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003. Termo - Direito Civil III

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DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 1 
 
Prof. Francisco José Dias Gomes 
E-mail: franciscogomes@unitoledo.br 
 
28/01/2014 
 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 É a primeira parte específica do Código Civil, mas também acaba funcionando de certo 
modo como base das que vem acima dele. Ex. O estudo de contratos será visto em Direito das 
Obrigações, mas este estudo será utilizado em Direito das Coisas e também no Direito de 
Família e Sucessões. 
 Obrigação  Para o senso comum é um comportamento de determinada forma em 
razão de algo (contrato, pais, moral, etc.). Mas não é qualquer tipo de obrigação que interessa, 
pois, para nós no Direito das Obrigações, interessa apenas aquelas obrigações de natureza 
jurídica. Ex. Ir a missa não é uma obrigação jurídica, embora possa ser uma obrigação para 
várias pessoas, e sendo assim, não nos interessa na disciplina. 
 “Nem toda obrigação tem relevância jurídica” 
 Nosso objeto de estudo são as leis, que nada mais são que regras de condutas. Se 
existe uma sociedade, há a necessidade de regras de condutas. Quando o Direito limita o 
comportamento, na verdade o que ele esta trazendo é uma obrigação. Assim sendo, o Direito 
talvez seja uma das maiores fontes de obrigações que temos no nosso dia a dia. Ex. O Direito 
determina que aquele que compra tem que pagar, por isso não podemos comprar um salgado 
em uma padaria e sair sem pagar. 
 Mas também não nos interessa todos os tipos de obrigações jurídicas, interessando-
nos somente as obrigações de natureza patrimonial. Uma das coisas que mais geram ações são 
os descumprimentos de contratos, e nestes casos necessitamos passar pela analise das 
obrigações. Por isso para entender contratos é imprescindível que entendamos obrigações. 
 Elementos da Obrigação: 
o Sujeito Ativo: Credor 
o Sujeito Passivo: Devedor 
o Objeto: Prestação de Natureza Patrimonial 
o Vinculo Jurídico: Ocorre quando há uma regra no Código Civil que vincula 
um sujeito a outro. 
 O Direito tem o poder de vincular as pessoas. 
 Nossa matéria então estudará, quando surge uma obrigação entre 
duas ou mais pessoas de natureza patrimonial. 
 
 Conceito de Obrigação: 
o É o vínculo jurídico que compele o devedor a cumprir com a prestação 
patrimonial em favor de um credor. 
 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 2 
 
 Elemento Subjetivo: Credor e Devedor (Sujeito Ativo e Passivo) 
 
o Em relação à capacidade de direito, basta ter vida para ser titular de 
direitos e obrigações, agora para exercer estes direitos é necessário um 
representante ou ser assistido, nos casos em que não há a capacidade de 
fato (plena). 
 Maior ou menor, pessoa física ou jurídica, qualquer um pode 
figurar como credor ou devedor. 
 Às vezes até o nascituro pode ser titular de direitos; 
 Inclusive uma sociedade de fato pode figurar como 
credora ou devedora em uma obrigação. 
 
o O sujeito, credor ou devedor deve ser determinado ou pelo menos 
determinável. 
O sujeito seja credor ou devedor não precisa ter capacidade plena, mas ao menos 
precisa ser determinável. 
 Elemento Material: Prestação e Objeto 
 
o Conduta Humana (Objeto Imediato) 
 Dar (alguma coisa); 
 Fazer (alguma coisa); 
 Não fazer (alguma coisa). 
 
o Objeto (Objeto Mediato) 
 Lícito (não contrariar a lei, os bons costumes e a moral); 
 Possível; 
 Determinado ou determinável; e 
 Possuir valor econômico. 
O legislador sistematizou a matéria de maneira que todos os contratos sejam eles de 
qualquer natureza, sempre terão obrigações cuja conduta humana será de dar, fazer ou não 
fazer, alguma coisa (o objeto propriamente dito). 
Direito das Obrigações, exige sempre duas coisas: a conduta humana e posteriormente 
o objeto propriamente dito. 
O Objeto tem que possuir as características de ser lícito, possível, determinado ou 
determinável e possuir valor econômico. Um objeto ilícito, não é amparado pelo ordenamento 
jurídico, não criando um vínculo jurídico. Por isso o usuário de droga não pode entrar com 
ação contra o traficante que lhe vendeu uma droga batizada. A fidelidade não possui valor 
econômico, dessa forma apesar de ser uma obrigação jurídica, não é uma obrigação 
patrimonial, e também não interessa ao Direito das Obrigações. 
 Lembramos que o termo ilicitude envolve tudo que é proibido não só por lei, mas 
também pela moral e bons costumes. A prostituta por questão moral, não pode cobrar o 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 3 
 
cliente que deixou de pagar, porque esbarra na questão da ilicitude moral. Já uma ação contra 
a falta da entrega do cigarro contrabandeado, não é possível, por esbarrar na ilicitude legal. 
Muitas vezes verificamos a nulidade dos contratos, em razão da ilicitude e até da 
impossibilidade física ou jurídica do objeto. Alguém que faz um contrato vendendo um 
mamute, por exemplo, este contrato é nulo devido a impossibilidade física do objeto. 
 Elemento Imaterial: Vinculo Jurídico 
o Uma pessoa se vincula juridicamente a outra, quando pratica uma conduta 
que esta abstratamente prevista no Código. 
 Quando uma pessoa vai e cumpre todo o roteiro para o 
casamento, esta pessoa se vincula a outra, ou seja, se ela não 
tivesse seguido o rito estipulado na legislação não existiria vinculo 
jurídico entre elas. 
 
o Subdivide-se em dois elementos: o débito (vinculo pessoal / espiritual / 
imaterial) e a responsabilização (vinculo material) 
 Débito (debitum, schuld) é o dever imposto ao sujeito passivo em 
cumprir a obrigação na forma ajustada. 
 Responsabilidade (obligatio, haftung) é o direito que assiste ao 
credor de, no caso de descumprimento da obrigação, exigir o 
cumprimento judicialmente, submetendo os bens do devedor. Em 
verdade, a responsabilidade constitui a garantia do cumprimento 
do débito, representando a consequência jurídica patrimonial do 
descumprimento da relação obrigacional. 
 
o Existe o vinculo jurídico porque o ordenamento estabelece um débito 
(uma conduta, um dever) de um dos elementos em relação ao outro. 
 Contrato de Compra e Venda: Estudaremos que aquele que 
compra tem que pagar e se não pagar haverá responsabilização. 
 O ordenamento jurídico normalmente se comporta dizendo como 
deve agir o sujeito, pois caso contrário haverá responsabilização. 
 O ordenamento diz que se alguém matar outrem, o 
indivíduo será penalmente responsabilizado, com penas 
que podem ser privativas de liberdade, restritivas de 
direitos ou multa; 
 No Direito Civil, se alguém não cumprir com uma 
Obrigação, a responsabilidade é patrimonial. 
o Então quando falamos que há um vinculo jurídico 
ligando duas pessoas, estamos dizendo que uma 
delas, pelo menos, tem um débito em relação à 
outra, e que se aquele que deve não pagar, estará 
sujeito a uma responsabilização de natureza 
patrimonial. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 4 
 
 Esta regra admite exceções, como por 
exemplo, o fiador, que não tem débito, 
por não ser dele a obrigação, mas se o 
inquilino não pagar e não tiver como arcar 
com a dívida, ele é quem será 
responsabilizado. 
 Assim sendo o fiador é um exemplo, de 
alguém que tem responsabilidade sem ter 
débito. 
 
 O Ordenamento jurídico da um prazo para que o credor 
exerça sua pretensão e cobre seu crédito, após este prazo 
á divida prescreve, e não há mais o direito de 
responsabilização do devedor. Assim sendo, embora a 
dívida ainda exista, perde-se o direito de responsabilizar o 
devedor. 
 Ainda assim, embora não haja mais meio de 
responsabilizar o devedor, se ele pagar, e depoisse 
arrepender, não há como entrar com uma ação para 
reaver o dinheiro, pois embora não houvesse como 
responsabiliza-lo mais, a dívida existia, não sendo, 
portanto, um pagamento indevido. 
 
29/01/2013 
 Características das Obrigações 
 
o Relação Jurídica: abrange apenas os relacionamentos disciplinados pelo 
Direito; 
 
o Transitória: a obrigação tem caráter transitório, pois, com o cumprimento, 
extingue-se o vínculo jurídico; 
 
o Pluralidade de pessoas: o vínculo jurídico une necessariamente duas ou 
mais pessoas, não atingindo terceiros; 
 
o Cunho pecuniário da prestação: o objeto da obrigação sempre terá 
conteúdo econômico. 
 
 Fonte das Obrigações 
Se o individuo sabe que tem uma obrigação, ele sabe que esta devendo algo de valor 
econômico mensurável para outra pessoa. E sabe que esta devendo porque existe uma lei que 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 5 
 
determina isso, tornando-o vinculado juridicamente a outra. O vinculo jurídico é quebrado a 
partir do momento em que a prestação é cumprida. 
 Ao ir ao banco e fazer um empréstimo, a pessoa adquire uma 
obrigação, passa a ser devedor, e o banco credor. A pessoa então 
tem a obrigação de dar dinheiro ao banco, até que se encerre a 
obrigação e quebrando o vinculo jurídico. 
 
o Contrato 
 O Contrato é uma das principais fontes das obrigações. 
 Na verdade fazemos contratos o tempo todo e sem 
perceber. O simples fato de ligarmos a luz há um contrato 
com a companhia de energia elétrica, e nos tornamos 
obrigados a pagar, assim sendo durante o dia realizamos 
vários contratos involuntariamente. 
 A responsabilidade que surge a partir da celebração de um 
contrato, é uma responsabilidade contratual. 
 
o Declaração Unilateral de Vontade 
 Se anunciarmos em um jornal que se alguém encontrar o cachorro 
“tal”, que está desaparecido receberá uma recompensa de R$ 
2.000,00 estaremos nos obrigando a cumprir a prestação caso 
alguém encontre o referido cachorro. 
 A pessoa que faz uma declaração unilateral de vontade torna-se 
obrigada independentemente da vontade do outro, 
diferentemente do contrato, que geralmente depende de duas 
vontades. 
 
o Ato Ilícito 
 Atos ilícitos podem gerar obrigações. 
 Ex. Atropelar alguém  há um devedor e um credor, com vinculo 
jurídico, mas sem contrato ou declaração unilateral de vontade. 
 Isso ocorre devido à regra de que ninguém pode viver em 
sociedade e causar prejuízo a outro, e ao violar esta regra 
o indivíduo esta praticando um ato ilícito. 
 Se houver violação do dever genérico de não causar 
prejuízo a outro, há uma responsabilidade extracontratual, 
pois mesmo sem existir um contrato, existe a obrigação. 
 
o Lei 
 Há quem entenda que a lei é a fonte primaria de todas as demais, 
pois o contrato, a declaração unilateral de vontade e o ato ilícito 
geram obrigações, por estarem determinados na lei. 
 Ex. Se alguém tem um veículo, se obriga a pagar o IPVA, este é um 
exemplo de obrigação que deriva simplesmente da lei. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 6 
 
 
Exercício: 
 Mario que tem 16 anos possui uma loja de venda de produtos com o amigo João, 
maior de idade. A loja atua de maneira informal, sem registro, uma sociedade de 
fato. 
 
o Mario poderá ingressar com uma ação de cobrança contra um cliente que 
recebeu uma mercadoria e não pagou? 
 Uma sociedade jurídica é representada pelos seus sócios gerentes, 
já a sociedade de fato é representada por todos os sócios, então 
todos devem entrar com ação contra o devedor, mas o Mario 
ainda terá que ser assistido nesta ação (Mario pode ser credor, 
mas para exercer o direito de cobrança ele precisa estar assistido, 
por não ter capacidade de fato). 
 
o Os sócios poderiam ingressar com esta ação caso a venda tivesse sido feita 
a um adolescente de 14 anos? 
 Se o menor não estivesse representado no momento da venda o 
contrato é nulo, e assim sendo não cabe ação de cobrança, pois 
ele não gera efeitos. Não haverá obrigação, pela incapacidade 
absoluta do devedor. Lembrando que o menor pode ser devedor, 
mas para contrair a obrigação ele deve estar representado, se ele 
agir sozinho o contrato como já dito é nulo. 
 
o E se fosse um cliente maior, mas relativo à venda de um animal silvestre 
em extinção? 
 A Ilicitude do objeto também gera nulidade da obrigação. 
 
o Neste caso qual seria o objeto imediato e mediato da obrigação? 
 Objeto imediato: Obrigação de dar 
 Objeto mediato: Dinheiro 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
CERTA (art. 233) 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 
234/236 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO – art. 237 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 238/240 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO - art. 
241/242 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
CERTA (art. 233) 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 
234/236 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO – art. 237 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 238/240 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO - art. 
241/242 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
CERTA (art. 233) 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 
234/236 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO – art. 237 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 238/240 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO - art. 
241/242 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
CERTA (art. 233) 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 
234/236 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO – art. 237 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 238/240 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO - art. 
241/242 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
CERTA (art. 233) 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 
234/236 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO – art. 237 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 238/240 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO - art. 
241/242 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA 
CERTA (art. 233) 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 
234/236 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO – art. 237 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
PERECIMENTO OU 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
ANTES DO CUMPRIMENTO – 
art. 238/240 
MELHORAMENTOS E FRUTOS 
DA COISA ANTES DO 
CUMPRIMENTO - art. 
241/242 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 7 
 
 O legislador resolveu sistematizar a matéria levando em conta a conduta humana. 
 Dar abrange Entregar e Restituir. (Restituir significa devolver). 
 A Entrega de bem móvel ocorre através da tradição. Ao comprar uma garrafa d´água e 
pagar, o vendedor passa a ser devedor e tem a obrigação de dar (entregar) a garrafa para o 
credor que pagou pela garrafa, e feito isso se rompe o vinculo jurídico. 
 Agora no caso de alguém emprestar uma garrafa d´água, nasce também um vínculo 
jurídicoe quem pegou emprestado tem a obrigação de dar (restituir) a garrafa para o dono 
(credor). Antes do vinculo se formar e depois do vinculo se findar, o dono da garra é o mesmo. 
 Na obrigação de dar na modalidade entregar de inicio a propriedade é do devedor, e 
passa a ser do credor assim que a obrigação é cumprida, ou seja, há uma mudança de 
propriedade. Já na modalidade de restituir não há mudança de propriedade do objeto, visto 
que enquanto o objeto estava emprestado, e após a restituição do objeto, a propriedade 
continuava sendo do credor, assim sendo durante o vínculo jurídico e após sua extinção a 
propriedade não muda. 
 
Obrigação de Dar na 
Modalidade: 
Proprietário Durante o 
Vinculo Jurídico 
Proprietário 
Após o Vinculo Jurídico 
Entregar Devedor Credor 
Restituir Credor Credor 
 
 Na modalidade entregar existe transferência de propriedade, na modalidade restituir 
não há transferência de propriedade. 
 
 Coisa 
o O que pode ser objeto de uma Obrigação? 
 Qualquer bem seja móvel ou imóvel, pode ser objeto de uma 
Obrigação, desde que possua valor econômico. 
 
 Coisa Certa 
o Significa ser uma coisa individualizada, que se destaca das outras, ou seja, 
no meio de várias, nós sabemos exatamente qual é a Coisa. 
o Na compra de um determinado carro de alguém, é uma compra de coisa 
certa, pois o comprador não quer um carro qualquer, tem que ser aquele, 
se o devedor entregar outro veículo, mesmo que de maior valor, não esta 
sendo cumprida com a obrigação do contrato. 
 Se qualquer elemento servir como pagamento da prestação, não estaremos falando de 
coisa certa. Assim sendo, se alguém comprar uma vaca nelore de um determinado local, não 
estaríamos diante de uma coisa certa, pois o vendedor poderá entregar qualquer uma das 
vacas nelore presentes naquele local. Agora se o comprador por sua vez escolher 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 8 
 
especificamente determinada vaca, é aquela que deve ser entregue, e só haverá o 
cumprimento da obrigação se aquela vaca específica lhe for entregue. 
 Quando estamos tratando de obrigação de dar coisa certa, isso já dá a ideia de que a 
coisa certa, não admite substituição. Mesmo que seja algo de maior valor, o devedor somente 
se livra da obrigação se entregar o objeto específico, salvo se o credor concordar em receber 
outra Coisa. 
 Dar (Entregar ou Restituir); 
 Coisa (Bem móvel ou imóvel com valor econômico); 
 Certa (Coisa individualizada). 
 Forma de Cumprimento 
 
o Tradição 
 Forma como se cumpre a obrigação de dar coisa certa móvel. 
 
o Tradição Solene 
 É a forma como se cumpre a obrigação de dar coisa certa imóvel, 
sendo necessário um contrato registrado em cartório, chamado de 
escritura pública e posteriormente este contrato deve ser 
averbado na matrícula do imóvel, e este ato de registrar a 
escritura na matrícula é que leva a tradição do bem imóvel. 
A celebração da obrigação confere ao credor um simples direito pessoal e não real, o 
que significa que o domínio, ou seja, a propriedade somente será adquirida com o 
cumprimento da prestação através da tradição e, diante do inadimplemento, só restará ao 
credor, caso não seja possível o cumprimento forçado da obrigação, o direito de buscar as 
perdas e danos. Art 389 e 475 CC. 
Art. 389 CC – Não cumprida a obrigação responde o devedor por 
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices 
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
Art. 475 CC – A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a 
resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, 
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
Suponhamos o exemplo de alguém que compra um carro de uma garagem, paga e no 
dia seguinte quando vai pega-lo, descobre que a garagem vendeu o carro para um terceiro que 
também pagou, e já esta com a posse do veículo. É comum nestes casos advogados pedirem 
busca e apreensão do carro em nome do primeiro contra o terceiro que esta com o carro, mas 
o proprietário do carro agora é o terceiro que pagou e obteve o bem por tradição, cabendo 
apenas uma ação de indenização contra a garagem. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 9 
 
Tradição sem transferência do domínio: Vale registrar, entretanto, que nem sempre a 
tradição importa na intenção de transmitir o domínio, Ex. Locação, usufruto, depósito. 
Quando há uma obrigação de dar coisa certa, a pessoa não adquire um direito real 
sobre a coisa, mas sim o direito que a pessoa cumpra a obrigação. 
Lembrando ainda que o acessório segue o bem principal, então ao comprar um 
determinado carro, na hora de pega-lo se o vendedor resolver tirar o som, não pode, pois o 
som é acessório e deve seguir o principal. Art. 233 CC. 
Art. 233 CC – A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios 
dela embora não mencionados, salvo se o contrario resultar do título 
ou das circunstâncias do caso. 
Este artigo nos leva ainda a seguinte interpretação: 
“[...] salvo se o contrario resultar do título [...]” - se no contrato existir uma 
cláusula dizendo que o acessório não seguirá com o principal, esta condição contratual 
prevalecerá ao código civil. 
“[...] ou das circunstâncias do caso.” - quanto às circunstancias do caso, ficam a 
critério do juiz, e ele avaliará no caso concreto se o acessório deve seguir o principal. 
Ex. Suponhamos que um Fiat 147 cujo valor de mercado é de 500 reais, 
possui um som avaliado em 10 mil reais. E o proprietário resolve vender o 
veículo pelo seu valor de mercado (500 reais). Só que na hora de buscar o bem, 
o comprador exige que o som venha junto, visto que como regra o acessório 
segue o principal. Nestes casos mesmo com o contrato sendo omisso, e a regra 
do código civil estabelecer que o acessório segue o principal, cabe ao 
advogado criar uma tese de que nesta situação não era a intenção vender o 
acessório e, portanto, este não deveria seguir o principal, para que o juiz 
decida. 
 Acessórios abrangem Frutos, Produtos e Benfeitorias. 
 Frutos: Aquilo que a coisa produz periodicamente e que sua retirada não altera a 
essência da coisa principal. Ex. Árvores frutíferas; 
 Produtos: Também é retirado da coisa principal, mas da essência da coisa. Ex. a 
extração de ouro, quanto mais se retira, mais se reduz o valor da mina. 
 Benfeitorias: São bens que aumentam a utilidade (benfeitorias úteis), enfeitam 
(benfeitorias voluptuárias) ou impedem a deterioração da coisa (benfeitorias necessárias). 
 Não faz parte dos acessórios, as pertenças, que naturalmente não fazem parte da 
coisa, mas que são colocadas para fazer parte e estas como regra, não seguem o principal. Art. 
94 CC. Ex. os móveis do interior de uma casa. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 10 
 
 Art. 94 CC – Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem 
principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da 
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
 
 04/02/2014 
 OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
 Dar  restituir (o devedor tem que devolver algo); entregar (o devedor tem que tirar 
algo de seu patrimônio e entregar); 
 Coisa  Bem móvel ou imóvel; 
 Certa  Algo que não pode ser substituído por outro. 
 A restituição e entrega, se faz na pratica pela tradição. Para o bem móvel a 
transferência de propriedade se da pela tradição pura e simples, já em se tratando de bem 
imóvel há uma tradição solene. 
 O legislador tentou avaliar os problemas que podem ocorrer na obrigação de 
dar coisa certa  e o primeiro item a ser analisado foi o acessório, que deve seguir o principal. 
Art.233 CC. 
Art. 233 CC – A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios 
dela embora não mencionados, salvo se o contrario resultar do título 
ou das circunstâncias do caso. 
 Conceitos importantes para entendermos o Direito das Obrigações 
 
o Culpa: Dolo e culpa para o Direito Penal, podem significar sanções maiores 
ou menores, ou as vezes podem até definir se houve ou não um crime, por 
exemplo, o caso de alguém que leva uma caneta por engano, não é crime, 
pois não há furto culposo. O conceito de culpa no Direito Civil é diferente, 
pois se o indivíduo age com culpa ou com dolo, terá a mesma sanção que é 
pagar o prejuízo. Assim sendo no Direito Civil tanto faz se o indivíduo agiu 
com culpa levíssima ou com dolo intenso, a sanção será a mesma, que é 
pagar o prejuízo que causou. 
 Quando estudarmos Reponsabilidade Civil, perceberemos que o 
grau de culpa, terá influencia na sanção imposta, diferentemente 
do que ocorre no Direito das Obrigações; 
 Há ainda situações em que há Responsabilidade Civil 
Objetiva, que o órgão, empresa ou pessoa é 
responsabilizado, sem ter agido se quer com culpa. 
 
o Perdas e Danos: Significa o mesmo que todo o prejuízo. Ex. um motorista 
que atropela um motoboy, que cai, sofre fratura expostas, fica internado, 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 11 
 
e impossibilidade de trabalhar por algum tempo. As perdas e danos 
representarão todo o prejuízo causado pelo motorista ao motoboy. 
 
o Condição: Relacionado a evento futuro incerto. 
 Ex. Se o Palmeiras ganhar o campeonato, o professor dará mil reais 
para cada aluno. Neste caso estamos diante de uma condição 
suspensiva, pois enquanto a condição não é suplementada não há 
o direito. 
 Já no caso de condição extintiva, a partir do momento que há o 
implemento da condição, ela extingue a obrigação. Ex. Darei uma 
mesada ao meu filho até que ele arrume um emprego. 
 
o Termo: Relacionado a evento futuro certo. Normalmente esta relacionado 
com vencimento. Ex. Obrigação de dar, na modalidade entregar, dinheiro 
referente a mensalidade da Toledo. Esta obrigação esta sujeita a um termo 
(vencimento do boleto) e, enquanto não atingir o termo, a obrigação não 
pode ser exigida, sendo ilíquida. 
 
o Perecimento: Significa destruição, algo que não pode mais ser 
aproveitado. Ex. Uma vaca que morre ou um automóvel que é destruído 
pelo fogo, ocorre o perecimento do objeto. 
 
o Deterioração: Significa que há uma perda parcial do objeto, passível de 
recuperação, não havendo ainda o perecimento. 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
Art. 234 ~ 237 CC  Modalidade Entregar 
Suponhamos um caso onde alguém compra o carro do vizinho, paga e no dia seguinte 
vai pega-lo. Há uma obrigação de dar coisa certa, na modalidade entregar. O proprietário 
antes da tradição continua sendo o vizinho. Agora imagine que ocorre um incêndio na casa do 
vizinho, sem a culpa dele, e o carro vem a perecer. 
Art. 234 CC – Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, 
sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição 
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda 
resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais 
perdas e danos. 
“[...] fica resolvida a obrigação para ambas as partes [...]” – entende-se que se desfaz a 
obrigação, o dono do carro fica com o prejuízo e devolve o dinheiro para o vizinho. E o dono 
fica com o prejuízo, porque há uma regra no Direito Civil, que diz que a coisa perece para o 
dono. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 12 
 
“[...] ou pendente a condição suspensiva [...]” – se a obrigação do vizinho possui uma 
condição suspensiva, como esperar que o comprador construísse uma garagem para entregar 
o veículo, mesmo assim a coisa perece para o dono, ou seja, ele não poderá alegar que não 
entregou o carro por estar esperando que a garagem ficasse pronta. 
“[...] se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais 
perdas e danos” – então se houver perecimento com culpa, o devedor tem que devolver o 
equivalente e mais perdas e danos. 
Equivalente significa a devolução do que foi pago, e além do que foi pago, há o 
direito de pedir ainda todo e qualquer prejuízo que o indivíduo consiga comprovar que 
teve em razão do descumprimento da obrigação. 
Nesta situação, da compra do carro do vizinho é difícil imaginar um caso onde 
ocorra prejuízo além do dinheiro que foi pago, agora imaginemos a compra de um bolo 
de aniversário que não é entregue no dia correto, com todos os convidados na festa e 
não há bolo, neste caso o dano moral é muito maior que o material neste caso. 
 Resumo 
Art. 234 CC 
o Perecimento  Sem Culpa  Resolve (desfaz-se a obrigação); 
o Perecimento  Com Culpa  Equivalente + perdas e Danos. 
Imaginemos agora uma situação, em que o sujeito pagou 5 mil reais + uma moto em 
troca de um carro, e que antes da tradição o devedor queime o carro com culpa. Ele terá que 
devolver o equivalente, que significa os 5 mil reais mais a moto ou o valor da moto, além de 
arcar com as perdas e danos caso existam. 
A dificuldade na prática é definir se há culpa ou não, suponhamos a situação em que o 
objeto perece devido a um roubo, teríamos que analisar se houve falta do dever de cuidado do 
proprietário para definirmos se há culpa ou não. 
Então se houver perecimento da coisa, antes da obrigação de dar coisa certa, temos 
que avaliar se há culpa ou não para darmos uma solução. 
Passemos a analisar a seguir os casos de deterioração. Imaginemos que o devedor 
amassasse o carro por descuido no portão da casa dele, ou ainda que uma criança brincando 
riscasse o carro na rua, sem culpa do devedor, antes da tradição. O bem não pereceu, mas está 
deteriorado, então juridicamente como resolveríamos a situação? 
No caso da deterioração sem culpa: 
Art. 235 CC – Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, 
poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de 
seu preço o valor que perdeu. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 13 
 
“[...] poderá o credor resolver a obrigação [...]” – então se for sem culpa no caso de 
deterioração, a primeira opção que o credor tem é desfazer a obrigação. Quem fica com o 
prejuízo novamente é o dono, pois a coisa perece para o dono. 
“[...] ou aceita a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.” – assim sendo, o 
credor tem a opção ainda de ficar com o bem, e exigir o abatimento do prejuízo pelo devedor. 
Ressalvamos que ambos são uma prerrogativa do credor. Não cabe ao devedor 
escolher uma ou outra. 
Já no caso de uma deterioração com culpa, ou seja, aquele caso em que o vendedor 
saiu com o carro e ralou-o no portão: 
Art. 236 CC – Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o 
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a 
reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. 
Neste caso, novamente o credor possui duas opções, primeiro exigir o equivalente, 
que significa reaver o valor que pagou pelo carro, a segunda opção seria aceitar a coisa no 
estado em que se acha, e em ambos os casos é possível exigir uma indenização das perdas e 
danos. 
 Resumo 
 
Arts. 235 e 236 CC 
o Deterioração  Sem Culpa  Resolve (desfaz-se a obrigação) ou 
abatimento; 
o Deterioração  Com Culpa  Equivalente (resolve) + Perdas e Danos ou 
Aceita + Perdas e Danos. 
Como vimos a culpa, anda junto com perdas e danos, ou seja, teve culpa, há a 
possibilidade de se exigir perdas e danos sofridos. 
Tudo que vimos até o presente momento, tem relação com a modalidade entregarcoisa certa. E a partir do art. 238 do CC, o legislador passou a analisar todas estas 4 situações 
na modalidade restituir. 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
Art. 238 ~ 240 CC  Modalidade Restituir 
Imaginemos a situação de alguém estar em casa, e alguém chega e pede o seu carro 
emprestado. A pessoa empresta, e o carro é roubado. Ou ainda, ocorre um acidente e o carro 
é amassado. Juridicamente estamos falando de uma obrigação de dar coisa certa, na 
modalidade restituir. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 14 
 
Art. 238 CC – Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem 
culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a 
perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia 
da perda. 
“[...] e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a 
perda, e a obrigação se resolverá [...]” – então sempre que emprestarmos alguma coisa a 
alguém e essa pessoa leva ao perecimento da coisa emprestada, sem culpa, a obrigação será 
considerada resolvida e o prejuízo será inteiramente do credor, sem haver nenhum direito a 
restituição. Pois novamente vale a regra de que a coisa perece para o dono. 
“[...] ressalvados os seus direitos até o dia da perda.” – imaginemos uma casa alugada, 
além de pagar o aluguel, o locatário assume a responsabilidade de restituir o imóvel ao credor. 
Agora e se eventualmente cai um raio na casa, e ela pega fogo ocorrendo o perecimento, o 
proprietário só poderá exigir o aluguel até o dia da perda, já a indenização pelo perecimento 
da coisa, não poderá ser exigida, pois no caso como houve perecimento sem culpa, na 
modalidade restituir, resolve-se, ou seja, desfaz-se a obrigação, e o prejuízo é do proprietário, 
pois a coisa perece para o dono. 
Art. 239 CC – Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá 
este pelo equivalente, mais perdas e danos. 
Assim sendo, no caso de perecimento por culpa do devedor, ele terá que pagar o valor 
da coisa e todo o prejuízo que o credor teve com o seu perecimento. 
 Resumo 
Arts. 238 e 239 CC 
o Perecimento  Sem Culpa  Resolve (desfaz-se a obrigação); 
o Perecimento  Com Culpa  Equivalente + Perdas e Danos. 
Agora vejamos o caso de deterioração: 
Art. 240 CC – Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do 
devedor, recebe-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a 
indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 
239. 
Suponhamos o caso do devedor que emprestou o carro, estar parado no semáforo e 
vir alguém atrás e bater, amassando o veículo, sem culpa do devedor  Não há direito 
nenhum de indenização, pois mais uma vez vale a regra de que a coisa perece para o dono. 
Se com culpa, resolve-se pelo Art. 239 CC, que determina a restituição do equivalente 
e perdas e danos. 
A doutrina entende ainda, que neste caso há a possibilidade de aplicar a regra do Art. 
236 CC, ou seja, aceitar o bem e requerer perdas e danos  A lei não diz isso, mas a doutrina 
tem aceitado essa possibilidade. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 15 
 
 Resumo 
Art. 240 CC 
o Deterioração  Sem Culpa  Recebe do jeito que esta; 
o Deterioração  Com Culpa  Equivalente + Perdas e Danos (Art. 239 CC) 
ou a doutrina entende a possibilidade de aplicar o Art. 236 CC  Aceitar 
o bem e requerer perdas e danos. 
 
05/02/2014 
 Exercício 
 João empresta uma ferramenta ao seu vizinho Antônio, que promete devolvê-la 
após 10 dias. No dia seguinte, João adquire o veículo de Antônio, pagando-o 10 mil 
reais, ficando combinado que o carro será entregue no dia em que Antônio 
devolver a ferramenta emprestada. 
 
o Se antes da data combinada, Antônio vende e entrega o carro e a 
ferramenta a Pedro que desconhecia os negócios anteriores, o que João 
poderá requerer judicialmente contra Pedro? 
 O carro antes de ser entregue ao João é do Antônio, assim sendo, 
Pedro comprou o carro do proprietário, e cumprida à tradição 
houve a transferência de propriedade do veículo, que agora passa 
a ser de Pedro, logo João não tem nenhum fundamento jurídico 
para requerer o carro do proprietário. O direito de Pedro é maior 
que o do João, embora este último tenha pago o carro 
anteriormente. 
 Já em relação à ferramenta, a propriedade sempre foi de João, e o 
direito de propriedade só pode ser transferido se é realizado pelo 
proprietário. No momento em que Antônio vendeu a ferramenta, 
ele não era proprietário, assim sendo, se alguém compra de 
alguém que não é proprietário comprou mal, ainda que tenha 
recebido o bem em tradição, pois o verdadeiro proprietário pode 
se voltar contra Pedro e requerer a ferramenta de volta, ficando 
Pedro com direito de entrar com uma ação de regresso contra 
Antônio. 
 
o Se o paradeiro de Pedro é ignorado o que João poderá requerer 
judicialmente contra Antônio? 
 Se sumiu ou desapareceu, equivale ao perecimento do objeto da 
obrigação. Então juridicamente falando estamos diante de duas 
obrigações distintas: restituir e entregar, nas quais em ambas 
houve perecimento dos bens, com culpa do devedor. Assim sendo 
em relação ao carro, João pode pedir o equivalente (10 mil reais) e 
mais perdas e danos (todo o prejuízo que ele teve) – Art. 234 CC, 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 16 
 
e em relação à ferramenta novamente ele tem direito ao 
equivalente mais perdas e danos, neste ultimo caso o equivalente 
é o valor da ferramenta no mercado - Art. 239 CC. 
 
o Se Antônio entregar outro veículo e ferramenta semelhantes, mais a 
quantia de 10 mil reais, as obrigações estarão cumpridas? 
 Neste caso estamos diante de uma obrigação de dar coisa certa, 
que significa ser uma coisa individualizada, que não admitem 
substituição. O credor não é obrigado a aceitar nada equivalente 
àquilo que foi acordado, assim sendo, a obrigação só estará 
cumprida se houver a concordância do credor. 
 
o Se o devedor cumpre as obrigações, mas entrega os objetos danificados 
por sua culpa, o que o credor poderá pleitear contra o devedor? 
 No caso do veículo, onde estamos diante de uma obrigação de dar 
coisa certa na modalidade entregar, se ocorrer deterioração do 
bem por culpa do devedor, o credor poderá exigir o equivalente, 
ou seja, desfazer o negócio e exigir o valor pago, além de 
indenização por perdas e danos, ou ainda aceitar o bem da 
maneira que se encontra mais a indenização por perdas e danos - 
Art. 236 CC. Já no caso da ferramenta, onde estamos diante de 
uma obrigação de dar coisa certa na modalidade restituir, se 
ocorrer deterioração do bem por culpa do devedor, o credor pode 
aceitar o bem com o direito de reclamar a indenização por perdas 
e danos, isto se baseia no fato que a doutrina entende que 
podemos neste caso aplicar a regra do Art. 236 CC, ou ainda 
requerer o equivalente (outro bem ou o valor do bem) mais perdas 
e danos – Art. 240, 239 CC. 
 
o Se antes da data combinada, ladrões armados assaltam a casa de Antônio, 
levando o veículo e a ferramenta que estava no porta-malas, como ficarão 
as obrigações? Se o veículo for encontrado batido e com danos na 
ferramenta, como ficarão as obrigações? 
 No caso da modalidade entregar, se o veículo não for encontrado, 
ficaria resolvida a situação para ambas as partes, ou seja, Antônio 
teria que devolver o dinheiro pago por João, seguindo a regra de 
que a coisa perece para o dono, ficando este com o prejuízo – Art. 
234 CC. João não pode cobrar perdas e danos do Antônio, pois 
não houve culpa deste último. O mesmo ocorre na modalidade 
restituir, se o bem se perder sem culpa do devedor, sofrerá o 
credora perda, pois também a obrigação se resolverá, e Antônio 
não terá que restituir mais nada para João, não podendo este 
último exigir nada de Antônio, pois novamente vale a regra de que 
a coisa perece para o dono – Art. 238 CC. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 17 
 
 No segundo caso, estamos diante da modalidade de restituir e 
entregar, onde houve deterioração do bem, sem culpa do 
devedor. No caso da modalidade entregar, o credor pode aceitar o 
bem e pedir o abatimento e a outra opção seria a resolução do 
negocio, ou seja, o desfazimento do negocio, e quem resolve isso é 
o credor, lembrando que não cabe pedido de perdas e danos, pois 
não houve culpa do devedor – Art. 235 CC. No caso da 
modalidade restituir, João terá que aceitar a devolução da 
ferramenta pura e simples no estado em que se encontrar e não 
poderá exigir nenhuma indenização do devedor, pois este último 
não teve culpa – Art. 240 CC. 
 
11/02/2014 
 
 OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
 Já percebemos que na verdade o legislador procurou dar soluções para os problemas 
práticos que podem ocorre na obrigação de dar coisa certa, sendo que a primeira coisa que 
estudamos foi o caso do acessório. Na última aula, analisamos os casos em que antes da coisa 
ser entregue ou restituída, ela sofre perecimento ou deterioração. 
 Continuaremos agora estudando os casos em que a coisa sofre melhorias ou 
acréscimos, e para tal faz-se necessário revisarmos alguns conceitos: 
 
 Benfeitorias 
 São acréscimos realizados na coisa que leva a uma valorização, podendo aumentar a 
utilidade da coisa, ou simplesmente embeleza-la, ou ainda no caso das benfeitorias 
necessárias, são realizadas para evitar a deterioração da coisa. 
 As benfeitorias, então podem ser Necessárias, Úteis ou Voluptuárias. Quando ela é 
necessária, significa dizer que ela é imprescindível para a subsistência da coisa, como por 
exemplo, os reparos realizados no encanamento de um imóvel. Já no caso das benfeitorias 
úteis, seria algo que dá para ficar sem, mas se forem realizadas seriam muito úteis à coisa, 
visto que ela melhora, soma valor a coisa, mas não quer dizer que seja imprescindível, como 
por exemplo, construir uma garagem ou um acesso novo ao imóvel. Por fim as benfeitorias 
voluptuárias, apenas embelezam a coisa, como por exemplo, os anões de jardim colocados em 
um imóvel. 
 Na pratica encontramos problemas para definir a natureza jurídica de algumas 
benfeitorias, como uma piscina, ou uma sauna, são benfeitorias que simplesmente embelezam 
um imóvel ou podem ser consideradas benfeitorias úteis? Nos parece que elas se aproximam 
mais de benfeitorias úteis do que simplesmente voluptuárias. 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 18 
 
 
 Acessão 
 Pode ser definido como algo que acresce e gruda na coisa. Como o caso de ocorrência 
de avulsão, onde há um grande deslocamento de terra, aumentando o valor da coisa. Uma 
plantação em um terreno não é considerada benfeitoria, mas sim uma acessão, pois ela 
“gruda” na coisa, ou seja, acresce a ela. 
 
 Frutos 
 É o que a coisa periodicamente produz e que terá vida autônoma. Os frutos podem ser 
civis, industriais ou naturais. A manga é o fruto natural da mangueira; os carros produzidos 
pela indústria são frutos industriais; e o aluguel é um fruto civil decorrente do imóvel alugado, 
a renda de dividendos provenientes de ações, são frutos civis das ações. 
 
 Posse 
Faz-se necessário diferenciarmos posse de propriedade que são coisas bem distintas. A 
posse é o aspecto visível da propriedade, exterioriza a propriedade, é indício de propriedade, 
mas nem toda posse indicará propriedade. Se alguém aluga uma casa, por exemplo, continua 
sendo proprietário, mas o inquilino é que terá a posse do bem. 
A posse pode ser de boa fé ou de má fé. Os casos de posse de boa fé ocorrem quando 
ela possui anuência do proprietário da coisa, ao passo que a posse de má fé ocorre quando ela 
não é autorizada pelo proprietário da coisa. Então suponhamos que alguém empreste um 
carro para outrem por um final de semana, enquanto durar o período autorizado há posse de 
boa fé, a partir do momento que a devolução deveria ter sido feita, mas não foi, temos a posse 
de má fé. 
 
Hoje estudaremos o que o legislador previu, para solucionar questionamentos como: 
No caso de alguém comprar uma cadela de raça, pagar e ficar estipulado a entrega dentro de 1 
mês, se neste período ela ficar prenha, aquele que comprou terá que pagar algum adicional, 
ou a cadela deve ser entregue como esta sem nenhuma exigência extra da parte do vendedor 
(devedor)? E se os cachorrinhos nascem neste meio tempo, eles devem ser entregues ao 
comprador (credor) da cadela, ou o vendedor (devedor) pode ficar com eles? Estes são 
exemplos de situações que podem ocorrer em casos onde há obrigação de dar coisa certa, 
modalidade entregar. Podemos ainda ter situações que envolvam casos onde há obrigação de 
dar coisa certa, modalidade restituir, por exemplo: Se alguém empresta uma casa para 
outrem, e este último realiza benfeitorias no imóvel, ao restituir o bem, ele pode cobrar o que 
gastou, ou terá que devolver pura e simplesmente sem cobrar nada? E se a coisa gerar frutos 
antes da entrega ou restituição, qual a destinação deles? 
 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 19 
 
MELHORAMENTOS E ACRÉSCIMOS 
Neste tópico, veremos as soluções dadas pelo legislador quando há melhoramentos e 
acréscimos na coisa antes do cumprimento da obrigação. 
 
 Modalidade Entrega 
 
o Benfeitorias e Acessões 
Art. 237 CC – Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus 
melhoramento e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no 
preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Então no caso de alguém que vende uma vaca sem o conhecimento de que ela esta 
prenha, e antes da tradição é realizado o diagnóstico de prenhez, poderá o devedor 
(vendedor) exigir do credor (comprador) um valor adicional em virtude da prenhez, pois se 
quando vimos perecimento tínhamos o princípio de que a coisa perece para o dono, este 
mesmo princípio vale para as melhorias, de que a coisa melhora para o dono. E em se 
tratando da modalidade entregar, o dono é o devedor e este é que deve ter lucro com a 
melhoria da coisa. 
O credor (comprador), no entanto, não é obrigado a aceitar o aumento no preço, e 
poderá o devedor resolver a obrigação, ou seja, desfazer o negócio, devolvendo o dinheiro que 
recebeu de volta, e não há o que se falar em indenização por perdas e danos. 
É importante salientar que isso só pode acontecer se até o momento do fechamento 
do negócio ambos desconheciam da especial condição de melhoria da coisa, ou seja, no nosso 
exemplo ambos desconheciam que a vaca estava prenha, pois nos casos onde é de 
conhecimento das partes, a melhoria nada mais é que um acessório do negócio, e como todo 
acessório em regra deve seguir o principal. Em outras palavras, esse melhoramento ou 
acréscimo precisa ser posterior ao acordo firmado. 
Este mesmo raciocínio vale para as benfeitorias, ou seja, se alguém fizer benfeitorias 
em algo que já esta vendido, poderá exigir um adicional ao valor pago. E da mesma forma se o 
credor (comprador) não concordar possui, o devedor a prerrogativa de resolver o negócio. 
 Com relação as benfeitorias a doutrina nos alerta sobre o risco de fraude, pois 
imaginemos a situação de alguém que vende uma casa, e se arrepende do negocio antes da 
tradição, sabendo da possiblidade de exigência de um valor adicional ao combinado no caso de 
realização de benfeitorias na coisa, o vendedor (devedor) a enche de benfeitorias,quase que 
duplicando o valor do negocio, justamente com o objetivo de inviabiliza-lo, provocando a não 
concordância do credor (comprador), dando margem a prerrogativa do devedor resolver o 
negócio. 
Por causa destas situações que a doutrina defende que as benfeitorias realizadas após 
o fechamento do negócio que poderiam agregar valor ao negocio, devem ser apenas as 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 20 
 
necessárias, ou seja, somente as benfeitorias necessárias para que a coisa não se deteriorasse. 
Outra parte da doutrina defende ainda a possibilidade das benfeitorias úteis também 
agregarem valor ao negócio, agora as voluptuárias é de consenso que elas não deveriam 
agregar valor, pois facilitaria a fraude nos negócios. 
No entanto, fazendo uma interpretação literal da lei, ela não restringe o tipo de 
benfeitoria realizada. Na pratica, ou seja, no caso concreto, o juiz terá que ver qual a 
interpretação que ele fará da lei, pois não há certo ou errado. Por exemplo, se o juiz perceber 
que a intenção é fraudar o negócio, provavelmente ele não concordará com o acréscimo no 
valor do negócio. 
Resumindo, quando a obrigação é de entregar, utilizamos a teoria que a coisa melhora 
para o dono. O melhoramento é um acessório que não existia quando o negócio foi realizado, 
e passou a existir antes de se cumprir a tradição. Então se a coisa é vendida por R$ 15,00 e 
amanha ela vale R$ 20,00; quem tem que lucrar com isso é o proprietário, visto que a coisa 
melhora para o dono. Justamente por isso o devedor (vendedor) possui o direito de cobrar do 
credor (comprador) o adicional. Lembrando também, que o credor não é obrigado a aceitar, 
podendo resolver o negocio (Art. 237 CC). 
 
 Modalidade Restituir 
 
o Benfeitorias e Acessões 
Imaginemos então, o mesmo problema quando a obrigação de dar coisa certa, se 
enquadra na modalidade restituir. Então, agora suponhamos um empréstimo de uma casa, 
onde antes da tradição o individuo que estava exercendo a posse fez algumas benfeitorias 
nela. Existe o direito de se pleitear algum benefício? 
Art. 241 CC – Se no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou 
acréscimo a coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o 
credor, desobrigado de indenização. 
Então em se tratando da modalidade restituir, para sabermos se o devedor, ou seja, o 
sujeito que tem que restituir a casa possui algum direito, se faz necessário que analisemos se 
ele teve alguma despesa ou trabalho. Nos casos onde não há encargos, a solução se encontra 
no Art. 241 CC, elencado acima, que disciplina que o credor lucrará, pois ele é o dono da 
coisa, ficando desobrigado de qualquer indenização, pois como já vimos a coisa melhora para o 
dono. Já nos casos onde houve encargos para o melhoramento da coisa, o direito do devedor 
a pleitear uma indenização esta regulado pelo Art. 242 CC. 
Art. 242 CC – Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o 
devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste 
Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou 
de má-fé. (Vide Arts. 1.219 e 1.220). 
DIREITO CIVIL III 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 21 
 
Ou seja, nos casos de posse, onde há encargo do devedor, precisamos evoluir um 
pouco mais e analisarmos se a posse é exercida de boa-fé, ou de má-fé. 
Art. 1219 CC – O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das 
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se 
não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da 
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das 
benfeitorias necessárias e úteis. 
Art. 1220 CC – Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as 
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela 
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
Estes artigos, portanto, disciplinam os direitos do possuidor de boa-fé e o de má-fé, no 
que diz respeito as benfeitorias. Assim sendo, o possuidor de boa fé terá direito a ser 
indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis, podendo levantar e levar consigo as 
voluptuárias, caso não lhe sejam pagas e o ato não provoque detrimento a coisa. Já no caso do 
possuidor de má-fé só terá direito a ser indenizado pelas benfeitorias necessárias. 
Estes artigos que regulam a posse de boa-fé e de má-fé são importantes para nós no 
direito das obrigações, pois o Art. 242 CC, que define os casos de benfeitorias usa como 
solução as mesmas regras dos Arts. 1219 e 1220 CC. 
Então sempre que ocorrer a restituição, cujo objeto da obrigação antes de cumprida a 
obrigação, sofreu um melhoramento, precisaremos analisar se houve algum encargo, e no 
caso de afirmativo, analisar se a posse era exercida de boa-fé ou de má-fé. No caso de posse 
de boa-fé ela será regulada pelo Art. 1219 CC, ao passo que a posse de má-fé é regulada pelo 
Art. 1220 CC. 
 
 Resumão  Benfeitorias ou Acessões. 
 
o Modalidade Entregar  Regulada no Art. 237 CC 
 “A Coisa Melhora para o Dono” 
 O Dono pode exigir um adicional ao valor da coisa; 
 O credor, se não concordar, da a prerrogativa ao devedor 
de resolver a obrigação. 
 
o Modalidade Restituir 
 
 Sem Encargo  Art. 241 CC  Credor Lucrará Sem Indenização 
 
 Com Encargo  Art. 242 CC 
 Posse de Boa-Fé  Art. 1219 CC 
 Posse de Má-Fé  Art. 1220 CC 
DIREITO CIVIL III 
 
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 Modalidade Entrega 
 
o Frutos 
Primeiro precisamos rever a classificação de Frutos, que são divididos em Frutos 
Percebidos, Pendentes ou Percepiendos. 
o Frutos Percebidos: São os frutos colhidos, que já foram retirados da coisa; 
o Frutos Pendentes: São frutos que estão grudados a coisa, ou seja, ainda 
não colhidos; 
o Frutos Percepiendos: São aqueles que já poderiam ter sido colhidos, mas 
ainda não foram. 
Para exemplificarmos essa classificação, vamos imaginar o aluguel de uma casa que 
deve ser pago até o dia 10 de cada mês. Quando o proprietário recebe o valor do aluguel, 
temos um fruto civil percebido, pois ele já foi colhido. Agora se ainda não é dia 10, o fruto civil 
é chamado pendente, ou seja, existem frutos, mas ainda não foram colhidos. E por fim, se já 
passamos do dia 10 e a imobiliária não foi receber e nem o inquilino veio pagar, temos um 
caso de fruto civil percepiendo, pois ele já deveria ter sido colhido, mas não foi. 
Estamos tratando esse assunto, pois o Código Civil traz um regulamento próprio para 
os frutos, nas obrigações de dar coisa certa, tanto na modalidade restituir e entregar. 
Continuaremos a seguir com um exemplo da modalidade entregar. 
Imaginemos a venda de uma área que possui vários pés de banana, e a tradição esta 
prevista para daqui 1 mês, só que durante este tempo houve colheita de bananas. Teria o 
comprador direito de exigir os frutos percebidos? Afinal quem é o proprietário do bananal? Se 
os pés de banana estiverem carregados na véspera da entrega, pode o devedor (vendedor) 
colher tudo antes de cumprir a obrigação? Ou ainda, suponhamos a compra de uma coelha, 
não prenha, cuja tradição fica acordada para daqui seis meses, os frutos (coelhinhos) que ela 
gerar neste período, pertencem ao devedor (vendedor) ou ao credor (comprador)? 
O dispositivo que regula os frutos é o parágrafo único do Art. 237 CC, que dispõe 
que os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
Então na modalidade entrega, os frutos percebidos são do devedor. Dessa forma 
coelhinhos e as bananas são frutos percebidos, colhidos, portanto são de quem vendeu. O 
credor terá apenas os pendentes, os que ainda não foram colhidos. 
Art. 237 CC parágrafo único – Os frutos percebidos são dodevedor, 
cabendo ao credor os pendentes. 
Então ao vender uma casa, e a tradição se dá após três meses, durante este período os 
frutos civis, ou seja, os alugueres gerados pela coisa são do devedor (vendedor), pois são 
frutos percebidos. A partir da tradição os alugueres que vencerem serão do credor 
(comprador). No caso das bananas, se o devedor corta-las na véspera da tradição, se elas 
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estiverem em condições de serem percebidas não há o que indenizar, pois os frutos antes da 
tradição pertencem a ele, agora se elas não estiverem prontas para serem percebidas, sendo 
consideradas pendentes, terá o devedor que restituir o credor. 
A legislação não regula sobre os frutos percipiendos, mas na prática eles são 
considerados do credor, ou seja, se antes da tradição os frutos poderiam ter sido percebidos, 
mas não foram tornando percipendos, após a tradição não poderia mais o devedor (vendedor) 
colhe-los, sendo direito agora do credor (comprador). 
 
 Modalidade Restituir 
 
o Frutos 
Suponhamos a situação onde ocorre um empréstimo de uma área rural que contem 
um bananal, cujo proprietário após 1 ano de empréstimo solicita a restituição do imóvel. 
Durante este período houve vários frutos percebidos, assim sendo, o proprietário pode 
pleitear alguma indenização? E no caso de posse de má-fé, ou seja, o proprietário solicitar a 
restituição do imóvel, vencer o prazo, e o possuidor não devolver e ainda colher frutos neste 
período, mudaria alguma coisa? Estas questões são resolvidas pelo parágrafo único do Art. 
242 CC. 
Art. 242 CC Paragrafo único. Quanto aos frutos percebidos, 
observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do 
possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
Novamente o legislador leva em consideração se o possuidor esta de boa-fé e má-fé, e 
encontraremos a solução no Arts. 1214 e 1216 CC. 
Art. 1214 CC – O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, 
aos frutos percebidos. Paragrafo único. Os frutos pendentes ao 
tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de 
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também 
restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
Então no caso do possuidor de boa-fé, estando diante da obrigação de restituir, tudo o 
que o possuidor colheu é dele, e o proprietário, não pode pedir indenização pelos frutos 
percebidos. Com relação aos frutos pendentes ao tempo do encerramento da posse de boa-fé, 
pertencerão ao credor (proprietário), no entanto, pode-se deduzir o valor das despesas de 
produção. 
Art. 1216 CC – O possuidor de má-fé responde por todos os frutos 
colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de 
perceber, desde o momento em que se constitui de má-fé; tem direito 
às despesas da produção e custeio. 
DIREITO CIVIL III 
 
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Então no caso dos possuidores de má-fé, estes terão que devolver o que colheram, os 
frutos que estão pendentes, e ainda caso ocorra perda de frutos que por sua culpa deixou de 
colher, também será obrigado a ressarci-los. 
 
Exercício 
 Um professor empresta uma área rural a aluna com prazo de devolução de 6 
meses. Durante este período a aluna realiza benfeitorias úteis, necessárias e 
voluptuárias, bem como um plantio de soja no local, realizando a colheita de uma 
safra. 
 
o Existe alguma possibilidade para que a aluna possa exigir uma indenização 
pelo plantio realizado e pelas benfeitorias feitas no imóvel? 
 Durante a posse de boa-fé, a aluna terá direito aos frutos colhidos 
em contrapartida não haverá direito sobre os pendentes, podendo 
neste caso cobrar os custos com o plantio. Art. 242, Parágrafo 
único e Art. 1.214, Parágrafo único, CC. 
 Quanto às benfeitorias ela terá direito de ser indenizada pelas 
benfeitorias necessárias e úteis, ao passo que as voluptuárias, caso 
o proprietário não opte por indeniza-las também, pode levanta-las 
e leva-las consigo caso seja possível sem detrimento na coisa. Art. 
242, caput, e Art. 1.219 CC. 
 
o E a mesma situação, como ficaria caso o plantio e as benfeitorias tivessem 
sido realizadas após o prazo destinado a devolução do bem? 
 Em se tratando de posse de má-fé, no caso do plantio, ela terá que 
ressarcir o proprietário pelo frutos percebidos e percepiendos que 
por sua culpa se perderam, tendo direito apenas de descontar as 
despesas de produção e custeio. Art. 242, Parágrafo único e Art 
1216 CC. 
 Quanto às benfeitorias o direito a indenização incide apenas sobre 
as benfeitorias necessárias. Art. 242, caput, e Art. 1220 CC. 
 
12/02/2013 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA 
Coisa certa é uma coisa individualizada, específica. Coisa incerta por sua vez, exige 
apenas que na obrigação esteja estabelecido o gênero e a quantidade. Então se alguém tem a 
obrigação de dar duas galinhas, qualquer galinha do universo serviria para cumprir a 
obrigação. Se chegarmos em uma mangueira e comprarmos duas vacas, qualquer uma das que 
esteja ali estejam servirá para cumprir a obrigação. 
DIREITO CIVIL III 
 
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Art. 243 CC – A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e 
pela quantidade. 
 É claro que se um contrato é firmado com a obrigação de dar vacas, não há como 
cumpri-la, sendo o contrato nulo. Para termos um contrato valido com obrigação de dar 
incerta necessitamos de no mínimo determinarmos o gênero e a quantidade. 
Art. 244 CC – Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, 
a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da 
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a 
prestar a melhor. 
 Necessariamente a obrigação de dar coisa incerta, passa por um processo de escolha 
da coisa para que ela seja cumprida, o que não existe na obrigação de dar coisa certa. 
Temos que atentar, no entanto, que a obrigação de dar coisa incerta envolve a escolha 
mais a comunicação ao credor ou devedor. 
 Em regra se o contrato for omisso, o direito de escolha será do devedor, mas pode 
ocorrer de no contrato estar estabelecido entre as partes que a escolha ficará a critério do 
credor. O legislador se preocupou em fazer um balizamento neste direito de escolha do 
devedor, pois caso contrário ele poderia escolher sempre o pior produto do gênero. 
Imaginemos a situação de 5 vacas, sendo uma ótima, outra boa, outra regular, uma 
ruim e por fim uma péssima, se este proprietário se obriga da dar uma vaca, como ele esta 
diante de uma obrigação de dar coisa incerta, qualquer uma supostamente serviria para 
cumprir a obrigação, então o legislador se preocupou em estabelecer que o devedor não 
entregue o pior produto, e o protegeu para que diante de seu direito de escolha ele também 
não fosse obrigado a entregar o melhor. Então em regra, a escolha é do devedor, mas ele não 
pode escolher a coisa pior do gênero que ele se obrigou a entregar. Outro exemplo, é o caso 
de vendermos 100 litros de leite, como há os tipos A, B e C, nós enquanto devedores não 
poderemos escolher entregar o tipo C e nem o credor pode exigir que escolhamos o tipo A. 
 A doutrina entende que a regra de não poder escolher o pior produto e nem ser 
obrigado a escolher o melhor produto, quer dizer na verdade que o devedor deverá escolher o 
meio termo, ou a coisa mediana. 
 Dessa forma na prática, podemos encontrar problemas como o individuo que ficou de 
entregar um cavalo, mas sem a definição da raça, nestes casos a exigência é que se entregue 
um meio termo, ou seja, nem um cavalo da raça mais cara, mas também não o da raça mais 
barato. 
 O Credor pode ter o direito deescolha também, quando previsto no contrato, e uma 
corrente doutrinaria defende que ele pode escolher qualquer produto, pois não há um 
dispositivo legal que regule a escolha do credor. Outra corrente, no entanto, defende que por 
analogia o credor também precisaria ficar no meio termo. 
DIREITO CIVIL III 
 
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Art. 245 CC – Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na 
Seção antecedente. 
 Quando o devedor escolhe a coisa e comunica ao credor, ou vice versa, o que era uma 
obrigação de dar coisa incerta passa a ser uma obrigação de dar coisa certa, e este ato 
denominamos Concentração, ou seja, a concentração nada mais é do que o ato de 
transformação da obrigação de dar coisa incerta para obrigação de dar coisa certa, que 
decorre da escolha da coisa e comunicação a outra parte. 
 A partir do momento que houve concentração, a obrigação será regida pelas regras da 
obrigação de dar coisa certa. O Art. 245 CC regula explicitamente este fato, quando diz que 
após a escolha vigorará o disposto na Seção antecedente, que no caso é Obrigação de Dar 
Coisa Certa. 
Art. 246 CC – Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou 
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
 Imaginemos então a situação do individuo ter apenas uma galinha, e o indivíduo vende 
uma galinha e fica de entregar na semana seguinte, só que ela morre por força maior ou caso 
fortuito, neste caso como o gênero galinha continua a existir no universo, a obrigação 
permanece, e o devedor terá que arrumar uma galinha para dar ao credor. 
 Então, na obrigação de dar coisa incerta, o gênero não perece. Agora solução diferente 
seria se após separado a coisa e comunicado o credor, ou seja, após a ocorrência da 
concentração e portando havendo a individualização daquilo que vai ser entregue, a coisa 
viesse a perecer sem culpa do devedor, pois nestes casos resolve-se a obrigação, pois ela seria 
regulada pelas regras da obrigação de dar coisa certa. 
 Suponhamos ainda a situação de alguém que fica obrigado a dar 50 galinhas de uma 
determinada granja que possui 2000 galinhas, como não sabemos o que exatamente será 
entregue, estamos diante de uma obrigação de dar coisa incerta. Ocorre que após um acidente 
elétrico todas as galinhas da granja morrem. Nestes casos quando há obrigação com o gênero 
limitado, se todas as galinhas da granja morreram, o gênero pereceu. Assim sendo, os casos de 
gênero limitado pode perecer. 
 A regra então é que o gênero não perece, pois enquanto existir elementos daquele 
gênero a obrigação persiste, mas nos casos em que há limitação no gênero, ele pode perecer, 
e assim ocorrendo a obrigação se resolve. 
 
 Exercício 
 Fulano se obriga a entregar um cavalo a Ciclano. 
 
o Quem e como será realizada a escolha do animal a ser entregue? 
 O devedor é quem tem em regra o direito de escolher o animal a 
ser entregue, caso o contrato não defina o contrario, mas não 
DIREITO CIVIL III 
 
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poderá dar a coisa pior e nem será obrigado a prestar a melhor, 
entendendo parte da doutrina que ele deve escolher o cavalo 
mediano. Art. 244 CC. Lembrando ainda que não basta apenas 
escolher, há a necessidade de comunicar o credor, ou seja, fazer a 
concentração. 
 
o Se a obrigação fosse à entrega de cavalos, quantos animais o devedor 
deverá entregar? 
 Não deverá entregar nenhum, pois o contrato seria nulo, visto que 
não há como o devedor cumprir com a obrigação de dar coisa 
incerta sem a definição mínima contendo quantidade e gênero. 
Art. 243 CC. 
 
o Se antes da entrega, mas após a concentração, o animal escolhido morre 
por culpa do devedor, como ficará a obrigação? E se a morte aconteceu 
antes da concentração e sem culpa do devedor? E com culpa do devedor? 
 A obrigação após a concentração segue as regras da obrigação de 
dar coisa certa, e no caso de perecimento com culpa do devedor, 
terá direito o credor ao equivalente + perdas e danos, regulado 
pelo Art. 234 CC. Lembrando que sempre que ocorrer culpa, 
haverá perdas e danos. 
 Se a morte ocorreu antes da concentração, a obrigação é de dar 
coisa incerta, e tanto faz se for com culpa ou sem culpa, a 
obrigação permanece, pois o gênero não perece, e terá o devedor 
que buscar um cavalo para cumprir a obrigação. 
 
o Se a obrigação fosse à entrega de uma égua e após a concentração, mas 
antes da tradição esta desse cria a um potro, como ficaria a obrigação? 
 Se ao fazer a concentração, se as partes não sabiam da especial 
condição da égua, o dispositivo que regula os frutos na 
modalidade entrega é o parágrafo único do Art. 237 CC, que 
dispõe que os frutos percebidos são do devedor, portanto o potro 
pertence a ele. 
No contrato estabelecido entre as partes, podemos ter regras diferentes das contidas 
no Código Civil, por exemplo, podemos colocar em contrato que a coisa melhora para o credor 
e não seguir a regra de que ela melhora para o dono (devedor), e esta regra seria totalmente 
válida entre as partes. Mas porque ao fazer um contrato, as partes podem dispor regras 
diferentes do que está disposto no Código Civil? A resposta é simples, a legislação traz normas 
de conduta, que se subdividem em normas de ordem pública, cujo interesse é da sociedade e, 
portanto, não podendo uma regra contratual ir contra elas; e em normas de ordem privada, 
que são normas sem repercussão pública, pois elas interessam apenas as partes, então em se 
tratando destas regras, se o contrato for omisso, vale a regra geral estabelecida no Código 
Civil, agora se o contrato estipular algo diferente do disposto no Código, será a cláusula 
contratual que prevalecerá. 
DIREITO CIVIL III 
 
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Resumindo: as normas de ordem privada, podem ser pactuadas de forma diferente em 
contratos realizados entre as partes, já as normas de ordem pública não podem ser alteradas 
de acordo com a vontade delas, mesmo que elas concordem. Por exemplo, fidelidade é uma 
norma de conduta de ordem pública, pois interessa a sociedade, então não adianta as partes 
concordarem em fazer um contrato antenupcial dizendo que entre eles estará permitida a 
traição, pois esta cláusula será nula. Agora no caso do direito das obrigações, as normas não 
possuem repercussão pública, pois interessam apenas as partes, sendo passiveis de serem 
modificadas de acordo com a vontade delas. 
 
 18/02/2014 
 
 OBRIGAÇÃO DE FAZER 
 A obrigação de fazer, não corresponde à ideia de entregar ou restituir algo. A 
modalidade obrigação de fazer, consiste em realizar um ato, atividade ou serviço em prol de 
outrem. Ex. O Professor possui uma obrigação de fazer no que tange administrar a aula; se 
contratamos alguém para pintar a casa, também se trata de uma obrigação de fazer. 
 Assim sendo, a prestação de serviço é uma obrigação de fazer. Por isso ao contratar 
um serviço se ele não é realizado conforme as condições preestabelecidas entre as partes, 
pode se tornar um processo, e a seguir analisaremos as formas que o legislador buscou 
resolver os conflitos nas obrigações de fazer. 
 Então se contratamos alguém para pintar um quadro, aparentemente temos duas 
obrigações, sendo a primeira de fazer o quadro e a segunda a obrigação de dar. A doutrina 
entende que se antes da obrigação de dar se faz necessário uma obrigação de fazer, esta 
situação jurídica será solucionada como se fosse simplesmente uma obrigação de fazer. Em 
sentido reverso, só consideraremos obrigação de dar, quando não há nenhuma obrigação de 
fazer vinculada. 
 O que interessa na obrigação de fazer é saber quando ela é personalíssima(infungível), 
e quando ela é impessoal (fungível). 
 
o Obrigação de Fazer Personalíssima (Infungível) 
 Uma obrigação de fazer personalíssima é aquela que somente pode ser cumprida 
pessoalmente pelo devedor. Ex. A contratação do show do Roberto Carlos, é uma obrigação de 
fazer, tipo personalíssima, pois não adianta vir outra pessoa cantar no lugar do Roberto Carlos, 
que a obrigação não estará cumprida. 
 
o Obrigação de Fazer Impessoal (Fungível) 
DIREITO CIVIL III 
 
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 É o caso de contratarmos alguém para carpir o quintal, e a pessoa contratada não pode 
vir porque ficou doente, mas manda outra para cumprir a obrigação em seu lugar, nestes casos 
por ser uma obrigação impessoal, ou seja, não necessariamente precisa ser cumprida pelo 
devedor pessoalmente, a obrigação será considerada cumprida. 
 
 Assim sendo, voltemos a imaginar a contratação de alguém para pintar um quadro, no 
caso desta contratação envolver uma pessoa específica, renomado ou com vasta experiência, 
seria o caso de uma obrigação de fazer personalíssima, agora se a contração é realizada para 
que, por exemplo, uma empresa produza e entregue o quadro em questão, pouco importando 
quem será o pintor, dessa maneira a obrigação de fazer é impessoal. 
 Veremos a seguir as soluções encontradas pelo legislador para solucionar as situações 
de descumprimento nas obrigações de fazer. A solução jurídica novamente vai variar, se o 
devedor não cumpre com culpa ou sem culpa, assim sendo, perceberemos que se 
contratarmos alguém pra fazer um show e ele não vem porque ficou doente é uma situação ao 
passo que se ele não vem porque esqueceu, ou seja, com culpa a consequência é outra. 
 
 Descumprimento da Obrigação de Fazer Personalíssima – Sem 
Culpa do Devedor 
 O Art. 248 CC, primeira parte, nos da à solução para este tipo de situação: 
Art. 248 CC – Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa 
do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá 
por perdas e danos. 
 Então se for sem culpa do devedor, resolve a obrigação. O que significa dizer que se 
alguém contrata um show, aluga palco, lugar, vende ingressos, e depois o artista não aparece 
porque adoeceu, o sujeito que contratou o show pela regra geral se o contrato entre as partes 
for omisso, ficará com o prejuízo. Simplesmente o negócio se desfaz, o artista devolve o cache 
que recebeu e ponto final. É claro que geralmente os contratos mesmo sem culpa estipulam 
multas, para evitar esse tipo de situação, mas a regra geral é que o prejuízo ficara com o 
credor. 
 
 Descumprimento da Obrigação de Fazer Personalíssima – Com 
Culpa do Devedor 
O mesmo Art. 248 CC, mas agora em sua segunda parte, nos traz a solução para esta 
situação, que não difere das demais soluções quando há culpa do devedor: 
Art. 248 CC – Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa 
do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá 
por perdas e danos. 
DIREITO CIVIL III 
 
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 Neste caso, imaginemos que o artista contratado é o Zeca Pagodinho e ele não 
compareceu ao evento por ter bebido demais. Não basta somente devolver o que recebeu, a 
culpa anda de mãos dadas com perdas e danos, então terá o devedor que pagar todos os 
prejuízos do credor. 
Por se tratar de uma obrigação que já deveria ter sido cumprida não há como o juiz 
impor uma multa para que o devedor cumpra a obrigação, restando apenas a possibilidade de 
ressarcir as pedir perdas e danos. 
 Mudando um pouco a situação, continuando na obrigação de fazer personalíssima, 
que é descumprida com culpa do devedor, voltemos a nos recorrer a situação em que ocorre a 
contratação de um pintor famoso para que ele pinte um determinado quadro, e depois de 
receber, ele se negue a cumprir com a obrigação. Neste caso, se fosse uma obrigação de dar, 
haveria a possibilidade de pedir ao juiz uma busca e apreensão do objeto, além de requerer 
perdas e danos, ou seja, qualquer prejuízo que o credor tenha tido decorrente da demora em 
conseguir o cumprimento da obrigação. Trazendo para obrigação de fazer, temos que ressaltar 
que estamos diante de uma obrigação de fazer personalíssima, e assim sendo se o pintor 
simplesmente não faz, não há como pedir busca e apreensão, visto que o objeto não existe, e 
nem há como pedir para o juiz o obrigue a fazer. Nestas situações o CPC (Código de Processo 
Civil) traz um instituto que se chama “Astreinte”, que nada mais é que uma multa, disciplinada 
no Art. 461 §4º do referido Código. 
Art. 461 §4º CPC – O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior 
ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de 
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, 
fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. 
 
A “Astreinte” pode ser aplicada as obrigações de fazer, quando o devedor se recusa a 
cumprir a obrigação. Isso não garante que o devedor cumprirá, mas é um meio coercitivo de 
força-lo a cumprir, pois no caso de descumprimento, o credor terá direito a multa. 
A solução acima é encontrada no CPC, já a solução dada pelo Código Civil, esta 
normatizada no Art. 247 CC. 
Art. 247 CC – Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o 
devedor que recusar a prestação a ele só importa, ou só por ele 
exequível. 
 Resumindo, nestas situações o credor poderá pedir o juiz impor multa, coagindo o 
devedor a cumprir a obrigação, podendo também exigir perdas e danos pelo atraso. Se mesmo 
assim o devedor não cumprir a obrigação, restará apenas segundo o Art. 247 CC, exigir perdas 
e danos, que inclui a devolução do dinheiro pago. É claro que na situação de se exigir perdas e 
danos devido ao não cumprimento da obrigação o valor será muito maior quando comparado 
ao valor de se exigir perdas e danos pelo atraso no cumprimento da obrigação. 
 
DIREITO CIVIL III 
 
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 Há situações ainda em que o sujeito vende um imóvel, recebe por ele e fica para ir 
assinar a escritura no cartório, mas fica protelando demasiadamente. Nestes casos por se 
tratar de uma obrigação de fazer personalíssima, o juiz não tem como obriga-lo a ir assinar, 
mas pode soltar um alvará determinando que o cartório registre a escritura mesmo sem a 
declaração de vontade do devedor. Nestas situações então há como o juiz suprir a 
manifestação de vontade. É claro, que também é possível pedir perdas e danos, visto que ela 
sempre estará aliada a culpa. 
 Então dependendo do caso envolvendo o descumprimento da obrigação de fazer 
personalíssima, com culpa do devedor, o credor poderá: 
o No caso de não haver mais como cumprir a obrigação: 
 Exigir Perdas e Danos (incluindo valo pago) – Art. 248, segunda 
parte, CC; 
o No caso de ainda poder ser cumprida a obrigação, mas o devedor se 
recusar a cumpri-la: 
 Pedir que o juiz imponha uma multa diária, coagindo o devedor a 
cumprir com a obrigação – Art. 641 §4° CPC + Perdas e Danos 
pelo Atraso; 
 Verificar a possibilidade de que o juiz supra a obrigação de fazer 
do devedor; 
 Exigir Perdas e Danos pelo não cumprimento da obrigação. 
 
Veremos a seguir o que muda quando a obrigação de fazer é impessoal, lembrando 
que ser impessoal significa dizer que qualquer um pode fazer para que a obrigação seja 
considerada cumprida. 
 
 Descumprimento da Obrigação de Fazer Impessoal – Com Culpa 
do Devedor 
No caso de obrigação de fazer impessoal, utilizaremos como norte o Art. 249 CC. 
Art. 249 CC – Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao 
credor manda-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou 
mora dele, sem

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