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DIREITO CIVIL AULA 06

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DIREITO CIVIL - AULA 06 (24/04/12)
Prescrição e Decadência
- A base da Prescrição e Decadência é o decurso do tempo.
- No Brasil, a doutrina clássica partiu da premissa de que “a prescrição ataca a ação”. Também se falava que “a ação extingue-se por prescrição”, ou “a ação está prescrita”.
- Contudo, em meados do séc. XX, o doutrinador Agnelo Amorim Filho publicou um texto sobre o tratamento da prescrição e da decadência. A partir deste texto, a matéria no Brasil foi repensada.
- Imagine que Caio e Tício celebraram um negócio jurídico no dia 15/01. Caio se tornou credor, com o direito a uma prestação de R$ 1.000,00, e Tício se tornou devedor da prestação no mesmo valor. De acordo com este contrato, o termo de vencimento seria no dia 15/02. Neste dia, Tício não paga. A doutrina clássica afirmava que a partir do momento em que era violado o direito material do credor, iniciava o prazo para que o credor ajuizasse a ação correspondente. Se o credor ajuizasse ação após o prazo prescricional, qualquer juiz diria que a ação está prescrita. Mas, mesmo depois de prescrito o prazo, o credor poderá ajuizar uma ação, a outra parte poderá ser intimada, poderá ter sentença e caberá até recurso. Não há que negar que não houve ação, mesmo com o direito prescrito, porque o direito de ação é o direito de pedir ao Estado um provimento jurisdicional. Então o direito de ação é um direito processual que não prescreve nunca.
- Assim, o direito de ação, sendo ele um direito de pedir ao Estado um provimento jurisdicional, não prescreve nunca.
- Direito de ação é um direito público, processual e abstrato que não prescreve nunca.
- Desta forma, não é técnico falar que a ação está prescrita.
- Se o prazo prescricional não extingue o direito de ação, ele extingue o que?
- A partir do CC/2002, é firme a idéia de que a prescrição extingue a PRETENSÃO.
- O prazo prescricional é o prazo para o exercício da pretensão em juízo.
- É a pretensão que nasce no momento em que o direito material é violado, e morre no último dia do prazo prescricional.
- A legislação brasileira segue este entendimento, como é visto no art. 189 do CC. Neste artigo, está claro que o que se extingue é a pretensão.
OBS: Os prazos prescricionais estão sempre previstos na lei, e, no CC, em dois únicos artigos: 205 (que traz o prazo prescricional geral máximo de 10 anos) e 206 (que traz prazos prescricionais especiais).
- Pretensão é o poder jurídico que o ordenamento confere ao credor de, coercitivamente, exigir do devedor o cumprimento da prestação inadimplida.
- Diferentemente, o prazo decadencial (decadência) nada tem a ver com pretensão, nem com violação de direito de conteúdo prestacional.
- Para entender o que é decadência, é necessário fazer uma pergunta: Você sabe o que é um direito potestativo?
- Vale lembrar, inicialmente, que direito potestativo não tem conteúdo prestacional, consistindo em um mero direito de interferência na esfera jurídica da outra parte, que nada pode fazer.
- Existem direitos potestativos sem prazo para o seu exercício, a exemplo do direito de divórcio.
- Se, o direito potestativo tiver prazo para o seu exercício, este será sempre DECADENCIAL. Vale dizer, prazo decadencial nada mais é do que o prazo para o exercício de um direito potestativo.
OBS: Vale acrescentar que os prazos decadenciais podem ser legais (a exemplo do prazo de anulação do negócio jurídico), ou convencionais (a exemplo do prazo de desistência de um contrato).
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas do Prazo Prescricional
- Em regra, tais causas aplicam-se apenas aos prazos prescricionais, e, somente em situações excepcionais, visualizamos causas que interferem no curso de um prazo decadencial.
- Uma situação excepcional, que impede o curso do prazo decadencial está no art. 26, § 2º do CDC.
- A causa impeditiva obsta o início do prazo.
- A causa suspensiva é a mesma impeditiva, mas ela paralisa o prazo que está em curso.
- As causas impeditivas e suspensivas estão previstas nos arts. 197, 198 e 199 do CC.
- Exemplo com o inciso I do art. 197 do CC. Ex1: Marido e Esposa formam uma sociedade empresária, e o marido deve R$ 10.000,00 à esposa. Enquanto eles estiverem em sociedade conjugal, a prescrição não começará a correr. Esta é a causa impeditiva. Ex2: A está devendo a B R$ 10.000,00, com a dívida vencida há dois anos (máximo de 05 anos para formular pretensão em juízo). Contudo, certo dia A se casa com B. Neste caso, o prazo prescricional será suspenso, enquanto durar a sociedade conjugal. Se a sociedade terminar, o prazo volta a correr, contado o prazo já decorrido.
- As causas interruptivas, previstas no art. 202 do CC, zeram o prazo prescricional, que recomeçam a contar novamente.
- Para evitar abusos, o CC só permite que a interrupção ocorra uma única vez.
- O inciso I do art. 202 será visto em processo civil.
- O inciso II do art. 202 trata do protesto (medida cautelar de protesto).
- O inciso II do art. 202 trata do protesto cambial. Este inciso derrogou a Súmula 153 do STF, que dizia exatamente o contrário.
- O inciso IV do art. 202 trata da apresentação do título de crédito no processo de inventário ou concurso de credores. Esta apresentação é justamente a habilitação do crédito em juízo.
- O inciso V do art. 202 trata de atos judiciais que constituam em mora o devedor (notificação judicial, interpelação judicial).
- O inciso VI do art. 202 trata de qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. É o caso de uma confissão de dívida.
- A notificação extrajudicial tem o condão de interromper o prazo prescricional? R: Na letra da lei, não há inciso que preveja a interrupção por ato extrajudicial
- Na letra do CC, não há previsão explícita para a interrupção da prescrição por simples notificação extrajudicial. Ver Projeto de Lei 3.293/08, que pretende alterar o CC, para expressamente reconhecer a notificação extrajudicial como causa interruptiva da prescrição.
Características Fundamentais da Prescrição e da Decadência
- Quando o juiz acolhe a prescrição ou a decadência ele julga o mérito da causa.
- Os prazos prescricionais não podem ser alterados pela vontade das partes (art. 192, do CC), bem como, por óbvio, os prazos decadenciais legais.
- A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte interessada (art. 193, do CC). A decadência legal também, pois pode ser reconhecida até mesmo de oficio (art. 210, do CC). Já a decadência convencional, depende de manifestação do interessado.
OBS: Nos Tribunais Superiores, a matéria deve haver sido prequestionada (Edcl. no REsp. 1.104.691/RS).
- A prescrição pode ser reconhecida de ofício pelo juiz? R: O CPC, no § 5º do art. 219, com redação dada pela Lei 11.280/06, admite expressamente que o juiz pronuncie de ofício a prescrição.
- Em respeito ao princípio da cooperatividade, para os processos em curso, é importante que o juiz, antes de pronunciar de ofício a prescrição, conceda prazo para que as duas partes se manifestem. Nesse prazo, o devedor pode renunciar a alegação de prescrição, que é uma defesa sua (art. 191, do CC e Enunciado 295 da IV Jornada de Direito Civil). Caso permaneça o devedor silente, poderá o juiz então pronunciar de ofício a prescrição.
Questões Especiais envolvendo Prescrição e Decadência
- Prescrição intercorrente é tema da grade de processo civil.
01) A Súmula 405 do STJ estabelece que o prazo prescricional para cobrança do seguro DPVAT é de 03 anos.
OBS: Ver no material de apoio artigo escrito em coautoria com o prof. Arruda Alvim sobre contagem de prazos no CC (art. 2.028).
02) Noticiário STJ de 07/10/2011 informa que o prazo prescricional para formular pretensão indenizatória por inscrição indevida no SPC seria de 10 anos, quando o dano decorre de relação contratual (REsp. 1.276.311).
03) No que tange ao prazo prescricional para se formular pretensão de reparação civil contra o Estado, existe profunda divergência no STJ, firmando a dúvida deser o referido prazo de 03 ou 05 anos. Por isso, aguarda-se o julgamento da Questão de Ordem no AgRg no Ag 1.364.269/PR.
04) O Noticiário de 08/09/2011 informa que a 3ª turma do STJ entende ser de 05 anos o prazo prescricional para cobrança de cotas de condomínio. Este prazo se baseia no art. 206, § 5º, inciso I do CC.
05) A prescrição intercorrente é a que se opera dentro do processo. Em regra, para os processos civis em geral, não é admitida, pois a mora é do próprio poder judiciário (AgRg no Ag 618.909/PE). Excepcionalmente, a tese da prescrição intercorrente é admitida, em sede de procedimento fiscal e de execução de título judicial.
06) O que é princípio da actio nata? R: De acordo com o princípio da actio nata, um prazo prescricional só deve começar a correr quando o prejudicado toma conhecimento do fato danoso (Ver AgRg no REsp. 1.181.902/MT). Ex: O sujeito fez uma cirurgia hoje e o médico cometeu um erro. O paciente tem 05 anos para formular uma ação de reparação. Mas somente 12 anos depois é que se descobre que houve erro médico. Neste caso, pelo princípio da actio nata, o prazo prescricional só começaria a correr quando o prejudicado tomasse conhecimento da lesão.

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