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Atividade Física e Saúde

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1
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Graduação
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
25
U
N
ID
A
D
E 
2
INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO
COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
Nesta unidade estudaremos a bases epidemiológicas da atividade física
relacionada à saúde e contextualizaremos o sedentarismo e a obesidade
enquanto problema de saúde pública. Identificaremos também a influência
destes fenômenos com o surgimento das doenças crônicas mais comuns.
OBJETIVO DA UNIDADE:
• Conhecer a epidemiologia enquanto ciência.
• Analisar os aspectos teóricos e metodológicos da epidemiologia
da atividade física.
• Contextualizar sedentarismo e obesidade como problemas
epidemiológicos, identificando sua influência no surgimento das
doenças crônicas degenerativas.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Conceito e a abrangência do termo epidemiologia.
• Epidemiologia da Atividade Física e sua relação com o
sedentarismo e a obesidade.
• Composição corporal, sobrepeso e obesidade.
• Influência do sedentarismo e da obesidade no surgimento das
doenças crônicas.
Bons estudos!
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
26
Prezado aluno, você já estudou os conceitos de saúde, atividade física
e qualidade de vida. Pode perceber, mesmo que de forma introdutória, o
papel da atividade física na melhoria
destes aspectos estudados. Conheceu
também as principais componentes da
aptidão física relacionada à saúde. E
agora vamos estudar a inserção da
atividade física nos problemas
epidemiológicos e seu papel no combate
ao sedentarismo e a obesidade.
Fenômeno recente que deu grande
status a Educação Física. Você vai
entender como isso aconteceu. Então,
vamos em frente.
CONCEITO E A ABRANGÊNCIA DA EPIDEMIOLOGIA
Conhecida como a ciência que busca investigar e quantificar os vários
fatores que determinam a ocorrência e os padrões das doenças dentro de
um determinado grupo ou comunidade, a epidemiologia busca generalizar
estas informações para uma população maior, a fim de compreender melhor,
modificar ou controlar o padrão das doenças ou problemas de saúde
(McARDLE; KATCH; KATCH, 1998).
O termo epidemia remonta à Grécia antiga e significa, em linhas gerais,
doença que surge em um determinado local ou região e acomete rapidamente
e simultaneamente um grande número de pessoas. Já o termo epidemiologia
aparece pela primeira vez em um texto espanhol sobre a peste no século
XVI e também, em linhas gerais, significa o estudo do que afeta a população
(PEREIRA, 2002).
Compete, então, à Epidemiologia,
estabelecer a magnitude de um dado
problema de saúde, identificar os fatores
causadores deste problema, as formas
pelas quais esses fatores são
transmitidos e, ainda, desenvolver
bases científicas para implementação de
ações preventivas. Sendo assim,
podemos destacar a epidemiologia
descritiva que tem como preocupação o
acompanhamento da ocorrência de
algumas doenças, correlacionando-as a
dados como: idade, sexo, etnia,
ocupação profissional, classe social e localização geográfica.
Estudos sobre a epidemiologia associam o seu surgimento aos escritos
vinculados a Hipócrates. Foi no século XIX que se estabeleceram as bases
da epidemiologia moderna, pois nessa época com o advento da revolução
industrial, as cidades cresceram e se agravaram as doenças oriundas da
Hipócrates (460-377 a.C.)
- grego que é considerado o
pai da medicina.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
27
falta de saneamento, surgindo, assim, a era das doenças infecciosas, que
perdurou até meados do século XX. Entre os vários objetos de estudo da
epidemiologia o processo saúde-doença, suas causas e determinantes,
configuram-se como os principais (PITANGA, 2004).
Nesta perspectiva precisamos entender também a relação entre taxa
de morbidade e mortalidade (morbimortalidade). A taxa de morbidade
expressa o número de casos de doenças não-fatais em uma dada população
de risco durante um determinado tempo. Por exemplo: a incidência de caso
de hipertensão em brasileiros do sexo masculino com mais de 50 anos e IMC
maior que 35 kg/m2, entre as décadas de 80 e 90.
Já a taxa de mortalidade expressa a incidência de óbitos em uma dada
população durante determinado período de tempo. Pode ser apresentada
de forma total (todas as causas) ou específica (relativa a uma determinada
doença quando comparada com as outras). Por exemplo: mortes entre
brasileiros do sexo masculino hipertensos com mais de 50 anos e IMC maior
que 35 kg/m2, entre as décadas de 80 e 90.
A partir da década de 60 no Brasil observou-se uma transição
epidemiológica, a exemplo do que já acontecia em outros países
industrializados, assim o perfil epidemiológico começou a mudar. As doenças
transmissíveis deixaram de ser a primeira causa de morte para dar lugar às
doenças crônicas não-transmissíveis, em especial, as cardiovasculares.
Na figura abaixo podemos entender melhor esta transição.
Mortalidade Proporcional Segundo Grupos de causas selecionadas em
capitais brasileiras, entre 1930 a 1994
DIP Doenças Infecto-parasitárias; DCV Doenças Cardiovasculares; NEO
Neoplasias; CE Causas Externas. (BARBOSA; BARCELO; MACHADO,
2001. p. 325).
Começava, então, a era das doenças crônicas, aquelas denominadas
“não-transmissíveis” ou degenerativas, o que fez crescer bastante a
preocupação com os fatores de riscos, que de forma isolada ou associada,
predispunham as pessoas às doenças e a conseqüente morte.
IMC: O Índice de Massa
Corporal (IMC), ou sim-
plesmente índice de
Quetelet é igual a divisão
da massa corporal (kg) pela
estatura em metro elevado
ao quadrado (kg/m²). Tem
sido bastante utilizado em
estudos nacionais e inter-
nacionais, que buscam
monitorar o estado de nu-
trição e crescimento sadio
(obesidade x desnutrição).
O IMC pode classificar o
avaliado em condição de
baixo peso (<18,5), faixa
normal (18,5 - 24,9),
sobrepeso (³ 25), obeso I
(30 - 34,9), obeso II (35 -
39,9), obeso III (> 40).
Fatores de riscos: são vári-
os os fatores de riscos para
o desenvolvimento de do-
enças crônicas. Mas pode-
mos organizá-los em dois
grandes grupos: os ligados
aos fatores biológicos e os
ligados aos fatores
comportamentais. Este úl-
timo recebe status, pois
está diretamente ligado ao
estilo de vida das pessoas,
assunto já estudado antes,
lembra?
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
28
Este fenômeno social ficou conhecido como transição epidemiológica
e caracterizou-se especialmente pela queda da taxa de mortalidade, pelo
aumento da expectativa de vida ao
nascer, pelo conseqüente
envelhecimento da população e,
principalmente, pela mudança do padrão
nosológico que passou a apresentar
uma predominância das doenças
crônicas não-transmissíveis em
detrimento das doenças infecto-
contagiosas. Tudo isso desencadeou a
necessidade de diálogo entre os
especialistas das diversas áreas de
conhecimento, buscando a compreensão
dos novos problemas para a elaboração
de programas mais eficazes de combate
a estas doenças.
Nesta época o sedentarismo e as demais atitudes negativas para a
saúde começam a merecer mais atenção dos organismos governamentais
no Brasil e no resto do mundo.
Este problema também vem sendo tratado com muito cuidado e
empenho na União Européia (U.E.), através de programas como o Health-
Enhancing Physical Activity (HEPA) de promoção da saúde, que tem como
estratégia o monitoramento e o fomento às atividades físicas e desportivas.
Percentual de adultos fisicamente inativos durante uma semanatípica:
(FOSTER, 2000 p. 7).
Nosológico: referente à
nosologia, que representa o
estudo das moléstias.
Comportamento positivo
com a saúde: está relacio-
nado aos bons hábitos ali-
mentares, ao controle do
estresse, ao não-tabagismo
e ao menor consumo de be-
bidas alcoólicas, controle da
composição corporal e, ob-
viamente, ao aumento do
gasto energético através
das atividades físicas regu-
lares.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
29
Podemos perceber que dentre as comunidades monitoradas pela U.E.
a Finlândia se destaca como a mais ativa e Portugal como a mais sedentária
com valores próximos aos encontrados no Brasil.
EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O
SEDENTARISMO E A OBESIDADE
Em nosso país, estima-se que cerca de 70% da população apresente
um estilo de vida sedentário.
Como você pode observar este quadro predispõe nosso povo às
mazelas oriundas deste estilo de vida, especialmente, no que concerne à
predisposição elevada aos fatores de riscos para as doenças crônicas não-
transmissíveis, com destaque para as cardiovasculares, colocando o
sedentarismo como problema de âmbito epidemiológico e,
conseqüentemente, problema de saúde pública (BRASIL, 2001).
Verificamos claramente que a cada dia que passa diminuímos nossos
movimentos seja nos serviços domésticos, no trabalho ou nos momentos
de lazer. Isto tem influenciado na diminuição do gasto energético, que, por
conseguinte, tem repercutido no aumento da epidemia de obesidade. Este
fenômeno tem sido potencializado, entre outros aspectos, pela insegurança,
pela falta de um ambiente propício para a prática de atividades físicas e
pelo advento tecnológico. A atividade física vem diminuindo gradativamente
entre as pessoas e este fenômeno não poupa nem os mais jovens que
estão cada vez mais expostos ao lazer sedentário, passando longas horas
do dia em frente à TV, aos computadores e/ou aos jogos eletrônicos. Afinal,
quem não gosta de descansar um pouquinho? O problema é o exagero.
Cuide-se!
Pelo exposto, podemos definir que a epidemiologia da atividade
física busca aplicar as estratégias gerais das pesquisas epidemiológicas
no entendimento da relação entre o estilo de vida e processo saúde/
doença.
Observamos que há uma forte relação entre epidemiologia da
atividade física, saúde e qualidade de vida, em que a associação da atividade
física com a saúde vem determinando a mudança de hábitos e atitudes
levando as pessoas a um comportamento positivo com a saúde.
Comportamento positivo
com a saúde: está relacio-
nado aos bons hábitos ali-
mentares, ao controle do
estresse, ao não-tabagis-
mo e ao menor consumo de
bebidas alcoólicas, contro-
le da composição corporal
e, obviamente, ao aumento
do gasto energético atra-
vés das atividades físicas
regulares.
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
30
Este comportamento positivo desencadeia outros comportamentos
saudáveis que, por sua vez, melhoram e aumentam a qualidade e a
expectativa de vida.
É fácil encontramos na literatura
resultados de investigações que evidenciam
a forte contribuição positiva do treinamento
com exercícios envolvendo resistência
aeróbia, resistência muscular, flexibilidade e
força, no combate às doenças crônicas. Nesta
linha de pensamento, deve-se dar ênfase ao
autogerenciamento da atividade física e à
mudança do estilo de vida sedentário para o
ativo, objetivando que esta mudança seja
para toda a vida.
Renomados pesquisadores vinculados
ao Colégio Americano de Medicina do Esporte
publicaram um consenso sobre a atividade física no combate as doenças
cardiovasculares, em que ficou definido que todas as pessoas deveriam
envolver-se em atividades físicas de moderada a intensa (60-80% da
freqüência cardíaca máxima) de forma a acumular pelo menos 30 minutos
diários, preferencialmente, todos os dias da semana (PATE, et. al., 1995).
Não podemos falar de epidemiologia da atividade física sem citar os
estudos clássicos de Morris e Raffer, tão amplamente citados na literatura,
publicados no início da década de 50. Estes pesquisadores puderam constatar
a íntima relação entre sedentarismo e doenças cardiovasculares, através
de investigações com indivíduos que, no seu cotidiano profissional, eram
mais ou menos ativos. Eles investigaram dois grupos de profissionais da
mesma área, mas de atividades distintas, a exemplo dos carteiros que
caminhavam e/ou pedalavam e seus colegas dos serviços burocráticos, como
também, entre os cobradores que subiam e desciam diariamente as escadas
dos ônibus londrinos de dois andares e seus colegas motoristas que
passavam o mesmo tempo dirigindo. Fica fácil imaginar os resultados destes
estudos, pois a incidência de doenças era muito maior entre os trabalhadores
cuja atividades despedia pouca energia.
Posteriormente, aos estudos de Morris e Raffer, outro clássico foi
apresentado à comunidade científica da área, apresentado pelo Dr.
Paffenbarger e seus colaboradores. Este estudo envolveu 16.936 ex-alunos
de Harvard e ratificou os achados de Morris, demonstrando que um gasto
energético voluntário igual ou superior a 2.000 Kcal por semana estaria
relacionado a uma menor incidência de morte por todas as causas,
especialmente, por problemas cardiovasculares.
Encontramos vasto material na literatura que confirmam a atividade
física como um importante fator de melhoria da saúde e da longevidade,
diminuindo os riscos para doenças coronarianas (PAFFENBARGER, HYDE &
WING, 1986; PAFFENBARGER & LEE, 1996).
Gasto energético voluntário:
são as atividades físicas que
realizamos voluntariamente
além daquelas necessárias
para nossa sobrevivência.
Como por exemplo: ir a pa-
daria caminhando em vez de
ir de carro, subir as escadas
do prédio em vez de ir pelo
elevador, ou seja, estão li-
gadas ao quanto somos ati-
vos nos dias da semana. In-
clui-se aí atividades espor-
tivas e recreativas.
Kcal: É uma unidade de me-
dida de energia que equivale
a quantidade de calor neces-
sária para se elevar em um
grau centígrado um grama de
água. Na nossa área é im-
portante sabermos que para
reduzirmos um grama de gor-
dura corporal, precisamos
“queimar” 7,7 Kcal. Assim,
um gasto voluntário superi-
or a 2.000 Kcal reduziria
aproximadamente 260 gra-
mas de gordura corporal.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
31
Dentre os vários problemas desencadeados pelo estilo de vida negativo
e o sedentário, temos o aumento da obesidade. Este fenômeno será melhor
entendido no próximo tópico de estudo.
COMPOSIÇÃO CORPORAL, SOBREPESO E OBESIDADE.
Vários estudiosos e institutos de pesquisa confirmam que a epidemia
de obesidade tornou-se um dos principais desafios de saúde pública, em
que o principal objetivo é tentar prevenir o previsível aumento da prevalência
de diversas doenças degenerativas, especialmente, as cardiovasculares e
metabólicas.
Como já estudamos antes, a
preocupação em determinar a
composição corporal surge da
necessidade de melhor entendermos a
distribuição e a quantificação dos
principais componentes estruturais do
corpo, principalmente, a massa
muscular e a massa gorda. Do ponto
de vista da saúde, ao acompanharmos
esta última componente, precisamos
monitorar suas concentrações e
distribuição. Vamos ver porquê.
A preocupação com o sobrepeso
e a obesidade torna-se legítima quando
observamos os resultados de pesquisas longitudinais (1960 a 1991)
realizadas nos Estados Unidos. Nesta pesquisa ficou constatado um aumento
notável de sobrepeso durante a última década, o que fez o governo norte-
americano projetar, através do Programa “Pessoas Saudáveis 2000” (Health
People 2000), a reduçãodo sobrepeso nos adultos. A prevalência da
obesidade juvenil aumentou nos Estados Unidos em mais de 20% nas duas
últimas décadas, principalmente, entre hispânicos e meninas afro-americanas,
reforçando a tese de que este fenômeno tem relação direta com os baixos
níveis socioeconômicos. Situação que também observamos aqui no Brasil,
onde as classe populares apresentam maior nível de sobrepeso e obesidade.
Pesquisas recentes publicadas pelo IBGE dão conta de que 38,6
milhões (40%) dos brasileiros adultos, estão acima do peso ideal (IMC entre
25 – 29 kg/m2 ), deste contingente, 10,5 milhões são considerados obesos
(IMC e” 30 kg/m2 ). A divulgação dos resultados da POF trouxe à tona um
fato curioso, se não para os especialistas da área, ao menos para a maioria
dos brasileiros, de que não somos um país de desnutridos, mas, ao contrário,
de obesos. Exatamente no momento em que os esforços do Governo Federal
se concentravam no combate à fome através do Programa “Fome Zero”.
A pesquisa destaca também que a desnutrição diminuiu em nosso país.
Entre 1974 e 1975, 7,2% da população masculina e 10,2% da população
feminina sofriam com o baixo peso (desnutrição). Em 1989 estes números
Pesquisas longitudinais:
pesquisas longas em que
o resultado encontrado
apresenta mais
confiabilidade e respeito.
IBGE: Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
POF: Pesquisa de Orça-
mentos Familiares, realiza-
da entre 2002-2003 e di-
vulgado pelo IBGE em dez.
2004.
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
32
mudaram para 3,8 e 5,8%, respectivamente, e mais recentemente (2002-
03), estas taxas ficaram entre 2,8 e 5,2% (RADIS, 2005).
Projeções da OMS para o ano de 2025 já apontavam que o Brasil
entraria no rol dos países considerados obesos, porém os resultados
divulgados na 2ª parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares divulgada
pelo IBGE antecipam estas previsões.
Já podemos considerar o Brasil um país com alto nível de sobrepeso e
obesidade!
Quanto à distribuição da gordura corporal, temos dois modelos
tradicionalmente conhecidos: o andróide, modelo predominantemente
masculino, em forma de maçã com concentração de gordura no tronco e
abdómen e o ginóide, modelo
predominantemente feminino, em forma
de pêra com concentração de gordura
nos quadris e nas coxas. Em termos de
risco à saúde, o tipo andróide está mais
associado às doenças cardiovasculares
(Howley e Franks, 2000).
Destacamos que a gordura
visceral, localizada no abdômen e no
tronco, tem maior relação com o
desenvolvimento de doenças crônicas.
É importante salientarmos que
assim como o excesso de gordura
corporal pode ser prejudicial à saúde, sua
escassez pode comprometer o bem-estar das pessoas especialmente de
jovens iniciando a fase de maturação sexual principalmente quando nos
referimos à gordura essencial responsável pelo bom funcionamento fisiológico
e à gordura de reserva responsável, entre outros fatores, pela proteção
aos órgãos internos de possíveis traumatismos. Para o sexo feminino a
demanda de gordura é relativamente maior que para o sexo masculino;
conhecida como gordura específica, estes depósitos adicionais nas mulheres
estão biologicamente associados à procriação e ao bom funcionamento dos
hormônios (McARDLE, KATCH & KATCH, 1998).
É por esse motivo que as mulheres sempre apresentaram, em média,
uma maior concentração de gordura quando comparadas aos homens.
A boa notícia em tudo isso é que a atividade física sistematizada e
regular, aliada a uma reeducação alimentar, pode trazer bons resultados no
combate e, principalmente, na prevenção do sobrepeso e da obesidade. O
maior beneficio da atividade física reside na capacidade para mobilizar e
metabolizar gordura, bem como diminuir os níveis de gordura (triglicérides e
colesterol) circulantes no sangue.
Mas, é importante destacarmos que a puberdade representa o principal
período etário na definição da composição corporal principalmente quando
nos referimos ao risco desses adolescentes tornarem-se adultos obesos.
Puberdade: período de ado-
lescência em que acontece
a principal fase de
maturação sexual já abor-
dado na unidade 1.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
33
Intervenções positivas durante este período podem reduzir este risco em
cerca de 30 a 45% (GUEDES & GUEDES, 2006).
Isto demonstra que as tentativas de se instalar hábitos de estilo de
vida saudáveis devem começar o mais cedo possível, pois serão sempre
mais eficazes nesta fase que na fase adulta. Veja só a responsabilidade do
profissional de Educação Física com este problema. Que outro profissional
teria mais facilidade de estimular a juventude a aderirem ao estilo de vida
ativo?
Vamos entender um pouco
do que acontece a nível celular.
As células adiposas que são
formadas ainda no período fetal podem
aumentar de tamanho a qualquer
momento do nascimento até a morte.
Cientistas acreditam que a manutenção
de um conteúdo baixo de gordura
corporal total durante o período inicial
do desenvolvimento reduz a quantidade
geral de células adiposas, diminuindo,
em muito, a obesidade na vida adulta.
Aparentemente, quando as células
adiposas tornam-se cheias de gordura,
desencadeiam a criação de novas células adiposas (WILMORE & COSTIL,
2001).
Em geral, o excesso de peso e de gordura corporal nesta fase é
identificado como precursor de inúmeros fatores de riscos que levam a
disfunções crônico-degenerativas em idades mais avançadas, elevando os
índices de morbidade e mortalidade. O traço mais característico do jovem
obeso é sua hipoatividade, que, num ciclo vicioso, deixa-o desmotivado para
as práticas esportivas, tornando-o cada vez mais hipoativo.
Período fetal: vida intra-
uterina, quando ainda so-
mos apenas um feto em for-
mação.
Hipoatividade: pouca ou ne-
nhuma atividade física vo-
luntária. Só para lembrá-lo,
atividade física voluntária é
aquela que fazemos além
das atividades extrema-
mente necessárias.
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
34
Então, vamos movimentar essa juventude!
Vamos resumir! Para que a pessoa possa permanecer dentro da faixa
ideal de percentual de gordura, deve equilibrar o consumo dietético de
calorias com o gasto energético, através do equilíbrio da balança calórica.
Essa idéia da balança calórica facilita muito nosso entendimento, quando
queremos perder peso a balança tem que ficar negativa (diminui o consumo
calórico e aumenta o gasto energético) e para ganharmos peso ela deve
ficar positiva (aumenta o consumo calórico e diminui o gasto energético).
Entendeu?
INFLUÊNCIA DO SEDENTARISMO E DA OBESIDADE NO SURGIMENTO DAS
DOENÇAS CRÔNICAS.
Quando recorremos à literatura, verificamos que os baixos níveis de
atividade física, associados à obesidade e ao estilo de vida negativo,
configuram-se como importantes fatores de risco para o desenvolvimento
de doenças crônicas. Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS
(2004), as doenças crônicas não transmissíveis aumentaram rapidamente
em escala mundial. Em 2001, estas doenças foram responsáveis por 47%
da carga mundial de mortalidade, constituindo-se num grande desafio para
a saúde pública mundial. Esta entidade tão respeitada informou que são
poucos os fatores de risco importantes que influenciam na morbimortalidade
geral para as doenças não-transmissíveis, destacando:
• a hipertensão arterial;
• a hipercolesterolemia;
• a pouca ingestão de frutas e hortaliças na dieta diária;
• o excesso de peso e a obesidade;
• a falta ou a pouca atividade física diária; e
• o consumo de tabaco.
Podemos observarque cinco dos seis fatores aqui apontados estão
estreitamente associados à má alimentação e ao sedentarismo. É possível
imaginarmos inclusive que até o tabagismo diminua à medida que a pessoa
adote um estilo de vida mais ativo.
No Brasil, como já foi possível observar,
o sedentarismo já é considerado um dos
principais inimigos da saúde pública e está
presente em cerca de 70% da população,
sendo responsabilizado por 54% do risco de
morte por infarto e por 50% do risco de morte
por derrame cerebral.
Estes dados já seriam mais que
suficiente para justificarmos uma ação
coletiva em prol do combate ao
sedentarismo, mas é sempre bom reforçá-
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
35
los. Veja as recomendações da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
– SBME para o combate ao sedentarismo junto aos mais jovens e entenda
melhor a responsabilidade do profissional de Educação Física neste processo.
Para SBME as atividades físicas e esportivas devem ser consideradas
prioridade para crianças e adolescentes, desta forma destaca:
1 – Os profissionais da área de saúde devem combater o
sedentarismo na infância e na adolescência, estimulando a
prática do exercício físico no cotidiano e/ou de forma estruturada
através de modalidades desportivas, mesmo na presença de
doenças, visto que são raras as contradições absolutas ao
exercício físico;
2 – Os profissionais envolvidos com crianças e adolescentes que
praticam atividade física devem priorizar seus aspectos lúdicos
sobre os de competição e evitar a prática em temperaturas
extremas;
3 – A educação física escolar bem aplicada deve ser considerada
essencial e parte indissociável do processo global de educação
das crianças e adolescentes (LAZZOLI et. al., 1998).
Sendo assim, parece-nos óbvio que a responsabilidade de elevarmos
os níveis de atividade física e saúde em nossa população e em especial
junto aos mais jovens, não pode ser entendida como uma ação isolada do
professor de Educação Física, dos pais ou até mesmo das instituições
governamentais e não-governamentais. Estas ações devem buscar a parceria
de todos para reversão dos atuais quadros de baixa atividade física da
população brasileira.
Então, mãos à obra e vamos estudar um pouco mais para melhoramos
nossa ação profissional.
Nesta unidade você estudou sobre a epidemiologia e sua relação com
o estilo de vida sedentário e a obesidade, que deu origem a uma área de
estudo conhecida como epidemiologia da atividade física. Viu, ainda, que
estes fatores quando associados podem predispor o surgimento de algumas
doenças crônicas, são o que chamamos de fatores de riscos associados, que
serão melhor estudados na próxima unidade.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as
respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Na próxima unidade, estudaremos também algumas doenças crônicas
relacionadas à obesidade e ao estilo de vida sedentário, sua etiologia e
relação com a atividade física. Mas, antes, vamos ver o que você aprendeu.

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