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APOSTILA TREINAMENTO DESPORTIVO

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PRICÍPIOS GERAIS DO 
TREINAMENTO DESPORTIVO 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO...................................................................................................................1 
 
 
1 CONCEPÇÃO MODERNA DO TREINAMENTO DESPORTIVO..................................2 
 
 1.1 O treinamento como processo de adaptação.....................................................................3 
 1.2 Adaptação ao treinamento................................................................................................. 5 
 1.3 Homeostase e atividade física............................................................................................5 
 1.4 Estado Estável.....................................................................................................................6 
 1.5 Adaptações biológicas e esportivas gerais para o desempenho esportivo por meio do 
treinamento...................................................................................................................................6 
 1.6 Adaptções cardiovasculares e respiratórias ao treinamento…………………………................7 
 1.6.1 Tamanho do coração...................................................................................................8 
 1.6.2 Frequêcia Cardíaca (FC)...............................................................................................8 
 1.6.3 Volume Sistólico de Ejeção (VSE)................................................................................8 
 1.6.4 Débito Cardíaco (DC)...................................................................................................8 
 1.6.5 Fluxo saguíneo............................................................................................................9 
 1.6.6 Retorno do sangue ao coração...................................................................................9 
 1.6.7 Pressão Arterial (PA)..................................................................................................10 
 1.7 Adaptções cardiovasculares e respiratórias ao treinamento…………………………..............11 
 1.8 Bioenergética..........................................................................................................14 
 1.8.1 Sistema ATP- CP........................................................................................................14 
 1.8.2 Sistema glicolítico......................................................................................................15 
 1.8.3 Sistema oxidativo......................................................................................................16 
 1.9 Particularidades etárias no desenvolvimento das qualidades motoras e suas 
adaptações.........................................................................................................................18 
 1.9.1 Formas de adaptação das capacidades físicas..........................................................21 
 1.9.2 Fatores de influência no treinamento......................................................................21 
 1.9.3 Fatores endógenos...................................................................................................22 
 1.9.4 Fatores exógenos......................................................................................................23 
 
 
 1.9.5 Rítmo Circadiano.......................................................................................................24 
 1.9.6 Rítmo semanal, mensal e anual ................................................................................26 
 1.9.7 Crescimento, desenvolvimento e adaptação............................................................26 
 
2. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO......................................................29 
 
 2.1 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................29 
 2.2 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................31 
 2.3 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................32 
 2.4 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................34 
 2.5 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................35 
 2.6 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................36 
 2.7 Respostas metabólicas após o exercício..............................................................................37 
 
3. PERIODIZAÇÂO DO TREINAMENTO DESPORTIVO................................................39 
 
 3.1 Estruturas do modelo de periodização em função das formas de aplicação das cargas de 
treinamento...................................................................................................................................39 
 3.2 Tipos de periodização........................................................................................................40 
 3.2.1 Periodização clássica ou tradicional.............................................................................40 
 3.2.2 Estrutura pendular do treinamento desportivo...........................................................42 
 3.2.3 Estrutura do treinamento em blocos...........................................................................44 
 3.2.4 Estrutura do treinamento de alto rendimento.............................................................45 
 3.2.5 Os sinos estruturais......................................................................................................46 
 3.3 Ciclos de treinamento.......................................................................................................47 
 3 .3.1 Unidade de treino.......................................................................................................48 
 3 .3.2 Microciclo...................................................................................................................49 
 3.3.2.1 Modelos de microciclos............................................................................................51 
 3.3.2.2 Caracterização gráfica das formas de intensidade do microciclo............................52 
 3.3.3 Mesociclo....................................................................................................................54 
 3.3.4 Macrociclo..................................................................................................................55 
 3.3.4.1 Forma de agrupamento de mesociclos e proporção da carga..............................56 
 3.3.4.2 Forma de periodização descrita com proporção da carga....................................58 
 
4 CAPACIDADES FÌSICAS,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,........................................................60 
 
 4.1 Treinamento da coordenação motora........................................................................ ...60 
 
 
 4.2 Classificação da coordenação........................................................................................61 
 4.2..1 Coordenação geral...................................................................................................624.2.2 Coordenação específica............................................................................................62 
 4.3 Treinamento da força....................................................................................................62 
 4.3.1 A ação ou ativação muscular....................................................................................63 
 4.3.2 Tipos de tensão muscular.........................................................................................66 
 4.3.3 Tipos de treinamento de força.................................................................................67 
 4.3.4 Coordenação intermuscular....................................................................................67 
 4.3.5 Coordenação intermuscular....................................................................................68 
 4.3.6 Processos reflexos....................................................................................................68 
 4.4 Métodos e sistemas de treinamento da força...............................................................69 
 4.4.1 Power lifting............................................................................................................69 
 4.4.2 Alterofilismo............................................................................................................69 
 4.4.3 O método búlgaro (método de contraste)..............................................................69 
 4.4.4 O método russo.......................................................................................................70 
 4.4.5 Métodos de Zatsiorsky.............................................................................................70 
 4.4.5.1 Métodos de esforço máximo..............................................................................70 
 4.4.5.2 Métodos de esforço repetido.............................................................................70 
 4.4.5.3 Métodos de esforço dinâmico ...........................................................................71 
 4.4.6 Método pirâmide ....................................................................................................71 
 4.4.7 Pirâmide clássica ascendente...................................................................................72 
 4.4.8 Pirâmide clássica descendente.................................................................................73 
 4.4.9 Pirâmide clássica dupla............................................................................................73 
 4.4.10 Pirâmide Skewed.................................................................................................74 
 4.4.11 Pirâmide truncada................................................................................................74 
 4.4.12 Pirâmide plana ou estável...................................................................................75 
 4.5 Treinamento de flexibilidade.........................................................................................75 
 4.5.1 Métodos de treinamento da flexibilidade.................................................................76 
 4.5.2 Frequência semanal, intensidade e volume .............................................................78 
 4.6 Treinamento de resistência...........................................................................................79 
 4.6.1 Fatores que afetam a resistência.............................................................................80 
 4.6.2 Classificação da resistência......................................................................................81 
 4.6.3 Resistência aeróbia..................................................................................................82 
 4.6.4 Tipos de métodos de desenvolvimento da resistência............................................83 
 4.6.5 O método Fartlek.....................................................................................................86 
 
 
 4.6.6 Método intervalado (interval training)...................................................................87 
 4.6.7 Resistência anaeróbia..............................................................................................88 
 4.7 Treinamento de velocidade...........................................................................................89 
 4.7.1 Desenvolvimento da velocidade.............................................................................90 
 4.7.2 Agilidade.................................................................................................................92 
 
5 VARIÁVEIS DO TREINAMENTO,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,....................................................93 
 
 5.1 Volume...........................................................................................................................93 
 5.1.1 Noção de volume no ciclo anual...............................................................................94 
 5.2 Intensidade..................................................................................................................94 
 5.3 Densidade......................................................................................................................97 
 5.4 Complexidade................................................................................................................98 
 
6 MEIOS E MÉTODOS DE PREOARAÇÃO FÍSICA,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,..............................99 
 
7 EXERCÍCIOS DE POTÊNCIA ANAERÓBIA................................................................101 
 7.1 Exercícios de potência anaeróbia mista........................................................................101 
 7.2 Exercícios de potência anaeróbia-aeróbia.................................................................... 101 
 
 8 EXERCÍCIOS DE POTÊNCIA AERÓBIA....................................................................103 
 
 8.1 Exercícios de potência aeróbia média...........................................................................103 
 8.2 Exercícios de potência aeróbia submáxima..................................................................103 
 8.3 Exercícios de potência aeróbia quase máxima..............................................................103 
 8.4 Exercícios de potência aeróbia máxima........................................................................104 
 
9 TREINAMENTO EM CIRCUITO (CIRCUIT TRAINING),,,,,,,,,,,,,,,,.............................. 105 
 
 9.1 Estrutura e montagem do circuito...............................................................................107 
 9.2 Tipos de circuito...........................................................................................................108 
 
10 AVALIAÇÂO E MONITORAMENTO DO TREINAMENTO.........................,,,,,,,,,,,....110 
 
 10.1 Principais métodos de avaliação e monitoramento......................................................110 
 10.1.1 Mensuração da frequência cardíaca (manual) ........................................................110 
 
 
 10.1.2 Monitoramentoe controle feito por recursos telemétricos (frequencímetro) ......111 
 10.2 Nível de lactato sanguíneo e muscular..........................................................................111 
 10.3 Teste de VO2 Máx.........................................................................................................113 
 10.3.1 Teste de campo (Cooper 12 minutos)......................................................................113 
 10.3.2 Teste de laboratório – teste submáximo de Bruce para esteira, 1992....................113 
 10.4 Teste de 1 RM................................................................................................................114 
 10.5 Teste de 40m e 60m......................................................................................................114 
 10.6 Teste de Cooper............................................................................................................114 
 10.7 Teste de Conconi...........................................................................................................115 
 10.8 Teste de 300m...............................................................................................................116 
 
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 117 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
 O treinamento é a base do sucesso, seja ele desportivo ou estético. Entretanto, as várias 
linhas de planejamento se divergem, e muitas vezes, concepções errôneas expõem o atleta a risco 
de lesão, over training ou insucesso. No mesmo sentido, em praticantes de atividade física ocorre 
desânimo pela falta de resultados aparentes. Devido a esse fato, há necessidade do conhecimento 
amplo dos principais métodos de planificação de treino. 
 Um dos processos de montagem de treino mais popular é, sem dúvida, a periodização 
do treinamento. Um treinamento eficaz deve ser baseado em alguns princípios do treinamento 
desportivo, como os princípios da individualidade biológica, da adaptação, da especificidade, da 
sobrecarga, da interdependência volume versus intensidade, da continuidade e da periodização. 
Assim como, também deve se basear nos períodos do treinamento, onde o dividimos em fases, 
que se subdividem em médios e pequenos ciclos. Na periodização é onde se traçam objetivos e 
métodos de treinamento diferenciados e específicos para cada fase do treinamento, 
independente do objetivo individual de cada atleta. 
 No capítulo 1 será abordada a temática das concepções modernas do treinamento 
esportivo e forma de adaptações. No capítulo 2 falaremos dos princípios científicos do 
treinamento desportivo. No capítulo 3 faremos uma breve análise sobre periodização no 
treinamento desportivo, suas implicações, formas estruturais, tipos de periodização, montagem 
de periodização descritiva e gráfica, ciclos de treinamento e caracterização dos ciclos numa 
periodização. No capítulo 4 está o estudo das capacidades físicas, classificação da coordenação, 
tipos de flexibilidade, fatores que influenciam na flexibilidade, resistência aeróbia e anaeróbia, 
modelos e métodos de treinamento de resistência. 
 As análises contidas nesta obra viabilizam o conhecimento de como devemos empregar 
métodos, avaliar e monitorar o treinamento físico das várias modalidades esportivas, porque este 
estudo agrega conceitos atualizados de autores apropriados e experiências esportivas dos 
escritores. Desse modo, o produto dessas vivências facilitou na elaboração deste livro e quem vai 
se apropriar dela não poderá dizer que não há possibilidade de aplicação dos conteúdos nele 
disponível. 
 Nesse sentido, estudos acerca da preparação física baseado nas concepções modernas 
do treinamento esportivo no mundo, vêm enriquecer o Curso de Educação Física e acadêmicos de 
nosso Estado, auxiliado pelas experiências dos professores Rildo F. Pinheiro e Márcio Soares. 
 
 
2 
 
CAPÍTULO 1 
 
1 CONCEPÇÃO MODERNA DO TREINAMENTO DESPORTIVO 
 
 O treinamento desportivo apresentou através do tempo, evolução sempre 
correlacionada com a história e realização dos Jogos Olímpicos. Esta conexão se sustenta no fato 
de serem estes eventos, uma excelente vitrine de evidência e propaganda de sucessos ou 
fracassos, de métodos, novas tecnologias, pesquisas ou filosofia de treinamento, sendo assim 
conhecida pela mídia e por treinadores (PEREIRA DA COSTA, 1972). 
 Desse modo, os processos abordados neste capítulo irão determinar os rumos dos 
conteúdos que poderão ser usados ou não em programas de treinamentos por professores e 
treinadores, reconhecendo que a ciência auxilia cada parte do cotidiano esportivo, desvinculando-
se do empirismo e apresentando resultados frutos da produção do conhecimento científico e 
tecnológico. 
 O desporto oferece um campo desafiador porque encoraja atletas a severas horas de 
treino diário. Um sistema esportivo é um conjunto metodologicamente organizado de idéias, 
teorias e hipóteses, que envolve a experiência acumulada e os resultados das pesquisas aplicadas, 
não devendo ser importado. 
 É preciso levar em consideração a experiência sociocultural do país onde ele está 
implantado. Portanto, em primeiro lugar, deve-se elaborar um sistema esportivo nacional que 
deva definir metas, se estruturar, conjugando seqüência lógica em todos os escalões e unidades. 
A Educação Física e a organização do país têm que levar em consideração programas esportivos 
escolares e de recreação em clubes, confederações esportivas e programas esportivos voltados 
para o alto rendimento (tabela 01). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
TABELA 01. Modelo de sistema esportivo nacional potencial 
 
 Nível 
 Organização e 
 unidade de competição 
 
Objetivos 
 
Alto rendimento 
 
 
Obtenção de alto 
desempenho e recordes 
Bom desempenho 
atlético 
 
 
Manter alto nível de 
preparação e promoção 
de atletas ao êxito 
Base para o 
aperfeiçoamento 
atlético 
 
 
 
Treinar em conjunto com 
as necessidades de alto 
rendimento; simulações 
para o alto rendimento 
 
Recreacional 
 
 
 
 
 
Desenvolve habilidades e 
capacidades biomotroras 
 
Fonte: Bompa, 2001. 
 
 
1.1 O Treinamento como processo de adaptação 
 
 Numa perspectiva inspirada na biologia esportiva e na fisiologia da performance1 
humana vale-se dizer, que este aspecto deve estar em primeiro plano. O treinamento é em 
termos gerais, um esforço permanente de adaptação às cargas de trabalho (figura 01). Os 
estímulos de treinamento, como perturbações da homeostase2, são causas de modificações 
adaptativas dos sistemas participantes. Por isso, na biologia, entende-se adaptação como uma 
reorganização orgânica e funcional do organismo, frente a exigências internas e externas. As 
adaptações são reversíveis e precisam constantemente avaliadas (WEINECK, 2000). 
 
 
Figura 01. Hipótese da reorganização biológica e funcional do organismo sob influência do treinamento 
físico. 
 
1
 Zakharov (1992), a descreve como forma física e retrata a correlação ótima de todos os aspectos da 
preparação do desportista, levando e conta os aspectos físicos e psicológicos. 
2
 É a manutenção do estado bioquímico do meio interno do organismo; estado de equilíbrio. 
Equipesnacionais 
Participação em competições 
nacionais importantes 
Indivíduos e equipes de menores 
e juvenis que pertençam a clubes 
e escolas de forma organizada 
Pessoas que participam de estruturas 
que não objetivam o alto rendimento 
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
4 
 
 A forma orgânica determina a função e a função por sua vez, desenvolve forma e 
especializa o órgão. Sem esta estrutura funcional de efeito, não seria possível ao organismo 
humano adaptar-se a variadas necessidades que lhe impõe o meio ambiente. O princípio das 
exigências de funcionamento perfeito dos órgãos, sistemas orgânicos ou do organismo inteiro, 
representa o pressuposto essencial para a eficácia do desempenho e assume um papel central no 
campo esportivo. Por isso assume-se, que adaptações biológicas apresentam-se como mudanças 
funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. 
 Adaptações biológicas abrangem sistemas neuromusculares e centro-nervosos, assim 
como outros tecidos, elementos celulares e subcelulares, capazes de se adaptarem. As 
adaptações biológicas no esporte precedem de processos de aprendizagem, que assegura o 
domínio das seqüências do movimento, que sua vez influencia na capacidade de desempenho do 
organismo. Isto posto, nos levar a crer que um treinamento causa, adaptações energético- 
metabólicas, e que por falta de exercícios são logo anuladas (WEINECK, 2000). 
 A informação genética (genótipo) manifesta-se no fenótipo, que é a forma de 
manifestação externa, onde apenas uma parte das características possíveis consegue realmente 
formar-se, sob a influência de fatores do meio ambiente (figura 02). 
 
 Fenótipo 
 
 
 
 
 
 
 Genótipo Meio ambiente 
 
 Figura 02. Representação esquemática da relação organismo e meio ambiente. 
 Fonte: Weineck, 2000. 
 
 
 No esporte raramente o genótipo é completamente transformado em fenótipo, mesmo 
com um treinamento mais duro. A influência da orientação, por exemplo, treino de resistência, 
força ou velocidade, juntamente com o processo de desenvolvimento e manutenção em fases 
críticas de diferenciação (período sensitivo), possivelmente até a puberdade, determina o tipo de 
reação do organismo adulto. Período de maior adaptabilidade encontra-se em diferentes fases 
para os fatores de desempenho de coordenação e flexibilidade. 
 A Zona Limite do período sensitivo, isto é, o período em que justamente ainda é possível 
uma melhor expressão das características, geralmente é chamado de “Período Crítico”. Se 
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
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Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
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5 
 
deixarmos esta fase ótima de adaptação inutilmente, a expressão genética, isto é, a realização do 
potencial genético não encontrará a sua melhor forma de expressão (ZAKHAROV, 1992). 
 
1.2 Adaptação ao treinamento 
 Com o objetivo de entendermos a adaptação do organismo ao treinamento desportivo, 
é importante uma abordagem profunda em relação ao corpo do atleta. O aumento na 
performance e estímulos direcionados ao desenvolvimento das habilidades motoras são reflexos 
dessa adaptação. Está estabelecido que o treinamento regular seja determinante para melhoria 
do desempenho. Mas, como o treinamento melhora a performance e quais os elementos 
essenciais à essa adaptação? 
 O exercício físico produz diferentes tipos de estímulos, incluindo hormonal, metabólico, 
bioquímico e estímulo mecânico. Para um organismo sobreviver, as células tem que responder às 
mudanças no meio ambiente de uma maneira que mantenha a homeostase. 
 
1.3 Homeostase e atividade física 
 Homeóstase pode ser definida como o equilíbrio interno do corpo, que é mantido 
apesar de mudanças no ambiente externo. Os principais sistemas responsáveis pela manutenção 
da homeostase são os sistemas nervosos e endócrinos. Os estresses do exercício causam 
mudanças no ambiente interno e as respostas fisiológicas subseqüentes tentam recuperar o 
equilíbrio do ambiente interno (BARBANTI, 2003). 
 A homeostase, contudo, não é uma condição constante. Existe um equilíbrio dinâmico 
nas funções corporais para manter a homeostase. Como exemplo, podemos citar a pressão 
arterial e freqüência cardíaca, que sofrem pequenas variações durante as horas do dia. Através de 
evidências científicas, o treinamento tem se constituído em uma forma de alterar a homeostase, 
induzindo a adaptações capazes de prevenir e contribuir para a melhoria do desempenho 
desportivo. 
 Neste caso, o princípio da adaptação é fundamental no estudo do treinamento 
desportivo, permitindo o entendimento da aplicação de stress (estímulos) e melhoria na condição 
física do indivíduo. O treinamento é benéfico quando induz o organismo a adaptar-se ao estresse 
provocado pelo esforço. Se o estresse não é suficiente, então a adaptação não ocorre. Por outro 
lado, se o estresse é muito forte, podem ocorrer lesões ou supertreinamento. Portanto, torna-se 
evidente a necessidade da análise do indivíduo quanto a sua tolerância a determinada sobrecarga. 
As adaptações ao organismo humano são influenciadas por fatores exógenos e endógenos 
(BOMPA, 2002). 
 
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
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6 
 
1.4 Estado estável 
 
 O estado estável no treinamento desportivo é definido como uma condição em que certas 
funções corporais atingem uma constância dinâmica em um novo nível. Quando um indivíduo 
passa do estado de repouso para o exercício de baixa intensidade, ocorrem várias alterações 
fisiológicas, entre elas o aumento do consumo de oxigênio. Considerando a manutenção da 
intensidade do exercício constante, o organismo atingirá um consumo de oxigênio relativamente 
uniforme, porém, acima do consumo de oxigênio observado durante o repouso. Durante 
exercícios contínuos prolongados, a capacidade da manutenção de um estado estável para uma 
determinada intensidade de exercício vai ser determinante para o tempo total no qual o indivíduo 
poderá se exercitar (Robert & Robergs, 2002). 
 
 QUADRO 01. Correlação de parâmetros fisiológicos entre homeóstase e steady-state3 
 HOMEOSTASE STEADY – STATE 
 Freqüência cardíaca 70 bpm 120 bpm 
 Temperatura 370 C (360 C interna) 37.50 C 
 Pressão sangüínea 120 X 80 mmHg 140 - 150 X 80 mmHg 
 Glicemia 60 - 110 mg / dl 60 - 110 mg / dl 
 VO2 0.3 l / min 2.0 - 2.5 l / min 
 Lactato 0.3 - 1 mmol / l 2.5 - 4 mmol / l 
 Ventilação 4-5 mov / min 15 mov / min 
 
 Fonte: vetorialnet.com, 2009. 
 
 
1.5 Adaptações biológicas e esportivas gerais para o desempenho esportivo por meio do 
treinamento. 
 
 A capacidade do desempenho esportivo é resultado de uma determinada sequência de 
movimentos, observando-se a qualidade (aspecto coordenativo) e a quantidade (aspecto 
energético) que são aprimorados através de estímulos específicos do treinamento. Bompa (2002) 
afirma que “adaptação ao treinamento é a soma das transformações estruturais e fisiológicas em 
virtude da repetição sistemática de exercícios, que resultam de uma exigência específica que os 
atletas impõem aos seus organismos, dependendo do volume, da intensidade e da freqüência do 
treinamento”.3
 Estado estável; estado de equilíbrio nos diferentes parâmetros fisiológicos. 
Ligeane Leal
Realce
Ligeane Leal
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7 
 
 Além das alterações relativas nos níveis morfológicos e funcionais, modificações 
neuromusculares, alterações bioquímicas e psicológicas também estão presentes no treinamento 
desportivo. No treinamento de força, por exemplo, a hipertrofia é caracterizada pelo aumento da 
secção transversa do músculo (aspecto morfológico), aumento da capacidade de gerar força 
(aspecto funcional) e aumento da capacidade de síntese protéica (aspecto bioquímico). O 
aumento da força em indivíduos jovens, nos quais ainda não há produção de hormônios na fase 
da puberdade, ocorre pela estimulação neural (aspecto neuromuscular), assim como no início da 
fase de um treinamento de força para adultos. A melhoria na forma e função muscular no 
treinamento de força induz aumento na auto-estima do indivíduo, caracterizando influência no 
aspecto psicológico. 
 Há uma reação adaptativa característica nos sistemas neuromusculares (coordenação) e 
energéticos (condicionamento) de acordo com o tipo de desempenho esportivo motor. Desta 
maneira, o aprimoramento coordenativo desenvolve-se mais rápido que o condicionamento. Esse 
aspecto é mais visível em crianças e jovens. Exemplificando, podemos citar a fase de adaptação 
anatômica, onde ocorre adaptação neuromuscular e, posteriormente o aumento da carga na 
periodização do treinamento de força. Existe uma relação próxima entre fenômenos de 
adaptação morfológicos e funcionais, uma vez que estrutura e função condicionam-se 
reciprocamente (WEINECK, 2005). 
 
1.6 Adaptações cardiovasculares e respiratórias ao treinamento 
 
 O sistema cardiovascular inclui o coração, vasos sanguíneos e o sangue, possuindo a 
função de atingir as células do organismo, sendo capaz de responder imediatamente a qualquer 
alteração na homeostase, como as alterações decorridas do exercício físico, caracterizadas por 
demandas maiores e mais urgentes no sistema cardiovascular. As demandas energéticas para 
exercitar o músculo humano podem aumentar substancialmente na transição do repouso para o 
esforço físico máximo. A produção de energia depende diretamente dos sistemas respiratório e 
cardiovascular para o suprimento de oxigênio e nutrientes e para a remoção dos resíduos 
metabólicos, fato importante para rendimento no desporto. 
 Entre os mecanismos hemodinâmicos importantes para atender as maiores demandas 
características do treinamento desportivo podemos citar: 
•Tamanho do coração, Freqüência Cardíaca (FC), Volume Sistólico de Ejeção (VSE), Débito 
Cardíaco (DC), Fluxo Sanguíneo, Pressão Arterial (PA). 
 
 
Ligeane Leal
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8 
 
1.6.1 Tamanho do coração 
 
 Em consequência do aumento da demanda de trabalho, a massa e o volume do coração 
aumentam com o treinamento. A hipertrofia cardíaca induzida pelo treinamento, conhecida como 
“coração de atleta” podia ser confundida com um fenômeno patológico, como ocorre na 
hipertensão. A hipertrofia cardíaca induzida pelo exercício é atualmente reconhecida como uma 
adaptação crônica normal em treinamento de exercícios de longa duração. Em contraste, no 
treinamento resistido, ocorre um aumento da massa do ventrículo esquerdo, devido à maior 
contração muscular em função da necessidade de vencer a alta pressão sanguínea durante o 
treinamento resistido. Em conseqüência, a parede muscular do ventrículo torna-se mais espessa 
se comparada à espessura da parede do ventrículo inerente ao treinamento aeróbio. Em 
contrapartida, o volume do ventrículo é maior quando submetido a exercícios aeróbios 
(WILMORE & COSTILL, 2001). 
 
1.6.2 Frequência Cardíaca (FC) 
 
 Aumenta em função a intensidade do exercício e consumo de oxigênio, está sujeita à 
influência da temperatura e medicamentos. Em indivíduos treinados observa-se uma diminuição 
da frequência cardíaca (FC) repouso quando comparada a FC antes do início do treinamento. 
 
1.6.3 Volume Sistólico de Ejeção (VSE) 
 
 Volume de sangue ejetado do ventrículo por batimento cardíaco. O volume sistólico de 
ejeção aumenta em função do aumento da intensidade do exercício, considerando um maior 
aporte de sangue (oxigênio). Aumenta mais em exercícios aeróbios que em exercícios 
treinamento em intensidades máximas e submáximas, como em sprinters e no treinamento 
resistido. 
 
1.6.4 Débito Cardíaco (DC) 
 
 É o produto do VSE pela FC. Em adultos sadios, o DC aumenta linearmente com um 
maior ritmo de trabalho, variando de aproximadamente 5l/minuto em repouso podendo atingir 
cerca de 20l/minuto. O aumento do DC ocorre em um primeiro momento pelo aumento da FC e 
VSE, em seguida, aumenta em função da FC. 
 
9 
 
1.6.5 Fluxo Sanguíneo 
 
 Em repouso, 15 a 20% do DC são distribuídos aos músculos esqueléticos; o restante vai 
para os órgãos viscerais, o coração e o cérebro. Porém, durante o exercício, até 85 a 90% do DC 
são enviados para os músculos metabolicamente ativados (ROWELL, apud ACSM, 2003). 
 
 
Figura 03. Distribuição do sangue durante repouso e exercício. 
Fonte: Robert & Robergs, 2002. 
 
 
 
1.6.6 Retorno do sangue ao coração 
 
 Além do auxílio das válvulas para o retorno do sangue ao coração, o nosso organismo 
possui um mecanismo conhecido como “bomba muscular”. Quando ocorre a contração dos 
músculos esqueléticos dos membros inferiores, as veias das áreas onde os músculos estão se 
contraindo são comprimidas, facilitando o retorno do sangue venoso. Por exemplo, após um 
treino ou competição de atletismo, é importante que o indivíduo continue correndo em uma 
velocidade mais lente ou mesmo caminhando, fato que provocará a contração dos músculos 
gastrocnêmio e sóleo, caracterizando a “bomba muscular”. 
 
 
10 
 
1.6.7 Pressão Arterial (PA) 
 
 A Pressão Arterial Sistólica (PAS) aumenta de acordo com maiores níveis de exercício. 
Esse aumento é resultante do DC, que acompanha o aumento da taxa de trabalho. A Pressão 
Arterial Diastólica (PAD) é pouco alterada, permanecendo no mesmo valor de repouso ou 
apresentando uma leve diminuição. Como adaptação crônica ao treinamento, existe uma 
tendência na diminuição da PA, principalmente em exercícios aeróbios. 
 A respiração pulmonar, também denominada respiração externa, se refere à ventilação 
(respiração) e a troca de gases (O2 e CO2) nos pulmões. A respiração celular (respiração interna) se 
refere à utilização de O2 e à produção de CO2 pelos tecidos (células). 
 Os objetivos da respiração são prover oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de 
carbono, através da interação entre ambiente externo e o corpo. A fim de alcançar tais objetivos, 
a respiração pode ser dividida em quatro funções principais: 
•Ventilação pulmonar - que significa o influxo e o efluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos 
pulmonares; 
•Difusão pulmonar- troca de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue; 
•Transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue e líquidos corporais; 
•Troca gasosa capilar – troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o sangue capilar e os tecidos 
metabolicamente ativos e suas trocas com as células de todos os tecidos do corpo. 
 A ventilação pulmonar em repouso está numa média de dez a doze movimentos 
respiratórios por minuto, a ventilação no exercício varia de acordo com a intensidade. A taxa 
respiratória pode aumentar cinco a seis vezes durante um exercício máximo, com 50 a 60 ciclos 
respiratórios por minuto. Nesse contexto, os músculos intercostais internos e externos, 
principalmente,têm uma participação intensiva, o que pode causar dores subsequentes aos 
exercícios intensos (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). 
 A ventilação através das vias aéreas pode ser obtida por meio da inspiração através das 
narinas, com fluxo de ar suficiente quando em repouso ou em exercícios de intensidade leve à 
moderada. Com o aumento da intensidade, a cavidade nasal torna-se limitada na capacidade de 
criar um fluxo de ar adequado. O diâmetro relativamente pequeno das narinas aumenta a 
resistência ao ar. Com essa limitação, o indivíduo poderá fazer uso da cavidade oral para a 
compensação, objetivando uma maior ventilação. Em um indivíduo que passa respirar de forma 
oro - nasal, a entrada de ar pelo nariz pode contribuir com 40 a 60% do total de fluxo de ar 
existente. Desta maneira ocorre maior participação da cavidade oral no processo da ventilação. 
 A produção de CO2 tem comportamento similar ao do lactato, ou seja, tem aumento 
linear e progressivo, até certo ponto quando então perde essa condição de linearidade e passa a 
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ter um aumento mais acentuado. Essa produção de CO2 tem relação de causa e efeito (que não 
está bem estabelecida) para com o ácido lático, ou seja, quando existe aumento acentuado da 
produção de ácido lático os níveis do pH sanguíneo são alterados produzindo acidose metabólica. 
Com as taxas de produção de ácido lático excedendo as taxas de remoção, o tamponamento do 
ácido lático (pelo nitrato de sódio) torna-se necessário para a manutenção da homeostase. 
Mediante essa condição os mecanismos de homeostase tentam tamponar (equilibrar) essa acidez 
metabólica promovendo hiperventilação como forma de eliminar o CO2 que foi produzido, para 
que as condições orgânicas voltem ao normal. 
 Verificou-se que o comportamento da produção de CO2 é igual ao comportamento do 
ácido láctico, e o que mais chama a atenção é que o aumento mais acentuado desses dois 
elementos ocorre na mesma carga, no mesmo VO2 e com o mesmo nível de FC, é o que justifica 
muitos autores utilizarem do Limiar Ventilatório com prognóstico para determinação do Limiar de 
Lactato ou Limiar Anaeróbio. 
 A ventilação pulmonar (Ve) aproxima-se de 6 l/min em repouso, podendo atingir 
patamares 15 a 20 vezes acima dos valores de repouso. Aumenta de acordo com o O2 consumido 
e CO2 produzido, com exceção do momento em que ocorre a hiperventilação, condição 
característica de intensidade alta, como no limiar anaeróbio. Nessa situação o seu aumento é 
desproporcional ao aumento do ácido lático. Isso sugere que a Ventilação Pulmonar (Ve) é 
regulada mais pela necessidade de remoção do dióxido de carbono do que pelo consumo de 
oxigênio e que a ventilação normalmente não constitui um fator limitante para a capacidade 
aeróbia (POWERS; HOWLEY, 2003). 
 
1.7 Respostas musculares ao treinamento 
 
 Os músculos possuem alta capacidade de adaptação, manifestados pelas mudanças 
induzidas pelo exercício. Essas adaptações ocorrem a nível celular, tendo as células que responder 
às mudanças no meio ambiente de uma maneira que mantenha a homeostase. O exercício físico 
provoca diferentes tipos de estímulos, incluindo hormonal, metabólico, bioquímico e estímulo 
mecânico. 
 A célula sob a ação de estímulos, responde através de seus componentes e organelas, 
adaptando-se nos diversos níveis. O sistema circulatório representa o sistema auxiliar que supre a 
célula com substratos necessários e oxigênio, sendo também responsável pelo transporte de 
produtos indesejáveis do metabolismo celular até a excreção (WEINECK, 2000). 
 Entre os componentes celulares mais marcantes no processo adaptativo destaca-se o 
citoplasma, local de obtenção de energia através de processos anaeróbios (glicólise), da síntese 
do glicogênio (reserva intracelular) e degradação do glicogênio e ácidos graxos. Nas mitocôndrias 
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ocorre a degradação oxidativa dos substratos para a obtenção de energia, sendo considerada a 
“casa de força” celular, tendo seu número e tamanho aumentados com o treinamento, 
especialmente em exercícios aeróbios (POWERS; HOWLEY, 2003). 
 O núcleo celular possui o material genético e é responsável pela síntese de proteína. Os 
nossos genes são programados para uma vida ativa como os nossos antepassados viviam, 
caçando e escapando de predadores, mas, não para uma vida sedentária, resultado da fixação do 
homem a terra e da modernização. Nos dias atuais, as alterações induzidas pelo exercício em 
relação à síntese e degradação protéica são importantes no processo de adaptação fisiológica no 
sentido de lidar com agentes estressores. 
 Existe um mecanismo intracelular que permite a interação entre a função celular no 
exercício e o mecanismo genético celular. Através desse mecanismo, um intenso funcionamento 
da estrutura celular aumenta a síntese de proteína, especialmente as relacionadas às 
manifestações funcionais como a contração muscular. Como resultado, as estruturas celulares 
envolvidas aumentam e as ações enzimáticas aumentam devido ao aumento do número de 
enzimas (VIRU, 2001). 
 Em decorrência do treinamento, a influência hormonal parece ser maior para o aumento 
da taxa da síntese protéica se comparada às taxas de repouso. O exercício físico causa 
significantes mudanças no sistema endócrino, sendo o metabolismo protéico influenciado 
fortemente pelo fator hormonal. Muitos estudos relacionam um aumento da taxa de síntese 
protéica nos músculos durante o processo de hipertrofia (WILMORE & COSTILL, 2001). 
 Os músculos são compostos de células (fibras musculares). Cada fibra muscular 
individual é um cilindro fino e alongado que possui o comprimento do músculo. A membrana 
celular que envolve a célula muscular é denominada sarcolema. Abaixo do sarcolema encontra-se 
o sarcoplasma (também denominado citoplasma), o qual contém proteínas celulares, organelas e 
miofibrilas. As miofibrilas são numerosas estruturas fusiformes que contêm as proteínas 
contráteis. Em geral, as miofibrilas são compostas por dois importantes filamentos protéicos 
filamentos espessos formados pela proteína miosina e filamentos finos compostos pela proteína 
actina. O arranjo desses filamentos protéicos confere aspecto estriado ao músculo esquelético. 
Localizadas na própria molécula de actina existe duas outras proteínas, a troponina e a 
tropomiosina. Elas representam uma pequena parte do músculo, mas, possuem importante papel 
na regulação do processo contrátil. 
 Cada músculo contém uma combinação de diferentes tipos de fibras, classificadas como 
fibras de contração rápida ou lenta. Os tipos de fibras são importantes na área do metabolismo 
muscular e consumo de energia, tornando-se um fator determinante no desempenho esportivo 
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quando relacionado às características do evento selecionado. Existem diferenças mecânicas na 
resposta das fibras musculares de contração lenta e rápida que justificam o nome de cada tipo. 
Fibras de contração lenta – As fibras musculares oxidativas de contração lenta ou Tipo I são 
encontradas em maiores quantidades nos músculos posturais do corpo, como os músculos da 
parte superior das costas. As fibras são vermelhas devido ao alto conteúdo de mioglobina no 
músculo. Essas fibras são adequadas para trabalhos prolongados de baixa intensidade. 
Fibras de contração rápida e intermediária - As fibras de contração rápida ou Tipo II são 
subdivididos em Tipo IIA, oxidativas-glicolíticas, e Tipo IIX, glicolíticas. O Tipo IIA é um músculo 
vermelho (ou rosa) conhecido como fibra de contração rápida intermediária porque pode 
sustentaratividade por longos períodos ou pode contrair-se com um disparo de força e fadigar-se. 
De acordo com o treinamento a qual esse tipo de fibra é submetido, poderá ocorrer uma 
adaptação do tipo de fibra, porém, um determinado tipo de fibra não se “transforma” em outro 
tipo de fibra. A fibra branca, Tipo IIX, proporciona rápida produção de força e fadiga-se 
rapidamente. 
 Os corredores de velocidade e saltadores geralmente têm maiores concentração de 
fibras de contração rápida. A maioria dos músculos, se não todos, contém os dois tipos de fibras. 
Um exemplo é o vasto lateral, que possui tipicamente metade de suas fibras rápidas, e metade 
lenta. O tipo de fibra influi em como o músculo será treinado e desenvolvido, assim como quais 
técnicas serão adequadas para indivíduos com tipos de fibras específicos (KOMI, 1984, apud 
POWERS & HOWLEY, 2003). 
 
 QUADRO 02. Caracterização e tipo das fibras musculares 
 
 
 Fonte: Powers & Howley, 2003. 
 
 
 
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1.8 BIOENERGÉTICA 
 
 Os sistemas energéticos dizem respeito à produção de energia através do ATP, a partir 
de diferentes substratos energéticos e estão relacionados com a intensidade e duração do 
exercício (gráfico 01). Cada um dos processos metabólicos que serve de fonte energética para o 
trabalho muscular dispõe de características cinéticas próprias e diferencia-se pela especificidade 
peculiar da velocidade das correntes metabólicas e da reserva dos substratos utilizados. Portanto, 
o tipo de treinamento a ser realizado deverá considerar as fontes energéticas existentes, visando 
o aporte de energia necessário ao desporto bem como a restauração dos níveis de reservas dos 
diversos substratos energéticos. 
 Existem três métodos pelos quais a ATP é produzida nas células: Sistema ATP-CP, 
Sistema Glicolítico e Sistema Oxidativo. Os primeiros dois mecanismos – ATP-CP e glicolítico, 
funcionam segundo o sistema aneróbio, o terceiro (de oxidação) pelo aeróbio. Nesses 
mecanismos são usados vários substratos energéticos para ressíntese do adenosinatrifosfato. 
 
 
 
 
 Gráfico 01. Participação dos sistemas energéticos em função do tempo. 
 Fonte: Viru, 2001. 
 
 
1.8.1 Sistema ATP-CP 
 
 Também conhecido como sistema anaeróbio alático, é considerado como o sistema 
energético mais simples. Além da ATP, as células possuem outra molécula de fosfato que 
armazena energia. Essa molécula é denominada creatina fosfato ou CP (também chamada 
fosfocreatina). Ao contrário da ATP, a energia liberada pela degradação da creatina fosfato não é 
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utilizada diretamente para a realização do trabalho celular. Em razão disso, ela forma ATP para 
manter um suprimento relativamente constante. A energia produzida pela molécula de ATP não 
pode ser transferida de um tecido para o outro, como a própria molécula também não pode ser 
transportada pela corrente sanguínea. Como as reservas intracelulares de ATP são muito 
reduzidas, o funcionamento da célula, mesmo durante um curto espaço de tempo, exige a 
existência de mecanismos biológicos de repontecialização das moléculas de ATP no próprio local 
onde serão utilizadas. Nesse sistema, quando a energia é liberada da ATP por meio da separação 
de um grupo fosfato, as células podem impedir a depleção de ATP através da redução da creatina 
fosfato, fornecendo a energia para a formação de mais ATP. Esse processo é rápido e pode ser 
obtido sem qualquer estrutura especial no interior da célula. Esse processo não exige oxigênio, 
por essa razão considera-se o ATP-CP como sendo anaeróbio (VERKHOSHANSKI, 2001). 
 Já que os músculos podem armazenar apenas uma pequena quantidade de ATP, a 
depleção energética ocorre rapidamente em uma atividade vigorosa. Como o CP é armazenado 
em quantidades limitadas na célula muscular, esse sistema pode suprir as demandas energéticas 
por somente 8 a 10 segundos. Essa é a fonte principal de energia para atividades extremamente 
rápidas e explosivas, como os 100m rasos, saltos e arremessos no atletismo e salto sobre o cavalo 
(BOMPA, 2002). 
 Por meio da restauração de fosfagênios, o organismo recupera os estoques de energia 
em níveis iguais aos da condição pré-exercício. Com a utilização de meios bioquímicos, o 
organismo tenta retornar ao equilíbrio fisiológico (homeostase) quando se encontra na mais alta 
eficiência. A restauração dos fosfagênios ocorre rapidamente, em 30 segundos, atinge 70% de seu 
nível normal e, em 3 a 5 minutos, está totalmente recuperada (100%). 
 Em comparação com outros mecanismos, o creatinafosfato possui maior potência, pois 
supera em três vezes mais a potência máxima do mecanismo glicolítico e em 4-6 vezes a do 
mecanismo de oxidação. O mais rápido padrão de ressíntese de ATP é o mecanismo de 
fosfocreatina, e o mais lento é o de fosforilação oxidativa. 
 
 
1.8.2 Sistema glicolítico 
 
 Outro meio de produção de ATP envolve a liberação de energia através da degradação 
da glicose. Esse sistema é denominado sistema glicolítico por envolver a glicólise, que é a 
degradação da glicose por meio de enzimas glicolíticas especiais. 
 A glicose representa aproximadamente 99% de todos os açúcares circulantes no sangue. 
A glicose sanguínea é originária da digestão de carboidratos e da degradação do glicogênio 
hepático. O glicogênio é sintetizado a partir da glicose por meio de um processo denominado 
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glicogênese. O glicogênio é armazenado no fígado ou no músculo até que seja solicitado. Nesse 
momento, o glicogênio é quebrado em glicose através do processo da glicogenólise. 
 A glicólise, em última instância, produz ácido pirúvico (piruvato). Esse processo não 
exige oxigênio, mas o uso deste determina o destino do ácido pirúvico formado pela glicólise. O 
ácido pirúvico pode ser oxidado, transformado em lactato ou usado para a ressíntese de 
glicogênio. Nesse estudo, contudo, quando nos referirmos ao sistema glicolítico, abordaremos o 
processo de glicólise anaeróbia, sem a necessidade de oxigênio. Nesse caso, o ácido pirúvico é 
convertido em lactato. Esse sistema energético não produz grandes quantidades de ATP. Apesar 
dessa limitação, as ações combinadas entre dos sistemas glicolítico e ATP-CP permite que os 
músculos gerem força mesmo quando o suprimento de oxigênio é limitado. Esses dois sistemas 
predominam durante os minutos iniciais do exercício de alta intensidade. 
 Outra limitação importante da glicólise anaeróbia é que ela causa um acúmulo de 
lactato nos músculos e nos líquidos corporais. Contudo, a remoção do nível de lactato dos 
músculos e do da corrente sanguínea ocorre até 2 horas após o exercício, sendo mais efetiva ser 
for realizando exercícios em baixa intensidade no processo de volta ao estado de repouso. Nos 
eventos de explosão máxima durando um a dois minutos, o sistema glicolítico é altamente 
solicitado e as concentrações de lactato podem aumentar de um valor de repouso de cerca de 
1mmol/kg de músculo para mais de 25mmol/kg. Essa acidificação das fibras musculares inibe 
ainda mais a degradação do glicogênio, uma vez que ela compromete a função da enzima 
glicolítica (BOMPA, 2002). 
 Uma explicação possível para essa limitação é que a concentração intracelular de íons de 
hidrogênio aumenta (o pH cai), resultando em um acúmulo de ácido lático no músculo, inibindo a 
atuação da enzima fosfofrutocnase e diminuindo o ritmo (velocidade) das reações na via da 
glicose anaeróbia. Este processo diminuirá a velocidade da glicólise e a quantidade da energia a 
ser criada (ATP)em uma unidade de tempo. Por isso, o volume da fonte glicolítica não é limitado 
pelo teor dos respectivos substratos, mas, sim, pela concentração de lactato (SAHLIN, 1878, apud 
POWERS & HOWLEY, 2000). 
 Hultman e Sjholhm (1983) apud Viru (2001) mostraram que a taxa da glicogenólise 
alcança o máximo entre 40 e 50 segundos, quando o músculo é submetido a um esforço de alta 
intensidade muscular. Desta maneira, um teste para a avaliação do sistema glicolítico deve durar 
de 20 a 50 segundos. 
 
1.8.3 Sistema oxidativo 
 
 É o terceiro sistema energético. O sistema final de produção de energia é o sistema 
oxidativo. Esse é o mais complexo dentre os três sistemas energéticos. As reações químicas do 
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sistema oxidativo ocorrem nas mitocôndrias e constitui-se de diversas reações químicas. O 
processo através do qual o organismo separa substratos com o auxilio do oxigênio para gerar 
energia é denominado respiração celular. Como o oxigênio é empregado, trata-se de um processo 
aeróbio. A produção oxidativa de ATP ocorre no interior das organelas celulares especiais: as 
mitocôndrias. 
 Os músculos necessitam de um suprimento constante de energia para produzir 
continuamente a força necessária durante a atividade de longa duração. Ao contrário da 
produção anaeróbia de ATP, o sistema oxidativo possui uma enorme capacidade de produção de 
energia e, por essa razão, o metabolismo aeróbio é o principal método de produção de energia 
durante os eventos de longa duração (resistência aeróbia). Esse processo impõe considerável 
demanda sobre a capacidade do organismo de liberar oxigênio aos músculos ativos. É importante 
enfatizar que a interação das vias metabólicas aeróbias e anaeróbias na produção de ATP durante 
o exercício. Embora seja comum definir exercício aeróbio e anaeróbio, na realidade, a energia 
para realizar a maioria dos tipos de exercício é originária de uma combinação de fontes 
anaeróbias e aeróbias. 
 A contribuição da produção anaeróbia é maior em atividades de curta e alta intensidade, 
enquanto o metabolismo aeróbio predomina em atividades mais longas. Por exemplo, 
aproximadamente 90% da energia para realizar uma corrida de 100 metros, devem ser originários 
de fontes anaeróbias, com maior parte vinda do sistema ATP-CP. Similarmente, a energia para 
correr 400 m, com duração de, em média 55 segundos, é, em grande parte anaeróbia (70 a 75%). 
No entanto, os estoques de ATP e de creatina fosfato são limitados e, por isso, a glicólise deve 
suprir boa parte dos ATPs nesse tipo de evento (SPRIET, 1988, apud POWERS & HOWLEY, 2003). 
 
 
 
 Gráfico 02. Contribuição dos sistemas aeróbios e anaeróbios em função do tempo de exercício. 
 Fonte: Wilmore & Costill, 2001. 
18 
 
1.9 Particularidades etárias no desenvolvimento das capacidades motoras e suas adaptações 
 
 Numerosas pesquisas de ontogênese permitiram descobrir determinadas 
heterossincronia na formação de diferentes órgãos e sistemas do organismo, característica de 
diversos períodos etários. As particularidades etárias do amadurecimento de diferentes sistemas 
funcionais refletem-se na eficiência do ensino da técnica das ações motoras e no 
aperfeiçoamento das capacidades físicas. A prática pedagógica mostrou, faz muito tempo, que o 
efeito do ensino, além de outros fatores, depende da idade dos alunos. Na infância é mais fácil 
ensinar a andar de bicicleta, nadar, executar exercícios de acrobacia do que na idade adulta 
(figura 04), pois justamente na idade infantil é que se desenvolvem ativamente as estruturas 
psicofisiológicas do organismo, que asseguram a revelação das capacidades de coordenação e, 
simultaneamente, ainda são pouco expressas reações de defesa relacionadas com o sentido do 
medo (ZAKHAROV, 1992). 
 
 
 
 Figura 04. Uso das habilidades nos esporte. 
 Fonte: O Globo, 2008. 
 
 
 A dependência entre a idade e a eficiência do ensino se altera na medida da alternância 
na ontogênese dos períodos, que se distinguem pelo nível diferente de ensinabilidade, aceitação 
de influências de treino e de processamento da informação. O mesmo se vê também quanto ao 
aperfeiçoamento das capacidades motoras físicas (ver quadro 03). 
 
 
 
 
 
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QUADRO 03. Períodos sensitíveis do desenvolvimento das capacidades físicas 
 
Capacidades 
Idade 7 8 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 15 15 16 16 17 
Físicas Sexo H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M 
 
 Velocidade 
 
 
 
Força/Velocidade 
 
 
 Força 
 
 Coordenação 
 
 Flexibilidade 
 
 Resistência 
Fonte. Zakharov, 1992. 
 
 
 Os períodos etários em que as influências específicas de treino no organismo humano 
provocam elevadas reações de resposta asseguram os ritmos consideráveis de crescimento da 
função em treinamento. Se, no processo de preparação de muitos anos do atleta, não se utilizam 
os períodos favoráveis para o aproveitamento e aperfeiçoamento das capacidades motoras, 
frequentemente é impossível recuperar o que se perdeu. 
 Diversas capacidades motoras atingem o seu desenvolvimento máximo em diferentes 
idades, dependendo dos ritmos de amadurecimento dos sistemas funcionais que asseguram sua 
manifestação. É com este fator que se relacionam, em grande medida, a idade ótima para o início 
dos treinos, nesta ou naquela modalidade, e a orientação predominante dos efeitos de treinos, 
assim como os limites aproximados (orientadores) dos resultados superiores. 
20 
 
 Segundo Campos (2000), a altura aumenta rapidamente durante os primeiros dois anos 
de vida. Do segundo ano em frente, o crescimento já é mais lento e progressivo, com um novo 
aumento na fase de pré-puberdade, seguido de um decréscimo até que a altura total é adquirida 
por volta dos dezoito anos para os meninos e dezesseis a dezoito para as meninas. O progresso 
manifesto (expresso) no aperfeiçoamento das capacidades de coordenação e flexibilidade está 
relacionado com a idade de 6 a 10 anos, entre as moças, e um ou dois anos mais tarde, entre os 
rapazes. 
 O maior acréscimo de velocidade influenciado pelos treinos verifica-se na idade de 9 a 
12 anos e, na idade de 13 a 15 anos, segundo algumas manifestações, atinge os níveis máximos. 
Neste período, a vantagem das crianças treinadas em relação às que não tiveram treinos é 
relativamente grande. Se, nesta idade, não for dedicada atenção ao aperfeiçoamento da 
velocidade, nos anos posteriores será difícil superar o atraso que surge. 
 As capacidades de força dos jovens atletas estão intimamente ligadas ao crescimento 
dos tecidos ósseo e muscular, ao desenvolvimento do aparelho articulador de ligamento. O maior 
acréscimo da força de certos músculos ocorre no período entre 14 a 17 anos. Em geral força 
muscular e resistência ao trabalho dinâmico podem aumentar após os 25 anos, indo até 30 anos 
ou mais. 
 A direção diferente das alterações das capacidades motoras, no período de 
amadurecimento sexual, constitui uma particularidade do desenvolvimento etário. As 
capacidades de força e velocidade e força, neste período, crescem intensamente, sendo que as 
capacidades de coordenação podem até diminuir. Isto se deve à reestruturação hormonal 
observada neste período, no organismo dos jovens (adolescência), a qual leva ao crescimento daexcitação e ao crescimento da mobilidade dos processos nervosos. Convém também ressaltar as 
mudanças anátomo-morfológicas que se efetuam no organismo neste período. 
 O crescimento do comprimento do corpo e dos membros leva à alteração da estrutura 
biomecânica dos movimentos, exige novas coordenações, o que é acompanhado da deterioração 
da proporcionalidade e concordância dos movimentos. Assim, por exemplo, a diminuição da 
capacidade de salto, entre as moças de entre 15 e 17 anos, explica-se pelo fato de se suspender a 
rapidez dos movimentos, por um lado, e, por outro, de aumentar o peso, o que se deve 
essencialmente ao aumento da massa passiva (gordura), isto leva à diminuição de força nas 
moças (ZAKHAROV, 1992). 
 
 
 
 
21 
 
1.9.1 Formas de adaptação das capacidades físicas 
 
 Os fenômenos de adaptação podem ser considerados sob vários aspectos. Conforme a 
forma de observação, diferenciamos diferentes tipos de adaptações, considerando aspectos das 
estruturas do corpo humano e da pedagogia do treinamento. 
Aspectos anatômicos e fisiológicos - Não é possível uma separação muito rígida destes aspectos, 
uma vez que estrutura e função condicionam-se reciprocamente. 
Segundo às alterações fisiológicas - Adaptações: biopositivas e bionegativas. 
Sob o aspecto tempo - Adaptação: Rápida e Lenta. 
Sob o aspecto da adaptação específica da atividade e específica da capacidade- diferenciamos 
em adaptação especial e adaptação geral. 
Sob o aspecto da sequência de adaptação - desadaptação – readaptação 
 Segundo Gurtler (1982) apud Campos (2000), entende-se por desadaptação as 
involuções de processos estruturais e funcionais de adaptação, assim como a perda de 
estabilidade do sistema regulador, quando os estímulos não são mais efetuados. Se a 
desadaptação não for passiva através da suspensão eficaz dos estímulos, mas ativa, como é o 
caso em atletas com alto treino em resistência no final de sua carreira esportiva, por exemplo, 
então se fala no esporte, de um detraining4 ou destreinamento. 
 Uma desadaptação deste tipo serve para evitar a chamada Síndrome Aguda de Descarga 
(SAG). É caracterizada por pontadas no coração, ou sensação de pressão na região do mediastino, 
distúrbios no ritmo cardíaco, inquietação, transpiração e apetite (DANTAS, 1998). 
 
1.9.2 Fatores de influência no treinamento 
 
 A adaptação do organismo humano ou de seus sistemas parciais nem sempre 
apresentam uniformidade de manifestação (figura 04). Elas são influenciadas por fatores 
exógenos (ex. alimentação, medicamentos, estresse) e endógenos (ex. idade, sexo). 
 
 
 
 
 
 
 
4
 Segundo Weineck, após o término do ciclo de treinamento de alto nível, ou seja, quando o atleta pára 
realmente de treinar, processos metabólicos e psicológicos surgem neste período. O corpo necessita passar 
por processos de involuções e desadaptações voltando à homeostase inicial. 
22 
 
Espectro dos fatores de influência 
 
 Tipo de Carga 
 Clima Estação do Ano 
 
 
 Biorritmo Idade 
 
 
 Recuperação Sexo 
 
 
 
 Fatores Sociais Conteúdo do Treinamento 
 Fatores Psicológicos 
 
Figura 05 – Principais fatores que influenciam os processos de adaptação. 
Fonte: Weineck, 2000. 
 
 
 
1.9.3 Fatores endógenos 
 
Idade - O organismo humano impressiona pela grande capacidade de adaptação. Para as 
adaptações das capacidades físicas a fase da pré-puberdade representa o melhor período para o 
seu desenvolvimento. Porém, com o avanço da idade, diminui a capacidade de adaptação do 
organismo humano; em princípio, mantém-se até a idade avançada. 
O desenvolvimento do nível de adaptação (condição de treinamento) ocorre de forma muito 
rápida no início do treinamento e torna-se depois cada vez mais lento e difícil (gráfico 03). 
 
 
 
 
 
 
 
(a) (b) (c) 
 Tempo 
Gráfico 03. Apresenta o aumento do nível de adaptação e desempenho através do tempo. 
Fonte: Weineck, 2000. 
 
 
 
 As varáveis que impõem dificuldades no caminho seguido pelo treinamento são aquelas 
oriundas dos fatores que influenciam diretamente ou indiretamente o treinamento. Mas, o fator 
idade parece ser aquele que maior determina o declínio da performance. 
Processo 
 de 
 adaptação 
23 
 
Sexo - A capacidade de adaptação de certos sistemas do organismo depende do sexo. Deste, 
modo tomaremos como exemplo, a capacidade de adaptação, de treino da musculatura na 
mulher é menor, devido à menor quantidade de testosterona que no homem. Estímulos de 
treinamento, ou de sobrecarga, unilaterais, levam a uma “estagnação” precoce do progresso do 
desempenho. 
 
1.9.4 Fatores exógenos 
 
 
Quantidade e Qualidade da Carga- Sequência correta de estímulos, observando os princípios 
científicos, intensidade, duração, volume e frequência do treinamento, decide a forma e a 
abrangência do Processo Adaptativo. 
Alimentação - Os processos de adaptação só são garantidos quando forem colocados pela 
alimentação, os elementos necessários para a formação em quantidade suficiente e qualidade 
necessária. A maioria das funções biológicas está sujeitas a evoluções rítmicas; como no relógio, 
podem-se diferenciar períodos de segundos, minutos, horas e ainda de dias, meses e anos (FARIA 
& ELLIOT, 1980 apud WEINECK, 2000). 
Diferenciamos entre oscilações rítmicas espontâneas (endógenas) e oscilações induzidas 
externas (exógenas). Além do ritmo sono-vigília, existem mais de cem outros parâmetros 
fisiológicos e bioquímicos que demonstram uma função rítmica. Por este motivo, um grande 
número de trabalhos mais atuais e científicos, discute diversos parâmetros psicofísicos com 
desenvolvimento cíclico, sua influência e manifestação sobre a capacidade de desempenho 
humano. 
Geralmente descrevem pesquisas no âmbito: 
Medidas fisiológico-bioquímicas – Temperatura corporal, frequência cardíaca, pressão sanguínea, 
hormônios e outros. 
Medidas Motoras - Forças, resistência, coordenação e reação. 
Medidas Psicológicas - Atenção, concentração, percepção e emoções. 
Estes estudos são realizados de forma isolada ou sobreposta na dinâmica temporal (em função do 
fator tempo). Para área esportiva, principalmente os ritmos de curva de curta duração (diário), de 
média duração (semanal/mensal) e de longa duração (anual), são os mais importantes. 
 
 
 
 
 
24 
 
1.9.5 Ritmo circadiano 
 
 A este ritmo mantém uma dependência periódico-diária e estão relacionados com as 
capacidades psiconervosas e física do ser humano. Devido ao desenvolvimento ontogenético5, 
que é próprio de cada indivíduo, pode-se determinar muitas diferenças interindividuais.Assim, 
cada ser humano tem seu ritmo individual de desenvolvimento ou um sistema de ritmos 
sobrepostos que determinam sua capacidade de desempenho com abrangência diferenciada. 
 O ritmo diário da temperatura corporal parte da simulação de um valor ideal, que se 
baseia em um período endógeno (temperatura corporal), que é sincronizado com a rotação da 
terra (hora da localidade). Nas alterações de horários através de um vôo internacional, o ritmo 
diário da temperatura se ajusta novamente à nova fase (temperatura) dentro de alguns dias. No 
caso da freqüência cardíaca e pressão sanguínea, a curva diária se assemelha à da temperatura 
corporal. 
 Essas alterações são conseqüências ocasionadas pelo fuso horário ou pela altitude. 
Mudanças de localidades superiores a cinco horas, necessitam que o corpo possam ser adaptados 
a este novo estado. 
 
 
 
 (° C) 
 
 
38 - 
 
 
37 - 
 
 
36 - 
 6 12 18 24 (h) 
 
 
 Gráfico 04 – Dinâmica da temperatura corporal no desenvolvimento periódico-diário. 
 Fonte: Weineck, 2000. 
 
 
 Alterações diárias são freqüentes e o atleta deverá submeter-se a um treinamento no 
melhor período, aquele em que poderá tirar melhor proveito e desempenho. Os diferentes 
períodos do dia oferecem várias manifestações no organismo estando a pessoa em atividade ou 
 
5
 Relativo ao desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a reprodução 
(HOLANDA FERREIRA, 2001). 
25 
 
não, sendo que estando ele sob um rigoroso treinamento essas variações irão determinar um 
estado de treino profundo (gráfico 05). 
 
 % 
 Manhã Tarde Noite 
 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 2 4 6 
 
 Gráfico 05. Oscilações e percentuais da prontidão de desempenho fisiológico durante 24 horas. 
 Fonte: Weineck, 2000. 
 
 
 Diversos testes psicofisiológicos mostram que existem diferenças específicas entre os 
sexos nas curvas biorrítmicas. Segundo Lipitak (1982) apud Zakharov (1992), as mulheres têm seu 
melhor desempenho nas últimas horas da manhã (com mais um pequeno pico entre as 18 e 20 
horas); os homens apresentam seu melhor desempenho à noite. Podemos observar desta forma 
que as diferenças do desenvolvimento ontogenético e endógeno assumem papel diferenciados 
quando se aplica estímulos em períodos diferentes (tipo matinal/tipo noturno). 
 
 
 
 Nível de Desempenho 
 
 Manhã Tarde Noite 
 100 - Fx - F – V- C – R 
 90 - 
 80 - Fx - C 
 70 - 
 60 - 
 50 - H 
 
 6 8 10 12 14 16 18 20 
 
 Gráfico 06. Indica a otimização das capacidades motoras e intelectuais nos períodos diários. 
 Fonte: Zakharo, 1992. 
 
140 - 
 - 
120 - 
 - 
100 - 
 – 
 80 – 
 – 
 60 – 
 – 
 – 
 20 – 
 
 
 + 
 
 
 
 
 _ 
 
 HORAS 
Ativ. intelectuais 
26 
 
 As capacidades motoras e intelectuais atingem um nível ótimo no período entre as 10 e 
12 horas, e se estende até 15 horas. Neste sentido, se propõe o desenvolvimento das capacidades 
de flexibilidade e coordenação nos demais períodos. 
 
1.9.6 Ritmo semanal, mensal e anual 
 
 Com referência aos ciclos semanais poderemos citar como exemplo o ciclo menstrual da 
mulher (ciclo fisiológico). Como exemplo de um ciclo anual, citamos as funções individuais 
(freqüência cardíaca, temperatura corporal, e pressão sanguínea) que mostram oscilações não só 
diárias, mas também anuais (ZAKHAROV, 1992). 
 
1.9.7 Crescimento, desenvolvimento e adaptação 
 
 Vários termos são utilizados para descrever as mudanças que ocorrem no corpo desde a 
concepção até a maturidade, como: o crescimento refere-se ao aumento, em tamanho, do corpo 
ou de qualquer uma de suas partes. O desenvolvimento refere-se às mudanças funcionais que 
ocorrem com o crescimento. Já a maturação, refere-se ao processo de aquisição da forma adulta 
e torna-se totalmente funcional (CAMPOS, 2000). 
 Enquanto o corpo cresce no seu conjunto, nem todos os segmentos crescem na mesma 
proporção. O corpo cresce com o crescimento dos diferentes segmentos do corpo em tempos 
distintos (figura 06). 
 
 
 
Figura 06: Diferentes tempos de crescimento segmentar. 
Fonte: IAAF, 2006. 
 
 
 Picos de crescimento em termos de altura para meninos e meninas, podem existir 
diferenças de até quatro anos no desenvolvimento de crianças da mesma idade (figura 07). Os 
27 
 
ossos crescem em comprimento e tamanho de áreas especiais chamadas placas de crescimento, 
as placas de crescimento são a parte mais débil dos ossos das crianças e podem-se ferir 
facilmente com a prática da atividade física. Logo, exercícios de alto impacto devem ser dirigidos 
de acordo com a fase de crescimento. 
 
 
 
Figura 07. Áreas especiais da estrutura óssea, as chamadas placas de crescimento. 
Fonte: IAAF, 2006. 
 
 
 Na pubescência são melhoradas principalmente as capacidades condicionantes. As 
coordenativas, ao contrário, somente são estabilizadas e, quando possível gradualmente formada 
na sua estrutura. A adolescência pode ser considerada a “segunda idade de ouro da 
aprendizagem” deve ser aproveitada, portanto, para o aperfeiçoamento de técnicas específicas da 
modalidade esportiva escolhida pela criança. Esta fase deverá usar nos conteúdos desportivos de 
forma aprofundada (quadro 04). 
 
 QUADRO 04. Forma de crescimento no gênero humano. 
 
 Fonte: IAAF, 2006. 
 
 
 As meninas não têm a mesma aceleração no desenvolvimento muscular na puberdade 
porque apresentam secreção hormonal menor que os meninos. Mas, elas continuam 
28 
 
desenvolvendo massa muscular progressivamente, e por volta dos dezesseis a vinte anos atingem 
o ápice da massa muscular, os meninos atingem o ápice um pouco mais tarde, entre os dezoito e 
vinte e cinco anos. 
 O aumento da massa muscular com a idade é devido ao aumento dos miofilamentos e 
miofibrilas. O aumento do comprimento do músculo é resultado do aumento no número de 
sarcômeros e aumento do comprimento dos sarcômeros já existentes. 
 A deposição de gordura nas células adiposas começa no desenvolvimento fetal. Cada 
célula adiposa pode aumentar em tamanho (hipertrofia) e também em número de células 
adiposas (hiperplasia). Se uma criança é obesa, ela está mais suscetível a ser obesa na fase adulta, 
por possuir mais células adiposas que uma pessoa adulta, que não teve hiperplasia na infância. 
 Na idade pré-escolar a criança apresenta uma acentuada alegria de movimentos e 
prontidão para o aprendizado, portanto, deve-se possibilitar as crianças diversidades de 
movimentos que estimulem, de forma fantasiosa e variável, o correr, saltar, subir, balançar, 
empurrar, etc. 
 Na primeira infância as condições psicofísicas são extremantes favoráveis

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