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PRÁTICAS EDUCATIVAS HUMANIZADORAS: UM DESAFIO PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES Juliana Goelzer – Universidade federal de Santa Maria, Santa Maria, RS Celso Ilgo Henz – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS Esta pesquisa é fruto de resultados de outras pesquisas realizadas com alguns professores de escolas de Educação Básica do município de Santa Maria – RS, nas quais percebeu-se o quanto estes julgam seus cursos de formação inicial por não saberem lidar com o lado humano dos alunos. Diante desta constatação, esta pesquisa voltou seu foco à formação inicial de professores e buscou investigar, com acadêmicos do 7º semestre do Curso de Pedagogia de duas instituições de Ensino Superior do município de Santa Maria – RS, em que medida estes acadêmicos sentem-se preparados para enfrentar os mais variados desafios do cotidiano escolar, relacionados às práticas educativas humanizadoras. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semi-estruturada com seis acadêmicos de cada uma das instituições. Vem sendo constatado que enquanto muitos desses acadêmicos afirmam não se sentir preparados para tais desafios, argumentando que recebem uma grande bagagem teórica no curso e pouca atividade prática, outros, ao afirmarem estarem sim preparados, encontram dificuldades em conceituar o que é uma educação humanizadora. Palavras-chave: Práticas educativas, Humanização, Formação Inicial. 2 A ESCOLA NO CONTEXTO ATUAL: UM DESAFIO Podemos afirmar que poucas vezes na história da humanidade a escola foi incumbida de tantas responsabilidades e desafios como na atualidade. Isso pode ser explicado pelo fato de que a sociedade vem ao longo do tempo passando por sérias e profundas transformações. Acontecimentos que há bem pouco tempo pareciam distantes demais da nossa realidade, ou diríamos que até mesmo inimagináveis para ela, hoje estão aí, na porta de nossas casas e até mesmo dentro delas. O reconhecimento dos direitos sociais da mulher, acompanhado da entrada da mesma no mercado de trabalho; o crescente processo de industrialização e urbanização, assim como o grande avanço da tecnologia que vem alcançando patamares cada vez mais elevados são algumas das transformações mais significativas que vêm ocorrendo. Isso tudo vem gerando o progresso de nossa sociedade e colaborando com a busca de uma melhor qualidade de vida. Porém essas mudanças também vêm trazendo consigo a competitividade, o individualismo e a busca constante pelo “ter”. Além disso, o grande avanço da tecnologia tem feito com que as informações cheguem a nós de forma cada vez mais rápida, sem ao menos dar-nos tempo de processá-las de maneira adequada e crítica. As pessoas então tentam se manter “conectadas” o maior espaço de tempo possível, com receio de não se manterem atualizadas. Com isso, percebemos que as relações humanas têm sido cada vez mais deixadas de lado. A maioria das pessoas não encontra mais tempo para conversar face a face, para fazer visitas umas às outras, para estar ao lado de pessoas queridas. Dessa forma as relações entre familiares, amigos e vizinhos têm se tornado superficiais e isso tem nos tornado cada vez mais egoístas e insensíveis ao “outro”. Para conversar, fazer convites, dar recados ou simplesmente dar um “oi” usamos o “msn”, o e-mail, o telefone celular. O “toque” do celular vem tomando o lugar do toque humano; o som do “mp3” vem tomando o lugar do diálogo; o abraço, o aperto de mão, o carinho, vêm sendo esquecidos. Concomitantemente a isso, nos deparamos a cada dia com inúmeras notícias de assaltos, mortes de inocentes por balas perdidas, violência de toda natureza, degradação e destruição da vida humana. Convivemos com a injustiça, a discriminação, a exploração e, como resultado dessa sociedade capitalista, com a 3 dominação de uns sobre os outros. Segundo Sampaio (2004, p. 30), “estamos vivendo uma crise global profunda, onde o vazio existencial e afetivo, provocado pela manipulação e desmandos, favorece a miséria, a violência, a corrupção, o medo, a insegurança, resultado da fragilidade das relações e dos valores humanos”. Parece que as pessoas esqueceram-se que todos somos seres humanos, que todos somos “gente” que precisa de vida. As emoções têm estado sempre em segundo plano e vive-se a supervalorização da racionalidade. A razão vem a cada dia controlando mais nossos sentimentos e tomando o lugar de tudo aquilo que faz com que sejamos reconhecidos como seres humanos e não como máquinas. E diante desse contexto de desvalorização das emoções e das relações humanas, a escola está tendo de enfrentar um grande desafio: o desafio de ensinar a ser humano, pois “não nascemos humanos, nos fazemos. Aprendemos a ser. Todos passamos por longos processos de aprendizagem humana. Se preferirmos, toda criança nasce humana, mas isso não basta: temos que aprender a sê-lo. Podemos acertar ou fracassar. Nessa aprendizagem também há sucesso e fracasso” (ARROYO, 2004, p. 53). Percebemos que a cada ano chegam à escola crianças cada vez mais carentes de carinho, de diálogo. O mundo delas muitas vezes não lhes permite que vivam sua infância de forma digna, que sejam respeitadas e tratadas de forma humana. Muitas vezes a maioria dessas crianças vem à escola somente em busca de um lugar onde não lhe agridam e em busca de pessoas que lhe vejam e que lhe dêem atenção. O que essas crianças encontram na sala de aula muitas vezes é tudo aquilo que não encontram em casa: outras crianças, livros, um ambiente de cores, de sonhos e, principalmente, de afeto e atenção. Muitas vezes a escola é o único lugar onde essas crianças podem se portar como crianças e viverem com alegria. Apesar disso, muitos ainda encaram a escola como uma instituição que têm unicamente a função de ensinar, de transmitir conteúdos, esquecendo que a escola é lugar de gente (FREIRE, 2002); logo, o professor também ainda é visto por muitos como aquele que tem unicamente a função de transmitir esses conteúdos aos alunos. Porém se pararmos para refletir sobre as condições desumanas a que muitas de nossas crianças têm sido submetidas, entenderemos que essa maneira de encarar o papel da escola e dos professores não se encaixa mais no contexto em que vivemos. Nas palavras de Freire (2002, p. 69-70), 4 o mundo afetivo desse sem-número de crianças é roto, quase esfarelado, vidraça estilhaçada. Por isso mesmo, essas crianças precisam de professores profissionalmente competentes e amorosos e não puros tios e tias. É preciso não ter medo do carinho, não fechar-se à carência afetiva dos seres interditados de estar sendo. Só os mal-amados e as mal-amadas entendem a atividade docente como um que-fazer de insensíveis, de tal maneira cheios de racionalismo que se esvaziam de vida e de sentimentos. Quantas de nossas crianças vêm à escola sem ter tido o que comer em casa, sem terem tomado um banho com água quente ou sem terem tido uma boa cama para dormir durante a noite. Quantas crianças sofrem agressão em casa, são abusadas sexualmente (às vezes por alguém da própria família), e não têm o direito de dizerem o que estão sentindo. E quantas ainda não recebem um conselho dos pais em casa, não recebem nem a educação necessária para conviver com os outros. E quando chegam à escola acreditando que lá encontrarão um mundo um pouco diferente, são vistas com indiferença pelos colegas e professores. Deparamo-nos freqüentemente com meninas adolescentes grávidas, com crianças fugidas de casa ou sendo levadas para um orfanato. E freqüentemente também encontramos pessoas que insistem em tapar os olhos para isso, se trancando em seu mundo. E o pior de tudo é que muitas vezes essas pessoas são os próprios professores. Que mundo é esse que estamosconstruindo? Um mundo de indiferença, de violação à dignidade humana? Se nós professores, que lidamos com seres humanos em formação, não acreditarmos que um mundo diferente é possível, ele realmente não o será. O DIÁLOGO COM PROFESSORES E PROFESSORAS: O PRIMEIRO PASSO A partir desse pressuposto, o Projeto de Pesquisa intitulado “Desafios e perspectivas na formação inicial de professores para as práticas educativas humanizadoras”, vem sendo realizado com vistas a trazer ao debate educacional essa questão tão séria que diz respeito à humanização da educação e sua abordagem em alguns cursos de formação inicial de professores. Partimos da constatação, construída no decorrer de outras pesquisas juntamente com colegas professores e professoras, de que a maioria destes profissionais, em seus processos de formação inicial, aprendeu somente a ensinar conteúdos, informar, e aplicar procedimentos metodológicos; não lhes foi proporcionada uma reflexão acerca das relações humanas que perpassam o 5 ambiente escolar, talvez porque há algum tempo esse assunto não tinha tanta relevância como nos dias atuais. Por isso esses professores, embora se sintam competentes em suas áreas, entendem que no contexto no qual vivemos isso já não é mais suficiente, pois a necessidade está em saber articular os conteúdos sistematizados à vida de seus alunos, fazendo com que a aprendizagem destes seja simultânea a outras aprendizagens essenciais ao processo de humanização. Afinal, No tempo escolar os mestres têm de dar conta de pessoas, que não estão unicamente em permanente estado de relação com os conteúdos do currículo, com suas mudanças, mas que se relacionam, convivem entre iguais e diversos, sentem, fantasiam, valorizam, dançam, se expressam na totalidade de sua condição humana. As crianças, adolescentes e jovens não ficam no tempo de escola fixos no papel de adulto-trabalhador-cidadão que serão quando crescerem. Ingenuidade nossa de docentes. Eles e elas explodem na totalidade de suas vivências no presente. (ARROYO, 2004, p. 232) E quando se dão conta de toda essa vida que perpassa o ambiente escolar, e do quanto são em parte responsáveis pela humanização dessas crianças, adolescentes e jovens, esses profissionais julgam seus cursos de formação inicial como ineficientes. E isso fica muito claro nas diversas falas desses educadores, quando estes argumentam: “nós não fomos preparados para isso; é no peito e na raça”. Além disso, eles têm muito clara a idéia de que o “tipo” de professor que a escola precisa hoje é outro: “precisamos de professores mais humanos, que convivam e partilhem dos problemas de seus alunos”. Eles afirmam que se o professor de hoje não for “humano” o suficiente para entender o quanto o seu aluno precisa dele, a educação estará fadada ao fracasso, pois “de professores competentes em suas áreas a escola está cheia, e o problema não se resolveu”. Esses profissionais, na maioria das vezes emocionados, nos relatam o quanto é angustiante ouvir de seus alunos desabafos de que foram maltratados em casa, de que em pleno inverno tiveram que tomar banho frio porque haviam desligado a luz por falta de pagamento ou então de que não haviam tomado café da manhã e nem almoçado porque o pão e o leite haviam terminado. Relatam-nos também que por muitas vezes alguns alunos chegaram a pedir que o professor o levasse consigo para casa porque não queria voltar para a sua. Relatos como estes vêm sempre acompanhados da expressão “nossa licenciatura não nos preparou para lidar com isso” ou então “agora percebemos as tantas falhas na nossa formação”. E eles afirmam que devido a essa falta de 6 preparo, não se sentem hoje capazes de realizar seu papel de educadores por completo porque sentem que precisam de alguma forma ajudar essas crianças enquanto “seres humanos”, mas que não sabem como. Sentimos o quanto eles estão angustiados e o quanto isso têm desmotivado esses profissionais na realização de seu trabalho e, por conseqüência, tem se tornado um empecilho para a realização de um trabalho pedagógico de qualidade. O conhecimento e a reflexão sobre tantas questões colocadas pelos atuais profissionais da educação, levou-nos ao foco dessa pesquisa: os cursos de formação inicial de professores. Afinal, ao nos depararmos com tantas inquietações pelos corredores das escolas de Educação Básica, futuro campo de trabalho da maioria dos atuais acadêmicos dos Cursos de Pedagogia, julgamos importante investigar como esses futuros educadores vêem seu campo de trabalho atualmente. Portanto, essa pesquisa teve como objetivo principal o de pesquisar em que medida alguns acadêmicos do Curso de Pedagogia de uma universidade federal e de uma universidade particular do município de Santa Maria – RS, sentem-se preparados para enfrentar os mais variados desafios do dia-a-dia do cotidiano escolar, relacionados às práticas educativas humanizadoras. Dentro desse objetivo maior, foram elencados alguns objetivos específicos: pesquisar com os acadêmicos se estes consideram que durante o seu curso de formação inicial, foi-lhes possibilitado um maior conhecimento acerca da educação humanizadora; pesquisar quais são os maiores desafios que os acadêmicos acreditam que irão enfrentar na sala de aula, enquanto professores; compreender que importância os acadêmicos atribuem às práticas pedagógicas humanizadoras no contexto escolar; pesquisar com os acadêmicos que “tipo” de professores eles acreditam que serão levando em consideração a formação que estão recebendo em seus cursos. Metodologicamente a pesquisa tem caráter qualitativo, uma vez que a ênfase está no processo e não em seu produto final. O tipo de pesquisa utilizado foi a pesquisa bibliográfica e a pesquisa tipo estudo de caso, uma vez que a investigação ocorreu em duas instituições de Ensino Superior do município de Santa Maria – RS, uma instituição federal e uma particular. Foram realizadas entrevistas semi- estruturadas com seis acadêmicos do 7º semestre de cada uma das instituições referente ao tema investigado e essas entrevistas foram gravadas em áudio e em seguida transcritas e separadas em categorias para uma melhor análise. 7 FORMADORES DE SERES HUMANOS, NÓS? Quando o assunto é educação, formação de professores, estamos tão habituados a pensar em escola, em alunos, em professores, em desenvolvimento, em currículo, em didática, que quando ouvimos o termo seres humanos, parece que algo nos imobiliza. Talvez susto? Ou uma indignação do tipo “e eu nem havia pensado nisso”? As reações são sempre diversas, mas a realidade é clara: professores, esses amantes, e por vezes sofredores da arte de educar, antes de trabalharem em escola, antes de trabalharem com currículo, antes de serem professores de Matemática ou professores de Ciências, são professores de gente, que trabalham, acima de tudo, com seres humanos, com vidas. O problema, nesse caso, é que por vezes os cursos de formação inicial de professores deixam essa “pequena” lacuna no decorrer da formação: a de informar que iremos trabalhar com pessoas, e pessoas cheias de vida, que têm sentimentos e emoções tão diversos quanto os nossos, com pessoas em processo de humanização, afinal, como diz Arroyo (2004), não nascemos gente; nos tornamos. Talvez seja essa a justificativa para no decorrer dessa pesquisa, a atitude de alguns acadêmicos durante as entrevistas terem sido de alguma forma cobertas de insegurança ao tentar conceituar o que é uma educação humanizadora. Eram freqüentes perguntas do tipo “como assim educação humanizadora?”, ou “tô falando bobagem?”, ou então “não sei se é isso que tu procura”. Parecia que esse assunto estava um pouco distante de seus diálogos habituais. Além disso, falar sobre nossa formação também não se constitui tarefa fácil.São tantos anos, tantos livros, tantas disciplinas, tantos professores, tantos colegas, que certamente aprendemos um pouco de cada experiência que vivenciamos no decorrer deste ou daquele curso. Este é também um processo de formação de pessoas, de profissionais, o qual vai se constituindo na interação entre conhecimentos e experiências, em um espaço de múltiplas expressões, afinal, “somos o lugar onde nos fizemos, as pessoas com quem convivemos. Somos a história de que participamos. A memória coletiva que carregamos” (ARROYO, 2004, p. 14). As opiniões dos acadêmicos referentes às mais diversas questões abordadas, foram por vezes bastante parecidas, e em outras completamente opostas. Quando questionados se foram ou não preparados para trabalhar com uma educação 8 humanizadora no decorrer do curso, as respostas foram bem divergentes. Houve quem afirmou com certeza que sim e justificou “sim... acredito que sim... devido ao curso ser das Ciências Humanas e alguns professores terem trabalhado essa questão humanizadora durante as disciplinas”. Já outros afirmaram que em partes o curso trabalhou sim, mas que depende muito da busca pessoal de cada um: “eu diria que basicamente sim... mas que depende mais de mim ir buscar do que o curso oferece porque o que ele oferece é mais amplo... não é profundo... então acho que se tu quer entender melhor... buscar sobre isso... eu acho que tu tem que partir de ti mesmo e buscar tentar entender melhor”. De fato, a busca pessoal de cada um é tão importante quanto os demais conhecimentos adquiridos no decorrer do curso. Cada realidade é única e cada ser humano conhece suas deficiências, suas dificuldades. No livro Pedagogia da Autonomia, ao alertar para a importância da reflexão crítica sobre a prática, da qual decorrem nossos anseios e percepções da realidade, Paulo Freire coloca que: é fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador (FREIRE, 2005, p. 38-39). Mais importante do que ter a consciência de que a busca parte principalmente de nós, de nossa curiosidade epistemológica, e de que verdades únicas não podem ser encontradas em nenhum grande quintal do conhecimento, é partir em busca desse conhecimento próprio. Alguns acadêmicos entrevistados relataram o quanto esse “ir atrás do conhecimento” os tornou mais bem preparados para a profissão, tanto como pessoas quanto como profissionais. Grande parte deles disse que no decorrer do curso sentiu a necessidade de confrontar os livros com a realidade, e por isso hoje muitos trabalham em escolas, principalmente realizando trabalhos voluntários, por atribuírem uma importância crucial à união da teoria com a prática. E são geralmente esses próprios acadêmicos, os que vivenciam de fato a realidade como ela é, que se queixam da falta de preparo advinda do curso no que se refere às práticas educativas humanizadoras: “eu vejo... aqui no curso que a gente tem muita teoria em cima de autores que falam coisas muito bonitas... que é 9 uma educação que é uma maravilha... só que quando a gente chega lá fora a gente se depara com uma coisa muito diferente... ahn... acho que o curso em si ele não tá preparado pras crianças que tem lá fora... pra nos preparar... pro que a gente vai encontrar lá fora... então acho que não... na verdade não... Essa educação humanizadora... ela não tá acontecendo”. E alguns desses mesmos acadêmicos ainda propõem: “em primeiro lugar eu acho que os professores... eles deveriam estar mais situados assim com o dia-a-dia da sala de aula... com a prática... o que eu vejo é que os professores eles estão muito ligados ainda na questão de autores... de bibliografias... e ai é muito bonito o discurso só o que os autores escrevem é muito bonito também... eu acho que a gente precisa disso mas a gente precisa muito mais... da realidade que a gente vai encontrar lá fora... porque o que a gente vê aqui dentro não tem muita coisa a ver com o que a gente vê lá na sala de aula”. Essa realidade, esse contraste entre teoria e prática, sempre foi amplamente debatido por muitos autores preocupados com a formação desses futuros formadores. Adelar Hengemühle, ao voltar seu olhar sobre essa temática em seu livro Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas, alerta que as práticas dos professores do Ensino Superior precisam ser repensadas, pois “é certo que, a partir dos textos teóricos, o futuro professor pode buscar e qualificar a sua prática, mas seria ideal se no Ensino Superior os acadêmicos pudessem exercitar esses fundamentos” (HENGEMÜHLE, 2004, p. 153). Muitos dos acadêmicos que têm contato mais freqüente com escolas públicas, relatam o quanto por vezes é difícil realizar um trabalho pedagógico em consonância com o que aprendem em seus cursos de formação, e relatam sua indignação: “às vezes é chocante sabe... porque eu tenho contato com escola pública e ela é uma realidade muito... que a gente não tem noção aqui dentro...como a universidade não prepara a gente... porque nunca aqui dentro da universidade alguma professora me disse... “vocês vão se deparar com situações que vocês vão ter que ver... que vocês vão ter que pensar... que vocês vão ter que observar qual a melhor forma”... eu não ia saber... se eu fosse a professora que fosse alfabetizar aquelas crianças... elas iam sair... eu ia reprovar todas na primeira série porque nenhuma ia saber ler... porque eu ia ir pelo método que a universidade me ensinou... e que não ia dar em nada”. Outros ainda desafiam: “quem não conhece... quem ainda não teve a prática... costuma dizer ‘ai... eu vou mudar muita coisa’... só que tu chega na hora... é muito difícil” 10 Essa prática, quando realizada concretamente, apresenta-se sim, repleta de desafios, pois como dito anteriormente, é uma prática realizada com seres humanos em formação, e por isso, “educar educadores desse dever-ser é mais do que dominar técnicas, métodos e teorias, é manter-se numa escuta sempre renovada porque essa leitura nunca está acabada. [...] Um saber pedagógico para ser vivido mais do que transmitido” (ARROYO, 2004, p. 46). E esta aprendizagem pedagógica vai se dando através de muita reflexão, leitura, convívio, diálogo e atenção ao movimento de humanização e afirmação de homens e mulheres. Professores e professoras vamos aprendendo a ser educadores pelo diálogo e interação com as diferentes pessoas, nos diferentes tempos e espaços. Vivendo esse contexto, encarando essas tantas e muitas vezes cruéis realidades que existem em nossa sociedade, percebemos o quanto nossa tarefa de educadores torna-se, de fato, complexa nessa trama de relações que perpassam o ambiente escolar. Isso porque devido a nossa sociedade estar em constante transformação, muitas vezes esquecemos o significado das palavras afeto e diálogo, esquecendo-se assim que somos seres que têm sentimentos próprios. Nesse mundo capitalista, quando não representamos nenhuma forma de lucro para nossa sociedade, muitas vezes somos vistos como “coisas” absolutamente sem importância. Acabamos por nos tornar seres demasiadamente racionais e esquecemos inclusive de manifestar nossas emoções. Nós, seres humanos modernos, do mundo ocidental, vivemos numa cultura que desvaloriza as emoções em favor da razão e da racionalidade. Em conseqüência, tornamo-nos culturalmente limitados para os fundamentos biológicos da condição humana. Valorizar a razão e a racionalidade como expressões básicas da existência humana é positivo, mas desvalorizar as emoções – que também são expressõesfundamentais dessa mesma existência, não o é. (MATURANA; ZÖLLER, 2004, p. 221) Muitos dos acadêmicos envolvidos nessa pesquisa têm noção do quanto esses fatores afetam a vida de nossas crianças, e por isso encaram as práticas humanizadoras como peças-chave para a preservação da vida: “hoje em dia... a educação em si também ela tá voltada muito pro... a sociedade tá muito competitiva... e às vezes a educação... ela se volta muito pra isso e a gente esquece do lado humano... a gente esquece que uma criança... ela tudo bem... ela tem que ser preparada pro futuro... preparada pro mercado... mas ela é humana... ela tem que ser preparada também pra:: cuidar do colega dela... pra amar o colega dela... 11 pra respeitar o colega dela... então eu acho que às vezes... muitas vezes a gente esquece isso... e os professores... eles estão sendo formados pra às vezes esquecer isso e pra ir pro conteúdo direto” . E alguns ainda são bastante radicais: “a gente tá sendo preparado pra ir lá e dar conteúdo”. De fato, a educação não pode mais limitar-se à mera transmissão de conteúdos; não pode ignorar essas tantas crianças e esses tantos adolescentes que vivem sem perspectivas. Por isso, o interesse do educador pelos educando deve ser primeiramente humano; deve estabelecer laços de amizade, de afeto, de confiança e dialogicidade. Afinal, o processo educativo não tem meios de acontecer sem a criação desses vínculos entre professor e aluno, pois, segundo Arroyo (2004, p. 58), “os processos de desumanização a que são submetidos desde a infância levam à perda de horizontes, à perda da vontade de ir além de seus limites. A vontade de ir além como sonho que deveria ser de toda criança, jovem e adulto. Sonhos triturados e abandonados pelas necessidades permanentes da sobrevivência”. Fica muito claro também nas falas de muitos acadêmicos, uma grande preocupação com o futuro da vida humana. Eles têm muito clara a noção de que se não fizermos algo agora por essas milhares de crianças em processo de humanização, que vão à escola com o intuito de “ser mais” (FREIRE, 2005), o futuro da humanidade estará em consonância com a completa desvalorização da vida humana: “eu acho que é muito importante... eu acho assim que as crianças vêm pra escola também querendo o carinho... não só querendo aprender... e muitas vezes eles não têm o carinho que eles procuram na escola... e é isso que a gente como futuras professoras têm que também mostrar... porque uma criança que não tem o afeto ela não vai dar também... e se ela não ter aquele aquele contato do ser humano mesmo... ela não vai dar depois... e aí... o que que vai ser amanhã depois da humanidade se for pensar assim?”. Quando questionados a respeito do “tipo” de professor que eles consideram que serão, a partir da formação que estão recebendo em seus cursos, as opiniões também divergiram: “eu acho que a mais tradicional possível... aquela tipo assim oh... que... exatamente aquela que o curso condena... [...] nas nossas experiências como acadêmica... o que a gente viu... é exatamente o que a gente vai ser se a gente for ver com o curso que a gente teve” . Outros argumentaram “eu acho que eu pretendo ser uma professora... que valorize muito a particularidade de cada aluno... sabe... que tem que valorizar eles como eles são... pretendo também ser muito 12 amiga deles... muito próxima deles... e entender... sabe... ao mesmo tempo... que também tu tem que cobrar... tu tem que ser exigente... mas tem um nível pra isso... tem uma sensibilidade pra isso... eu pretendo ser assim... em uma palavra... uma professora sensível”. Sabemos que não nos constituímos professores apenas no decorrer do Curso de Pedagogia. Trazemos muito de nossas vivências enquanto alunos, de nossos antigos professores; constituímo-nos educadores na pluralidade de dimensões e experiências que acumulamos ao longo da vida enquanto discentes. “Na verdade, não nasci marcado para ser um professor a esta maneira, mas me tornei assim na experiência de minha infância, de minha adolescência, de minha juventude” (FREIRE, 1995, p. 84). Uma das acadêmicas, quando interrogada, comentou: “quando eu penso como é que eu vou ser professora... eu venho... eu trago a minha professora da pré- escola que foi maravilhosa comigo... eu trago a minha professora... sabe... da terceira série que foi maravilhosa comigo... eu trago... dos professores de toda a minha escolarização... e eu acho que eles... eles nos constituem como profissionais sabe... porque são nossas referências... os professores daqui também... eu não posso dizer como eu vou ser... posso dizer como eu pretendo ser”. Entre o processo de ensino-aprendizagem e o processo de aprendermos a ser humanos não há dicotomia; são processos que ocorrem concomitantemente, pois ensinamos e aprendemos na convivência com os demais, e nessa inter-relação também aprendemos a ser humanos através do diálogo, do respeito, da afetividade e amorosidade para com o outro. E são essas as dimensões que juntas formam o processo humanizador, indispensável ao processo educativo. É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade á mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica. (FREIRE, 2005, p. 120) Há, também, diferentes formas de se compreender como se dá esse processo humanizador. Para alguns inclusive, não é possível falar ao mesmo tempo em conhecimento e humanização. Foi diagnosticado, no decorrer dessa pesquisa, que para alguns dos acadêmicos entrevistados, as dimensões humanizadoras 13 correspondem sim ao diálogo, à afetividade, à amorosidade, ao respeito: “eu acho que é justamente isso... é a questão do professor entender o aluno... escutar o aluno... ele ver as necessidades do aluno sabe... porque muitas vezes aquela criança... ela não aprende... simplesmente pela falta de um abraço... de um beijo... de tu chegar e conversar com ela... [...] só conversando mesmo... só no diálogo... só tu tentando te aproximar dos teus alunos que tu vai perceber isso... as particularidades de cada um”. Enquanto isso, outros entendem que humanizar seria apenas aproximar-se do outro, ter mais contato, sem levar em conta as dimensões fundamentais desse processo: “eu acho que agora mais no final do curso... a gente tá vendo isso... porque eu acho que eles ficam mais próximos da gente... até pelo estágio... eu acho que eles ficam mais próximos... eles têm mais contato com a gente... mas no início do curso eu não vi... não vi mesmo... de ter aquela coisa assim de preocupação”. Os atuais e futuros professores precisam ter muita clareza do papel que lhes está sendo posto hoje em uma sala de aula. Estabelecer laços de carinho com os educandos e tratá-los com sensibilidade e respeito se faz essencial se quisermos que o processo de ensino-aprendizagem seja realizado com qualidade, uma vez que essas dimensões têm grande influência no processo educativo. Rossini coloca que “a afetividade é a base sobre a qual se constrói o conhecimento racional” (ROSSINI, 2007, p. 9), e continua dizendo que “a falta de afetividade leva à rejeição aos livros, à carência de motivação para a aprendizagem, à ausência de vontade de crescer. Portanto, uma das nossas máximas é: aprender deve estar ligado ao ato afetivo, deve ser gostoso, prazeroso” (Ibidem, p. 15-16). E isso é também percebido por muitos acadêmicos quando estes citam que (a afetividade) “vai ajudar em tudo... na aprendizagem... o aluno vai ter vontade de ir pra escola... vai ter vontade de aprender”; além disso, “o aluno vai teruma interação maior contigo... porque ele tá vendo que tu tá se importando com ele”. O que a maioria dessas crianças busca na escola é muito mais que conteúdos e matérias; estas desejam encontrar na escola primeiramente um toque, um carinho, um lugar onde olhem em seus olhos e lhe escutem. Talvez o maior desafio que hoje se coloca para a escola e seus profissionais seja o de ser capaz de voltar a seus alunos um olhar mais humano e não tão técnico, de criar um vínculo afetivo entre aqueles que nela estão inseridos, e que formem talvez a “única família” de muitas crianças e adolescentes. 14 O desafio hoje está em pensar e construir uma escola que faça da prática educativa uma ação que humanize esses sujeitos fazendo com que se sintam seres humanos valorizados, amados, “gostando de ser gente” e, ao mesmo tempo que sabendo-se inconclusos, sentindo-se capazes de “ser mais”, em todas as dimensões do humano (FREIRE, 2005). Nesse sentido, Paulo Freire, em seu livro ”Educação e Mudança”, nos coloca que: Não haveria educação se o homem seria um ser acabado (...).O homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento,numa certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão, pode descobrir-se como um ser inacabado, que está em constante busca. Eis aqui a raiz da educação (FREIRE, 1979, p. 27). Esse processo de “ser mais”, de se fazer “mais gente” só pode ser realizado na convivência com outros que aprenderam e vem aprendendo essa difícil tarefa. O que realmente educa as crianças, tornando-as mais humanas, é muito mais do que simples informações. É tudo aquilo que elas vivem e convivem na escola, como as alegrias, as tristezas, as idéias e as experiências que compartilham na interação com os outros, permitindo que estes também as toquem pelos seus sentimentos e vivências. Não se aprende a ser humano se não se puder compartilhar a vida com outros seres humanos. E esse espaço é fundamental que seja proporcionado na escola; sentimentos e emoções não podem ficar no portão na escola, mas tem de ser vividos em toda a sua intensidade. É através dessas experiências que vamos nos constituindo pessoas cheias de vida. Inclusive, O espaço educacional como espaço de convivência na biologia do amor, deve ser vivido como um espaço amoroso e, como tal, no encanto do ver, ouvir, cheirar, tocar e refletir que permite ver, ouvir, cheirar, tocar o que há ali no olhar que abrange o seu meio ambiente e o situa adequadamente. (MATURANA; REZEPKA, 2002, p. 17). Em relação ao fato dos acadêmicos sentirem-se ou não preparados a esses desafios, a maioria sente a necessidade de uma maior preparação: “eu acho que... há uma preparação... mas não uma preparação assim específica... que no caso eu acho que deveria ter uma disciplina... alguma coisa assim mais voltada pra isso... pra trabalhar com a questão da humanização... que muitas vezes assim tu fala... mas no momento de aplicar é deixado de lado... tu não aplica aquilo que tu aprende em sala de aula”. 15 Enquanto isso, muitos afirmam “não... não me sinto (preparado) porque eu acho que eu tive muito embasamento teórico... que às vezes ele foi bem dado e às vezes teve professores que não deram isso muito bem... mas assim... eu não tive uma prática disso... eu não sei como colocar isso em prática”; ou então “o estágio eu ainda posso escolher... ahn... numa escola particular... numa... agora se um dia eu passar num concurso e me colocarem numa escola... sei lá aonde... com sei lá que tipo de criança... eu não vou saber o que fazer... eu não fui preparada pra isso... eu até entendo que a universidade não precisa... não consegue preparar pra tudo... mas eu acho que o... pelo menos uma base ela tem que dar” Há também quem diga que a preparação nunca se acaba: “eu acho que a gente nunca tá preparada... eu acho que a preparação... é no decorrer da tua vivência... da tua vida... da tua maturidade profissional... a gente se considera pessoas preparadas... mas quando nós nos deparamos com situações que nós não conhecemos... que são situações distantes daqui da academia a gente acaba vendo que... estamos despreparados”; e há também quem atribua sua segurança ao fato de já ter atuado em sala de aula: “eu não sei se eu tivesse saído crua da faculdade e entrasse... provavelmente eu teria bastante dificuldade... mas por já ter dado aula quase três anos... hoje me sinto preparada por eu já ter enfrentado... agora uma colega que nunca pisou numa sala de aula... só nos estágios obrigatórios... eu acredito que ela vá ter um pouco de dificuldade”. CONSIDERAÇÕES FINAIS (NUNCA ACABADAS...) Com esta pesquisa podemos concluir que as opiniões dos acadêmicos são bastante divergentes. Alguns acadêmicos se julgam preparados para a prática educativa, enquanto outros mostram muita indignação pelo fato de sentirem-se tão despreparados; e ainda constatou-se que aqueles que se julgam mais preparados já tiveram uma maior experiência docente em salas de aula de Educação Básica. Ao mesmo tempo, enquanto muitos dos pesquisados discorriam sobre o tema com muita clareza e objetividade, outros afirmavam terem sido preparados para desenvolver práticas educativas humanizadoras, porém demonstravam não saber com clareza aspectos importantes sobre o tema em questão, nem sequer citar algum autor importante na área. 16 Pode-se dizer que os acadêmicos reconhecem os desafios que os esperam, reconhecem que o mundo lá fora é sim em grande parte cruel com nossas crianças, porém alguns se preocupam mais, outros menos. Talvez seja hora dos cursos de formação inicial de professores se prepararem mais também para mostrar aos seus acadêmicos a vida como ela é. O fato, que tem que ser percebido por todos e todas comprometidos com o ato educativo, é que temos em mãos a chance de gerar mudanças em nossas escolas e torná-las um espaço de vida no qual todos possam viver e compartilhar suas alegrias e tristezas, no qual todos possam ter a chance de sonhar, de amar, de se emocionar e de ser feliz. Não é tarefa fácil tornar mais humana a vida daqueles que a tanto sofrem por serem humilhados e desprezados, ainda mais se pensarmos no pouco tempo que passamos com eles; no entanto, alguma coisa sempre é possível fazer. Nas palavras de Arroyo (2004, p. 59), como ensinar-aprender a ser humanos os desumanizados? Começar por equacionar pedagogicamente os limites, as possibilidades vividas pelos educandos que temos, não que sonhamos e gostaríamos de ter. Se esses limites raiam as fronteiras da desumanização, entender que a primeira tarefa da escola e nossa tarefa é que o pouco tempo de escola não seja uma experiência a mais de desumanização, de trituração de suas esperanças roubadas de chegar a ser alguém. A escola pode ser menos desumanizadora do que a rua, a moradia, a fome, a violência, o trabalho forçado, mas reconheçamos, ainda, as estruturas, rituais, normas, disciplinas, reprovações e repetências na escola são desumanizadores. A busca por uma educação humanizadora somente se consolidará no momento em que entendermos que a ação educativa não se realiza em sua totalidade sem a presença do domínio afetivo. Humanizar deve ser o objetivo primeiro da escola se quisermos construir um futuro mais digno para essas tantas crianças que hoje vivem sem infância. Não há outra forma de se fazer do mundo um lugar melhor pra se viver se não apostarmos na educação. E essa aposta deve partir de nós, educadores conscientes de nosso papel humano, conscientes de que nossa docência é uma humana docência (ARROYO, 2004). REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. 7. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004. 17 CHALITA, Gabriel. Educação:a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente, 2001. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução: Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martin. 15. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. FREIRE, Paulo. Professora Sim, Tia Não. Cartas a quem ousa ensinar. 11. ed. São Paulo: Olho d'Água, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 31. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. FREIRE, Paulo. Política e Educação. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 1995 (Coleção Questões da Nossa Época, v. 23). HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de ensino e práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. MATURANA, Humberto; REZEPKA, Sima Nisis de. Formação Humana e Capacitação. Tradução: Jaime A. Clasen. 3. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002. ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia Afetiva. 9. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007 SAMPAIO, Dulce Moreira. A pedagogia do Ser: educação dos sentimentos e dos valores humanos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004.