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ANTROPOLOGIA FÍSICA ANTROPOLOGIA SOCIAL E ANTROPOLOGIA CULTURAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA GERAL E JURÍDICA
PROFESSORA: ANA CARLA COELHO BESSA
SEGUNDA NOTA DE AULA
ANTROPOLOGIA FÍSICA OU BIOLÓGICA
ANTROPOLOGIA SOCIAL
ANTROPOLOGIA CULTURAL
ANTROPOLOGIA FÍSICA OU BIOLÓGICA 
O início dessa disciplina ocorre por volta do século XIX quando começaram a aparecer pesquisas científicas a respeito da origem da espécie humana, que se uniram à variação física observada nos povos encontrados pelos descobridores, o que instigou os cientistas a descrever e buscar explicações sobre a diversidade biológica humana.
Johann Blumenbach, considerado o fundador da antropologia física, publicou, em 1925 a obra “Manual dos Elementos da História Natural”, no qual dividiu a espécie humana em cinco raças e explicou as diferenças raciais como consequência das influências ambientais sobre uma forma ancestral única.
Em 1959, grande repercussão no mundo científico teve a publicação do livro “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, no qual expõe sua teoría da seleção natural, que em sentido estrito significa que na luta pela sobrevivencia, permanece a espécie mais apta. 
A abordagem da evolução e diversidade biológica humana, mesmo a um nível introdutório, contribuiu para o surgimento do evolucionismo antropológico, desenvolvido pelos primeiros etnógrafos, que analisavam e interpretavam informações recebidas dos que viajavam até as terras descobertas, e tornou-se um passo para o surgimento das teorias racistas, as quais sustentam o seguinte: 
que existem raças;
que as raças são biológica e geneticamente diferentes;
que há raças atrasadas e adiantadas, inferiores e superiores;
que as raças atrasadas e inferiores não são capazes de desenvolvimento intelectual e estão naturalmente destinadas ao trabalho manual, pois sua razão é muito pequena e não conseguem compreender as idéias mais complexas e avançadas;
que as raças avançadas e superiores estão naturalmente destinadas a dominar o planeta e que, se isso for necessário para seu bem, têm o direito de exterminar as raças inferiores;
que, para o bem das raças inferiores e das superiores, deve haver segregação racial (separação dos locais de moradia, de trabalho, de educação, de lazer, etc.), pois a não segregação pode fazer as inferiores arrastarem as superiores para o seu baixo nível, assim como fazer as superiores tentarem inutilmente melhorar o nível das inferiores. �
“No âmbito do direito penal, César Lombroso elaborou uma doutrina, uma espécie de determinismo biológico, que seria capaz de revelar o criminoso nato. Para ele, determinados indivíduos possuiriam caracteres anatômicos do tipo delinquente. O criminoso típico seria portador de caracteres do homem primitivo (ou selvagem), obtidos por atavismo. O atavismo significa o reaparecimento no indivíduo de certos caracteres físicos e morais dos antepassados. Assim, o delinquente nato seria uma cópia do homem primitivo ou selvagem, que aparece, na sociedade civilizada, por intermédio do atavismo. A herança atávica, portanto, explicaria a causa dos delitos”.
A partir do século XX, Franz Boas, antropólogo americano, com base em suas pesquisas de campo entre indígenas, sustentou a tese de que é a cultura que molda os homens e não a biologia, contribuindo assim para a mudança do foco dos estudos antropológicos para a cultura peculiar a cada sociedade e para o processo de transmissão de elementos de uma cultura para outra (difusionismo). 
Atualmente, a antropologia física ainda existe, mas tem como objeto o homem como ser biológico, estudando principalmente sua origem, evolução, variações e constituição física. Com isto, procura desenvolver um conhecimento com ênfase nas características físico-biológicas das populações humanas, tanto antigas como modernas, levando em conta também a interação entre biologia e cultura, ou seja, o ser humano como um organismo biológico num contexto sociocultural. 
Em contraposição às teorias racistas, os geneticistas afirmam a impossibilidade de se estabelecer superioridade intelectual de um grupo étnico sobre outro e, hodiernamente, os antropólogos, entendem que a diversidade cultural entre os povos se deve a circunstâncias geográficas, históricas, políticas e sociológicas e não a aptidões distintas, ligadas a condições biológicas, mas ainda assim não existem culturas superiores nem inferiores umas às outras.
A antropologia física atual é composta de diversas subdisciplinas, como a Paleoantropologia (estudo dos hominídeos antigos, com base em seus fósseis e artefatos), Antropologia forense (a aplicação da antropologia biológica no âmbito legal), Osteologia (estudo dos ossos), Antropologia Nutricional (com base da nutrição humana), Primatologia (estudo dos primatas), Genética das populações humanas, Variação biológica humana, Paleopatologia (patologia dos antigos hominídeos), Bioarqueologia. Dependendo da subdisciplina, os estudos podem ser realizados em restos esqueletos humanos antigos, em povos viventes atuais, ou em ambos.
ANTROPOLOGIA SOCIAL
A Antropologia Social é o estudo das relações entre os sistemas sociais que são próprios das diversas sociedades humanas. Trata-se de uma investigação que se ocupa de comparar sistemas sociais no tempo e no espaço com a finalidade de verificar sua estrutura e os caracteres que distinguem cada forma de comportamento dos mesmos. 
“A antropologia social considera que todos os aspectos da vida social – jurídico, econômico, político, técnico, estético, religioso – constituem um conjunto significativo, e que é impossível compreender qualquer um desses aspectos sem recoloca-lo em conexão com os demais”.�
São perguntas próprias da antropologia social:
Qual a finalidade de tal instituição?
Para que serve tal costume?
A que classe social pertence aquele que tem tal discurso, e qual é o nível de integração dessa classe na sociedade global?
“Neste sentido, um dos fins principais da Antropologia Social é saber por que e como os homens se comportam de modo diferente segundo as sociedades em que vivem. Daí o interesse manifesto em conhecer as formas de comportamento, individuais e de grupo, que estão institucionalizadas ou que participam do consenso social, e as organizações dentro das quais costuma estar legitimado o comportamento social, como: a família, o parentesco, o matrimônio, as funções econômicas, políticas e jurídicas, assim como as de caráter religioso, e o conjunto de sistemas que fazem referência à moral, à ética e aos resultados que produzem as relações sociais”.�
De acordo com François Laplantine� a antropologia social é “um eixo de pesquisa que não se interessa diretamente pelas maneiras de pensar, conhecer, sentir, expressar-se em si”, mas pela organização interna dos grupos, a partir da qual podem ser estudados o pensamento, o conhecimento, a emoção, a linguagem.
O objeto da antropologia social é as relações sociais e a estrutura social. Ela apresenta o conjunto do grupo social como um sistema e concentra-se em suas crenças, em seus costumes e instituições, bem como no conjunto das formas de comunicação que fundamentam o grupo social. 
Relação da antropologia social com a sociologia
“Enquanto a antropologia, nos seus primeiros momentos (século XIX), interessava-se pelo estudo das populações mais arcaicas do mundo (sociedades simples), a sociologia sempre se interessou pelo estudo das populações contemporâneas (sociedades complexas)”. Acontece que nos últimos tempos a antropologia também tem se interessado pelo estudo dos grupos contemporâneos. Como a antropologia tende cada vez mais a se interessar por essas formas mais complexas, torna-se difícil perceber a verdadeira diferença entre antropologia e sociologia, visto que ambas parecem colocar-se diante da mesma tarefa, na medida em que se interessam pelo mesmo objeto.
Lévi-Strauss, antropólogo francês fundador da antropologia estruturalista, infere que a sociologia é estritamente solidária com o observador, namedida em que toma por objeto a sociedade dele ou uma sociedade do mesmo tipo. Vale dizer, o sociólogo explica a própria sociedade, portanto atua sempre do ponto de vista do observador. Já a antropologia tende a formular um sistema aceitável, tanto para o homem da sociedade simples como para o homem da sociedade complexa. Ou seja, o antropólogo visa atingir, em sua descrição de sociedades estranhas e longínquas, o ponto de vista do indivíduo que pertence a essas sociedades (o indígena, o aborígene). Em síntese, a antropologia distingue-se da sociologia na medida em que tende a ser uma ciência social do observado, ao passo que a sociologia tende a ser a ciência social do observador ” �.
ANTROPOLOGIA CULTURAL
“A passagem da antropologia social (particularmente desenvolvida na França e mais ainda na Inglaterra) para a antropologia cultural (especialmente americana) corresponde a uma mudança fundamental de perspectiva. De um lado, a antropologia se torna uma disciplina autônoma, totalmente independente da sociologia” �.
O termo cultura é dotado de ambiguidade, não havendo consenso entre os antropólogos acerca de seu significado: 
para os gregos e para os romanos o termo cultura significava, respectivamente, a formação do homem (paideia) ou a educação do homem (humanitas);
No século XVIII, com a filosofia iluminista, o termo cultura passa a significar o conjunto das obras humanas, ou seja, o “conjunto dos modos de vida criados, adquiridos e transmitidos de uma geração para a outra entre os membros de determinada comunidade ou sociedade” �.
Assis e Kumpel � relacionam seis conceitos de cultura formulados por antropólogos ao longo do tempo:
Edward Tylor – “é todo o conjunto de obras humanas, portanto, trata-se de um todo complexo que abrange conhecimento, crença, arte, princípios morais, leis, costume e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma comunidade ou sociedade”;
Ralph Linton – “a cultura de qualquer sociedade consiste na soma total de ideias, reações emocionais condicionadas a padrões de comportamento habitual que seus membros adquiriram por meio da instrução ou imitação”;
Franz Boas – “a totalidade das reações e atividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos indivíduos que compõem um grupo social”;
Bronislaw Malinowski – “é um composto integral de instituições parcialmente autônomas e coordenadas que, em seu conjunto, tende a satisfazer toda a amplitude de necessidades fundamentais, instrumentais e integrativas do grupo social”;
Talcott Parsons – “um discurso simbólico coletivo sobre conhecimentos, crenças e valores”;
Clifford Geertz – “é um sistema ordenado de significados e símbolos, em cujos termos os indivíduos definem seu mundo, revelam seus achados, fazem seus julgamentos, comunicam-se e exercem o controle do comportamento”.
Distinção entre antropologia social e antropologia cultural
François Laplantine � faz uma clara distinção entre essas duas abordagens antropológicas:
“O social é a totalidade das relações (relações de produção, de exploração, de dominação...) que os grupos mantém entre si dentro de um mesmo conjunto (etnia, região, nação...) e para com outros conjuntos, também hierarquizados”. A cultura por sua vez não é nada mais que o próprio social, mas considerado dessa vez sob o ângulo dos caracteres distintivos que apresentam os comportamentos individuais dos membros desse grupo, bem como suas produções originais (artesanais, artísticas, religiosas...).
A antropologia social e antropologia cultural têm, portanto um mesmo campo de investigação. Além disso, utilizam os mesmos métodos (etnográficos) de acesso a este objeto. Finalmente, são animadas por um mesmo objetivo e uma ambição idênticos: a análise comparativa. Mas, o que se compara no primeiro caso é o social enquanto sistema de relações sociais, sendo que, no segundo, trata-se do social tal como pode ser apreendido através dos comportamentos particulares de membros de um determinado grupo: nossas maneiras específicas, enquanto homens e mulheres de uma determinada cultura, de pensar, de encontrar, trabalhar, se distrair, reagir diante dos acontecimentos (por exemplo, o nascimento, a doença, a morte) “.
 
� CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. In ASSIS, Olney Queiroz; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2011, p.23.
� ASSIS, Olney Queiroz; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2011, p.21.
� � HYPERLINK "http://www.ageac.org/pt/" �http://www.ageac.org/pt/� Acesso em 16/04/2012.
� LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007, p.106.
� ASSIS, Olney Queiroz; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2011, p.22.
� LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007, p.119.
� ASSIS, Olney Queiroz; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2011, p.236.
� ASSIS, Olney Queiroz; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2011, pp. 236-237.
� LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007, pp. 119-120.

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