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Classificação dos contratos Prof. Danilo Melo advdanilomelo@gmail.com Quanto aos direitos e deveres: a) Contrato unilateral: apenas um dos contraentes assume deveres em face do outro (Ex.: doação, empréstimo). b) Contrato bilateral ou sinalagmático: quando os contraentes são credores e devedores uns dos outros. (Ex.: compra e venda, troca ou permuta, locação, prestação de serviços, empreitada, transporte, seguro). Atenção: Não confundir com negócio jurídico Todo contrato é negócio jurídico pelo menos bilateral (precisa de pelo menos dois contratantes). Para Clóvis Beviláqua, os contratos bilaterais ou sinalagmáticos são “aqueles em que as obrigações são para ambas as partes contratantes, por cotas iguais ou não”. Orlando Gomes, após relatar que alguns contratos geram obrigações recíprocas, enquanto outros criam obrigações unicamente para uma das partes Por outro lado, outra corrente sustenta que deve haver interdependência recíproca entre as prestações, o que caracterizaria o sinalagma. Logo em seguida, afirma que nesses contratos a obrigação de uma das partes é a razão de ser da obrigação da outra, parecendo adotar a tese do sinalagma. Lembrem-se, para confundir um pouco, que todo contrato traz em si já uma carga de bilateralidade. É que todo contrato já é um negócio jurídico bilateral. Essa bilateralidade refere-se a participação de mais de uma parte, já quanto a classificação diz respeito aos efeitos das obrigações. isto é, o contrato bilateral é aquele que faz nascer obrigações para ambas as partes e obrigações que tenham certa equivalência, certa correspondência. Isso é o que se chama de sinalagma. Para que um contrato seja bilateral, basta que ele faça nascer obrigações equivalentes para ambas as partes. Por sua vez, os contratos unilaterais seriam aqueles dos quais nasce obrigação para apenas uma das partes ou que a obrigação de uma das partes seja insignificante em relação à outra, de modo que não haja uma correspondência. Snalagma: É aquele em que a prestação de uma das partes é a causa da prestação da outra parte (causalidade das prestações). Obs: Doação com ônus é contrato unilateral, porque a causa não é uma contraprestação e sim uma liberalidade, portanto, apesar de ter prestação para ambas as partes não tem sinalagma. -Exceção de contrato não cumprido: só cabe nos contratos bilaterais Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar- se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. -Para ser bilateral é necessário haver equivalência econômica razoável, Ex.: Não pode haver um contrato de compra e venda de um imóvel por R$ 1,00 onde a média seria de R$ 200.000,00, se trata de uma doação e não de uma compra e venda. Quanto ao sacrifício patrimonial: a) Contratos onerosos: são os que trazem vantagens para ambos os contratantes. (Ex.: compra e venda) b) Contratos gratuitos: oneram somente uma das partes: (Ex: doação pura e simples). A onerosidade de um contrato se faz presente quando se exige um sacrifício de uma parte para que possa exigir a obrigação da outra. Note- se que não é necessário que esse sacrifício alcance equivalência, correspectividade, correlação com a obrigação da outra, pelo que pode haver um sacrifício exigível para uma parte que não torne o contrato bilateral, exatamente porque para a bilateralidade do contrato se exige a correlação, equivalência. Deve haver atenção para que não se confunda, como parecem fazer vários autores, a onerosidade de um contrato e a sua bilateralidade. Esta é caracterizada pela correspectividade das prestações, das obrigações nascidas do contrato; aquela carece dessa correspectividade. Assim, o contrato de doação onerada com encargo é um contrato oneroso, pois o donatário tem que realizar um sacrifício para obter o benefício que advém da liberalidade do doador, mas não um contrato bilateral, já que as prestações não são equivalentes. Os negócios gratuitos com fraude a credores podem ser anulados (Ação Pauliana), pode ser anulado também nos onerosos, porém se é gratuito não precisa mostrar a má-fé do donatário (art.158 e 159). Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. § 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. § 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato: a) Contratos consensuais: se aperfeiçoam pela simples manifestação da vontade (Ex.: compra e venda, doação, locação, mandato). b) Contratos reais: são aqueles que se aperfeiçoam com a entrega da coisa Ex: Mútuo (empréstimo de bem fungível), Comodato (empréstimo de bem infungível) e Depósito. No contrato de mútuo transfere a propriedade do bem, pode inclusive destruir, usar etc. (ex. dinheiro.). No contrato de comodato se transfere a posse. Quanto ao risco da prestação: a) Contrato comutativo: quando as partes já sabem quais são as prestações, as partes conseguem antever os efeitos que serão produzidos. (Ex.: compra e venda onde os contratantes já sem qual a coisa a ser entregue e o preço a ser pago). b) Contrato aleatório (vem de álea que significa sorte).: A prestação de uma das partes não é conhecida no momento da celebração, pois vai depender da sorte é um fator desconhecido. (Ex.: contrato de seguro, jogo e aposta). -Jogo é o contrato em que duas ou mais pessoas prometem, entre si, pagar certa soma aquela que conseguir um resultado favorável de um acontecimento incerto. -Aposta é a convenção em que duas os mais pessoas de opiniões discordante sobre qualquer assunto prometem, entre si, pagar certa quantia ou entregar determinado bem aquela cuja opinião prevalecer em virtude de um evento incerto. Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. -O contrato acidentalmente/atipicamente aleatório é aquele que é naturalmente comutativo, mas em razão de uma circunstância específica passa a ser aleatório. Ex: o contrato de compra e venda em regra é comutativo, mas é aleatório no caso de coisa futura (colheita) ou de coisa exposta a risco. Contrato de compra e venda de coisa futura Risco total Emptio Spei : assume o risco da própria existência (tem que pagar mesmo se não receber nada) Risco parcial Emptio Rei Speratae: risco pela quantidade. risco total Emptio Spei risco parcial Emptio Rei Speratae Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Já o contrato de compra e venda exposta a risco ocorre quando, por exemplo, se comprar objeto frágil de outro continente, vindo a navio exposto a risco de se deteriorar. Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. Quanto a previsão legal: a) Contratos típicos: são aqueles regulados por lei (Ex.: doação, troca, compra e venda etc.). b) Contratos atípicos: aqueles que não encontram previsão legal (Ex.: contratos eletrônicos, de garagem etc.). Contratos de adesão e contratos de consumo: -Com a evolução social passou a se exigir uma maior celeridade e intensidade das relações sociais. -Contratos de adesão é aquele que não resulta do livre debate entre as partes, mas provem do fato de uma delas aceitar tacitamente cláusulas. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. -Contrato de adesão é aquele em que uma parte, impõe o conteúdo, restando a outra parte, duas opões: aceitar ou não. Art. 54. do CDC Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. -O artigo 54 do CDC reforça a idéia da função social dos contratos e da boa-fé objetiva. diferença de contrato de consumo e contrato de adesão. -Contrato de adesão as cláusulas contratuais são pré-dispostas por uma das partes. -Nem todo o contrato de consumo é de adesão, nem todo o contrato de adesão é de consumo. Ex. O consumidor vai a uma loja e discute preço, data de entrega e outras cláusulas contratuais é contrato de consumo mas não de adesão. -Consumidor é aquele que for destinatário final do produto. Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Continuação classificação dos contratos - Quanto a formalidade. -Forma é o conjunto de solenidades, que se deve observar, para que a declaração da vontade tenha eficácia jurídica. É a exteriorização da declaração de vontade (Clóvis Beviláqua). -Em regra o contrato não precisa de formalidade. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Quanto a independência dos contratos: -Independentes: Existem por si só. -Acessório: a validade depende de outro contrato principal, Ex.: contrato de fiança no contrato de locação. Sendo nulo o contrato principal, nulo será o acessório, já o que ocorre no acessório não repercute no principal. -Existem ainda os contratos coligados. Quanto ao momento do cumprimento: a) Instantâneos :aperfeiçoamento e cumprimento imediato. b) De execução diferida: de execução previsto de uma vez só no futuro (Ex. compra e venda com cheque pré-datado). c) De execução continuada (parcelado) Quanto a pessoalidade: a) personalíssimo ou intuitu personae: a pessoa do contraente é de terminante na sua conclusão, não se transmite nem pelo falecimento da parte. Ex.: fiança. b) impessoais: a pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a conclusão do negócio EXEMPLOS Características do contrato de compra e venda: 1) Bilateral – cria obrigações para ambos os contratantes, que são ao mesmo tempo credores e devedores 2) Oneroso – ambas as partes auferem vantagens patrimoniais. 3) Pode ser comutativo (objeto certo) ou aleatório (objeto incerto). 4) Pode ser consensual ou solene. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TROCA 1) Bilateral – cria obrigações para ambos os contratantes, que são ao mesmo tempo credores e devedores 2) Oneroso – ambas as partes auferem vantagens patrimoniais. 3) comutativo (objeto certo) 4) Pode ser consensual ou solene. Doação: É contrato unilateral (apesar de reclamar duas declarações de vontade existe apenas um devedor),formal (exceção de bens moveis de pequeno valor), gratuito.
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