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RelatorioPlanoAula (29)

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DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 7
Introdução aos Regimes de Bens
Tema
Introdução aos Regimes de Bens
Palavras-chave
Objetivos
1. Identificar os principais efeitos patrimoniais do casamento.
 
2. Conceituar regime de bens e identificar sua natureza jurídica.
 
3. Contextualizar os princípios que se aplicam aos regimes de bens.
 
4. Identificar e compreender as limitações patrimoniais impostas às pessoas casadas.
 
5. Compreender o alcance e os efeitos do pacto e das doações antenupciais.
Estrutura de Conteúdo
1. Efeitos patrimoniais do casamento.
a. Conceito de regime de bens
b. Natureza jurídica dos regimes de bens
 
2. Princípios aplicáveis aos regimes de bens
a. Da liberdade de escolha (art. 1.639, CC).
b. Da variedade de regimes (art. 1.639, CC).
c. Da mutabilidade motivada ou justificada (art. 1.639, §2º., CC).
 
3. Limitações patrimoniais
a. Art. 1.641, CC ? regime de separação obrigatória de bens.
b. Arts. 1.642 a 1.644, CC ? atos que independem da anuência do consorte.
c. Arts. 1.647 a 1.650, CC ? atos que dependem da anuência do consorte.
d. Art. 1.651, CC ? administração dos bens por um dos cônjuges.
 
4. Pacto Antenupcial
a. Conceito (art. 1.653, CC)
b. Características e efeitos (arts. 1.653 a 1.657, CC).
 
5. Doações antenupciais
a. Conceito (art. 546, CC) e efeitos.
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo será trabalhado em uma única aula, podendo o professor dosá-lo de acordo com as 
condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. 
 
Destacou-se na semana anterior que inúmeros são os efeitos sociais, pessoais e patrimoniais do 
casamento. Estudados os primeiros, passa-se na presente aula ao estudo dos efeitos patrimoniais, 
decorrentes, também do caráter indiviso da comunhão plena de vida (art. 1.511, CC) cujas conseqüências 
são, portanto, inseparáveis do matrimônio. 
 
Neste sentido, afirmam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 204) que ?o aspecto 
patrimonial das relações matrimoniais nada mais é do que a natural consequência das múltiplas relações 
travadas pelos consortes entre si e com terceiros. É que a entrega de um cônjuge ao outro ? reflexo 
intuitivo do afeto que os entrelaça ? também implica uma plena comunhão de vida, alcançando situações 
econômicas. Nas palavras oportunas de Diogo Leite de Campos, não se pode olvidar que ?a comunhão de 
vida introduz necessariamente nas relações patrimoniais ingredientes que não existiriam entre duas 
pessoas absolutamente estranhas??. 
 
Não há dúvidas, portanto, que a comunhão de vida estabelece, também, uma comunhão de interesses 
econômicos, que devem ser permeados pelos princípios da dignidade da pessoa humana[1]1, da 
autonomia privada, da igualdade e da solidariedade social.
 
O regime de bens do casamento é o estatuto patrimonial das pessoas casadas (Eduardo de Oliveira Leite, 
2005, p. 295) destinado não só a regular os efeitos econômicos (ativos e passivos) do casamento entre os 
consortes, bem como, destes em face de terceiros. Portanto, o regime matrimonial é um conjunto de 
normas de ordem pública que disciplina a organização econômica do casamento.
 
O Código Civil adotou o princípio da variedade de regimes prevendo como ?standards?: a comunhão 
parcial; a comunicação universal; a separação (legal e convencional de bens) e a participação final nos 
aquestos[2]2 (este último, novidade do CC/02). Embora tenha previsto alguns regimes, o legislador não 
retirou dos consortes o exercício da autonomia privada (exceto nas hipóteses do art. 1.641, CC), 
autorizando que façam estipulações de cunho econômico diversas no pacto antenupcial e deferindo-lhes 
a possibilidade de compor regimes mistos (arts. 1.639 e 1.640, parágrafo único, CC). O sistema que 
permite a livre escolha dos regimes é, por óbvio, o que melhor se coaduna aos interesses dos cônjuges e 
as tendências da sociedade contemporânea por sua simplicidade, conferindo aos nubentes o direito de 
eleger o regramento econômico que melhor lhes aprouver por meio de pacto antenupcial (art. 1.653, CC).
 
O regime de bens passa a vigorar a partir a celebração do casamento, independente se se refere ao 
regime legal ou ao escolhido em pacto antenupcial (art. 1.639, §1º., CC). É, portanto, vedada qualquer 
estipulação que determine a eficácia do regime jurídico antes da celebração do casamento.
 
Outro princípio adotado pelo Código Civil vigente é o da mutabilidade motivada (ou justificada) do 
regime de bens que pode ser exercido a qualquer tempo na constância do casamento. O Código Civil de 
1916, influenciado pelo Direito Canônico e pelas Ordenações do Reino impunha a imutabilidade dos 
regimes de bens (exceto nos casos do art. 7º., §5º., LICC e se os nubentes eram obrigados a casar sob um 
regime e casavam-se em outro, em verdadeira afronta à lei). 
 
O art. 1.639, §2º., CC, permite a alteração do regime de bens[3]3 desde que: seja feito por ação judicial, a 
pedido de ambos[4]4 os cônjuges (jurisdição voluntária[5]5) que devem apresentar razões justificadoras 
da alteração e que não cause prejuízo a terceiros. Afirmam Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade 
Nery (2009, p. 1167) que ?a relevância da motivação deve ser considerada a partir das razões particulares 
dos cônjuges, com respeito aos princípios da autonomia privada e da não interferência de quem quer que 
seja na condução e regência da vida da família (CC 1513). A pretensão de modificação do regime de bens 
é expressão de autonomia dos cônjuges e, por isso, o controle da motivação de sua vontade, pelo juiz, no 
momento da alteração do regime, volta-se mais para que sejam preservados os elementos fundamentais 
do negócio jurídico (capacidade das partes, licitude e possibilidade do objeto e forma prescrita em lei) do 
que, necessariamente, para a fixação de critérios para a conveniência e oportunidade da alteração. Ou 
seja, a motivação é para permitir o controle judicial formal, não substancial, da alteração?. Assim, seria 
motivo relevante a alteração do regime de comunhão universal de bens para o regime de comunhão 
parcial para possibilitar a constituição de sociedade empresária entre os cônjuges (para atender ao 
disposto no art. 977, CC). 
 
A sentença (que deve ser fundamentada) que autoriza a alteração do regime gera efeitos, em regra, ?ex 
nunc?[6]6 devendo ser averbada no registro de casamento; registrada no Regime de Imóveis do domicílio 
do casal para gerar efeitos em face de terceiros e registrada na Junta Comercial se um ou ambos forem 
empresários (art. 979, CC).
 
Polêmica que se instaurou é se a mutabilidade motivada poderia ser aplicada a casamentos realizados à 
luz do Código Civil de 1916 ou não. Discussão que parece superada à luz das manifestações do STJ 
interpretando o art. 2.035, CC, e do próprio Enunciado 260 da Jornada de Direito Civil do STJ que tem se 
mostrado favorável à aplicação da mutabilidade do regime aos casamentos realizados antes de 11 de 
janeiro de 2003. 
 
Nesse sentido, ressaltam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 230) que ?os 
fundamentos desta corrente são variados. Em primeiro lugar, afirma-se que se a razão de proibir-se a 
mudança é a proteção que se deseja conferir aos interesses de terceiros, precavidos estes, não haveria 
sentido em não se admitir a alteração patrimonial. E se, a despeito da publicidade, ainda assim 
remanescesse algum terceiro prejudicado insciente da mudança, bastaria considerar a alteração ineficaz 
em relação a ele ? seria caso de ineficácia relativa, pela falta de comunicação, em situação semelhante à 
que ocorre com a fraude contra credores. Depois, lembram não ser razoável interpretar a lei de modo a 
chancelar disparates, não permitindo modificaro regime de pessoas casadas um ou dois dias antes da 
vigência da Codificação Reale. Finalmente, em argumento sistemático, asseverou-se que o próprio Código, 
em inúmeros dispositivos, determinou que se aplicasse a nova regra às relações jurídicas continuativas. 
Nesse sentido, Christiano Cassetari advoga que ?quanto aos efeitos, não há que se falar em ato jurídico 
perfeito, pois sempre deve ser aplicada a lei vigente no momento da produção dos seus efeitos?, 
defendendo a possibilidade de mudança de regime para as pessoas casadas sob a vigência do Código Civil 
revogado?.
 
Não resta dúvidas que os fundamentos apontados por aqueles que defendem a mutabilidade motivada 
dos regimes do casamento, independente da época de sua celebração, são mais subsistentes e, por isso, 
merecem acolhida, mesmo porque não há que se falar em aviltamento do princípio da irretroatividade 
pela própria disposição constante no art. 2.035, CC.
 
OUTROS EFEITOS PATRIMONIAIS
 
1- O regime obrigatório[7]7 da separação de bens é imposto imperativa e taxativamente pelo art. 
1.641, CC, de natureza pretensamente de ordem pública, que determina a adoção deste regime: 
as pessoas que contraíram o casamento em inobservância das causas suspensivas (art. 1.523, 
CC); às pessoas maiores de 70 anos (Lei n. 12.344, 09 dez. 2010); a todos que precisaram de 
autorização judicial para o casamento. Tais restrições, tal é sua falta de razoabilidade, já foram 
relativizadas pela aplicabilidade da Súmula 377, STJ (?Súmula dos aquestos?).
a. Quanto à imposição feita aos maiores de 70 anos parece padecer o artigo de 
inconstitucionalidade afrontando a dignidade da pessoa humana e restringindo a 
liberdade, a igualdade e a intimidade em evidente e injustificada postura 
patrimonialista.
b. São restrições que implicam inclusive em limitações ao direito sucessório entre os 
cônjuges (art. 1.829, CC).
c. O Enunciado 261 das III Jornadas de Direito Civil do STJ afasta a incidência do art. 1.641, 
CC, quando o casamento for precedido de união estável constituída antes do 
implemento da idade.
 
2- As despesas e receitas comuns devem ser administradas igualmente por ambos os cônjuges. Por 
isso, estabelecendo uma presunção ?iure et de iure?, dispõe o art. 1.642, CC, que independente 
do regime de bens, os cônjuges podem livremente, sem necessidade da vênia do consorte:
a. Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de 
sua profissão, com as limitações do art. 1.647, I, CC.
b. Administrar os bens próprios.
c. Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu 
consentimento ou sem suprimento judicial. A ação compete ao cônjuge prejudicado ou 
a seus herdeiros (art. 1.645, CC) e o terceiro e boa-fé prejudicado terá ação regressiva 
em face do cônjuge (ou seus herdeiros) que realizou o negócio jurídico (art. 1.646, CC).
d. Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, 
realizados pelo outro cônjuge com infração ao disposto no art. 1.647, III e IV, CC. A ação 
compete ao cônjuge prejudicado ou a seus herdeiros (art. 1.645, CC) e o terceiro de boa-
fé prejudicado terá ação regressiva em face do cônjuge (ou seus herdeiros) que realizou 
o negócio jurídico (art. 1.646, CC).
e. Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro 
cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo 
esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos (a 
fixação deste prazo é considerado um retrocesso legislativo). A ação compete ao 
cônjuge prejudicado ou a seus herdeiros (art. 1.645, CC) e, portanto, o cônjuge separado 
de fato pode ser beneficiado com patrimônio que não ajudou a construir, uma vez que 
adquirido nos cinco anos seguintes à separação de fato. Vale ressaltar que este 
dispositivo não se aplica à união estável uma vez que seria incompatível com sua própria 
natureza.
f. Praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
 
3- Art. 1.643, CC ? também não dependem de autorização do outro cônjuge (uma vez que a lei 
presume a anuência):
a. Comprar, ainda que a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica.
b. Obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
Pelas dívidas contraídas para a aquisição desses bens/empréstimo respondem solidariamente os cônjuges 
(art. 1.644, CC).
 
4- Existem atos que, por sua importância e reflexos patrimoniais, exigem o consentimento do 
consorte para serem praticados. Para a prática destes atos, dispõe o art. 1.647, CC, que exceto[8]8 
no regime de separação absoluta[9]9 de bens, não pode o cônjuge sem autorização do consorte 
(por falta de legitimação):
a. Alienar (toda forma de transferência de bens) ou gravar de ônus real (hipoteca, 
anticrese...) os bens imóveis.
 i. É imposição que deve ser observada ainda que o imóvel não integre o 
patrimônio comum do casal.
b. Pleitear como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos.
 i. É dispositivo que cuida da capacidade processual das pessoas casadas 
quando envolvidos direitos reais imobiliários.
 ii. Nestes casos, o cônjuge preterido poderá ingressar no processo para 
pleitear a anulação dos atos praticados; ou ajuizar ação rescisória se a ação 
proposta pelo consorte já tiver transitado em julgado; ou ajuizar uma ação 
declaratória de inexistência do processo se não tiver sido citado em ação real 
imobiliária proposta em face de seu cônjuge.
 iii. Vide Súmula 134, STJ.
c. Prestar fiança ou aval.
 i. A Súmula 332, STJ, determina que a fiança prestada sem autorização de um 
dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia.
d. Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns (móveis ou imóveis) ou dos 
que possam integrar futura meação (a parte final refere-se ao regime de participação 
final nos aquestos).
 i. As doações nupciais feitas aos filhos só terão validade sem a outorga se o 
bem sair do patrimônio disponível do cônjuge doador (art. 1.647, parágrafo 
único, CC).
e. Embora não inserida no art. 1.647, CC, é necessária a vênia conjugal para se firmar 
compromisso de compra e venda irrevogável e irretratável, bem como, para firmar 
contrato de locação imobiliária com prazo superior a 10 anos (art. 3º., Lei n. 8.245/91).
f. A Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha) permite que dentre as medidas de urgência o juiz 
determine, temporariamente, a proibição da celebração de contratos de compra e 
venda (pelo agressor) de bens do patrimônio comum.
 
Para qualquer destas hipóteses a prova do consentimento se faz pelas regras do art. 220, CC. A falta de 
outorga injustificada[10]10 pode ser suprimida pelo juiz em processo de jurisdição voluntária (art. 1.648, 
CC). Quando a falta de autorização não for suprida pelo juiz o negócio jurídico será anulável em ação 
proposta pelo cônjuge preterido até dois anos[11]11 após dissolvida a sociedade conjugal ou por seus 
herdeiros (se a morte ocorrer dentro do prazo decadencial) (arts. 1.649 e 1.650, CC). O negócio jurídico 
anulado gera efeitos (exceto a fiança e o aval[12]12) até o trânsito em julgado da sentença anulatória e o 
terceiro prejudicado terá ação indenizatória em face do cônjuge que realizou o negócio, indenização que 
deverá limitar-se à sua meação.
 
Questiona-se se o art. 1.647, CC, deve ser aplicado (ou não) à união estável. Há aqueles que defendem a 
aplicabilidadesustentando que se dirige a todos que se submetem aos regimes ali elencados. Em posição 
contrária, nega-se a necessidade de outorga na união estável (por interpretação restritiva) porque como 
esta não exige constituição formal, sendo difícil determinar seus limites temporais, não haveria como se 
proteger terceiros de boa-fé que contratassem com pessoas que vivem nesta situação fática. É o segundo 
posicionamento que vem se destacando na doutrina e na jurisprudência que tem constantemente 
afastado a aplicação do art. 1.647, CC, à união estável em defesa da segurança dos negócios jurídicos.
 
5- Estando um dos cônjuges impossibilitado (temporária ou definitivamente ? ex. art. 1.570, CC) de 
exercer a administração de seus bens ou dos bens comuns, a administração caberá ao outro 
gerir os bens comuns e os do consorte; alienar os bens móveis comuns; alienar os imóveis 
comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial (art. 1.651, CC), 
depois de ouvido o Ministério Público.
a. A responsabilidade do cônjuge que está na administração dos bens será: como 
usufrutuário, se o rendimento for comum; como procurador, se tiver mandato expresso 
ou tácito para administrar; como depositário se não for usufrutuário ou mandatário (art. 
1.652, CC).
 
PACTO ANTENUPCIAL (convenção antenupcial ou contrato nupcial ou pré-nupcial)
 
A escolha de um regime de bens diferente do regime legal supletivo[13]13 (art. 1.640, CC) deve ser feita 
por pacto antenupcial que na definição de Débora Gozzo é o ?negócio jurídico [facultativo] de Direito de 
Família, mediante o qual os nubentes determinam, antes do casamento, as disposições próprias do 
regime de bens escolhido?. Tem, portanto, natureza jurídica nitidamente negocial e acessória.
 
Trata-se de ato pessoal, bilateral, nominado e típico, formal e solene (forma ?ad soleminitatem?), 
realizado necessariamente por escritura pública (art. 1.653, CC) cuja eficácia está subordinada à realização 
de casamento válido[14]14 (o ?dies a quo? é uma condição suspensiva[15]15) e ao respeito às normas de 
ordem pública[16]16, moral ou bons costumes (art. 1.655, CC). Sendo declarado nulo o pacto, aplicar-se-
ão as regras do regime da comunhão parcial de bens (art. 1.640,CC).
 
O menor pode realizar pacto antenupcial quando tiver autorização de ambos os pais ou representante 
legal para o casamento, mas sua eficácia ficará condicionada à aprovação de seu representante legal. O 
menor que precisou de suprimento judicial da idade e/ou do consentimento obrigatoriamente deverá se 
casar pelo regime de separação de bens (art. 1.641, CC).
 
Os pactos antenupciais geram efeitos em face de terceiros (em relação aos bens imóveis) após o seu 
registro em livro especial no Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges (art. 1.657, CC). No entanto, é 
bom que se diga, para que o pacto gere efeitos face a terceiros é preciso que esteja registrado nos 
Registros de Imóveis onde os consortes possuem bens.
 
DOAÇÕES ANTENUPCIAIS
 
As doações antenupciais não foram previstas pelo Direito de Família, mas sua proteção está inserida na 
disposição do art. 546, CC, que dispõe que ?a doação feita em contemplação de casamento futuro com 
certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos 
filhos que, de futuro houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará 
sem efeito se o casamento não se realizar?.
 
São doações que se subordinam a uma condição suspensiva, produzindo efeitos apenas após a celebração 
válida do casamento, sendo, desta forma, irrevogáveis por ingratidão. A aceitação da doação é presumida 
da própria celebração do casamento. Vale lembrar que, em regra, não perde validade a doação se o 
casamento for dissolvido por separação, morte ou divórcio.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre os regimes de bens trabalhados na aula, 
preparando o aluno para o tema da próxima aula: regimes de bens (em espécie).
NOTAS
[1] Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 208-209) vislumbram no regime de bens a 
aplicação da teoria do patrimônio mínimo da pessoa, reconhecendo-se, com isso, ?uma limitação ao 
exercício de direitos subjetivos obrigacionais prejudiciais ao núcleo familiar, que passa a estar protegido 
por um patrimônio mínimo elementar, a salvo da incidência da regra da responsabilidade patrimonial (art. 
591, CPC), com o propósito de proteger as pessoas humanas componentes. Significa dizer que, conquanto 
a relação casamentária produza efeitos econômicos, o componente patrimonial é mero elemento-meio, 
servindo de suporte para a proteção do elemento afetivo e solidário entre as partes. É o patrimônio 
servindo à realização da pessoa humana. [...]. Essa influência da dignidade humana sobre o regime de 
bens é sentida de modo tão relevante que já há quem sustente, em sede doutrinária, a inconveniência da 
manutenção das regras sobre o regime de bens do Direito de Família, sugerindo que as questões 
patrimoniais entre os consortes sejam dirimidas pelas regras do Direito das Obrigações [como é o caso do 
Direito anglo-saxão] e dos Direitos Reais?.
[2] O regime dotal previsto no CC/16 não foi repetido no CC/02, mesmo porque já estava em desuso. Era 
regime que estabelecia uma evidente desigualdade entre homem e mulher e tinha por base o dote - 
conjunto de bens que a mulher (ou alguém por ela) transferia ao marido que de suas rendas deveria tirar 
o sustento da família. Findo o casamento, os bens deveriam ser restituídos. Cristiano Chaves e Nelson 
Rosenvald (2009, p. 223) entendem que em virtude da autonomia privada é possível adotar o regime 
dotal em pacto antenupcial, desde que a possibilidade seja estendida tanto ao homem quanto à mulher.
[3] A mutabilidade não pode ser invocada pelas pessoas obrigadas a se casar sob o regime de separação 
de bens (art. 1.641,CC) exceto se a causa que deu origem à aplicação da norma tiver desaparecido.
[4] A falta de consentimento de um dos cônjuges não pode ser suprida pelo juiz.
[5] Entende-se que a ação para alteração do regime de bens não deve estar submetida ao segredo de 
justiça uma vez que terceiros podem ter interesse para evitar prejuízos.
[6] Se a sentença de alteração de regime alcançar bens anteriores ao casamento deverá ser apresentada a 
relação de bens, bem como, a respectiva partilha.
[7] Conhecido como regime legal obrigatório ou regime de bens compulsório.
[8] As pessoas casadas no regime de participação final nos aquestos podem afastar a norma do art. 1.647, 
CC, no pacto antenupcial por autorização do art. 1.656, CC.
[9] Separação absoluta ou pura é aquela que estabelece a total incomunicabilidade dos bens e, portanto, 
está o artigo se referindo à separação convencional porque a legal é limitada pela Súmula 377, STJ.
[10] Washington de Barros Monteiro (2005, p. 176-177) ensina que ocorreria justa recusa no 
consentimento quando: o marido pretender alienar o único prédio do casal, que serve de residência à 
família, sem que ocorra indeclinável necessidade da venda; se o marido pretende vender o imóvel por 
preço vil, caso em que se impõe a respectiva avaliação; quando o casal se acha separado de fato e a 
mulher não conta com suficientes garantias para recebimento de sua meação; quando o requerente não 
prova a necessidade de alienação; quando ele pretende a venda para despender o produto com o seu 
exclusivo sustento ou da concubina.
[11] Este prazo decadencial é considerado demasiadamente longo e pode levar a insegurança jurídica.
[12] Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 247) que ?reputar anulável a fiança 
ou o aval concedidos sem outorga implica prejudicardiretamente o credor de boa-fé que aceitou a 
garantia. A melhor solução, a toda evidência é reputá-lo válido e eficaz entre as partes interessadas, 
apenas não produzindo efeitos em relação ao cônjuge prejudicado ? que terá a sua meação resguardada?. 
No entanto, não foi a solução adotada pela Súmula 332, STJ, que determina a nulidade absoluta de toda a 
garantia.
[13] Também se aplicam-se as regras do regime supletivo à união estável (art. 1.725, CC), podendo os 
companheiros escolher outro em contrato de convivência. Também se confere aos companheiros a 
possibilidade de alterar o regime durante a o período de convivência, não se aplicando, no entanto, o 
procedimento previsto no art. 1.639, §2º., CC) uma vez que a alteração pode ser feita por mero contrato 
escrito.
[14] O pacto antenupcial deve ser firmado antes do casamento. Após a celebração deste, não terá 
validade.
[15] O próprio pacto antenupcial pode trazer previsto um prazo para a celebração do casamento sob pena 
de perda de sua eficácia.
[16] São nulas as convenções que limitem os efeitos pessoais ou sociais do casamento como, por 
exemplo, as que liberam os cônjuges dos deveres mútuos do casamento ou que lhes imponham apenas a 
um deles; que alterem ordem de vocação hereditária; que privem um dos genitores do exercício do poder 
parental; que estabeleçam hierarquia entre os cônjuges; etc. 
As cláusulas penais (que estabelecem indenização por tempo de relacionamento) são de questionável 
validade no Brasil, embora outras legislações as aceitem sem restrições.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow.
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto
Estou em processo de divórcio cumulado com partilha de bens e ao longo da ação 
descobri que meu marido vem utilizando a empresa do qual é sócio majoritário para 
ocultar bens que deveriam compor a meação. Fomos casados por dez anos no regime 
legal de bens e já no primeiro ano de casamento ele constituiu a empresa e desde então 
todos os seus bens individuais foram constantemente utilizados para, supostamente, 
integralizar o patrimônio da empresa. O que posso fazer para garantir a minha 
meação? Explique a sua resposta à cliente em no máximo cinco linhas.
Questão objetiva 1
(OAB X Exame 2013) Amélia e Alberto são casados pelo regime de comunhão parcial de 
bens. Alfredo, amigo de Alberto, pede que ele seja seu fiador na compra de um imóvel. 
Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. 
a) A garantia acessória poderá ser prestada exclusivamente por Alberto.
b) A outorga de Amélia se fará indispensável, independente do regime de bens.
c) A fiança, se prestada por Alberto sem o consentimento de Amélia, será anulável.
d) A anulação do aval somente poderá ser pleiteada por Amélia durante o período em 
que estiver casada.
Questão objetiva 2
(DPE-SC Técnico Administrativo 2013) Assinale a alternativa correta de acordo com o 
Código Civil brasileiro. 
a. Poderá ser anulado o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública.
b. As convenções antenupciais começam a vigorar desde a data do casamento.
c. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento da pessoa maior de 60 
anos.
d. É admissível alteração do regime de bens, mediante pedido motivado de ambos os 
cônjuges ao Oficial de Registro Civil, apurada a procedência das razões invocadas e 
ressalvados os direitos de terceiros.
e. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, exigir que lhes prestem 
obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Avaliação
Caso Concreto
Estou em processo de divórcio cumulado com partilha de bens e ao longo da ação 
descobri que meu marido vem utilizando a empresa do qual é sócio majoritário para 
ocultar bens que deveriam compor a meação. Fomos casados por dez anos no regime 
legal de bens e já no primeiro ano de casamento ele constituiu a empresa e desde então 
todos os seus bens individuais foram constantemente utilizados para, supostamente, 
integralizar o patrimônio da empresa. O que posso fazer para garantir a minha 
meação? Explique a sua resposta à cliente em no máximo cinco linhas.
 
Gabarito: É possível requerer a desconsideração inversa da personalidade jurídica 
(art. 50, CC) para proteger o direito do cônjuge meeiro, diante das provas de 
abuso de personalidade (por confusão patrimonial). A desconsideração inversa 
permite desconsiderar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica para 
responsabilizá-la por obrigações pessoais do sócio.
Questão objetiva 1
(OAB X Exame 2013) Amélia e Alberto são casados pelo regime de comunhão parcial de 
bens. Alfredo, amigo de Alberto, pede que ele seja seu fiador na compra de um imóvel. 
Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. 
a) A garantia acessória poderá ser prestada exclusivamente por Alberto.
b) A outorga de Amélia se fará indispensável, independente do regime de bens.
c) A fiança, se prestada por Alberto sem o consentimento de Amélia, será anulável.
d) A anulação do aval somente poderá ser pleiteada por Amélia durante o período em 
que estiver casada.
Gabarito: C - art. 1647 e ss., CC.
Questão objetiva 2
(DPE-SC Técnico Administrativo 2013) Assinale a alternativa correta de acordo com o 
Código Civil brasileiro. 
a. Poderá ser anulado o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública.
b. As convenções antenupciais começam a vigorar desde a data do casamento.
c. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento da pessoa maior de 60 
anos.
d. É admissível alteração do regime de bens, mediante pedido motivado de ambos os 
cônjuges ao Oficial de Registro Civil, apurada a procedência das razões invocadas e 
ressalvados os direitos de terceiros.
e. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, exigir que lhes prestem 
obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
 
Gabarito: E - art. Art. 1634, CC
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas:
Nome do livro: Direito das Famílias
Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson.
Editora: Lumen Juris
Nome do capítulo: O Regime de Bens do Casamento 
Número de páginas do capítulo: 64

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