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1 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara PENAL III Professora: Lazara 01/01/2010 PARTE ESPECIAL Titulo I: Dos crimes contra pessoas Capitulo I: Dos crimes contra a vida • Art. 121 → Homicídio (crime de forma livre – qualquer meio) Matar alguém (descrição típica) Conceito: É a morte de uma pessoa humana praticada por outra pessoa humana (Cezar Roberto Bittencourt) Objeto ou Bem Jurídico: vida humana independente Sujeito Ativo: qualquer pessoa poderá praticá-lo; crime comum. O legislador não exige nenhuma qualidade especial do sujeito. Sujeito Passivo: qualquer pessoa Tipo Objeto ou Conduta física ou Ação Incriminada: - Meios diretos: direcionados ao físico da vitima. Ex: facadas, veneno. - Meios indiretos: a pessoa não age diretamente ao físico da vitima ele atiça o óbito da vitima. Ex: atiçar um cão para matar. - Os meios podem ser: físicos (tiros), químicos (veneno), patológicos (vírus HIV), psicológicos (pessoa que tem asma e você dá uma falsa noticia da morte de alguém). A morte ocorre com a cessação irreversível das atividades encefálicas. VER ART 3º DA LEI 9.474/97. 02/02/2010 - Como se prova o crime de homicídio: Prova-se a morte através do exame de corpo e delito. CPP: ART. 158 O homicídio é um crime material. É aquele que deixa vestígios. É quando o legislador descreve a conduta, descreve o resultado e para a consumação deste é necessário um resultado naturalístico. *Corpo de delito: É um conjunto de vestígios materiais produzidos pelo crime. Coisas perceptíveis aos nossos sentidos, aquilo que se vê, que se ouve, é aquilo que é palpável. *Exame do corpo de delito é a pericia. *O auto de exame de corpo de delito: é a formalização do exame. *Exame de delito direto: é quando os peritos chegam e tem todos os vestígios do crime. Ex: tem faca, sangue, unha, calçado, etc. *Exame de delito indireto: os vestígios não foram encontrados, mas os peritos encontram uma fita, um documento e elaboram o laudo e no final a sempre um parecer da pericia. O exame de corpo de delito indireto não se confunde com os depoimentos da vitima ou de testemunhas. CPP: ART. 167 Não sendo possível a realização do exame de corpo de delito a prova testemunhal suprirá a falta deste. Tipo Subjetivo: o homicídio e punido tanto a titulo de dolo, quanto a titulo de culpa. Simples: caput – doloso Privilegiado: §1º – doloso Qualificado: §2º – doloso Culposa:§ 3º Ação Penal pública incondicionada Competência para julgamento: Nos termos do Art. 5º, XXXVIII, d da CF/88→ o homicídio doloso é julgado pelo tribunal do júri e o homicídio culposo é julgado pelo juiz singular. Homicídio Simples: (caput) matar alguém Pena – reclusão de 6 a 20 anos. Não existem circunstâncias para aumentar nem diminuir a pena. Lei 8.072/90 (tipifica os crimes hediondos no Brasil) – Art. 1º, I 2 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Homicídio Privilegiado: § 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Explicação: Relevante valor social ou moral: se o agente for motivado por algo altamente importante. Está relacionado com os interesses da coletividade, do grupo, da sociedade (social). Ex: um criminoso que mata alguém que acredita ser um facínora, alguém prejudicial à sociedade. Está relacionado aos interesses pessoais, individuais (moral). Ex: eutanásia. Os motivos são subjetivos e os agravantes são objetivos. Violenta emoção: emoção incontida, quase que incontrolável. Causando alterações físicas e emocionais. Fenômeno psicológico com repercuções físicas Ex: a surpresa. Logo em seguida: quando o individuo ainda está com sangue quente. O fator temporal, sem intervalo. A injusta provocação da vitima: aquela que contraria o direito, ilícita. Essa injustiça pode ser em qualquer âmbito do direito. Nessa ultima diminuição de pena tem que ter os 3 elementos. 08//02/2010 Homicídio Qualificado: art. 121 §2º Na lei 8.072/90 Art. 1º, I está especificado os homicídios qualificados como crimes hediondos. Os motivos do crime, os meios de execução, as formas de execução e os fins do crime, tornam a conduta mais grave, mais reprovável, por isso a pena desse crime é de 12 a 30 anos. Motivos: Inciso I mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: O pagamento tem que ter fundo econômico, pecuniário (a maioria da doutrina entende assim), porem a Professora Lazara entende que nem sempre terá esse valor econômico. Ex: quando se pede para matar o marido por causa de seu seguro de vida, ao invés de oferecer dinheiro oferece favores ou benefícios. Tudo que for imoral, desprezível, abjeto será considerado motivo torpe. Inciso II por motivo fútil: motivo fútil é quando o motivo é insignificante, de só menos importância, desproporcional a ação. Meios de Execução: Inciso III com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: Emprego de veneno→qualquer substancia de qualquer origem, que é introduzida no corpo humano, que tenha a possibilidade de produzir a morte, que seja considerado pela medicina como tal. Para configurar a qualificadora de veneno, o veneno tem que ser ministrado às escondidas, sem que a vítima perceba. Quando o agente usa o veneno para praticar o homicídio tem que ser feito o exame toxicológico. Fogo→meio cruel de se matar alguém causa grande sofrimento. (É de perigo comum Art. 250 CP). Explosivo→é aquilo que funciona com detonação e há também o lançamento de estilhaço. (Também é um crime de perigo comum. Art. 251 CP) Ex: bomba de dinamite, gelatinas explosivas, nitroglicerina. Asfixia→impedimento da respiração. Asfixia mecânica: *Enforcamento: é o impedimento pela constrição do pescoço pelo peso do corpo. *Afogamento (entendi como omissão de ajuda com o fim do homicídio) *Soterramento *Estrangulamento: é o impedimento da respiração por um cadarço ou algo semelhante. *Esganadura: impedimento da respiração pelo uso das mãos para matar. *Sufocamento: usando um travesseiro, saco plástico, edredon, etc. Asfixia Tóxica: emprego de gases, monóxido de carbono e etc. Tortura→consiste em aplicar à vítima grandes sofrimentos físicos e mentais, desnecessários. Nossa constituição repudia a tortura como crime inafiançável e equiparado ao hediondo (não é hediondo). Lei 9.455/97 OBS: Estabeleça a diferença entre o homicídio qualificado pela tortura e a tortura qualificada pela morte. 1) Está na pena: Homicídio Qualificado pela tortura é de 12 a 30 e na tortura qualificada pela morte é de 8 a 16 anos. 3 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara 2) O tipo subjetivo: Homicídio Qualificado Pela Tortura crime eminentemente doloso e ele usa a tortura como meio de execução. E a tortura qualificada pela morte é preterdoloso dolo do antecedente – tortura e culpa no conseqüente – morte (querer obter informações). 3) O Homicídio Qualificado pela tortura é crime hediondo e a tortura qualificada pela morte é equiparada, assemelhada ao crime hediondo. 4) Quem julga: o Tribunal do júri julga o homicídio qualificado pela tortura porque é um crime doloso contra vida e o crime de tortura qualificado pela morte é julgado pelo juiz singular por ser um crime preterdoloso. 5) Bem jurídico tutelado: a vida humana independente no homicídio qualificado pela tortura e na tortura qualificada pela morte é dignidade da pessoa humana, integridade, liberdade individual. Outro meio insidioso e cruel, e perigo comum→indicativo de interpretação analógica. Ex: quando mata com vidro muído. Fica um pó fino e se coloca na comida da vitima. Ela morre rapidinho e com grande sofrimento que é indescritível. 09/02/2010 Modosou focos de Execução do crime: Inciso IV à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: Traição→”é quebra da fidelidade” Emboscada (tocaia)→”é o ato de ficar escondido esperando a vítima para acolhê-la de surpresa”. Dissimulação→esconde as suas próprias intenções. Nesse inciso cabe a interpretação analógica. Qualquer circunstância que caiba a impossibilidade ou reduza a defesa da vítima. Ex: caso Luciano Farah. Encaixado nesse inciso como surpresa, pois impossibilita a defesa do promotor que era a vítima. Qualifica o homicídio Existe uma relação entre o crime de homicídio e outros crimes. Inciso V para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Para assegurar a execução→ Ex: O criminoso mata o pai que é muito zeloso para poder se aproximar da filha que é seu real objetivo. Para assegurar a ocultação→Ex: queima de arquivo, ele mata a testemunha. Para assegurar a impunidade→Ex: trabalho escravo. Em Unaí foi investigado a contratação de pistoleiros para assassinar os fiscais do Ministério do Trabalho para ocultar o trabalho escravo nas plantações. Para garantir a vantagem→Ex: Três indivíduos assaltam um banco, no momento de dividir o roubo um deles dá a idéia de dividirem em duas partes, uma para si e a outra para os outros dois com a justificativa de suas ações terem sido mais significativas, o outro não aceita e discutem ate a morte de um, para sua própria vantagem na divisão do dinheiro.Ex 2: 352 CP Homicídio Culposo: E o agente não tomou as devidas precauções. Pena de 1 a 3 anos de detenção. Porem quando o homicídio ocorre em trânsito não se aplica o Art. 121 §3º e sim a lei de trânsito 9.503/97 Art. 302 aonde a pena vai de 2 a 4 anos de reclusão, pois se aplica o principio da especialidade que revoga o principio geral. §4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos→foi misturado o homicídio culposo com o doloso. A primeira parte homicídio culposo e na segunda parte homicídio doloso. 1ª parte: quatro causas especiais de aumento de pena no homicídio culposo. Inobservância de alguma regra técnica de profissão, arte ou oficio (não se confunde com a imperícia) a pessoa é perita no que faz→ nesse caso ele é perito. Ex: Ivo Pitangui, cirurgião, um dia opera vários paciente e a partir de um deles se esquece de esterilizar no último paciente e lhe causa uma infecção generalizada e ele vem a morrer. Sendo assim sua pena é aumentada em um terço. Agente deixa de prestar imediato socorro à vítima→ Ex: não auxilia de imediato o socorro da pessoa vitimada. 4 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Não procurar diminuir as conseqüências dos seus atos→ Ex: não procura a família, não oferece pra pagar o enterro, não auxilia com cesta básica, etc. Quando o agente foge para evita a prisão em flagrante→ Ex: quando foge de uma morte acidental por medo de ser preso. 2ª parte: se a vitima e menor de 14 anos e maior de 60 anos a pena é aumentada em um terço. Esses têm menores possibilidades de se defenderem. Obs: no dia do aniversário ele não é menor de 14 anos, pois nosso Direito Penal não tem contagem de fração. Art. 10 O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Art.11 Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. O Estatuto do Idoso (Lei10741/03) tem como objetivo de resguardar os direitos do idoso de idade igual ou superior a 60 anos. Obs: Só será maior de 60 anos a partir das 00H do dia seguinte de seu aniversário que assim será a idade superior a 60 anos. Sendo assim se morrer no dia do aniversario o que te protegerá e aumentará a pena será os artigos do Estatuto do idoso e não o aumento de um terço na pena no artigo penal. §5º→ só se aplica ao homicídio culposa estando essa ressalva expressa na lei. Está previsto o perdão judicial no homicídio culposo. Ex: A atriz Christiane Torloni mata seu filho (gêmeo do que está ainda vivo), dando ré na sua camionete, ela teve problemas psicopatológicos gravíssimos. Sendo assim o juiz concedeu o perdão judicial já que ela tinha sofrido as conseqüências de seus atos. Art. 107, IX CP→ pelo perdão judicial, nos casos previsto em lei. Natureza Jurídica do Perdão Judicial: Declaratória → ver Sumula 18 STJ 22/02/2010 Art. 122 CP: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça Suicídio→ é a supressão da própria vida. Não se pune a tentativa de suicídio nem o suicídio de fato. A pessoa que tenta suicídio esta com problemas psicológicos, precisando de tratamento. Tipo Objetivo: tipo misto alternativo – principio da alternatividade. Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Induzir: fazer nascer o desejo, o propósito. Quando a pessoa não tem a idéia de se matar e o outro coloca em sua cabeça a vontade de suprimir a própria vida. Aspecto moral. Instigar: a vitima já tinha o desejo de se matar, o agente incentiva, dar apoio para a concretude da ação. Aspecto moral. Auxiliar: fornecer o meio de se cometer o suicídio. Aspecto material. Pena: de 2 a 6 anos se o suicídio se consuma e de 1 a 3 anos se da tentativa ocorre lesão grave. OBS: o artigo 122 não admite tentativa. No artigo 129 caracterizam-se as lesões corporais. 1ª corrente: o crime existe; questão objetiva de punibilidade, o agente só será punido se ocorrer lesão grave ou se matar. 2ª corrente: faz parte do tipo, integra o tipo, pois se não houver da tentativa e lesão corporal grave ou o efetivo suicídio não é nem crime. Objeto Jurídico/ bem jurídico: vida humana independente. Ação Subjetiva: crime comum Sujeito ativo: qualquer pessoa poderá praticá-lo. Não há exigência de nenhuma qualidade para ser o sujeito ativo. Sujeito Passivo: qualquer um desde que tenha entendimento, discernimento, pois se a vitima for alienada ou débil mental, for inimputável ou não é maior de 14 anos o crime será homicídio. Tipo Subjetivo: crime doloso, eminentemente doloso e cabem as duas modalidades, tanto dolo direto (aplica-se a teoria da vontade, a vontade de praticar a conduta, interesse, para obter resultado) quanto dolo eventual (teoria do assentimento a pessoa quer praticar a conduta, prevendo a possibilidade de produzir o resultado, concordando com ele). Quando a omissão é relevante para o Direito penal: Art. 13 O crime pode ser praticado tanto por ação quanto por omissão. Ação Penal: pública incondicionada. Somente se procede mediante representação: pública condicionada Somente se procede mediante queixa: privada Parágrafo único. A pena é duplicada: 5 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; (quando se quer tirar proveito do que venha a ficar para si) II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (maior de 14 anos e menor de 18 anos) Ex: paciente com câncer tem a capacidade de resistência diminuída. Se a capacidade de resistência for suprimida será homicídio e não suicídio, responderá pelo artigo 121 – Ex: individuo bêbado está totalmente embriagado e a sua capacidade está suprimida. OBS: Toda vez que o agente praticar ato executivo de morte ele responderá por homicídio. Roleta russa: os sobreviventes respondem pelo artigo 122, instigação. Art. 123 Matar, sob a influênciado estado puerperal (alteração físico psicológica da parturiente), o próprio filho, durante o parto (quando se estoura a bolsa amniótica ate a expulsão da placenta) ou logo após (o entendimento é enquanto a mulher estiver sobre o estado puerperal): Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Crime material: aquele que deixa vestígios exige-se um resultado naturalístico. É um crime próprio e de forma livre, aquele que o agente pode usar vários tipos de meios para produzir o resultado. Esse estado puerperal surge das dores do parto, da perda exagerada do sangue, das contrações que causa uma alteração psicológica passageira. Para configurar o infanticídio tem que ficar comprovado a presença do estado puerperal. O Infanticídio é eminentemente doloso, tem que ter a intenção de matar. Consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. Ex: uma mãe coloca o neném para dormir na como consigo, esta dorme profundamente e ao amanhecer vê que tinha matado o neném. Ela não respondera por infanticídio, pois não quer matar o neném e nem por homicídio, pois ela estava sob estado puerperal alem de não estar consciente (dormindo). 23/02/2010 CONTINUANDO ARTIGO 123... Objeto Jurídico: vida humana em transição Sujeito Ativo: crime próprio, crime especial, mão sob influencia do estado puerperal Sujeito Passivo: próprio filho nascente ou recém-nascido Tipo Subjetivo: dolo direto ou eventual Ação Penal: pública incondicionada Competência para julgamento: Tribunal do júri. Admite-se no infanticídio o concurso de agentes? Circunstâncias pessoais (aquela que diz respeito somente ao agente) não se comunicam (a mulher que está dando a luz ou acabou de dar a luz). Admite a co-autoria e participação. Ambos respondem por infanticídio. (Art. 29 e 30 CP). Ex: a mãe pede a enfermeira para vigiar a porta enquanto ela mata seu filho, estando sob o estado puerperal. A enfermeira será partícipe no crime de infanticídio. Circunstancia elementar é aquilo que faz parte do tipo, se for retirado mudará todo o sentido. No caso de natimorto a conduta do agente é impunível, pois a mãe incorre em crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto, conforme disposto artigo 17 do CP brasileiro, pois é necessário para a configuração do infanticídio que o sujeito passivo esteja vivo no momento efetivo da ação criminosa. Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. Aborto: “é a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção”, pois nem sempre o produto da concepção é expelido. Ex: a mulher interrompeu a gravidez e esta foi absorvida pelo corpo, organismo. A morte não precisa ocorrer dentro do útero materno. Ex: a mulher toma remédio para matar o filho e ele é expelido antes mesmo de morrer. É um crime que deixa vestígio, tem que se fazer o exame de corpo de leito. É um crime de forma livre, podem-se usar vários meios. Físicos, químicos, bioquímicos. Esse crime admite a tentativa Aborto Natural: aquele que acontece naturalmente; indesejado. Não é crime. Aborto Acidental: quando não se quer o aborto, mas ocorre por meio de algum acidente. Não é crime. 6 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Aborto Eugênico ou Eugenésico: aborto criminoso. Eugenia: controle da raça. É quando se descobre que o feto tem algum problema que não tem cura. Aborto Humanitário: aquele que se faz quando a mulher é vitima de estupro. Não é crime. Aborto Necessário ou terapêutico: quando não há outro jeito de salvar a vida da gestante. Não é crime. 1ª parte: Auto aborto: provocar aborto em si mesma. Bem jurídico: vida humana intra-uterina ou dependente Sujeito ativo: crime de mão própria. Sujeito Passivo: o produto da concepção (ovo, embrião ou feto). Tipo Subjetivo: dolo (crime eminentemente doloso. Cabe tanto dolo direto quanto eventual) Ação Penal: pública incondicionada. Competência para Julgamento: tribunal do júri, pois é crime doloso contra vida. 2ª parte; Deixar que alguém provoque o seu aborto. Há na segunda parte a ocorrência de uma exceção pluralística à teoria monista ou unitária da ação. Existe uma quebra na teoria. A gestante que consentiu responde na segunda parte do art. 124 e o médico que praticou responde no art. 126. Há então penas diferenciadas para os dois. Admite concurso? Sim. Admite participação. Não cabe co-autoria. Cabe participação. (a participação pode se dar, por exemplo, por instigação, auxílio ou induzimento). A participação é só moral, se por ventura “encostar” já cabe no art. 126. Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos. O não consentimento da gestante pode ser real ou presumido. O real é quando ocorre violência física, grave ameaça (promessa de um mal grave para a gestante ou para alguém ligado a ela) ou fraude (engodo, artifício, ardil, que faz com que a gestante caia em erro ou se aproveita do erro da gestante para provocar o aborto. A mentira é um tipo de fraude). O presumido é quando a gestante é alienada (não tem consentimento válido) ou débil mental, menor de 14 anos (neste caso deve haver o consentimento do representante) ou não pode por qualquer outra causa, oferecer resistência (a gestante quando drogada, hipnotizada, alcoolizada, etc, não tem capacidade de resistir à intervenção). 01/03/2010 Objeto Jurídico: vida humana dependente endo-uterina e secundariamente a dignidade da pessoa humana, direito a maternidade Sujeito Ativo: crime comum, não existe nenhuma qualidade especial parar o sujeito ativo. Sujeito Passivo: o produto da concepção (ovo, embrião ou feto) e secundariamente protege-se também a própria gestante. Tipo Subjetivo: dolo, vontade, consciência, intenção. Cabem as duas modalidades, tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. Ação Penal: ação penal publica incondicionada, ou seja, o competente para propor a ação é o ministério publico independentemente da vontade de qualquer pessoa. Competência de Julgamento: Tribunal do Júri, por se tratar de crime doloso contra a vida (art. 5º, XXXVIII, CF/88). OBS: Art. 4º- Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Art. 126 Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 7 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara É o ato de uma terceira pessoa, provocar aborto com o consentimento da gestante. Tipifica a prática do aborto com o consentimento. Se a gestante consentir, responde na segunda parte do artigo 124, com pena de 1 a 3 anos de detenção. Quem provoca o aborto responde no art. 126, com pena de 1 a 4 anos de reclusão. Ocorre aqui a quebra da teoria monista. Objeto Jurídico: vida humana intra uterina, dependente. Sujeito Ativo: crime comum, não se exige nenhuma qualidade especial do sujeito ativo do crime; qualquer pessoa pode praticá-lo. Sujeito Passivo: produto da concepção (ovo ou embrião ou feto). Tipo Subjetivo: crime eminentemente doloso. Cabem as duas modalidades de dolo, tanto eventual quanto direto. Ação Penal: ação pública incondicionada Competência para Julgamento: Tribunal do Júri, por se tratar de crime doloso contra a vida (art. 5º, XXXVIII, CF/88). (O aborto ainda não se encontra na lista dos crimes hediondos, mas há um PL (478/07) para torná-lo). *Parágrafo Único: mostra as hipóteses em que o consentimento da gestante não é válido. Pena 3 a 10 anos (do art. 125). Os menores de 14 anos não têm voz no direito penal, ou seja, seu consentimento não vale de nada. Ex: o marido não que o filho, mas a esposaquer então o marido bate nela até que ela concorde com o aborto, sendo assim o marido seja julgado do art. 125 por violência. Art. 127 As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém à morte. Tipifica as formas qualificadas do aborto. Só se aplica aos art. 125 e art. 126 (por disposição expressa em lei) , pois no art. 127 vai ocorrer lesão corporal ou morte, sendo assim não cabe ao art. 124 já que nesse artigo o sujeito ativo é a própria gestante e ela morrendo não tem quem punir além disso o nosso ordenamento não pune a auto-lesão. Ex: a moça procurou o medico para fazer o aborto, no dia de se fazer o aborto a moça tem uma parada cardíaca, sendo assim será aplicado o art. 127. Dolo com relação ao aborto e culpa com relação a morte da moça, ou seja, preterdolo. Nesse caso a pena será duplicada. Dolo com relação ao aborto e culpa com relação à conseqüência. Crime preterdoloso (não admite tentativa). Nestes casos, quem julga é o juiz singular. Obs: quando se fala lesão corporal de natureza grave, englobam-se as graves e gravíssimas que estão dispostas no art. 129 nos parágrafos 1º e 2º. Obs: Agravação do Resultado→ Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. Art. 128 – Não se pune o aborto praticado por médico. Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro *Não é necessário consentimento de ninguém, ele é o único arbitro nessa situação. Poderá inclusive fazer o aborto à revelia da gestante, se for o último recurso necessário para salvar sua vida. II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. *É necessário apenas o consentimento e uma prova do crime de estupro, por exemplo, boletim de ocorrência (Súmula 608- No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada) (exame de corpo de delito). (ver a lei 12015/09). Na ausência do BO e do exame de corpo de delito, o medico irá solicitar da gestante uma declaração datada e assinada por duas testemunhas idôneas, de que tal dia e tal hora ela foi estuprada. 02/03/2010 8 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Capítulo II: Das Lesões Corporais *O ordenamento Jurídico não pune a auto-lesão como crime de lesão corporal, a não ser que esta configure elementar para a prática de outro crime. Ex: Art. 171, §2º, V CP – Art. 184 CPM (código penal militar). Conceito de Lesão Corporal: “a doutrina da o seguinte conceito de lesão corporal – é qualquer ofensa ocasionada anormalidade funcional do organismo, pode ser do ponto de vista físico, anatômico ou psíquico”. No caput do artigo 129 está expressa a lesão corporal leve ou simples; no parágrafo 1º lesão grave; no parágrafo 2º lesão corporal gravíssima; parágrafo 3º lesão corporal seguida de morte (ou crime preterdoloso ou preter- intencional); parágrafo 6º lesão corporal culposo; e parágrafo 9º lesão corporal dolosa – violência doméstica. Crime de forma livre (pode-se utilizar vários meios materiais para a execução do crime) que produz um resultado naturalístico. Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Objetividade Jurídica: integridade física e psicológica da pessoa humana. Sujeito Ativo: Crime comum, não exige nenhuma qualidade especial. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, sem restrições. Tipo Subjetivo: Dolo direto e eventual. Ação Penal: Pública condicionada à representação (caput e parágrafo 6º- lesão leve e culposa) Obs: Lei 9099/95, artigo 88: O crime de lesão corporal leve terá ação penal pública condicionada à representação. Cabe julgamento pelos juizados especiais criminais quando se tratar de contravenção (crime de menor potencial ofensivo, com pena de até dois anos, segundo os parágrafos 60 e 61 da citada lei). Um tapa no rosto é considerado contravenção, segundo o DL 3688/41, por ser menos grave que o crime de agressão. Conforme o disposto no art. 88 da lei citada a ação penal é pública condicionada à representação. Competência para julgamento: juizados especiais criminais, pois tem potencial ofensivo reduzido. Obs: as ações penais de menor potencial ofensivo são: as contravenções penais e os crimes que a pena não excede a 2 anos. Todos esses são de competência de julgamento dos juizados especiais criminais. Lesão corporal de natureza grave 1º - Se resulta: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; Significa que a vitima em decorrência da lesão ficou impossibilitada de realizar suas ocupações cotidianas. As ocupações habituais não são relacionadas ao emprego. Obs: é necessário que se faça o exame complementar no 31º dia. Ação Pública: Pública incondicionada, julgada por juiz singular (pena de mais de dois anos- lembrar da lei 9099/95). Tipo Subjetivo: crime qualificado pelo resultado (art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. CP). II - perigo de vida; “Ninguém corre perigo de vida e sim perigo de morte” “É a probabilidade concreta de morte”. Em decorrência da lesão a vida da vitima esteve por um fio. Há dolo em relação à lesão e culpa em relação ao resultado maior: perigo de vida Obs: Diferença entre lesão corporal e tentativa de homicídio: Estão primeiramente no tipo subjetivo. Na lesão corporal há dolo, mas se houver conseqüência, haverá culpa. Na tentativa de homicídio, haverá dolo na conseqüência. Outra diferença está no local das lesões. Quem não tem a intenção de matar, geralmente fere os membros, já quem pretende matar fere as regiões mais cruciais como cabeça, coração, etc. Outra diferença está também nos instrumentos usados. Nesse inciso não cabe dolo eventual e sim necessariamente a titulo de culpa. III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; Debilidade é o enfraquecimento, menos potente; A palavra permanente significa aquilo que é duradouro e não perpetuo; os médicos não precisam quando vai melhorar. Membro são os superiores e inferiores. As funções são as respiratórias, circulatória, etc. 9 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Ao agente tem que ser imputado ao menos a titulo de culpa. IV - aceleração de parto Antecipação do parto, embora a lei fale aceleração. Isso significa que o agente causa lesão corporal na mãe e em decorrência disso ela entra em trabalho de parto e o neném nasce e sobrevive, pois se ele morrer vai configurar art. 129, § 2º, V. Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. Todos são crimes qualificados pelo resultado e nesses resultados maiores tem que ser imputado ao agente ao menos a titulo de culpa, exceto no inciso II que tem que ser necessariamente a titulo de culpa. 2º - Se resulta: lesão corporal gravíssima I - incapacidade permanente para o trabalho; Está relacionado ao trabalho da vitima. A maioria da doutrina e a jurisprudência classificam como qualquer trabalho, aquela atividade que a vitima exerce e dali retira o seu sustento. II - enfermidade incurável; Nos dias de hoje está muito difícil de existir uma enfermidade incurável. Conceito da doutrina: “é enfermidade incurável é um processo patológico em curso evolutivo e a vitima não esta obrigada a se submeter a um tratamento perigoso, arriscado”. III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função; A perda ocorre por mutilação (na hora exata do crime) ou amputação (procedimento cirúrgico para que o resto docorpo sobreviva). A diferença do § 1º, III é que no anterior essa somente um enfraquecimento e aqui é a perda total. A inutilização é quando o membro continua no lugar, mas não tem nenhuma função. Sentidos e função são os mesmos do § 1º, III. 09/03/2010 IV - deformidade permanente; Doutrina: “é todo e qualquer dano estético em qualquer parte do corpo, que possa trazer constrangimento para a vítima” Ex: fantasma da ópera – o agente jogou ácido sulfúrico no rosto da vítima. Nesse inciso te quem ser imputado ao agente ao menos a titulo de culpa nos termos do artigo 19 CP. Polemica: o agente causa na vitima a deformidade permanente, paga cirurgia para correção da deformidade, sendo assim ele deverá responder neste inciso, segundo uma das correntes da doutrina, mas uma corrente da doutrina que acham que deveria responder pelo caput do artigo em questão. Artigo 65, III, b (atenuante), mas não respondera somente por lesão simples. V - aborto: Deverá ser imputado ao agente necessariamente a titulo de culpa, pois há dolo no antecedente (lesão grave) e culpa no conseqüente (aborto), é um crime preterdoloso. Obs: nesse artigo todos deverão ser imputados ao agente ao menos a titulo de culpa, exceto no §1º, II e § 2º, V que é necessariamente a titulo de culpa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Lesão corporal seguida de morte 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Homicídio preterdoloso ou homicídio intencional. Aqui dolo com relação a lesão e culpa com relação a morte que veio a ocorrer. Ex: o policial estava com arma em punho, mas resolveu dar um soco no radialista e ele cai e bate cabeça e morre. Se o policial quisesse matar teria atirado. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Quem julga: o juiz singular, pois não é um crime doloso contra a vida. Diminuição de pena 10 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Estão tipificadas as lesões corporais privilegiadas (vide explicações do § 1º do artigo 121) Tem que possuir os três elementos na ultima possibilidade de diminuição de pena. Substituição da pena 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa 6º - Se a lesão é culposa: O agente agiu por negligência, imprudência ou imperícia e acabou ferindo a vítima. Se for culposa, mas praticada na direção de veiculo automotor não se aplica lei penal aplica-se o Código de Transito Brasileiro, que é a lei 9.503/97 art. 303. Obs: Incoerência – no código penal em lesão corporal culposa com pena de 2 meses a um ano, no código de trânsito a pena é de 6 meses a dois anos e no código penal em lesão corporal dolosa tem uma pena inferior a lesão culposa no trânsito de 3 meses a 1 ano. Fato discrepante. Diferença entre crime de lesão corporal e tentativa homicídio: no crime de homicídio o individuo quer matar só não consegue a fatos alheios a sua vontade e na lesão corporal a intenção é somente ferir. Na tentativa de homicídio a competência para julgamento e o tribunal do júri e da lesão corporal: ser for leve é juizado especial criminal se for grave ou gravíssima é o juiz singular. Outra diferença é os instrumentos utilizados e o local das lesões. Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. Aumento de pena 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. (Vide as explicações art. 121, 4º) 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. Parágrafo que dispõe a respeito do perdão judicial. Ver sumula 18 do STJ. Violência Doméstica § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge (termo técnico para casamento civil ou casamento religioso com feito civil) ou companheiro (art. 226, § 3º CF/88), ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas (empregada doméstica), de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. Capítulo III: Da periclitação da vida e da saúde Até agora estivemos estudando a integridade física e psicológica. A partir do artigo 130 até o 136 estão tipificados crimes de perigo individuais. Crimes de perigo: aqueles que provocam uma probabilidade de lesão ou uma probabilidade de dano ao bem jurídico tutelado. Eles podem ser: de perigo individual (a vítima é determinada) e de perigo coletivo (as vitimas são indeterminadas). Existe o perigo presumido ou abstrato e de perigo concreto. Crimes de dano ou crime de lesão: aqueles que provocam um efetivo dano ao bem jurídico tutelado. 11 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Verbo expor (colocar) é o que dá o tipo. Relações sexuais: compreende alem da conjunção carnal os atos libidinosos. Atos libidinosos: aquele que visa a satisfação da libido, energia sexual (Freud). Aquele que visa a satisfação da lascívia, da concumbência (jurídico). Conjunção carnal: é a relação sexual normal, heterossexual. Entre o homem e a mulher, tem que ocorrer a introdução do pênis na vagina. A delimitação das doenças venéreas fica a critério da medicina. A AIDS está no artigo 131, pois ela tem o contagio mais abrangente como transfusão de sangue, etc. É considerada doença grave e não doença venérea. Saber que está contaminado: dolo direto Se deve saber que está contaminado: dolo eventual Bem jurídico: saúde e secundariamente integridade física e psicológica e até a vida da pessoa humana. Sujeito Ativo: crime comum. Não exige qualidade especial. Qualquer pessoa que esteja contaminado com a doença venérea. Sujeito Passivo: qualquer pessoa que não tenha a mesma doença venérea. No nosso ordenamento o agente é punido a titulo de dolo, salvo menção expressa na lei que é culposo. Art. 18, parágrafo unico CP. 15/03/2010 Caso a vitima também esteja contaminada com a doença venérea, será um crime impossível. Tipo Subjetivo: Cabe tanto dolo direto como eventual. O verbo que rege esse artigo é o verbo expor. Ação Penal: Pública condicionada à representação (da vítima). Quem julga: juizado especial criminal. Obs: a mera exposição ao perigo de contágio, ou de qualquer ato libidinoso estando o agente contaminado com a doença, já constitui o crime, não sendo necessário para tal que a contaminação se efetive. Obs2: admite-se a tentativa. Ex: o rapaz está contaminado com blenorragia e leva a noiva para o motel, esta por sua vez não quer a prática por saber que ele está doente. O crime não se consumou por ações alheias a vontade do agente. Obs3: Mesmo que a vítima consinta, ainda assim existe o crime, pois se trata de um bem jurídico indisponível e existe um interesse do Estado de evitar a proliferação de doenças venéreas. (Ver artigo 1566 CP) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Tem o objetivo de transmitir a doença, então é muito mais grave. Também aqui não é necessário o contágio.A exposição já é crime. É um crime de perigo, mas o dolo é de dano, pois o fim é especial. Tipo Subjetivo: dolo direto, mas não basta; é necessário também o elemento subjetivo especial do tipo, que é um fim especial de agir (elemento subjetivo do injusto – para alguns autores) que aqui no caso é a intenção de transmitir a moléstia. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. É pública porque há o interesse do Estado em evitar a proliferação de doenças e é condicionada por ser um crime traumático, que afeta o lado pessoal da vítima diretamente. Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio. Entra aqui a AIDS. Tipo Objetivo: o verbo reitor é praticar. Crime de forma livre – qualquer “ato capaz de produzir contágio”. A Conduta física à ação incriminada. 12 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara É uma lei penal em branco (exige um complemento), pois o preceito primário é vago. Neste caso o complemente é a portaria do Ministério da Saúde nº 05 de 21/02/2006, elencando quais são as doenças de modificação compulsória, contagiosas e graves. (o medico é obrigado a notificar o Ministério do paciente, caso não o faça responderá no artigo 269 CP) Elemento Subjetivo do tipo; elemento subjetivo especial: com o fim de transmitir a outrem. É necessário também que a doença além de ser grave tem que ser contagiosa. Objeto Jurídico: primeiramente a saúde, integridade física, psicológica e até a vida da vítima. Sujeito Ativo: crime comum. Qualquer pessoa portadora de uma doença grave e contagiosa. Sujeito Passivo: qualquer pessoa que não seja portadora da mesma doença. Tipo Subjetivo: dolo direto, acrescido do elemento especial do tipo, que é um fim especial de agir. (Quando aquela conduta se encaixa perfeitamente no tipo penal) Ação Penal: pública incondicionada (pois o texto não especifica que é condicionada, e sempre que o texto não disser que é condicionada ela será incondicionada).O titular da ação é o Ministério Público. Quem julga é o juiz singular. Se decorrer morte julga-se apenas por homicídio. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente É um crime de perigo por excelência, é um tipo extremamente aberto, qualquer ato que coloque em perigo a vida e a saúde de outrem. Ex: patrão empregar funcionário sem equipamento de proteção (dolo eventual), ou médico que manda fazer transfusão de sangue sem que o material seja analisado anteriormente... (Mirabette afirma que essa conduta é culposa, porém se equivoca já para que o crime seja culposo, a culpa deve vir expressa no artigo). – Estatuto do desarmamento→ Disparo de arma de fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Não considera mais parte do artigo 132) Crime de perigo concreto tem que ficar demonstrado na prática que em decorrência da conduta houve um efetivo perigo para o bem tutelado. Expor: colocar em perigo. Direto: direcionado a alguém. Iminente: próxima. Objeto Jurídico: Saúde, integridade física, psicológica e até a vida. Sujeito Ativo: crime comum- qualquer pessoa Sujeito Passivo: qualquer pessoa, desde que seja vítima determinada. Tipo Subjetivo: dolo direto e dolo eventual. Ação Penal: pública incondicionada. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave. (Subsidiariedade direta – explicita/expressa.) 16/03/2010 Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. *Acrescenta-se a esse artigo o parágrafo único em 1998, com o objetivo de proteger os bóias-frias (são transportadas em caminhões que contrariam normas legais). Aumento de pena de 1/6 a 1/3. Há um equívoco no parágrafo único, pois “estabelecimento” é um termo técnico (1142 CC). É lei penal em branco, pois precisa de complemento. A norma que complementa esse artigo é o CTB (Código de Trânsito Brasileiro – Lei 9.503/97). Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. 13 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Tipo Objetivo: a conduta física a ação incriminada. O verbo reitor do tipo é o verbo abandonar que significa largar, desamparar, deixar a vitima a sua própria sorte. A incapacidade desse artigo não é a incapacidade penal e nem a civil. Estar em seus cuidados é aquela atenção que se dá, é a assistência para uma pessoa que normalmente não precisa disso e que momentaneamente impossibilitada de enfrentar sozinha os riscos resultantes do abandono. Guarda: não é o instituto da guarda previsto no código civil e no ECA. Significa assistência, proteção que deve ser dada a uma pessoa que não pode ficar sem ele. Ex: uma criança. Vigilância: é proteção acautelatória. Ex: guia turístico tem a vigilância sobre os turistas. Autoridade: pressupõe uma relação de poder entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. Ex: Os pais têm autoridade sobre o filho. Objeto jurídico: primeiramente a integridade física, psicológica depois a saúde e até a vida da pessoa humana. Sujeito Ativo: Crime próprio. Pressupõe uma relação jurídica entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. É aquele que tem o cuidado, a guarda, a vigilância... (quem está na posição de garantidor) Sujeito Passivo: o incapaz. É aquele que está sob cuidado, sob a guarda e a vigilância do sujeito ativo. Tipo Subjetivo: Crime doloso, aceito tanto o dolo direto quanto dolo eventual. Dolo no antecedente e se já um resultado maior, ele deve ser imputado ao agente ao menos a título de culpa. Ação Penal: pública incondicionada, isso significa que o competente para propor a ação é o MP independentemente da vontade de qualquer pessoa. Crime de perigo concreto (tem que ficar demonstrado que em decorrência da conduta houve um efetivo perigo) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave É crime qualificado pelo resultado. Grave em sentido amplo, compreendendo as lesões graves e gravíssimas. A lesão corporal de natureza grave deve ser imputada ao agente ao menos a titulo de culpa. (Ver art. 19 CP) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. § 2º - Se resulta a morte: Tem que ser imputado ao agente ao menos a titulo de culpa. É crime qualificado do resultado. Ex: o individuo tem obrigação de cuidar do pai idoso na cadeira de rodas e coloca o pai no carro E larga o carro na 262 com o pai dentro e o idoso tenta se locomover com a cadeira de rodas e cai e veio a falecer por traumatismo craniano. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: (estão previstas causas especiais de aumento de pena) I - se o abandono ocorre em lugar ermo; Lugar solitário, deserto. Para configurar esse parágrafo basta que o local seja relativamente ermo, pois se for absolutamente ermo é meio de homicídio. II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. Em decorrência do principio da reserva legal não se admite ampliação de ascendente ou descendente. Cônjuge pressupõe casamento civil ou religioso comefeito civil. O código não menciona companheiro. Irmão: qualquer tipo de irmão, pois a lei não admite diferenciação. Tutor: pessoa idônea escolhida pelo juiz, para cuidar da pessoa e dos bens do menor. Pode ser um órfão ou onde os pais perderam o poder familiar. Curador: pessoa idônea escolhida pelo juiz para cuidar de uma pessoa e de seus bens, essa pessoa é maior incapaz, mas que não tem capacidade de cuidar de si. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. Inciso III acrescentado pela Lei nº 10.741, de 01.10.03. 14 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Esse artigo admite a tentativa. Ex: Mulher leva a menina e suas coisas e larga na igreja da boa viagem, o padre encontra ela indo embora e diz que ela é desnaturada e a segura, sendo assim ocorreu a tentativa e a interrupção por forças alheias a vontade da mãe. Exposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Tipo Objetivo: conduta ou a ação incriminada. Os verbos são expor e abandonar. Expor: o agente pega a vítima e o abandona em um local diferente do local de sua proteção jurídica. Ex: a mãe engravidou sem querer e ela mesma fez seu parto e colocou o neném em uma caixa e expôs/abandonou ela no anel rodoviário. Abandonar: deixar, desamparar, deixar o recém-nascido a sua própria sorte. Recém-nascido é o elemento normativo do tipo: para a doutrina majoritária é ate a queda do cordão umbilical (Lázara entende assim); para outra parte da doutrina é a criança ate 30 dias. “Para ocultar desonra própria” é o elemento especial do tipo que é o fim especial de agir. A desonra própria é sexual. Objetividade Jurídica: saúde, integridade física e até a vida do recém-nascido. Sujeito Ativo: É crime próprio. Mãe solteira, viúva, adúltera e segundo a doutrina o pai adúltero ou pai incestuoso pode praticar esse crime. Sujeito Passivo: o recém-nascido Tipo Subjetivo: dolo direto, agregado do elemento subjetivo especial do tipo. Se não tiver o finalzinho do artigo (para ocultar desonra própria) enquadra-se no artigo 133. Ação Penal: Pública Incondicionada Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. O artigo 134 é privilegiado em relação ao artigo 133. Cimes que não admitem tentativa: crimes unixistentes, preterdolosos, contravenções penais. 22/03/2010 § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Deve haver nexo causal entre o abandono e o resultado mais grave. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º - Se resulta a morte: (dolo com relação ao abandono e ao menos culpa com relação ao crime conseqüente). Preterdoloso. Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Tipo Objetivo: verbo reitor aqui é o verbo deixar. Trata-se de um crime omissivo próprio ou puro; não admitem tentativa. Esse crime se consuma quando o agente pode prestar socorro e não presta. Criança extraviada: aquela que se perdeu dos pais. Pessoa invalida: em decorrência das suas condições físicas e psicológicas não tem condições de enfrentar o mundo circundante sozinha, precisa de assistência. Pessoa ferida: aquela que foi vitima de lesão corporal é em sentido amplo,compreendendo aquela que foi vitima de crime e aquela que sofreu dano físico e psicológico. Desamparo: alguém que precisa de assistência. Grave e eminente perigo: aquela que precisa de socorro e assistência. Autoridade pública: qualquer pessoa que possa oferecer o socorro, assistência. Crime de perigo. Ex: médico que se recusa atender alguém. Objeto Jurídico: saúde, integridade física, psicológica e até a vida. Sujeito Ativo: crime comum. Sujeito Passivo; criança abandonada, criança extraviada... 15 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Tipo Subjetivo: Dolo tanto direto quanto eventual. Ação Penal: Pública incondicionada. Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Mas deve ficar demonstrado um nexo causal entre a omissão e o resultado mais grave. Se quem se omite for o garantidor ele responde pelo resultado, se não for o garantidor, responde pelo artigo 135. Tem que ser imputado ao agente ao menos a título de culpa 16 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Tipo Objetivo: o verbo reitor do tipo aqui é o verbo expor (colocar em perigo a vida e a saúde de pessoa que está sob autoridade) Autoridade: pressupõe uma relação de poder entre o ativo e o passivo. Guarda: interpretação em sentido amplo (vigília). Protetor, quem dá assistência, cuidados que devem ser dados a uma pessoa que não pode ficar sem eles. Vigilância: proteção acautelatória. Educação: em sentido amplo (formação integral da pessoa). Ensino: instrução. Tratamento: cuidados indispensáveis para o desenvolvimento físico e mental. Sentido amplo. Custódia: quando a vítima tem o seu direito de ir e vir cerceado, mas para fins autorizados pela lei. “quer privando...”: retirar a alimentação ou diminuí-la. Para configurar o artigo 136, basta que a privação seja relativa, pois se for absoluta, é meio de homicídio. Trabalho excessivo: cansativo, incompatível com o físico e psicológico. Abusando dos meios de correção ou disciplina: Ex: Espancamento dos filhos pelos pais. Obs: Não se pode confundir o crime de maus tratos com o crime de tortura. Obs: Ver 7.210/94 (lei de execução penal) e 9.455/95 (define os crimes de tortura e dá outras providências-Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público; II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) III - se o crime é cometido mediante seqüestro. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetívelde graça ou anistia. § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da República). Objetivo Jurídico: saúde, integridade física e psicológica e ate a vida da pessoa humana. Sujeito Ativo: crime próprio. Só pode ser praticado por aquele que tem autoridade, vigilância, guarda, etc. Sujeito Passivo: aquele que está sob guarda, vigilância com fins de custódia, etc. Tipo Subjetivo: dolo, tanto direto quanto eventual. Ação Penal Pública condicionada Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Dolo com relação ao crime de maus tratos e culpa na lesão de natureza grave. Crime qualificado pelo resultado. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 17 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara 18 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara § 2º - Se resulta a morte: Dolo com relação ao crime de maus tratos e o resultada da morte a titulo de culpa. Crime qualificado pelo resultado. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos Menores possibilidade de se auto-defender. A criança e o adolescente estão formando sua personalidade, causando maior comoção. Não cita o idoso, pois o Estatuto do idoso já prevê a violência domestica. O idoso nunca sofrerá maus tratos, será sempre violência domestica. (Ver o artigo 99 do Estatuto do Idoso) 06/04/2010 Matéria da Segunda Prova – Início Capitulo IV – Da Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa. Rixa: é a briga, luta, com a participação de no mínimo três pessoas (é exigível que no número mínimo de participantes ao menos um seja imputável), cada uma agindo individualmente em termo de agressões recíprocas. OBS: para caracterizar o crime de rixa, são contados os inimputáveis. *Crime plurissubjetivo: concurso necessário. Só se consuma com a participação de no mínimo três pessoas. *Há possibilidade de concurso de agentes segundo o artigo 29 CP? Sim. *Admite tentativa? Na que surge de improviso não admite tentativa, mas na rixa planejada sim. *Cabe legitima defesa na rixa. Bem jurídico: integridade física e psíquica, saúde e até a vida. Por conta da professora Lazara a segurança e ordem pública Sujeito Ativo: crime comum, os rixentos. OBS: lei 8.069/90 Art. 103 ECA Participar da rixa: entrar na confusão batendo e apanhando Participar do crime de rixa: quando o individuo instigando e incitando o crime. Sujeito Passivo: qualquer pessoa, os rixentos. O indivíduo não está batendo em si mesmo, todo mundo bate em todo mundo, menos em si mesmo. Tipo Subjetivo: dolo eventual e direto Ação Pública: pública incondicionada Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Esse parágrafo é chamado de rixa qualificada. Todos os participantes dessa rixa irão responder por rixa qualificada. Se o resultado maior for lesão de natureza grave, todos respondem por rixa qualificada inclusive o que ficou ferido. Identificando o autor da lesão grave esse responderá pela rixa qualificada mais artigo 129 (lesão grave). (Segundo professora lazara e a maioria da doutrina) Se identificar o autor da morte, todos respondem por rixa qualificada mais pelo artigo 121 (homicídio). Capitulo V – Dos Crimes Contra a Honra “A honra é um conjunto de atributos ou predicados pessoais que conferem à pessoa estima própria, consideração, conceito, imagem dentro da sociedade.” (Conceito da Doutrina) Honra objetiva: conceito, imagem, reputação que a pessoa goza dentro da sociedade. Honra subjetiva: auto-estima, o que a pessoa pensa a respeito dela mesma. A honra subjetiva se divide em honra decoro e honra dignidade. Honra decoro é o conceito da pessoa a respeito de suas qualidades físicas, intelectuais. Honra dignidade é o conceito da pessoa a respeito de seus valores morais e éticos. 12/04/2010 19 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: (é o mais grave dos crimes contra a honra) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação (não cabe a exceção da verdade, exceto em um caso). Injúria: Qualquer xingamento é qualquer preconceito. Ofende a honra subjetiva é o que ela pensa dela mesma. Tem que ter publicidade. Uma terceira pessoa tem que ouvir, pois só assim a honra objetiva é ferida. O fato imputado tem que estar no nosso ordenamento jurídico como crime. Tem que ter a falsidade da imputação: o fato pode ter ou não existido, mas se existiu não foi o caluniado que o praticou. O fato tem que ser determinado. O fato deve ser especificado. Ex: o livro foi furtado e foi Maria quem furtou. A exceção da verdade é regra na calunia e na difamação não cabe a exceção da verdade, salvo em um único caso. Se o fato imputado for contravenção penal, configura-se o crime de difamação. Bem Jurídico: a honra objetiva. Sujeito Ativo: crime comum. Qualquer pessoa. O doente mental pode praticar crime, Mas lhe será aplicado uma medida de segurança. Sujeito Passivo: qualquer pessoa. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de calunia? Em regra a pessoa jurídica não poderá ser, salvo na exceção de crimes ambientais, ordem econômica e financeira. (Ver artigo 173 §5º CF/88 Ver artigo 225 CF/88 e lei 9.605/98 art. 3º). O menor não pratica crime, mas pratica ato infracional. (Ver lei 8.069/90 art. 103 do ECA). O menor te uma imagem, um conceito dentro da sociedade e PODE ser sujeito passivo de calunia. O doente mental também pode ser sujeito passivo de calúnia. Tipo Subjetivo: Dolo tanto direto quanto eventual. Ação Penal: privada (mediante queixa) Ver artigo 145 CP atualizado em 2010 § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. Propalação da calúnia (o indivíduo sabe que a acusação é falsa, e mesmo assim, continua falando). Nesse parágrafo só cabe o dolo DIRETO. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Sujeito Passivo: família e amigos dos mortos. Os mortos não serão sujeitos passivos. Ver artigos 209 a 212 CP Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: (regra de calúnia é a exceção da verdade = prova da verdade – meio de prova de que dispõe o individuo acusado de calunia, de provar na justiça que aquilo que ele está dizendo é verdade e não falso). Hipóteses em que NÃO cabe a exceção da verdade: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; Ele não foi condenado ainda, então não se pode provar na justiça. O caso é de ação privada não foi levado à justiça e em outra ocasião ocorreu de este vir a tona, o acusado de calunia não poderá utilizar a exceção da verdade para se defender já que a sentença não foi transitada em julgado em relação ao caso de ação privada. II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; Art. 141, I: contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; (Doutrina: na época em que ocódigo de 1940 foi criado acreditava-se que o nosso presidente não poderia ficar a mercê de qualquer popular, protegendo-o no nosso código penal) III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Pode ser também de ação penal privada. O acusado foi absolvido por sentença absolutória que não cabe mais recurso. A sentença que cabe recurso de revisão é a sentença condenatória. Ver art. 621 CPP Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 20 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Objetividade Jurídica: honra objetiva. Sujeito Ativo: crime comum, qualquer pessoa poderá praticá-lo, exceto pessoa jurídica. Sujeito Passivo: qualquer pessoa, inclusive jurídica (que goze de um nome, uma reputação, um conceito). De acordo com a teoria predominante a pessoa jurídica pode ser passiva de difamação assim como o menor e o doente mental. Tipo Subjetivo: Dolo tanto direto quanto eventual. Ação Penal: nos moldes do artigo 145 CP a regra é que nos crimes contra a honra a ação penal é privada, salvo exceções. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. NÃO cabe a exceção da verdade, via de regra, salvo o parágrafo único. 26/04/2010 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Injúria: conceito desfavorável é uma expressão de menosprezo do sujeito ativo para com sujeito passivo. Decoro: é o conceito que a pessoa tem de seus atributos. O crime de injuria ofende a honra subjetiva. Desacato: crime autônomo, não confunde injuria qualificada; é quando um xingamento, conceito desfavorável é dirigido a um funcionário público em exercício da função ou em razão dela. (art. 331, CP) OBS: não precisa ser público. Objetividade jurídica: honra subjetiva Sujeito Ativo: crime comum. Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: qualquer pessoa. A pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo do crime de injuria, nem o doente mental, pois a injuria fere a honra subjetiva. De acordo com a maioria doutrina, o menor de idade não pode ser sujeito passivo do crime de injuria. Tipo Subjetivo: crime eminentemente doloso, cabendo as duas modalidades. Ação Penal: privada Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. *Quando na difamação a vítima é funcionário público a ação penal é pública condicionada. *Os três crimes contra a honra podem ser praticados por escrito ou oralmente. Quando são por escrito admite tentativa, oralmente, não. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: Prevê o perdão judicial. Súmula 18 do STJ: declaratória de extinção da punibilidade, não subsistindo nenhum efeito condenatório I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; Espécie de legitima defesa. II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. Troca de insultos. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Injúria real: Violência (dirigida ao físico da vítima) Vias de fato (contravenção do artigo 21 da LCP) Aviltantes (humilhantes). Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência. A aplicação da pena segue o critério do cúmulo material. 21 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Injúria qualificada (que a professora prefere chamar de preconceituosa). O indivíduo, para ofender, usa elementos de raça, cor, etnia, credo ou procedência nacional Ex: um indivíduo chama o outro de negro, branquelo azedo, etc. Pena - reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. • O crime de racismo é diferente, pela sua gravidade, sendo inafiançável e imprescritível (5º, XLII, CF/88). Crime de racismo está tipificado na lei 7.716/89; é crime onde a pessoa é impedida de exercer seus direitos determinado. Ex: a pessoa é impedida de entrar em um restaurante, de entrar em uma casa, shopping, estudar em certa escola ou faculdade, etc. Penas muito mais severas. No crime de racismo a ação penal é publica incondicionada. OBS: parágrafo 3º fere o princípio da proporcionalidade das penas, pois a punição é mais grave que a do homicídio culposo. Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: *Esse artigo se aplica aos três crimes contra a honra. I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; Essas pessoas ocupam posições muito importantes na nossa sociedade, então essas pessoas não podem ficar a mercê de qualquer coisa. II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. Tem que ser mais de três pessoas, pois toda vez que o legislador se contentou com duas pessoas ele foi expresso. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (pois esta já está qualificada no parágrafo 3º, se for colocado novamente ocorrerá o non bis idem) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Quando o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é aplicada em dobro, já que o desvalor da ação é muito mais intenso. Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; -Imunidade judiciária: (133 CF/88). O advogado, no exercício profissional (em juízo) possui imunidade. Artigo 7º, parágrafo 2º da lei 8906. A imunidade se estende à parte, em juízo. II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. (Os parlamentares, segundo o art. 53, CF/88, não praticam crime de opinião). Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. OBS: Art. 133 CF/88. De acordo com o Estatuto da OAB 03/05/2010 Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 22 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Tipifica a retratação. Desdizer, admitir que errou, retirar o que foi dito. Se a pessoa se retrata cabalmente e integralmente fica isenta de pena. A lei penal fixa até o momento da sentença condenatória como prazo limite para se fazer a retratação. Nada impede que a vítima entre com uma ação cível pedindo uma indenização por danos morais. (ver artigo 107, VI do código penal). Não cabe retratação no crime de injúria, pois esta fere a honra subjetiva. Não há como ter retratação. O 143 só se aplica então, à calúnia e difamação. Não há formalidade para a retratação. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Refere-se ao pedido de explicações: se de referências, alusões ou frases o agente deixou transparecer qualquer dos três crimes, quem se sente ofendido pode pedir explicações em juízo. Se a pessoa se negar a dar ou as der insuficientes, responde pela ofensa. O pedido de explicações é umexpediente preliminar à futura queixa crime. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. *A regra é que nos crimes contra a honra a ação penal é privada, exceto: no parágrafo segundo do art. 140, ação penal pública condicionada se a injúria é acompanhada de lesão leve é pública incondicionada se a lesão for grave ou gravíssima; no parágrafo único do artigo 139, que se refere ao inciso II do artigo 141, a ação penal é pública incondicionada; Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. *No inciso I do artigo 141 a ação penal depende de requisição; no parágrafo terceiro do artigo 140 a ação penal é pública condicionada à representação CAPÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Constrangimento ilegal: é o primeiro crime contra a liberdade individual. É sancionador do artigo 5º, II, CF/88. Alguns constitucionalistas afirmam que este é o princípio da legalidade por excelência. Posso fazer tudo o que a lei permite, mas não sou obrigado a fazer o que a lei não manda O artigo 146 é sancionador do artigo 5º, II, CF/88 Tipo Objetivo: é o verbo constranger que significa forçar, coagir, coibir. Meios de execução: violência (vis corporalis/ empregada sobre o físico da vítima, com o intuito de quebrar a resistência dela); grave ameaça: (vis compulsiva, promessa de um mal para a vítima ou para alguém ligado a ela); ou reduzido qualquer outro meio, a capacidade de resistência...(interpretação analógica Ex: chantagem, hipnotizar, arma, drogar, etc). É um artigo subsidiário de vários crimes, entra na composição de vários outros crimes. Eminentemente subsidiário ele entra como tipo subjetivo de vários outros crimes. Ex: 157, 158, 213 CP. Objetividade Jurídica: liberdade individual (sinônimo de liberdade pessoa), liberdade de ação, liberdade de autodeterminação (se através do constrangimento ilegal o indivíduo faz o outro matar há coação moral irresistível, responde pelo 121 e pelo 146/ Se fizer isso hoje, responde pela lei 9.455/97) (ver também o artigo 22 do CP). Sujeito Ativo: crime comum. Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: qualquer pessoa desde que tenha a capacidade de entendimento, discernimento, autodeterminação (se uma pessoa obriga alguém totalmente incapaz a fazer ou deixar de cometer algum crime, será autor mediato deste crime). Tipo Subjetivo: dolo, tanto eventual quanto direto. Ação Penal: pública incondicionada. 23 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. Cumulativamente e em dobro (penas alternativas somadas) se para a execução do crime se reúnem quatro ou mais pessoas (aqui a pena é mais severa porque o crime se torna de mais fácil execução) ou se há emprego de armas (emprego é o uso efetivo da arma- segundo o estatuto do desarmamento, a arma de brinquedo serve para o caput do artigo 146 e 157). As armas podem ser próprias (aquelas fabricada para ataque e defesa), impróprias (não são fabricadas para esse fim, mas têm o poder de ameaçar), armas de fogo (aquelas que disparam projéteis), armas brancas (mínimo de 15 cm de lâmina). Canivete não é arma branca, mas é apto a praticar o caput do artigo 146 (ver artigo 19 da lei das contravenções penais). Arma Branca: tem que ter 15 cm de lamina, no mínimo. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. Penas aplicadas segundo o critério do cúmulo material (mas não é concurso de crimes). As penas são somadas. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: (não configura constrangimento ilegal, exclui a tipicidade, a conduta se quer é típica) I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Ameaçar para o Direito penal é prenunciar. Tipo Objetivo: verbo reitor: ameaçar → prometer para a vítima um mal grave e injusto. Os meios de execução: palavras, escrito ou gesto, meio simbólico de causar mal injusto (contrário ao direito, que põe em risco). A ameaça deve ser direcionada a alguém. Ex: no interior se manda uma coroa de flores para sua casa simbolizando que vai matá-lo. É um crime formal de consumação antecipada. Ele se consuma no exato momento em que o individuo faz a ameaça. Admite-se a tentativa na forma escrita, mas na forma de palavras NÃO se admite a tentativa. Objeto Jurídico: liberdade individual no sentido de tranqüilidade psicológica, paz de espírito. Sujeito Ativo: crime comum. Sujeito Passivo: qualquer pessoa que tenha entendimento. Tipo Subjetivo: dolo direto e eventual. Ação Penal: pública condicionada. Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Tipo Objetivo: Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado. No seqüestro a vítima tem o seu direito de locomoção cerceado, mas tem maiores possibilidades de se locomover (ex: ilha, fazenda, etc.). No cárcere privado existe a retenção, sendo a vítima presa em algum lugar, como uma sala, um banheiro, um porta-malas. O seqüestro é um gênero e o cárcere privado é uma de suas espécies. Também é um crime subsidiário, entrando nos outros crimes como elemento objetivo. Ex: o artigo 148 é subsidiário dos artigos 159, 158, ele faz parte deles. É um crime permanente, isto é, é aquele que cuja consumação se prolonga pelo tempo e sempre vai ser flagrante delito. É dependente da vontade do agente. Objetividade Jurídica: liberdade individual, no sentido de liberdade de locomoção. 24 Direito Penal III – Profª Lázara – Jamille Alcântara Sujeito Ativo: Crime comum, entretanto, se o agente for autoridade, nos termos do artigo 5º da lei 4898/65, configura abuso de autoridade, previsto no artigo 3º, a, da mesma lei. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, mesmo aqueles que não têm condição própria de se locomover. Tipo Subjetivo: Dolo (eminentemente), cabendo os dois tipos. Ação Penal: Pública incondicionada Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 1º - A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos: (crime qualificado) I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos (erro do legislador em relação ao estatuto do idoso) O LEGISLADOR ESQUECEU-SE DO IRMAO, SENDO ASSIM APLICA-SE O CAPUT COM O AGRAVANTE GENÉRICO DO ARTIGO 61, e, CP; II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; (o médico que admite é co-autor/ este crime admite tanto co-autoria quanto participação). III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias; (o desvalor da ação é muito maior, maior angustia causado à família e também à sociedade, por tabela) 04/05/2010 IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (pois tem menos possibilidade de se defender). V – se o crime
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