Buscar

DIREITO CIVIL – PONTO 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

� PAGE \* MERGEFORMAT �1�
DIREITO CIVIL – PONTO 6
Contratos em espécie: compra e venda; permuta; contrato estimatório; doação; locação; empréstimo; prestação de serviço; empreitada; depósito; mandato; comissão; agência e distribuição; corretagem; transporte; seguro; constituição de renda; jogo e aposta; fiança; transação; compromisso. Atos unilaterais: promessa de recompensa; gestão de negócios; pagamento indevido; enriquecimento sem causa.
 
Atualizado em outubro de 2010 e de acordo com o programa do XIII Concurso de Juiz Federal da 1ª Região. As atualizações encontram-se na cor verde.
Alteração realizada por Luzia Farias da Silva em agosto de 2012 – TRF1. Alterações na cor cinza.
CONTRATOS EM ESPÉCIE
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
Conceito: Trata-se de um negócio jurídico bilateral, por meio do qual o vendedor obriga-se� a transferir a propriedade de coisa móvel ou imóvel ao comprador mediante o pagamento de um preço. A compra e venda por si só já é título suficiente para exigir o cumprimento da obrigação (simples consensualidade). (art. 481). As obrigações são entregar a coisa (vendedor) e o pagamento pela coisa (comprador).
Elementos:
Consentimento: convergência de vontades contrapostas “Para a perfeição do contrato, o CC exige apenas o acordo sobre a coisa e o preço” [Tepedino]
Coisa: os direitos podem ser negociados, mas o termo correto é a CESSÃO DE DIREITOS.
Preço: O preço injusto pode ser indício de fraude. O preço fictício descaracteriza o contrato para doação, por exemplo, venda de apartamento por R$ 1,00. A lei deixa as partes livres para a fixação do preço do contrato, inclusive ao arbítrio de terceiro. O que a lei não admite é que uma das partes tenha o arbítrio exclusivo de fixar o preço (artigos 485 e 489), nesse caso a cláusula e o contrato serão nulos. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação (artigo 487). Também poderão deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar (artigo 486). Neste caso, “dificuldade que se poderia entrever é a circunstância de variação da cotação no mesmo dia, caso as partes não tenham definido o horário preciso da verificação. Deve prevalecer o preço médio de mercado na data” [Tepedino] O art. 488, por sua vez, é uma mitigação da regra de estabelecimento de preços, ele tem aplicação nas hipóteses em que há vendas habituais do vendedor. Ex: fornecimento de refrigerantes em bar; trata-se do preço presumido. 
[Cláusula de fixação do preço por terceiro] “Nunca será possível que o juiz se substitua às partes, e, na falta de entendimento entre elas, designe um perito ou proceda à determinação do preço ou avaliação da coisa. Sem a fixação do preço por terceiro, a única solução possível é o desfazimento do contrato. Não cabe, aqui, na ausência de elemento essencial, a integração judicial” [Tepedino]
Aquisição da propriedade: O contrato de compra e venda no direito brasileiro gera apenas efeitos OBRIGACIONAIS. Isso significa que, para haver efetiva transferência da propriedade, é necessário, além do contrato, uma solenidade de transferência (TRADIÇÃO para os bens móveis ou REGISTRO para os bens imóveis). Tepedino afirma que o contrato em análise é TRANSLATIVO DE PROPRIEDADE, “não no sentido de operar a transferência, mas de ser o ato causal desta”. A compra e venda é um contrato translativo, mas que sozinho não gera a transmissão da propriedade [Tartuce].
Características do contrato
Contrato típico/nominado: diz-se que o contrato é típico quando as suas regras disciplinares são deduzidas de maneira precisa nos códigos e nas leis. (Caio Mário).
Contrato solene: aquele para cuja formação não basta o acordo das partes. Exige-se a observância de certas formalidades, em razão das quais o contrato se diz também formal. Esta formalidade pode ser ad solemnitatem (a ausência invalida a declaração de vontade) e ad protationem (imposta como técnica probatória (art. 227, CC)). (Caio Mário)
Contrato bilateral: cria obrigações para ambos os contratantes.
Contrato plurilateral: aqueles integrados por mais de duas pessoas, restando todas elas obrigadas.
 Contrato oneroso: aqueles dos quais ambas as partes visam a obter vantagens ou benefícios, impondo-se encargos reciprocamente em benefício uma da outra. (Caio Mário).
Contrato sinalagmático: “direitos e deveres proporcionais entre as partes” [Tartuce]
Contrato consensual: “é consensual, uma vez que se forma pelo simples acordo de vontade das partes” [Tepedino]
Contrato comutativo e aleatório: “são comutativos os contratos em que as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas, e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. Aleatórios são os contratos em que a prestação de umas das partes não é precisamente conhecida e suscetível de estimativa prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte. Além disso, ficam dependentes de um acontecimento incerto”. (Caio Mário). “é, em geral, contrato comutativo, com prestações determináveis e equivalentes no momento da conclusão. Admite-se, no entanto, a compra e venda aleatória, quando assim ajustado pelas partes” [Tepedino]. Contrato “emptio spei” é o contrato aleatório que consiste no risco sobre toda a coisa, inclusive, sobre a essência da coisa. Contrato “emptio rei speratae” é a venda da esperança quanto à quantidade da coisa ou venda da esperança com coisa esperada [Tartuce].
	CONTRATOS ALEATÓRIOS
	Dizem respeito à coisa futura
	EMPTIO SPEI
(venda da esperança)
	Um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza (artigo 458), sem que haja culpa do alienante; vende-se a esperança ou a probabilidade de as coisas existirem.
EXEMPLO: comprar de um pescador, por preço certo, os peixes que este retirar de sua rede, assumindo o risco de nenhum peixe ser apanhado.
	
	
	EMPTIO REI SPERATAE
(venda da esperança de coisa esperada)
	Ocorre que a álea versar sobre quantidade maior ou menor da coisa esperada (artigo 459), o risco assumido pelo adquirente determina o pagamento do preço ao alienante, mesmo que venha a existir em quantia mínima ou irrisória, basta que a coisa venha a existir em qualquer quantidade. É caso de resolução do contrato se a coisa não vem a existir.
EXEMPLO: comprar de um pescador o produto do lanço de sua rede, assumindo apenas a álea de ele retirar maior ou menor quantidade de pescado, o adquirente libertar-se-á da obrigação, se a rede nada contiver.
	
	Dizem respeito à coisa existente
	Para o contrato ser aleatório, deve existir risco de que as coisas se percam, danifiquem-se ou ainda, sofram depreciação (artigo 460). E a hipótese de mercadoria embarcada que vendida, assumindo o comprador a álea de ela chegar ou não ao seu destino, mesmo que ela desapareça por ocasião do contrato, devido a naufrágio do navio, a venda será válida e o vendedor terá direito ao preço, se ignorava o sinistro; se sabia do naufrágio, anulada será a alienação competindo ao adquirente a prova dessa ciência (artigo 461).
Responsabilidade pelo risco
“O CC optou por preservar os interesses do vendedor, estabelecendo uma ordem ao cumprimento das obrigações das partes no contrato: primeiro o comprador paga o preço, depois o vendedor entrega a coisa” [Tepedino] (art. 492 do CC).
“Art. 492: constitui, também, modalidade peculiar de tradição a entrega da res vendita a quem haja de transportá-la, quando expedida por ordem do comprador. Se, porém, o vendedor contrariar as instruções do adquirente, suporta os riscos ocorridos durante o transporte, porque, assim procedendo, age como mandatário infiel” [Tepedino]
Venda de ascendente a descendente
O NCC incorporou a tese da anulabilidade da venda de ascendente a descendente, sem o consentimento do cônjuge e dos demais descendentes é ANULÁVEL (prazo decadencial de 2 anos).(art. 496, CC)
 “Art. 496: proteção da legítima. Não se admite o consentimento tácito, exigindo-se que este seja feito expressamente. A doutrina, em sua maioria, entende ser o consentimento insuprível pelo juiz, por ser este uma prerrogativa do cônjuge ou do descendente. Sendo algum dos descendentes incapaz, deverá ser nomeado um curador para representá-lo ou assisti-lo no ato, conforme o caso, uma vez que é patente a colisão de interesses entre ele e o ascendente” [Tepedino]
Pessoas impedidas de contratar
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Essas pessoas NÃO têm legitimidade para efetuar o contrato de compra e venda, sob pena de nulidade, mesmo que em hasta pública.
Venda ad corpus e venda ad mensuram
	VENDA AD CORPUS
	VENDA AD MENSURAM
	Venda na qual as dimensões são imprecisas, simplesmente enunciativas. 
Presunção enunciativa quando, a diferença não exceder a1/20 (§ 1o., artigo 500)
	Venda especificada, venda detalhada por indicação de preço e medida de extensão.
	
	Proteção especial do comprador (artigo 500, caput):
AÇÃO EX EMPTO (complemento da área)
resolução do contrato
abatimento no preço (Estas duas últimas, somente em caso de não ser possível a complementação da área, segundo Tepedino)
	
	O § 1o., artigo 500, traduz a idéia de que se a margem de erro é apenas de 5%, o comprador não poderá ingressar em juízo, salvo se provar que sem esse percentual não teria realizado a compra.
Art. 502: “o adquirente será sujeito passivo apenas das obrigações propter rem nascidas após a alienação. As dívidas vencidas decorrentes do ônus real se transmitem ao novo titular do direito real. Assim, não seria possível admitir que o dispositivo abrangesse os ônus reais – a despeito da expressão 'que gravem a coisa' – uma vez que os ônus reais acompanham a coisa na mudança de titularidade, cabendo ao novo adquirente arcar com estes deveres” [Tepedino]
Venda a condômino
“Quanto à coisa, indivisível ou divisível, segundo a melhor doutrina, sobre a qual se tenha instaurado um condomínio, há para os condôminos o direito de preferência em caso de venda, por um deles, da parte ideal que lhe caiba sobre a coisa” [Tepedino]
Cláusulas especiais da compra e venda
Retrovenda (Arts. 505 e ss)
“O pacto de retrovenda consiste na faculdade que se reserva o vendedor de resolver o contrato de compra e venda, recuperando a coisa imóvel, desde que pague ao comprador o preço original, monetariamente corrigido, as despesas por ele suportadas e o valor equivalente às benfeitorias necessárias, bem como às úteis e voluptuárias expressamente consentidas, na forma escrita” [Tepedino]
“Ainda que os antigos condôminos do imóvel não tenham, todos em conjunto, vendido com o pacto adjeto de retrovenda, o direito de retrato pode ser exercido por um deles, mesmo que os demais não tenham interesse em reaver o imóvel” [Tepedino]
“Esta cláusula confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, reavendo de volta o bem alienado dentro do prazo máximo de três anos (prazo decadencial). Deve ficar claro que a cláusula de retrovenda (pactum de retrovendendo ou cláusula de resgate) somente é admissível nas vendas de bens imóveis”. “É cláusula resolutiva expressa”. “O direito de resgate poderá ser exercido pelo devedor ou pelos seus herdeiros e legatários, inclusive em relação a terceiro adquirente”. 
É possível a sua transmissão causa mortis. Há divergência na doutrina quanto à sua transmissão inter vivos, entendendo alguns que ela não poderia ocorrer por se tratar de direito personalíssimo do vendedor.
Exige anuência do cônjuge de ambos contratantes, salvo separação absoluta de bens. [Tartuce]
Venda a contento e da sujeita à prova (Arts. 509 e ss)
“A venda a contento aplica-se a certas coisas a respeito das quais o comprador não pode dar seu consentimento antes de as haver examinado. São as coisas que precisam ou ser pesadas, ou ser medidas ou, mesmo, provadas e experimentadas” [Tepedino]
“O fato de a lei nova dispor que '[a venda] não se reputará perfeita enquanto o adquirente não manifestar o seu agrado' apenas reforça seu caráter condicional, não significando que a manifestação de aprovação da coisa tenha de ser expressa, somente. Esta pode consistir em atos incompatíveis com a vontade de rejeitar a coisa” [Tepedino]
“O ponto diferenciador da venda a contento é exatamente a de o negócio se consumar a critério do comprador, independentemente da qualidade da coisa. Na venda sujeita a prova o legislador se distanciou deste critério e inseriu uma condição que não está ligada à satisfação do comprador, mas sim ao fato de a coisa ter ou não as qualidades asseguradas pelo vendedor e ser ou não idônea para o fim a que se destina” [Tepedino]
Preempção ou preferência (arts. 513 e ss)
“A natureza jurídica da preempção é de promessa unilateral de oferecer a coisa ao vendedor, pelo preço equivalente ao da oferta feita por terceiro interessado na sua aquisição. No Direito Brasileiro, confere ao vendedor apenas um direito pessoal que, se desrespeitado, gera para o comprador a obrigação de arcar com as perdas e danos” [Tepedino]
“Podem ser objeto de preempção tanto as coisas móveis quanto as imóveis (retrovenda: só imóveis)” [Tepedino]
“Há duas espécies de preempção: a convencional e a legal (pode consistir no exercício do direito de preferência pelos entes federativos, em dadas circunstâncias, ou pelo particular expropriado, caso a desapropriação não cumpra sua finalidade (CC, art. 519 – retrocessão ou preempção legal) nos termos do estatuído em lei)” [Tepedino]
“O direito de preferência é considerado personalíssimo (intransmissível)” [Tepedino]
Venda com reserva de domínio (arts. 521 e ss)
Para o bem móvel, a garantia se faz por essa cláusula de reserva de domínio, na qual o vendedor pode reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago (artigo 521). 
Essa cláusula estabelece uma propriedade resolúvel, porque está submetida a um acontecimento futuro e incerto para ser realmente transmitido o negócio.
A reserva de domínio é uma cláusula inserida em contrato de compra e venda de bem móvel a prazo. “A reserva de domínio é o pacto adjeto ao contrato de compra e venda pelo qual o comprador só adquire a propriedade da coisa ao integralizar o pagamento do preço, não obstante investir-se na posse desde o momento da celebração do contrato” [Tepedino]
“Poderá recair somente em contratos de compra e venda que tenham por objeto bens móveis. Trata-se de uma venda sob condição suspensiva (natureza jurídica)” [Tepedino]
“A coisa móvel, objeto da venda com reserva de domínio, não precisa ser infungível, mas deve ser individualizável” [Tepedino]
A cláusula deve ser escrita e registrada no domicílio do comprador para valer contra terceiros. Para as partes a cláusula vale mesmo sem o registro, basta a cláusula escrita. O registro deve ser feito no cartório de títulos e documentos. 
A regra “res perit domini” (a coisa perece para o dono) é mitigada nessa cláusula, por que se a coisa perecer, o prejuízo será suportado pelo comprador, mesmo com a propriedade reservada ao vendedor (artigo 524, 2ª parte). Na verdade, essa reserva de propriedade não passa de uma garantia.
Visaa proteger o vendedor de um móvel, que fica sem garantia do pagamento posterior. Para o bem imóvel, a solução é o compromisso de compra e venda. 
	RESERVA DE DOMÍNIO
	ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
	Cláusula no contrato de compra e venda a prazo
	Garantia real do contrato de mútuo
	Contrato de compra e venda a prazo
	Contrato de compra e venda à vista
Contrato de mútuo com garantia real
 (art. 1361 a 1368, do CC)
	Propriedade resolúvel em favor do vendedor
	Propriedade resolúvel em favor do banco
	Relação bilateral: comprador e vendedor.
	Relação trilateral: comprador, vendedor e instituição financeira
	Ação de busca e apreensão 
(art. 1.071 e seguintes, do CC)
	Ação de busca e apreensão 
(Decreto-lei 911/69)
Se o comprador não pagar o preço, deve ser constituído em mora, mediante protesto do título ou interpretação judicial (artigo 525); ou seja, diferente da mora “ex re”, que ocorre independentemente de notificação (nas obrigações a termo, com data de pagamento específica).
Estando caracterizada a mora, o vendedor poderá:
Cobrar o preço ou 
Ajuizar a ação de busca e apreensão (art. 1.071 do CPC).
O verdadeiro sentido da norma do art. 1.071 do CPC não é determinar a imprescindibilidade do protesto, mas a indispensabilidade da documentação da mora. (REsp 685.906,STJ).
Na alienação fiduciária em garantia a ação cabível é busca e apreensão, que pode ser convertida em ação de depósito (isso não pode ser feito na venda com reserva de domínio, pois não segue o Decreto-lei 911/69).
A reserva de domínio é uma exceção à regra geral de transmissão da propriedade por tradição. A venda com reserva de domínio caracteriza-se pela transmissão da posse não correspondente à transmissão do domínio, que fica com o vendedor até que o preço esteja integralmente pago. 
Venda sobre documentos
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos.
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não responde.
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.
CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
“Troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro. É um contrato consensual. Pressupõe a garantia das coisas que são objeto do contrato” [Tepedino] (art. 533 do CC).
CONTRATO ESTIMATÓRIO
Partes: CONSIGNANTE (transfere a posse de bens móveis) e CONSIGNATÁRIO (recebe os bens móveis, tendo um prazo para vendê-los e, não conseguindo a venda, deve restituir os bens).
O consignante estabelece qual o preço de venda.
Note-se a propriedade da coisa é do CONSIGNANTE. O CONSIGNATÁRIO possui somente uma posse legitimada para a venda.
“Trata-se de um negócio já amplamente difundido em nossa cultura, usualmente intitulado 'venda em consignação' ou, mais precisamente, 'venda mediante consignação”. [Tepedino]
“Natureza jurídica do contrato estimatório: obrigação facultativa” [Tepedino]. Para alguns doutrinadores, é hipótese de obrigação alternativa (Caio Mário da Silva Pereira e Paulo Luiz Netto Lôbo). O consignante terá duas opções: cobrar o preço de estima ou ingressar com ação de reintegração de posse para reaver os bens cedidos. [Tartuce].
“O contrato estimatório é contrato real” [Tepedino]
Em geral o consignante pode devolver antes do prazo. O consignatário pode comprar a coisa.
“Art. 535: Se os bens móveis forem fungíveis, será possível ao consignatário entregar ao consignante bens rigorosamente equivalentes aos perdidos ou deteriorados, afastando o teor proibitivo do comando em questão” [Tepedino]
“A faculdade de devolução da coisa consignada só perdura pelo prazo fixado; findo este, a única forma de cumprimento admitida, vendida ou não a coisa, tem-se no pagamento do preço estimado” [Tepedino]
Responsabilidade pelo risco
A regra de que a coisa perece para o dono não se aplica ao contrato estimatório, na forma do artigo 535. Assim o consignatário responde por caso fortuito ou força maior, “ou mesmo pelo fato de terceiro”. [Tepedino]
“O consignatário responde pelos vícios redibitórios e pelos riscos de evicção. Todavia, com relação à evicção, responde igualmente o consignante” [Tepedino]
CONTRATO DE DOAÇÃO
Conceito: A doação, prevista nos artigos 538 e seguintes, é o negócio jurídico pelo qual o doador, por espírito de liberalidade, transfere bens ou valores do seu patrimônio ao donatário, que os aceita.
“Não se deve esquecer que a doação, como contrato, negócio jurídico bilateral por formação, jamais prescinde do consentimento das partes. Demais disso, a aceitação do donatário existe e é essencial, pois não se pode impor a outrem que incorpore em seu patrimônio bem que não deseja, hipótese dramatizada nas doações gravadas com encargos” [Tepedino]
Elementos da doação [Tepedino]:
Subjetivo: animus donandi, que tem como conteúdo a liberalidade, isto é, a vontade de enriquecer o beneficiário às próprias expensas;
Objetivo: a diminuição do patrimônio do doador e correspondente enriquecimento do donatário;
Realização por ato inter vivos (no sistema brasileiro, se uma pessoa desejar, por ocasião de sua morte, contemplar outra, os instrumentos jurídicos de que pode dispor são apenas o testamento e o codicilo, não a doação);
O doador só pode transferir bens que efetivamente estejam em seu patrimônio, vale dizer, de que possa dispor no momento da execução do contrato (prevalece o entendimento de que seja possível doar bem alheio ou futuro, desde que, no momento da transferência, se possa cumprir a obrigação de entrega).
Características
Unilateralidade: “A doação está para o conjunto de contratos unilaterais gratuitos, assim como a compra e venda está para os bilaterais onerosos. São ambos paradigmáticos”[Tepedino] A doação com encargo NÃO torna o contrato bilateral, o contrato continua sendo unilateral, porque o encargo NÃO é uma contraprestação. Nessa hipótese, é melhor classificar o contrato com unilateral imperfeito [Tartuce].
Consensualidade: Aperfeiçoa-se com a manifestação de vontade das partes.
Formalidade: Em geral, é feita por escrito; poderá ser verbal quando, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Existe um subjetivismo sobre o que se define como pequeno valor, a doutrina recomenda que a aferição sobre o que seja pequeno valor leve em conta o patrimônio do doador. Quando legislador exigir o instrumento público para transferência, a doação deverá ser feita por escritura pública (direito real sobre bens imóveis de valor superior a 30 vezes o maior mínimo vigente no País – artigo 108).
Partes: O nascituro e o incapaz podem ser partes no contrato de doação, desde que aceita pelo representante legal (nascituro), ou dispensada quando haja a doação pura.
Doação por procuração: A jurisprudência tem admitido a doação por procuração, desde que o mandato não seja genérico, ou seja, a procuração deve especificar o objeto e o donatário (RT 495/44 e RT 472/95). 
Doação inoficiosa (art. 549): É aquela que ultrapassaos bens disponíveis do doador. A sanção legal para este espécie de doação é torná-la ineficaz naquilo em que exceder a meação disponível. O momento oportuno para realizar o cálculo da metade disponível é o instante da liberalidade. Somente os outros herdeiros poderão impugná-la. Para Pablo, É imprescritível a declaração de nulidade, mas os efeitos patrimoniais sofrem limitação, estando submetidos ao prazo prescricional geral de 10 anos. STJ: tem entendido que doação inoficiosa é ANULÁVEL estando submetida ao prazo de anulatória de 20 anos.
Obs: Mesmo em decisões proferidas após a entrada em vigor do CC/02, o STJ tem afirmado que o prazo prescricional para anular doação inoficiosa é de 20 anos o que, em tese, afronta o art. 205 do CC/02. (STJ; T3; AgRg nos EDcl no REsp 1196946/RS; DJe 21/03/2011; STJ; T4; REsp 259406/PR; DJ 04/04/2005 p. 314).
Doação universal (art. 548): Relaciona-se com o ESTATUTO JURÍDICO DO PATRIMÔNIO MÍNIMO, que consiste em uma tese desenvolvida por EDSON FACHIN, segundo a qual as normas civis devem buscar resguardar um mínimo de patrimônio para que cada pessoa tenha uma existência digna. (princípio da dignidade da pessoa humana). As normas do bem de família estão relacionadas com esse estatuto. “Casos em que se admite a doação da totalidade dos bens: a primeira hipótese apontada pela doutrina é a reserva de renda suficiente para sua subsistência, o que se operacionaliza pela constituição de usufruto em favor do próprio doador. A segunda hipótese, sobre a qual ocorre funda divergência, é a de ser possível, sim, a doação de todos os bens, retirando o doador o necessário para a subsistência de seus vencimentos, proventos ou subsídios ou de seu salário, havendo quem entenda que a partir de uma interpretação teleológica se pode afirmar ser plenamente possível a doação universal de bens quando o doador possuir alguma fonte de renda periódica, o que não afronta o art. 548, CC, tendo em vista que a finalidade da norma restaria preservada, pois a subsistência do doador estaria garantida” [Tepedino].
Classificação
Contrato típico; comutativo; unilateral (na modalidade onerosa, a doação aproxima-se do regime bilateral); solene; geralmente gratuito. (pode ser oneroso (modal ou com encargo).
Obs: Parte da doutrina, classifica a doação como sendo um contrato consensual (Orlando Gomes). Mas tendo em vista a exigência de forma escrita (art. 541), preferimos classificá-la como formal ou solene. (Caio Mário).
Real: é o contrato que depende da entrega da coisa. Ex.: entrega de carro no estacionamento para surgir o dever de guardar. Essa classificação está relacionada aos efeitos jurídicos causados pelo contrato. “Em determinadas hipóteses, o contrato de doação será real” [Tepedino]
Aceitação: O consentimento poderá ser expresso ou tácito (art. 539). Poderá, ainda, ser ficto o consentimento em doações puras feitas a incapazes – ficção esta necessária para conformar à dogmática, que considera a doação um contrato, a possibilidade de pessoa que não é capaz de celebrar negócios jurídicos vir a aceitar o ato de liberalidade, sem a participação de seus representantes. Morte (antes da aceitação): do doador – divergência doutrinária; do donatário – o negócio se resolve. Nas doações com encargo, a aceitação não se presume. [Tepedino]
Promessa de doação: A doutrina (ANA PRATA e CAIO MÁRIO) aceita a promessa de doação, afastada a execução específica, entretanto sendo possível o pedido de perdas e danos. Ou seja, não cabe a execução específica, mas o donatário pode pleitear perdas e danos. O NCC não prevê, o Código alemão sim. “No que toca à promessa de doação, majoritariamente, doutrina e jurisprudência lhe recusam efeitos pela incompatibilidade entre a natureza calcada na liberalidade da doação e a possibilidade de execução coativa da obrigação de fazer. Admite-se, contudo, a promessa de doação quando feita no bojo de um negócio complexo, no qual se possam entrever múltiplas obrigações para ambas as partes, pela inexistência da incongruência aludida (ex: promessa de doação no âmbito de um acordo de separação judicial). Para Caio Mário da Silva Pereira, somente nos casos de doação modal seria possível conceber-se a promessa de contrato, pois o encargo imposto legitimaria o donatário a exigir o cumprimento da prestação por parte do doador” [Tepedino].
Espécies de doação
doação pura: é doação sem encargo, ou seja, aquela que traduz um simples benefício patrimonial;
doação modal, onerosa ou com encargo: trata-se de doação gravada com um ônus (encargo). Disciplinada no art. 553. “Encargo é um dever anexo à doação, sem descaracterizá-la, isto é, desde que não configure correspectividade ou contraprestação” [Tepedino]
doação contemplativa ou meritória: trata-se da doação em que o doador declina as razões da sua beneficência. “É estimulada pelo sentimento pessoal de admiração ou reconhecimento da conduta do donatário. Consiste em um prêmio ao donatário. Difere da doação remuneratória por apresentar conteúdo mais sutil, no sentido de não pressupor a recompensa de favor ou serviço recebido”[Tepedino] ;
doação remuneratória: é doação feita em retribuição a serviços prestados pelo donatário. “reflete, pois, uma mostra de gratidão, sendo feita não puramente por uma liberalidade, mas também para atender a uma necessidade moral do doador em compensar o que antes recebeu do donatário. O efeito da doação remuneratória será de doação pura quanto ao excedente ao valor dos serviços remunerados. Até o limite do valor dos serviços remunerados, responde pelos riscos da evicção e pela garantia dos vícios redibitórios. Por isso que a doutrina classifica a doação remuneratória como imprópria” [Tepedino].
doação conjuntiva: trata-se da doação feita a mais de uma pessoa. É disciplinada pelo art. 551 do Código Civil. 
Doação a nascituro: é doação duplamente condicional, dependendo de dois eventos futuros e incertos: o nascimento com vida e aceitação do representante (art. 542, do CC).
doação feita em contemplação a casamento futuro: dispondo sobre esta espécie, temos o art. 546 do Código Civil.
doação com cláusula de reversão: prevista esta cláusula, o bem doado pode reverter em benefício do doador. Disciplinada no art. 547 do Código Civil. “Esta cláusula tem a natureza jurídica de condição resolutiva. Se o doador morre antes do donatário, o bem dado permanece, em definitivo, no patrimônio do donatário, passando aos seus herdeiros” [Tepedino]
doação mista (negotium mixtum cum donatione): cuida-se de uma doação híbrida, com matiz de contrato oneroso: um sujeito paga, livremente, 500 reais por um bem que vale apenas 100.
doações mútuas: neste caso, as duas partes realizam, reciprocamente, o ato de liberalidade;
doação sob forma de subvenção periódica: A seu respeito, veja-se o 545 do Código Civil. “Tal espécie de doação tem a natureza jurídica de constituição de renda a título gratuito (arts. 803-813)” [Tepedino] Ao contrário dessa espécie de doação, a constituição de renda pode ser onerosa e a renda pode decorrer de um imóvel (na doação a renda decorre diretamente do patrimônio do doador). 
doação real: “quando o bem doado for móvel e de pequeno valor, por seguir-lhe incontinenti sua tradição. São os chamados 'dons manuais', como, p. ex., os presentes de aniversário, casamento, de mero agrado, etc”. [Tepedino]
Doação entre companheiros e concubinos
Tratando-se de COMPANHEIROS (união estável), não há impedimento para a doação; todavia, em se tratando de CONCUBINOS (relação espúria) incide a restrição do artigo 550, NCC (tal norma consagra uma ação anulatória que deverá ser proposta em até 02 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal). “Qualquer que seja o regime de bens do casamento, é facultado ao cônjuge traído pleitear a anulação da doação feita pelo seu consorte em favor do cúmplice. A legitimação dos herdeiros necessários surge com o falecimento do cônjuge traído” [Tepedino]
Doação entre cônjuges e a descendente:
A doação entre cônjugesdetermina o adiantamento da legítima. “Art. 544: Tal doação será válida até o limite em que não invada a legítima dos demais dependentes. A norma em tela é de natureza supletiva, trazendo em seu bojo um elemento natural que poderá, por sua vez, ser afastado por expressa declaração de vontade do doador ao esclarecer que a liberalidade advém da parte disponível, não constituindo com isso adiantamento da legítima” [Tepedino]
Extinção da doação
A forma mais comum é o cumprimento do contrato.
O contrato pode ser extinto por revogação (resilição). O direito de revogar cabe ao doador, é um direito personalíssimo e irrenunciável (art. 556). 
Mas há hipóteses nas quais cabe a revogação da doação. Cumpre-nos mencionar que o Código Civil Brasileiro admite a revogação da doação por duas ordens de motivos (art. 555):
a) por inexecução do encargo, na doação modal;
b) por ingratidão do donatário.
“Distinguem-se os efeitos das duas causas de revogação da doação: o descumprimento do encargo tem a natureza jurídica de condição resolutiva da doação, pelo que seu advento opera efeitos ex tunc, vale dizer, retroagem à data da celebração da doação; a ingratidão do donatário tem a natureza jurídica de causa superveniente, produzindo efeitos ex nunc, isto é, não retroativos”. [Tepedino]
“Não sendo possível a restituição, por as coisas doadas não mais existirem ou terem sido alienadas, o donatário deverá indenizar o doador pelo meio-termo de seu valor. Vale dizer: 'pela média entre o valor, que a coisa teve ou podia ter entre a data da tradição ao donatário e da restituição” [Tepedino]
Revogação da doação
	Inexecução do encargo: “A ação do doador será para resolver o contrato em virtude da condição resolutiva, em que se traduz o encargo, quando estabelecido em seu favor. Resolvido o contrato, a coisa doada será restituída ao doador. A ação do terceiro e a do Ministério Público dirigem-se ao cumprimento do encargo, que é uma obrigação como outra qualquer. A mesma finalidade terá a ação do doador, quando ele não for o beneficiado”. [Tepedino] O prazo para a ação revogatória por inexecução do encargo não está previsto na lei. O STJ estava entendendo que o prazo seria de 20 anos. PABLO: esse prazo é prescricional e a ação revogatória é submetida a prazo decadencial, por se tratar de direito potestativo. Atualmente, no NCC o prazo máximo de prescrição é de 10 anos. CIVIL. PRESCRIÇÃO. A ação para tornar sem efeito a doação por motivo de inexecução do encargo prescreve em vinte anos. Recurso especial não conhecido. (REsp 472.733/DF, Rel. Min. ARI PARGENDLER, T3, julgado em 06/02/2007, DJ 16/04/2007 p. 181)
	Ingratidão do donatário: “O rol do art. 557 é taxativo. Não fica ao arbítrio nem do doador nem do juiz a definição do que seja ingratidão; é o próprio CC que taxativamente elenca as hipóteses de ingratidão que dão ensejo à revogação. A revogação não se efetiva por simples manifestação de vontade do doador. Necessário que se proponha a ação judicial, pleiteando-a. O direito de ajuizar a ação revocatória é personalíssimo. Deve ser exercitado pelo doador, permitindo a lei apenas que, ajuizada a ação, venha a ser continuada por seus sucessores. No caso de homicídio doloso, os herdeiros do doador têm legitimidade para o ajuizamento da ação. A revogação por motivo de ingratidão só é possível a respeito das liberalidades puras. Na parte em que a doação excede à remuneração, ao encargo, ou à obrigação natural, convertendo-se em pura liberalidade, é admitida a revogação” [Tepedino]
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; (HOMICÍDIO TENTADO OU CONSUMADO DISPENSADO O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PENAL�, OU SEJA O FATO PODE SER VERIFICADO SOMENTE NA ESFERA CÍVEL).
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; (O PROJETO DE REFORMA VAI CORRIGIR ISSO INSERINDO A DIFAMAÇÃO. Tepedino defende que a ingratidão se configurará também no caso de difamação).
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS
“Conceito: O contrato de locação pode ser definido como o negócio jurídico pelo qual uma das partes transfere o exercício do uso e gozo do bem infungível mediante certa retribuição.
Elementos:
essenciais: consentimento, coisa e preço;
não-essenciais: prazo e forma.
No regime de locação de imóveis urbanos, regulado pela Lei 8.245/91 (art. 3º), exige-se a vênia conjugal para o contrato de locação celebrado por prazo igual ou superior a 10 anos.
É contrato consensual, em que a tradição da coisa significa execução do negócio.
Não é necessário que o locador tenha a propriedade do bem, pois, basta ser possuidor jurídico, usufrutuário ou simples administrador.
Se a coisa cujo uso se concede é fungível, o contrato degenera em mútuo.
É possível a locação de bens incorpóreos (ex.: patente de invenção, fundo de comércio, etc).
Não se exige que a renda ou aluguel seja necessariamente em dinheiro, não sendo a pecuniaridade essencial ao contrato de locação de coisa, excetuadas as locações prediais.
A jurisprudência do STJ entende que o contrato de locação constitui título executivo extrajudicial, mesmo que não subscrito por duas testemunhas.
No regime do CC, o contrato de locação tem caráter impessoal, não sendo personalíssimo nem para o locador nem para o locatário. Admite, pois, em princípio, cessão, sublocação e sucessão em virtude de morte de qualquer dos contratantes. As partes podem, porém, convencionar diversamente.
Aplicam-se ao contrato de locação as normas relativas aos vícios redibitórios, sendo possível ao locatário rejeitar a coisa defeituosa ou exigir o abatimento do aluguel.
A maioria da doutrina entende que o locatário não poderá reter o aluguel ou descontar o que considera ter direito a receber como indenização.
Art. 567: a resolução deverá ser decretada pelo juiz, não se operando de pleno direito, ainda que o locatário tenha abandonado a coisa por motivo relevante.
Se a turbação ou o esbulho forem praticados pelo próprio locador, o locatário poderá defender-se, também, através do desforço imediato e das ações possessórias.
Saliente-se, contudo, que em casos como a requisição e a desapropriação do bem locado pela Administração Pública, não há que se falar em perturbação da posse direta do locatário e violação do direito ao uso pacífico da coisa, mas sim em motivos de força maior, decorrentes do factum principis que trazem cunho de nítida liceidade, por se orientarem no rumo do bem comum, ainda que na sua esteira deixem a marca da lesão a interesses privados.
O locador responde ao locatário pela evicção.
A lei exige, expressamente, que o vício seja oculto para ensejar a responsabilidade do locador. Todavia, se o vício for aparente, considera-se que o locatário quis o bem viciado, acertando o aluguel justo em virtude do defeito. Contudo, parece ser mais razoável não exonerar o locador da garantia dos vícios aparentes, a não ser que prove que deles o locatário ficou tendo conhecimento, porquanto ele locador é quem, conhecendo melhor a existência de tais vícios, ou defeitos, deveria para eles chamar a atenção do locatário.
O aluguel é obrigação quesível ou querable. Logo, caberá ao locador procurar o locatário para realizar a cobrança. As partes podem, entretanto, convencionar de forma diversa, transformando-a em portável ou portable.
O pagamento de aluguéis não pode ser retido a pretexto algum, sob pena de incidir o devedor em mora; não pode este, destarte, subtrair-se ao cumprimento da referida obrigação legal, alegando que a coisa locada se acha em mau estado, que o locador não fez as reformas prometidas ou que ela não serve aos seus objetivos.
Pelas deteriorações havidas por caso fortuito ou força maior não responderá o locatário, bem como por aquelas naturais do uso regular.
Art.570: para ensejar a indenização, é indiferente que o dano provenha de ato seu ou de seus prepostos ou de sublocatários.
Art. 571 (denúncia pelo locatário): se nada dispuser o contrato a respeito da cláusula penal, e se não houver consenso entre as partes, a solução será o arbitramento judicial da multa.
Em caso de locação de imóvel urbano, não é admitida a denúncia antecipada do contrato pelo locador, que deve respeitar o termo final estipulado no contrato. Todavia, ao locatário é permitido despedir-se antecipadamente do negócio jurídico pactuado, com o pagamento de multa cominada, seja contratualmente, seja judicialmente (L 8245/91, art. 4º).
A mora constitui-se de pleno direito com o advento do termo contratual; a notificação serve exclusivamente para afastar a presunção relativa de que, no silêncio do locador, presume-se prorrogado o contrato.
Direito de retenção: como meio de autotutela que é, somente se admite nos casos expressamente previstos em lei.
Durante o exercício do direito de retenção pelo locatário, este não será obrigado a arcar com a despesa de aluguel. Ademais, como corolário do principio da gravitação jurídica (v. art. 92, CC), a retenção do bem principal (coisa locada) presume a de seus acessórios, no caso de seus frutos, dentre os quais se destaca o aluguel.
O exercício do direito de retenção, contudo, traz consigo a imposição de obrigações para o locatário, tais como a conservação do bem locado, a restituição do bem ao fim da retenção e a indenização dos danos eventualmente ocasionados ao bem por sua culpa.
Art. 573: a posse do locatário, que durante o contrato é justa e de boa-fé, depois da constituição em mora passa a ser precária, ensejando o direito ao locador de utilizar-se dos interditos possessórios, especialmente a reintegração de posse, para defender-se. Ressalte-se que nos casos de locação de imóvel urbano, a ação apropriada será a de despejo (L 8245/91, art. 5º).
Duas são as condições, então, para que ocorra a prorrogação do contrato por prazo determinado, uma vez terminado o termo ajustado: a continuação do locatário na posse do bem e a falta de oposição do locador.
Art. 575 (aluguel-pena): a estipulação de valor totalmente arbitrário acarreta abuso do direito por parte do locador (art.187). Dois fatores importarão para a fixação do valor do novo aluguel, sendo eles a contraprestação e a penalidade.
Art. 576: havendo continuação do contrato, o adquirente sub-roga-se em todos os direitos e obrigações assumidas pelo locador originário, ou seja, o alienante.
STF: salvo estipulação contratual averbada no registro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locatário.
O contrato por tempo indeterminado, em caso de morte de qualquer das partes, poderá ser denunciado, aplicando-se o disposto nos arts. 574-575.
Só poderá o locatário exercer o direito de retenção estando quite com as obrigações que lhe competem e, entre elas, a do pagamento do aluguel e da conservação da coisa locada.
O direito de retenção será exercitado sem limitação temporal. Isso é, enquanto não indenizado o locatário, a retenção será legítima, não importando o decurso de tempo. Em sentido contrário, entende-se que o direito de retenção termina quando o valor das contraprestações acumuladas durante o prazo da retenção se equipara ao valor das obras realizadas.
STJ: não é nula, nos contratos de locação urbana, a cláusula que estabelece a renúncia ao direito de retenção ou indenização por benfeitorias.
Nas relações de consumo, é nula a cláusula que possibilite a renúncia do direito de indenizar por benfeitorias necessárias”. [Tepedino]
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
Comodato: empréstimo de uso;
Mútuo: empréstimo de consumo [Tepedino].
“O comodato e o mútuo têm como principal característica a entrega de um bem para que seja utilizado e posteriormente restituído a seu titular. A principal distinção entre ambos se dá em relação à natureza do bem dado em empréstimo: se o bem for fungível, tratar-se-á de um contrato de mútuo; se infungível, será comodato”. [Tepedino]
CONTRATO DE COMODATO
Conceito: “É um contrato por meio do qual o comodante entrega ao comodatário determinado bem infungível, móvel ou imóvel, para que dele se utilize de forma gratuita, tendo a obrigação de restituição a posteriori” [Tepedino] 
Existe comodato de coisas fungíveis? Excepcionalmente, com raiz no direito romano, admite-se, sob a denominação de COMODATO AD POMPAM VEL OSTENTATIONEM. EXEMPLO: pegar emprestado um peru assado para enfeitar a mesa e devolver o mesmo peru.
Características
Contrato real; Contrato unilateral; Contrato gratuito; Contrato fiduciário; Contrato temporário: (art. 581).
Obs: Para Caio Mário, é bilateral imperfeito: a distinção entre os bilaterais imperfeitos e os bilaterais está em que, nestes, as obrigações recíprocas existem desde a origem e são correlatas, enquanto naqueles a obrigação de um dos contratantes advém ulteriormente e não guarda correspectividade com a do outro, originando-se de causação independente e eventual. Essa classificação, contudo, é controversa” [Tepedino]
“Das circunstâncias do caso concreto é que se deve concluir pela natureza intuitu personae ou não do contrato” [Tepedino].
Posição do STJ sobre retomada
O comodante pode retomar a coisa, porque o comodatário não tem direito real é um mero possuidor precário da coisa. 
O comodante retoma o bem por meio de ação de REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
O STJ tem adotado duas posições a respeito disso:
Comodato por Prazo Indeterminado: a notificação do comodatário é requisito para a possessória. (REsp 571.453/MG, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/04/2006, DJ 29/05/2006 p. 230)
Comodato por Prazo Determinado: a retomada do bem é IMEDIATA, não há que haver notificação, pode ingressar diretamente com a ação de reintegração de posse.
No Julgamento do REsp 71172 / julgado em 18/11/1997, o STF fixou que “o comodato com prazo certo de vigência constitui obrigação a termo, que dispensa qualquer ato do credor para constituir o devedor em mora (mora "ex re"), nos termos do que dispõe o art. 960 do Código civil.
Direitos e obrigações das partes Art. 582, do CC
Se o comodatário estiver em mora pagará “ALUGUEL”, mas não se converte o comodato em locação. O que a lei chama de aluguel na verdade são perdas e danos. A parte final do artigo 582, ao se referir a “aluguel” está, em verdade, referindo-se às perdas e danos devidas ao comodante em razão da mora. 
O que o comodatário gastar no uso e gozo da coisa emprestada não poderá ser restituído (art. 584). Ou seja, as despesas do comodatário NÃO são ressarcidas. E as despesas URGENTES e EXTRAORDINÁRIAS tais como uma benfeitoria necessária? O STJ tem entendido que nesses casos pode ser ressarcido o comodatário. O que a lei veda é a cobrança das despesas ordinárias, mas as extraordinárias podem ser cobradas. (STJ; RESp 64114/GO, T4; Data do Julgamento 19/09/1995 Data da Publicação/Fonte DJ 18.12.1995 p. 44580).
CONTRATO DE MÚTUO
Conceito (art. 587): “O mútuo é o contrato por meio do qual uma pessoa (mutuante) transfere à outra (mutuário) a propriedade de determinado bem fungível, sendo obrigação do mutuário a restituição de coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade”. [Tepedino]
 “Não poderá ter como objeto bens imóveis, apesar da possibilidade que as partes têm de caracterizar como fungíveis os lotes de um terreno” [Tepedino]
“O mutuante deve ser proprietário do bem objeto do contrato, na medida em que o que se pretende com o mútuo é a transferência da propriedade dos bens fungíveis. Isso se dá devido à incompatibilidade entre a conservação do bem e a faculdade de consumi-lo, essencial ao contrato de mútuo, por isso mesmo denominado empréstimo de consumo. Se o mútuo for realizado por pessoa diversa do proprietário do bem mutuado, o negócio será nulo” [Tepedino]
Características
Contrato real: somente se torna perfeito (existente) coma entrega da coisa. “Enquanto no mútuo feneratício nada impede a configuração consensual, no mútuo dito gratuito, sem qualquer contraprestação correspectiva, somente a efetiva entrega do bem poderá indicar a vontade dirigida à contratação. Uma das características essenciais do mútuo é a transferência do domínio do bem mutuado desde o momento de sua tradição, formando-se o vínculo contratual. O contrato de mútuo não se configura como contrato de alienação, como a compra e venda e a doação, na medida em que a transferência do domínio é apenas uma forma de realizar a finalidade do contrato de mútuo, que é o uso/consumo do bem mutuado. Por ser a coisa mutuada propriedade do mutuário, não cabe a possibilidade de indenização de eventuais benfeitorias realizadas, nem despesas outras” [Tepedino]
Contrato unilateral: só quem assume obrigações é mutuário.
Contrato pode ser gratuito ou oneroso: mesmo sem perder a sua característica de unilateralidade. Se o mutuário tiver obrigação de devolver exatamente a quantia emprestada, é contrato gratuito (é contrato benéfico, porque o mutuário não sofre prejuízo em seu patrimônio, não tendo que remunerar o mutuante). É diferente do que acontece com o mútuo a juros, que se trata de um contrato oneroso, mas com unilateralidade. Assim: o mútuo é gratuito, quando o mutuário, ao devolver não sofre qualquer prejuízo; caso, entretanto, tenha que remunerar o mutuante, o mútuo é unilateral e oneroso. Esse mútuo a juros, que o banco pratica, é também chamado de MÚTUO FENERATÍCIO.
Contrato temporário: não pode ser eterno, o contrato deve estipular um prazo, não o fazendo aplica-se o artigo 592, NCC.
Restituição: 
“Não cabem, para a restituição do bem, ações possessórias, na medida em que o mutuante não tem sequer a posse indireta sobre o bem mutuado. Em virtude da transferência de propriedade, em caso de não restituição do bem mutuado, duas medidas judiciais poderão ser intentadas: cobrança da obrigação de dar ou fazer e o pagamento de perdas e danos pelo descumprimento de obrigação” [Tepedino]
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE.
Mútuo feito a menor: arts. 588 e 589
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
“Só é objeto da tutela do CC aquelas hipóteses de prestação de serviços entre particulares em que não haja um vínculo empregatício e que não perfaça uma relação de consumo.
Se houver dúvidas quanto à configuração da relação jurídica como sendo uma prestação de serviços ou uma relação empregatícia, deverá prevalecer o entendimento de que se trata de contrato de trabalho, na intenção de proteger o hipossuficiente.
Conceito: contrato mediante o qual uma pessoa se obriga a prestar um serviço a outra, eventualmente, em troca de determinada remuneração, excetuando-os com independência técnica e sem subordinação hierárquica.
O objeto de tal contrato é a atividade humana, tanto física quanto intelectual. Irá se diferenciar da empreitada, que também é tipo de prestação de serviço, pois naquela existirá a atribuição de uma função específica e a busca de um resultado por uma obra.
Faz parte da essência da prestação de serviços a remuneração. Nada impede que seja estabelecida a remuneração não pecuniária, como, p. ex., a realização de outra obrigação de fazer, a ser cumprida pelo tomador do serviço. O contrato, porém, torna-se atípico.
Art. 598: nada impede que após os quatro anos, findo o contrato, este seja renovado pelas partes por igual prazo. Não se admite a prorrogação tácita do contrato.
Art. 599: não será necessário o aviso prévio ou a denúncia nas hipóteses que configuram a justa causa para a rescisão contratual, vez que a causa para o rompimento contratual está estabelecida legalmente. A falta, porém, do aviso prévio, quando se impõe, acarretará o pagamento de perdas e danos por aquele que deu causa, por inadimplemento da obrigação.
A contratação do prestador de serviço não necessita a ser realizada com a especificação daquilo que deverá ser prestado.
As obrigações resultantes deste contrato não se transmitem aos herdeiros.
Art. 608: também se pode dizer que se trata de uma forma de defesa e proteção concorrencial. A limitação da indenização por rompimento do contrato não é absoluta.
Art. 609: mais uma vez apresenta-se a exceção ao princípio da relatividade contratual, na medida em que o novo proprietário do prédio agrícola não poderá se opor à escolha do prestador de serviços em permanecer neste. Este é um direito potestativo que lhe cabe. Não se rescinde o contrato anterior, sendo ele aproveitado”. [Tepedino]
CONTRATO DE EMPREITADA
“Conceito: é o contrato pelo qual uma das partes, o empreiteiro, se obriga a realizar uma obra especifica e certa para a outra parte, o proprietário, com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração global ou proporcional ao trabalho realizado, sem que haja relação de subordinação ou vínculo trabalhista entre ambos.
No silêncio do contrato, admite-se que a obra seja executada por terceiro, desde que a contratação não esteja vinculada a qualidades próprias do empreiteiro (subempreitada).
Ao contrário do contrato de prestação de serviços, a empreitada se caracteriza nitidamente pela circunstância de considerar o resultado final – e não a atividade – objeto da relação contratual. Enquanto no contrato puro e simples de prestação de serviços (locatio operarum) o objeto perseguido é o trabalho humano, no contrato de empreitada o que se busca é a realização de uma obra (locatio operis), um resultado.
A remuneração (ou preço) é essencial. Não se exige o pagamento em dinheiro, sendo cabível qualquer outro tipo de remuneração, podendo mesmo consistir em parte da própria obra.
Preço global ou forfaitário: remuneração pela obra inteira.
Empreitada por medida: o preço é fixado em função de cada uma das partes ou etapas ou em determinada medida.
Art. 610: empreitada de lavor ou de mão-de-obra e empreitada de material ou mista. Na primeira hipótese, o empreiteiro contribuiu exclusivamente com o trabalho, cabendo à outra parte fornecer o material a ser usado na obra. Na empreitada mista, diversamente, fica a cargo do empreiteiro, além do trabalho, fornecer o material necessário.
Concluída a obra, o dono é obrigado a recebê-la, desde que executada conforme contratado. Portanto, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas pertinentes, poderá o dono da obra a rejeitar, por não estar a seu contento, sem incidir em mora, continuando os riscos por conta do empreiteiro. Só haverá mora do dono da obra caso o não recebimento seja infundado.
Caso nenhuma das partes seja culpada pelo perecimento da coisa, ambas sofrerão conjuntamente os prejuízos: o dono perde o material entregue e o empreiteiro perde a retribuição pelo trabalho desenvolvido. O empreiteiro não perderá sua remuneração somente se provar, simultaneamente, que: I) a perda resultou de defeito dos materiais; e II) em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.
Art. 614: não se devem confundir 'partes distintas' de uma obra, unidades de referência da obra, com etapas dessas mesmas unidades. No primeiro caso, tem-se, p. ex., cada casa vista em relação a um conjunto residencial, podendo ser considerada uma unidade de referência, uma parte distinta (uma das 'partes em que se dividir'), que servirá de base para verificação. Já as etapas normalmente correspondem a estágios de execução de cada parte distinta, cada unidade de referência, como o levantamento de paredes, colocação de lajes ou telhados.
Art. 615: a mora do empreiteiro também pode constituir justa causa para o não recebimento.
Questão bastante debatida diz respeito à possibilidade de o empreiteiro exercer direito de retenção sobre a obra realizada se o dono não efetuar o pagamento. Sobre o tema, desenvolveram-se duas correntes doutrinárias. De acordocom a primeira, o direito de retenção só teria cabimento nos casos expressamente previstos em lei, por sua natureza de instrumento de autotutela, a exigir interpretação restritiva por tratar-se de exceção. Ausente a previsão legal, não aproveitaria à empreitada. O segundo entendimento, mais flexível, admite o reconhecimento do direito de retenção, por analogia, em todos os casos em que estejam presentes seus pressupostos. Serpa Lopes opta pela extensão do jus retentionis.
Art. 616: o abatimento caberá quando, mesmo verificada uma diminuição do valor, houver interesse do dono da obra. A eventual valorização, não autorizada, não ensejará direito ao aumento da remuneração.
Art. 618: na jurisprudência, o dispositivo abrange também os defeitos que prejudicam a habitalidade do edifício, não se limitando aos danos que acarretem ruína da construção. A disposição se dirige às empreitadas mistas, ou seja, ao empreiteiro que, além de executar a obra, fornece os materiais necessários. Não se aplica, portanto, esta disposição às empreitadas de lavor. Estabeleceu o CC aqui uma exceção à regra de que cessa, com a aceitação da obra, a responsabilidade do empreiteiro.
Os vícios da construção (art. 618) devem ser ocultos e relacionados à solidez e segurança da obra. Contra os vícios aparentes, se não ressalvados pelo dono da obra no momento do recebimento da obra, nada poderá ser requerido, sendo certo que é de se presumirem como aceitos. Devem ser aqui incluídos não só os vícios que afetem a estabilidade ou a duração da obra, mas também os que a tornem imprópria ao uso a que se destinava. Para Caio Mário da Silva Pereira, o empreiteiro responde independentemente da idéia de culpa, visto tratar-se de uma garantia legal, motivo pelo qual o prazo não pode ser alterado pelas partes. Este parece ser o melhor entendimento, já adotado por nossos tribunais.
O prazo de 5 anos é de garantia legal; o prazo de 180 dias é aplicável apenas após o fim do qüinqüênio, visto que o disposto no parágrafo não tem o condão de afastar a garantia legal de prazo irredutível de 5 anos prevista no caput.
Em se tratando de ação de reparação dos danos, o prazo é de natureza prescricional (e não decadencial), sendo de 3 anos, conforme o art. 206, par. 3º, V, CC. A questão da decadência em 180 dias não atinge a pretensão do comitente de reparação pelos danos causados pelos defeitos de solidez e segurança que está sujeita ao prazo prescricional de 3 anos, por se tratar de demanda condenatória. O prazo previsto na norma em comentário (art. 618) para o exercício do direito é de decadência, se a pretensão for constitutiva, como na ação de rescisão contratual. Se a pretensão a ser exercida, decorrente do direito previsto na norma, for de natureza condenatória, caso da ação de responsabilidade civil, o prazo aqui previsto é de prescrição, devendo-se aplicar o prazo prescricional geral previsto no art. 206, par. 3º, V, CC.
O preço estipulado pode sofrer variação em virtude da alteração do valor de seus componentes, como materiais e mão-de-obra, caso em que a empreitada se diz com reajustamento. Sendo a empreitada sem reajustamento, o empreiteiro não terá direito a qualquer acréscimo do preço, ainda que haja modificação do valor de seus componentes, visto que, sendo o empreiteiro um especialista, presume-se que a terá calculado na previsão dos acontecimentos, e não pode surpreender a outra parte com a exigência de quantia a maior que o preço ajustado.
Art. 620: distancia-se da clássica teoria da imprevisão, ao dispensar a verificação de evento extraordinário, bem como o injustificado enriquecimento da outra parte. Basta para a aplicação do dispositivo em comento a verificação objetiva da superveniente diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a 1/10 do preço global convencionado.
Art. 621: também a Lei 9.610/98 disciplina a matéria, considerando a obra intelectual protegida, os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência (art. 7º, X). No caso de projeto arquitetônico, o autor não poderá impedir modificações em seu projeto. Poderá, contudo, repudiar a autoria de projeto alterado sem o seu consentimento durante a execução ou após a renúncia (Lei 9.610/98, art. 24). O CC não revoga o disposto na Lei 9.610/98, mas apenas possibilita ao autor do projeto impedir a execução da obra que está se distanciando do seu projeto, restando-lhe sempre a opção pelo repúdio e eventual indenização.
Não há previsão de solidariedade entre o autor do projeto e o empreiteiro.
Art. 623: tem o dono da obra o direito potestativo incondicionado de pôr termo à empreitada contratada, sem declinar as razões para tanto.
O dono da obra tem o direito potestativo de resilir o contrato, sem necessidade de declinar sua justificativa para tanto, ao passo que o empreiteiro tem, em contraste, o ônus de comprovar justa causa para suspender a execução do negócio.
No contrato de empreitada, a morte não causa, em regra, o término do contrato. Em qualquer hipótese, a morte do dono da obra não extinguirá o contrato”. [Tepedino]
CONTRATO DE DEPÓSITO
I – Depósito voluntário:
Conceito: Trata-se de um negócio jurídico por meio do qual o depositante transfere coisa móvel ao depositário para que este guarde, conserve e devolva. 
É um contrato originado na Grécia, alguns Estados admitem o depósito de bens imóveis (Portugal).
“O objeto do contrato é sempre um bem móvel e corpóreo” [Tepedino]
Características
Uni ou bilateral: quanto aos efeitos pode gerar obrigações para somente uma ou para ambas as partes. Na sua forma pura, o contrato de depósito é unilateral. EXEMPLO: guarda-volumes gratuito é unilateral. Mas há contratos de depósito em que o depositante se obriga a remunerar o depositário, o contrato será bilateral. EXEMPLO: estacionamento remunerado. “Alguns autores consideram o depósito contrato bilateral imperfeito” [Tepedino]
Fiduciário: baseado na confiança. “É contrato celebrado intuitu personae, já que o depositário será pessoa de confiança do depositante” [Tepedino]
Real: somente se torna perfeito com a entrega da coisa. 
“A finalidade precípua do depósito é a guarda do bem para a sua posterior restituição, que pode ser requerida pelo depositante a qualquer tempo (ad nutum), ainda que haja prazo determinado” [Tepedino]
A jurisprudência atual do STJ, com julgados das duas turmas, considera a guarda de automóveis em estacionamento como contrato de depósito (Súmula 130, STJ). (STJ: AgRg no REsp 1249104 / SC; T3; DJe 27/06/2011 RT vol. 911 p. 557; REsp 419465 / DF; T4; DJ 05/05/2003 p. 304).
CUIDADO: Posição do STJ sobre furtos em condomínios:
Sobre furto em condomínio, a Segunda Seção do STJ Corte firmou entendimento no sentido de que O condomínio só responde por furtos ocorridos nas suas áreas comuns se isso estiver expressamente previsto na respectiva convenção. (EREsp 268669/SP, Relator o Ministro ARI PARGENDLER, DJ de 26.4.2006). (AgRg no AREsp 9107/MG T4; DJe 24/08/2011).
“A jurisprudência majoritária não caracteriza como contrato de depósito o estacionamento de veículos em logradouros públicos” [Tepedino]
“O depósito de coisa alheia é permitido” [Tepedino]
“A devolução deve ser feita no local da guarda, ainda que o depositário tenha recebido ou retirado a coisa na casa do depositante” [Tepedino]
“Enquanto o depositante pode demandar a devolução do bem a qualquer momento, o depositário somente poderá devolvê-lo após o decurso do prazo estabelecido contratualmente. Quando nenhum prazo tiver sido estabelecido, presume-se o tempo necessário para a realização da finalidade do contrato, no interesse do depositante” [Tepedino]
“Com a morte do depositante, pode o depositário adiar a restituição se não existe prova da qualidade de herdeiro daqueles que requereram a restituição” [Tepedino]
art. 636: o depositário que não informar ao depositante a perda da coisa e não toma as medidas cabíveisassume a responsabilidade por prejuízos que, em princípio, não teria. [Tepedino]
art. 640: se o intuito é a custódia da coisa e o uso é permitido para sua melhor conservação, haverá depósito, podendo o depositante reaver o bem a qualquer momento. Sendo a utilização permitida no interesse de quem recebe a coisa, haverá comodato, equivocadamente denominado depósito. [Tepedino]
art. 643: despesas indenizáveis são apenas as necessárias, isto é, destinadas à conservação do bem e a evitar a deterioração da coisa. As despesas de natureza útil e voluptuária supõem o uso, que não é da natureza do depósito. Se autorizado o uso, por exceção, não cabe exigir coisa alguma do depositante. [Tepedino]
O não pagamento da remuneração, das despesas e dos prejuízos gera o direito de retenção do depositário (art. 644). Se tais dívidas forem ilíquidas ou não se comprovarem provadas suficientemente: caução idônea ou remoção da coisa para depósito público. [Tepedino]
A forma escrita não é da substância do ato (ad solemnitatem), sendo exigida apenas para fins de prova (ad probationem) [Tepedino]
Depósito irregular (art. 645): “Aquele que tem por objeto bem fungível, sendo o depositário autorizado a consumi-lo, com a condição de restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Tem a mesma disciplina do contrato de mútuo. Segundo Caio Mário, a fungibilidade do objeto não gera necessariamente o depósito irregular, uma vez que é possível que se ajuste a devolução da mesma coisa, ainda que fungível. Para ele, são dois os fatores que tornam irregular o depósito: a possibilidade conferida ao depositário de consumir a coisa (fator material) e o propósito de beneficiar o depositário (fator anímico)” [Tepedino]. EXEMPLO: depósito bancário.
EXECUÇÃO. NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA. BANCO. DINHEIRO DISPONÍVEL EM CAIXA. POSSIBILIDADE. ART. 655, I, DO CPC. – Classificando-se o depósito de dinheiro em banco como contrato de depósito irregular, que ao mútuo se equipara, por ele a instituição financeira recebendo a propriedade do bem, não há ilegalidade na penhora do numerário em caixa, desde que não recaia sobre as “Reservas Bancárias” a que alude o art. 68 da Lei n. 9.069, de 29.6.1995 (REsp's n. 98.623-MG; 208.114-SP e 234.239-SP). Recurso especial conhecido e provido. (RESP 256900/RS, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 08.06.2004, DJ 27.09.2004 p. 361)
II – Depósito necessário:
Conceito: “Denomina-se necessário o depósito que se realiza por uma necessidade que atua imperiosa sobre a vontade do dono da coisa depositada. Se imposto por lei, diz-se legal; se de situação imprevista, miserável.
As hipóteses do inciso II do art. 647, CC, são manifestamente exemplificativas, dando-se o depósito miserável em quaisquer condições análogas. Indispensável que o depósito seja imposto por acontecimento imprevisto que não permita ao depositante outra deliberação, sequer a escolha do depositário.
A prova da realização legal é a prevista na lei que o institui, mas o princípio é que deve ser provado por escrito. Já o depósito miserável admite qualquer meio de prova.
Ao contrário do depósito voluntário, em que se presume a sua gratuidade, nos depósitos necessários a presunção é de remuneração, na medida em que lhes falta o caráter de liberalidade, de serviço, de amizade ou relações antigas” [Tepedino]
CONTRATO DE MANDATO
Conceito: “Relação contratual mediante a qual uma das partes (o mandatário) se obriga a praticar, em nome e por conta da outra parte (mandante), um ou mais atos jurídicos. O mandato é uma espécie de representação voluntária, em que o representante (mandatário) atua em nome do representado (mandante)”. [Tepedino]
“Em diversos sistemas (Itália, Suíça e Alemanha), admite-se o mandato sem representação. Contudo, no direito brasileiro, em que o legislador inseriu a representação como elemento essencial do mandato, a atuação do mandatário em nome próprio desnaturaria o mandato”. [Tepedino]
“A despeito das controvérsias em torno do tema, admite-se que o mandatário possa efetivamente praticar atos que não revistam a forma de negócio jurídico. Em regra, qualquer ato jurídico poderá ser objeto do contrato de mandato, exceto aqueles que somente pela própria pessoa podem ser praticados, em relação aos quais não é admissível a representação. São os denominados atos personalíssimos” [Tepedino]
“O mandato é contrato intuitu personae, pois se celebra em razão da pessoa do mandatário.
O mandato presume-se gratuito se não for estipulada remuneração. No entanto, caso o seu objeto corresponda ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa, presumir-se-á oneroso.
Não há dúvida de que o mandado, sobretudo quando oneroso, produz obrigações recíprocas. 
A confiança que o permeia, contudo, impede que o mandatário vincule o cumprimento de sua obrigação ao cumprimento das obrigações atribuídas ao mandante. Sua natureza unilateral resulta precisamente da inexistência de sinalagma entre as obrigações de ambas as partes. Ou seja, inexiste nexo de causalidade ou de funcionalidade entre as obrigações, de forma que uma seja a razão jurídica da outra. Não se aplica, por isso mesmo, no caso do mandato, a exceção do contrato não cumprido, extinguindo-se o mandado tão-somente nas hipóteses previstas pelo legislador.
Registre-se, ainda, a classificação do mandato como um contrato preparatório, habilitando o mandatário para a prática de certos atos que não estão nele contidos, de modo a conferir-lhe poderes para executá-lo.
Repete o CC a autorização para que os menores relativamente incapazes possam atuar como mandatários, independentemente da assistência de seus representantes legais”. [Tepedino]
Procuração: “A procuração constitui-se negócio jurídico autônomo, abstrato e unilateral, pelo qual o representado outorga ao representante os poderes de representação: é o instrumento� de outorga da representação” [Tepedino]
“A procuração não cria uma obrigação para o procurador de praticar atos, mas o poder de agir em nome do outorgante, diferenciando-se, nesse aspecto, do mandato, em que o mandatário tem a obrigação de praticar atos jurídicos no interesse do mandante. A procuração torna-se o expediente pelo qual o mandatário faz ver a terceiros, com quem contrata, o conteúdo e a extensão dos poderes de representação que lhe foram conferidos pelo mandante. Em rigor, a procuração constitui-se instrumento da representação e não do mandato, visto que objetiva outorgar os poderes de representação, a fim de que o ato praticado pelo representante vincule o representado, como se este próprio tivesse realizado pessoalmente o negócio”. [Tepedino]
A procuração pode ser elaborada por um instrumento particular ou público. “Nada impede que a procuração seja verbal. Entretanto, a procuração se vinculará à forma sob a qual se realiza o ato a que o contrato de mandato se destina” [Tepedino]. Se o ato tiver que ser celebrado por escrito, não se admitirá mandato verbal (art. 657). 
“O CC estabeleceu, no art. 657, a regra da atração da forma, determinando que a procuração se revista da mesma formalidade do ato a ser praticado pelo mandatário. Embora da literalidade do art. 655 se extraia a idéia de que o substabelecimento poderá revestir a forma particular em qualquer hipótese, deve-se interpretar o dispositivo sistematicamente com o art. 657, entendendo que o substabelecimento poderá revestir a forma particular tão-somente nas hipóteses em que o ato objeto do mandato e, por conseguinte, a procuração, não exigir a forma pública, tendo sido ela utilizada apenas facultativamente pelos interessados” [Tepedino]
Pela regra anterior, somente a procuração judicial não precisava ter a assinatura reconhecida em cartório. Atualmente, o NCC não exige que seja feito o reconhecimento de firma. Mas pode o terceiro exigir. Assim, em regra, a procuração particular não tem mais reconhecimento de firma da assinatura.
Contrato consigo mesmo: “O negócio celebrado consigo mesmoé anulável, salvo se houver autorização da lei ou do representado. A jurisprudência consagrou o entendimento de que o contrato consigo mesmo deve ser admitido, desde que não haja patente conflito de interesses ou vedação pelo mandante”. [Tepedino]
Mandatário x Comissário: “Ambos agem por conta de outrem, mas só o mandatário atua em nome alheio”[Tepedino]
Mandato outorgado por incapaz: “Há que se regular as hipóteses em que se faz indispensável, para a melhor tutela do interesse do absolutamente incapaz, a celebração de contratos de mandato ou, simplesmente, a outorga de poderes representativos. Nestes casos, com efeito, o representante legal poderá, ele próprio, atuar como mandante, outorgando poderes a representante que, em última análise, ao agir em nome e por conta do representante legal, representará e tutelará os interesses do incapaz. Admite-se, por outro lado, que o relativamente incapaz outorgue poderes representativos, mas com a imprescindível interveniência de seu representante legal, que o assistirá (concorrência de vontades) e, juntamente com ele, dará o instrumento de outorga de poderes (procuração). Neste ponto, a maioria da doutrina entende que a procuração deverá ser revestida da forma pública. Tratando-se de mandato judicial, outorgado por relativa ou absolutamente incapaz, admite-se o instrumento particular” [Tepedino]
Pluralidade de partes
Havendo pluralidade de mandantes, haverá solidariedade entre eles (art. 680). “O vínculo de solidariedade limita-se à relação interna do mandato, ou seja, aos mandantes em relação ao mandatário, não se estendendo à relação externa, isto é, aos terceiros com quem o mandatário contrata em nome dos mandantes” [Tepedino]
Havendo pluralidade de mandatários, há as seguintes situações:
MANDATO EM CONJUNTO: todos os mandatários têm que fazer juntos;
MANDATO DISJUNTIVO: qualquer um dos mandatários pode cumprir;
MANDATO SUCESSIVO: somente poderá ser cumprida a obrigação depois que uma primeira obrigação for cumprida, cada um tem a sua obrigação, mas existe uma ordem de preferência.
Atenção: nos termos do art. 672, o mandato outorgado a vários mandatários presume-se como solidário, ou seja, “cada mandatário pode agir por si, como se fosse o único. Desejando dispor de modo diverso, deverá o mandante consignar expressamente no instrumento” [Tepedino]
Classificação do mandato:
MANDATO JUDICIAL (CLÁUSULA AD JUDICIA): é o mandato para advogado atuar em juízo. Pode ser para o foro em geral (artigo 53, CPC) ou para administração geral (artigo 661).
MANDATO EXTRAJUDICIAL (CLÁUSULA AD NEGOTIA):
MANDATO ESPECIAL: “aquele que se relaciona à prática de um ou mais negócios determinados e especificados no instrumento. Não se admite, nesses casos, por analogia, a prática de atos diversos dos contidos na procuração” [Tepedino]
MANDATO GERAL: “é o mandato relativo a todos os negócios do mandante, sem especificação.” [Tepedino]
MANDATO EM TERMOS GERAIS: “alude à prática de atos genéricos, não especiais. Entende-se como expressão dos poderes de administração os atos necessários e suficientes a conservar determinados bens ou patrimônios, sem implicar a alteração de sua medida ou substância” [Tepedino]
MANDATO COM PODERES ESPECIAIS: “é aquele outorgado para os fins que ultrapassam a administração ordinária (alienar, hipotecar, etc)” [Tepedino]
Direitos e obrigações das partes:
“Em regra, somente os atos praticados dentro dos limites dos poderes outorgados pela procuração vincularão o representado. Nesse sentido, os atos praticados com excesso de poderes, isto é, sem poder de representação ou por quem não tenha mandato, serão ineficazes em relação ao mandante, considerando-se o mandatário mero gestor de negócios. Ressalte-se, ainda, que por estes atos poderá o representante responder pessoalmente perante terceiros.
Há abuso quando o mandatário usa, conscientemente, os poderes que tem, sem os exceder, mas de forma a infringir as instruções ou a vontade do mandante.
Considera-se aparente o mandato estipulado por alguém que se apresenta como mandatário, suscitando a percepção de agir em nome e no interesse de um mandante. Uma vez caracterizada como justificável a confiança do terceiro naquilo que afinal se revelou mera aparência, reputar-se-á válido o ato e vinculado o suposto mandante ao terceiro. Tal ônus somente se justifica se o representado contribuiu com sua ação ou omissão para a produção da situação geradora da confiança.
Tratando-se efetivamente de contrato de mandato, a não atuação em nome do mandante configura inadimplemento, independentemente de ter o mandatário atuado por conta (e no interesse) do mandante. Consequentemente, sobrevindo danos ao mandante, por força de tal inadimplemento, o mandatário deverá indenizá-lo.
O mandatário encontra-se pessoal e exclusivamente obrigado para com o terceiro se, com este, celebrar negócio em seu próprio nome.
Da interpretação conjunta destes dispositivos, extrai-se que o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se sua remuneração ajustada e reembolso de despesas.
O dever do mandatário de prestar contas transmite-se aos seus herdeiros.
O ato praticado fora dos poderes do mandato não vincula o mandante (art. 662), embora este se obrigue pelos atos praticados pelo mandatário em desacordo com as instruções recebidas, desde que nos limites dos poderes conferidos.
Cuidando-se de mandato oneroso, a obrigação de pagar a remuneração do mandatário subsiste independentemente da obtenção efetiva dos resultados esperados pelo mandante. O que se exige é que o mandatário tenha cumprido bem seus deveres, tais quais as instruções recebidas [obrigação de meio]
Art. 677: entende-se, majoritariamente, que estes juros são compensatórios, correndo, portanto, da data em que o mandatário demonstrar que fez o desembolso.
Art. 678: a obrigação do mandante beneficiará os herdeiros do mandatário, caso este faleça em decorrência de acidente sofrido na execução do mandato.
Pelos atos culposos do mandatário o mandante também responderá perante terceiros, desde que o dano tenha sido provocado no cumprimento do mandato e dentro dos limites deste. A hipótese caracterizará solidariedade passiva (art. 275), ressalvado para o mandante o direito de regresso em face do mandatário (art. 285)” [Tepedino] 
Submandato
O instrumento do submandato é o substabelecimento. O submandato é acessório ao mandato, assim a nulidade deste determina a nulidade aquele. 
Em princípio é possível o submandato, exceto em dois casos:
existência de vedação na procuração;
natureza da obrigação, (personalíssima = características pessoais do mandatário).
O EOAB não permite a outorga de mandato para a sociedade de advogados.
O substabelecimento pode ser feito com (tanto o submandante quanto o submandatário podem praticar o ato) ou sem reserva de poderes (só quem pode praticar o ato é o submandatário).
“Permitindo-se expressamente o substabelecimento (art. 657, §2º), e uma vez substabelecidos os poderes, passa a existir uma relação contratual direta entre o mandante e o substabelecido, que, assim, também se torna mandatário. Neste caso, em regra, o substabelecente ficará isento de responsabilidade no que diz respeito aos atos praticados exclusivamente pelo substabelecido. Exceção haverá apenas há hipótese de ter agido o substabelecente com culpa in eligendo.
No silêncio da procuração, não tendo o mandatário poderes expressos para substabelecer, caso o faça, terá ele responsabilidade perante o mandante pelos atos praticados pelo substabelecido dolosamente.
Existindo vedação expressa pelo mandante a respeito do substabelecimento, o mandatário, caso viole tal disposição, responderá não só pelos atos do substabelecido, mas também por todos os outros danos, cuja causa será presumidamente atribuída ao substabelecimento, até mesmo pelo fortuito, salvo prova em contrário,

Outros materiais