Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Versa˜o 1.00 - Made in LATEX Marcelo Roberto Mana - Janeiro 2013 2 Capı´tulo1 Conceitos Ba´sicos Este material trata de um modo resumido alguns dos principais conceitos ba´sicos de matema´tica. Para um maior aprofundamento consulte livros e apostilas. 1.1 Equac¸o˜es e Func¸o˜es do Primeiro Grau 1.1.1 Equac¸o˜es do Primeiro Grau Definimos como equac¸a˜o do primeiro grau toda equac¸a˜o da forma: ax+ b = 0, a 6= 0 onde x = − b a e´ raiz dessa equac¸a˜o. Exemplo i. Resolva a equac¸a˜o 3x− 6 = 0 ⇐⇒ 3x = 6 ⇐⇒ x = 6 3 ⇐⇒ x = 2 S = {2} h Exemplo ii. Ache a soluc¸a˜o da equac¸a˜o 2x− 8 = 3x− 10 ⇐⇒ 2x− 3x = −10 + 8 ⇐⇒ −x = −2 ⇐⇒ x = 2 S = {2} h 3 4 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS 1.1.2 Func¸o˜es do Primeiro Grau Chama-se func¸a˜o polinomial do 1.o grau a qualquer func¸a˜o f : R −→ R dada por uma lei da forma f(x) = ax+ b com a ∈ R∗ e b ∈ R. Se b = 0, dizemos que a func¸a˜o f e´ linear e se b 6= 0 denomina-se func¸a˜o afim. Obs: No caso em que a = 0 a func¸a˜o e´ dita constante, ou seja, do tipo f(x) = k, ∀x ∈ R. O gra´fico de uma func¸a˜o constante e´ uma reta paralela ao eixo dos x. Propriedades de uma func¸a˜o do 1.o Grau: a) o gra´fico de uma func¸a˜o do 1o grau e´ sempre uma reta. b) o gra´fico intercepta o eixo dos x na raiz da equac¸a˜o, ou seja, em x = − b a c) o gra´fico intercepta o eixo dos y no ponto (0 , b) , onde b e´ chamado coeficiente linear. d) a e´ chamado coeficiente angular e da´ a inclinac¸a˜o da reta. e) se a > 0 enta˜o a func¸a˜o e´ crescente f) se a < 0 enta˜o a func¸a˜o e´ decrescente 1.2. EQUAC¸O˜ES E FUNC¸O˜ES DO SEGUNDO GRAU 5 1.2 Equac¸o˜es e Func¸o˜es do Segundo Grau 1.2.1 Equac¸o˜es do Segundo Grau Definimos como equac¸a˜o do segundo grau toda equac¸a˜o da forma: ax2 + bx+ c = 0, a 6= 0 As ra´ızes de uma equac¸a˜o do segundo grau podem ser calculadas atrave´s da fo´rmula de Bhaskara, dada a seguir: x = −b±√∆ 2a onde ∆ = b2 − 4ac. Exemplo i. Ache a soluc¸a˜o da equac¸a˜o do segundo grau: x2 − 5x+ 6 = 0 Soluc¸a˜o: Temos a = 1, b = −5 e c = 6. Calculando-se ∆, obtemos: ∆ = b2 − 4ac→ ∆ = (−5)2 − 4.1.6→ ∆ = 25− 24→ ∆ = 1 Aplicando-se a fo´rmula de Bhaskara, x = −b±√∆ 2a → x = −(−5)± √ 1 2.1 → x = 5± 1 2 → x = 5+1 2 → x1 = 3 5−1 2 → x2 = 2 S = {2; 3} Obs: Tambe´m podemos calcular as ra´ızes utilizando as relac¸o˜es de Girard envol- vendo a soma e o produto das ra´ızes da equac¸a˜o. S = x1 + x2 = − ba e P = x1.x2 = ca 1.2.2 Func¸o˜es do Segundo Grau Uma func¸a˜o e´ dita do 2.o grau quando e´ do tipo f(x) = ax2 + bx+ c, com a 6= 0. O gra´fico da func¸a˜o do 2o grau e´ sempre uma para´bola de eixo vertical. Propriedades de uma func¸a˜o do 2.o Grau: a) o ve´rtice da para´bola e´ o ponto V = (xv, yv), onde xv = − b2a e yv = −∆4a b) se a > 0 a para´bola tem um ponto de mı´nimo. 6 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS c) se a < 0 a para´bola tem um ponto de ma´ximo. d) a para´bola intercepta o eixo dos x nas ra´ızes (x1 e x2) e) a para´bola intercepta o eixo dos y no ponto (0, c) f) x = − b a e´ o eixo de simetria da para´bola (reta vertical) g) a forma fatorada de f(x) = ax2 + bx+ c e´ f(x) = a.(x− x1).(x− x2) 1.3 Inequac¸o˜es 1.3.1 Inequac¸o˜es de Primeiro Grau Definimos como inequac¸a˜o toda sentenc¸a matema´tica relacionada por uma desi- gualdade. As inequac¸o˜es do primeiro grau com uma varia´vel podem ser escritas numa das seguintes formas: ax+ b > 0 ax+ b < 0 ax+ b ≥ 0 ax+ b ≤ 0 com a, b ∈ R, a 6= 0. Exemplo 2.1.1 Resolva as inequac¸o˜es em R: a)2x− 6 ≥ 0 ⇐⇒ 2x ≥ 6 ⇐⇒ x ≥ 3 ⇐⇒ S = {x ∈ R| x ≥ 3} Representac¸a˜o Gra´fica de uma Inequac¸a˜o de 1.o Grau - Semiplano Procedimento: - Substitua a desigualdade por uma igualdade. - Esboce o gra´fico da reta no plano cartesiano. 1.3. INEQUAC¸O˜ES 7 - Escolha um ponto auxiliar e verifique se o mesmo satisfaz ou na˜o a desigualdade inicial. - Em caso positivo, a soluc¸a˜o da inequac¸a˜o corresponde ao semiplano ao qual pertence o ponto auxiliar. Em caso negativo, a soluc¸a˜o da inequac¸a˜o corresponde ao semiplano oposto aquele ao qual pertence o ponto auxiliar. Exemplo i. Determine o semiplano que representado pela inequac¸a˜o 2x+y ≤ 4. Substituindo o ponto auxiliar (0, 0),por exemplo, na inequac¸a˜o 2x+y ≤ 4, temos que 2.0 + 0 ≤ 4 (afirmativa verdadeira). Logo a soluc¸a˜o da inequac¸a˜o corresponde ao semiplano ao qual pertence o ponto auxiliar (0, 0). Observe na figura abaixo 1.3.2 Inequac¸o˜es de Segundo Grau De um modo bem simplificado, podemos resolver inequac¸o˜es de segundo grau atrave´s das ra´ızes e esboc¸o da para´bola, realizando o estudo do sinal. Exemplo i. Resolva a inequac¸a˜o 3x2 + 10x+ 7 < 0 Ra´ızes: −1 e −7 3 Sendo assim, S = { x ∈ R| − 7 3 < x < −1} h Exemplo ii. Resolva a inequac¸a˜o −2x2 − x+ 1 ≤ 0 Ra´ızes: −1 e 1 2 8 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS E portanto, S = { x ∈ R|x ≤ −1 ou x ≥ 1 2 } h A resoluc¸a˜o de desigualdades polinomiais, ou equivalentemente, estudo de sinal de func¸o˜es polinomiais sera´ feita atrave´s da multiplicidade das ra´ızes, obedecendo o seguinte crite´rio: • Se a raiz tem multiplicidade PAR, enta˜o o sinal de f nas vizinhanc¸as desta raiz e´ o mesmo. • Se a raiz tem multiplicidade I´MPAR, enta˜o o sinal de f nas vizinhanc¸as desta raiz alterna-se. Exemplos e resoluc¸o˜es detalhadas sera˜o apresentadas no to´pico sobre polinoˆmios: multiplicidades de ra´ızes. Obs: Uma func¸a˜o f : R −→ R definida por: f(x) = n∑ i=0 aix i = a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn e´ denominada func¸a˜o polinomial em x. 1.4 Valor absoluto (mo´dulo) de um nu´mero real O mo´dulo de um nu´mero real e´ igual a` distaˆncia do ponto que o representa ate´ o ponto que representa zero, considerando-o na reta real orientada. Denota-se o 1.5. PRODUTOS NOTA´VEIS 9 mo´dulo de x por |x|. Exemplo i. | − 30| = 30 Exemplo ii. |8| = 8 De um modo mais anal´ıtico, temos: |x| = { −x se x ≤ 0 x se x > 0 1.4.1 Propriedades: Algumas propriedades importantes: I) |x| ≥ 0,∀x ∈ R e |x| = 0 ⇐⇒ x = 0 II) |x| = |y| ⇐⇒ x = y ou x = −y III) |x| = a ⇐⇒ x = a ou x = −a, a ≥ 0 IV) |x.y| = |x|.|y| V) ∣∣∣xy ∣∣∣ = |x||y| , y 6= 0 VI) √ x2 = |x| A importante e perigoso A VII) √ x2n = |x2n| = x2n, n ∈ N VIII) |x| < a ⇐⇒ −a < x < a, a ≥ 0 IX) |x| > a ⇐⇒ x > a ou x < −a, a ≥ 0 1.5 Produtos Nota´veis No ca´lculo frequentemente nos deparamos com expresso˜es alge´bricas com leis especi- ais de formac¸a˜o. Essas expresso˜es sa˜o denominadas, em alguns casos, de produtos nota´veis e sua utilizac¸a˜o permite agilizar determinados tipos de ca´lculos. Sejam x, y ∈ R. Temos as seguintes identidades alge´bricas: I) (x+ y)2 = x2 + 2xy + y2 (quadrado da soma) II) (x− y)2 = x2 − 2xy + y2 (quadrado da diferenc¸a) III) (x+ y).(x− y) = x2 − y2 (produto da soma pela diferenc¸a) IV) (x+ y)3 = x3 + 3x2y + 3xy2 + y3 (cubo da soma) V) (x− y)3 = x3 − 3x2y + 3xy2 − y3 (cubo da diferenc¸a) 10 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS 1.6 Fatorac¸a˜o Fatorar e´ transformar expresso˜es de soma alge´brica para produto, de modo a obter uma expressa˜o equivalente a` inicial. A seguir veremos alguns casos de fatorac¸a˜o. Fatorac¸a˜o de expresso˜es alge´bricas polinomias mais elaboradas sera˜o vistas em po- linoˆmios. 1.6.1 Fator comum Exemplos: i) x.a+ x.b+ x.c = x.(a+ b+ c) ii) 3x3y3 + 5xy2 = xy2.(3x2y + 5) 1.6.2 Agrupamento Exemplo: ax+ ay + bx+ by = a.(x+ y) + b.(x+ y) = (x+ y).(a+ b) 1.6.3 Diferenc¸a de Quadrados x2 − y2 = (x+ y).(x− y) 1.6.4 Trinoˆmio Quadrado Perfeito Casos: i) x2 + 2xy + y2 = (x+ y)2 ii) x2 − 2xy + y2 = (x− y)2 1.6.5 Trinoˆmio do Segundo Grau Sejam x1 e x2 as ra´ızes do trinoˆmio de segundo grau ax 2 + bx + c, a 6= 0. Assim, temos: ax2 + bx+ c = a.(x−x1).(x− x2) Mais adiante veremos como fatorar expresso˜es com grau mais elevado, conhecendo- se suas ra´ızes. 1.7. POLINOˆMIOS 11 1.6.6 Soma e Diferenc¸a de Cubos Casos: I) x3 + y3 = (x+ y).(x2 − xy + y2) II) x3 − y3 = (x− y).(x2 + xy + y2) 1.7 Polinoˆmios 1.7.1 Definic¸a˜o: Um polinoˆmio a uma varia´vel x e´ uma expressa˜o do tipo: P (x) = a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn onde: x e´ uma varia´vel complexa. a0, a1, . . . , an sa˜o constantes complexas ditas coeficientes n e´ um nu´mero natural (n ∈ N) 1.7.2 Valor nume´rico de um polinoˆmio Consideremos um polinoˆmio P (x). Ao substituirmos x por um nu´mero α, obteremos P (α), o qual chamaremos de valor nume´rico de P (x) para x = α e indicaremos por P (α) Exemplo Seja P (x) = 2x3 − x2 + 1. Para x = 2, temos: P (2) = 2.23 − 22 + 1 = 13 1.7.3 Raiz ou zero Um nu´mero β e´ raiz ou zero de um polinoˆmio P (x) se e somente se o valor nume´rico de P (x) para x = β for zero. Ou seja, β e´ raiz ⇐⇒ P (β) = 0 Exemplo Consideremos P (x) = x2 − 5x + 6. Temos que x = 2 e x = 3 sa˜o as ra´ızes de P (x) 1.7.4 Polinoˆmios Nulos Dizemos que P (x) e´ um polinoˆmio nulo se e somente se todos os seus coeficientes sa˜o iguais a zero. P (x) = a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn = 0 ⇐⇒ an = an−1 = · · · = a0 = 0 Notac¸a˜o utilizada: P (x) ≡ 0 12 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS 1.7.5 Grau de um polinoˆmio Define-se grau de um polinoˆmio na˜o nulo, o maior expoente da varia´vel, de modo que o coeficiente do termo correspondente seja diferente de zero. Denotaremos o grau de um polinoˆmio P (x) por deg(P ). Exemplo i P (x) = 2x4 + 3x3 − 2x+ 1 −→ deg(P ) = 4 Exemplo ii Q(x) = 12 −→ deg(Q) = 0 1.7.6 Identidade de dois polinoˆmios Dois polinoˆmios de mesmo grau sa˜o ideˆnticos se e somente se possuem os coeficientes de mesma poteˆncia iguais. Sejam P (x) = a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn e Q(x) = b0 + b1x+ b2x2 + · · ·+ bnxn Dizemos que P (x) ≡ Q(x) ⇐⇒ ak = bk,∀k ∈ {0, 1, 2, . . . , n} 1.7.7 Operac¸o˜es com polinoˆmios • Adic¸a˜o Consideremos P (x) = a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn e Q(x) = b0 + b1x+ b2x2 + · · ·+ bnxn A adic¸a˜o destes dois polinoˆmios, denotada por P (x) +Q(x), sera´ dada por: P (x) +Q(x) = (a0 + b0) + (a1 + b1)x+ · · ·+ (an + bn)xn Exemplo. Sejam P (x) = 2x3 − 3x2 + 4x− 1 e Q(x) = 2x2 + 5x. Temos: P (x) +Q(x) = 2x3 − x2 + 9x− 1 • Subtrac¸a˜o Consideremos P (x) = a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn e Q(x) = b0 + b1x+ b2x2 + · · ·+ bnxn A subtrac¸a˜o destes dois polinoˆmios, denotada por P (x)−Q(x), sera´ dada por: P (x)−Q(x) = (a0 − b0) + (a1 − b1)x+ · · ·+ (an − bn)xn Exemplo. Sejam P (x) = 2x3 − 5x+ 1 e Q(x) = x3 − 2x2 + 3. Temos: P (x)−Q(x) = x3 + 2x2 − 5x− 2 1.7. POLINOˆMIOS 13 • Multiplicac¸a˜o O produto de dois polinoˆmios P (x) e Q(x) realiza-se atrave´s da adic¸a˜o dos resul- tados do produto de cada termo de um polinoˆmio pelo outro polinoˆmio. Em resumo, multiplica-se os termos e agrupa-se os de mesmo grau. Denotaremos por P (x).Q(x) Exemplo. Sejam P (x) = x3 − 2x2 + 1 e Q(x) = x+ 2. Temos: P (x).Q(x) = x4 − 4x2 + x+ 2 • Divisa˜o Dados dois polinoˆmios D(x) e d(x), d(x) 6= 0, existe um u´nico par de polinoˆmios [Q(x), R(x)], tal que: D(x) = d(x).Q(x) +R(x) onde deg(R) < deg(d) ou R(x) = 0 D(x): dividendo, d(x): divisor, Q(x): quociente e R(x): resto. Observac¸o˜es: i) Se D(x) = 0 e d(x) 6= 0, temos Q(x) = 0 e R(x) = 0 ii) Se D(x) e d(x) sa˜o polinoˆmios na˜o nulos e deg(D) ≥ deg(d), temos: deg(Q) + deg(d) = deg(D) e deg(R) < deg(d) Me´todo da Chave O me´todo a seguir baseia-se na divisa˜o de nu´meros inteiros. Vamos obter o quociente Q(x) e o resto R(x) da divisa˜o de P (x) = 2x3 + 7x2 + 4x− 4 por d(x) = x2 + 2x− 3 Dividimos o primeiro fragmento do dividendo pelo primeiro fragmento do divisor, obtendo assim a primeira parcela do quociente, e logo depois o primeiro resto parcial. 14 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS Em seguida, dividimos o primeiro fragmento do primeiro resto parcial pelo pri- meiro fragmento do divisor, obtendo assim o pro´ximo fragmento do quociente, e logo depois o segundo resto parcial. Como o grau do divisor e´ maior do que o grau do segundo resto parcial, podemos dizer que a divisa˜o foi conclu´ıda. Assim, temos: Q(x) = 2x+ 3 eR(x) = 4x+ 5 1.7.8 Teorema do Resto O resto da divisa˜o de P (x) por (ax+ b) vale P ( − b a ) Demonstrac¸a˜o Escrevendo a divisa˜o de P (x) por (ax+ b), temos: P (x) = (ax+ b).Q(x) +R(x) ⇐⇒ ⇐⇒ P ( − b a ) = [ a. ( − b a ) + b ] .Q ( − b a ) +R ( − b a ) ⇐⇒ P ( − b a ) = R ( − b a ) h Exemplo: i) O resto da divisa˜o de P (x) = 4x3 + 2x− 1 por (x− 2) e´: R(x) = P (2) = 4(2)3 + 2.(2)− 1 = 35 ii) O resto da divisa˜o de P (x) = x2 + 3x+ 4 por (x+ 1) e´: R(x) = P (−1) = (−1)2 + 3(−1) + 4 = 2 1.8. ALGORITMO DE BRIOT-RUFFINI 15 1.7.9 Teorema de D’Alambert P (x) e´ divis´ıvel por (ax+ b) se e somente se P ( − b a ) = 0 Demonstrac¸a˜o: (=⇒) P (x) e´ divis´ıvel por (ax+ b) =⇒ R(x) = P ( − b a ) = 0 (⇐=) P ( − b a ) = 0 = R(x) =⇒ P (x) e´ divis´ıvel por (ax+ b) Exemplo: i) O polinoˆmio P (x) = x3 + 2x2 − 3 e´ divis´ıvel por x− 1, pois: P (1) = 13 + 2.12 − 3 = 0 1.8 Algoritmo de Briot-Ruffini Este algoritmo esta´ baseado no me´todo da chave, e com ele obte´m-se rapidamente o quociente e o resto da divisa˜o de um polinoˆmio P (x) por (x− a). Para exemplificar e explicar esse algoritmo, vamos obter o quociente Q(x) e o resto R(x) da divisa˜o de D(x) = 2x3 + 4x2 + 3x+ 5 por d(x) = x− 1. Passo 1 Calculamos a raiz do divisor e, numa mesma linha, escrevemos esta raiz, separando- a por uma barra dos coeficientes do dividendo colocados em ordem decrescente dos expoentes da varia´vel. Passo 2 Abaixamos o primeiro coeficiente de D(x) e este sera´ o primeiro coeficiente de Q(x). 16 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS Passo 3 Multiplicamos o primeiro coeficiente obtido pela raiz do divisor e adicionamos o resultado ao segundo coeficiente do dividendo, obtendo-se assim o segundo coefici- ente do quociente. Passo 4 Novamente multiplicamos o coeficiente obtido pela raiz do divisor e adicionamos o resultado ao pro´ximo coeficiente do dividendo, obtendo assim o terceiro coeficiente do quociente. Passo 5 Multiplicando o terceiro coeficiente obtido pela raizdo divisor e, adicionando o resultado ao u´ltimo coeficiente do dividendo, obtemos o resto da divisa˜o. Assim, temos que: Q(x) = 2x2 + 6x+ 9 e R(x) = 14 • Consequeˆncia: Aplicando o algoritmo de Briot-Ruffini, podemos obter o quociente Q(x) e o resto R(x) da divisa˜o de P (x) por (ax − b) se dividirmos P (x) por ( x− b a ) e, depois, por a o quociente Q1(x) obtido. Com efeito, temos que: P (x) = (ax− b).Q(x) +R(x) P (x) = ( x− b a ) . a.Q(x)︸ ︷︷ ︸ Q1(x) +R(x) =⇒ Q(x) = 1 a .Q1(x) 1.9. TEOREMA DA DIVISA˜O PELO PRODUTO 17 1.9 Teorema da Divisa˜o pelo Produto Se um polinoˆmio P (x) e´ divis´ıvel por (x − a) e tambe´m por (x − b), com a 6= b, enta˜o e´ divis´ıvel pelo produto (x− a).(x− b) Exemplo: Obtenha a e b a fim de que o polinoˆmio P (x) = x3 + ax2 + bx seja divis´ıvel por x2 − 2x− 3. Resoluc¸a˜o: Temos que x2−2x−3 = (x+1)(x−3). Desse modo, para que P (x) seja divis´ıvel e´ suficiente impormos que P (x) seja divis´ıvel por (x+ 1) e tambe´m por (x− 3), ou seja, P (−1) = 0 =⇒ (−1)3 + a(−1)2 + b(−1) = 0 =⇒ a− b = 1 P (3) = 0 =⇒ 33 + a32 + b3 = 0 =⇒ 9a+ 3b = −27 Assim, temos que: { a− b = 1 9a+ 3b = −27 E portanto, a = −2 e b = −3 1.10 Teorema da Divisa˜o sucessiva Se o polinoˆmio P (x) e´ divis´ıvel por (x − a) e o quociente desta divisa˜o tambe´m e´ divis´ıvel por (x− a), enta˜o P (x) e´ divis´ıvel por (x− a)2. Exemplo: Obtenha a e b a fim de que o polinoˆmio P (x) = x3 − 5x2 + ax+ b seja divis´ıvel por (x− 1)2. Resoluc¸a˜o: Primeiro, devemos impor que P (x) seja divis´ıvel por (x− 1), ou seja: P (1) = 0 =⇒ 13 − 5.12 + a.1 + b = 0 =⇒ a+ b = 4 (I) Em seguida, devemos impor que o quociente Q(x) da divisa˜o de P (x) por (x − 1) tambe´m seja divis´ıvel por (x− 1). Assim, figura pagina 52 Q(x) = x2 − 4x+ a− 4. Logo Q(1) = 0 =⇒ 12 − 4.1 + a− 4 = 0 =⇒ a = 7 Substituindo em (I), temos 7 + b = 4 =⇒ b = −3 h 18 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS 1.11 Equac¸o˜es Polinomiais 1.11.1 Definic¸a˜o: Definimos equac¸a˜o polinomial ou equac¸a˜o alge´brica, na varia´vel x, toda equac¸a˜o que pode ser escrita na forma: a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn = 0 O grau de uma equac¸a˜o polinomial P (x) = 0 e´ o grau de P (x). 1.11.2 Raiz Define-se raiz ou zero de uma equac¸a˜o polinomial P (x) = 0 todo nu´mero complexo z tal que P (z) = 0 1.11.3 Teorema Fundamental da A´lgebra Toda equac¸a˜o polinomial de grau n, n ≥ 1 admite pelo menos uma raiz complexa. Podemos enunciar este teorema de outra forma: Toda equac¸a˜o polinomial de coeficientes reais ou complexos tem, no campo complexo, exatamente n ra´ızes, sendo n o grau da equac¸a˜o. 1.11.4 Teorema da Decomposic¸a˜o Todo polinoˆmio P (x) = a0 + a1x + a2x 2 + · · · + anxn, de grau n ≥ 1, pode ser decomposto em n fatores do primeiro grau multiplicados pelo coeficiente a0 a0 + a1x+ a2x 2 + · · ·+ anxn = a0(x− x1)(x− x2) . . . (x− xn) onde x1, x2, . . . , xn sa˜o as ra´ızes de P (x) = 0. 1.11.5 Multiplicidade de uma Raiz Se um polinoˆmio P (x) e´ tal que P (x) = (x− r)m.Q(x), com Q(r) 6= 0, dizemos que r e´ raiz de multiplicidade m da equac¸a˜o P (x) = 0. Deste modo, dizemos que: r e´ raiz simples quando m = 1 r e´ raiz dupla quando m = 2 r e´ raiz tripla quando m = 3, e assim, sucessivamente. 1.11. EQUAC¸O˜ES POLINOMIAIS 19 1.11.6 Relac¸o˜es de Girard Sendo a0x n + a1x n−1 + · · · + an = 0 uma equac¸a˜o polinomial de grau n, n ≥ 1 e de ra´ızes x1, x2, x3, . . . , xn, podemos escrever: x1 + x2 + · · ·+ xn = −a1 a0 x1x2 + x1x3 + x1x4 + · · ·+ xn−1xn = a2 a0 x1x2x3 + x1x2x4 + · · ·+ xn−2xn−1xn = −a3 a0. . . x1x2x3 . . . xn = (−1)nan a0 Exemplo: Sendo x1, x2 e x3 as ra´ızes da equac¸a˜o 2x 3 + 4x2 − 5x+ 8 = 0, temos: x1 + x2 + x3 = −4 2 = −2 x1x2 + x1x3 + x2x3 = −5 2 x1x2x3 = −8 2 = −4 20 CAPI´TULO 1. CONCEITOS BA´SICOS Capı´tulo2 Func¸o˜es e Trigonometria 2.1 Func¸o˜es - Definic¸a˜o. Consideremos uma correspondeˆncia especial entre dois conjuntos dados, A e B que, nesta ordem, possui as seguintes propriedades: • Todo elemento do conjunto A possui um elemento correspondente no conjunto B. • Qualquer que seja o elemento de A, verifica-se que so´ existe um u´nico corres- pondente em B. Esta correspondeˆncia especial relaciona os conjuntos A e B de um modo muito espec´ıfico. Formalmente, definiremos uma func¸a˜o como um relac¸a˜o bina´ria un´ıvoca entre os conjuntos A e B, de modo que todo elemento x ∈ A tem em correspondeˆncia um u´nico elemento y ∈ B, que sera´ chamado de imagem de x. Nomenclaturas importantes: a) A: domı´nio da func¸a˜o; (D) b) B: contradomı´nio da func¸a˜o (CD) c) o subconjunto do contradomı´nio formado por todas as imagens dos elementos do domı´nio e´ chamado de conjunto imagem (Im), o qual e´ um subconjunto de B. Na figura, Im = {a, b, c}. 21 22 CAPI´TULO 2. FUNC¸O˜ES E TRIGONOMETRIA Para um formalismo maior, podemos definir func¸a˜o atrave´s de s´ımbolos da teoria de conjuntos. A saber, f : A −→ B e´ uma func¸a˜o ⇐⇒ ∀x ∈ A,∃! y ∈ B | f(x) = y onde Imf = {y ∈ B | y = f(x), x ∈ A} d) Gra´fico de uma func¸a˜o (Gf ) e´ a unia˜o de todos os pontos, no plano cartesiano, (x, y), em que x e´ um elemento do domı´nio da func¸a˜o e y, a respectiva imagem. Formalmente, Gf = {(x, y) ∈ R2 | y = f(x), x ∈ A} 2.2 Domı´nios de Func¸o˜es Ba´sicas I) f(x) = E1(x) E2(x) Df = {x ∈ R | E2(x) 6= 0} II) g(x) = 2n √ E(x), com n ∈ N∗ Dg = {x ∈ R | E(x) ≥ 0} Exemplos: i) f(x) = 2− x x+ 1 Df = {x ∈ R | x 6= −1} ii) g(x) = √ x+ 1 3 √ 1− x2 x+ 1 ≥ 0 e 1− x2 6= 0 −→ Dg = {x ∈ R | x > −1 e x 6= 1} 2.3 Func¸a˜o crescente, decrescente e constante I) Func¸a˜o crescente: f : A −→ B e´ crescente ⇐⇒ ∀x1, x2 ∈ A, x1 < x2 =⇒ f(x1) < f(x2) II) Func¸a˜o decrescente: f : A −→ B e´ decrescente ⇐⇒ ∀x1, x2 ∈ A, x1 < x2 =⇒ f(x1) > f(x2) III) Func¸a˜o constante: f : A −→ B e´ constante ⇐⇒ ∀x1, x2 ∈ A =⇒ f(x1) = f(x2) 2.4. FUNC¸A˜O EXPONENCIAL 23 2.4 Func¸a˜o Exponencial Definimos a func¸a˜o exponencial como a func¸a˜o com domı´nio e contradomı´nio no conjunto dos reais e expressa pela lei f(x) = ax, onde a ∈ R, a > 0 e a 6= 1 com Im = R∗+. Se 0 < a < 1 a func¸a˜o sera´ estritemente decrescente. Se a > 1 sera´ estritamente crescente. Exemplos: • f(x) = 2x • f(x) = ( 1 2 )x 24 CAPI´TULO 2. FUNC¸O˜ES E TRIGONOMETRIA Algumas Propriedades: Seja a ∈ R, sendo n e k nu´meros naturais. 1) a1 = a 2) a0 = 1, com a 6= 0 3) a−n = 1 an com a 6= 0 4) a n k = k √ an, com a > 0 e k 6= 0 Consideremos b e a nu´meros reais diferentes de zero; n e m sa˜o nu´meros inteiros. 5) bn.bm = bn+m 6) bn bm = bn−m 7) (bn)m = bn.m 8) (b.a)n = bn.an 9) ( b a )n = bn an 2.5. FUNC¸A˜O LOGARI´TMICA 25 2.5 Func¸a˜o Logar´ıtmica Definimos a func¸a˜o logar´ıtmica no conjunto dos reais positivos (domı´nio) e contra- domı´nio os reais, pela lei f(x) = loga x, com a ∈ R, a > 0 e a 6= 1. Se 0 < a < 1 a func¸a˜o sera´ estritemente decrescente. Se a > 1 sera´ estritamente crescente. Observac¸a˜o: logb a = x ⇐⇒ bx = a Exemplos: • f(x) = log2 x • f(x) = log 1 2 x 26 CAPI´TULO 2. FUNC¸O˜ES E TRIGONOMETRIA Propriedades Ba´sicas: Consideremos que os nu´meros b, p e q sejam reais positivos, b 6= 1 e n e k sa˜o nu´meros inteiros e positivos. 1) logb(p.q) = logb p+ logb q 2) logb ( p q ) = logb p− logb q 3) logb(p k) = k. logb p 4) logb a = logc a logc b , onde c ∈ R∗+, c 6= 1 2.6 Func¸a˜o Composta Sejam f e g duas func¸o˜es reais, definidas pelas leis f(x) = 2x + 7 e g(x) = x2 − 1. Assim, temos que f(−2) = 3 e g(3) = 8. Note que: g(3) = g[f(−2)] = 8 A func¸a˜o composta de f e g e´ uma func¸a˜o h capaz de conduzir diretamente o elemento -2 ate´ a imagem 8. A notac¸a˜o usual para indicar a composic¸a˜o da func¸a˜o g(x) com a func¸a˜o f(x) e´ g ◦ f(x). Assim, temos que: g ◦ f(x) = g[f(x)] 2.7. TRIGONOMETRIA 27 2.7 Trigonometria 2.7.1 Introduc¸a˜o Definiremos a seguir algumas relac¸o˜es envolvendo a medida dos lados de um triaˆngulo retaˆngulo com seus aˆngulos internos. Para tal, consideremos o triaˆngulo ABC abaixo Definimos seno, cosseno e tangente de um aˆngulo agudo de um triaˆngulo retaˆngulo pelas relac¸o˜es apresentadas a seguir: seno do aˆngulo = cateto oposto ao aˆngulo hipotenusa cosseno do aˆngulo = cateto adjacente ao aˆngulo hipotenusa tangente do aˆngulo = cateto oposto ao aˆngulo cateto adjacente ao aˆngulo Desta forma, temos: sinα = b a cosα = c a tanα = b c sin β = c a cos β = b a tan β = c b Note que sinα = cos β e que α + β = 900. Temos que o seno de um aˆngulo e´ igual ao cosseno de seu complementar e vice-versa. 28 CAPI´TULO 2. FUNC¸O˜ES E TRIGONOMETRIA 2.7.2 Cotangente, secante e cossecante cotangente do aˆngulo = cateto adjacente ao aˆngulo cateto oposto ao aˆngulo secante do aˆngulo = hipotenusa cateto adjacente ao aˆngulo cossecante do aˆngulo = hipotenusa cateto oposto ao aˆngulo Assim, temos que: cotα = c b secα = a c cscα = a b cot β = b c sec β = a b csc β = a c 2.7.3 Seno, cosseno e tangente dos aˆngulos nota´veis 2.7. TRIGONOMETRIA 29 2.7.4Algumas Identidades Trigonome´tricas 1) sin2 x+ cos2 x = 1 2) tan x = sinx cosx (cosx 6= 0) 3) cot x = 1 tanx = cosx sinx (sinx 6= 0) 4) sec x = 1 cosx (cosx 6= 0) 5) csc x = 1 sinx (sinx 6= 0) 6) sec2 x = tan2 x+ 1 7) csc2 x = cot2 x+ 1
Compartilhar