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Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) EXAME FÍSICO NEUROLÓGICO* 1. Revisão da Anatomia e Fisiologia O sistema nervoso é constituído de cérebro, medula espinhal e nervos periféricos. O cérebro tem quatro regiões: córtex cerebral, diencéfalo, tronco cerebral e cerebelo. LOBOS Frontal – controla o afeto, julgamento e personalidade Parietal – sensorial, interpretação das sensações (única que não interage é o olfato) Temporal – sensação de paladar, olfato e audição Occipital – interpretação visual DIENCÉFALO Tálamo – processa os impulsos da dor, memória e sensação Hipotálamo – trabalha com a hipófise para manter a regulação hídrica, temperatura e pressão arterial. Local do centro da fome Glândula pituitária (hipófise) – glândula mestra, controla a função dos rins, pâncreas, órgãos reprodutores. Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) TRONCO CEREBRAL Mesencéfalo – abriga vias sensoriais e serve de centro auditivo e visual Ponte – vias motoras e sensoriais CEREBELO Tem ações excitatoriais e inibitórias sendo responsável pela leveza e coordenação dos movimentos 2. EXAME NEUROLÓGICO MATERIAL NECESSÁRIO: Alfinete; Algodão; Diapasão; Lanterna; Abaixador de língua COMPONENTES Existem seis componentes do exame neurológico: 1. Estado mental (Função cerebral) 2. Função dos nervos cranianos 3. Função cerebelar 4. Função motora 5. Função sensorial 6. Reflexos tendinosos profundos Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) 2.1 ESTADO MENTAL (Função cerebral) Durante a conversa com o paciente, no decorrer de todo o exame físico, o estado mental vai sendo testado. Costuma-se observar as condições psíquicas, fácies e atitudes e, por último, o equilíbrio. Como Avaliar O que pode ser encontrado * Estado de consciência (ativo, sonolento, torporoso, comatoso) O paciente sabe o seu nome, onde mora, onde se encontra, porque está hospitalizado. * Memória (recente, distante, intermediária) * Cognição (cálculos, eventos atuais) * Afeto, humor * Alucinação Sorri ou demonstra tristeza, conforme a situação apresentada. * Fácies e Atitudes (Observadas por inspeção) *Expressão Facial (Observar se existe simetria nos dois lados do rosto ou outras anormalidades) Desvio contralateral de rima, com apagamento do sulco nasolabial em pacientes que sofreram AVC. Fácies de paralisia facial periférica, na qual ocorre apagamento dos sulcos da hemiface comprometida Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) FUNÇÃO DOS NERVOS CRANIANOS 1º Nervo - Olfativo A. Observar se as vias aéreas estão permeáveis B. Ocluir uma narina de cada vez e apresentar odores, como fumo, café ou outras substâncias para que o paciente reconheça 2º Nervo – Óptico Fazer teste de acuidade visual ( ou se possível exame de disco óptico com um fundoscópio – exame de fundo de olho) Observar dificuldades visuais, catarata, estrabismo, manchas, edema de papila e hemorragias, artérias e veias ao exame de fundo de olho 3º Nervo – Oculomotor 4º Nervo – Troclear 5º Nervo – Abdutor São nervos que controlam os músculos oculares e a constricção pupilar Testar o movimento dos olhos com o dedo 5º Nervo – Trigêmio Controle dos músculos da mastigação e sensibilidade da face Teste motor: Teste com abaixador de língua * deve existir força muscular na face e esta deve ser simétrica Teste sensorial: tocar a face e pedir que o paciente relate a sensação, que deve ser simétrica 7º Nervo – Facial A função motora é testada observando-se a expressão facial e a simetria do movimento facial Pedir ao paciente para franzir o cenho, fechar os olhos e sorrir Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) 8º Nervo – Acústico Possui 2 ramos: Coclear (relacionado com a audição) Vestibular (relacionado com o equilíbrio) Teste de Romberg: Faça o paciente ficar em posição ereta, com os olhos fechados e os pés juntos. Pode ocorrer uma ligeira oscilação, porém, o paciente não deve cair 9º Nervo - Glossofaríngeo Glossofaríngeo:Testa a presença do reflexo de vômito; deve existir o reflexo de vômito e não deve haver nenhuma dificuldade na deglutição. O palato e a úvula devem mover- se simetricamente, sem desvios 10º Nervo – Vago Peça ao paciente para dizer “Ah” e observe o movimento da úvula e do palato, quanto a desvios e assimetria 11º Nervo – Acessório Enerva os músculos esternocleidomastóideo e a porção superior do trapézio A. Pedir ao paciente para virar a cabeça para o lado contra uma resistência, enquanto seus dedos exercem pressão sobre a mandíbula * a força muscular do pescoço e do ombro deve ser simétrica B. Palpe o músculo esternocleidomastóideo do lado oposto C. A seguir, faça o paciente encolher os ombros enquanto você coloca suas mãos sobre os ombros e aplica uma ligeira pressão Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) 12º Nervo – Hipoglosso Enerva os músculos da língua Faça o teste observando as articulações das palavras e solicitando ao paciente que exteriorize sua língua, observando quaisquer desvios ou assimetrias * A língua deve ser simétrica e não apresentar nenhum desvio FUNÇÃO CEREBELAR Finalidade: avaliar a coordenação O paciente deve poder realizar todos os testes descritos com um movimento uniforme e suave, sem perder o equilíbrio. Observar a postura e a marcha Pedir ao paciente para andar para a frente e a seguir para trás, numa linha reta Para testar a coordenação muscular nas extremidades inferiores, faça o paciente tocar seu nariz com o dedo indicador, partindo da posição inicial de braços em hiperextensão; primeiro à esquerda e depois à direita, numa sucessão rápida. Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) FUNÇÃO MOTORA O exame da motricidade compreende o estudo da movimentação ativa, passiva, automática e involuntária. Divide-se o corpo em hemicorpos. Testes simples podem ser feitos, chegando-se à conclusão da existência ou não de deficit motor MEDULA ESPINHAL Força Muscular – A força muscular é testada solicitando ao paciente que realize determinados movimentos contra resistência oposta. Escala de Graduação GRAU 5 – Força normal GRAU 4 – Há contração e o movimento tem capacidade para vencer a ação da gravidade e a resistência oposta GRAU 3 – Há contração, o deslocamento vence a ação da gravidade, mas não vence a resistência oposta. GRAU 2 – Há contração com deslocamento, mas o movimento não é capaz de vencer a ação da gravidade. GRAU 1 – Há contração, mas esta não é suficiente para provocar o deslocamento. GRAU 0 – Não há contração muscular Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) TESTE DE FORÇA MUSCULAR 1.Flexão e Extensão do cotovelo 2. Preensão da mão 3. Extensão do punho 4. Abdução dos dedos5. Oponência do polegar 6. Flexão do quadril 7. Adução do quadril 8. Abdução do quadril 9. Extensão do quadril 10. Extensão do joelho 11. Flexão do joelho 12. Dorsiflexão do pé 13. Flexão plantar CLASSIFICAÇÃO DOS DÉFICITS MOTORES GRAU 0 e 1 – Déficit Total GRAU 2, 3 e 4 – Déficit parcial GRAU 5 – Força Normal Se o déficit motor for completo, é chamado de PLEGIA Se o déficit motor for parcial, é denominado PARESIA Quando os dois membros de um segmento corporal estão comprometidos, é denominado HEMIPLEGIA ou HEMIPARESIA Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) Quando os dois membros homólogos estão comprometidos, é denominado PARAPLEGIA Se há acometimento motor ou sensorial dos quatro membros, é denominado TETRAPLEGIA ou TETRAPARESIA TÔNUS MUSCULAR É o grau de tensão muscular suficiente para produzir movimento adequado AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR 1. Palpação da musculatura 2. Movimentação passiva dos segmentos corporais 3. Balanço passivo das articulações CLASSIFICAÇÃO EUTONIA – Tônus muscular normal HIPOTONIA – Diminuição do tônus muscular HIPERTONIA – Aumento do tônus muscular COORDENAÇÃO – Para avaliar a coordenação observe o desempenho do paciente no seguinte: 1. Movimentos rápidos e alternantes 2. Movimento ponto a ponto 3. Marcha 4. Posição ereta Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) SENSIBILIDADE É classificada em geral em SUPERFICIAL e PROFUNDA SUPERFICIAL 1. Tátil – passar um cotonete na pele do paciente sempre bilateralmente e comparar a sensibilidade dos dois lados 2. Dolorosa – encostar uma agulha na pele do paciente 3. Temperatura – utilizar dois tubos de ensaio um frio e um quente PROFUNDA 1. Tátil – discriminar o mesmo estímulo em dois pontos (ora em um ponto ora em outro) 2. Dolorosa – é avaliada mediante compressão moderada de massas musculares 3. Cinético Postural – é explorada deslocando-se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções, em determinado momento fixa-se o segmento em determinada posição que deverá ser descrita pelo paciente 4. Vibratória – é pesquisada com o diapasão colocando-o em saliências ósseas 5. Estéreognosia – o paciente deve reconhecer um objeto com a mão, com os olhos fechados Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) 6. Grafestesia – deve-se desenhar a forma de um número na superfície corporal do paciente (testa, mão) e ele deve identificar corretamente o número ou letra. REFLEXOS O reflexo trata-se de uma resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS REFLEXO CUTÂNEO PLANTAR – estímulo superficial na região plantar próximo à borda lateral e no sentido póstero-anterior, a resposta normal é a flexão dos dedos e anormal é extensão do hálux REFLEXO CUTÂNEO ABDOMINAL – estimular o abdômen no sentido da linha mediana em três níveis: superior, médio e inferior, a resposta normal é uma contração dos músculos abdominais. REFLEXO AQUILEU REFLEXO PATELAR REFLEXO TRICIPTAL REFLEXO BICIPTAL Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) GRAU DOS REFLEXOS GRAU 4 – Hiperativo, com clônus mantido GRAU 3 – Hiperativo GRAU 2 – Normal GRAU 1 – Hipoativo GRAU 0 – Ausente Anormalidades ligadas à visão Ptose palpebral – queda da pálpebra por lesão no nervo oculomotor Miose – é a contração pupilar ou pupila pequena, com menos de 2 mm de diâmetro Midríase – pupila dilata, com mais de 5 mm de diâmetro Anisocoria – diferença entre o tamanho das duas pupilas Diplopia – ou visão dupla: por paralisia do músculo ocular extrínseco, o paciente vê duas imagens Nistagmo – é a oscilação do globo ocular, involuntária Exoftalmia – resulta do aumento da pressão retrocular intracraniana Amaurose – perda da visão Hemianopia – perda da metade do campo visual Escotomas cintilantes – manchas brilhantes, de contornos variáveis, referidas pelo paciente. Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) Anormalidades relacionadas à motricidade voluntária Ataxia – é definida como distúrbio da coordenação motora Oligocinesia – diminuição da atividade motora espontânea e conseqüente lentidão dos movimentos (Doença de Parkinson) Hipercinesia – aumento da atividade motora espontânea que se torna arrítmica, não sistematizada, sem propósito Distúrbios relacionados ao nível de consciência 1. Letargia e obnubilação: Definem o comportamento do paciente que se mostra inativo, sonolento, indiferente, mas que é capaz de responder a estímulos, embora com atraso e incompletamente. 2. Esturpor: Traduz a situação na qual o paciente só se mostra acordado, se vigorosa e continuamente estimulado. 3. Coma: Designa-se ao estado em que as respostas psíquicas e motoras estão completamente abolidas ou reduzidas a reflexos motores rudimentares. O coma advém de distúrbios de consciência que refletem sempre uma disfunção cerebral, e o coma Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) significa insuficiência cerebral, do mesmo modo que uremia significa insuficiência renal. Situações que podem levar ao coma Hematomas Subdurais Tumores Cerebrais Alterações Metabólicas: » Coma Hipo e Hiperglicêmico » Coma Hepático Distúrbios relacionados ao Acidente Vascular Cerebral 1. Episódios Isquêmicos Transitórios – ocorrem devido a microembolias. São rápidos, duram minutos e, às vezes, horas. Pode aparecer hemianestesia, alterações de campo visual e afasia. 2. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) – falta de irrigação encefálica provocada por trombose dos vasos acometidos por aterosclerose. Acomete mais a carótida e a artéria cerebral média. Os problemas podem surgir durante Profª Alessandra B. L. Rocha (*Roteiro de aula: consulte a bibliografia básica e complementar recomendada) exercícios ou repouso. Sinais clínicos de parestesias, hemiparesias, hemiplegias, disfasia, desvio de rima e amaurose. 3. Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH) – é de início sempre abrupto, com hemiplegia, afasia ou outras alterações, na dependência do vaso obstruído. Pode ocorrer convulsão, além de alterações da consciência, indo do torpor ao coma. Há alterações da freqüência cardíaca e respiratória, sendo esta, muitas vezes do tipo Cheyne-Stockes. A hipertermia é freqüente. A morte, conseqüente à hemorragia ocorre em poucas horas, em cerca de 50% dos pacientes. Quando a evolução é favorável, a recuperação geralmente é lenta, em meses, com sequelas, tais como: Espasticidade do membro inferior Dificuldade à movimentação da mão Distúrbios de linguagem
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