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Material de Apoio DireitoPenal V

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“O Direito Penal é o primeiro amor dos 
grandes estudantes, fascinados pelo conteúdo 
humano, pela palpitação social, pela 
intensidade dos dramas, pela glória das 
A.M.D.G.A.M.D.G.
intensidade dos dramas, pela glória das 
legendas. O Direito Penal fornece a emulsão 
vivificante ao berçário das vocações jurídicas” 
Roberto Lyra
CAROLINA DEFILIPPI
CRIMES CONTRA A VIDACRIMES CONTRA A VIDA
MÓDULO A MÓDULO A --
HOMICÍDIO, PARTICIPAÇÃO EM 
SUICÍDIO, INFANTICÍDIO E ABORTO
HOMICÍDIO
Art. 121. Matar alguém:
Pena — reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
• Conceito: É a eliminação da vida humana.
• Objetividade jurídica: a proteção do direito à vida, 
CAROLINA DEFILIPPI
• Objetividade jurídica: a proteção do direito à vida, 
garantido pelo art. 5º, caput, da Constituição Federal.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: qualquer pessoa.
• Conduta: vem expressa pelo verbo matar, que significa 
eliminar a vida de um ser humano.
HOMICÍDIO
� Meio de execução: a morte pode se dar por ação (crime 
comissivo) ou por omissão (crime omissivo impróprio ou 
comissivo por omissão).
� Elemento subjetivo: é o dolo, caracterizado pela 
CAROLINA DEFILIPPI
� Elemento subjetivo: é o dolo, caracterizado pela 
vontade livre e consciente de eliminar a vida humana. É 
o chamado animus necandi. O dolo pode ser direto ou 
eventual, quando o agente assume o risco de produzir a 
morte.
HOMICÍDIO
� Consumação: ocorre com a morte da vítima.
�Constatação da morte: a constatação da morte é feita
através da parada total e irreversível das funções
encefálicas (Resolução n. 1.480/97 do Conselho Federal
de Medicina).
�Comprovação do homicídio: é feita pelo Laudo de Exame
CAROLINA DEFILIPPI
�Comprovação do homicídio: é feita pelo Laudo de Exame
Necroscópico, que pode ser direto (quando está presente o
cadáver da vítima) ou indireto (quando o cadáver
desaparece ou não é encontrado), ou ainda por qualquer
meio, como, por exemplo, por meio de prova testemunhal.
Nesse sentido o teor do art. 158 do Código de Processo
Penal.
HOMICÍDIO
• Tentativa branca (ou incruenta): ocorre quando o agente
desfere golpe ou disparo em direção à vítima e não a
atinge.
• Tentativa cruenta: é aquela em que a vítima sofre
ferimentos.
• Tentativa de homicídio e lesão corporal consumada: a
diferença entre tentativa de homicídio e lesões corporais
CAROLINA DEFILIPPI
diferença entre tentativa de homicídio e lesões corporais
dolosas consumadas está apenas no elemento subjetivo do
crime, ou seja, na vontade do agente de matar ou apenas
ofender a integridade corporal da vítima.
• “Disparando em direção às vítimas, se não queria feri-las,
assume o agente, contudo, o risco de fazê-lo, verificando-se
dolo eventual” (TJSP, RT, 496/258).
HOMICÍDIO
� “Homicídio. Tentativa. Inexistência. Intenção de matar não 
demonstrada. Acusado que apenas desferiu um tiro na 
vítima, embora estivesse seu revólver plenamente 
municiado. Desistência voluntária. Desclassificação do 
delito para lesões corporais” (TJSP, RT, 527/335).
� “Assume o risco de matar e responde por crime doloso, 
aquele que desfecha tiros de revólver sobre um grupo de 
homens, vindo a atingir o seu companheiro, em região 
CAROLINA DEFILIPPI
homens, vindo a atingir o seu companheiro, em região 
perigosa e com êxito letal” (TJMT, RT, 401/436).
� “Quem, a curta distância, desfere tiro na cabeça do 
ofendido, ocasionando-lhe lesões de especial gravidade, 
revela, de maneira nítida, a intenção de matar” (TJSP, RT, 
433/379).
� “Qualquer pessoa, por mais rústica que seja, tem a noção 
elementar de que, desferindo foiçadas em outrem, 
produzindo-lhe ferimentos gravíssimos, assume o risco de 
causar-lhe a morte. Essa previsibilidade é elementar” (RT, 
376/204).
GENERALIDADES
� Crime hediondo: o homicídio simples é crime 
hediondo apenas quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por 
um só agente (art. 1º, I, da Lei n 8.072/90).
� Ação penal: é pública incondicionada, com iniciativa 
privativa do Ministério Público.
CAROLINA DEFILIPPI
privativa do Ministério Público.
� Júri: o processo, salvo no caso de homicídio culposo, 
segue o rito estabelecido para os crimes de 
competência do júri, previsto nos arts. 406 e 
seguintes do Código de Processo Penal.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3
(um terço).
� Relevante valor social: é o valor que diz respeito aos 
CAROLINA DEFILIPPI
� Relevante valor social: é o valor que diz respeito aos 
interesses ou fins da vida coletiva. Ex.: homicídio praticado 
contra um traidor da pátria ou homicídio praticado contra um 
político corrupto que lesou os interesses da coletividade.
� Relevante valor moral: é o valor que diz respeito aos 
interesses particulares, individuais do agente, aos 
sentimentos de piedade, compaixão e comiseração. Ex.: 
prática de eutanásia, que é o homicídio compassivo, 
misericordioso ou piedoso.
EUTANÁSIA
Eutanásia: na eutanásia, elimina o agente a vida 
de sua vítima com o intuito de poupá-la de 
intenso sofrimento e acentuada agonia, 
abreviando-lhe assim a existência.
� “O valor social ou moral do motivo do crime é de 
CAROLINA DEFILIPPI
� “O valor social ou moral do motivo do crime é de 
ser apreciado não segundo a opinião ou ponto de 
vista do agente, mas com critérios objetivos, 
segundo a consciência ética-social geral ou 
senso comum” (TACrim, RT, 417/101).
HOMICÍDIO EMOCIONAL
�Homicídio emocional: é o que tem como requisitos 
a violenta emoção, a provocação injusta por parte da 
vítima e a reação imediata.
� Violenta emoção: é a emoção intensa, absorvente, 
atuando o homicida em verdadeiro choque 
emocional.
CAROLINA DEFILIPPI
emocional.
� Provocação injusta por parte da vítima: a 
provocação há de ser antijurídica e sem motivo 
razoável.
� Reação imediata: que ocorre logo em seguida à 
provocação, não podendo haver espaço de tempo 
entre a provocação e o crime.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2º - Pena — reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
� Homicídio qualificado: o homicídio recebe a
denominação de qualificado naqueles casos em que os
motivos que o determinam, os meios ou os recursos
empregados pelo agente, revelam ser ele portador de
acentuada periculosidade, fazendo com que a vítima
CAROLINA DEFILIPPI
acentuada periculosidade, fazendo com que a vítima
tenha menores possibilidades de defesa. São casos, em
conseqüência, de homicídios mais graves que o
homicídio simples.
� Crime hediondo: o homicídio qualificado é crime 
hediondo (art. 1º, I, da Lei n 8.072/90).
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I — mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe;
� Paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo
torpe: nesse caso, responde pelo homicídio qualificado
não apenas quem pagou como também quem recebeu o
dinheiro ou recompensa, que não precisa,
necessariamente, representar uma vantagem econômica.
Alguns doutrinadores costumam chamar o homicídio
CAROLINA DEFILIPPI
Alguns doutrinadores costumam chamar o homicídio
mediante paga ou promessa de recompensa de homicídio
mercenário.
� Outro motivo torpe: é o motivo imoral, desprezível, vil,
que contrasta com a moralidade média.
“É certo que a vingança, por si só, não torna torpe o motivo
do delito, já que não é qualquer vingança que o qualifica.
Entretanto, ocorre a qualificadora em questão se o
acusado, sentindo-se desprezado pela amásia, resolve
vingar-se, matando-a” (TJSP, RT, 598/310).
HOMICÍDIO QUALIFICADO
II — por motivo fútil;
� Motivo fútil: é o motivo insignificante,sem 
importância; significa a desproporção entre o motivo 
e a prática do crime.
“A futilidade deve ser apreciada segundo quod 
plerumque accidit. O motivo é fútil quando 
CAROLINA DEFILIPPI
plerumque accidit. O motivo é fútil quando 
notadamente desproporcionado ou inadequado, do 
ponto de vista do homo medius e em relação ao 
crime de que se trata. Se o motivo torpe revela um 
grau particular de perversidade, o motivo fútil traduz o 
egoísmo intolerante, prepotente, mesquinho, que vai 
até a insensibilidade moral” (TJSP, RJTJSP, 73/310).
HOMICÍDIO QUALIFICADO
III — com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum;
� Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar 
perigo comum: essas circunstâncias têm relação com os 
meios pelos quais o delito é cometido.
CAROLINA DEFILIPPI
meios pelos quais o delito é cometido.
� Venefício: o homicídio cometido com emprego de veneno é 
também chamado de venefício.
� Tortura: Lei n. 9.455/97.
� Meio insidioso: é o dissimulado em sua eficiência maléfica, 
que se inicia e progride sem que o agente possa percebê-lo 
a tempo.
� Meio cruel: é o que aumenta o sofrimento do ofendido, ou 
revela uma brutalidade acentuada.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
IV — à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
� Traição: é a deslealdade, a falsidade, com que é
cometido o fato criminoso.
� Emboscada: é a tocaia, o esconderijo, consistente no
fato de o agente esperar dissimuladamente a vítima em
CAROLINA DEFILIPPI
fato de o agente esperar dissimuladamente a vítima em
local de passagem para o cometimento do crime.
� Dissimulação: é a ocultação da vontade ilícita, visando
pegar o ofendido desprevenido. Ex.: agente que finge
ser amigo da vítima com o intuito de apanhá-la
desprevenida na prática do crime.
� Outro recurso: deve ser apto a dificultar ou tornar
impossível a defesa da vítima.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
V — para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime:
� Para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime: essa
qualificadora relaciona-se à conexão de crimes, que
pode ser teleológica (quando o crime é praticado para
CAROLINA DEFILIPPI
pode ser teleológica (quando o crime é praticado para
assegurar a execução de outro) ou conseqüencial
(quando o crime é praticado em conseqüência do
outro, para assegurar-lhe a ocultação, impunidade ou
vantagem).
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o
suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal
de natureza grave.
CAROLINA DEFILIPPI
de natureza grave.
� Conceito de suicídio: é a deliberada destruição da
própria vida.
� Punição do suicídio: o ordenamento penal brasileiro
não pune o suicídio, por impossibilidade de aplicação de
sanção, tampouco a tentativa dele, por razões de política
criminal.
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
• Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, excluindo-
se, evidentemente, aquele que se suicida ou tenta se
matar.
� Sujeito passivo: é a pessoa capaz de ser induzida,
instigada ou auxiliada a suicidar-se.
CAROLINA DEFILIPPI
� Conduta: vem expressa pelos verbos induzir, instigar
ou prestar auxílio ao suicídio.
� Participação moral em suicídio: é praticada por
meio do induzimento e da instigação.
� Participação material em suicídio: é praticada por
meio do auxílio ao suicídio.
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
� Elemento subjetivo: é o dolo, caracterizado pela vontade 
livre e consciente de induzir, instigar ou auxiliar a vítima na 
prática do suicídio.
� Consumação: ocorre com o resultado morte ou lesão 
corporal de natureza grave. É crime material.
� Tentativa: não se admite
CAROLINA DEFILIPPI
���� Morte da vítima: se a vítima tenta suicidar-se e vem a 
falecer, pune-se o participante com a pena de 2 a 6 anos.
�Lesão corporal de natureza grave: se da tentativa de 
suicídio resulta lesão corporal grave, a pena é de 1 a 3 
anos.
�Lesão corporal de natureza leve: se o suicida sofre lesão 
corporal de natureza leve, o fato não é punível.
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
Parágrafo único. A pena é duplicada:
I — se o crime é praticado por motivo egoístico;
II — se a vítima é menor ou tem diminuída, por 
qualquer causa, a capacidade de resistência.
� menor = A doutrina não é unânime mas entende-se 
CAROLINA DEFILIPPI
� menor = A doutrina não é unânime mas entende-se 
que menor é o sujeito entre 14 e 18 anos.
� capacidade de resistência diminuída = doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado e embriaguez completa.
INFANTICÍDIO
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o
próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
� Conceito de infanticídio: é a supressão da vida do nascente
ou neonato, pela própria mãe, durante ou logo após o parto,
sob a influência do estado puerperal.
CAROLINA DEFILIPPI
sob a influência do estado puerperal.
� Objetividade jurídica: a proteção do direito à vida do nascente
ou neonato.
� Sujeito ativo: o infanticídio é um crime próprio, tendo como
sujeito ativo somente a mãe da vítima (atenção art. 30!)
� Sujeito passivo: é o nascente ou o neonato.
� Conduta: vem expressa pelo verbo matar, como acontece no
homicídio
INFANTICÍDIO
� Influência do estado puerperal: é necessário para a
caracterização do infanticídio não só que a mãe
tenha agido sob a influência do estado puerperal,
mas também que o fato ocorra durante o parto ou
logo após.
Parto: o parto inicia com a contração do útero e o
CAROLINA DEFILIPPI
� Parto: o parto inicia com a contração do útero e o
deslocamento do feto, terminando com a expulsão da
placenta.
� Estado puerperal: é o conjunto das perturbações
psicológicas e físicas sofridas pela mulher em face do
fenômeno parto.
INFANTICÍDIO
� Logo após o parto: a expressão logo após deve ser
conceituada à luz do caso concreto, entendendo-se
que há delito de infanticídio enquanto perdurar a
influência do estado puerperal. Dessa forma,
enquanto permanecer a mãe sob a influência do
estado puerperal, terá lugar a expressão logo após o
CAROLINA DEFILIPPI
estado puerperal, terá lugar a expressão logo após o
parto.
� Elemento subjetivo: é o dolo, não admitindo a forma
culposa. Se a mãe matar o próprio filho
culposamente, responderá por homicídio culposo,
ainda que esteja sob a influência do estado
puerperal.
INFANTICÍDIO
� Consumação: ocorre com o resultado morte do
nascente ou neonato. Trata-se de crime material.
� Tentativa: admite-se, desde que o resultado não
ocorra por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
CAROLINA DEFILIPPI
� Erro sobre a pessoa: se a mãe matar filho de
outrem, logo após o parto, sob a influência do estado
puerperal, pensando tratar-se de seu próprio filho,
haverá hipótese de erro sobre a pessoa (art. 20, §
3º, do CP), respondendo ela por infanticídio.
ABORTO
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir 
que outrem lho provoque:
Pena — detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
� Conceito de aborto: é a interrupção da gravidez com a 
destruição do produto da concepção.
CAROLINA DEFILIPPI
� Auto-aborto: ocorre quando a gestante provoca aborto 
em si mesma.
� Aborto consentido: ocorre quando a gestante consente 
que terceiro lhe provoque o aborto. Nesse caso, o 
terceiro responderá pelo crime do art. 126 do CP.
ABORTO
� Objetividade jurídica: é a proteção do direito à vidahumana em
formação, a chamada vida intra-uterina.
����Vida: foi comprovado cientificamente que, desde a concepção
(fecundação do óvulo), existe um ser em criação, que cresce, tem
metabolismo orgânico exclusivo, revela uma atividade cardíaca,
executando funções típicas de vida.
CAROLINA DEFILIPPI
executando funções típicas de vida.
� Prova da gravidez: é imprescindível para a caracterização do
crime de aborto a prova do estado fisiológico da gravidez.
� Crime impossível: sendo o meio empregado inteiramente
ineficaz, como ocorre na aplicação de injeção sem efeito abortivo,
haverá crime impossível. O mesmo ocorre no caso de manobras
abortivas praticadas em mulher que não se encontra grávida ou
dirigidas a feto já morto.
ABORTO
� Sujeito ativo: é a gestante, nos casos de auto-aborto 
e aborto consentido. Pode ser qualquer pessoa nos 
demais casos previstos em lei.
� Sujeito passivo: é o feto, entendido como o ser em 
qualquer fase de formação.
CAROLINA DEFILIPPI
� Conduta: consiste na destruição do produto da 
concepção, expressa pelo verbo provocar, que 
significa dar causa, produzir, originar, promover.
� Meios de execução: qualquer meio comissivo ou 
omissivo, mate-rial ou psíquico, integra a conduta 
típica.
ABORTO
� Provas: exige-se também a prova de vida do feto, assim
como exame de corpo de delito na mãe para comprovar a
ocorrência do abortamento. Se não for possível o exame
pericial direto, por terem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal ou documental poderá suprir-lhe a
falta.
CAROLINA DEFILIPPI
falta.
� Elemento subjetivo: é o dolo. Dolo direto ou eventual:
o dolo pode ser direto, quando há vontade firme de
interromper a gravidez e de produzir a morte do feto, ou
eventual, quando o sujeito assume o risco de produzir o
resultado.
� Aborto culposo: não existe. A mulher grávida que causa
interrupção da gravidez por imprudência ou negligência
não responde por crime algum.
ABORTO LEGAL
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
� Causas de exclusão de culpabilidade: não se pode
dizer, a rigor, que o Código Penal permite o aborto
nessas hipóteses, que consistiriam em verdadeiras
causas excludentes da ilicitude. A melhor solução é
CAROLINA DEFILIPPI
causas excludentes da ilicitude. A melhor solução é
mesmo a de considerar essas hipóteses previstas em lei
como causas de exclusão da culpabilidade, em que
persistiria o crime, ausente apenas a punibilidade.
� Causas de exclusão de ilicitude: há autores que
entendem tratar-se de causas excludentes de ilicitude, já
que, pela redação do dispositivo, o aborto, nesses
casos, é fato lícito.
ABORTO NECESSÁRIO
I — se não há outro meio de salvar a vida da
gestante;
� Aborto necessário ou terapêutico: é o praticado
quando não há outro meio de salvar a vida da gestante.
� Estado de necessidade de terceiro: parte da doutrina
entende que haveria, nesse caso, verdadeiro estado de
CAROLINA DEFILIPPI
entende que haveria, nesse caso, verdadeiro estado de
necessidade, a ensejar a exclusão da ilicitude da
conduta do médico, exclusão esta que também
alcançaria aquela pessoa que não tivesse tal qualidade
profissional, como no caso de parteiras etc. Entretanto,
merece ser lembrado que o estado de necessidade
somente tem lugar na presença de perigo atual, que não
é exigido pelo art. 128, I, do Código Penal, levando ao
entendimento de que basta a certeza da morte da
gestante para que o aborto necessário leve o médico à
isenção de pena.
II — se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.
� Aborto no caso de gravidez resultante de estupro:
também chamado de aborto humanitário, aborto
sentimental, aborto piedoso ou aborto ético, é aquele
ABORTO SENTIMENTAL
CAROLINA DEFILIPPI
sentimental, aborto piedoso ou aborto ético, é aquele
em que a gravidez é resultante de estupro.
� IMPORTANTE!! É necessária prévia autorização
judicial (alvará) para a realização do aborto em caso
de gravidez resultante de estupro? NÃO
MÓDULO B MÓDULO B --
DAS LESÕES CORPORAISDAS LESÕES CORPORAIS
CAROLINA DEFILIPPI
DAS LESÕES CORPORAISDAS LESÕES CORPORAIS
LESÃO CORPORAL
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
� Ofensa à integridade corporal consiste no dano
anatômico prejudicial ao corpo humano.
� Ofensa à saúde é a provocação de perturbações de
CAROLINA DEFILIPPI
� Ofensa à saúde é a provocação de perturbações de
caráter psicológico e/ou fisiológico.
� Sujeito Ativo = qualquer pessoa, exceto o próprio
ofendido. Saliente-se que a lei não pune a auto-lesão
� Sujeito Passivo = qualquer pessoa, salvo nas hipóteses
em que a vítima só poderá ser mulher grávida.
� Consumação = no momento da ofensa à integridade física
ou à saúde.
LESÃO CORPORAL
� Tentativa = é possível. A tentativa de lesão corporal difere
da contravenção de vias de fato, pois, na contravenção o
agente não tem intenção de lesionar a vítima (exemplo:
empurrão). Se o agente emprega violência ultrajante, com
intenção de humilhar a vítima, estamos diante do crime de
injúria real (artigo 140, § 2.º, do Código Penal).
CAROLINA DEFILIPPI
injúria real (artigo 140, § 2.º, do Código Penal).
� Lesão Leve
Por exclusão, é toda lesão que não for grave nem
gravíssima. Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
A lesão corporal leve é infração de menor potencial
ofensivo.
LESÃO CORPORAL
� Concurso de crimes
Em muitos crimes, como no roubo, por exemplo, a violência
é utilizada como meio de execução. O que ocorrerá se da
violência decorrer lesão leve? No silêncio da lei a respeito
do resultado violência, conclui-se que a lesão leve fica
absorvida (exemplo: roubo, extorsão, estupro, atentado
CAROLINA DEFILIPPI
absorvida (exemplo: roubo, extorsão, estupro, atentado
violento ao pudor, crime de tortura etc.). Se, no entanto, a lei
expressamente ressalvar a aplicação autônoma do resultado
da violência, o agente responderá pelos dois crimes, sendo
somadas as penas (exemplo: injúria real, constrangimento
ilegal, dano qualificado, rapto, exercício arbitrário das
próprias razões, resistência etc.).
.
LESÃO CORPORAL
� Ação penal
O artigo 88 da Lei n. 9.099/95 transformou a lesão corporal
dolosa leve em crime de ação penal pública condicionada à
representação do ofendido. A jurisprudência e a doutrina
estenderam a exigência da representação para as vias de
fato.
CAROLINA DEFILIPPI
fato.
Outra regra trazida pela Lei n. 9.099/95: para o oferecimento
da denúncia não é necessário um exame de corpo de delito,
basta um boletim de ocorrência ou ficha médica.
.
LESÃO CORPORAL GRAVE
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão.
Inciso I – se resulta incapacidade para as ocupações
habituais por mais de 30 dias
� É necessário o exame complementar, realizado no primeiro dia após o
período de 30 dias, para comprovar a materialidade da lesão grave
� O prazo de 30 dias é contado nos termos do artigo 10 do Código
Penal.
CAROLINA DEFILIPPI
Penal.
� Ocupação habitual é qualquer atividade rotineira na vida da vítima, tal
como estudar, andar, praticar esportes etc., exceto a considerada ilícita.
� No caso de atividade lícita, mas imoral, haverá lesão grave (exemplo:
incapacitar prostituta de manter relações sexuais).
� Se a vítima deixar de praticar atividades rotineiras, por sentir
vergonha, não há se falar em incapacidade.
� Trata-se de um exemplo de crime a prazo.
� O resultado agravador pode ser culposo ou doloso.
LESÃO CORPORAL GRAVE
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão.
Inciso II – se resulta perigo de vida
� É uma hipótese preterdolosa, pois o sujeito não quer a
morte. Se o agente queria o resultado morte, responderá
por tentativa de homicídio.CAROLINA DEFILIPPI
� O perito deve dizer claramente em que consistiu o perigo
de vida (exemplo: houve perigo de vida porque a vítima
perdeu muito sangue etc.), e o Promotor de Justiça deve
transcrever na denúncia.
LESÃO CORPORAL GRAVE
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão.
Inciso III – se resulta debilidade permanente de membro,
sentido ou função.
� Membros são os apêndices do corpo (braços e pernas). Os
sentidos são o tato, o olfato, a visão, o paladar e a audição. A
função consiste no funcionamento de órgãos ou aparelhos do
CAROLINA DEFILIPPI
função consiste no funcionamento de órgãos ou aparelhos do
corpo humano
� A debilidade é o enfraquecimento, a diminuição, a redução da
capacidade funcional. A debilidade deve ser permanente, ou seja,
de recuperação incerta e improvável e cuja cessação eventual
ocorrerá em data incalculável (permanente não é a mesma coisa
que perpétua).
� A debilidade não se confunde com a perda ou inutilização do
membro, sentido ou função, hipóteses de lesão corporal
gravíssima, disciplinadas no § 2.º.
LESÃO CORPORAL GRAVE
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão.
Inciso IV – aceleração do parto
Caracteriza-se pela antecipação da data do nascimento.
Pressupõe o nascimento com vida. Para evitar a
responsabilidade objetiva, é necessário que o agente
saiba que a mulher está grávida.
CAROLINA DEFILIPPI
saiba que a mulher está grávida.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
� A denominação lesão gravíssima é dada pela doutrina e
jurisprudência. A lei não utiliza essa expressão, que tem a
finalidade de diferenciar as lesões do § 2.º que tem pena
mais severa do que o § 1.º.
CAROLINA DEFILIPPI
mais severa do que o § 1.º.
� Se uma lesão se enquadra em grave e gravíssima, o réu
responderá pela gravíssima.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Inciso I – se resulta incapacidade permanente para o
trabalho
� É mais específico que o § 1.º, inciso I. A incapacidade
deve ser permanente (a lei não diz perpétua) e deve
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deve ser permanente (a lei não diz perpétua) e deve
abranger qualquer tipo de trabalho (posição majoritária).
Para uma corrente minoritária, a incapacidade da vítima
deve impossibilitar o trabalho que ela exercia
anteriormente.
� O sujeito passivo não poderá ser criança ou pessoa idosa
aposentada.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Inciso II – se resulta enfermidade incurável
� Da lesão decorre doença para a qual não existe cura.
� Para uma corrente, a transmissão intencional de AIDS
tipifica a tentativa de homicídio. Para outra, caracteriza
CAROLINA DEFILIPPI
tipifica a tentativa de homicídio. Para outra, caracteriza
lesão gravíssima, pela transmissão de moléstia incurável.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Inciso III – se resulta perda ou inutilização de membro,
sentido ou função
� A perda pode se dar:
� por mutilação: ocorre pela própria ação lesiva; é o corte de uma
parte do corpo da vítima (extirpação do braço, da perna, da mão
CAROLINA DEFILIPPI
parte do corpo da vítima (extirpação do braço, da perna, da mão
etc.);
� por amputação: é a extirpação feita pelo médico, posteriormente à
ação, para salvar a vida da vítima.
� Na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo da
vítima, ainda que parcialmente, mas totalmente inapto
para a realização de sua atividade própria.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Inciso IV – se resulta deformidade permanente
� Está ligado ao dano estético, causado pelas cicatrizes.
� O dano estético deve ser razoável, ou seja, de uma certa
monta.
CAROLINA DEFILIPPI
monta.
� Deve ser permanente, isto é, não se reverte com o passar
do tempo.
� A deformidade deve ser visível.
� A deformidade deve ser capaz de provocar impressão
vexatória. A deformidade estética deve ser algo que
reduza a beleza física da vítima.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Inciso V – se resulta aborto
� Aborto é a interrupção da gravidez, com a conseqüente
morte do produto da concepção.
� Trata-se de qualificadora preterdolosa. Há dolo na lesão e
culpa em relação ao aborto. Se houver dolo também em
CAROLINA DEFILIPPI
culpa em relação ao aborto. Se houver dolo também em
relação ao aborto, o agente responde por lesão corporal
em concurso formal imperfeito com aborto (artigo 70, caput,
parte final). Há, por fim, hipótese do agente que quer
provocar o aborto e, culposamente, causa lesão grave na
mãe (artigo 127 do Código Penal).
� É necessário que o agente saiba que a mulher está
grávida.
LESÃO CORPORAL 
SEGUIDA DE MORTE
Pena: reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
� É também um crime preterdoloso no qual há dolo na
lesão e culpa no resultado morte. O agente não prevê a
morte, que era previsível. Por ser preterdoloso, não admite
tentativa.
CAROLINA DEFILIPPI
tentativa.
� Se não houver dolo na agressão (lesão), trata-se de
homicídio culposo.
� Caracterizará progressão criminosa se houver dolo
inicial de lesão e, durante a execução, o agente resolver
matar a vítima. Nesse caso, responderá pelo homicídio
doloso (crime mais grave).
LESÃO CORPORAL 
PRIVILEGIADA
� As hipóteses de privilégio das lesões corporais são as
mesmas do homicídio privilegiado. O privilégio só se aplica
nas lesões dolosas.
� É uma causa de redução de pena de 1/6 a 1/3.
CAROLINA DEFILIPPI
� É uma causa de redução de pena de 1/6 a 1/3.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA
� “O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
pena de detenção pela de multa”, nas seguintes hipóteses:
� quando estiver presente uma das causas de privilégio
(tratando-se de lesão corporal leve privilegiada, o juiz
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(tratando-se de lesão corporal leve privilegiada, o juiz
poderá reduzir a pena restritiva de liberdade ou substituí-la
por multa);
� quando as lesões forem recíprocas (sem que um dos
agentes tenha agido em legítima defesa).
LESÃO CORPORAL CULPOSA
Pena: detenção de 2 meses a 1 (um) ano.
� Aplicam-se todos os institutos do homicídio culposo, inclusive os
que se referem às causas de aumento de pena e também às
regras referentes ao perdão judicial (§§ 7.º e 8.º do artigo 129 do
Código Penal).
� No Código de Trânsito Brasileiro (artigo 303) a lesão corporal
culposa, com o agente na direção de veículo automotor, recebe
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culposa, com o agente na direção de veículo automotor, recebe
pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
suspensão da habilitação.
� A composição quanto aos danos civis extingue a
punibilidade, tanto da lesão culposa do Código Penal quanto do
Código de Trânsito Brasileiro.Na lesão culposa, não há figura
autônoma decorrente da gravidade da lesão cujo grau (leve,
grave ou gravíssimo) é irrelevante para caracterizar lesão
corporal culposa, afetando apenas a tipificação da pena em
concreto.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Pena: detenção de 3 meses a 3 (três) anos.
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
CAROLINA DEFILIPPI
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência.
MÓDULO C MÓDULO C --
CRIMES CONTRA A HONRACRIMES CONTRA A HONRA
CAROLINA DEFILIPPI
CALÚNIA, DIFAMAÇÃO
E INJÚRIAHONRA OBJETIVA E 
HONRA SUBJETIVA
� Honra objetiva é o conceito que o indivíduo tem no
meio social em que vive, evidenciando o juízo que os
demais fazem de seus atributos. É a reputação da
pessoa.
CAROLINA DEFILIPPI
pessoa.
� Honra subjetiva é a auto-estima que a pessoa tem, o
juízo que faz de si mesma em razão de seus atributos.
CALÚNIA
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato
definido como crime:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
� Objetividade jurídica: a tutela da honra objetiva da pessoa.
CAROLINA DEFILIPPI
� Objetividade jurídica: a tutela da honra objetiva da pessoa.
� Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
� Sujeito passivo: tem de ser a pessoa natural, incluindo os 
desonrados e os inimputáveis.
� Conduta: vem expressa pelo verbo imputar, que significa 
atribuir, propalar, divulgar.
CALÚNIA
� Fato definido como crime: a imputação deve referir-se a
fato definido como crime, o que exclui, desde logo, as
contravenções penais. O fato definido como crime há de ser
certo e determinado, concreto, específico, e não meras
alusões a tipos penais sem maiores detalhes.
� Imputação falsa: a imputação deve ser lançada falsamente
pelo sujeito ativo, pois se o fato imputado for verdadeiro
CAROLINA DEFILIPPI
pelo sujeito ativo, pois se o fato imputado for verdadeiro
inexiste calúnia.
�Vítima pessoa jurídica: Como há a responsabilização penal
da pessoa jurídica, instituída pela Lei n. 9.605 (Lei dos
Crimes Ambientais), há então, apenas nesse caso, ser ela
sujeito passivo do crime de calúnia.
�Calúnia reflexa: ocorre quando a falsa imputação de fato
definido como crime a determinada vítima, atinge outra
pessoa por via reflexa. Ex.: “juiz corrupto”
CALÚNIA
� Elemento subjetivo: é o dolo.
� Elemento subjetivo específico: requer, além do dolo, para sua
configuração, também, o animus diffamandi vel injuriandi, que pode
ser definido como a vontade séria e inequívoca de caluniar a vítima.
�“Não há crime de calúnia quando o sujeito pratica o fato
com ânimo diverso, como ocorre nas hipóteses de animus
narrandi, criticandi, defendendi, retorquendi, corrigendi e
CAROLINA DEFILIPPI
narrandi, criticandi, defendendi, retorquendi, corrigendi e
jocandi” (STJ, RJSTJ, 34/237).
� Consumação: ocorre quando a falsa imputação de fato
definido como crime chega ao conhecimento de terceira
pessoa.
� Tentativa: é admissível desde que a calúnia não seja
verbal.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga.
� Divulgação ou propalação: o dispositivo determina a
aplicação da mesma pena do caput a quem, sabendo
falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
� Calúnia contra os mortos: muito embora o morto não
CAROLINA DEFILIPPI
� Calúnia contra os mortos: muito embora o morto não
possa ser sujeito passivo de crimes, o § 2º do art. 138
pune, também, a calúnia contra os mortos. Nesse caso,
evidentemente, os sujeitos passivos serão os familiares
do morto, titulares da honra objetiva atingida pelo sujeito
ativo.
PROVA DA VERDADE
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I — se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II — se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
nº I do art. 141;
III — se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
foi absolvido por sentença irrecorrível.
CAROLINA DEFILIPPI
foi absolvido por sentença irrecorrível.
���� Exceção da verdade: Significa que o sujeito ativo pode
provar que a imputação que fez ao sujeito passivo é
verdadeira, tornando atípica a conduta.
���� Limites da exceção da verdade: a prova da verdade,
entretanto, encontra limites nos incisos I, II e III do § 3º,
hipóteses em que não poderá ser alegada pelo agente, que
responderá criminalmente pela calúnia.
DIFAMAÇÃO
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à
sua reputação:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa.
• Objetividade jurídica: é a tutela da honra objetiva da
CAROLINA DEFILIPPI
• Objetividade jurídica: é a tutela da honra objetiva da
pessoa.
• Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa, incluindo os
inimputáveis e as pessoas jurídicas.
���� Difamação contra os mortos: a lei não admite.
���� Vítima pessoa jurídica: a doutrina e a jurisprudência têm
admitido serem as pessoas jurídicas detentoras de honra
objetiva, de reputação.
DIFAMAÇÃO
• Conduta: vem expressa pelo verbo imputar, que
significa atribuir, propalar, divulgar.
���� Fato ofensivo à reputação: a imputação deve referir-
se a fato ofensivo à reputação da vítima, a fato
desonroso, que não crime, também concreto e
específico.
CAROLINA DEFILIPPI
específico.
�Fato verídico ou inverídico: o fato ofensivo pode ser
verídico ou inverídico, já que a lei não exige que a
imputação seja falsa, como ocorre na calúnia.
• Elemento subjetivo: é o dolo.
– Elemento subjetivo específico: requer, para sua configuração, 
além do dolo, também o animus diffamandi vel injuriandi, que 
pode ser definido como a vontade séria e inequívoca de difamar a 
vítima.
DIFAMAÇÃO
� Consumação: ocorre quando a imputação de fato ofensivo
à reputação da vítima chega ao conhecimento de terceira
pessoa.
� Tentativa: é admissível desde que a difamação não seja
verbal.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se
CAROLINA DEFILIPPI
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.
���� Exceção da verdade: a regra geral é a de que a
difamação não permita a exceção da verdade.
���� Ofendido funcionário público: a prova da veracidade do
fato ofensivo pode ser feita, excepcionalmente, quando o
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício de suas funções.
INJÚRIA
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou
o decoro:
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
• Objetividade jurídica: a tutela da honra subjetiva da
pessoa, sua auto-estima e o sentimento que tem de seus
próprios atributos.
CAROLINA DEFILIPPI
próprios atributos.
• Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa natural, com
exceção, em regra, dos inimputáveis que não têm
consciência da dignidade ou decoro. Neste último caso,
deve ser considerado o grau de entendimento da vítima.
���� Injúria contra os mortos: a lei não admite.
���� Vítima pessoa jurídica: por não possuir honra subjetiva,
a pessoa jurídica também não pode ser vítima de injúria.
INJÚRIA
� Conduta: vem expressa pelo verbo ofender, que significa
ferir, atacar. A ofensa pode ser perpetrada por qualquer
meio.
����Honra-dignidade: é a honra subjetiva relativa aos atributos
morais da pessoa.
�Honra-decoro: é a honra subjetiva relativa aos atributos
físicos, sociais e intelectuais da pessoa.
� Qualidade negativa: a injúria caracteriza-se pela atribuição
CAROLINA DEFILIPPI
� Qualidade negativa: a injúria caracteriza-se pela atribuição
de uma qualidade negativa ao sujeito passivo, capaz de
ofender-lhe a honra-dignidade ou a honra-decoro.
���� Injúria imediata: quando o próprio agente profere a 
ofensa.
� Injúria mediata: quando o agente se utiliza de outros meios 
ou formas de execução para ofender. 
� Injúria direta: quando se refere à própria vítima.
�Injúria reflexa: quando, ao ofender a vítima, atinge também 
a honra de outra pessoa
INJÚRIA
� Elemento subjetivo: é o dolo.
� Elemento subjetivo específico: requer, para sua
configuração, além do dolo, também o animus
diffamandi vel injuriandi, que pode ser definido como a
vontade séria e inequívoca de injuriar a vítima.� Consumação: ocorre quando o sujeito passivo
CAROLINA DEFILIPPI
� Consumação: ocorre quando o sujeito passivo
toma conhecimento da ofensa.
� Tentativa: é admissível desde que a injúria não
seja oral.
� Exceção da verdade: não se admite exceção da
verdade no crime de injúria.
PERDÃO JUDICIAL
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I — quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria;
II — no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
� Provocação do ofendido: nessa hipótese, o sujeito
passivo provoca o sujeito ativo até que este, fora de seu
CAROLINA DEFILIPPI
� Provocação do ofendido: nessa hipótese, o sujeito
passivo provoca o sujeito ativo até que este, fora de seu
natural equilíbrio, o injuria, ofendendo-lhe a honra
subjetiva.
� Retorsão imediata: nessa hipótese, a retorsão (revide à
injúria que lhe foi lançada) deve ser imediata, ou seja,
sem intervalo de tempo, estando as partes presentes,
frente a frente. A rigor, não se trata de causa dejustificação, não se exigindo, portanto, a
proporcionalidade entre as ofensas.
INJÚRIA REAL
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
considerem aviltantes:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa, além da pena correspondente à violência.
• Injúria real: é a que consiste na utilização, pelo sujeito ativo,
CAROLINA DEFILIPPI
• Injúria real: é a que consiste na utilização, pelo sujeito ativo,
não de palavras, mas de violência ou vias de fato para a
prática da ofensa.
� Violência ou vias de fato aviltantes: a violência ou as vias
de fato, por sua natureza ou pelo meio empregado, devem
ser consideradas aviltantes (humilhantes, desprezíveis).
� Lesões corporais: consistindo a injúria real em violência,
caso haja lesões corporais, haverá concurso material entre o
crime de injúria e o crime de lesão corporal.
INJÚRIA POR PRECONCEITO
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
• Injúria por preconceito: também chamada de injúria racial,
consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor,
CAROLINA DEFILIPPI
consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra
subjetiva (auto-estima) da vítima.
• Injúria por preconceito e racismo: A injúria é a ofensa
consistente em xingar a vítima, ressaltando-lhe a cor ou a
raça, não pode ser considerado crime de racismo previsto
pela Lei n. 7.716, pois não implicam atos de segregação,
mas sim injúria por preconceito, também chamada de injúria
racial, onde se ofende a dignidade ou o decoro da vítima.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:
I — contra o Presidente da República, ou contra chefe
de governo estrangeiro;
II — contra funcionário público, em razão de suas
funções;
CAROLINA DEFILIPPI
funções;
III — na presença de várias pessoas, ou por meio que
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
injúria;
IV — contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro.
EXCLUSÃO DO CRIME
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
I — a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
pela parte ou por seu procurador;
II — a opinião desfavorável da crítica literária, artística
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
CAROLINA DEFILIPPI
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
injuriar ou difamar;
III — o conceito desfavorável emitido por funcionário
público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício.
IMUNIDADE JUDICIÁRIA
I — a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador;
� Imunidade judiciária: a imunidade judiciária abrange a ofensa
irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador. Essa ofensa há de ser nos estritos limites da lide,
prevalecendo apenas entre as partes e seus procuradores,
excluindo-se o juiz e todos os demais que possam intervir na
relação processual, tais como os serventuários da Justiça, os
peritos ou assistentes técnicos e as testemunhas.
CAROLINA DEFILIPPI
peritos ou assistentes técnicos e as testemunhas.
� Imunidade profissional do advogado: com relação ao
advogado, deve ser mencionado que, não obstante o teor do
art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94 — Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil — conferindo-lhe irrestrita imunidade
profissional, têm o Supremo Tribunal Federal e o Superior
Tribunal de Justiça entendido que o disposto no art. 133 da
Constituição Federal deve harmonizar-se com a regra do art.
142, I, do Código Penal.
OPINIÃO DESFAVORÁVEL
II — a opinião desfavorável da crítica literária,
artística ou científica, salvo quando inequívoca a
intenção de injuriar ou difamar;
� Opinião desfavorável: a segunda causa de exclusão
dos crimes de difamação e injúria refere-se à opinião
CAROLINA DEFILIPPI
dos crimes de difamação e injúria refere-se à opinião
desfavorável da crítica literária, artística ou científica,
salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou
difamar.
CONCEITO DESFAVORÁVEL
III — o conceito desfavorável emitido por funcionário
público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício.
� Conceito desfavorável: por fim, não há crime de
difamação e injúria no conceito desfavorável emitido por
funcionário público em apreciação ou informação que
preste no cumprimento do dever do ofício. A hipótese é
CAROLINA DEFILIPPI
preste no cumprimento do dever do ofício. A hipótese é
de estrito cumprimento do dever legal.
Parágrafo único. Nos casos dos n°s I e III, responde
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
publicidade.
RETRATAÇÃO
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.
� Retratação: o ofensor que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
A injúria não admite retratação, pois se trata de ofensa à
honra subjetiva (auto-estima).
� Causa de extinção de punibilidade: a retratação é causa de
CAROLINA DEFILIPPI
� Causa de extinção de punibilidade: a retratação é causa de
extinção da punibilidade prevista no art. 107, VI, do Código
Penal.
� Retratação antes da sentença: a retratação deve ocorrer
antes da sentença, entendida esta como a de primeiro grau,
não se exigindo o trânsito em julgado.
� Aceitação do ofendido: constitui a retratação ato unilateral,
que prescinde de aceitação do ofendido.
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
responde pela ofensa.
� Pedido de explicações: tem lugar antes do oferecimento
CAROLINA DEFILIPPI
� Pedido de explicações: tem lugar antes do oferecimento
da queixa, visando a esclarecer a efetiva existência do
animus diffamandi vel injuriandi do agente. Assim, se, de
referência, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação
ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações
em juízo. Se o ofensor se recusa a dá-las ou, a critério do
juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
AÇÃO PENAL
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se
procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafoúnico. Procede-se mediante requisição do
Ministro da Justiça, no caso do n. I do art. 141, e mediante
representação do ofendido, no caso do n. II do mesmo
CAROLINA DEFILIPPI
representação do ofendido, no caso do n. II do mesmo
artigo.
� Ação penal: a regra, nos crimes contra a honra, é a ação
penal privada, já que o art. 145 do Código Penal diz que
somente se procede mediante queixa.
�Exceções: há, entretanto, três exceções a essa regra:
EXCEÇÃO AÇÃO PENAL
� Lesão corporal grave ou gravíssima: se da violência
empregada na injúria real resultar lesão corporal de natureza
leve, a ação penal será pública condicionada a representação
do ofendido. Se resultar lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a ação penal será pública incondicionada.
Crime contra a honra do Presidente da República ou chefe
CAROLINA DEFILIPPI
� Crime contra a honra do Presidente da República ou chefe
de governo estrangeiro: nesse caso, a ação penal é pública
condicionada a requisição do Ministro da Justiça.
� Crimes contra a honra de funcionário público em razão de
suas funções: nesse caso, a ação penal é pública
condicionada a representação do ofendido.
CRIMES CONTRA OCRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIOPATRIMÔNIO
MÓDULO D MÓDULO D --
CAROLINA DEFILIPPI
PATRIMÔNIOPATRIMÔNIO
FURTO SIMPLES
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Objetividade jurídica: é a tutela do direito ao patrimônio,
protegendo diretamente a posse e indiretamente a
propriedade.
CAROLINA DEFILIPPI
propriedade.
• Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa natural.
• Sujeito passivo: pode ser tanto o possuidor quanto o
proprietário, sejam pessoas naturais ou jurídicas.
• Conduta: vem expressa pelo verbo subtrair, que significa
assenhorear-se da coisa retirando-a de quem a possua.
• Objeto material: é a coisa móvel, cuja perfeita definição
deve ser buscada no direito civil.
• Coisa alheia: deve pertencer a alguém que não o sujeito
ativo.
FURTO SIMPLES
� Elemento subjetivo: é o dolo (não basta o animus rem
sibi habendi, sendo necessário o animus domini ou
animus furandi).
� Consumação: ocorre com a retirada da coisa da esfera
de vigilância da vítima, não se exigindo, contudo, que a
posse do sujeito ativo seja definitiva ou prolongada.
“Para que o furto seja tido como consumado, não é
CAROLINA DEFILIPPI
“Para que o furto seja tido como consumado, não é
preciso posse definitiva ou prolongada da ‘res’ subtraída,
bastando, pois, mero estado tranqüilo, ainda que
transitório, de detenção da coisa. Assim, quem, exaurindo
o ato delituoso, vem a ser preso em decorrência de
buscas promovidas para a sua localização, tendo ainda
consigo o produto do crime, responde por crime
consumado e não apenas tentado” (TJSC, RT, 517/379).
� Tentativa: admite-se.
RES NULLIUS
� Res nullius: não se configura o crime de furto no
assenhoreamento de coisas que nunca pertenceram
a ninguém (res nullius). Exs.: peixes do mar, conchas
de praia, aves silvestres etc.
CAROLINA DEFILIPPI
� “Se a coisa subtraída deve ser de propriedade de
alguém, segue-se que não podem ser objeto material
do furto a res nullius, a res derelicta e a res
communes omnium” (TACrim, RT, 529/341).
RES DERELICTAE
� Res derelictae: não se configura o crime de furto no
assenhorea-mento de coisas abandonadas (res
derelictae), nos termos do Código Civil. Exs.: objetos
colocados no lixo, móveis jogados na rua ou em terrenos
baldios etc.
CAROLINA DEFILIPPI
� “Para efeitos penais, constitui res derelicta o objeto
abandonado pelo dono ou por ele expressamente
afirmado sem valor, ainda que possa ser valioso para
terceiros e ainda que deixado, por comodidade, no
próprio imóvel. A subtração de tais objetos não configura
o crime de furto, ainda que moralmente condenável a
subtração” (TACrim, JTACrim, 82/253).
RES DEPERDITA
� Res deperdita: o apossamento de coisa perdida (res
deperdita) configura o crime de apropriação indébita
(art. 169, II, do CP).
� Art. 169, II:
“quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
CAROLINA DEFILIPPI
“quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.”
FURTO DE USO
� Furto de uso: não tipificou o legislador o chamado furto
de uso, que ocorre quando o agente se apossa
temporária e indevidamente de coisa alheia, sem a
intenção de fazê-la sua. A jurisprudência se divide em
relação à admissibilidade do furto de uso, havendo
julgados que condicionam sua ocorrência à devolução da
coisa no mesmo local de onde foi retirada e nas mesmas
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coisa no mesmo local de onde foi retirada e nas mesmas
condições em que foi subtraída, sendo curto o tempo de
uso.
� “O furto de uso exige para sua caracterização que a ‘res
furtiva’ seja devolvida ao mesmo local de onde foi
retirada, que as condições da ‘res’ sejam as mesmas na
subtração e na devolução e que o tempo de uso seja
curto” (TACrim, RJD, 21/170).
FURTO NOTURNO
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno.
� Furto noturno: a causa de aumento de pena prevista
neste dispositivo justifica-se porque o repouso a que
se entregam as pessoas durante a noite, aliado à
falta de luz natural, favorece a ação do agente pela
suspensão da vigilância patrimonial normal, tornando
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suspensão da vigilância patrimonial normal, tornando
mais difícil a proteção efetiva dos bens.
� Critério psicossociológico: não há critério fixo para
a perfeita caracterização do furto noturno, uma vez
que cada caso concreto deverá ser analisado, já que
o Código adotou um critério psicossociológico,
variável, que deve obedecer aos costumes locais
relativos ao horário em que a população se recolhe.
FURTO NOTURNO E 
QUALIFICADO
� Furto noturno e qualificado: resta saber se a causa
de aumento do furto noturno poderia ser aplicada ao
furto qualificado. Parcela maior da doutrina e
jurisprudência tem-se posicionado pela negativa,
entendendo que a causa especial de majoração do
furto noturno seria aplicável apenas ao furto simples,
uma vez que o furto qualificado, pelas suas próprias
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uma vez que o furto qualificado, pelas suas próprias
características, já tem a punibilidade potencializada
pelo dano produzido.
“O acréscimo da pena em razão do chamado furto
noturno é incompatível com a figura do furto
qualificado, tanto que o legislador tratou tal majorante
antes das circunstâncias qualificadoras” (TACrim,
RJD, 16/66).
FURTO PRIVILEGIADO
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
a pena de multa.
• Furto privilegiado: é aquele em que o sujeito ativo é primário e
de pequeno valor a coisa furtada.
CAROLINA DEFILIPPI
– Primariedade do agente: a primariedade do agente deve ser
averiguada nos termos do art. 63 do Código Penal (vide
comentários).
– Pequeno valor da coisa subtraída: deve dar-se pela consideração
de vários fatores, dentre eles o efetivo prejuízo sofrido pela vítima, a
avaliação da coisa e o salário mínimo vigente à época do furto.
• Faculdade do juiz: ocorrendo o privilégio, o juiz poderá
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA
� Princípio da insignificância: em situações excepcionais, pode
ser admitido. Esse princípio deita suas raízes no Direito
Romano, onde se aplicava a máxima civilista de minimis non
curat praetor, sustentando a desnecessidade de se tutelar bens
jurídicos insignificantes.Assim, restaria ao Direito Penal a
tutela de bens jurídicos de maior monta, deixando ao desabrigo
os titulares de bens jurídicos alvo de lesões consideradas
insignificantes. Esse princípio é bastante debatido na
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insignificantes. Esse princípio é bastante debatido na
atualidade, principalmente ante à ausência de definição do que
seria irrelevante penalmente (bagatela), ficando essa
valoração, muitas vezes, ao puro arbítrio do julgador.
“É aplicável ao caso o princípio da insignificância, visto que o
valor furtado (R$ 13,00) é ínfimo, justificando o trancamento da
ação penal intentada. Precedente citado: HC 11.542-DF, j.
10.04.2000” (STJ, HC 27.218-MA, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 10-
6-2003).
FURTO DE ENERGIA
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico.
� Furto de energia: a lei equiparou, para efeito de
subtração criminosa, à coisa móvel, qualquer energia
que tenha valor econômico (eletricidade, energia
mecânica, energia térmica etc.).
CAROLINA DEFILIPPI
“Comete o delito de furto de energia, o agente que,
mediante ligação direta de luz na rede elétrica da rua,
sem medição de consumo, subtrai eletricidade, sendo
irrelevante que a mesma tenha sido feita por preposto ou
por pessoa especialmente contratada para isso, pois o
crime não está na ligação clandestina, mas na subtração
de energia que essa propicia” (TACrim, RJD, 26/115).
FURTO QUALIFICADO
§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
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destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Furto qualificado: esse parágrafo apresenta algumas formas de
furto qualificado, circunstâncias que revelam maior periculosidade
do agente, justificando reprimenda mais severa.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração
for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior
DESTRUIÇÃO/ROMPIMENTO
I — com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa;
� Destruição ou rompimento de obstáculo: significa
o afastamento, pelo agente, de maneira violenta
(abertura forçada), das barreiras que o impedem de
ter livre acesso à res furtiva.
CAROLINA DEFILIPPI
“Verifica-se a qualificadora do n. I do § 4º do art. 155
do CP quando na ocasião do furto ocorre o
arrombamento, a ruptura, a demolição, a destruição
(total ou parcial) de qualquer elemento que vise
impedir a ação do ladrão (cadeados, fechaduras,
cofres, muros, portões, janelas, telhados, tetos etc.),
sejam quais forem os expedientes empregados”
(TACrim, RT, 535/323).
ABUSO DE CONFIANÇA
II — com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
� Abuso de confiança: é a relação de lealdade, de
intimidade, entre os sujeitos ativo e passivo.
� Abuso de confiança e relação empregatícia: a mera
relação empregatícia entre agente e vítima não caracteriza
o abuso de confiança, conforme vem pautando remansosa
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o abuso de confiança, conforme vem pautando remansosa
jurisprudência:
Não há que se falar que a ofendida tinha confiança na ré,
se esta praticou o furto no segundo dia de trabalho na
residência daquela. Mal se conheciam e o descuido da
vítima é que propiciou a prática do crime” (TACrim, RJD,
24/237).
FRAUDE
� Mediante fraude: o emprego de fraude, no furto
qualificado, caracteriza-se pelo artifício ou ardil utilizado
para a subtração da coisa.
“A fraude no furto consiste no enliço, no ardil para distrair
a atenção da vítima, que sequer percebe estar sendo
furtada. Não sendo o agente surpreendido apenas no
momento em que passava pelo caixa, circunstância em
CAROLINA DEFILIPPI
momento em que passava pelo caixa, circunstância em
que o ‘iter criminis’ teria sido interrompido na terça parte
final, nem no ato de esconder os litros de uísque na
caixa de água mineral, ocasião em que iniciou a
subtração e o preparo do meio fraudulento, mas quando
já subtraíra as garrafas de água por uísque, escondidas
as ‘res furtiva’, prontas para serem furtadas, em
condições de ser desde logo interrompido o delito, o
reduto pela tentativa deve corresponder a metade da
pena” (TACrim, RJD, 11/98).
FRAUDE E ESTELIONATO
� Diferença entre furto mediante fraude e estelionato:
não se confunde o furto mediante fraude com o
estelionato. No furto mediante fraude ocorre a subtração
da coisa, servindo a fraude como meio de iludir a
vigilância ou a atenção da vítima. No estelionato, ocorre
a entrega voluntária da coisa pela vítima, em
decorrência da fraude empregada pelo agente.
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a entrega voluntária da coisa pela vítima, em
decorrência da fraude empregada pelo agente.
“Difere o furto mediante fraude do estelionato porque
neste não há subtração: o lesado entrega livremente a
coisa ao estelionatário, iludido pela fraude. No furto a
fraude é apenas meio para tirar a coisa” (TACrim, RT,
552/355).
ESCALADA
� Escalada: é o acesso ao local por meio anormal, não
implicando necessariamente subir ou galgar algum
obstáculo.
“A qualificadora da escalada supõe o ingresso no
local do furto por via anormal e com o emprego de
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local do furto por via anormal e com o emprego de
meios artificiais, particular agilidade, ou esforço
sensível, reveladores da obstinação em vencer as
cautelas postas para a defesa do patrimônio e da
maior capacidade do agente para delinqüir, a
reclamar resposta penal mais severa” (TACrim, RT,
600/361).
DESTREZA
� Destreza: caracteriza-se pela habilidade, pela
facilidade de movimentos do agente, que faz com que
a vítima não perceba a subtração.
“Caracteriza furto qualificado mediante destreza a
conduta do agente que subtrai a carteira da vítima
aproveitando-se da circunstância de estarem
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aproveitando-se da circunstância de estarem
abraçados” (TACrim, RJD, 23/241).
� Subtração percebida pela vítima: se a vítima
percebeu a subtração, impedindo a consumação do
furto, não há que se falar em destreza.
CHAVE FALSA
III — com emprego de chave falsa;
� Chave falsa: pode ser definida como todo instrumento
destinado a fazer funcionar o mecanismo de uma fechadura,
tenha ou não a forma de chave.
���� Chave verdadeira: a jurisprudência diverge acerca da
configuração dessa qualificadora quando o agente utiliza a
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configuração dessa qualificadora quando o agente utiliza a
chave verdadeira, obtida por meios fortuitos ou criminosos.
� “Responde por furto qualificado pelo emprego de chave falsa o 
agente que se utiliza da chave verdadeira, porém subtraída 
previamente ao dominus” (TACrim, JTACrim, 50/45).
� “O uso da chave autêntica, obtida fraudulentamente, qualifica o 
furto pelo emprego da fraude, não se equiparando ao emprego 
da chave falsa” (TACrim, JTACrim, 87/376).
CONCURSO DE PESSOAS
IV — mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas.
� Mediante concurso de duas ou mais pessoas: não se
exige a presença física no local do furto de todas as
pessoas que dele participam. Não há necessidade de que
todos sejam imputáveis. Em tema de concurso de
agentes, é conveniente ressaltar, todos os concorrentes
(co-autores ou partícipes) incidem nas mesmas penas, na
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(co-autores ou partícipes) incidem nas mesmas penas, na
medida de sua culpabilidade (art. 29 do CP).
“O fundamento da qualificadora do § 4º, IV, do art. 155 do
CP reside na diminuição da possibilidade de defesa do
bem quando o mesmo é atacado por mais de uma
pessoa. Em conseqüência, para o seu reconhecimento
não há a necessidade de qualquer indagação quanto ao
elemento subjetivo,isto é, se houve ou não um acordo de
vontades, bastando a verificação quanto ao número de
atacantes” (TACrim, JTACrim, 50/389).
VEÍCULO AUTOMOTOR
§ 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se
a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
� Furto de veículo automotor: essa qualificadora foi
acrescentada pela Lei n. 9.426, de 24 de dezembro de
1996. Visa justamente ao agravamento da pena do furto
de veículo automotor que se destine a outro Estado ou ao
exterior, buscando combate aos grupos organizados de
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de veículo automotor que se destine a outro Estado ou ao
exterior, buscando combate aos grupos organizados de
furtadores e receptadores de carros, motos, caminhões
etc. Requer, para sua configuração, a destinação
específica da coisa furtada.
���� Consumação: ocorre com o resultado naturalístico
(crime material), devendo o veículo automotor
efetivamente ser levado para outro Estado ou para o
exterior. Assim, a consumação ocorre com a
ultrapassagem da fronteira estadual ou nacional.
ROUBO
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e
multa.
CAROLINA DEFILIPPI
multa.
• Objetividade jurídica: O roubo é um crime complexo
previsto no art. 157 do Código Penal, cuja objetividade
jurídica é a tutela do direito ao patrimônio (posse e
propriedade), assim como da integridade física, da saúde
e da liberdade individual do cidadão.
ROUBO
� Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
� Sujeito passivo: pode ser tanto o possuidor quanto o
proprietário da coisa, seja pessoa natural, seja pessoa jurídica.
Será sujeito passivo do delito também a pessoa atingida pela
violência ou grave ameaça, mesmo que não seja titular do direito
patrimonial protegido.
� Conduta: vem representada pelo verbo subtrair, que significa
CAROLINA DEFILIPPI
� Conduta: vem representada pelo verbo subtrair, que significa
assenhorear-se da coisa retirando-a de quem a possua.
� Meio de execução: a subtração deve dar-se mediante violência,
grave ameaça ou qualquer outro meio capaz de reduzir a vítima à
impossibilidade de resistência.
� Violência: é o emprego de força física — lesão corporal ou vias de
fato.
� Grave ameaça: é a intimidação, prenúncio de um mal, o qual deve ser
injusto e grave.
� Qualquer outro meio: tem de ser capaz de reduzir a vítima à
impossibilidade de resistência (embriaguez, intoxicação por drogas
etc.).
� Violência imprópria: é o emprego de qualquer outro meio capaz de
reduzir a vítima à impossibilidade de resistência.
ROUBO
� Objeto material: é a coisa móvel, cuja perfeita definição deve
ser buscada no direito civil.
� Coisa alheia: a coisa deve ser alheia, ou seja, deve pertencer
a alguém que não o sujeito ativo.
� Pessoa humana como objeto material: é também objeto
material do roubo a pessoa humana contra a qual se emprega
violência ou grave ameaça.
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violência ou grave ameaça.
� Roubo de uso: não se admite.
“É inadmissível o reconhecimento do "roubo de uso", pois tal
figura inexiste no sistema jurídico pátrio. Isto porque o dolo do
agente, ao subtrair a coisa mediante violência ou grave
ameaça e com ânimo de assenhoreamento, é incompatível
com a figura do "uso", que pressupõe a intenção de
restituição da res ao proprietário. (TACRIM-SP. Apelação nº
1.384.513/5 – Taubaté – 7ª Câmara – Relator: Linneu de
Carvalho – 9.10.2003 – V.U.)
ROUBO
� Elemento subjetivo: é o dolo (não basta o animus rem sibi
habendi, sendo necessário o animus domini ou animus furandi).
� Consumação: ocorre com a retirada da coisa da esfera de
vigilância da vítima, mediante violência, grave ameaça ou
qualquer outro meio capaz de reduzi-la à impossibilidade de
resistência, não se exigindo, contudo, que a posse do sujeito
ativo seja definitiva ou prolongada.
Tentativa: admite-se.
CAROLINA DEFILIPPI
� Tentativa: admite-se.
“O roubo se considera iniciado quando o agente pratica
qualquer uma de suas circunstâncias elementares, pouco
importando que constitua o ‘delito-fim’ ou o ‘delito-meio’”
(TACrim, JTACrim, 91/413).
� Ação penal: é pública incondicionada.
ROUBO IMPRÓPRIO
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça,
a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.
� Roubo impróprio: é aquele no qual o agente emprega a
violência ou grave ameaça à pessoa logo depois de subtraída a
coisa, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para outrem. Aplicam-se ao roubo impróprio
CAROLINA DEFILIPPI
da coisa para si ou para outrem. Aplicam-se ao roubo impróprio
os comentários já tecidos ao caput do artigo, com a ressalva de
que a jurisprudência, majoritariamente, entende que a
consumação se dá com emprego da violência ou grave ameaça,
sendo inadmissível a tentativa.
“Tipifica o roubo impróprio o fato de o meliante, imediatamente
após a subtração e para assegurar a posse das coisas, ameaçar
a vítima com uma espingarda, chegando, inclusive, a dispará-la
contra a mesma” (TJSC, RT, 606/371).
� Consumação: ocorre com o emprego da violência ou grave
ameaça.
TENTATIVA
� Tentativa de roubo impróprio: Com relação à tentativa de
roubo impróprio, alguns aspectos devem ser considerados:
a) se o agente ainda não consumou a subtração, sendo
surpreendido pela vítima ou por terceiros, empregando
violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa: roubo impróprio consumado;
b) se o agente já consumou a subtração (furto consumado),
sendo encontrado pela vítima ou por terceiros na posse
CAROLINA DEFILIPPI
b) se o agente já consumou a subtração (furto consumado),
sendo encontrado pela vítima ou por terceiros na posse
mansa e pacífica da coisa e empregando, então, violência ou
grave ameaça: furto consumado em concurso material com
outro crime contra a pessoa (lesão corporal, ameaça etc);
c) se o agente ainda não consumou a subtração, embora
estando na posse da coisa, sendo perseguido pela vítima ou
por terceiros, e buscando, então, empregar violência ou grave
ameaça para assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa, mas sendo impedido antes de conseguir fazê-lo:
roubo impróprio tentado.
AUMENTO DE PENA
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de
arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e
CAROLINA DEFILIPPI
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e
o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade.
EMPREGO DE ARMA
I — se a violência ou ameaça é exercida com
emprego de arma;
� Emprego de arma: arma deve ser entendida como
todo instrumento apto a atingir a integridade física de
alguém.
� Arma de fogo: a arma pode consistir em arma de
CAROLINA DEFILIPPI
� Arma de fogo: a arma pode consistir em arma de
fogo (Lei n. 10.826/2003), carregada ou
descarregada, ou na chamada arma branca (facas,
canivetes, estiletes), podendo ser ainda própria ou
imprópria, real ou simulada.
� Razão do aumento de pena: reside na maior
vulnerabilidade da vítima, que se vê intimidada com a
perspectiva da grave ameaça que lhe é endereçada.
ARMA DE BRINQUEDO
� Arma de brinquedo ou simulacro de arma: durante
muito tempo se entendeu que, mesmo no caso da
denominada “arma de brinquedo”, ou simulacrode arma,
ficava configurada causa de aumento, de evidente
caráter subjetivo, uma vez que sua razão não residia no
perigo efetivo representado para a vítima, mas na
utilidade que dela retirava o meliante, conseguindo com
CAROLINA DEFILIPPI
utilidade que dela retirava o meliante, conseguindo com
maior facilidade reduzi-la à incapacidade de resistência
(RJDTACrim, 14/157).
���� Súmula 174 do STJ: a esse respeito, editou o Superior
Tribunal de Justiça a Súmula 174, do seguinte teor: “No
crime de roubo, a intimidação feita com arma de
brinquedo autoriza o aumento da pena”.
ARMA DE BRINQUEDO
���� Cancelamento da Súmula 174 do STJ: essa súmula
foi cancelada recentemente, no julgamento do Recurso
Especial n. 213.054-SP, tendo como recorrente o
Ministério Público de São Paulo, por maioria de votos,
pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça:
�Conseqüência do cancelamento da Súmula 174 do
STJ: é certo que o cancelamento da Súmula 174 do STJ
CAROLINA DEFILIPPI
STJ: é certo que o cancelamento da Súmula 174 do STJ
apenas indica um posicionamento jurisprudencial, não
vinculando o julgador a adotá-lo como razão de decidir.
�Roubo simples: o uso de arma de brinquedo esgota
sua eficácia intimidativa na própria configuração típica
do crime de roubo, servindo apenas para ameaçar
gravemente a vítima, estando o agente incurso no art.
157, caput, do Código Penal.
CONCURSO DE PESSOAS
II — se há o concurso de duas ou mais pessoas;
� Concurso de duas ou mais pessoas: ao qualificar o crime
de roubo pelo concurso de duas ou mais pessoas, esse inciso
atribuiu especial gravidade ao delito em razão do maior poder
intimidativo empregado contra a vítima, aumentando a
possibilidade de êxito da empreitada criminosa.
� Inimputabilidade dos comparsas: é indiferente para o
CAROLINA DEFILIPPI
� Inimputabilidade dos comparsas: é indiferente para o
aumento da pena a circunstância de ser inimputável um dos
comparsas, ou ainda que não sejam todos perfeitamente
identificados.
“Para a configuração da qualificadora de concurso de
pessoas, o que se exige é a demonstração do envolvimento
de duas ou mais pessoas, sendo desnecessário sejam elas
identificadas. Demonstrada a presença de outros indivíduos
na prática delituosa, potencialmente perigosa para intimidar a
vítima, não há como se afastar referida qualificadora”
(TACrim, RT, 704/348).
TRANSPORTE DE VALORES
III — se a vítima está em serviço de transporte de
valores e o agente conhece tal circunstância;
� Transporte de valores: essa qualificadora empresta
maior proteção às vítimas que estejam em serviço de
transporte de valores.
� Serviço de transporte de valores: ressalte-se que a lei,
CAROLINA DEFILIPPI
� Serviço de transporte de valores: ressalte-se que a lei,
ao referir-se a serviço de transporte de valores, excluiu a
hipótese de pertencerem os valores à própria vítima,
oportunidade em que não incidirá o aumento de pena.
� Conhecimento do agente: deve, ainda, para a
configuração da qualificadora, ser do conhecimento do
agente que a vítima encontra-se a serviço de transporte
de valores.
VEÍCULO AUTOMOTOR
IV — se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior;
� Subtração de veículo automotor: essa qualificadora foi
acrescentada pela Lei n. 9.426, de 24 de dezembro de
1996, e visa justamente ao agravamento da pena do
CAROLINA DEFILIPPI
1996, e visa justamente ao agravamento da pena do
roubo de veículo automotor que se destine a outro
Estado ou ao exterior, buscando combate aos grupos
organizados de roubadores e receptadores de carros,
motos, caminhões etc.
� Destinação específica do bem: a majorante requer,
para sua configuração, a destinação específica da coisa
roubada.
RESTRIÇÃO DE LIBERDADE
V — se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade.
� Seqüestro: essa qualificadora também foi acrescentada pela
Lei n. 9.426, de 24 de dezembro de 1996. A intenção do
legislador foi a de trazer o seqüestro de curta duração, até então
autônomo, como qualificadora do roubo, atribuindo-lhe maior
gravidade. Nesse caso, durante a realização do roubo, o agente
mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
CAROLINA DEFILIPPI
mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
� Seqüestro-relâmpago: na hipótese do chamado seqüestro-
relâmpago, em que o agente priva a vítima de liberdade por
curto espaço de tempo, em regra constrangendo-a a sacar
dinheiro em bancos ou caixas eletrônicos, está configurado o
crime de extorsão (art. 158 do CP), que não prevê essa causa
de aumento mencionada. Nessa hipótese, então, tem-se
entendido que a privação de liberdade da vítima (art. 148 do CP)
configura crime-meio para a prática da extorsão (art. 158 do
CP), sendo por ela absorvida (princípio da consunção), não
havendo falar em concurso de crimes.
ROUBO QUALIFICADO
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos,
além da multa; se resulta morte, a reclusão é de
20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa.
CAROLINA DEFILIPPI
ROUBO E LESÃO GRAVE
� Roubo e lesão corporal grave: se da violência empregada
na subtração resulta lesão corporal grave, a pena é de
reclusão de sete a quinze anos, além de multa.
Essa regra aplica-se ao roubo próprio (caput) e ao roubo
impróprio (§ 1º).
���� Crime qualificado pelo resultado: a conduta antecedente
(roubo) é dolosa, e a conduta conseqüente (lesão corporal
CAROLINA DEFILIPPI
(roubo) é dolosa, e a conduta conseqüente (lesão corporal
grave) é punida indiferentemente a título de dolo ou culpa.
� Lesões graves decorrentes da grave ameaça: deve ser ressaltado
que se as lesões graves forem decorrentes da grave ameaça ou dos
meios empregados para reduzir a vítima à impossibilidade de
resistência, haverá concurso formal (art. 70 do CP) entre o crime de
roubo e o crime de lesões corporais.
� Lesões leves: são absorvidas pela violência necessária ao roubo.
LATROCÍNIO
� Latrocínio: ocorre quando, além da subtração, ocorre a
morte da vítima. É o roubo com resultado morte.
����Crime qualificado pelo resultado: trata-se de crime
qualificado pelo resultado, no qual a conduta antecedente
(roubo) é dolosa e a conduta conseqüente (morte) pode ser
dolosa ou culposa. Nos termos do estabelecido no dispositivo
legal, é indiferente que o resultado morte seja doloso ou
CAROLINA DEFILIPPI
dolosa ou culposa. Nos termos do estabelecido no dispositivo
legal, é indiferente que o resultado morte seja doloso ou
culposo, podendo ocorrer no roubo próprio (caput) ou no
roubo impróprio (§ 1º).
����Morte de pessoa diversa: parte da jurisprudência tem
entendido que o latrocínio ocorre ainda que a violência atinja
pessoa diversa daquela que sofre o desapossamento.
����Crime hediondo: o latrocínio é considerado crime hediondo,
de acordo com o disposto no art. 1º, II, da Lei n. 8.072, de 25
de julho de 1990.
LATROCÍNIO TENTADO
� Consumação: o latrocínio consuma-se com a
subtração e com a morte da vítima, pouco importando
a ordem dessas ações. É necessário, entretanto, que
a morte seja decorrente da violência empregada pelo
agente. Se a morte ocorrer em razão da grave
ameaça ou dos meios empregados para reduzir a
vítima à impossibilidade de resistência, haverá
CAROLINA DEFILIPPI
vítima à impossibilidade de resistência, haverá
concurso formal (art. 70 do CP) entre o crime de
roubo e o crime de homicídio.
� Tentativa de latrocínio: a tentativa de latrocínio é
muito controvertida na jurisprudência, surgindo várias
posições acerca de sua configuração.
LATROCÍNIO TENTADO
� Homicídio consumado e roubo tentado: consumado o
homicídio, mas não o roubo, que permaneceu na esfera da
tentativa, é de ser considerado consumado o latrocínio, uma
vez

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