Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 102 CAPÍTULO 7 - ÁREAS O cálculo de áreas de figuras planas está presente em várias situações cotidianas. Vejamos algumas dessas situações descritas nos problemas abaixo: Problema 1: Deseja-se construir, com tijolos, um muro de 2,10 m de altura, ao longo do contorno de um terreno que mede 12 m de largura e 30 m de comprimento. Se 32 desses tijolos correspondem a 1 m2 do muro, quantos tijolos, aproximadamente, deverão ser comprados? Problema 2: Uma sala de dimensões 4 m x 5 m deverá receber piso de cerâmicas quadradas medindo 0,40 m x 0,40 m. Se uma caixa contém 15 dessas cerâmicas, quantas caixas, aproximadamente deverão ser compradas? Problema 3: Numa certa região, o preço do metro quadrado de um terreno custa R$ 170,00. Quanto custará um terreno que mede 15 m x 30 m, nessa região? Poderíamos mencionar vários outros exemplos nos quais pode-se observar que o cálculo da área de uma superfície plana faz parte do cotidiano de muitos profissionais. Passaremos agora a desenvolver a teoria correspondente ao cálculo de áreas de regiões planas. Definição 7.1: Uma região poligonal é a união de um polígono e seu interior. Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 103 Note que uma região poligonal pode ser decomposta em um número finito de regiões triangulares, através das diagonais que partem de um mesmo vértice do polígono correspondente. Postulado 13: (Postulado da área) A toda região poligonal corresponde um único número real positivo denominado a área da região. Uma pergunta natural é, como se obtém tal número? Responder esta indagação é objetivo deste capítulo. Postulado 14: (Postulado da congruência) Se dois triângulos são congruentes, então eles têm a mesma área. No que se segue, nos referiremos a área do triângulo, a área do quadrado, etc, entendendo-se em cada caso, que estamos nos referindo a área da região poligonal correspondente. CALCULANDO ÁREAS: Medir uma grandeza é compará-la com outra, da mesma espécie, tomada como unidade. Por exemplo, para medirmos o comprimento de uma sala tomamos como unidade uma régua de comprimento 1 m. Tomamos como unidade de área um quadrado cujo lado mede uma unidade de comprimento, isto é, todo quadrado cujo lado meça 1 (1 cm ou 1 m, etc) terá, por convenção, área igual a 1 (1 cm2 ou 1 m2, etc, respectivamente). 1 m 1 m ( Unidade de comprimento: 1 m ) ( Unidade de área: 1 m2 ) Área = 1 m2 1 m 1 m 1m 1 cm 1 cm ( Unidade de comprimento: 1 cm ) ( Unidade de área: 1 cm 2 ) Área = 1 cm 2 1 cm 1 cm 1 cm Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 104 ÁREA DO QUADRADO: Exercício 7.1: Qual á área do quadrado cujo lado mede 5 m? Solução: Basta dividir cada lado deste quadrado em 5 partes iguais e pelos pontos de divisão traçar segmentos paralelos aos seus lados. Desta forma o quadrado fica dividido em 25 quadrados de lado 1 m cada. Portanto a área pedida é igual a 25 m2. 1 m 1 m Área = 25 m2. Exercício 7.2: Qual a área de um quadrado, cujo lado tem por medida um inteiro positivo n? Solução: 1 1 Divida cada lado do quadrado em n partes iguais (cada parte medirá 1). Pelos pontos de divisão trace segmentos paralelos aos lados do quadrado. Assim o mesmo ficará dividido em n2 quadrados unitários. Sendo A, a área do quadrado dado, tem-se então A = n2.1 = n2. E quando o comprimento do lado do quadrado não for um número inteiro, como proceder para obter a área do mesmo? A resposta a esta indagação será dada a seguir. Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 105 Exercício 7.3: Qual a área do quadrado cujo lado mede 5 1 m? 1/5 1/5 Solução: Divida o lado do quadrado de lado 1 m em 5 partes iguais. Note que este quadrado contém 52 = 25 quadradinhos de lado 5 1 . Portanto, a área do quadrado de lado 1 é igual a 52 x (área do quadrado de lado 5 1 m), ou seja, 1 m2 = 52.( área do quadrado de lado 5 1 m). Assim, a área do quadrado do lado 5 1 = 25 1 m2 = 2 5 1 m2. (Resposta) Exercício 7.4: Qual a área do quadrado, cujo lado tem por medida n 1 , onde n é um inteiro maior do que 1? 1/n 1/n 1 Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 106 Solução: Usando o raciocínio do Exercício 7.3, divida o lado do quadrado unitário em n partes iguais (cada parte medirá 1/n). O mesmo conterá n2 quadradinhos de lado n 1 cada. Seja A é a área de cada um deles, segue-se que 1 = n2. A A = 2 1 n A = 21 n . Exercício 7.5: Qual a área do quadrado cujo lado mede 3,5 cm? Solução: Como 3,5 = 10 35 , dividindo o lado desse quadrado em 35 partes iguais, cada uma dessas partes medirá 10 1 . Assim o quadrado dado conterá 352 quadradinhos de lado 10 1 . Pelo Exercício 7.4, cada um desses quadradinhos tem área igual a 2 10 1 . Portanto, o quadrado dado terá área igual a A = 352. 2 10 1 = 2 10 1 .35 = 2 10 35 = 3,52. Exercício 7.6: Qual a área do quadrado cujo lado mede n m , onde m e n são inteiros positivos? 1/n 1/n m/n m/n Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 107 A = a.b Solução: Usando o raciocínio do Exercício 7.5, dividindo-se o lado desse quadrado em m partes iguais, cada uma dessas partes medirá 1/n. Desta forma o quadrado dado conterá m2 quadradinhos de lado n 1 . Como cada um desses quadradinhos tem área 2 1 n cada, segue-se que se A é a área do quadrado dado, então A = m2. 2 1 n = 2 2 n m A = 2 n m . Os exercícios acima mostram que se a é um número racional qualquer, então a área do quadrado de lado a é igual a 2a . Pode-se provar que se a é irracional, o quadrado de lado a tem área 2a . (Veja: Medida e forma em Geometria – Elon Lages Lima – SBM) ÁREA DO RETÂNGULO: Sejam a e b o comprimento e a largura de um retângulo. Construamos um quadrado de lado a + b conforme indica a figura abaixo. Noteque este quadrado pode ser decomposto em dois retângulos congruentes de lados a e b, um quadrado de lado a e um quadrado de lado b. Se A é a área do retângulo dado, então 2A + a2 + b2 = (a + b)2 b a b b A b b a a A a a b a Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 108 A = 2 .ba A = 2 .hb ÁREA DO TRIÂNGULO RETÂNGULO: Consideremos um triângulo retângulo cujos catetos medem a e b. Pelas extremidades desses catetos tracemos perpendiculares aos mesmos formando com o triângulo dado um retângulo no qual a hipotenusa do triângulo é uma de suas diagonais. Assim, se A é a área do triângulo retângulo então 2A = a.b A b a ÁREA DO TRIÂNGULO: Consideremos agora um triângulo qualquer e seja h uma de suas alturas a qual divide-o em dois triângulos retângulos de áreas A1 e A2. Se A é a área do triângulo dado então A = A1 + A2 = = 2 ).( 2 . 2 . hmnhmhn h A1 A2 n m b ÁREA DO TRAPÉZIO: Pelas extremidades da base menor, b, de um trapézio, tracemos segmentos perpendiculares à base maior, B, do mesmo. Seja h o comprimento dessas alturas. O trapézio fica assim dividido em dois triângulos retângulos e um retângulo. A A Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 109 A = h bB . 2 A = b.h Portanto, se A é a área do trapézio, temos: A = )2( 2 . 2 ).( . 2 ).( 2 . . 2 . bbB h hb hbB hb hmnhm hb hn b h h n b m B ÁREA DO PARALELOGRAMO: A figura abaixo mostra dois triângulos retângulos pontilhados, usados para completar um retângulo a partir de um paralelogramo dado. n b h h b n Se b e h são as medidas da base e da altura do paralelogramo de área A, então A = (b + n).h - 2. 2 nh = bh + nh - nh, onde n é a medida do outro cateto dos triângulos retângulos considerados. Daí, A Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 110 A = 2 .BDAC ÁREA DO LOSANGO: A B D C Sendo o losango também um paralelogramo, sua área é obtida pelo produto de sua base pela altura correspondente. Entretanto, é possível expressarmos também sua área em função de suas diagonais, como descrito abaixo. Seja A, a área do losango ABCD acima. A = A ABC + A ADC = = 2 . 2 . DEACBEAC = 2 . 2 )( BDACDEBEAC . Portanto a área de um losango é o semi-produto das suas diagonais. Para obtermos a área de outros polígonos basta decompor o mesmo em polígonos menores, por exemplo, traçando as diagonais que partem de um mesmo vértice conforme observação feita no início deste capítulo. E Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 111 O TEOREMA DE PITÁGORAS: Em todo triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. b a c Prova: Se b e c são as medidas dos catetos de um triângulo retângulo de hipotenusa a, devemos provar que a2 = b2 + c2. Inicialmente, consideremos um quadrado de lado b + c. Neste quadrado, desenhemos quatro triângulos retângulos de catetos b e c, como mostra a figura abaixo. c b b a a c c a a b b c Cada um desses quatro triângulos é congruente ao triângulo dado (LAL). Além disso, o quadrilátero formado pelas quatro hipotenusas é um quadrado. De fato, o90ˆˆ , e como o180ˆˆˆ , segue-se que o90ˆ . O mesmo acontece com os demais ângulos do quadrilátero. Finalmente, a área do quadrado maior é (b + c)2 e tem-se a relação: Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 112 (b + c)2 = 4. 2 .cb + a2 ou b2 + 2bc + c2 = 2bc + a2 b2 + c2 = a2. Teorema recíproco: Se o quadrado de um lado de um triângulo é igual à soma dos quadrados dos outros dois, então o triângulo é retângulo. B B' a d b b A c C A' c C' Prova: Seja ABC o triângulo dado no qual a2 = b2 + c2. Desejamos provar que Aˆ = 90o. Para tal, consideremos um triângulo retângulo A'B'C' cujos catetos são b e c e hipotenusa d. Como d2 = b2 + c2 = a2, segue-se que d = a. Assim o ABC = A'B'C' (LLL). Portanto 'ˆˆ AA . Como 'Aˆ = 90o então Aˆ = 90o. Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 113 Exercício 7.7: Prove que cada cateto de um triângulo retângulo isósceles vale a metade da hipotenusa vezes 2 . Conclua daí que sen 45o = 2 2 . Solução: 45o x a 45o x Pelo T. de Pitágoras, a2 = x2 + x2 = 2.x2 x2 = 2 2a x = 2 a Portanto, x = 2 2a . Finalmente, sen 45o = 2 22 2 a a a x . Exercício 7.8: Prove que numtriângulo retângulo, o cateto oposto a um ângulo de 60o vale a metade da hipotenusa vezes a 3 . Conclua então que sen 60o = 2 3 . Solução: a x 60o a/2 Sabemos do Capítulo 6, que o cateto oposto a um ângulo de 30o vale a metade da hipotenusa. Assim, pelo T. de Pitágoras, x2 + (a/2)2 = a2 x2 = a2 – a2/4 = 3a2/4 x = 2 3a . Finalmente, Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 114 sen 60o = 2 32 3 a a a x . Exercício 7.9: Calcular a altura de um triângulo equilátero em função do lado l . A Solução: l l B l /2 H l /2 C Como o triângulo ABC é também isósceles, então a altura AH é também mediana e assim HB = HC = l /2. Aplicando o T. de Pitágoras ao AHC, obtemos AH2 + HC2 = AC2 AH2 + ( l /2)2 = l 2 AH2 = l 2 - l 2/4 = 3 l 2/4 AH = 2 3l . Exercício 7.10: Calcular a área de um triângulo equilátero em função do lado l . Solução: Da figura acima temos: S = 4 3 2 2 3 . 2 . 2l l l AHBC . Exercício 7.11: Na figura abaixo, expresse a área do triângulo dado em função de a, b e do ângulo . b h a Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 115 Solução: Temos que: S = senbaha ... 2 1 2 . PROPRIEDADES IMPORTANTES: Propriedade 1: A área de um triângulo não se altera quando sua base permanece fixa e o terceiro vértice percorre uma reta paralela à base. A A’ r B C De fato, os triângulos formados têm a mesma base e a mesma altura (distância entre as retas paralelas). Propriedade 2: Toda mediana de um triângulo, divide o mesmo em dois triângulos de mesma área. A S1= S2 S1 S2 B H M C De fato, como BM = MC os dois triângulos obtidos possuem a mesma base e a mesma altura. Portanto, possuem a mesma área. Exercício 7.12: No triângulo ABC abaixo, os segmentos AD , BE e EF são medianas dos triângulos ABC, ABD e ABE respectivamente. Se a área do triângulo ABC é 120 m2, qual a área do triângulo AFE? Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 116 Solução: Pela Propriedade 2 podemos escrever: Área ( ABD) = Área ( ADC) = 60 m2; Área ( ABE) = Área ( BDE) = 30 m2; Área ( AFE) = Área ( FBE) = 15 m2. (Resposta) EXERCÍCIOS PROPÓSTOS: 01. O retângulo ABCD abaixo, está dividido em quadrados congruentes de área 1, cada um deles. Determine a área do polígono contido no interior desse retângulo. Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 117 02. Determinar a área da figura abaixo em função de a, b e c, sabendo-se que os ângulos A, B e C são retos e o Ê = 45o. E 45o D C a c A B b 03. Na figura abaixo, ABCD é um retângulo. Determinar a área da região sombreada, sabendo-se que AB = 16 cm e DA = 9 cm. 04. Na figura abaixo, ABCD é um quadrado. Se AE = AF = 6 e FB = 4, determinar a área do triângulo CEF. D C E A F B Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 118 05. Calcule a área do quadrilátero DECF abaixo, sabendo-se que o  = 90o, BD = DA = 3, BE = EC = 5 e AF = FC = 4. B 5 3 D E 3 5 A 4 F 4 C 06. Na figura abaixo, ABCD e MNPQ são quadrados e os triângulos são retângulos. Sendo AB = a, AP = b e PB = c, mostre que a2 = b2 + c2. (Este exercício mostra outra demonstração do Teorema de Pitágoras, e é devida ao matemático indiano Bhaskara). 07. Na figura abaixo, o triângulo ABC é retângulo em B. Com as demais informações dadas na figura, determine a área da região sombreada. 08. O lado de um hexágono regular mede a . Calcular sua área em função de a . Cap. 7: Áreas Prof. Sinvaldo Gama 119 09. Um trapézio tem lados paralelos medindo 13 cm e 21 cm de comprimento. O maior dos lados não paralelos mede 17 cm e o menor é perpendicular aos lados paralelos. Calcule a área do trapézio. 10. ABC é um triângulo eqüilátero cujo lado mede 5 m. Sobre cada um dos lados deste triângulo tomam-se segmentos congruentes: AD = BE = CF = 3 m. Calcular a área do triângulo DEF. 11. Resolva os problemas 1, 2 e 3 do início deste capítulo. RESPOSTAS 01. 55,5 02. S = bc + 2 1 (a – c)2. 03. 72 cm2. 04. 42 05. 6 07. 56 08. S = 2 33 2a 09. 255 cm 2. 10. 4 37 m 2. 11. Problema 1: 5645 tijolos; Problema 2: 9 caixas; Problema 3: R$ 76.500,00
Compartilhar