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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
LIBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA – 8 
 
PROPOSTAS 
EDUCACIONAIS E 
SOCIAIS DIRECIONADAS 
À PESSOA SURDA 
 
Prezado aluno, 
 
As propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda estão em 
constante discussão entre aqueles que fazem parte da comunidade e do movimento 
surdo e aqueles que representam o governo e definem as legislações relacionadas 
ao sujeito surdo. Já foram testadas algumas propostas educacionais até hoje e 
conquistados alguns avanços sociais com base nas reivindicações do movimento 
surdo e de seus representantes, como a Federação Nacional de Educação e 
Integração dos surdos (FENEIS) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos 
(INES). 
 Nesse contexto, a proposta deste capítulo é de identificar e analisar 
aspectos relevantes sobre as propostas educacionais para surdos e como elas se 
relacionam com as propostas sociais direcionadas para estas mesmas pessoas. 
Além disso, você irá reconhecer os recursos assistivos e sua possibilidade de uso 
na acessibilidade para as pessoas surdas tanto no contexto educacional quanto 
social. 
Bons estudos! 
 
 
 
7. PROPOSTAS EDUCACIONAIS DIRECIONADAS À PESSOA SURDA 
Ao falarmos de propostas educacionais direcionadas às pessoas surdas, 
primeiramente, temos que ter em mente que grande parte das famílias que possuem 
filhos surdos são famílias ouvintes e, devido a isso, essas famílias apresentam 
dificuldade na aceitação da língua de sinais como a língua natural da pessoa surda. 
Portanto, este é o primeiro desafio a ser superado para uma proposta educacional de 
qualidade. 
Nesse contexto, o estado falhou durante muito tempo em seu papel, pois não 
forneceu assistência social que aconselhasse ou direcionasse estes pais a criar seus 
filhos surdos. Ao longo da história, em diversos países, o estado proibiu o uso da 
sinalização dos sujeitos surdos e os privou de direitos que os ouvintes tinham 
assegurado. Quando o estado permitia que o sujeito surdo aprendesse, era através 
de um modelo que refletia a hegemonia ouvintista. Por séculos isso se manteve até 
os dias atuais, em que, até poucas décadas atrás, a única forma de educação 
oferecida as pessoas surdas eram por meio da oralização. Além disso, a criança por 
não falar, demonstrava agressividade e frustração com os familiares que não a 
entendiam. Ela era diagnosticada erroneamente com deficiência intelectual e isso 
dificultava ainda mais o processo educacional e social da criança surda. 
Continuando nessa mesma linha de estudo, o primeiro programa educacional 
utilizado para pessoas surdas foi o oralismo, em que o intuito era reintegrar a pessoa 
surda para que pudesse falar e escrever como um ouvinte. Esse modelo ficou 
marcado pela opressão e pela dificuldade dos sujeitos surdos em conquistar o direito 
ao ensino em sua língua natural (língua de sinais), uma vez que no programa oralista 
a língua de sinais não tinha reconhecimento e, por isso, era proibida, restando ao 
sujeito surdo a sua utilização de forma clandestina. Segundo Capovilla e Capovilla 
(2004, p. 23) “apesar das intenções de integração, não se pode dizer que o método 
oralista tenha tido sucesso em atingir seus objetivos, quer em termos de 
desenvolvimento da fala, quer em termos de leitura e escrita”. 
A segunda proposta que o sujeito surdo teve a oportunidade de experimentar 
ao longo da história foi a comunicação total. Nesse modelo, podia ser utilizado 
qualquer tipo de comunicação, inclusive a língua de sinais. Essa proposta, no Brasil, 
ficou conhecida como português sinalizado. O objetivo principal do português 
 
 
 
sinalizado era fazer com que a interação e o aprendizado da língua portuguesa (oral 
e escrita) se tornasse mais fácil para o sujeito surdo, uma vez que poderia utilizar a 
língua de sinais como apoio para o aprendizado. Na opinião de Capovilla e Capovilla 
(2004): 
Embora, por princípio, a comunicação total apoiasse o uso simultâneo de 
língua de sinais com a língua falada, na prática, tal conciliação nunca foi e 
nem poderia ser efetivamente possível devido à natureza extremamente 
distinta da língua de sinais com sua morfologia e sintaxe simultânea e 
espacial e, logo, à descontinuidade entre ela e a língua falada. (CAPOVILLA 
E CAPOVILLA, 2004, p. 28). 
A terceira proposta educacional é o bilinguismo, o qual ainda possui estudos 
muito recentes por se tratar de uma proposta relativamente recente na história de 
educação dos surdos. Para Quadros (1997, p. 27): 
O bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõe a 
tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm 
apontado para essa proposta como sendo a mais adequada para o ensino de 
crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua 
natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. 
(QUADROS, 1997, p. 27). 
Atualmente, há tanto escolas regulares quanto escolas de surdos que 
trabalham com essa proposta de educação bilíngue, em que a língua de sinais é 
ensinada como primeira língua e o português escrito como segunda língua. Contudo, 
os dois espaços mencionados possuem características de ensino e formas de 
aprender totalmente distintas. Enquanto a primeira foca em integrar a criança surda 
com outras crianças ouvintes, por meio de uma escola regular e comum a todas, 
ensinando-a em língua portuguesa oral, contando com o apoio de um tradutor e 
intérprete de língua de sinais para fazer a ponte comunicacional entre o aluno surdo 
e os demais colegas e professores ouvintes e com as salas de AEE — atendimento 
educacional especializado. Já a segunda tem como objetivo inserir a criança surda 
em uma escola específica para surdos, onde a mesma terá o contato com outras 
crianças surdas e com professores surdos ou ouvintes que saibam a língua de sinais, 
onde as estratégias de ensino sejam com base na visualidade (imagens, fotos, vídeos 
e filmes com legenda, gravação de atividades usando a libras, entre outras 
estratégias), e, onde a língua de ensino para o sujeito surdo será a língua de sinais. 
 
 
 
Para Quadros (1997), a proposta educacional bilíngue também não se mostra 
totalmente eficaz, porque além de bilíngue, ela também precisa focar em uma 
educação bicultural, já que o surdo possui cultura própria que se diferencia da cultura 
ouvinte. Para Goldfeld (1997), o surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao 
ouvinte, podendo assumir sua surdez. 
Outra proposta educacional bem recente é a pedagogia surda, que é 
caracterizada por focar nos traços culturais do sujeito surdo, nas suas diferenças e na 
mediação intercultural. Isso significa que a “normalidade” e os “métodos clínicos” 
deixam de ser o foco, abrindo o caminho para uma modalidade focada. 
Esta verdade sublime, o surdo encontra quando entra para o mundo 
totalmente visual-espacial da comunidade surda, interagindo com a cultura 
surda, com as artes surdas, a identidade surda, a língua de sinais dos surdos 
urbanos e dos índios surdos, a pedagogia surda em toda a sua complexidade 
e diferenças (VILHALVA, 2004). 
Atualmente, o foco está em uma proposta educacional que favoreça a 
construção da identidade e da diferença do sujeito surdo. Isso significa que para o 
sujeito surdo ser formado, ele precisa ter acesso a ambas as culturas da qual ele faz 
parte, ou seja, a cultura surda e a ouvinte. Entretanto, a prioridade inicial é a 
construção de uma identidade surda pelo sujeito, por meio do contato com nativos da 
língua de sinais, da cultura própria da comunidade surda, já que, em algum momento 
o contato com suas diferenças será necessário, para que ocorra a criação do sujeito 
através das trocas culturais. 
Em outras palavras, a pedagogia surda além de ser bilíngue foca na 
biculturalidade também, assim como defende Quadros (2005). Nesse modelo deeducação pedagógica surda não existe mais a submissão ou dependência do que é 
da comunidade ouvinte. Nesse caso, acontece um modelo de ensino-aprendizagem 
própria do sujeito surdo, que com o passar do tempo, irá aprender a se posicionar 
como surdo, evoluindo como sujeito através da mediação intercultural baseada nas 
diferenças e não nas semelhanças que impõe ao sujeito surdo o modelo hegemônico 
ouvintista. 
 
 
 
 
7.1 Propostas sociais direcionadas para a pessoa surda 
A história mostra que o Estado por muito tempo deixou as pessoas com 
deficiência excluídas do restante da sociedade sem poder requerer seus direitos como 
pessoa. Com o tempo, a exclusão tomou ares de segregação em que todas as 
pessoas com deficiência eram jogadas no mesmo lugar para serem cuidadas. O 
tempo passou e hoje fala-se muito sobre a inclusão dessas pessoas, principalmente 
no contexto escolar, profissional e social. Mas que inclusão é essa? 
Do ponto de vista escolar a inclusão mais integrada inclui o surdo, e, ao mesmo 
tempo, retira do sujeito surdo o contato com a cultura e com a identidade surda. Por 
outro lado, a dita exclusão que as crianças surdas vivenciam nas escolas específicas 
para surdos, possibilita a inclusão do sujeito surdo na cultura de sua comunidade e 
permite a construção da sua identidade como surdo; mas, também exclui do sujeito 
surdo a possibilidade de interagir com outras pessoas ouvintes durante o período 
escolar. 
Sobre o direito ao emprego, uma importante conquista veio somente na década 
de 1990, com a criação da Lei n° 8.213, em 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os 
planos de benefícios da Previdência e dá outras providências à contratação de 
pessoas com deficiência. Essa lei é conhecida também como a lei de cotas para 
pessoas com deficiência, e, segundo o art. 93 desta lei: 
Art. 93. A empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher 
de 2 (dois) a 5 (cinco) por cento dos seus cargos com beneficiários 
reabilitados, ou pessoas com deficiência, na seguinte proporção: 
Até 200 funcionários........................2% 
De 201 a 500 funcionários...............3% 
De 501 a 1.000 funcionários.............4% 
De 1.001 em diante funcionários......5% (BRASIL, 1991). 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional — Lei Federal no 9.394/96 
— estabelece a metodologia baseada na lógica das competências para o 
desenvolvimento da educação profissional. Com base na Lei Federal no 9.394/96, 
percebe-se que os efeitos da exclusão social podem ser minimizados pelo acesso à 
informação e à formação, bem como por experiências pessoais a serem 
proporcionadas nas relações humanas do ambiente de trabalho e no aprendizado de 
atividades laborais que ajudem na construção de um perfil profissional adequado ao 
 
 
 
mercado de trabalho. Esse entendimento permite que o indivíduo seja incluído no 
cenário profissional, além de possibilitar sua inclusão como cidadão na sociedade. 
Entretanto, na prática, percebemos que as empresas fazem vista grossa para 
contratar pessoas com deficiência e, assim, preencher seu quadro de colaboradores 
com o percentual mínimo exigido por lei. Ao contratar, querem uma pessoa com 
deficiência que não tenha problemas, isto é, um surdo que escute. Nesse caso, 
buscam por uma pessoa com perda leve de audição e seja oralizada, mas, o surdo 
que não é oralizado e usa língua de sinais não serve. Se uma empresa tiver a opção 
de escolher entre os dois exemplos irá optar pelo primeiro sempre, visto que o surdo 
na visão da empresa vai dar mais trabalho para incluir (terão que contratar intérprete 
de libras, capacitar os funcionários para poderem se comunicar com o colega surdo, 
etc.). 
No contexto social, há várias propostas de acessibilidade que têm sido 
debatidas ao longo dos anos, principalmente, nas duas últimas décadas. No Brasil, a 
língua brasileira de sinais — Libras — foi oficializada como língua de uso dos sujeitos 
surdos, por meio da Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Referente à oficialização 
das libras em abrangência nacional, antes mesmo de 2002, ela já era garantida pelo 
nosso Congresso Nacional desde 1996, através da Lei Federal no 9.394 já 
mencionada: 
Art. 1o. A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida 
do seguinte art. 26-B: Art. 26-B. Será garantida às pessoas surdas, em todas 
as etapas e modalidades da educação básica, nas redes públicas e privadas 
de ensino, a oferta da língua brasileira de sinais — Libras, na condição de 
língua nativa das pessoas surdas. (BRASIL, 1996). 
Contudo, somente em 2004, com o Projeto de Lei do Senado no 180, a Lei nº 
9.394/96 foi alterada, estabelecendo nas diretrizes e bases da educação nacional, 
fazendo o enquadramento no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da 
oferta da língua brasileira de sinais — Libras — em todas as etapas e modalidades da 
educação básica. 
Já o Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, diz o seguinte: 
 
Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, 
devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de 
libras-língua portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, 
 
 
 
bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à 
comunicação, à informação e à educação. 
 § 2º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas 
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com 
deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, 
preferencialmente os de formação de professores, na modalidade de 
educação a distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação, como 
janela com tradutor e intérprete de libras-língua portuguesa e subtitulação por 
meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens 
veiculadas às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto no 2004. (BRASIL, 
2005). 
Uma das mais frequentes reinvindicações por parte do sujeito surdo diz respeito 
ao artigo 23 § 2º. A grande problemática é que ao se dirigir a uma instituição privada 
que oferte ensino técnico, cursos de extensão ou de ensino superior, o sujeito surdo 
frequentemente não é atendido por um atendente que use a língua de sinais (99% dos 
casos é por meio da escrita em língua portuguesa ou com o auxílio de um amigo do 
próprio surdo, que faz a ponte comunicacional). Essa é somente a primeira barreira 
comunicacional a ser transposta. 
 Depois, ainda falta convencer a instituição de que o surdo tem assegurado por 
lei o direito a um intérprete de libras durante as aulas e que é a instituição de ensino 
que deve pagar pelo serviço. Muitas instituições se negam a fornecer o intérprete, pois 
isso encarece o custo do curso; então, elas já dizem que não conhecem nenhum 
intérprete de libras para contratar ou que enviarão uma mensagem para o surdo para 
avisar “se” fechar a turma de um curso de extensão, por exemplo, só que não dão 
retorno nenhum. A única pessoa prejudicada nessa situação é o surdo. 
É válido mencionar que não somente no contexto educacional se limitam as 
propostas sociais para pessoas surdas. Existe um forte movimento para a criação de 
leis que viabilizem propostas por maior acessibilidade comunicacional para os surdos. 
A Lei n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000, garante acessibilidade 
comunicacional aos sujeitos surdos, no que tange aos meios mais comuns e 
essenciais de comunicação, informação e de participação social: 
 
CAPÍTULO VII DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO 
E SINALIZAÇÃO. 
Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na 
comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem 
 
 
 
acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas com 
deficiência sensorial e com dificuldadede comunicação, para garantir-lhes o 
direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao 
transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer. 
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes 
de escrita em braile, língua de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar 
qualquer tipo de comunicação direta à pessoa com deficiência sensorial e 
com dificuldade de comunicação (Regulamentação: Decreto no 5.626, de 22 
de dezembro de 2005). 
Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão 
plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da língua de sinais 
ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às 
pessoas com deficiência auditiva, na forma e no prazo previstos em 
regulamento. (BRASIL, 2000). 
O acesso à exibição de legenda na televisão brasileira, por meio do recurso de 
closed caption, foi testado pela primeira vez no Brasil pela emissora Rede Globo de 
Televisão, em 1997 e, se mantém até hoje. Por muito tempo, nem todas as emissoras 
ofertavam esse tipo de recurso, contudo, a portaria 310/2006 do Ministério das 
Comunicações diz que a partir de 2012 as emissoras precisam reservar 12 horas de 
programação com recursos de acessibilidade, entre eles, o da legenda oculta. 
Desde o ano de 2017, a totalidade da programação, isto é, 24 horas de 
exibição, deverá conter os recursos de acessibilidade. Uma outra possibilidade de 
acessibilidade para as pessoas com deficiência auditiva é a janela com o intérprete 
de libras, onde a imagem do intérprete é mostrada no canto da tela do vídeo original 
que está sendo transmitido. 
Ao falarmos de acesso à cultura, como cinema ou teatro, a história muda um 
pouco. Hoje, toda a comunidade surda luta por maior acessibilidade nos cinemas, que 
só fornecem legenda para filmes estrangeiros. No caso de filmes nacionais e 
desenhos animados a situação não é a mesma, visto que a legenda não é fornecida. 
Devido a isto, existe a um bom tempo, no meio da comunidade surda, uma campanha 
(Figura 1) para que seja adotada a legenda como forma de inclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Campanha para maior inclusão da comunidade surda. 
 
Fonte: Witt (2013). 
 
Alguns municípios já decretaram por lei municipal a obrigatoriedade de um 
número mínimo de sessões de filmes nacionais e de animações infantis, com 
acessibilidade através da legenda. Contudo nem todas as cidades do Brasil pensam 
igual, sendo que a maioria ainda não oferta esse tipo de acessibilidade. No contexto 
do teatro a situação é a mesma, pois, a maioria das peças não possui acessibilidade 
através do intérprete. 
Como resposta à falta de acessibilidade em teatros, temos o grupo Signa-tores 
de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, sendo um dos poucos grupos de teatro surdo 
existentes e que faz suas apresentações inteiramente em libras, com a tradução para 
a língua portuguesa oral como forma de acessibilidade para pessoa ouvintes que 
queiram assistir à peça (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Apresentação teatral para surdos sobre a obra Alice no País das 
Maravilhas. 
 
Fonte: culturasurda.net 
Com relação a comunicação em diferentes espaços sociais, o Decreto no 
5.626, de 22 de dezembro de 2005, em seu art. 28, traz o seguinte: 
Os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem incluir 
em seus orçamentos anuais e plurianuais dotações destinadas a viabilizar 
ações previstas neste decreto, prioritariamente as relativas à formação, 
capacitação e qualificação de professores, servidores e empregados para o 
uso e difusão das libras e à realização da tradução e interpretação de libras-
língua portuguesa, a partir de um ano da publicação deste decreto. (BRASIL, 
2005). 
Isso significa que na esfera pública o sujeito surdo tem maiores chances de 
ser atendido por um servidor, professor ou empregados em geral que saibam a língua 
de sinais, sem falar na obrigatoriedade do fornecimento do interprete em questões 
mais pontuais, tipo: audiências públicas, eventos promovidos por entidades 
municipais, estaduais ou federais para todos os públicos, atendimento por médico de 
rede pública, abrir uma conta bancária em instituição pública, etc. 
Contudo, na esfera privada a situação é bem diferente. Por exemplo, temos 
inúmeros casos de surdos que vão viajar e ao chegar no hotel não encontram 
 
 
 
acessibilidade no atendimento inicial e, nem durante a estadia, necessitando sair do 
seu quarto de hotel e se dirigir até a recepção, caso deseje solicitar alguma coisa, 
pois, o único contato entre a recepção e os quartos dos hóspedes é por meio do 
telefone, sendo esse tipo de atendimento inútil para o surdo. 
Outra situação recorrente é quando o surdo precisa ir ao médico particular e o 
mesmo não sabe libras, o que dificulta muito a procura por ajuda. Nesse caso, para 
não perder a viajem o surdo leva o seu próprio intérprete, já que as chances de um 
médico, independente da especialidade, saber libras são muito pequenas. Diante 
disso, é comum que surdos solicitem para amigos e familiares que saibam língua de 
sinais para auxiliar nesse tipo de situação, pois, do contrário, a única forma de 
comunicação é o português escrito, ou, em casos muito específicos o uso de leitura 
labial e/ou oralização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
BRASIL. Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios 
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Disponível em: . Acesso em: 
Acesso em: 12 mai. 2023. 
 
BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional. Casa Civil - Presidência da República. Disponível em: 
. Acesso em: Acesso em: 12 
mai. 2023. 
 
BRASIL. Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e 
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deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Casa Civil - 
Presidência da República. Disponível em: 
. Acesso em: 12 mai. 2023. 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005. 
Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua 
Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
Casa Civil - Presidência da República. Disponível em: . Acesso em: 12 mai. 2023. 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre 
a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Casa Civil - Presidência 
da República. Disponível em: . Acesso em: Acesso em: 12 mai. 2023. 
 
BRASIL. Senado. Projeto de Lei no 180, de 2004. Altera a Lei no 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para 
incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da oferta da Língua 
Brasileira de Sinais - LIBRAS - em todas as etapas e modalidades da educação 
básica. Senado Federal. Disponível em: 
. Acesso em: 
12 mai. 2023. 
 
CAPOVILLA, F. C.; CAPOVILLA, A. G. S. O desafio da descontinuidade entre a 
língua de sinais e a escrita alfabética na educação bilíngue do surdo congênito. 
In: RODRIGUES, C.; TOMITCH, L. B. Linguagem e cérebro humano: contribuições 
multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio--
interacionista. São Paulo: Plexus, 1997 
 
QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: 
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QUADROS, R. M. O bi do bilinguismo na educação de surdos. In: FERNANDES, 
E. (Org.). Surdez e bilinguismo. 1. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. 
 
VILHALVA, S. Pedagogia surda. Revista de Cultura Surda, Editora Arara Azul, 
2004.

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