Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Formação de Instrutores 1 Aula 01: A carreira em treinamento e desenvolvimento Objetivos desta Aula Nesta aula, você irá: 1- Conhecer o subsistema Treinamento e Desenvolvimento, contextualizando no cenário organizacional atual; 2- Se conscientizar sobre a importância da área de T&D; 3- Entender as possibilidades de carreira vinculadas à área de T&D, inclusive atuando como Instrutor. Introdução Nesta aula, você terá acesso a um breve histórico, contextualizando as transformações experimentadas pelo ambiente corporativo, provocadas pelas mudanças no mercado e as influências nos processos organizacionais, podendo entender a importância do subsistema de Treinamento e Desenvolvimento dentro da estrutura da área de Recursos Humanos e principalmente as possibilidades de carreira que estão presentes neste contexto. Treinamento e desenvolvimento no contexto da estrutura do setor de recursos humanos. As profundas mudanças socioculturais, políticas, tecnológicas e econômicas que caracterizam o cenário das organizações atualmente, requerem, cada vez mais, qualificação e atualização da mão de obra para operar tecnologias sofisticadas e atuar em ambiente competitivo e em constante mutação. Esse cenário é acentuado por desregulamentação, globalização e surgimento de mercados emergentes que exigem novas regras e muita competência das organizações. Nesse contexto, as organizações estão buscando, mais do que nunca, aumentar a competitividade dos produtos e serviços. Pode-se classificar como Treinamento toda e qualquer atividade que vise a qualificação, formação ou aperfeiçoamento dos funcionários, assim como sua integração à filosofia da empresa e sua motivação para o trabalho em grupo. Por que treinamento? Um bom programa de treinamento, bem aplicado, possibilita aos colaboradores e à empresa ter um desempenho mais eficiente, trazendo benefícios como, por exemplo, maior produtividade, tendo em vista que o profissional qualificado desenvolve seus conhecimentos e suas habilidades, sabe da importância do seu trabalho e mantém-se motivado, tendo atitudes mais adequadas à filosofia da organização em que estiver inserido. Formação de Instrutores 2 Este conjunto de fatores propiciará ao colaborador a possibilidade de aumentar, tanto a quantidade, quanto a qualidade da produção, satisfazendo até os seus menores níveis de realização. Para que treinar? Chiavenato (1980) mostra o processo de Treinamento assemelhando-se a um modelo de sistema aberto com uma série de procedimentos e formas para conseguir a aprendizagem de habilidades, conceitos e atitudes. Neste sentido, pode-se compreender o processo através de 04 (quatro) passos com seus respectivos elementos: ENTRADAS Composta pelos elementos: treinando – aluno, aprendiz, etc. - Os recursos organizacionais, as informações e os objetivos desejados. PROCESSAMENTO O processo ensino-aprendizagem em si, os programas de treinamento elaborados e implementados. SAÍDAS As competências esperadas que podem ser adquiridas pelos participantes ao final do processo – os conhecimentos, as habilidades, as atitudes que possibilitarão a eficácia organizacional. REALIMENTAÇÃO Os processos de mensuração, seus indicadores, e, principalmente, os resultados das avaliações dos procedimentos operacionais praticados pelos treinandos, em suas rotinas pós-treinamento. Este círculo virtuoso formado pelos passos descritos, permite-nos perceber que o subsistema Treinamento e Desenvolvimento compreende uma tarefa primordial para a manutenção da Organização diante da competitividade do mercado atual: as ações de ampliação e alargamento positivos dos conhecimentos, das habilidades e das atitudes dos participantes, adequando-as às estratégias do negócio e às expectativas do alcance das metas estabelecidas. Pode-se considerar conhecimento como sendo o resultado processado por cada participante do programa, ao ter acesso às informações que precisa saber para o desempenho de suas atividades profissionais. Essas informações costumam ser agrupadas em duas grandes categorias: TÉCNICAS Compreende aspectos específicos e científicos da profissão exercida, detalhes da realidade operacional da organização, pormenorizando assuntos referentes aos produtos, aos processos, à tecnologia, ao mercado, ao modelo e aos instrumentos de gestão. Ao termo habilidade, pode ser compreendido como sendo a capacidade de por em prática o conhecimento adquirido, a possibilidade de aplicar o que sabe, de executar. Formação de Instrutores 3 COMPORTAMENTAIS Trata dos mecanismos da interação humana no trabalho, explicita os elementos das teorias de liderança, informa sobre os aspectos referentes às questões motivacionais, incentiva os movimentos inovadores através das práticas criativas e, principalmente, destaca a importância da integração e conscientização do trabalho em equipe. A expressão comportamento deve ser associada ao conjunto de atitudes e reações do indivíduo em face do meio social. Portanto, para que se atinja com plenitude essas competências que, em última análise, implicarão na qualidade dos processos e no alcance da produtividade esperada com o mínimo de custo e no menor tempo disponível, é necessário investir no problema fundamental da Educação e do Treinamento. Objetivos do órgão de T & D Compreendem-se como objetivos, a descrição das condutas finais a serem demonstradas pelos participantes dos Projetos de Treinamento e Desenvolvimento ao retornarem às suas rotinas operacionais, procedendo de maneira diferente da anterior ao evento, como comprovação de que foram bem-sucedidos no processo de recepção das informações e transformação destas em novos conhecimentos aplicáveis, pelo qual passaram. Em outras palavras, como os participantes – após o treinamento – modificaram o seu pensamento, suas atitudes e suas ações. Os objetivos de ensino precisam ser considerados como o núcleo central de todo o planejamento bem elaborado de Treinamento e Desenvolvimento. É com base neles que se definem os melhores caminhos, meios e recursos para atingi-los. Um dos grandes desperdícios no Treinamento e Desenvolvimento tem sido a implementação de projetos não precedidos de diagnósticos consistentes, e portanto, não facilitadores da construção de objetivos claramente definidos. Na maioria das vezes, esta inadequação na base do processo, é resultante da ausência – ou insuficiência - de discussões sistematizadas entre os interessados, a começar pelos próprios clientes finais do projeto. De uma maneira simplista, podem-se definir como principais os seguintes objetivos: • Melhorias no clima organizacional • Aumento da produtividade • Incremento nos padrões de qualidade • Redução dos erros • Eliminação do retrabalho • Minimização dos custos • Positiva relação Custo X Benefício • Performances encantadoras no atendimento aos clientes Ensino à distância O ensino à distância está expandindo-se por duas razões fundamentais: o uso da internet e das intranets e a evolução da tecnologia da informação (TI). As empresas e as universidades estão intensificando o ensino à distância em detrimento de aulas presenciais. Por meio da Web, uma pessoa de qualquer lugar do mundo pode fazer um curso sem sair de casa ou da empresa. Cursos online, MBAs e treinamento virtuais ajudam a capacitar e reciclar funcionários com baixíssimos custos. Formação de Instrutores 4 Sem local centralizado, professores em tempo integral, horário rígido, o ensino online está caminhando a passos rápidos. A rede corporativa ganhou peso no processo de treinamento, incorporando novos serviços, formulários de inscrição, material de apoio etc. São comuns os chamados sites, páginasdedicadas a estruturar o intercâmbio de conhecimento entre comunidades de interesses dentro da empresa. Aliás, essas comunidades de interesses estão em alta nas organizações. Educação corporativa Muitas organizações estão caminhando gradativamente do Treinamento e Desenvolvimento para a educação corporativa em uma migração paulatina e definitiva. A diferença está em que o Treinamento e Desenvolvimento, por sua própria natureza e configuração, é quase sempre local, tópico, just in time, reativo, micro-orientado, agregador. A educação corporativa apresenta a vantagem de ser holística, sistêmica, pró-ativa e sinérgica. Muitas vezes, ela é feita através do conceito de universidade corporativa. Esta representa mais um processo, uma mentalidade, um estado de espírito generalizado do que propriamente um local físico ou uma entidade concreta. Dentro dessa visão, as organizações do novo milênio precisarão reunir cinco características simultâneas e fundamentais: ser veloz, ter foco definido, ser flexível, facilitar a interatividade e estimular o prazer de aprender. Aula 02: O papel do instrutor em treinamento e desenvolvimento Objetivos desta Aula Nesta aula, você irá: 1- Identificar as atividades do setor de T&D; 2- Entender a importância desta atividade para a implementação das estratégias do negócio e o alcance dos resultados; 3- Conhecer o perfil profissional adequado para atuar neste subsistema; 4- Compreender o papel do instrutor dentro do processo de capacitação e desenvolvimento. As atividades desempenhadas em uma unidade de T&D O Subsistema de Treinamento e Desenvolvimento tem a função macro de cuidar dos processos que envolvam a qualificação, o aperfeiçoamento e a atualização do quadro funcional para o desempenho de suas atividades profissionais, com ações vinculadas à estratégia organizacional e aos objetivos esperados pela empresa. Além disso, também deve ser considerada como responsabilidade macro a preocupação em promover eventos que estimulem o senso de equipe, o compartilhamento e a interação entre os setores e as pessoas que os compõem, incentivando o quadro funcional a agir dentro de um senso comum. Formação de Instrutores 5 E ainda há que se fazer uma relação com outras atividades inerentes ao Subsistema de T & D, tais como: • Promover ações de treinamento e desenvolvimento de pessoal. • Elaborar orçamento destinado ao desenvolvimento e treinamento. • Diagnosticar necessidades de treinamento e desenvolvimento. • Elaborar programas de desenvolvimento. • Pesquisar custos envolvidos nos programas de treinamento e desenvolvimento. • Contratar profissionais externos e instituições. • Preparar multiplicadores para treinamento. • Elaborar materiais e programas didáticos para os programas de treinamento e desenvolvimento. • Acompanhar ou ministrar cursos de treinamento. • Realizar avaliação de reação dos treinandos. • Avaliar o resultado do programa de treinamento desenvolvido. • Administrar programa de bolsas de estudo. • Elaborar plano de desenvolvimento para trainees e estagiários. • Administrar recursos destinados ao treinamento e desenvolvimento. • Participar no desenvolvimento dos programas de gestão de qualidade. • Promover a integração de novos funcionários na empresa. Os principais profissionais que compõem o setor de T&D Pela natureza da atividade, intimamente vinculada à atividade educacional, o Subsistema de Treinamento e Desenvolvimento requer algumas características específicas – técnicas e/ou comportamentais – dos profissionais que atuam nesta área. Normalmente, o setor requer profissionais que tenham conhecimento e/ou experiência técnica em: • Atividades educativas/psicológicas/sociais e processuais: pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, assistentes sociais, tecnólogos em Gestão de RH, professores e instrutores/facilitadores. • Atividades administrativas: tecnólogos em Gestão de RH, auxiliares e analistas de recursos humanos para as atividades de monitoração e controle burocráticos do processo, atuando também como suporte operacional nos eventos de T&D. • Atividades de pesquisa: profissionais com experiência em busca de assuntos para formatação de conteúdos programáticos. • Atividades de construção do material didático: profissionais com experiência em desenvolver conteúdos para os materiais didáticos – apostilas, por exemplo. O papel e as competências do analista de T&D Espera-se que estes profissionais possam contribuir de maneira categórica para a eficácia e eficiência do processo, aplicando – além do conhecimento e da experiência técnica – as competências comportamentais essenciais para o desempenho de uma atividade de interface tão intensa quanto a praticada por este subsistema. Formação de Instrutores 6 Nestas competências comportamentais pode-se destacar o senso de organização e planejamento, a observação atenta para os detalhes, a escuta privilegiada, a facilidade de interação, a expressividade plena e fluida – que facilita o processo de comunicação e o entendimento do outro, a empatia, a flexibilidade, a possibilidade de adequar-se aos diversos contextos situacionais que a constante interação provoca, a visão estratégica e sistêmica, o foco no resultado e, além de tudo isto, a significativa compreensão do negócio da organização e a possibilidade de compreender o seu papel dentro do processo e a coragem para executá-lo como precisa ser feito. Naturalmente, a lista não se esgota aqui. Entretanto, já nos permite ter uma ideia do que se busca em profissionais para este subsistema – quando em processos de recrutamento e seleção. Papel do instrutor O trabalho deste profissional requer o exercício da sensibilidade, a expertise do conhecimento técnico, além – é claro – da prática constante da empatia. Afinal, ele funciona como elemento de “ligação” entre as ideias da Alta Administração e a Operação – propriamente dita. É ele que facilitará o processo de absorção das informações, qualificando o sujeito para o exercício da função. Por isso a necessidade de exercitar os aspectos mencionados no parágrafo anterior. Além disso, alguns cuidados devem ser observados pelo instrutor para promover a eficiência e a eficácia do processo ensino-aprendizagem, quanto à (ao): 1. Abertura do curso - Apresentar-se à turma. - Solicitar que os participantes se apresentem. - Apresentar os objetivos do curso. - Dizer como o curso está estruturado. 2. Linguagem a ser utilizada - Usar vocabulário adequado. - Manter um ritmo que facilite a compreensão. - Evitar gírias. - Evitar cacoetes, expressões como “né”, “entendeu?” etc. 3. Uso da voz - Usar a voz com eficiência, evitando falar de forma monótona. - Controlar o volume. - Variar o ritmo da apresentação. - Usar a modulação e o volume para enfatizar um aspecto. - Mostrar entusiasmo. Formação de Instrutores 7 4. Movimentação do Instrutor - Movimentar-se natural e comedidamente pela sala, aproximando-se dos participantes. - Usar as mãos para reforçar as palavras, sem exagerar na gesticulação. - Não manter objetos nas mãos, a menos que pretenda usá-los. 5. Uso do olhar - Distribuir sua atenção, olhando para todos com a mesma frequência. - Evitar olhar para o teto, para o chão e para a paisagem externa. 6. Administração da aula - Verificar se está tudo em ordem antes do início da aula. - Exercitar-se antecipadamente na operação dos equipamentos. - Dirigir-se aos participantes chamando-os pelo próprio nome, durante a aula. - Organizar previamente o material didático. - Administrar o tempo, para que não falte ou seja excessivo. Eficiência do instrutor A personalidade do instrutor – suas aptidões, atitudese valores – em conjunção com a pressão ambiente, determina o estilo de ensino (e, possivelmente, o seu método também). O estilo de um determinado professor é um fator influente na pressão ambiente recebida pelos treinandos. Os elementos comuns nos estilos dos vários componentes de um corpo docente, tomado como um grupo, provavelmente podem exercer efeitos muito mais fortes no ambiente instrucional. Um determinado instrutor, portanto, só estimulará mudanças no aproveitamento e no desenvolvimento da personalidade de um determinado treinando se o seu estilo de ensino alterar a pressão sentida por este. E a personalidade deste determina qual será o gênero da mudança. Nesta aula, você: • Identificou as atividades do setor de T&D; • Entendeu a importância desta atividade para a implementação das estratégias do negócio e o alcance dos resultados; • Conheceu o perfil profissional adequado para atuar neste subsistema; • Compreendeu o papel do instrutor dentro do processo de capacitação e desenvolvimento. Formação de Instrutores 8 Na próxima aula, estudaremos o seguinte assunto: • O processo de ensino-aprendizagem. Aula 03: O processo de Ensino - Aprendizagem Objetivos desta Aula Nesta aula, você irá: 1- Conhecer o processo de ensino-aprendizagem e estabelecer relação de importância com o trabalho de formação, qualificação, atualização e integração viabilizado pelo Instrutor, atuando no subsistema Treinamento e Desenvolvimento. O significado da educação A educação pode ser considerada em dois sentidos: um lato, o outro técnico. Em sua acepção lata, a educação diz respeito a qualquer ato ou experiência que tenha um efeito formativo sobre a mente, o caráter ou a capacidade física de um indivíduo. Nesse sentido, a educação nunca termina: aprendemos pela experiência ao longo de nossas vidas. E todas as espécies de experiências podem ser educativas. Na acepção técnica, a educação é o processo pelo qual a sociedade, por intermédio de escolas, colégios, universidades e outras instituições, deliberadamente transmite sua herança cultural – seus conhecimentos, valores e dotes acumulados – de uma geração para outra. Devemos igualmente distinguir entre educação como um produto e um processo. Como um produto, a educação é o que recebemos por meio da instrução ou aprendizagem – o conhecimento, as ideais e as técnicas que nos ensinam. Como processo, a educação é o ato de educar alguém ou de nos educarmos. Tipos de Educação Educação profissional • Desenvolvimento Profissional • Formação Profissional • Treinamento Formação de Instrutores 9 O sentido do treinamento Uma Organização bem-sucedida e, portanto, aquela que acredita e investe na educação plena dos seres humanos componentes do seu quadro efetivo que executa as tarefas dentro dos processos. Considera-se eficaz o processo de Treinamento e Desenvolvimento em que, tanto os treinandos quanto seus líderes ficam satisfeitos com o resultado obtido, em que os objetivos pedagógicos são atingidos e mantidos por longo tempo, e também em que conhecimentos e habilidades adquiridos são eficazmente utilizados no trabalho, melhorando, consequentemente, o desempenho do profissional, de sua unidade de trabalho e da empresa como um todo. Este desempenho pode ser entendido como função de competência do indivíduo, associado a outros fatores de natureza externa ao mesmo, tais como orientações gerenciais, políticas da organização, disponibilidade de recursos e outros. Por sua vez, a capacitação é o resultado do desenvolvimento teórico e prático de conhecimento e uma ferramenta que habilita o indivíduo à execução eficaz de atividades. Adicionalmente, devem-se perceber as ações de treinamento como também voltadas para a valorização das pessoas, que são os principais agentes da transformação organizacional em busca da excelência e da satisfação dos clientes. Aprendizagem O processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é denominado aprendizagem. E esta pode ser compreendida como: Aprendizagem Mecânica Refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva. O conteúdo do que está sendo aprendido não se relaciona com nada. Ocorre, apenas, o ato de “decorar” a informação. Aprendizagem Significativa Pelo contrário, processa-se quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim, assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem para a aprendizagem. Usamos o termo aprender sem dificuldades, pois sabemos que se somos capazes de fazer algo que antes não fazíamos, é porque aprendemos. No entanto, para a Psicologia o conceito de aprendizagem não é tão simples assim. Há diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos, como o crescimento intelectual, as descobertas, as tentativas e os erros, o ensino etc. Aprendizagem como objeto de estudo São muitas as questões que têm sido levantadas pelos teóricos da aprendizagem: Formação de Instrutores 10 Para responder a estas e a muitas outras perguntas semelhantes e possíveis, será conveniente examinar: 1. Os fatores, em situações de instrução, que influenciam e modificam os processos de aprendizagem. 2. Algumas das principais características desses processos de aprendizagem. 3. Os métodos de instrução. 4. Os efeitos do que foi aprendido. Cognição Inicialmente, vale a pena esclarecer o conceito de cognição: processo através do qual o mundo dos significados tem origem. À medida que o indivíduo se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos “pontos básicos de ancoragem dos quais derivam outros significados”. A estrutura da matéria A aprendizagem, que deve ser sempre capaz de nos levar adiante, está na dependência de como se domina a estrutura da matéria estudada, isto é, a natureza geral do fenômeno; as ideias mais gerais, elementares e essenciais da matéria. Para se garantir este “ir adiante” é necessário, ainda, o desenvolvimento de uma atitude de investigação. A instrução deve estar voltada para a compreensão. A compreensão das relações entre os fatos e entre as ideias é a única forma de se garantir a transferência do conteúdo aprendido para novas situações. Processo ensino-aprendizagem A técnica de orientar a aprendizagem, formar hábitos e transmitir conhecimentos tem características bem definidas. Vejamos: Processo Gradativo – vai do simples para o complexo, do geral para o particular. Devem ser consideradas as experiências anteriores ao treinamento. Formação de Instrutores 11 Processo Global – envolvimento de todos os aspectos físicos, intelectuais, emocionais e conativos (características da personalidade), pois o ser humano é um todo. Inclui conhecimentos, habilidades e atitudes = CHÁ. Processo Dinâmico – a aprendizagem se dá por meio da atividade do treinando. O aluno deve aprender fazendo. Processo Contínuo – o ato de aprender se processa durante toda nossa vida, do nascimento até a morte. Processo Pessoal – o ensino deve, sempre, ser centrado no aluno. Ninguém pode aprender por outro, pois a aprendizagem é intransferível. Processo Cumulativo – a experiência atual se baseiaem anteriores. O acúmulo das experiências leva à organização de novos padrões de comportamento. Quem aprende modifica seu comportamento. Elementos facilitadores do processo ensino-aprendizagem Proximidade no tempo - Quanto mais tempo passar entre o momento em que recebemos a informação e o momento em que tentamos fazer uso dela, mais difícil será transformá-la em conhecimento. É importante estabelecermos a relação teoria-prática, evitando a apresentação de definições desvinculadas da realidade. Recomenda-se a utilização de algum tipo de exercício ou situação prática, para que se vivencie a aplicação dos conhecimentos construídos. Repetição - É necessário repetir os aspectos mais importantes do conteúdo apresentado. Para isso, devem-se utilizar oportunidades que surjam ao longo do curso, adotando uma abordagem nova a cada repetição, por meio de exemplos, perguntas, situações etc. Diversificação sensorial - Todos os sentidos têm papel importante no processo de aprendizagem. A diversificação de abordagem aumenta interesse do treinando, evitando a monotonia. Ausência de fadiga - O cérebro tem suas defesas contra a fadiga. Em média, conseguimos nos concentrar, por mais interessante que seja o assunto, por 20 minutos apenas. Após esse tempo, começamos a divagar, pensar em outras coisas. Para manter o participante atento, podemos contar, por exemplo, um caso engraçado ligado ao assunto, fazer uma pergunta, estabelecer associações com fatos cotidianos, procurando manter a aula interessante, estimulante e, principalmente, participativa. Aula 04: Andragogia Objetivos desta Aula Nesta aula, você irá: 1- Discernir as diferenças entre o processo de ensino-aprendizagem para o adulto e para a criança (Andragogia X Pedagogia). Formação de Instrutores 12 Aprendizagem do adulto Os adultos não aprendem do mesmo modo que as crianças. A estrutura de sua personalidade está formada, como também seus hábitos já foram adquiridos. Portanto, a aprendizagem do adulto representa características bem peculiares e requer, por isso mesmo, técnicas e enfoques diferentes. A tarefa do instrutor é ajudar o treinando a perceber como novas técnicas e informações podem ser mais válidas e úteis que as anteriores. Evidentemente, não é adequado esperar mudanças bruscas numa única seção de aprendizagem. O treinamento de adultos deve levar em consideração as experiências do indivíduo, porque elas são parte do fundamento para novas aprendizagens. Toda vez que se surpreende numa situação em que sua experiência anterior não é utilizada ou valorizada, o adulto acaba concluindo que não é apenas esse fator que está sendo desprezado, mas ele próprio. O bom instrutor explora tais experiências nos debates de sala de aula, tendo o cuidado de não se colocar fora do grupo, como dono da verdade, e sim como parte efetiva do grupo, estando “aberto” para a participação junto com os treinandos, tendo paciência e humildade para ouvir e receber críticas. A questão que preocupa é: embora reconheçamos toda a dificuldade para o aprendizado do adulto, ainda assim, é preciso fazê-lo experimentar o ambiente de ensino-aprendizagem diante do cenário competitivo que o mercado estabelece. Partindo deste pressuposto, torna-se essencial conhecer as premissas de Treinamento e os tipos de curso – mais comuns – que deverão ser vivenciados pelo adulto, como forma de garantir maior perenidade à Organização. Premissas de treinamento e desenvolvimento A mais ampla pesquisa sobre treinamento já realizada nos EUA, pela ASTD, comprova, estatisticamente, que investir no capital humano é o grande diferencial na era do mercado globalizado. Pela primeira vez conseguiu-se comprovar, estatisticamente, para a alegria ou espanto dos administradores de finanças das empresas, que o investimento em capital humano, em aprendizado e performance, além de ser crucial, dá lucro e, principalmente, é o diferencial da era da tecnologia e do conhecimento. Assim é a experiência de quem olha mais de perto as camadas do terreno da indústria de treinamento. Nossas mais vívidas impressões tendem a ser a das práticas reluzentes das organizações de ponta - aquelas que saem constantemente nas publicações de RH ou na grande mídia. Quando olhamos para essas empresas de ponta, vemos as melhores práticas e técnicas de performance e benchmark, as quais fazem outras organizações sofrerem para adquiri-las. Mas a situação geral da indústria é diferente daquela nas organizações de ponta. O estudo revela que os gastos das empresas em treinamento variam, previsivelmente, de acordo com o tamanho e o setor onde atuam. Ao examinar empresas do mesmo tamanho e do mesmo setor, a Pesquisa de Práticas para Performance Humana, da ASTD, mergulha abaixo da linha de superfície e encontra um quadro geral da indústria de treinamento complexo e, frequentemente, menos desenvolvido do que a imagem high-tech das empresas de ponta. Formação de Instrutores 13 Mesmo entre organizações do mesmo setor e com tamanhos semelhantes, há variações gritantes. Trabalhando com adultos em sala de aula Para trabalhar com adultos em sala de aula, é importante: 1- Criar um ambiente tranquilo e estimulante, próprio para o ensino. A atmosfera deve ser agradável, propiciando um ambiente acolhedor, que favoreça o comprometimento dos participantes com as atividades desenvolvidas. 2- Criar e manter o interesse dos participantes: A apresentação das informações básicas – calcadas em atividades do cotidiano dos participantes e com utilização de recursos audiovisuais – permitirá que o Instrutor desperte e mantenha o interesse. 3- Aproveitar as experiências anteriores dos participantes, estabelecendo relações com o que está sendo ensinado: O adulto tem uma riqueza de experiências a partir das quais pode-se relacionar a informação. Esse campo de experiências em comum é que precisa ser encontrado para facilitar a aprendizagem efetiva dos participantes. Essas experiências podem ser o elo necessário para ensinar um conceito novo, mesmo quando aparentemente não estejam relacionadas diretamente com o conteúdo apresentado. 4- Apresentar aos participantes os objetivos a serem atingidos: Os adultos gostam de saber a finalidade de suas atividades. Assim, quando o participante conhece os objetivos do curso, poderá diferenciar as informações, dando o devido destaque ao que está diretamente relacionado ao alcance dos objetivos. 5- Dizer aos participantes o que se espera do seu desempenho: O Instrutor deve dizer antecipadamente aos participantes como o curso será desenvolvido, descrevendo a participação esperada. Isso servirá para orientar o comportamento dos participantes durante as atividades. 6- Satisfazer as necessidades de informações dos participantes: As informações devem ser significativas para os participantes. Cabe ao instrutor propiciar condições para que os participantes estabeleçam as relações com seus conhecimentos anteriores. Treinandos Quer seja chamado aluno, estudante, discípulo, treinando ou mesmo pessoa, cada indivíduo que toma assento numa sala de aula difere de todos os demais na mesma situação, de um modo que está relacionado com o que ele ali aprende. Uma das mais destacadas características de qualquer investigação de aprendizagem é a ampla variação de rendimento registrada entre os treinandos, mesmo dentro de grupos expostos às mesmas experiências. Os traços individuais parece desempenharem um papel importante nessas variáveis, e uma compreensão dessas diferenças individuais pode servir de ajuda para entendermos os processos de aprendizagem. Formação de Instrutores 14 Desses traços, os mais facilmente compreendidos como forças na aprendizagem são as chamadas aptidões. AnsiedadeEm geral, as medidas de ansiedade não poderão, por si mesmas, prever o grau de aproveitamento. São mais úteis para entender os resultados de determinadas situações de aprendizagem. O fracasso, por exemplo, é uma situação causadora de ansiedade para a maioria dos indivíduos, e alguns instrutores mantêm a ameaça de fracasso suspensa diante dos alunos. Logo, ao que parece, o nível de ansiedade é uma importante variável na aprendizagem, e existem diferenças estáveis em ansiedade entre indivíduos. Mas, ao contrário da inteligência, cuja relação com o desempenho é quase uniforme em todos os tempos e lugares, e para todas as disciplinas, a ansiedade mostra diferentes relações com o desempenho e a aprendizagem, para diferentes matérias e situações. Em geral, a alta ansiedade prejudica o desempenho, mas não uniformemente. Diferenças sociais em relação a instrução As aptidões, as atitudes, os interesses e valores que um treinando leva para a sala são um produto de aprendizagem, em grande medida. O lar, a vizinhança, a comunidade, a família, todos estes possuem cada um a sua cultura ou subcultura única e singular. Fornecem um certo número de oportunidades de aprendizagem e exercem pressão sobre o indivíduo para que aprenda algumas coisas e não aprenda outras, mesmo quando se apresente a oportunidade de fazê-lo. A questão de oportunidade de instrução é mais importante, mesmo no seio de uma única comunidade, do que por vezes gostamos de reconhecer. Na nossa sociedade, alguns grupos estão severamente limitados em suas oportunidades de aprenderem muitos dos conceitos e habilitações que constituem requisitos prévios para o êxito na vida. Essas variações de oportunidade resultam, em primeiro lugar, das condições no lar e na vizinhança, sendo os maiores contrastes entre as áreas residenciais metropolitanas e as comunidades carentes dos nossos grandes centros urbanos. Nesta aula, você: • Identificou os aspectos que envolvem o termo Andragogia. • Compreendeu a razão pela qual o adulto experimenta o aprendizado diferente de uma criança. Formação de Instrutores 15 Na próxima aula, estudaremos o seguinte assunto: • O processo de comunicação. Aula 05: O processo de comunicação Objetivos desta Aula Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Entender o conceito de Comunicação. 2- Compreender o processo de transição em andamento no mundo atual. 3- Entender a importância da inclusão dos novos meios ao trabalho de instrução. 4- Ratificar a necessidade do domínio do instrutor sobre estes novos recursos, meios e regras de comunicação do mundo contemporâneo. Introdução A comunicação pode ser percebida como algo tão antigo quanto a origem dos seres, já que até os animais exercitam o processo de maneira muito peculiar a cada espécie, através de delimitação dos espaços, cortejando para o acasalamento, na tentativa de intimidação de algum agressor/invasor... Quanto aos homens, o processo se dá, no sentido de permitir amplas experiências interacionais, numa tentativa de enviar ao outro algum tipo de informação através de canais e ambientes específicos e que, no fundo, tem a mesma intenção, diferindo apenas pelo aspecto da racionalidade presente. Conceitualmente, podemos definir o termo “Comunicação” como uma troca de informações entre sujeitos (Wikipédia). E, neste processo de troca, estão envolvidas uma infinidade de maneiras de se comunicar, tais como: uma conversa (face a face, por rádio, telefone, teleconferência, vídeo- chamada...), gestos, expressões faciais, escrita (utilizando a rede global de telecomunicações). A questão que nos aflige está diretamente ligada ao contexto atual, pois, se compararmos com os recursos disponíveis no passado, não muito distante, é verdade, poderíamos considerar que a velocidade hoje é acentuadamente diferente e quase inimaginável. A cada dia que passa, novas formas de comunicação são colocadas à disposição do mundo contemporâneo, tornando a informação democratizada e acessível de tal forma que, na maioria das vezes, não temos condições de acompanhar a velocidade e sentimos que estamos com o tempo reduzido ou atrasados em relação ao que acontece no mundo, desde que a expressão “just in time” ganhou maior notoriedade. Formação de Instrutores 16 Algo acontece do outro lado do mundo, e, considerando que vivemos em uma “aldeia global”, temos a possibilidade de saber de imediato, tornando-nos dependentes de recursos de mídia que possam viabilizar este acesso quase em tempo real. E, se considerarmos que a comunicação é um dos pilares de sustentação de uma organização, podemos ampliar ainda mais a questão, tornando a responsabilidade do subsistema de Treinamento e Desenvolvimento, mais especificamente do Instrutor, cada vez maior, no sentido de manter-se atualizado com os meios disponíveis e, principalmente, de considerar a utilização destes, dentro do ambiente de ensino-aprendizagem. As tendências Segundo a Wikipédia, as Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC correspondem a todas as tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais e comunicativos dos seres. Também podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e a comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem. Na verdade, existe uma tendência crescente de adoção das tecnologias de informação e comunicação, não apenas pelas escolas, mas por empresas de diversas áreas, sobretudo com a disseminação dos aparelhos digitais no cotidiano contemporâneo. Vale lembrar que há uma variedade de informações que o tratamento digital proporciona: imagem, som, movimento, representações manipuláveis de dados e sistemas, e todos integrados e imediatamente disponíveis, que oferecem um novo quadro de fontes de conteúdos que podem servir de referencial e fonte de estudo. O instrutor no ambiente da comunicação e tecnologia No passado, o Instrutor poderia preocupar-se – apenas – com a entrega da mensagem, do conteúdo programático, da melhor maneira que pudesse. E confiava na relação Instrutor- aluno para que o processo se concretizasse e a aprendizagem ocorresse. Não lhe passava pela cabeça a possibilidade de ser um mau comunicador, já que contava com a parceria do treinando para que desse certo. Então, não havia uma preocupação com o vocabulário, com o formato da informação, com os meios utilizados para transmiti-la, com o ambiente em que o processo poderia ocorrer, com os recursos disponíveis para auxiliar na facilitação da aprendizagem. Mas, em uma sociedade tecnológica, o Instrutor assume um papel fundamental como mediador de aprendizagens, sobretudo como modelo que é para aqueles que ainda não detêm o mesmo conhecimento que ele, e, ao adotar determinados comportamentos e atitudes em relação às tecnologias disponíveis, passa a estimular o uso daquele novo tipo de meio para viabilizar o processo de aprendizagem. Então, se possível, o Instrutor deverá explorar temas e/ou assuntos que possam ser pesquisados pelo treinando – individualmente ou em grupo, dependendo do contexto – em instrumentos que sejam acessíveis a todos e disponíveis no cotidiano, tornando o ato de aprender um desafio a ser superado para cada estímulo dado. Formação de Instrutores 17 Basta considerar as possibilidades que os celulares viabilizam, que os computadores disponibilizam, que os tablets permitem, que as redes sociais criam ... e, por aí em diante, o Instrutor terá condições de estabelecer novos processos de ensino-aprendizagem, em cima da antiga e reconhecida troca de informações, apenas usando o que o mundo da tecnologia nos oferecena contemporaneidade. Entretanto, vale alertar para a necessidade premente da familiarização do Instrutor para com esses novos recursos, meios e, principalmente, a compreensão das regras que norteiam cada canal de comunicação que o mundo atual utiliza. Se isto não acontecer, em pouco tempo a carreira desse profissional estará correndo um risco de não ser mais o sucesso que foi imaginado. Outros aspectos que precisam ser observados De acordo com uma pesquisa realizada por psicólogos ingleses e publicada no Jornal The Sunday Times, a posição de ter de falar diante de várias pessoas deixa o homem mais apavorado do que a perspectiva de enfrentar uma das situações de medo, descritas a seguir: altura, insetos, problemas financeiros, águas profundas, doença, morte, solidão, cachorro, dirigir automóveis, escuridão, elevador e escada rolante. Ninguém é obrigado a concordar com o jornal inglês, mesmo porque é evidente que, colocada entre a escolha de falar em público ou morrer – por exemplo – qualquer pessoa, mentalmente sã, vai preferir enfrentar multidões de ouvintes. Se você não conhecer algum exercício que possa trazer este tipo de benefício, vale a pena procurar um Fonoaudiólogo para que este o oriente, adequadamente. Mas, além de tudo isto que já foi mencionado, é importante lembrar que toda apresentação, aula ou palestra, precisa ter início, meio e fim. Portanto, é essencial que você busque dar uma atenção especial ao planejamento, procurando preparar-se – adequadamente – construindo um roteiro que lhe traga segurança, antes de aventurar-se a ministrar qualquer treinamento. Neste tipo de experiência, não vale a pena considerar a capacidade de improvisar que, talvez, você possua. Se isto for preciso ocorrer, que seja diante de uma situação imprevista, que possa obrigá-lo a criar uma alternativa pontual para aquela solução contextual. Mesmo assim, após o encerramento da experiência, vale a pena rever o que ocorreu fora do previsto e, na próxima vez, considerar esta possibilidade durante o seu planejamento. Mesmo que dentro de uma sala de aula não tenhamos “multidões de ouvintes”, ainda assim, temos uma plateia disposta a assistir, ouvir, provocar, mas, acima de tudo, necessitada de apresentar um resultado diferente após o treinamento, quando retornar ao mundo da operação de onde veio. Portanto, o Instrutor precisa ter em mente a importância do seu trabalho e, principalmente, compreender como a comunicação precisa ser objeto de sua atenção, dedicando um cuidado especial durante o planejamento e a execução do treinamento para, de fato, conseguir alcançar a essência do processo: fazer-se compreender pelo outro. Se levarmos em consideração algo que já estudamos em aula anterior nesta disciplina, a “Cognição” só acontecerá no momento em que o outro conseguir criar uma imagem mental significando aquela palavra ouvida. Formação de Instrutores 18 Não entendeu? Então vamos ao exemplo: “Pense em uma árvore!” Naturalmente, ao ler esta palavra, você – imediatamente – imaginou algo que tenha raízes, tronco e uma copa frondosa. E, mesmo que a árvore imaginada não seja exatamente igual a que outra pessoa possa pensar, ela terá – no mínimo – os mesmos três elementos que você também pensou. Isto só acontece porque a palavra árvore já possui uma correlação em sua mente, com uma imagem mental que signifique o som ouvido ou a palavra lida. Entretanto, se, ao ler ou ouvir uma palavra, você ainda não tiver esta relação com uma imagem mental, não ocorrerá a compreensão, e, por isso, o ponto de partida para o processamento do entendimento não acontecerá, e, se houver aprendizagem, não será significativa – apenas mecânica (outro aspecto que já discutimos anteriormente). Dito isto, fica clara a importância da utilização de vocábulos que sejam comuns aos seus ouvintes, assim como o uso de palavras escritas que também façam parte do universo do conhecimento daqueles que estarão sob a responsabilidade de instrução, por parte do professor/instrutor. Fazer-se entender é a premissa! Na próxima aula, estudaremos o seguinte assunto: • Possibilidades técnicas que permeiam uma apresentação/aula. Aula 06: Técnicas de apresentação Objetivos desta Aula Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Conhecer técnicas de apresentação para ministrar palestras, reuniões e treinamentos. 2- Compreender os conceitos para o alcance de resultados desejados. Introdução Nesta aula, você está convidado a conhecer as Técnicas de Apresentação que viabilizam o processo de Apresentação do Conteúdo. Técnicas de apresentação Já abordamos, em outra aula, as variáveis que envolvem o processo de ensino-aprendizagem com o adulto, além da especificidade da Andragogia. Formação de Instrutores 19 Logo, considerando que este personagem – o treinando – não pediu para estar em treinamento (na maioria das vezes é uma imposição da empresa), e ainda possui um histórico educacional em que não encontrou na sala de aula, de fato, oportunidades verdadeiras para aprender, mantê-lo atento durante todo o tempo é uma tarefa dificílima para o Instrutor. E, para dificultar o trabalho, há estudos e pesquisas que mostram o pouco que o cérebro consegue reter depois de alguns minutos de palestra/aula. Então, seguem algumas orientações que podem ser usadas pelo Instrutor, no sentido de minimizar a dispersão e ampliar a possibilidade de foco do treinando, objetivando uma maior retenção do conteúdo que será apresentado. Cuidados que o instrutor deve ter Conheçer o público-alvo. Se o grupo estiver familiarizado com o tema, não simplificar as informações. Nada de tecnofobia. Mostrar o quanto se está “antenado” com as tecnologias e ir direto ao computador. Com o sistema data show, dar um clique cada vez que se quer mudar a página. E se o computador pifar? Levar umas cartolinas com as principais informações da palestra. Atenção com a comunicação. Corrigir problemas de dicção com dois exercícios bem simples. Morder o dedo indicador e ler em voz alta o mais claro possível. Dois minutos por dia bastam. Outra dica: ler poesias em voz alta. Além de melhorar a dicção, pode ser muito romântico. Se o instrutor fala rápido demais, repetir as mensagens mais importantes usando outras palavras. Quem não entendeu da primeira vez entenderá da segunda. Se falar devagar, não desviar o olhar da turma nos instantes de pausas mais prolongadas. Após o intervalo, voltar a falar com mais ênfase. A comunicação é o processo de transmitir e receber ideias, impressões e imagens com o objetivo de se alcançar um perfeito entendimento. Formas básicas da comunicação Dentro do processo de aprendizagem, a comunicação é fundamental e se apresenta sob duas formas básicas: Verbal e Não-Verbal. No trabalho do instrutor, espera-se que a comunicação verbal e a não verbal estejam sincronizadas, e que a linguagem adotada por ele seja objetiva e precisa, evitando-se, com isso, os possíveis ruídos ou barreiras por parte do instrutor ou dos próprios treinandos. Alguns aspectos da comunicação deverão ser levados em consideração: Sobrecarga de informação - As informações devem ser transmitidas paulatinamente se os treinandos não estiverem familiarizados com o assunto; caso contrário, serão perdidas, não havendo, portanto, o aprendizado. Concentração de informações - Carga maciça sobre um mesmo assunto. Formação de Instrutores 20 Domínio do assunto transmitido - Há necessidade de fluência verbal, ter firmeza no que diz e não se omitir perante questionamentos por parte dos treinandos. Não ser chato - Uma história interessante é sempre uma excelente maneira de tornar uma conversa agradável desde que não consuma muito tempo. Procurar resumir os fatose evitar os detalhes que não fariam falta ao entendimento da sua narrativa. Como lidar com o “branco” do esquecimento Tudo está indo muito bem. As ideias estão concatenadas, o vocabulário fluente, os pensamentos organizados e, em um determinado momento, sem motivos aparentes, a palavra não aparece e o raciocínio não consegue prosseguir - deu o branco na comunicação. Ninguém está livre desse embaraço. Até os oradores mais traquejados, vez ou outra, são surpreendidos por esse terrível adversário. Se ocorrer o branco, procurar manter a tranquilidade e agir da seguinte maneira: insistir apenas uma vez para tentar descobrir qual é a palavra ou informação de que está precisando, se não encontrar nessa primeira tentativa, não persistir, pois poderá começar a se pressionar e ficar ainda mais nervoso. A tática é repetir a última frase, de preferência com palavras diferentes, falando com mais energia, como se quisesse dar ênfase àquela mensagem. Ao chegar ao ponto onde o branco tinha ocorrido, provavelmente a informação aparecerá. Se mesmo assim não conseguir se lembrar do que deveria dizer, continuar calmo e dizer aos treinandos que mais à frente voltará a comentar sobre o assunto. É quase certo que sem a pressão do momento do branco e mais tranquilo irá se lembrar da informação. Caso não se lembre, nada de mal ocorrerá, e, possivelmente, ninguém irá cobrar essa mensagem dizendo - "Você disse que voltaria a falar sobre esse tema e não voltou". Dependendo do envolvimento da turma, poderão imaginar que eles é que não entenderam bem a informação. Finalmente, o instrutor poderá usar uma expressão que quase sempre dá excelente resultado - se der o branco, é só dizer: "na verdade o que eu quero dizer é que". Ao fazer o teste irá constatar como a necessidade de explicar a informação de outra maneira acaba trazendo a mensagem à tona novamente. Se o instrutor sempre se preocupa com a possibilidade de esquecer a sequência da apresentação, é só fazer um roteiro com todas as etapas que pretende cumprir; assim, se não se lembrar de alguma, poderá consultar os tópicos relacionados. Só o fato de saber que poderá contar com o roteiro provavelmente não se esquecerá de nada. Como responder perguntas da turma Quando estamos falando em público e alguém levanta o braço, demonstrando o desejo de fazer uma pergunta, nós nos sentimos desafiados, por mais que conheçamos o assunto, por mais que estejamos preparados para a apresentação e por mais que tenhamos previsto a possibilidade de que as pessoas pudessem nos questionar. Nós nos sentimos desafiados porque aquele gesto carrega uma série de fatores que precisam ser considerados em um tempo muito rápido, em poucos segundos, antes, durante e depois de a pergunta ser formulada. Formação de Instrutores 21 Por que uma pessoa resolve se expor fazendo uma indagação, mesmo correndo o risco, por menor que seja, de ser mal interpretada, de não conseguir concatenar bem suas ideias e formular mal a questão, de parecer despreparado pelo fato de a pergunta não estar no nível da exposição, de ser considerada inconveniente e tantos outros motivos que poderiam prejudicar sua imagem? Algumas pessoas até nem chegam a se preocupar com esses perigos quando fazem uma pergunta, mas que eles existem, existem. Por que as pessoas perguntam? Por dúvida - quando não compreende perfeitamente o que está sendo transmitido. Por vontade de aprender - quando assimila as informações fornecidas, mas deseja saber mais sobre o assunto. Por necessidade de se destacar no ambiente - quando deseja ser notado pelas outras pessoas da turma, independentemente de ter entendido ou não o que está ouvindo. Para provocar - quando deseja atrapalhar o desenvolvimento da apresentação por causa da hostilidade que nutre contra o tema ou contra o próprio instrutor. Para testar os conhecimentos de quem fala - quando deseja certificar-se da segurança do instrutor sobre a matéria. Para projetar e valorizar a sua imagem - quando deseja demonstrar que é uma pessoa inteligente ou bem preparada e está acompanhando o raciocínio do orador ou que possui outras informações sobre a matéria. Entender qual o motivo que leva uma pessoa a fazer uma pergunta é importante também para que se possa analisar se a questão é adequada ou não ao assunto da apresentação, ou aos objetivos da turma (demais treinandos). Quando uma pergunta é feita motivada por dúvida ou vontade de aprender, as chances de que ela seja apropriada são maiores; quando, entretanto, é feita motivada por necessidade de se destacar no ambiente, para provocar, para testar os conhecimentos de quem fala, ou para se projetar ou valorizar a imagem, são grandes as possibilidades de que ela seja inadequada. E quando bate o nervosismo? Se o instrutor ficar nervoso no momento de falar, deve começar a desconfiar que pertence ao clube dos seres humanos. É perfeitamente normal que ele sinta o nervosismo no momento de falar. Por isso, se ficar nervoso, é bom saber que é natural e não deve entrar em pânico. Algumas pessoas ficam desesperadas quando percebem que estão nervosas, como se o fato fosse anormal. O nervosismo é maior no início quando ocorre a descarga de adrenalina provocada pelo medo. Com o transcorrer do tempo, a adrenalina vai sendo metabolizada e o nervosismo diminui. Se o instrutor se surpreender e se assustar com o nervosismo irá se pressionar ainda mais e realimentar o medo. Deve procurar, então, se movimentar na sala para se dirigir à frente do grupo. O movimento do corpo ajudará a queimar a adrenalina. É importante ele não ter pressa de iniciar, respirar com a maior calma que puder, ajeitar as folhas com as anotações que pretende usar. Esses Formação de Instrutores 22 instantes iniciais são preciosos para conquistar um pouco de tranquilidade. Deve começar falando um pouco mais baixo e devagar, para que a instabilidade provocada pelo nervosismo não seja percebida pela plateia. Cumprimenta as pessoas devagar, pausadamente, para regular a respiração e se acostumar com o som da própria voz. Esses cuidados aliados a um bom conhecimento do assunto e a correta ordenação das informações ajudarão a combater o nervosismo inicial. Desculpe a nossa falha Se eventualmente cometer um engano, deve corrigir o erro ou continuar falando? Depende do tipo de erro cometido. Se transmitir uma informação incorretamente e este fato prejudicar a compreensão do assunto, deverá corrigir o erro. Se pronunciar de maneira equivocada uma determinada palavra e essa falha não provocar prejuízo no entendimento da turma deverá continuar falando sem se interromper. Mais uma vez é preciso dedicar cuidado especial à sua reputação. Embora não ocorra prejuízo na compreensão da turma, os treinandos poderão acreditar que a palavra foi pronunciada incorretamente por desconhecimento do orador; assim, é recomendado encontrar uma forma de encaixar a mesma palavra em uma das frases seguintes, para demonstrar que se tratou mesmo de um engano. Problema no equipamento Mesmo testando tudo com bastante antecedência, os problemas com equipamentos podem surgir. Às vezes é a lâmpada do projetor que queimou ou, a configuração do computador que não é compatível com o sistema de multimídia. Planeje a apresentação com outros recursos e até sem nenhum deles. Por exemplo, se pretende usar o power point, não custa nada reproduzir as telas do programa também em transparência e deixá-las de reserva para uma eventualidade. Sempre poderá contar com um aparelho de retro projeção para contornar o transtorno de uma falha no equipamento. Além de transparência, procurar planejar também a apresentação sem nenhum visual. É difícil acontecer que nada funcione, mas não é impossível - aí o instrutor contará só com ele mesmo.Ouvir e escutar Pesquisas recentes indicam que, de maneira geral, usamos apenas 25% da nossa capacidade de audição, e, segundo estudo realizado pelo pesquisador Larry Barker, depois de dois meses, se a comunicação for de muito boa qualidade, do total ouvido, só 25% serão lembrados. Porque temos dificuldade para escutar - Existe uma grande diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é apenas uma atividade biológica, que não exige maiores esforços do nosso cérebro; escutar pressupõe um trabalho intelectual, pois, após ter ouvido, é preciso interpretar, avaliar e reagir à mensagem. Formação de Instrutores 23 Por que é importante escutar? Só o fato de saber que muito do que conhecemos foi aprendido ouvindo as pessoas já justificaria mais dedicação para escutar melhor. S. Moss e S. Tubbs revelam uma pesquisa que mostra como dividimos o tempo em que passamos acordados - 17% lendo, 16% falando, 14% escrevendo e 53% ouvindo. É muito tempo para ser desperdiçado. A maneira como escutamos pode interferir de forma decisiva no sucesso profissional e na qualidade do nosso relacionamento pessoal. As pessoas que têm dificuldade para escutar apresentam baixa produtividade no trabalho e dificuldade para se relacionar. Ao se submeter a um processo de seleção de emprego, por exemplo, o fato de saber escutar irá se constituir em um importante diferencial para perceber, de maneira correta, quais são as intenções da empresa e o que ela espera do canditato. Como escutar melhor Procure entender antes de interpretar ou criticar: O primeiro passo para escutar melhor é refrear a tendência de interpretar ou criticar uma mensagem, antes mesmo que ela tenha sido concluída ou perfeitamente entendida. Nas primeiras tentativas poderá parecer meio desanimador, porque, ao prestar atenção em toda mensagem e tê-la entendido bem, a conclusão a que se chega, às vezes, é que o resultado foi muito semelhante ao que se tinha suposto no primeiro momento e que o esforço, talvez, não tenha valido tanto a pena. Com o tempo, entretanto, a conclusão a que se chega, em alguns casos, é que se estava equivocado e que esses enganos poderiam trazer irreparáveis prejuízos à própria capacidade de julgar as situações. Meça a sua compreensão: Pelo fato de termos, de maneira geral, uma audição passiva, quase sempre não nos preocupamos em saber quanto do que ouvimos efetivamente conseguimos lembrar. Um bom exercício para escutar melhor é procurar lembrar quais as informações que ouviu e quanto da mensagem conseguiu guardar. Com o tempo, a quantidade de informações retidas passa a aumentar e naturalmente a habilidade de escutar também. Durante alguns dias, procure fazer uma revisão das pessoas que falaram com você, o que pretendiam e de como se comportou ao ouvi-las. Faça anotações: Um bom método para se concentrar nas informações que se ouve é fazendo anotações dos tópicos que julgar mais importantes. É evidente que esse exercício deverá ser reservado para a participação em palestras, aulas e reuniões, pois, por mais incrível que possa parecer, há pessoas que, em situações informais, conversam e fazem anotações ao mesmo tempo. Saia um pouco de si mesmo: De maneira geral, ficamos tão preocupados conosco que acabamos nos esquecendo que as outras pessoas necessitam ser reconhecidas e consideradas. Por isso, para melhorar a capacidade de escutar, deve-se procurar aceitar as pessoas como elas são e não como se gostaria que fossem. É preciso reconhecer que existe a possibilidade de se estar enganado em algumas opiniões e dar um voto de confiança para a maneira de pensar dos outros. Assim, é Formação de Instrutores 24 importante estar preparado para se empenhar nessa empreitada porque, com frequência, poderá ficar tentado a desistir e se voltar novamente para si mesmo. Nesta aula, você: • Conheceu as diversas possibilidades de agir tecnicamente com o treinando, no sentido de facilitar a retenção da informação, mantendo a atenção dele, focada na aula. Na próxima aula, estudaremos o seguinte assunto: • A importância do planejamento, da pesquisa em relação ao conteúdo programático e os recursos necessários para a implementação do treinamento. Aula 07: Planejamento, pesquisa do conteúdo e recursos necessários Objetivos desta Aula Nesta aula, você irá: 1- Aprender a planejar e implantar um programa de treinamento, com o adequado conteúdo programático e os recursos necessários. Introdução Nesta aula você identificará os caminhos que permitirão uma pesquisa adequada em relação aos assuntos e informações que deverão compor o material didático a ser apresentado ao aluno. Você também identificará os recursos necessários ao desenvolvimento do programa. Planejamento O ato de planejar é uma preocupação que envolve toda a possível ação ou qualquer empreendimento da pessoa. Não se pode pensar em um planejamento pronto, imutável e definitivo, pois ele representa uma primeira aproximação de medidas adequadas a uma Formação de Instrutores 25 determinada realidade, tornando-se, através de sucessivos novos planejamentos, cada vez mais apropriado para enfrentar a problemática da realidade. Entende-se por planejamento um processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios materiais e de recursos humanos disponíveis, a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e em etapas definidas, a partir do conhecimento e da avaliação científica da situação original. Em treinamento e desenvolvimento, todo planejamento exige: A- Esclarecimento dos desempenhos pretendidos. B- Conhecimento da realidade (urgências, necessidades e tendências). C- Definição clara dos objetivos. D- Determinação específica dos recursos necessários. E- Definição dos critérios/princípios de avaliação. F- Estabelecimento dos prazos e etapas para sua execução. Ao se elaborar um planejamento, alguns critérios devem ser observados, destacando-se: • Assegurar coerência nas ações da entidade executora. • Basear-se no conhecimento da realidade que envolve os treinandos. • Interagir com outros elementos que se relacionam com o mesmo assunto. • Ter caráter específico para a coletividade do treinando a quem se destina. • Ser exequível. Etapas do processo de treinamento e desenvolvimento As etapas são integradas como em um conjunto e compreendem, sistematizam e integram todas as ações necessárias para que os objetivos do treinamento e do desenvolvimento sejam atingidos. Assim, um Projeto de Treinamento e Desenvolvimento compreende as ações de Identificação de Necessidades, Estabelecimento de Objetivos, Planejamento e Programação, Execução, Avaliação, Acompanhamento pós-projeto e Aprimoramento. O planejamento é um instrumento para canalizar todos os conhecimentos que foram aprendidos sobre determinado assunto, visando à ação futura, com base no exame das condições passadas e atuais. Para se obter um bom planejamento, é necessário passar por algumas etapas: 1) Diagnóstico da necessidade - Levantamento das razões que originam o treinamento. 2) Estabelecimento de objetivos - Expectativas de comportamento do aluno ao final do treinamento. 3) Planejamento das estratégias - Unidades programas para um treinamento (assuntos a serem abordados, como será feita a abordagem e o que se pretende alcançar). 4) Recursos - Meios que serão utilizados para treinar (visuais, áudio...). Formação de Instrutores 26 5) Implementação do programa - Logística para a realização do treinamento. Devem ser observados: local destinado para o evento, material didático que será utilizado, agenda da programação, equipamentos que serão utilizados, quantidade de participantes, carga-horária, público-alvo(funcionários e convidados). 6) Avaliação de resultados - Verificação quanto ao alcance dos objetivos propostos para o treinamento. 7) Acompanhamento - Período pós-treinamento em que o participante deverá ser acompanhado e monitorado quanto à aplicação prática do conhecimento adquirido em sala de aula. Identificação das necessidades de treinamento e desenvolvimento O processo de levantamento de necessidades de Treinamento e Desenvolvimento consiste em uma pesquisa para se identificar o que os participantes dos projetos precisam aprender, quais as habilidades que devem desenvolver e que comportamentos finais são esperados quando demonstrarem que estão aptos para o desempenho de suas atividades. Vale ressaltar que nem sempre uma necessidade identificada representa uma deficiência ou uma carência dos futuros participantes dos projetos de Treinamento e Desenvolvimento. Em muitas situações, representa uma oportunidade de investimento em um colaborador promissor, criativo e que se destaca dos demais, passando a merecer atenções especiais. O processo de identificação das necessidades procura responder a três perguntas básicas: Em que capacitar e desenvolver as pessoas? Quais as áreas ou atividades clientes do processo de Treinamento e Desenvolvimento? Quais os participantes de cada projeto? As respostas resultarão nos três tipos de necessidades usuais, cabendo algumas observações importantes. Necessidades Organizacionais - Resultam do aparecimento de novos produtos, tecnologias emergentes, desvios fora das faixas de controle, índices de qualidade anormais; do surgimento de novos clientes, do crescimento de concorrentes com melhor preparo para o desempenho, ou novas oportunidades de crescimento que exijam equipes mais qualificadas. Necessidades Operacionais - Inerentes às demandas de competências independentes do colaborador. Quem as determina é o conteúdo ocupacional do cargo ou a descrição das atividades que são desenvolvidas pelos responsáveis dessas atividades. Esta característica implica uma constante revisão do Plano de Cargos da Organização, a ser desenvolvida pela Administração de Recursos Humanos em estreita articulação com os gerentes das áreas. Necessidades Individuais - Resultam de lacunas constatadas em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes dos colaboradores. Também podem resultar da constatação de potenciais demonstrados, que, se trabalhados adequadamente, poderão desenvolver melhor os profissionais para o alcance dos objetivos organizacionais. Formação de Instrutores 27 O processo de identificação Bastos (1995) e diversos autores concordam que uma das melhores formas de serem identificadas as necessidades de Treinamento e Desenvolvimento é a realização de inventários de situações que podem indicar a presença dessas necessidades. Alguns exemplos: a) Alterações no quadro de pessoal. b) Aumento nos custos. c) Aparecimento de concorrentes mais bem preparados. d) Devolução de produtos. e) Deficiências no desempenho. f) Inclusão de novos equipamentos, tecnologias, mercados, culturas. etc. g) Novos clientes. h) Indicadores de Clima Organizacional. i) Introdução de novos produtos ou serviços. j) Mudanças no programa de trabalho. k) Ocorrência de acidentes. l) Perda de clientes. m) Problemas de qualidade e de produtividade. n) Redução da rentabilidade. o) Reclamação de clientes. Para se obter as conclusões necessárias que fundamentarão o projeto de Treinamento e Desenvolvimento a ser implementado, podem ser usados alguns dos seguintes instrumentos: • Avaliação de desempenho • Discussões em grupo • Entrevistas • Observação direta • Pesquisa de clima organizacional • Questionários específicos • Reuniões • Solicitações diretas O método mais utilizado para coletar dados que vão determinar a necessidade de treinamento são as entrevistas com os funcionários. Essas informações geralmente são complementadas pelos superiores imediatos. O próprio funcionário tem consciência de algumas carências, mas o seu chefe imediato também tem suas percepções sobre aquilo em que o seu subordinado pode ser treinado para melhorar o seu desempenho. A avaliação de desempenho, quando formalizada na organização, também fornece muitos indicadores importantes para que sejam montados os treinamentos. A análise do desempenho dos setores ou a análise conjunta (feita pelos gestores de diferentes áreas da empresa) dos problemas da empresa também costumam fornecer boas indicações para o treinamento do pessoal. A partir dos problemas que o setor enfrenta, podemos identificar aqueles que têm possibilidade de ser resolvidos através de treinamentos. É o caso, por exemplo, de um setor que vem apresentando baixo rendimento de alguns funcionários, ou mesmo um alto índice de produtos ou serviços com defeitos. A pesquisa Durante esta etapa do processo, o profissional de T&D, responsável pela busca das informações que permitirão o desenvolvimento do conteúdo programático e a consequente Formação de Instrutores 28 formatação do material didático, deve considerar as diversas hipóteses já exploradas quando da realização do Levantamento das Necessidades de Treinamento. Ler os materiais técnicos disponíveis – manuais, procedimentos, bibliografia específica, periódicos e revistas especializadas; entrevistar profissionais de referência naquelas práticas objeto do treinamento em questão; fazer benchmarking nas empresas consideradas modelos positivos naquele tipo de atividade; buscar textos e cases na internet, que servem para ajudar na composição da abordagem técnica, a qual deverá ter o conteúdo validado pela área cliente do Treinamento. Entretanto, muita atenção também deve ser dedicada aos aspectos comportamentais que envolvem o processo, o que implicará incluir elementos sociais, econômicos e até políticos na busca por outras informações que possam agregar valor ao espaço reflexivo que todo treinamento com abordagem atitudinal e comportamental exige. Conteúdo programático Consiste no elenco de temas, assuntos, informações, habilidades e competências a serem transmitidas aos participantes para que os objetivos sejam atingidos. É definido a partir dos objetivos de ensino. Em outras palavras, é tudo que compartilha como os participantes para elevar-lhes as competências e posicioná-las em um nível adequado às necessidades da Organização. Por ser um assunto complexo e inerente a cada caso, cabem poucas considerações específicas, mas alguns princípios gerais devem ser observados durante a definição do Conteúdo Programático, a saber: a) Deve estar ligado diretamente a cada objetivo (específico e geral). b) Deve conter assuntos adicionais que permitam maior abrangência de conhecimento aos participantes (sobre o assunto base do Treinamento). c) Deve ser distribuído dentro de uma ordem lógica e de fácil entendimento. Os recursos multimeios A expectativa durante a aplicação de um programa de T & D é, naturalmente, o alcance dos objetivos gerais e específicos definidos para o evento em si. Em outro momento da apostila, compreendemos as diferenças que envolvem o processo com o adulto em relação às crianças e também vimos que há elementos intrínsecos que podem funcionar como dificultadores ao estabelecimento positivo da relação ensino-aprendizagem. Logo, faz-se necessário o uso de algumas alternativas para reforçar a passagem das informações e de assuntos referentes ao conteúdo programático que possibilitarão as mudanças esperadas após a realização do evento. Os recursos multimeios funcionam neste sentido: ajudar o instrutor a reforçar o conteúdo apresentado e facilitar a absorção deste pelo treinando participante. Logísticos - Os recursoslogísticos devem ser compreendidos como a estrutura física do ambiente onde ocorrerá o evento, contemplando carteiras universitárias, mesas, cadeiras, quadro branco/negro, caneta piloto/giz, apagador, flip-chart, micro/laptop ,etc. Formação de Instrutores 29 Instrucionais - Os recursos instrucionais podem ser associados ao material didático propriamente dito – as apostilas, os livros e/ou textos de leitura complementar, os materiais que serão utilizados para alguma atividade lúdica associada ao tema. Visuais - Os recursos visuais podem ser entendidos como sendo os vídeos em dvd/vhs, os slides para apresentação, figuras em painéis ou banners, quadros e/ou cartazes, telão para projeção, retroprojetor. Audiovisuais - Os recursos audiovisuais, como microfone, aparelho reprodutor de cds, data- show, caixas de som, etc. Nesta aula, você: • Identificou as práticas mais adequadas para a realização do Planejamento, podendo realizar uma minuciosa pesquisa do conteúdo, além de compreender quais são os recursos necessários para a implementação do programa de Treinamento. Na próxima aula, estudaremos o seguinte tema: • Plano de Aula. Aula 8: Os objetivos, o programa e o plano de aula Objetivos desta Aula: Nesta aula, você irá: 1 - Conhecer a conceituação dos Objetivos de Ensino; 2 - Elaborar um Plano de Aula adequado, considerando os aspectos técnicos que permeiam a Introdução, o Desenvolvimento e a Conclusão; Introdução Nesta aula você aprenderá como definir um Objetivo de Treinamento e ainda identificará os elementos componentes de um Plano de Aula. Formação de Instrutores 30 Objetivos de ensino em treinamento e desenvolvimento Significam a descrição das condutas finais a serem demonstradas pelos participantes dos processos de Treinamento e Desenvolvimento, como comprovação de que foram bem sucedidos no processo pelo qual passaram. Os objetivos devem se referir ao processo como um todo e a cada uma de suas etapas específicas. Um objetivo é a descrição de um desempenho que você deseja que seus alunos sejam capazes de exibir, antes de considerá-los competentes. Um objetivo descreve um resultado que se pretende alcançar com o ensino, de preferência ao processo de ensino propriamente dito. Objetivos educacionais devem referir-se à expectativa das mudanças de pensamento, comportamento e ações após o treinamento. Eles são o centro do processo. É com base neles que se definem os melhores caminhos, meios e recursos para atingi-los. Para Bastos (1994), “(...) todo programa de Treinamento e Desenvolvimento deve basear-se no diagnóstico de necessidades que, em última análise, tem de responder à pergunta: para que treinar ou com que objetivo treinar? Isto é, devem estar bem claros os objetivos ou os resultados esperados”. Os objetivos devem ser: Claros Coerentes Conhecidos dos participantes Explícitos quanto ao conteúdo ao qual o desempenho se relacione Importantes e significativos para os participantes Inspirados nas atividades diárias Observáveis e Mensuráveis Realistas e alcançáveis Estão corretos quando: Facilitam a definição do conteúdo Indicam a metodologia mais adequada Possibilitam a definição da avaliação Servem de referencial para alunos e instrutores Os Objetivos devem ser estabelecidos e redigidos de tal maneira que se disponha de referenciais para verificar se, ao longo do processo, estão sendo atingidos e, em que intensidade/velocidade. São divididos em três níveis: Gerais - amplos, abrangentes e observáveis a longo prazo; Específicos - concretos e delimitados. Observáveis a médio e curto prazo; Operacionais - São específicos mais detalhados, facilitando a sua compreensão, busca e avaliação, não sendo citados em grande parte da literatura especializada. Estabelecem claramente os comportamentos a atingir, os critérios quantificados e as condições para alcançá-los. Formação de Instrutores 31 A execução do programa de T&D Identificadas as necessidades e programadas as ações de treinamento, cabe a área de treinamento executar as ações programadas. • Seleção dos treinamentos internos e externos. • Escolha de entidades de T&D: identifica e seleciona entidades; discute alternativas sobre os programas; define orçamentos. • Organização dos treinamentos internos: define os instrutores. • Contatos com os participantes: agenda; instruções. • Inscrições, passagens e hospedagens. • Infraestrutura para os eventos internos. Nessa fase do processo de treinamento, o profissional deverá comunicar às chefias dos treinandos e convidar os próprios treinandos para realizar os treinamentos. Nesse momento, são preparados os recursos instrucionais (apostilas, filmes etc.). Nessa fase é que o profissional de treinamento entra em contato com os profissionais e com as entidades que irão realizar os treinamentos. Aqui também cabe a tarefa de providenciar as inscrições dos treinandos em eventos (cursos, congressos), reservar hotéis, providenciar passagens, providenciar os recursos financeiros etc. Planejamento de ensino O plano de ensino organiza as ações do instrutor, pois representa uma estruturação sequencial de decisões sobre sua atuação, evitando a improvisação e a rotina, com a finalidade de tornar o processo ensino-aprendizagem mais eficiente e eficaz. Planejar é racionalizar a ação educativa, antecipando o delineamento dos acontecimentos que vão ocorrer durante o processo. O planejamento é a etapa intermediária entre o conhecimento teórico construído e refletido nas diversas experiências dos Instrutores e a ação docente. É um trabalho personalizado, pois cada instrutor tem características próprias de atuação em sala de aula e contextualizado, pois cada turma tem características próprias, peculiares àquele grupo de pessoas. Para planejar é essencial saber: Por quê? A necessidade real, a causa. A razão da existência daquele treinamento (Diagnóstico). Para quem? O público a quem se destina. O participante é o elemento central de um curso e devemos atuar para atender às suas necessidades. Para quê? Os objetivos a serem atingidos. O objetivo deve direcionar todo o curso. Ele determina o conteúdo a ser trabalhado, bem como a metodologia e a avaliação a serem utilizadas. Onde? Local onde o curso será realizado. É importante que o instrutor tenha conhecimento, também, dos recursos materiais que ele poderá contar. Formação de Instrutores 32 Quando? Período e duração do curso. A carga horária e o período de realização são informações fundamentais para o planejamento do curso, no que se refere à seleção das informações e das estratégias a serem planejadas. Ter Início, Meio e Fim. Toda fala, seja simples conversa ou numa apresentação para uma grande platéia, precisa ter esta sequência. O Início No início procure conquistar os ouvintes desarmando suas resistências e conquistando seu interesse e atenção. Para isso poderá usar algumas das seguintes "dicas": • Conte uma pequena história que tenha estreita relação com o conteúdo da sua mensagem. Histórias normalmente despertam o interesse. • Elogie sinceramente os ouvintes. • Use uma frase que provoque impacto. • Diga que não irá consumir muito tempo. • Faça uma citação de autor respeitado pelos ouvintes. • Use um fato bem humorado. Entretanto, evite piadas. • Levante uma reflexão. • Demonstre sutilmente que conhece o assunto e possui experiência. • Aproveite uma circunstância fazendo um comentário sobre alguém presente ou que tenha falado há pouco, ou ainda sobre um acontecimento conhecido dos ouvintes. O Meio Na primeira parte do meio, prepare o tema a ser abordado: •
Compartilhar