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CAPÍTULO 3 Fontes formais do Direito do Trabalho. Conceito, classificação e hierarquia. Conflitos e suas soluções. 1. Fontes do Direito do Trabalho: 1.1 Conceito: A palavra fonte é plurissignificativa. No Direito, adotou-se o significado similar ao etimológico: é o manancial, de onde origina as normas jurídicas, seja regra ou princípio. Entende-se por fonte do Direito do Trabalho, como tudo aquilo que faz surgir, originar normas jurídicas trabalhistas. Ressalta-se que para ser considerada fonte do Direito do Trabalho, é necessário prover institutos com características de ato-regra, ou seja, ser geral e cogente. 1.2 Classificação: Há dificuldade em sistematizar e expor as classificações das fontes do Direito do Trabalho. Não só pela diversidade de terminologias adotadas, como também pela pluralidade de classificações existentes1. A mais utilizada é a que classifica as fontes em formais e materiais. As fontes materiais referem-se a um conjunto de fatores econômicos, sociais, políticos e filosóficos que influenciam na criação das normas laborais2 (fatores imateriais). Já as fontes formais são mecanismos de exteriorização e materialização do Direito do Trabalho. 1 Por exemplo: Orlando Gomes: fontes primárias e imperativas. Fonte primária é oriunda da vontade das partes (contrato de trabalho). Fonte imperativa é dividida em: a)fontes de produção estatal (e.g. Lei); b)fonte de produção profissional (convenção coletiva); c) fonte de produção mista (ex. sentença normativa); d) fonte de produção internacional (v.g. tratados e convenções internacionais ratificadas) Já Messias Pereira Donato, classifica as fontes em: a) estatais; b) de origem profissional; c) internacionais; d) supletivas (recursos de interpretação e fontes não objetivadas: analogia, equidade, direito comparado e jurisprudência) e) subsidiárias (direito comum: empresarial, civil, processo civil, etc). Há ainda a classificação das fontes em primárias e secundárias. A fonte primária seria a própria lei, enquanto a fontes secundárias, seriam as utilizadas de forma acessória (v.g. costume, jurisprudência, etc). 2 As fontes materiais do Direito do Trabalho podem ser vistas sob a perspectiva econômica (ex: as relacionadas: à evolução do sistema capitalista; à Revolução Industrial; à relação trabalho e capital); sob o aspecto sociológico (ex: crescente urbanização, a criação de grandes unidades empresariais, influenciando no surgimento das ações organizativas, reuniões e debates por parte dos Enquanto as fontes materiais estão atreladas ao momento pré-jurídico, de elaboração da norma; as fontes formais representam a fase jurídica, etapa onde as fontes materiais já estão plenamente materializadas e exteriorizadas. Podemos ainda citar a seguinte classificação das fontes do Direito do Trabalho: a) interna e b) externa. São fontes internas (ou nacionais) aquelas originadas no ordenamento jurídico nacional, no âmbito interno do próprio país. Já as fontes externas (ou internacionais) são as emanadas por órgãos supra-nacionais (v.g. Convenção Internacional do Trabalho; Tratados Internacionais, etc). 1.2.1 Fontes Formais e centros de positivação: Há duas teorias que procuram apontar o centro de positivação das normas jurídicas: a) Teoria Monista: capitaneada por Hans Kelsen, defende a existência de apenas um único centro de positivação, o Estado, do qual deriva todas as normas trabalhistas. b) Teoria Pluralista: defende a existência de distintos centros de positivação jurídica, não se limitando ao Estado (costumes, instrumentos jurídicos da negociação coletiva, leis). A Teoria Pluralista é a mais acertada. A adequação dessa teoria é de fácil constatação no Direito do Trabalho. As normas trabalhistas não emanam apenas do Estado (v.g leis, constituição, etc), mas também dos outros atores sociais tais como: entes sindicais e empresas (v.g. acordo e convenção coletiva). Diante da pluralidade de centros de positivação, as fontes formais trabalhistas podem ser classificadas em autônomas ou heterônomas de acordo com a participação dos destinatários finais na produção da norma: trabalhadores); sob o ponto de vista político [guarda estreita relação com o fenômeno sociológico (ex: movimentos sociais organizados pelos trabalhadores, como o movimento sindical, com forte influencia no segmento das fontes formais autônomas; políticas de responsabilidade social)]; e ainda o aspecto filosófico (ex: corrente de pensamentos que contribuíram para formação e mudança do Direito do Trabalho, como as idéias antiliberais, a corrente socialista, a inserção de constituições democráticas e o neoliberalismo a) Autônomas: caracteriza-se pela imediata participação dos destinatários principais das regras produzidas. (v.g.: a convenção ou acordo coletivo de trabalho). b) Heterônomas: caracteriza-se pela NÃO participação imediata dos destinatários principais das regras jurídicas. (v.g.: Constituição, as leis, medidas provisórias, decretos, sentença normativa, tratados e convenções internacionais). 1.3 Figuras especiais. Enquanto algumas figuras são de fácil classificação, outras demandam uma maior atenção. a) Portarias, Avisos, Instruções, Circulares: Em regra, não são consideradas fontes trabalhistas, uma vez que não possuem as características típicas de ato-regra. Não são gerais. Destinam-se apenas aos empregados de uma empresa ou de um setor. No entanto, quando referidos pelas leis ou pelos decretos, passam a integrar o conteúdo das normas que fizeram a citação. (v.g. as portarias do Ministério do Trabalho relativas às atividades perigosas e insalubres). b) Recomendações Internacionais. A OIT edita convenções e recomendações internacionais. Diferente das convenções internacionais do trabalho, as recomendações não possuem a força cogente, o que impede que sejam caracterizadas como fonte formal. As Recomendações são diplomas programáticos expedidos pela OIT. Não criam direitos e obrigações aos integrantes da ordem jurídica interna. Por serem apenas sugestões, não possuindo força cogente, as Recomendações não são ratificadas. São incorporadas no ordenamento jurídico, apenas quando materializada por uma fonte formal. Aduz-se, portanto, que são fontes materiais do Direito do Trabalho. c) Usos e Costumes Uso é uma prática reiterada adotada em uma relação jurídica específica, produzindo efeito apenas entres as partes. Não possuem, portanto, as características de ato-regra. Quando o uso torna-se habitual, o mesmo poderá caracterizar-se como uma cláusula contratual tacitamente ajustada, uma vez que o contrato de trabalho pode ser tácito ou expresso. Nesta hipótese, formam-se duas correntes: a) Corrente que defende a natureza de fonte do direito para o contrato de trabalho: o Uso também possuirá a mesma natureza do contrato de trabalho, ou seja, fonte de direito (fonte formal autônoma / Orlando Gomes e Hans Kelsen). b) Corrente que defende a natureza de fonte de obrigações para o contrato de trabalho: o Uso possuirá a mesma natureza do contrato de trabalho, ou seja, fonte de obrigações. Costume é uma prática habitual adotada no contexto mais amplo de certa empresa, categoria, região, etc, firmando um modelo ou critério de conduta geral, impessoal, aplicável ad futurum a todos os trabalhadores integrados no mesmo tipo de contexto. Existem três correntes quanto a natureza dos Costumes na seara trabalhista:a) 1ª corrente: os costumes possuem as características de ato-regra, caracterizando- se como fonte formal autônoma. b) 2ª corrente: com base no art. 8º da CLT, os usos e costumes são meios de integração, também chamados de fonte supletiva. São usados para suprir lacunas existentes na legislação trabalhista. c) 3º corrente: por influenciar na formação da norma positivada, os costumes são caracterizados como fonte material. A CLT, em seu art. 8º, não diferencia os usos dos costumes. Nesse sentido, para as provas objetivas, os usos e costumes exercem a função de meio de integração (fonte supletiva). Ressalta-se que em prova subjetiva, é interessante expor as várias correntes, e se posicionar pela natureza de fonte formal autônoma dos usos e costumes, lembrando da posição adotada pelo art. 8º da CLT. Na seara trabalhista, os usos e costumes contra legem prevalecem sobre norma superior. Para isso é necessário que sejam mais benéficos que o dispositivo legal, e que esta norma não seja proibitiva (hierarquia flexível das normas trabalhistas)3. d) Laudo arbitral Laudo arbitral é a decisão tomada por um terceiro (árbitro) escolhido pelas partes para dirimir um conflito por intermédio da arbitragem (forma heterônoma de solução de conflitos). A arbitragem pode ser estabelecida por intermédio da convenção de arbitragem, que tem como espécies a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (art. 3º da Lei 9.307/1996) Existem duas espécies de arbitragem: a facultativa e a obrigatória. Na arbitragem facultativa, o árbitro decide de acordo com os fatos e o seu entendimento (arbitragem pura / art. 114, §1 da CF/88; art. 7º da Lei da Greve). A decisão oriunda dessa espécie é considerada como fonte formal heterônoma, uma vez que é produzido por terceiro diverso das partes, o árbitro. Na arbitragem obrigatória, o árbitro escolhe uma das propostas apresentadas pelas partes (por ofertas finais / art.23 da Lei do Trabalho Portuário – 8.630/93). Nessa espécie, o arbitro não elabora a decisão, apenas escolhe uma das propostas apresentadas pelas partes. Há autores que defendem a natureza de fonte formal autônoma para essa espécie de laudo arbitral. Na seara trabalhista, a arbitragem é permitida nos conflitos coletivos em face da permissão constitucional, estabelecida no art. 114, §1 da CF/88, e do princípio da adequação setorial negociada. Todavia, esta forma heterônoma de solução de conflito, é vedada no âmbito das relações individuais. 3 Alice Monteiro de Barros defende posição oposta. (BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 157) A Lei 9.307/96, em seu art. 1º, restringe a possibilidade de arbitragem “a direitos patrimoniais disponíveis”. O Direito Individual do Trabalho tem como um dos seus princípios fundamentais o da irrenunciabilidade, obstando condutas que tencionem afastar a aplicação dos direitos trabalhistas previstos em normas que são, em tese, de ordem pública e dotadas de certo grau de indisponibilidade. Assim, conclui-se que os conflitos individuais não podem ser solucionados por arbitragem. Caso isso ocorra, o laudo arbitral não será óbice para reexame pelo judiciário. e) Regulamento empresarial O regulamento de empresa é um ato jurídico no qual se estabelece um regramento geral válido para todos os empregados da empresa. Nele são previstos direitos e deveres de forma genérica e abstrata. É considerado fonte formal do Direito do Trabalho. Os regulamentos de empresa podem ser: unilateral ou bilateral. Os regulamentos unilaterais são estabelecidos por ato de vontade unilateral do empregador4. Já os bilaterais, são elaborados em conjunto com os empregados5. As cláusulas regulamentares que prevejam direitos incorporam aos contratos dos empregados. Aquelas que alterem vantagens já deferidas, só atingiram os trabalhadores admitidos após a alteração mencionada, consagrando a regra da condição mais favorável (art. 468 da CLT). TST- SÚMULA Nº 51 NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI- 1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/73, DJ 14.06.1973) II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163 da SBDI-1 - inserida em 26.03.1999) TST- SÚMULA Nº 288 COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 4 Evaristo de Moraes Filho defende que os regulamentos unilaterais possuem natureza jurídica de fonte formal heterônoma. 5Evaristo de Moraes Filho defende que os regulamentos unilaterais possuem natureza jurídica de fonte formal autônoma. A complementação dos proventos da aposentadoria é regida pelas normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações posteriores desde que mais favoráveis ao beneficiário do direito. f) Jurisprudência: Jurisprudência são decisões reiteradas dos tribunais em um mesmo sentido, em face de casos similares. Para a corrente tradicional, a jurisprudência não é fonte jurídica uma vez que não tem força cogente. No entanto, para a corrente contemporânea, é fonte formal6 (v.g: arts. 557 do CPC; 896, §3 da CLT; art. 103-A da CF/88). As súmulas impeditivas de recursos e as súmulas vinculantes apresentam os requisitos típicos de uma verdadeira norma jurídica (genérica, abstrata e de caráter obrigatório). Pode-se afirmar que, em alguns casos, a jurisprudência serve de fonte material, influenciando na produção da norma legal (v.g: ex-enunciado 90 do TST originou o art. 58, §2 da CLT). No entanto, para as provas objetivas, a jurisprudência exerce a função de meio de integração (fonte supletiva / art. 8º da CLT). Ressalta-se que em prova subjetiva, é interessante expor as várias correntes, lembrando da posição adotada pelo art. 8º da CLT. g) Princípios gerais do direito: Numa concepção positivista, os princípios, em especial os princípios gerais de direito, são categorizados como fonte supletiva. Na ausência de lei, aplicar-se-iam os princípios, os quais exerceriam a sua função integrativa, também conhecida como função normativa. 6 O juiz não é mero aplicador de regras postas, não podendo negar seu papel criador. A sentença, aliais, pode ser vista como norma que regula o caso concreto. Como observa Amauri Mascaro Nascimento: “As sentenças são consideradas por Kelsen e outros doutrinadores normas jurídicas, uma vez que sempre há na sua prolação ato criativo do juiz. A jurisprudência, conjunto de sentenças ou acórdãos, é incluída pelos doutrinadores entre as fontes do direito, expressando-se por meio de Súmulas” (GARCIA, Gustavo Felipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 2 ed.,São Paulo: Método, 2008, p. 59.). No paradigma pós-positivista, os princípios passam a ser aplicados independentemente de lacunas. Adquiriram status de fonte primária, ou seja, são caracterizados como fonte formal do Direito do Trabalho. Todavia, as provas objetivas ainda adotam a concepção positivista, ou seja, os princípios são considerados meios de integração (art. 8º da CLT). Já nas provas subjetivas, principalmente as do MPT, é recomendávela menção a concepção pós- positivista dos princípios. h) Doutrina: A Doutrina consiste no conjunto de apreensões e leituras sistematizadas da ordem jurídica pelos juristas e estudiosos do Direito, que informam a compreensão do sistema jurídico e de seus ramos, institutos e diplomas normativos, auxiliando o processo de aplicação concreta. As lições doutrinárias influenciam na produção normativa. Por isso, alguns autores defendem a natureza de fonte material da doutrina. Vale ressaltarmos que a regra de integração do sistema laboral, o art. 8º da CLT, não elenca a doutrina como fonte supletiva. i) Equidade A equidade, apesar de não ser fonte formal, quando a própria lei estabelecer a sua aplicação no julgamento (v.g.: art. 766 da CLT), passaria a possuir natureza de fonte material, conforme a doutrina majoritária. Excepcionado a situação mencionada, a equidade é caracterizada como método de integração das lacunas existentes no ordenamento laboral, com fulcro no art. art. 8º da CLT. j) Analogia Analogia não possui caráter de fonte do Direito, apesar de ser equivocadamente denominada pela legislação como fonte supletiva. Para o Direito do Trabalho, a analogia é um método de integração jurídica (art. 8º da CLT). k) Contrato de trabalho Existem duas correntes quanto a natureza jurídica das cláusulas contratuais trabalhistas: a) 1ª corrente: capitaneadas por Hans Kelsen e Orlando Gomes, defende a natureza de fonte formal autônoma dos contratos de trabalho. b) 2ª corrente: para essa corrente, os contratos de trabalho são fontes de obrigações, não se caracterizando como fonte de direito, uma vez que não possuem as características do ato-regra. É defendida pela maioria da doutrina trabalhista. Embora tecnicamente as cláusulas contratuais trabalhistas não sejam fontes do direito, - uma vez que são concretas, específicas e pessoais -, devem ser consideradas, para as provas objetivas, como fontes formais autônomas diante da disposição expressa no art. 8º da CLT. CLT Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Por derradeiro, é importante ressaltar que os termos fontes auxiliares, meios de integração e fonte supletiva são usados como sinônimos pela doutrina trabalhista ao tratar da jurisprudência; analogia; equidade; princípios gerais do direito; usos e costumes; e direito comparado. 2. Hierarquia das fontes no Direito do Trabalho. Para que um ordenamento jurídico possua coerência e harmonia é necessário que suas fontes sejam organizadas de forma a evitar colisões entes elas. É indispensável a existência de uma hierarquia. Hans Kelsen propôs uma forma de organização das fontes do Direito, onde a norma superior fosse fundamento de validade para as normas inferiores (pirâmide de Kelsen). No vértice dessa pirâmide estaria a Constituição, a qual seria seguida, em grau decrescente e escalonado, pelas leis complementar e ordinária, medida provisória, lei delegada; decretos; e assim por diante. No âmbito trabalhista, o critério informador da pirâmide é diferente do critério rígido e inflexível aplicado ao Direito comum. O que não quer dizer que não há hierarquia entre as fontes do Direito do Trabalho. Hierarquia significa uma ordem com base em um critério. As fontes laborais são graduadas com base no critério da norma mais favorável ao empregado. Portanto, a hierarquia das normas trabalhistas não será estática e imutável, mas dinâmica e variável, segundo o critério orientador desse ramo jurídico. Em face plasticidade das fontes trabalhistas, costuma-se denominar esse fenômeno de hierarquia flexível. Ressaltamos que a prevalência da norma mais benéfica não é incondicionada. Esta não irá prevalecer se a norma menos benéfica for proibitiva. Para estabelecer qual a norma é mais benéfica, foram elaboradas três teorias: a)Teoria da acumulação: para esta teoria, deve-se extrair de cada uma das fontes, objeto de comparação, as disposições mais favoráveis ao empregado. É criticada pelo engessamento na negociação coletiva. b)Teoria do conglobamento: para esta teoria, deve-se comparar as fontes e aplicar a que, no seu conjunto, for mais favorável ao empregado, excluindo-se as demais. É criticada pelo subjetivismo e pelo poder dado ao magistrado de apontar, de acordo com o seu entendimento, qual é a norma globalmente mais benéfica c) Teoria do conglobamento por instituto, denominada também de conglobamento orgânico ou mitigado: para esta teoria, deve-se analisar em cada fonte o complexo de dispositivos que se referem a um mesmo instituto (v.g. regime de férias; despedida), e extrair os “institutos” (como todos os seus dispositivos, sejam eles benéficos e maléficos), mais benéficos de cada lei. Esta teoria foi adotada pelo art. 9º da Lei de Contrato da Argentina. O Brasil adotou esta teoria, pelo que se depreende do art. 3º, II, da Lei 7.064/82, ao dispor que: “a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria”. Essa teoria também é criticada, ao argumento de que nem sempre será possível formular um catálogo dos institutos como unidades de comparação invariáveis em todos os casos de confronto7 Ainda é interessante salientar que havendo conflito entre: a) Fonte nacional X Fonte internacional: prevalece a fonte internacional b) Fonte estatal X Fonte negociada: prevalece a fonte estatal, salvo se a fonte negociada for mais benéfica ou nas hipóteses de flexibilização autorizadas pela CF/88 (art. 7º, inc. VI, XIII, XIV) c) Acordo coletivo X Convenção coletiva: prevalece o acordo coletivo, salvo se a convenção for mais benéfica. d) Acordo ou Convenção coletiva X Contrato de trabalho: prevalece o acordo ou a convenção coletiva, salvo se a cláusula contratual for mais benéfica. 7 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 123.
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