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Aula 21 Rotacional e Divergente MA211 - Cálculo II Marcos Eduardo Valle Departamento de Matemática Aplicada Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Universidade Estadual de Campinas Introdução I Rotacional e divergente são duas operações essenciais nas aplicações de cálculo vetorial em mecânica dos fluidos, eletricidade e magnetismo, entre outras áreas. I Em termos gerais, o rotacional e o divergente lembram a derivada mas produzem, respectivamente, um campo vetorial e um campo escalar. I Ambas operações são descritas em termos do operador diferencial ∇. Operador Diferencial e o Vetor Gradiente Definição 1 (Operador Diferencial) O operador diferencial é definido como: ∇ = ( ∂ ∂x , ∂ ∂y , ∂ ∂z ) = i ∂ ∂x + j ∂ ∂y + k ∂ ∂z . Exemplo 2 (Vetor Gradiente) O vetor gradiente é obtido aplicando o operador diferencial ∇ num campo escalar f , ou seja, ∇f = ( ∂f ∂x , ∂f ∂y , ∂f ∂z ) = i ∂f ∂x + j ∂f ∂y + k ∂f ∂z . Definição 3 (Rotacional) Se F = Pi+ Qj+ Rk é um campo vetorial em R3, então o rotacional de F, denotado por rot F, é o campo vetorial dado pelo produto vetorial do operador diferencial com F, ou seja, rot F = ∇× F. Em outras palavras, rot F = ∇× F = ( ∂ ∂x , ∂ ∂y , ∂ ∂z ) × (P,Q,R) = ∣∣∣∣∣∣ i j k ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z P Q R ∣∣∣∣∣∣ = ( ∂R ∂y − ∂Q ∂z ) i+ ( ∂P ∂z − ∂R ∂x ) j+ ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) k. Definição 4 (Divergente) Se F = Pi+ Qj+ Rk é um campo vetorial em R3, então o divergente de F, denotado por div F, é o campo escalar dado pelo produto escalar do operador diferencial com F, ou seja, div F = ∇ · F. Em outras palavras, div F = ∇ · F = ( ∂ ∂x , ∂ ∂y , ∂ ∂z ) · (P,Q,R) = ∂P ∂x + ∂Q ∂y + ∂R ∂z . Exemplo 5 Determine o rotacional e o divergente de F(x , y , z) = xzi+ xyzj− y2k. Exemplo 5 Determine o rotacional e o divergente de F(x , y , z) = xzi+ xyzj− y2k. Resposta: O rotacional é rot F = −y(x + 2)i+ x j+ yzk. O divergente é div F = z + xz. Teorema 6 Se f é uma função de três variáveis que tem derivadas parciais de segunda ordem contínuas, então o rotacional do gradiente de f é o vetor nulo, ou seja, rot (∇f ) = 0. Demonstração. Pelo teorema de Clairaut, temos rot (∇f ) = ∣∣∣∣∣∣∣ i j k ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z ∣∣∣∣∣∣∣ = ( ∂2f ∂y∂z − ∂ 2f ∂z∂y ) i + ( ∂2f ∂z∂x − ∂ 2f ∂x∂z ) j+ ( ∂2f ∂x∂y − ∂ 2f ∂y∂x ) k = 0i+ 0j+ 0k Lembre-se que F é um campo vetorial conservativo se F = ∇f para alguma função escalar f . Logo, Coroário 7 Se F é um campo vetorial conservativo, então rot F = 0. Desse modo, se rot F 6= 0, F não é um campo vetorial conservativo. Exemplo 8 O campo vetorial F(x , y , z) = xzi+ xyzj− y2k, do Exemplo 5 não é conservativo porque rot F = −y(x + 2)i+ x j+ yzk, é diferente do vetor nulo. A recíproca do Teorema 6 pode ser enunciada da seguinte forma: Teorema 9 Se F = Pi+ Qj+ Rk for um campo vetorial definido sobre todo R3 cujas funções componentes P,Q e R tenham derivadas parciais de segunda ordem contínuas e rot F = 0, então F será um campo vetorial conservativo. Exemplo 10 a) Mostre que o campo vetorial F(x , y , z) = y2z3i+ 2xyz3j+ 3xy2z2k, é conservativo. b) Determine uma função potencial f tal que F = ∇f . Exemplo 10 a) Mostre que o campo vetorial F(x , y , z) = y2z3i+ 2xyz3j+ 3xy2z2k, é conservativo. b) Determine uma função potencial f tal que F = ∇f . Resposta: a) Como rot F = 0 e o domínio de F é todo R3, F é um campo vetorial conservativo. b) A função f (x , y , z) = xy2z3 + K , em que K é uma constante, é tal que ∇f = F. Teorema 11 Se F = Pi+ Qj+ Rk é um campo vetorial sobre R3 e P, Q e R têm derivadas parciais de segunda ordem contínuas, então div rot F = 0. Demonstração. Pela definição de divergente e rotacional, temos que div rot F = ∇ · (∇× F) = ∂ ∂x ( ∂R ∂y − ∂Q ∂z ) + ∂ ∂y ( ∂P ∂z − ∂R ∂x ) + ∂ ∂z ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) = ∂2R ∂x∂y − ∂ 2Q ∂x∂z + ∂2P ∂y∂z − ∂ 2R ∂y∂x + ∂2Q ∂z∂x − ∂ 2P ∂z∂y = 0 pelo teorema de Clairaut. Exemplo 12 O campo vetorial F(x , y , z) = xzi+ xyzj− y2k, do Exemplo 5 não pode ser escrito como o rotacional de outro campo vetorial porque div F 6= 0. Com efeito, se existisse G tal que F = rot G, então div F = div (rot G) = 0. O divergente do vetor gradiente de uma função de três variáveis f é div (∇f ) = ∇ · (∇f ) = ∂ 2f ∂x2 + ∂2f ∂y2 + ∂2f ∂z2 . Definição 13 (Operador e Equação de Laplace) O operador de Laplace ou laplaciano, denotado por ∇2, para funções de três variáveis é ∇2 = ∂ 2 ∂x2 + ∂2 ∂y2 + ∂2 ∂z2 . A equação de Laplace é ∇2f = 0 ou seja ∂ 2f ∂x2 + ∂2f ∂y2 + ∂2f ∂z2 = 0. Formas vetoriais do teorema de Green O teorema de Green afirma que∫ C Pdx + Qdy = ∫∫ D ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) dA. Considerando um campo vetorial F = P(x , y)i+ Q(x , y)j+ 0k, temos∫ C F · dr = ∫ b a ( P dx dt + Q dy dt ) dt = ∫ C Pdx + Qdy . Além disso, rot F = ∣∣∣∣∣∣ i j k ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z P(x , y) Q(x , y) 0 ∣∣∣∣∣∣ = ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) k. Logo, (rot F) · k = ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) k · k = ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) . Concluindo, o teorema de Green pode ser escrito na forma vetorial como ∫ C F · dr = ∫∫ D (rot F) · kdA. De forma alternativa, podemos descrever a curva C como r(t) = x(t)i+ y(t)j, a ≤ t ≤ b. O vetor tangente unitário a curva no ponto (x(t), y(t)) é T(t) = x ′(t) ‖r′(t)‖ i+ y ′(t) ‖r′(t)‖ . E mais, o vetor normal unitário externo a curva C é n(t) = y ′(t) ‖r′(t)‖ i− x ′(t) ‖r′(t)‖ . Por um lado, a integral de linha com relação ao comprimento do arco de F · n satisfaz∫ C F · nds = ∫ b a (F · n)(t)‖r′(t)‖dt = ∫ b a ( P y ′(t) ‖r′(t)‖ −Q x ′(t) ‖r′(t)‖ ) ‖r′(t)‖dt = ∫ b a ( P dy dt −Q dx dt ) dt = ∫ b a Pdy −Qdx . Por outro lado, podemos escrever∫∫ D ( ∂P ∂x + ∂Q ∂y ) dA = ∫∫ D (div F)dA. Desse modo, pelo teorema de Green podemos escrever:∫ C F · nds = ∫∫ D (div F)dA. Concluindo, as duas versões vetoriais do teorema de Green são: ∫ C F · dr = ∫∫ D (rot F) · kdA, e ∫ C F · nds = ∫∫ D (div F)dA.
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