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CEDERJ - Pedagogia - Psicologia da Educação - Texto Aula 7

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70 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Aula 7: 
Aspectos biológicos, cognitivos e psicossociais da primeira infância, 
segunda infância, idade escolar e adolescência 
 
 
Referência Bibliográfica: BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos da Psicologia do 
Desenvolvimento. São Paulo: Editora Ática. Cap. 2; pp. 15-26. 
 
Capítulo 2 - ASPECTOS E FASES DO DESENVOLVIMENTO 
 Foram precisos séculos para que a humanidade chegasse à conclusão de que a criança é um ser 
em desenvolvimento e em muitos aspectos diferente do adulto. Essa descoberta revolucionou os 
métodos de pedagogia infantil. 
 
1. Conceito de educando (atual e antigo) 
À medida que a criança se desenvolve, modificam-se também seu organismo, suas 
proporções físicas, suas capacidades mentais, seus interesses, seu comportamento motor, 
emocional, social etc. Pais e professores de hoje concebem a criança assim, e procuram tratá-la de 
acordo com suas peculiaridades, respeitando a fase de desenvolvimento em que ela se encontra. A 
condição de ser humano diferente do adulto em muitos aspectos está sempre na mente dos que 
ensinam, na escola e no lar. 
Mas nem sempre se pensou assim. Até o século XVII, filósofos e educadores consideravam 
a criança um ser igual ao adulto, apenas menor que ele. A criança era tida como um adulto em 
miniatura, um homúnculo, de quem se esperavam comportamentos, interesses e capacidade 
semelhantes aos do adulto. 
Supunha-se haver identidade física e mental entre a criança e o adulto, o que repercutiu até 
nos costumes e na indumentária da época. Ainda no século XVIII, o vestuário infantil pouco ou 
nada diferia do traje do adulto, de modo que os meninos das classes sociais mais altas 
"freqüentavam a escola vestidos de casaca, calções curtos presos aos joelhos, tricórnio e espadim, e 
as meninas, imitando suas mães, usavam crinolina, corpete, cabeleira empoada e sapatos de saltos 
altos". (SANTOS, T. M. Noções de administração escolar. São Paulo, Nacional, 1954, p. 51.)
1
 
Ao observar pinturas antigas representando famílias, vemos as proporções entre as várias 
partes do corpo das crianças representadas do mesmo modo que nos adultos. A criança era 
considerada, também pelos pintores, como um adulto em miniatura. 
O sistema educacional antigo também refletia esse modo de considerar o educando. Os 
currículos das escolas, os programas das diferentes disciplinas, os horários das aulas, os métodos de 
ensino, as formas de avaliação da aprendizagem, os métodos de manter a disciplina, os livros usados 
em classe, a formação dos mestres, todos esses aspectos do sistema escolar resultavam do conceito 
do educando como sendo um adulto em miniatura. O sistema escolar tradicional não atendia às 
características da criança. Era organizado levando em conta apenas o adulto. 
Esse estado de coisas durou por muito tempo na educação. Mas, aos poucos, foram 
aparecendo pensadores alertando a humanidade para a verdadeira significação da infância em 
relação a idade adulta. 
Como vimos, um dos primeiros a reivindicar para a criança o direito de ser compreendida foi 
o filosofo francês Jean-Jacques Rousseau, que insistia na necessidade de estudar a criança antes de 
educá-la. Por isso, ele é reconhecido como um dos precursores da moderna concepção da infância, 
considerada como fase importante do desenvolvimento. 
"Os progressos da Biologia e da Psicologia experimentais trouxeram um fundamento 
 
1
 Na formatação original do texto, aqui é o fim da página 15. 
 71 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
cientifico à concepção atual da criança. A criança é considerada hoje, não como simples redução do 
adulto, mas como um ser que apresenta, em cada fase de sua evolução, caracteres próprios e reações 
específicas que lhe dão uma fisionomia psicológica particular." (SANTOS, T. M. Noções de 
administração escolar. São Paulo, Nacional, 1954, p. 51.) 
 
2. Períodos do desenvolvimento humano 
Os tratados tanto de Biologia como de Psicologia têm dividido a evolução do ser humano nas 
seguintes fases: 
• período pré-natal 
• período do recém-nascido 
• primeira infância 
• segunda infância 
• meninice 
• puberdade 
• adolescência 
• maturidade (vida adulta) 
• senilidade ou velhice2 
 
 
Durante sua vida, o ser humano passa por varias fases de desenvolvimento. 
 
Neste capítulo, vamos estudar resumidamente cada uma dessas fases (até a adolescência, pois 
são estas as fases que mais interessam à Psicologia do Desenvolvimento). Explicações mais 
detalhadas serão fornecidas em outros capítulos desta obra. 
 
Período pré-natal 
Este período se inicia no momento da concepção e termina com o nascimento. Tem a 
duração aproximada de 9 meses. O ser humano neste período tem sido estudado principalmente por 
médicos e fisiologistas. 
 
Período do recém-nascido 
Inicia-se no instante do nascimento e termina com a queda do coto umbilical. Tem a 
duração, em media, de sete dias. Os médicos e psicólogos emprestam grande importância ao papel 
que os fatos biológicos do ato do nascimento desempenharão futuramente, tanto no físico como na 
mente do ser humano. Afirmam que o nascimento é
3
 um verdadeiro traumatismo não só para a mãe 
como também para o bebê. 
É celebre o estudo O trauma do nascimento do psicanalista Otto Rank, no qual ele afirma 
 
2
 Fim da página 16. 
3
 Fim da página 17. 
 72 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
que o temor da morte e de adquirir doenças se manifesta de modo exagerado em muitos adultos 
cujo nascimento foi muito trabalhoso. 
Recentemente, F. Leboyer (1975) tem sustentado que práticas suaves de parto, em salas cuja 
luz não seja muito intensa, em que não se dêem tapinhas no bebê para iniciar a respiração e em que 
ele seja imediatamente banhado em água morna e colocado sobre o ventre da mãe, eliminarão 
grande parte do trauma do nascimento e darão origem a pessoas mais felizes. 
Atualmente, como já é rotina nas maternidades, os recém-nascidos são avaliados do ponto 
de vista médico, um minuto após o parto e cinco minutos mais tarde, pela escala Apgar. A Dra. 
Virginia Apgar criou cinco subtestes que avaliam o bebê nestes aspectos: aparência, pulso, reflexos, 
atividade e respiração. Essa avaliação que dá, no Maximo, dez pontos, tem relacionamento com o 
desenvolvimento posterior da criança. Noventa por cento dos bebês normais têm resultado maior 
que 7 na escala Apgar. 
Os psicólogos têm-se interessado em observar bebês na maternidade. Um estudo famoso é a 
observação das reações emocionais dos recém-nascidos feita por John B. Watson, no Hospital John 
Hopkins, nos Estados Unidos (1917). Ele notou que os recém-nascidos apresentam três tipos de 
reações emocionais: medo, cólera e amor. Outros observadores repetiram as observações de 
Watson, encontrando apenas dois tipos de reações emocionais: a de bem-estar físico, manifestada 
pelos bebês quando estão satisfeitos e confortáveis, que se traduz por relaxamento muscular, 
arrulhos e sono prolongado em que se nota um esboço de sorriso; e a de mal-estar físico, quando o 
bebê está com fome, molhado, com frio ou muito agasalhado, com sono ou com alguma dor etc., 
que consiste em agitação dos membros, choro, modificação na respiração etc. 
Mais recentemente, Jean Piaget, na Suíça, observou crianças desde seu nascimento. Em seu 
livro O nascimento da inteligência na criança (Rio de Janeiro, Zahar, 1974), ele apresenta as 
observações que fez de seus três filhos, desde alguns minutos após o nascimento. 
Os recém-nascidos apresentam muitos reflexos ou reações não aprendidas,tais como 
espirro, tosse, sucção, movimentos de cabeça, olhos, mãos, pés etc.
4
 
 
Primeira infância 
A primeira infância inicia-se com a queda do coto umbilical e termina quando a criança 
aprende a falar e a andar e pode nutrir-se independentemente do organismo materno (desmame). No 
fim do período, dá-se o aparecimento da primeira dentição. 
Piaget, ao descrever o desenvolvimento intelectual da criança, chama essa fase de sensório-
motora, pois o bebê está recebendo, por seus órgãos sensoriais, as estimulações do ambiente, e vai 
agindo sobre ele. Assim vai nascendo sua inteligência e seu conhecimento da realidade. 
A maior realização do bebê nesta fase é saber que os objetos continuam existindo mesmo 
que estejam fora de seu campo visual. Tal progresso, que Piaget chama de "aquisição do objeto 
permanente", só estará completamente realizado no final do primeiro ano de vida, 
aproximadamente. Essa aquisição é básica para a criança compreender conceitos vitais como 
espaço, tempo e causalidade. 
Outro teórico do desenvolvimento, Sigmund Freud, chama a primeira infância de fase oral 
da evolução psicossexual. O bebê busca o prazer sugando e pondo coisas na boca; enfim, suas 
gratificações são orais. 
Eric Erikson, estudioso da evolução psicossocial do ser humano, chama a esta fase idade da 
confiança X desconfiança. Segundo ele, o modo pelo qual o bebê é cuidado determina a confiança 
ou a desconfiança com que ele se relacionará com as outras pessoas durante toda a vida. 
Psicólogos e pediatras tem-se interessado pelo estudo da ligação afetiva entre o bebê e a 
pessoa que dele cuida. A intensidade dessa ligação se manifesta de várias formas: choro e protestos 
quando a mãe se afasta (ansiedade de separação) e também choro diante de pessoas estranhas. 
Um dos primeiros estudiosos a perceber a grande importância para o desenvolvimento do 
 
4
 Fim da página 18. 
 73 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
bebê da presença e dos cuidados constantes da mãe (ou de sua substituta) foi René Spitz. Ele 
observou que bebês criados em instituições, mesmo tendo boa alimentação e cuidados higiênicos 
adequados, tem menor resistência a enfermidades e desenvolvimento mais lento que bebês criados 
com a família, apresentando ainda outros prejuízos irreversíveis em seu desenvolvimento socio-
emocional. 
Quanto à linguagem, o desenvolvimento é bastante visível. Nesta fase, a criança passa do 
grito ao balbucio (emissão de silabas) e chega à linguagem de imitação (após os 9 meses).
5
 
Os psicolingüístas afirmam que, desde o terceiro mês até o fim do primeiro ano de vida, 
todos os bebês de todas as nações e culturas, e mesmo os bebês surdos, arrulham e balbuciam 
apresentando os mesmos sons, e o fazem na mesma ordem. 
O comportamento social do bebê tem despertado grande interesse por parte dos psicólogos. 
Além de estudos antigos sobre o sorriso do bebê (H. Hetzer, Viena) e de seu comportamento na 
presença de outros bebes (Charlotte Bühler, Viena), pesquisas interessantes continuam a aparecer, 
como veremos no capítulo 14. 
Para a avaliação do desenvolvimento de bebês, existem escalas como as elaboradas por 
Cattell e Gesell, e as Escalas Bayley. Elas são compostas principalmente de itens motores e de 
percepção, como, por exemplo, reconhecer visualmente a mãe, aos 2 meses, virar a cabeça ao ouvir 
um som, aos 4 meses etc. 
 
Segunda infância 
A segunda infância tem início com a aquisição da linguagem e da locomoção e com o 
aparecimento dos primeiros dentes; termina com o ingresso na escola de primeiro grau. 
Piaget diz que a criança pré-escolar está na fase pré-operacional. Ela é capaz de 
representação mental de objetos ausentes, o que lhe permite iniciar a utilização de símbolos. Com o 
desenvolvimento da representação simbólica, a criança torna-se capaz de aprender a linguagem. 
Com relação ao desenvolvimento da linguagem, podemos dizer que seu vocabulário vai-se 
tornando bastante rico; a criança está sempre falando junto com seu companheirinho de brinquedos. 
Essa conversa não pode ser chamada de diálogo; é mais exato chamá-la de "monólogos paralelos". 
Chamamos a linguagem desta fase de egocêntrica, conforme Piaget. 
Quanto à moralidade, conforme observações de Freud, Piaget e Kohlberg, os valores morais 
da criança pré-escolar são os de seus pais. O critério para julgar se um ato é certo ou errado são suas 
conseqüências e não as intenções de quem realizou a ação. Para a criança desta fase, um ato é 
errado quando acarreta castigo, quando é punido pelos pais (nível pré-convencional). 
No desenvolvimento psicossexual, Freud nota um grande progresso na idade pré-escolar. A 
criança passa da fase oral para a fase anal e, depois, para a fase fálica. Na segunda infância, ela 
aprenderá o controle da bexiga e dos intestinos (fase anal), descobrirá a existência das diferenças
6
 
anatômicas entre os sexos (fase fálica), viverá o conflito emocional causado por sua grande afeição 
pelo progenitor do sexo oposto (complexo de Édipo) e, finalmente, irá identificar-se com o 
progenitor de seu próprio sexo e assumir um papel sexual para toda a vida. 
Erikson também indica, na segunda infância, desenvolvimento da criança através de duas 
“idades”. Numa, a criança, que já é capaz de se locomover e de aprender o controle dos esfíncteres, 
era adquirir ou um sentimento de autonomia, de autodireção ou, ao contrário, de vergonha e dúvida. 
Isso dependerá do modo pelo qual os adultos orientarem sua educação — com carinho e tolerância 
ou com muita severidade e grandes restrições. Em outra "idade", em que a criança já está ciente de 
sua masculinidade ou de sua feminilidade e em que expressa suas emoções com relação aos 
progenitores, irá adquirir um sentimento de iniciativa ou de culpa. Isso dependerá ou da 
compreensão e permissividade ou da censura e ridicularização com que os adultos reagirem a seus 
interesses sexuais e suas expressões emocionais. 
 
5
 Fim da página 19. 
6
 Fim da página 20. 
 74 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Neste período, o comportamento social da criança é muito enriquecido. Ela, que no início se 
satisfaz apenas vendo outras crianças brincarem ou brincando ao lado delas, passa a participar de 
brinquedos conjuntos. Chegará, no fim da segunda infância, a poder brincar em pequenos grupos de 
crianças de ambos os sexos. 
A criança pré-escolar gosta de desenhar; de seus primeiros rabiscos e garatujas vai 
evoluindo para esquemas e representações da realidade do modo mais completo possível, com sua 
perspectiva absurda, sua transparência, sua desproporção e sua preocupação por detalhes. 
 
Meninice 
Este período começa com a entrada na escola de primeiro grau e termina com o início da 
puberdade. Nele se dá a aquisição das técnicas dc leitura e escrita. 
Os horizontes da criança são grandemente ampliados pelos contatos remotos que ela 
estabelece no tempo e no espaço, pois na escola de primeiro grau a criança passa a conhecer os 
personagens históricos, fica sabendo da existência de pessoas que habitam outros países etc. 
Na escola de primeiro grau, a criança já atingiu um certo controle emocional: sabe disfarçar 
o medo, conter a cólera, reprimir o choro e controlar suas expressões de alegria. 
Piaget diz que a criança da escola de primeiro grau está na fase das operações concretas, 
isto é, seu raciocínio só é possível em relação a objetos que a criança possa ver e pegar. Ela já lida 
com conceitos como idade, espaço e tempo e sua linguagem já está socializada.
7
 
 No pensamento freudiano, a meninice corresponde à fase de latênciano desenvolvimento 
psicossexual, em que as emoções e os impulsos sexuais parecem aquietar-se por influência da 
educação, e a criança se dedica a aquisição de habilidades aceitas pelo seu grupo cultural. 
Erikson diz que o mais forte impulso, na meninice, é o desejo de sentir-se competente na 
aprendizagem e na realização de inúmeras habilidades. A criança busca dominar as atividades 
escolares, mostrar habilidade e competência. Se ela não tiver oportunidade de se envolver em tarefas 
nas quais possa sentir-se competente, virá o sentimento de inferioridade (idade da competência X 
inferioridade). 
Na meninice, meninos e meninas vão-se separando; seus interesses diferenciam-se, 
possivelmente por influência das diferenças socialmente estabelecidas entre os sexos e das pressões 
sociais para que as crianças adotem comportamento considerado adequado a seu sexo pelo grupo em 
que vive. 
Os grupos de brinquedo são formados por um número grande de componentes e são exclusivos 
quanto ao sexo: os meninos preferem brinquedos mais ativos (de correr, de pular) e as meninas — 
brinquedos mais sedentários (casinha, escolinha). 
Nesta idade, os grupos podem ser numerosos porque as crianças já adquiriram capacidade de 
obedecer a regras e esperar por sua vez. Nos grupos, a criança já sabe submeter-se a um líder, 
escolhê-lo ou agir como líder quando for escolhida para tal. 
Moralmente, a criança começa a entender que uma ação pode ser julgada pelas intenções que a 
determinaram (e não por suas conseqüências, como ocorria antes). Continuará a ter um grande 
respeito pela autoridade e uma atitude de conformismo à ordem social. Sua preocupação nas decisões 
morais é agir de modo a agradar aos outros, a receber aprovação (nível convencional). 
 
Puberdade 
Costumamos chamar de puberdade o curto período que vem logo após a meninice e que 
precede o período da adolescência. Caracteriza-se pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários 
e inicia-se aproximadamente aos 12 anos nas meninas e aos 14 nos meninos. Sua duração é de cerca 
de dois anos e nele notamos preferência afetiva por uma pessoa do mesmo sexo e de idade 
aproximada. Assim, a menina tem sua amiga predileta, companheira inseparável a quem dedica grande 
afeição. Os meninos têm seu companheiro e confidente. Nesta idade, são comuns os diários, os 
 
7
 Fim da página 21. 
 75 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
"segredinhos", as gavetas trancadas etc.
8
 
Segundo Piaget, após os 12 anos a criança, que intelectualmente só era capaz, até então, de 
operações concretas, está evoluindo para o estágio das operações formais. A partir dessa idade, ela 
vai ser capaz do pensar em termos abstratos, de formular hipóteses e de raciocinar a respeito delas. 
 
Adolescência 
Consideramos um jovem como adolescente enquanto ele estiver procurando resolver os três 
problemas Fundamentals da vida humana: o problema profissional, o problema sexual e o problema 
filosófico. 
Durante esse período de busca e indecisão, o indivíduo se caracteriza pela introversão, pois está 
continuamente voltado para os seus próprios sentimentos. Os adolescentes entregam-se 
sistematicamente ao devaneio e demonstram grande interesse por narrativas, com cujos heróis se 
identificam facilmente. 
Segundo Piaget, o adolescente é capaz de pensar em termos abstratos; isso se reflete nas suas 
preocupações com problemas de valores, ideologias e na sua apreensão sobre o futuro. 
Na teoria de Freud, apos a puberdade a pessoa inicia a fase genital, que é a fase adulta do 
desenvolvimento psicossexual. 
Erikson descreve a adolescência como a época em que o jovem deve responder à pergunta: 
"Quem sou eu?" Na nossa cultura, os jovens vivem uma espécie de "moratória", período em que a 
sociedade não lhes cobra algumas obrigações até que ele possa definir-se profissionalmente, 
filosoficamente e casar-se, enfim, ser considerado adulto. 
Conforme a teoria de Kohlberg, o nível mais elevado de desenvolvimento moral consiste em 
fazer julgamentos morais baseados em princípios de justiça e amor aceitos conscientemente, princípios 
esses que tem validade e aplicação independentemente da autoridade. Atingir esse nível depende do 
desenvolvimento intelectual e da experiência adquirida em interações sociais. Nem todos os 
adolescentes, porém, conseguem atingir esse estágio; muitos deles permanecem numa moralidade de 
conformismo às convenções e à autoridade. 
Em nossa cultura, a adolescência é considerada um período emocionalmente tumultuado e é a 
época em que os jovens buscam libertar-se dos pais, ao passo que eles desejam retardar tal 
libertação. 
Neste período, caracterizado também pelo grande desejo de ser aprovado pelos companheiros 
de grupo, o adolescente necessita de doses extras de apoio e compreensão, pois está sujeito a 
perturbações emocionais, a mudanças de humor e a rápidas variações na atenção.
9
 
 
Bibliografia 
BALDWIN, A. L. Teorias do desenvolvimento da criança. São Paulo, 
Pioneira, 1973. BIAGGIO, A. M. B. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis, Vozes, 
1976. FITZGERALD, H. e STROMEN, E. Psicologia do Desenvolvimento. São 
Paulo, Brasiliense, 1981. FLAVELL, J. H. A Psicologia do Desenvolvimento de J. Piaget. São 
Paulo, Pioneira, 1975. MIRA y LOPEZ, E. Psicologia evolutiva da criança e do adolescente. 
Rio de Janeiro, Científica, 1946. MUSSEN, P. H. O desenvolvimento psicológico da criança. Rio de 
Janeiro, Zahar, 1982. Muuss, R. Teorias da adolescência. Belo Horizonte, Interlivros, 1973. 
PAPALIA, D. E. e OLDS, S. W. O mundo da criança. São Paulo, 
McGraw-Hill, 1981. PFROMM NETO, S. Psicologia da adolescência. São Paulo, Pioneira/ 
/USP, 1968. SANTOS, T. M. Noções de administração escolar. São Paulo, Nacional, 
1954. 
 
8
 Fim da página 22. 
9
 Fim da página 23. 
 
 76 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Questões de estudo 
 
1. Atualmente, que conceito pais e professores tem da criança? 
 
 
2. Como a criança era considerada pelos antigos? 
 
 
3. Como esse antigo conceito de educando se refletia no sistema educacional? 
 
 
4. Explique como ocorreu a mudança da antiga para a moderna concepção da infância. 
 
 
5. Enumere as fases em que tem sido dividida a evolução do ser humano. 
 
 
6. Indique, resumidamente, o limite inicial e final das seguintes fases: pré-natal, do recém-
nascido e da primeira infância. 
 
 
7. Como se chamam as fases em que o bebê se encontra em seu desenvolvimento 
psicossexual e cognitivo? 
 
 
8. Em média, qual é a duração da segunda infância, da meninice e da puberdade? 
 
 
9. Com relação ao desenvolvimento psicossexual e cognitivo, por que fases uma criança 
passa na idade pré-escolar e na meninice? 
 
 
10.Cite psicólogos que apresentaram teorias do desenvolvimento no aspecto cognitivo, 
psicossexual, psicossocial e moral.
10
 
 
 
 
 
 
Leituras complementares 
 
Rousseau, o Copérnico da Educação 
Edouard Claparède, psicólogo de Genebra, fez há mais de quarenta anos um interessante 
paralelo entre a revolução que as teorias de Nicolau Copérnico Causaram na Astronomia e a 
revolução que Jean-Jacques Rousseau causou na Educação. 
Antes do astrônomo polonês Copérnico (1473-1543), a humanidade pensava que os 
planetas todos giravam ao redor da Terra (sistema planetário geocêntrico). Copérnico, porém, 
afirmou que na verdade a Terra e os demais planetas é que gravitavam ao redor do Sol (sistema 
 
10
 Fim da página 24. 
 
 77 Licenciaturaem Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
planetário heliocêntrico). 
De maneira análoga, antes do filósofo francês Rousseau, todos os aspectos da Educação 
(currículos escolares, programas, horários, métodos de ensino), eram baseados no adulto. O 
sistema educacional todo girava ao redor do adulto, de seus interesses e de suas capacidades. 
Rousseau, com seu célebre Emílio, mostrou que tudo estava errado em Educação. O centro do 
sistema educacional era a criança e não o adulto. Sua base deveria ser a criança, com suas 
necessidades e interesses. 
Copérnico mudou o centro do sistema planetário da Terra para o Sol. Rousseau mudou o 
centro do sistema educacional do adulto para a criança. Por isso, Claparède chama Rousseau de 
"Copérnico da Educação". 
(Baseado em: CLAPAREDE, E. Psicologia da criança. Sao Paulo, Francisco Alves, 1940, p. 39.) 
 
O que e um adolescente? 
Aqui há um aspecto que deve ser esclarecido: o conceito de adolescente pouco tem a ver 
com a idade das pessoas. O indivíduo não é adolescente porque está entre os 11 e os 17 ou 18 anos. 
A adolescência é acima de tudo uma maneira psicológica de enfrentar a vida. As pessoas são 
adolescentes porque tem uma serie de características psicológicas que nos permitem classificá-las 
desta maneira. A própria duração do período médio da adolescência varia historicamente: há três 
ou quatro gerações, era de dois a três anos — dos 11 ou 12 até os 14 anos, quando o indivíduo 
começava a trabalhar e a assumir as responsabilidades da vida adulta; atualmente, a educação 
universitária foi estendida a camadas
11
 mais amplas da população, o que amplia, nestas camadas, 
o período da adolescência até os 18, 19 e 20 anos. Outra coisa: este período varia segundo as 
classes sociais. Entre muita gente que trabalha no campo, por exemplo, há indivíduos que saem da 
infância para assumir imediatamente as responsabilidades da vida adulta. Já entre os filhos da 
classe media superior, a adolescência pode ir até os 25 ou 26 anos, porque estas pessoas estão 
desempregadas social, econômica e sexualmente. Podem procriar, mas não podem assumir a 
responsabilidade pela constituição de uma família. Certas classes sociais, portanto, podem ter 
adolescência; outras não. A adolescência é uma conquista social. Mas não se reduz a isso. 
Para entendermos os adolescentes, precisamos conhecer a fundo todas as transformações 
que estão acontecendo neles: desde as mudanças físicas até as de natureza afetiva. É indispensável 
que os adultos os compreendam, para que se possa construir uma ponte, um diálogo, uma amizade 
capaz de anular os atritos e apagar a desorientação. 
(GAUDENCIO, P. Jovem urgente. São Paulo, Paulinas , 1974, p. 7-8.) 
 
Questões sobre os textos 
 
1. Que mudança importante o trabalho de Copérnico trouxe a Astronomia? 
 
 
2. Qual foi a mudança na educação iniciada pelo trabalho de Jean-Jacques Rousseau? 
 
 
3. Você acha apropriado o título de "Copérnico da Pedagogia" dado a Rousseau? 
 
 
4. Reflita sobre as afirmações seguintes e responda às questões: 
"A própria duração do período médio da adolescência varia historicamente." 
"Este período varia segundo as classes sociais." 
 
11
 Fim da página 25. 
 78 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
a) Procure saber com que idade sua avó e sua bisavó se casaram. Compare com a situação 
das jovens de hoje. 
b) Procure informar-se da idade em que seus avós e bisavós começaram a trabalhar, a 
manter-se economicamente. Compare com os rapazes e moças de hoje. 
c) Você conhece alguma família da zona rural? Observe a idade em que os filhos assumem 
encargos de adulto.
12
 
 
12
 Fim da página 26.

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