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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Penal Geral Professor: André Estefam Aula: 07 | Data: 02/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO Sursis 1. Espécies de Sursis 2. Sursis Simples 3. Sursis Especial 4. Sursis etário e humanitário Livramento Condicional 1. Requisitos 2. Exame Criminológico 3. Condições Efeitos da Condenação 1. Penais 2. Extrapenais 3. Efeito Extrapenal Genérico Sursis Artigos 77 a 82 do CP. Trata-se da suspensão condicional da pena privativa de liberdade. O juiz analisa na sentença condenatória. Sursis penal X sursis processual Sursis processual é a suspensão condicional do processo. Sursis penal Sursis processual Condenações de pena privativa de liberdade de até 2 anos; O magistrado profere uma condenção; Gera reincidência. Pena privativa de liberdade mínima igual ou inferior a 1 ano; Denúncia ou queixa recebida; Não gera reincidência. 1. Espécies de Sursis 1) sursis simples (regra) 2) sursis especial 3) sursis etário e humanitário (artigo 77, §2º) 2. Sursis Simples Requisitos: Página 2 de 6 1) objetivos a) condenação à pena privativa de liberdade de até 2 anos; b) não caberá se couber pena alternativa. 2) subjetivos a) circunstâncias judiciais favoráveis; b) não reincidência em crime doloso, salvo se a primeira condenação foi a pena de multa. Preenchidos os requisitos legais, o juiz deve conceder o sursis, é um direito subjetivo do réu. Cabe aplicação do sursis em crime hediondo ou equiparado? Basta que os requisitos legais sejam preenchidos e o juiz aplique na sentença (entendimento dos tribunais superiores), portanto, cabe sursis em crime hediondo ou equiparado. A proibição do sursis violaria o princípio da individualização da pena. Quando o juiz na sentença conceder o sursis, deve também estipular as condições que o sentenciado deve observar. A suspensão é condicional. Condições: 1) legais a) direta (artigo 78, §1º): obrigação de prestar serviços comunitários ou limitação de final de semana no primeiro ano do benefício. O tempo de prova do sursis dura de 2 a 4 anos. b) indiretas: são as causas de revogação, condutas que o condenado não pode praticar (artigo 81, “caput” e §1º). 2) judiciais (artigo 79): são aquelas que o magistrado impõe. O juiz leva e conta o fato praticado e as aptidões do agente, o juiz deve sempre levar em consideração a dignidade humana e os direitos fundamentais, desta forma, não pode condicionar o condenado à situações vexatórias. Exemplo: não é permitido ser condição dada pelo juiz o condenado ter que assistir as missas de domingo, isso fere a liberdade de religião do condenado. O sursis só começa a valer depois do trânsito em julgado e após a solenidade da LEP – audiência admonitória, realizada essa audiência de advertência (sobre as condições do sursis), o sursis tem início. A LEP prevê a obrigação da intimação do sentenciado na audiência admonitória, e seu não comparecimento não gera a revogação, afinal o sursis ainda nem se iniciou, a consequência de seu não comparecimento será a declaração de sursis sem efeito e a pena privativa de liberdade deverá ser integralmente cumprida. Revogado o sursis, o sentenciado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade imposta na sentença. Página 3 de 6 Há alguma diferença prática entre a decisão que declara o sursis sem efeito e aquela que o revoga? Há diferença no termo inicial da prescrição. Quando o sursis é declarado sem efeito, o termo inicial é o trânsito em julgado para a acusação (artigo 112, I, CP). Quando o benefício é revogado o termo inicial é a data da revogação (artigo 112, I, parte final, CP). 3. Sursis Especial Artigo 78, §2º, CP. Requisitos: 1) objetivos Os mesmos do sursis simples + reparação dos danos; 2) subjetivos Os mesmo do sursis simples + circunstâncias inteiramente favoráveis. Condições: - proibição de frequentar determinados lugares; - autorização para sair da comarca; - comparecimento mensal obrigatório em juízo. 4. Sursis etário e humanitário São cabíveis para condenação à pena privativa de liberdade até 4 anos e o período de prova é de 4 a 6 anos. Artigo 77, §2º. O sursis etário é aplicável quando o sentenciado for maior de 70 anos na data da sentença. O sursis humanitário é cabível quando situações de saúde justificarem essa amplitude. É adequado quando o réu possuir saúde delimitada em caso permanente (exemplo: doença terminal, deficiência física). Livramento Condicional É um benefício aplicável durante a execução da pena. Artigo 131 e seguintes da LEP e artigos 83 a 90 do CP. É a antecipação da liberdade do preso definitivo, mediante observância de determinadas condições. É um benefício que exige que parte da pena tenha sido executada, as frações são exigidas em lei. 1. Requisitos 1) objetivos - condenação à pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos; - reparação dos danos, salvo impossibilidade de fazê-lo; Página 4 de 6 - cumprimento parcial da pena privativa de liberdade (artigo 83, CP): a) mais de 1/3 da pena: sentenciado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes; b) mais da metade da pena: réu reincidente em crime doloso; c) mais de 2/3 da pena: crime hediondo ou equiparado. Se reincidente em crime hediondo ou equiparado no terá direito ao livramento condicional. Qual fração se aplica ao réu primário de maus antecedentes? A jurisprudência definiu que por analogia “in bonam partem” o indivíduo terá que cumprir apenas 1/3 da pena. Se o sentenciado possuir várias condenações, cabe livramento condicional? Cabe. O artigo 84 permite que as penas impostas em condenações diferentes sejam somadas para efeito de verificar o cabimento do livramento condicional. O juiz faz o cálculo individual das penas e depois faz a soma das frações. 2) subjetivos a) comportamento carcerário satisfatório; b) bom aproveitamento no trabalho; c) aptidão para se sustentar. Obs: em crime praticado com violência ou grave ameaça contra pessoa, a concessão do livramento condicional ficará sujeita à comprovação de que o sentenciado tem a opção de voltar ao convívio sem que venha a cometer novos delitos. O juiz requisita o exame criminológico para verificar a possibilidade de volta ao convívio social. 2. Exame Criminológico Não é requisito para o livramento condicional. Quando o delito é praticado mediante grave ameaça ou violência o juiz pode verificar essa perícia a fim de viabilizar o livramento condicional. Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Súmula 441, STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional. A falta grave não interrompe o prazo para o livramento condicional, porém pode implicar na falta do requisito subjetivo comportamento carcerário satisfatório. 3. Condições 1) legais a) diretas (LEP, artigo 132) b) indiretas: causas de revogação, artigos 86 e 87 do CP. Página 5 de 6 2) judiciais (artigo 85, CP): o juiz é quem define. As condições serão observadas durante o período de prova que corresponde ao restante da pena. O livramento inicia-se com a chamada cerimônia de concessão onde serão expostas as condições para o livramento condicional. Se o sentenciado cumprir as condições a pena será considerada extinta como integralmente cumprida. Se o livramento condicional for revogado o período que o sentenciado permaneceusolto será calculado no cumprimento da pena? Se a revogação do livramento condicional for decorrente de hipótese equiparada à quebra de confiança, o período de prova será desprezado no cômputo da pena. Do contrário, será incluído. Efeitos da Condenação 1. Penais a) principal: - imposição da pena ou medida de segurança. Quando a medida de segurança é inserida no âmbito dos efeitos da condenação? Quando a medida de segurança é aplicada a inimputável será absolutória. Quando imposta a semi-imputável a sentença é condenatória, e portanto será inserida no âmbito dos efeitos da condenação. b) secundários: - reincidência; - revogação do sursis ou do livramento etc. Artigos 91 e 92 do CP. 2. Extrapenais a) genéricos: artigo 91, CP, são efeitos aplicáveis em todas as condenações, desde que compatíveis ao caso concreto. São efeitos automáticos, dispensam motivação na sentença; b) específicos: artigo 91, CP, são cabíveis apenas a algumas condenações e exigem expressa declaração na sentença. 3. Efeito Extrapenal Genérico 1) tornar certa a obrigação de reparar o dano: O que a sentença criminal faz é fixar a obrigação de reparar o dano (“an debeatur”) e elimina futura ação de conhecimento. Página 6 de 6 Além do “an debeatur” deve ser estipulado o valor, o “quantum debeatur”? Quando o juiz profere a sentença, deve estipular na condenação o valor mínimo da condenação (artigo 387 do CPP). Artigo 63 do CPP, parágrafo único – a vítima pode mover execução na esfera cível do valor mínimo paralelamente. Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. O magistrado deve fixar o mínimo de ofício ou deve haver requerimento da parte? O STF entendeu ser obrigação do juiz, ele deve cumprir de ofício, independentemente de requerimento. 2) perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos ilícitos do crime; b) produto ou proveito do delito Lesado é o indivíduo que sofreu prejuízo econômico, não necessariamente a vítima, terceiro de boa-fé é o sujeito que detém a coisa em seu poder desconhecendo a origem ilícita, está na posse do bem de boa-fé. A perda dos bens e a obrigação de reparar o dano podem ser exigidas em face dos herdeiros? Próxima aula.
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