 
que buscou limitar a exploração e garantir a dignidade da pessoa humana. 
 
Algumas normas trabalhistas são categorizadas como direitos fundamentais 
sociais, possuindo eficácia imediata, vinculante, vertical e horizontal. 
 
 
Além da estreita relação existente entre o Direito do Trabalho e os demais ramos 
jurídicos (previdenciário, tributário, econômico, etc), não podemos esquecer que o 
 
21 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 94. 
22 Prefere-se o termo dimensão, pois passa uma concepção de complementaridade, e não de alternância , 
como fornecia a expressão gerações. Didaticamente, há três dimensões. A primeira consagra os direitos 
subjetivos naturais (civis e políticos), ou seja, a dimensão negativa dos direitos fundamentais, devendo o 
Estado de abster de interferir na conduta dos indivíduos. A segunda dimensão consagra os direitos sociais, 
envolvendo uma prestação positiva do Estado para garantir tais Direitos. Foi nesse momento em que 
surge o Direito do Trabalho, como resposta à questão social. A terceira dimensão refere-se aos direitos de 
solidariedade, pertinentes ao desenvolvimento, ao patrimônio comum da humanidade, à autodeterminação 
dos povos, à paz, ao meio ambiente [...], ou seja, aos direitos transindividuais. Alguns autores, ainda 
acrescentam a quarta dimensão, referente aos direitos ligados à biogenética e ao patrimônio genético, 
participação democrática, à informação e ao pluralismo. 
 
mesmo se relaciona com outras ciências, tais como: sociologia, economia, 
contabilidade, administração de empresas, contabilidade, estatística, medicina, 
psicologia e filosofia do trabalho. 
 
6. Divisão interna do Direito do Trabalho 
 
A doutrina trabalhista divide o ramo em tela de diversas formas. 
 
Háaqueles (v.g. Francisco Meton Marques de Lima23) que fracionam esse ramo 
especializado em vários segmentos: a) Direito Individual; b) Direito Coletivo; c) Direito 
Administrativo do Trabalho; d) Direito Internacional do Trabalho; e) Direito Processual 
do Trabalho. 
 
Outros são mais moderados (v.g. José Augusto Rodrigues Pinto24), dividem o Direito do 
Trabalho em três sub-ramos: a) Direito Individual; b) Direito Sindical e Coletivo; c) 
Direito Administrativo do Trabalho. 
 
Existem, também, autores (v.g. Alice Monteiro de Barros25) que adotam uma divisão 
concisa, defendendo que o ramo em questão é composto apenas pelo Direito do 
Individual e Coletivo do Trabalho. Acompanhamos o entendimento desses professores, 
pois acreditamos os demais sub-ramos propostos não passam de influências dos demais 
ramos jurídicos. 
 
O Direito Individual do Trabalho é constituído de normas, princípios e institutos que 
regulam a relações de trabalho subordinado e as previstas na legislação trabalhista. 
Pressupõe uma relação entre sujeitos de direito, considerando os interesses concretos de 
indivíduos determinados. 
 
Já o Direito Coletivo é composto de normas, princípios e institutos jurídicos referentes à 
organização e atuação dos entes coletivos, bem como as relações de interesse coletivo 
 
23 LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de direito do trabalho e processo trabalhista. São 
Paulo: LTr, 2004, p. 28-29. 
24 PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2003, p. 
54. 
25 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 87. 
estabelecidas através delas. Este segmento pressupõe uma relação entre sujeitos de 
direito, considerando os interesses abstratos do grupo. 
 
 
7. AUTONOMIA 
 
 
Hoje já não se discute a autonomia do Direito do Trabalho. O mesmo é um ramo 
jurídico autônomo que se desgarrou do Direito Civil no momento em que as suas regras, 
princípios e instituições já não se compatibilizavam com a legislação civilista. 
 
Autonomia (do grego auto, próprio, e nome, regra), no Direito, traduz a qualidade 
atingida por determinado ramo jurídico de ter enfoques, princípios, regras e condutas 
metodológicas de estruturação e dinâmica próprias26. Nesse sentido, quais são os 
requisitos para que um ramo jurídico a adquira? 
 
No entender Alfredo Rocco, para que um ramo jurídico alcance efetiva autonomia, é 
necessário possuir três requisitos: a) campo temático vasto e específico a ponto de 
merecer um estudo particular; b) doutrinas homogêneas presididas por conceitos gerais 
comuns, distintos dos de outros ramos do Direito; c) método próprio. 
 
Com base nestes requisitos27, os doutrinadores trabalhistas, apontam como fases da 
autonomia do Direito do Trabalho: 
 
a) Fase da autonomia cientifica. 
 
 
26 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 66. 
27 O Direito do Trabalho, cotejado com o conjunto desses quatro requisitos à conquista de sua autonomia, 
atende largamente ao desafio proposto. De fato são obvias e marcantes a vastidão e especificidade do 
campo temático desse ramo jurídico. Basta enfatizar que a relação trabalhista – jamais foi objeto de 
teorização e normatização em qualquer época histórica, antes da moderna sociedade industrial capitalista. 
Basta aduzir, ainda, institutos como negociação coletiva e greve, além de temas como duração de 
trabalho, salário, com sua natureza e efeitos próprios, poder empregatício, além de diversos outros 
assuntos, para auferir–se a larga extensão das temáticas próprias ao Direito do Trabalho. [...] É amplo 
também o número de teorias específicas e distintivas do ramo justrabalhista. Ressaltem-se, 
ilustrativamente as teorias de nulidades e de hierarquia das normas jurídicas – ambas profundamente 
distantes das linhas gerais hegemônicas na teorização do Direito Civil (ou Direito Comum). [...] É 
também clara a existência de metodologia e métodos próprios ao ramo jurídicos especializados do 
trabalho. Nesse passo, a particularidade justrabalhista é tão profunda que o Direito do Trabalho destaca-se 
pela circunstância de possuir até mesmo métodos próprios de criação jurídica, de geração da própria 
normatividade trabalhista. É o que se ressalta, por exemplo, através dos importantes mecanismos de 
negociação coletiva existente. (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São 
Paulo: LTr, 2004, p. 67-68.). 
Cada novo ramo do Direito tem a sua gestação dentro de um já existente. Quando os 
princípios e doutrina específica ganham densidade suficiente para serem identificados, o 
ramo jurídico ganho atingiu o primeiro estágio: a da autonomia cientifica e doutrinária. 
 
Com o Direito do Trabalho não foi diferente, os fatos econômicos e sociais existentes ao 
tempo da Revolução Industrial possibilitaram o surgimento de princípios e doutrina 
específica trabalhista, bem diferentes aos existentes no Direito Civil. Os princípios 
próprios do Direito Laboral28, juntamente com uma doutrina especializada29 e com os 
institutos peculiares30 deste ramo, permitem afirmarmos que o mesmo possui autonomia 
científica. 
 
b) Fase da autonomia legislativa 
 
O direito positivo deve refletir a realidade. Nesse sentido, diante de mudanças sociais, 
econômicas e de um novo lastro doutrinário, as normas trabalhistas surgiram como uma 
resposta à necessidade socialmente sentida, facilitada pelo intervencionismo Estatal. 
 
A autonomia legislativa do Direito do Trabalho é visível tanto nos planos internacional 
e constitucional quanto no plano infraconstitucional. As convenções internacionais do 
OIT, a CF/88 e a CLT são exemplos da abundancia e autonomia da legislação 
trabalhista. 
 
c) Fase da autonomia didática 
 
Após ultrapassar os estágios de autonomia científica e legislativa, o Direito do Trabalho 
alcançou a autonomia didática. Passou a ser objeto de estudo sistemático nos dos cursos 
de Direito, em todas as faculdades brasileiras.31 
 
 
28 O princípio protetor, o da irrenunciabilidade, continuidade da relação de emprego, dentre outros. 
29 Várias obras de fôlego que são encontradas em nosso pais que tratam da matéria em comentário. Basta 
lembrar as obras de José Martins Catharino, Cesarino Jr., Amauri Mascaro Nascimento, Octávio Bueno 
Magano, Orlando Gomes, Manoel Afonso Olea, Mário de La Cueva, Américo Plá Rodriguez, dentre 
outros. 
30 V.g: greve, descanso semanal remunerado, FGTS, empregado, empregador. 
31 No que diz respeito ao desenvolvimento didático, todas as faculdades de Direito têm pelo menos em 
um ou dois semestres a matérias Direito do Trabalho. Nas faculdades de Ciências Econômicas, 
Administrativas, Contábeis e Sociais e até nas de Engenharia há uma cadeira denominada Legislação 
Social, em que a matéria efetivamente lecionada é o Direito do Trabalho, mas não fizeram a devida 
modificação na nomenclatura da disciplina. (MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: 
Atlas, 2004, p. 55.). 
Vale ressaltar que a fase da autonomia científica não se confunde com o estágio da 
autonomia didática. Enquanto a primeira está preocupada com a criação de normas, 
teorias, institutos e doutrinas específicas do Direito do Trabalho, a segunda se ocupa em 
difundir e estudar o que já foi criado na fase da autonomia científica, habilitando os 
estudiosos na investigação deste novo ramo jurídico. É um estágio complementar do 
processo da autonomia científica, implicando na difusão sistemática dos princípios e da 
teoria criados. 
 
Há, ainda, entendimentos no sentido de se acrescentar às fasessupramencionadas um 
quarto estágio, denominado de autonomia judiciária. Para os seus defensores, a 
existência de uma justiça especializa e autônoma é indispensável para configurar a 
autonomia do Direito do Trabalho. 
 
Acreditamos que esta fase é dispensável, pois existem ramos jurídicos autônomos sem 
uma Justiça especializada (v.g previdenciário), como também, há países em que o 
Direito do Trabalho é autônomo sem mesmo possuir uma Justiça especializada em 
causas trabalhistas. 
 
Diante do exposto reafirmamos o que foi dito no primeiro parágrafo deste item: “Hoje já 
não se discute a autonomia do Direito do Trabalho. O mesmo é um ramo jurídico 
autônomo [...]” 
 
 
8. NATUREZA JURÍDCA 
 
Muito se discutiu acerca da taxionomia do Direito do Trabalho, se o mesmo se enquadra 
no segmento de Direito Público ou de Direito Privado. Em função deste debate, 
surgiram cinco teorias que tentam explicar a natureza jurídica do Direito Laboral. 
 
A primeira teoria defende que o ramo juslaboral enquadra-se no Direito Público, não só 
pelo fato de possuírem normas de natureza administrativa de fiscalização, mas também 
por ser composto por normas protetivas, imperativas, de ordem pública que atribuem 
aos trabalhadores direitos irrenunciáveis. Alguns autores argumentam, ainda, que a 
empresa é uma instituição, tendo, portanto, as relações com seus empregados natureza 
pública, equiparando-as às normas de natureza administrativa, como as que regem o 
Estado-Administração e os funcionários públicos. 
 
Os argumentos mencionados são afastados pelos seus opositores, asseverando que estas 
normas de fiscalização são meramente instrumentais, já as normas imperativas 
trabalhistas não se diferem das demais normas cogentes existentes nos demais ramos do 
direito privado. 
 
A segunda teoria considera que o Direito do Trabalho é pertencente ao segmento do 
Direito Privado. Afirmam que o ramo em questão teve origem do Direito Civil, ramo do 
Direito Privado, sendo o contrato de trabalho uma evolução da locação de serviço. 
Asseveram, ainda, que os sujeitos do contrato de trabalho e os interesses contidos no 
mesmo são de ordem privada. No âmbito do Direito coletivo do trabalho, afirmam que o 
princípio da liberdade sindical (art. 8, I, da CF/88), vedando a interferência do Estado na 
organização sindical reforça a natureza privada do Direito do Trabalho. 
 
Há aqueles que defendem que ramo jurídico em estudo trata-se de um Direito Misto, 
permeado tanto de normas nas quais prevalece o interesse público quanto de regras nas 
quais impera o interesse particular. 
 
Não resta dúvida que a afirmativa acima é verdadeira, mas a mesma não nos permite 
dizer que o Direito do Trabalho possui natureza jurídica de Direito Público e de Direito 
Privado ao mesmo tempo. Da mesma forma que não se pode afirmar que algo é coisa e 
pessoa ao mesmo tempo, não é possível asseverar que o Direito Laboral é um Direito 
Misto. O que deve ser analisado é seu conjunto, observando quais os interesses e 
sujeitos predominantes. E neste caso, não resta dúvida que os sujeitos particulares e 
normas de conteúdo privado prevalecem no âmbito deste ramo especializado. 
 
A quarta teoria defende que o Direito Laboral integra um terceiro gênero (tertium 
genus), denominado de Direito Social. Seu grande defensor foi Cesarino Júnior. O 
Direito Laboral seria destinado a amparar os hipossuficientes, os economicamente 
desprotegidos na relação de trabalho (os empregados), predominando assim o interesse 
social. Para ele, o interesse coletivo da sociedade prepondera sobre o interesse privado 
dos empregadores. 
 
A crítica feita a esta teoria (já exposta em tópico anterior) é no sentido que não se pode 
atribuir apenas a alguns ramos jurídicos a natureza de Direito Social, uma vez que todas 
as normas possuem conteúdo social. O Direito é social, é feito para a sociedade, não se 
justificando que a criação dessa nova categoria, na qual querem enquadrar o Direito do 
Trabalho. Apesar de a crítica ser adequada, devemos deixar bem claro que o ramo em 
tela não deixa de ser social, pois ele está inserido na ciência do Direito, a qual inexiste 
sem sociedade. 
 
Existe uma quinta corrente teórica, a qual defende que Direito do Trabalho é um ser 
unitário. Evaristo de Moraes Filho acredita que o Direito do Trabalho é um Direito 
unitário, oriundo da fusão do Direito Público e Direito Privado, formando um todo 
orgânico, uma substancia nova. Diferente da Teoria do Direito Misto, na qual as normas 
de Direito Privado e de Direito Público não se fundem, apenas coexistindo, para Teoria 
do Direito Unitário o que ocorre é uma fusão dessas normas dando origem a uma 
terceira realidade, distinta e nova em relação às anteriores32. 
 
Esta teoria abarca as críticas feitas às duas anteriores (Direito Misto e Direito Social), 
uma vez que incorre nos mesmos erros. 
 
Após o exposto, é importante frisar que a maioria da doutrina e jurisprudência 
trabalhista entende que o Direito do Trabalho possui natureza jurídica de Direito 
Privado, analisando a preponderância dos interesses tutelados e dos sujeitos envolvidos. 
Para efeito de concurso, este também tem sido o entendimento prevalecente. 
 
 
32 MORAES FILHO, Evaristo de Apud MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 
2004, p. 59.

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