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RESUMO DIREITO CIVIL 4 ESTACIO 2018

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Direito Civil 
Página 1 
 
1. Da Pessoa Natural. 
 
 Inicialmente vamos conferir o significado da palavra PESSOA. Pessoa vem 
do latim persona, que significa ressoar. Sob o prisma do Direito, Pessoa é o ente a que se 
atribuem direitos e obrigações, ou seja, é sinônimo de sujeito dos direitos. 
 Todo ser humano é pessoa, pois não há homem que seja excluído da 
atividade jurídica, assim, todas as criaturas humanas são portadoras de direitos. O detalhe é que 
certas criações sociais também participam da vida jurídica como sujeitos dos direitos, isto é, 
como pessoas. Por isso existem duas categorias de pessoas: as naturais e as jurídicas ( esta última 
veremos mais adiante ). 
 A pessoa natural, nosso primeiro tópico, também é conhecida como pessoa 
física, pessoa individual ou pessoa singular. Trata-se do ser humano, o homem. Homem este 
possuidor de capacidade para adquirir direitos e assumir obrigações, bastando para isso, que tenha 
nascido com vida. Ao nascer com vida existe-se como pessoa. 
 Na qualidade de pessoa natural existe, como atributo, um conjunto de 
faculdades e de direitos em potencial, formando o que podemos chamar de capacidade de direito. 
Alguns autores chamam esta capacidade de direito pelo nome de personalidade. 
 
1.1. Personalidade e Capacidade 
 
 A personalidade jurídica ou civil é o conjunto de faculdades e de direitos 
em estado de potencialidade, que dão ao ser humano a aptidão para ter direitos e obrigações. 
 Mas quando pode se dizer que começa a capacidade de direito ou 
personalidade civil do homem? Tal questão faz sentido pois, quando se inicia a personalidade, o 
homem se torna sujeito de direitos. Pelo nosso Código Civil, a personalidade natural começa do 
nascimento com vida, reservando ao nascituro uma expectativa de direito. Assim preceitua o 
artigo 4º: “A personalidade do homem começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo 
desde a concepção os direitos do nascituro”. 
 Basta que tenha vivido por um instante sequer e o ente humano adquire 
personalidade, sendo considerado juridicamente uma pessoa. 
 Até então falamos da capacidade de direito. Vamos abordar agora a 
capacidade de fato. A capacidade de direito ou personalidade exprime a faculdade ou 
possibilidade de ter direitos, mas o poder de exercê-los depende da capacidade de fato. 
 Esclarecemos melhor ao dizer que as pessoas podem ter a capacidade de 
direito sem que, por isso, tenham a capacidade de fato. Por exemplo, o recém nascido e o louco 
têm a capacidade de direito ( personalidade civil ) mas não detêm a capacidade de fato pois não 
podem exercer por si os direitos de que são titulares. 
 Resumindo: a capacidade de fato é a aptidão da pessoa para exercer por si 
mesma os atos da vida civil, os direitos de que é titular. Essa aptidão para o exercício dos direitos 
requer certas qualidades da pessoa, sem o que ela não terá a capacidade de fato. Daí resulta a 
incapacidade das pessoas, que pode ser absoluta ou relativa. 
 A incapacidade absoluta priva a pessoa de exercer por si mesma qualquer 
ato da vida civil. De acordo com o artigo 5º são absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil as seguinte pessoas: Menores de 16 anos, loucos de todo o 
gênero, os surdos mudos que não puderem exprimir sua vontade e os ausentes, declarados tais por 
ato do juiz. vejamos um a um: 
Direito Civil 
Página 2 
 Os menores de 16 anos são absolutamente incapazes para exercerem, eles 
mesmos, os atos da vida civil, sob pena de nulidade de tais atos, pois é condição de validade do 
ato jurídico a capacidade do agente. Ainda hoje ouvimos termos como púbere ou impúbere. Os 
menores impúberes são absolutamente incapazes e os menores púberes são relativamente 
incapazes. Na verdade, com a concepção de nosso Código Civil não mais se justifica tal 
distinção, porém, a tradição mantém tais termos entre nós. 
 Tais menores de 16 anos, nos atos jurídicos são representados por seus pais 
ou tutores. Se praticarem tais atos desacompanhados serão nulos. 
 Os loucos de todo o gênero, onde se compreende toda espécie de 
perturbação mental, também são absolutamente incapazes. Eles são representados pelo curador. 
 Os surdos-mudos dependem de não conseguirem exprimir sua vontade. São 
considerados incapazes quando não conseguem e assim aparece a figura do curador para 
representá-los. 
 A questão dos ausentes só ocorre quando o juiz declara através de ato. Não 
é a pessoa que esteja apenas desaparecida, sem dar notícias, deixando em dúvida se está viva ou 
morta. Ser-lhe-a nomeado um curador e a pessoa nestas condições será considerada 
absolutamente incapaz, quando então seus atos serão praticados por seu curador, que o 
representará. 
 Agora é a vez dos relativamente incapazes. Tais incapazes intervêm por si 
mesmos nos atos da vida civil em que são interessados, mas assistidos por outrem que lhes 
completa a manifestação da vontade para que ela seja eficaz. 
 Enumeremos os casos de incapacidade relativa de acordo com o nosso 
Código Civil: 
 Os maiores de 16 e menores de 21 anos podem praticar algumas ações de 
caráter jurídico: pode ser empregado público ( desde que o cargo não exija a maioridade ); pode 
ser testemunha nos atos jurídicos; pode ser procurador extra judicial ( art. 1.298 CC ); pode fazer 
testamento ( Art. 1.627, I CC ); e pode ser comerciante ( se já tem 18 anos ) e etc. 
 O Código Civil fala em Mulheres casadas, enquanto subsistir a sociedade 
conjugal. Sabemos nós que tal fato caiu por terra com nossa Constituição de 1988, onde todos são 
iguais perante a lei, homens e mulheres. 
 Nosso Código Civil não define o que seja Pródigo. Pode-se considerar 
pródigo aquele que gasta desordenadamente e destrói a sua fortuna. Eles são relativamente 
incapazes, dependendo o caso de constatação judicial, quando então o juiz nomeará um curador a 
esse incapaz, que só o será relativamente a certos atos. 
 Os últimos relativamente incapazes a que se refere o código são os 
silvícolas. A palavra silvícola indica os habitantes das selvas, que aí nasceram e se criaram, 
ficando alheios à civilização social. Quando os silvícolas são adaptados à civilização cessa-se 
essa incapacidade. Enquanto ela durar eles serão assistidos por um curador. 
 O preso e o falido não são incluídos expressamente no artigo como pessoas 
incapazes. Todavia, sofrem restrições no exercício de certos atos, embora não lhes seja nomeado 
um curador. As restrições que lhes são impostas decorrem da situação jurídico-penal e financeira 
em que temporariamente se encontram. Assim, o preso ficará sujeito às restrições previstas. O 
falido, desde a decretação da falência, perde o direito de administrar e de dispor de seus bens, 
assim como de praticar quaisquer atos que tenham direta ou indiretamente implicação com a 
massa falida. 
 Nos casos da incapacidade, que pode ser relativa ou absoluta, devemos 
fazer algumas comparações para entendermos melhor. Os incapazes absolutos são representados e 
Direito Civil 
Página 3 
os incapazes relativos são assistidos. Na incapacidade absoluta os atos praticados são nulos e já 
na incapacidade relativa os atos são anuláveis. 
 Devemos nos ater ao art. 406 CC que diz sobre a tutela, acontecendo no 
caso de falecimento ou ausência dos pais, ou ainda, decaindo os pais do pátrio poder. Já o art. 446 
diz que estão sujeitos à curatela os loucos de todo o gênero, os surdos mudos ( sem educação que 
os habilite a enunciar precisamente a sua vontade e os pródigos. 
 Os pais são os tutores natos dos filhos, representando enquanto impúberes e 
assistindo se púberes. 
 Na verdade, a tutela, a curatela e o pátrio poder são os modos que dispõe 
nosso Código para suprir a incapacidade das pessoas. Os menores são representados ou assistidos 
por seus pais e, na falta destes, por seus tutores; os demaisincapazes serão representados ou 
assistidos por seus curadores. 
 No art. 8º fala-se do benefício de restituição. Por tal benefício voltavam as 
coisas ao seu estado anterior mas nosso Código considerou esse benfício uma violência ao direito 
adquirido, prejudicando a circulação de bens e criando uma enorme perturbação no organismo 
econômico da sociedade. 
 E como se adquire a capacidade? A capacidade de fato é adquirida quando 
cessam as causas que impedem ou restringem o exercício desses poderes, podendo ocorrer de 
duas maneiras: pela maioridade ou pela emancipação. 
 A maioridade se dá aos 21 anos completos conforme prescreve o código no 
artigo 9º. Já a emancipação pode se dar em cinco casos: 1º) por concessão dos pais ou sentença do 
juiz - onde será ouvido o tutor e se o menor já tiver 18 anos cumpridos; 2º) pelo casamento; 3º) 
pelo exercício de emprego público efetivo; 4º) pela colação de grau científico em curso de ensino 
superior; e 5º) pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria. 
 Lembrando que a emancipação é a aquisição da capacidade de fato antes da 
idade legal. Ela tem caráter irrevogável, ou seja, a pessoa que se emancipou pelo casamento não 
deixa de ser emancipado ao enviuvar-se. 
 Existe ainda um caso especial de aquisição da capacidade. Trata-se do 
menor que houver completado 18 anos para ser alistado e sorteado para o serviço militar. É o que 
diz o art. 73 da lei 4.375, de 17/08/64: “Para efeito do serviço militar, cessará a incapacidade 
civil do menor, na data em que completar 17 anos”. 
 Falemos agora sobre o fim da pessoa natural. Evidentemente que ocorre 
quando a pessoa falece, ou seja, com a morte desaparece a personalidade humana. A morte pode 
ser real ou presumida pela lei, quando a ausência da pessoa se prolonga por um certo lapso de 
tempo, sem que dela haja notícias. ( vide arts. 482 CC e 1.167, II CPC ). 
 Por fim há o caso de ocorrer a comoriência: Pode acontecer que venham a 
morrer na mesma ocasião duas ou mais pessoas, havendo entre elas relações de direito cujos 
efeitos pedem que se verifique qual delas morreu em primeiro lugar. É o que se chama 
comoriência. 
 Nosso código estabelece que, nesse caso, não podendo averiguar se algum 
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-á que morreram todos simultaneamente, 
conforme dispõe o art.11. 
 
1.2. Da Pessoa Jurídica e seu registro 
 
 Durante o tempo o termo Pessoa Jurídica recebeu vários nomes: pessoas 
morais, pessoas civis, pessoas fictícias, pessoas abstratas, pessoas coletivas e etc. 
Direito Civil 
Página 4 
 A pessoa jurídica caracteriza-se por ser entidade, diferente da pessoa física, 
com poder de ter patrimônio, contratar, receber doações e legados, ser credora ou devedora, 
pleitear na justiça, comportando-se como verdadeira pessoa natural. 
 Pessoa Jurídica é o agrupamento de seres individuais ou o conjunto de bens 
destinados a um fim, a que se reconhecem os atributos das pessoas naturais, na vida jurídica. Veja 
que o conceito acima abre um leque com duas modalidades: a) agrupamento de pessoas naturais, 
que podem ser associações, corporações, sociedades, companhias e etc; b) ou é um conjunto de 
bens destinados a um fim, onde se encaixam as fundações. 
 Diz o art. 13 CC que as pessoas jurídicas se dividem em duas categorias: 
Direito Privado ou Direito Público e vai mais além ao dizer que o Direito Público pode ser 
interno ou externo. Vamos esclarecer o que vem a ser cada um deles. 
 São pessoas jurídicas de direito público interno: a União, Os Estados com o 
Distrito Federal ( organismos político-administrativos sem personalidade internacional )e os 
municípios ( unidades administrativas ). É o que dispõe o art. 14 CC. 
 Inclui-se neste rol também as autarquias. Elas conservam a personalidade 
jurídica de onde se destacaram, ou seja, no âmbito federal, estadual ou municipal. 
 As pessoas de direito público externo são os estados soberanos como o 
Brasil, França, Itália, etc e a Santa Sé. A Igreja católica se equipara a um Estado. 
 As pessoas jurídicas de Direito Privado são sociedades civis de fins 
econômicos ou não, tendo modalidades e compreendendo as ordens e congregações religiosas, 
confrarias e irmandades; as associações de beneficência como hospitais, asilos e orfanatos; as 
associações científicas, literárias ou artísticas ; as associações recreativas; os sindicatos agrícolas 
e profissionais; 
 As sociedades comerciais que se constituem para o exercício do comércio e 
que são reguladas pelas leis do Direito Comercial também são pessoas jurídicas de Direito 
Privado, como também são as fundações, que são massas de bens, destinadas a um fim especial e 
com administração instituída pelo fundador. é o que prevê o art.16 CC. 
 As pessoas jurídicas adquirem personalidade constituindo-se de acordo 
com a lei. 
 O Estado e suas divisões políticas são estabelecidas por leis constitucionais. 
São as pessoas jurídicas de direito público interno. 
 As pessoas de direito privado constituem-se por escrito, conforme diz o 
parágrafo 1º do art. 16 CC. Assim, o documento escrito é a base essencial para a constituição de 
pessoa jurídica de direito privado. 
 As sociedades civis que se constituirem irregularmente ( sem ser por escrito 
) e que entrem em relações com terceiros, terá sua existência provada de qualquer modo por 
estranhos, conforme permite o art. 1.366 CC. Estas sociedades regem-se pelo disposto nas leis 
comerciais. Neste caso, ou seja, quando ela não for registrada, não será possível ingressar em 
juízo como autora. Mas contra ela poderá ser proposta qualquer ação, conforme dispõem os arts. 
12, Parágrafo 2º do CPC e art. 20, parágrafo 2º CC. 
 As pessoas jurídicas não agem por si mesmas como as pessoas naturais. 
São necessários órgãos para se relacionar no meio social e os representantes desses órgãos são 
seus diretores ou gerentes. Seus órgãos representativos são, designados no próprio documento 
escrito, quando de sua constituição, ou, caso contrário, são representados por seus diretores. 
 Antes de falarmos sobre o registro da pessoa jurídica abordaremos a sua 
responsabilidade. Os atos praticados pelos representantes, no exercício de suas atribuições, são 
Direito Civil 
Página 5 
considerados como atos do representado. Assim, as pessoas jurídicas são responsáveis pelas 
consequencias dos atos lesivos, danosos praticados pelos seus representantes. 
 Analisando o art. 15 CC percebe-se que são necessárias três condições para 
que haja responsabilidade das pessoas juridicas de direito público ( União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios ): 1º) que o ato seja praticado pelo representante no exercício de sua função; 
2º) que desse ato resulte um dano; 3º) que tal ato seja contrário ao direito. 
 Enfim falaremos do Registro das pessoas jurídicas. A existência legal das 
pessoas jurídicas de direito civil ( sociedades, associações e fundações ) depende do registro ou 
da autorização do poder competente. 
 São três os sistemas para a personificação das pessoas jurídicas: a) livre 
constituição, sem dependência de autorização, bastando o registro; b) o que faz depender, em 
cada caso, de autorização do poder competente; c) o misto, pelo qual algumas entidades de certa 
natureza carecem de autorização e as demais independem dela, bastando o registro. O ítem C foi 
o escolhido por nosso código civil, como se observa no art. 18. 
 O registro da pessoa jurídica será pela inscrição do documento escrito de 
sua constituição em livro próprio. Prescreve o art. 19 que o registro deverá conter as seguintes 
indicações: I) denominação, fundo social, quando houver, os fins e a sede da associação, ou 
fundação, bem como o tempo de sua duração; II) o modo por que se administra e representa a 
sociedade ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; III) se os estatutos, ocontrato, ou o 
compromisso são reformáveis, no tocante à administração, e de que modo; IV) se os membros 
respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; V) as condições de extinção da 
pessoa jurídica, e o destino de seu patrimônio nesse caso; VI) os nomes dos fundadores, ou 
instituidores, e dos membros da diretoria, provisória ou definitiva, com indicação da 
nacionalidade, estado civil e profissão de cada um, bem como o nome e a residência do 
apresentante dos exemplares ( dois exemplares de jornal oficial em que houver sido publicado o 
documento de constituição da pessoa jurídica ). 
 Quaisquer alterações que vierem a acontecer nestas inscrições serão feitas 
através de averbações. 
 E como se extinguem as pessoas jurídicas? Descreve o art. 21 CC que: 1) 
pela dissolução, deliberada entre os seus membros, salvo o direito da minoria e de terceiros; 2) 
pela sua dissolução, quando a lei determine; 3) pela sua dissolução em virtude de ato do Governo 
que lhe casse a autorização para funcionar, quando a pessoa jurídica incorra em atos opostos aos 
seus fins ou nocivos ao bem público. 
 Já as fundações podem ser dissolvidas, de acordo com o art. 30 CC, 
verificando sua nocividade, a impossibilidade de sua sobrevivência ou vencido o prazo de sua 
existência. Ao se extinguir uma fundação o seu patrimônio será incorporado a outras fundações 
de fins iguais ou semelhantes, caso não haja disposição em contrário no ato constitutivo. 
 
1.3. Da sociedade e das associações civis 
 
 Quando falamos sobre a pessoa jurídica vimos que ela se desdobra em duas 
modalidades: ou é um agrupamento de seres individuais ( sociedades ou associações ); ou é um 
conjunto de bens destinados a um fim ( fundações ). 
 Vamos inicialmente falar das diferenças entre sociedade e associação: A 
Associação ou corporação é a pessoa jurídica que não tem fins econômicos; já a sociedade existe 
sob o prisma de fins lucrativos. 
Direito Civil 
Página 6 
 As sociedades poderão ser civis ou comerciais. As primeiras são reguladas 
por leis civis e as segundas por leis comerciais. Existem, como já foi dito anteriormente, registros 
peculiares para umas e outras. 
 A distinção fundamental entre as sociedades civis e comerciais está no 
objeto das mesmas. Se o objeto é mercantil, isto é, um conjunto de atos de intromissão, de 
mediação entre o produtor e o consumidor, enfim, daqueles atos que a lei considera comerciais, a 
sociedade será comercial; se, ao contrário, o objeto não é dessa categoria, a sociedade será civil. 
 As sociedades que não se registrarem não adquirem a personalidade, quer 
dizer, não adquirem existência distinta da dos membros que as compõem. 
 A personalidade das sociedades ou associações civis extingue-se pela 
dissolução. Podem ser por três causas: 
 I) Por deliberação dos membros. É o acordo de vontade dos sócios para 
dissolverem a sociedade. Assim como se constitui por um acordo de vontades, este mesmo 
acordo poderá dissolvê-la. Questiona-se porém, se, para a dissolução por essa causa, é necessário 
o acordo unânime dos sócios ou associados, ou basta o simples acordo da maioria. 
 A resposta para tal questão está prevista no artigo 1.399, VI CC. Do ato 
constitutivo da sociedade poderá constar a possibilidade de sua dissolução pela vontade da 
maioria dos sócios. Se não constar essa possibilidade, a dissolução só se poderá dar pelo consenso 
unânime dos sócios. 
 II) Por determinação da lei. Também com fulcro no art. 1.399, incisos de I a 
V, CC, que são: o implemento da condição a que foi subordinada a sua durabilidade, ou pelo 
vencimento do prazo estabelecido no contrato; extinção do capital social, ou seu desfalque em 
quantidade tamanha que a impossibilite de continuar; a consecução, do fim social, ou a 
verificação de sua inexequibilidade; falência, incapacidade ou morte de um dos sócios; a renúncia 
de um dos sócios, se a sociedade for de prazo indeterminado. 
 III) Por ato do governo. O governo pode determinar a dissolução das 
sociedades civis, cassando-lhes a autorização para funcionar, por dois motivos: quando 
incorrerem em atos opostos ao seu fim ou quando praticarem atos nocivos ao bem público. 
 É claro que essa causa de dissolução só se refere às sociedades que 
necessitam da autorização prévia do governo para a sua constituição. 
 A sociedade também poderá ser dissolvida por sentença do Poder 
Judiciário, em processo originado pelo Ministério Público, se promover fins ilícitos ou demandar 
seus fins por meios ilícitos, contrários à moral ou nocivos ao bem público. 
 Então foi dissolvida a sociedade. Para onde vão seus bens? Dissolvida a 
sociedade ela entra em liquidação para o efeito de dar-se destino aos seus bens. 
 Se for uma associação ( sem fins econômicos ), o destino dos bens será 
aquele que constar dos seus estatutos. Só na falta de determinação nos estatutos e de deliberação 
dos socios é que os bens se devolvem a um estabelecimento municipal, estadual ou federal, de 
fins idênticos ou semelhantes, guardada esta ordem. 
 Em se tratando das sociedades de fins econômicos, o remanescente de seus 
bens pertence aos sócios, em cujo interesse elas se formaram. Devendo, pois, os bens serem 
partilhados entre os sócios ou seus herdeiros. 
 As sociedades estão regidas entre os arts. 1.363 e 1.409, CC. 
 Resumindo e pinçando as partes mais interessantes, diz nosso código que 
as sociedades são universais ou particulares. É universal a sociedade, que abranja todos os bens 
presentes, ou todos os futuros, quer uns e outros na sua totalidade, quer somente a dos seus frutos 
e rendimentos. 
Direito Civil 
Página 7 
 A sociedade particular só compreende os bens ou serviços especialmente 
declarados no contrato. Também é particular a sociedade constituída especialmente para executar 
em comum certa empresa, explorar certa indústria, ou exercer certa profissão. 
 Voltaremos a estudar as sociedades quando estivermos falando das diversas 
modalidades de contratos. 
 
1.4. Das Fundações 
 
 Como já foi falado anteriormente, fundação é o conjunto de bens 
destinados a um fim. Para surgir uma fundação é preciso existir um fundador ( ou instituidor ) 
que pode ser o estado, como pessoa jurídica de direito privado, ou uma pessoa natural. 
 Cinco são os requisitos que compõem a estrutura de uma fundação: 
 a) Patrimônio de bens livres; 
 b) Ato constitutivo ( é o documento escrito onde o instituidor constitui a 
fundação. Pode ser escritura pública ou testamento ); 
 c) Declaração do fim ( a que se destina a fundação ); 
 d) Estatutos ( conjunto de regras pelas quais será administrado e aplicado o 
patrimônio ); 
 e) Administração ( composta de pessoas naturais, que agem em nome da 
entidade jurídica, gerindo-lhe o patrimônio e dando-lhe a aplicação ao fim que se destina). 
 Atendidos os requisitos acima, a constituição definitiva das fundações se 
dará com a aprovação de seus estatutos pela autoridade competente - que é o Ministério Público - 
após o que será feito o registro para que a fundação adquira personalidade. 
 Com relação aos estatutos, eles poderão ser formulados pelo próprio 
instituidor. Se não forem, sê-lo-ão por aqueles a quem foi cometida a aplicação do patrimônio. O 
estatuto deverá ser formulado de acordo com as bases estabelecidas pelo instituidor no ato 
constitutivo. Em seguida o estatuto será submetido ao Ministério Público para aprovação. Ainda 
se não forem elaborados por aqueles que devem aplicar o patrimônio, cabe ao Ministério Público 
elaborar o estatuto. 
 Mas o Ministério Público poderá denegar a aprovação do estatuto, o qual 
será suprida pelo Juiz competente. 
 Pode acontecer que os bens doados para constituirem o patrimônio da 
fundação sejam insuficientes para a realização do fim determinado pelo instituidor. Se outra coisa 
não dispuser o instituidor,os bens serão convertidos em títulos da dívida pública, até que, 
aumentados com os rendimentos ou novas dotações, perfaçam capital bastante para a realização 
da sua finalidade, conforme dispõe o art. 25, CC. 
 As fundações são submetidas à fiscalização do poder público. Para a sua 
constituição elas não carecem de autorização do governo. A referida fiscalização se faz por 
intermédio do Ministério Público, aprovando os estatutos e sua reformas, etc. A incumbência da 
fiscalização está determinada no art. 26, CC. 
 Diz o art. 28, CC que: Para se poderem alterar os estatutos da fundação é 
mister: 
 I - que a reforma seja deliberada pela maioria absoluta ( metade mais um ) 
dos competentes para gerir e representar a fundação; 
 II - que não contrarie o fim desta; 
 III - que seja aprovada pela autoridade competente. 
Direito Civil 
Página 8 
 Mas a minoria vencida na modificação dos estatutos poderá, no prazo de 
um ano, pedir a nulidade ao juiz competente. Este Juiz apreciará as razões apresentadas pela 
minoria e decidirá se a reforma deve ou não prevalecer. Ficam reservados os direitos de terceiros, 
conforme prescreve o final do art. 29, CC. 
 As fundações se extinguem de dois modos: 1º, por ser nociva ou impossível 
a sua mantença; 2º, pelo vencimento do prazo. 
 A verificação dessas causas de extinção cabe ao Ministério Público, no 
exercício de suas funções de fiscalização, ou à minoria vencida, quando for tentada a reforma dos 
estatutos. 
 
1.5. Do domicílio civil 
 
 O domicílio completa a identificação da pessoa. É sua sede jurídica, lugar 
onde se encontra localizada a pessoa para exercer certos direitos e responder por suas obrigações. 
 Assim é que o domicílio é determinador: 
 a) da lei aplicável nos conflitos regidos pelo direito internacional privado, 
conforme o estabelecido nos artigos nos arts. 7º a 18 da Lei de Introdução do Código Civil; 
 b) da competência geral do juiz. Em regra o réu deve ser demandado no 
foro do seu domicílio; 
 c) do lugar onde, normalmente, a pessoa cumpre as suas obrigações; 
 d) do lugar da abertura da sucessão. A sucessão abre-se no lugar do último 
domicílio do falecido. 
 Dispõe nosso direito civil que o domicílio da pessoa natural funda-se na 
residência definitiva, com ânimo para tal. 
 A diferença entre domicílio e residência está no fato de que a residência é 
considerada uma simples morada ou simples habitação. Já o domicílio tem a qualidade de existir 
o ânimo de ali se fixar. 
 Existem duas espécies de domicílio civil: ordinário, também chamado geral 
ou real, e o domicílio de eleição, que é um domicílio especial. 
 Inicialmente vamos abordar o domicílio geral que se desdobra em vários 
pontos. O domicílio geral ou real é o que, comumente, se estabelece de conformidade com a 
noção fundamental de domicílio, isto é, aquele que resulta do lugar que escolhemos, com ânimo 
definitivo, para nossa residência. É onde se presume presente a pessoa para fins de direito. 
 O domicílio geral compreende o domicílio de origem, o domicílio real, ou 
voluntário, e o domicílio legal. 
 O domicílio de origem é aquele que a pessoa adquire por força da 
menoridade que a conserva presa ao domicílio dos pais. 
 O domicílio voluntário, ou real, é aquele firmado pela pessoa ao tornar-se 
emancipada, fixando-o de acordo com a sua própria vontade. É também chamado de real porque 
exprime realmente a vontade da pessoa de estabelecer-se num lugar, de fixar uma residência com 
ânimo definitivo. 
 Por fim, o domicílio legal é fixado por lei, como é o caso do funcionário 
público, conforme falaremos adiante quando abordarmos o domicílio necessário. 
 Continuando, pode dar-se, porém, o caso de ter a pessoa mais de uma 
residência, como uma de inverno e outra de verão, por exemplo; ou que tenha negócios e 
ocupações situados em lugares diferentes; ou ainda que tenha a residência em lugar diverso do da 
sede de seus negócios e ocupações. 
Direito Civil 
Página 9 
 Nesses casos, prevê o art. 32 do CC que: Se, porém, a pessoa natural tiver 
diversas residências, onde, alternadamente, viva, ou vários centros de ocupações habituais, 
considerar-se-á domicílio seu qualquer destes ou daquelas. Nosso direito consagrou aí a 
pluralidade de domicílios. 
 Mas existe também o outro lado: a falta de domicílio: Pode haver pessoas 
que não tenham domicílio certo, ou porque lhes falte uma residência certa, como no caso dos 
vagabundos, ou porque, pela própria profissão, estejam sempre em contínuas mudanças. Entende 
nosso código no art. 33 que o domicílio da pessoa nestas condições acima é o lugar onde for 
encontrada. 
 Vamos agora à mudança de domicílio: opera-se desde que ela transfira a 
sua residência com intenção de fixá-la noutro lugar. Assim sendo, as ausências temporárias não 
influem sobre a permanência do domicílio. Este é conservado pela intenção. São dois os 
elementos necessários para que se dê a mudança: o físico ( deslocação ) e o psicológico ( intenção 
de se fixar em outro lugar ). É o que dispõe o art. 34 e seu parágrafo único. 
 O domicílio pode ser voluntário ou necessário. No domicílio voluntário a 
pessoa escolhe seu lugar de residência, ou do centro de seus negócios, adquirindo o domicílio por 
ato próprio. 
 Já o domicílio necessário resulta de uma prescrição de lei. Nosso Código 
estabeleceu os seguintes domicílios legais: 
 a) incapazes: seu domicílio é o domicílio de seus representantes e esta regra 
vale para todos os incapazes, relativos ou absolutos. Para o caso dos menores, seu domicílio será 
o de seus pais ou tutores; e os loucos, surdos-mudos, ausentes e pródigos terão seu domicílio 
onde for o de seus curadores. 
 b) dos funcionários: o lugar da função vitalícia ou deduração indefinida. 
 c) do militar em serviço ativo: o lugar onde servir. 
 d) dos oficiais e tripulantes da marinha mercante: o lugar da matrícula do 
navio, ponto fixo a que se prende sua atividade. 
 e) do preso, ou do desterrado: o lugar onde cumpre a sentença ou o 
desterro. 
 f) do ministro diplomático: no país que representa - no Distrito Federal, ou 
no último ponto do território brasileiro onde o teve. 
 Com relação às pessoas jurídicas, sua sede é o centro de sua atividade 
dirigente, constando em seu registro civil. 
 As pessoas jurídicas de direito público interno trazem disposição no art. 35 
CC que o domicílio da União é o Distrito Federal; os estados, suas respectivas capitais; e os 
municípios, o lugar onde funcione sua administração. 
 Relativamente à União, quando o direito pleiteado se originar de um fato 
ocorrido, ou de um ato praticado, ou que deva produzir os seus efeitos fora do Distrito Federal, 
será ela demandada na seção judicial em que o fato ocorreu, ou onde tiver sua sede a autoridade 
de quem o ato emanou, ou este tenha de ser executado. É o que dispõe o parágrafo 1º do art. 35 
CC. 
 Por isso que cada estado constitui uma seção judicial para a união ser 
demandada de qualquer região do país, perante um juiz competente. 
 As pessoas jurídicas de direito privado têm seu domicílio regido pela 
disposição do inciso IV, no art. 35 CC: “...o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e 
administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos.” 
Direito Civil 
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 Existe também o caso da pluralidade de domicílios da pessoa jurídica. 
Dispõe o parágrafo terceiro do art. 35 CC que: “Tendo a pessoa jurídica de direito privado 
diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um será considerado domicílio para atos 
nele praticados.” 
 Iniciando este resumo sobre domicílio falamos que ele poderia ser ordinário 
( geral, real ) ou de eleição. Até então falamos do domicílio ordinário e agora é a vez de 
entrarmos no domicílio de eleição. 
 O domicílio de eleição também é conhecidocomo domicílio contratual. É 
aquele que a pessoa elege para nele exercer e cumprir os direitos e obrigações de um determinado 
contrato. Diz Tito Fulgêncio que é um domicílio especial escolhido por uma pessoa para a 
execução de um ato ou de uma convenção. Poderíamos chamar o domicílio de eleição como foro 
do contrato. Sua finalidade é facilitar as notificações processuais ou modificar a competência 
judicial por comodidade do credor. 
 Assim, o domicílio escolhido para o cumprimento de uma determinada 
obrigação é também o domicílio próprio para todas as ações decorrentes desta obrigação. 
 Diz o art. 42 CC que os contratantes poderão especificar domicílio onde 
serão exercitados e cumpridos os direitos e obrigações deles resultantes. Ressalva-se aqui o que 
dispõe o art. 111 CPC: “A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por 
convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.” 
 Gostaria de esclarecer que o domicílio de eleição é assim chamado por ser 
tratar do fato em que as partes, celebrando um contrato, elegem um foro para dirimir quaisquer 
dúvidas. Onde a pessoa se inscreve como eleitor chama-se domicílio político. Assim, sob estas 
premissas, concluímos que domicílio civil é aquele onde a pessoa exerce seus direitos civis. 
 
 
 
2. Dos bens 
 
 O bem é o objeto do direito, assim como a pessoa é o sujeito deste direito. 
Anteriormente falamos sobre o sujeito e agora vamos abordar seu objeto. 
 Todo direito tem um objeto sobre o qual o sujeito exerce o poder que lhe é 
garantido pela ordem jurídica. Esse objeto representa sempre um valor, econômico ou não, que se 
integra no patrimônio do indivíduo ou na sua própria personalidade. 
 Podem ser objeto de direitos: 
 1) modos de ser da própria pessoa na sociedade, como a existência, a honra, 
a liberdade, a voz, o encanto, a beleza, etc. Não se transaciona com eles, mas os ataques e lesões 
que podem sofrer são suscetíveis de avaliação para a reparação do dano causado; 
 2) as ações humanas, como a prestação de serviços, a prática ou abstenção 
de algum ato; 
 3) as coisas corpóreas e incorpóreas, incluíndo os produtos da inteligência 
nesta última. 
 Num sentido amplo o objeto dos direitos se denomina coisa. Quando, 
porém, as coisas forem incluídas no patrimônio das pessoas ( objeto de propriedade ou de crédito 
), recebe-se a denominação de bens. 
 Bens são as coisas de valor econômico que compõem o patrimônio das 
pessoas. 
Direito Civil 
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 Vamos classificar os bens. Eles podem ser considerados: 1º) quanto à sua 
individualidade ( considerados em si mesmos, podendo ser corpóreos e incorpóreos; móveis e 
imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e não consumíveis; divisíveis e indivisíveis; 
singulares e coletivos ); 2º) uns em relação aos outros ( bens reciprocamente considerados, 
podendo ser principais e acessórios ); 3º) relativamente aos respectivos proprietários ( podendo 
ser públicos ou particulares e coisas que estão no comércio ou fora dele ). 
 Esta é a classificação encontrada em nosso Código. Agora vamos estudar 
cada uma das classificações acima mencionadas. 
 Bens corpóreos e incorpóreos. Corpóreos são os que existem materialmente 
e podem, por isso, cair sob os nossos sentidos. São aqueles que ocupam lugar limitado no espaço. 
As coisas corpóreas são bens em sentido jurídico; assim o sol, a lua , as estrelas não podem ser 
objetos de direitos. Os bens incorpóreos são os que têm uma existência imaterial, não podendo, 
por isso, cair sob os nossos sentidos; como por exemplo os créditos, a qualidade de autor, o nome 
comercial, etc. 
 Bens imóveis. São as coisas que não se podem transportar, sem destruição, 
de um lugar para o outro; como um terreno, uma casa, etc. Nosso código traz quatro classes de 
imóveis: 
 I - Imóveis por natureza. O solo ( constituído de partes líquidas e sólidas ) 
com a sua superfície, seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e os 
frutos pendentes, o espaço aéreo ( supersolo, coluna atmosférica ) e o subsolo ( art. 43, I CC ). As 
águas são regidas por uma lei especial, o Código das Águas, bem como as jazidas e demais 
riquezas do subsolo estão sujeitas ao Código de Minas; 
 II - Imóveis por acessão física artificial. Tudo quanto o homem incorporar, 
permanentemente, ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo 
que se não possa retirar, sem destruição, modificação, fratura ou dano ( art. 43, II CC ). São as 
coisas móveis que a pessoa incorpora ao solo e que, pela aderência física, adquirem a qualidade 
de imóveis, assim as sementes lançadas à terra e os materiais empregados no levantamento de 
edifícios e construções que, fixados no solo, não poderão ser retirados sem destruição, 
modificação, fratura ou dano; 
 III - Imóveis por acessão intelectual - Tudo quanto, no imóvel, o 
proprietário mantiver, intencionalmente, empregado em sua exploração industrial, 
aformoseamento, ou comodidade ( Art. 43, III CC ). Compreende-se também aquelas coisas 
móveis que integram um prédio e nele são colocadas permanentemente para a sua exploração 
industrial, como os maquinismos de uma indústria fabril e manufatureira; as máquinas e o gado 
de uma fazenda; ou para o seu aformoseamento ou comodidade, como estatuas, lustres, vitrais, 
chaves, etc; Cabe aqui ressaltar que pode ocorrer a mobilização de coisas móveis. Os bens 
considerados imóveis por acessão intelectual, isto é, tudo quanto, no imóvel, o proprietário 
mantiver, intencionalmente, empregado em sua exploração industrial, aformoseamento, ou 
comodidade, conforme prescreve o inciso III, do art. 43 CC, pode ser mobilizado em qualquer 
tempo, desde que tais bens sejam dissociados do imóvel a que estavam anexados. É o que diz o 
art. 45. 
 IV - Imóveis ope legis, isto é, por determinação de lei. Os direitos reais 
sobre imóveis, inclusive o penhor agrícola, e as ações que os asseguram; as apólices da dívida 
pública oneradas com a cláusula da inalienabilidade e o direito à sucessão aberta ( art. 44 CC ). 
São considerados como tais: a) os direitos reais sobre imóveis e suas ações (os direitos são coisas 
imateriais, mas para maior segurança das relações jurídicas, a lei considera os direitos sobre 
imóveis como se imóveis fosse e, com eles, as respectivas ações, que são os próprios direitos em 
Direito Civil 
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posição de defesa, ou considerados por uma de suas faces); b) as apólices inalienáveis (a 
inalienabilidade das apólices pode decorrer ou de disposição testamentária, ou de cláusula na 
doação, ou de outro ato jurídico. Ao serem consideradas inalienáveis passam a ser imóveis por 
força de lei, sujeitando-se às regras relativas aos imóveis); c) o direito à sucessão aberta (abrange 
direitos reais ou de crédito, numa universalidade patrimonial. Esse direito foi considerado imóvel 
para efeitos de alienação e pleitos judiciais e não para outros efeitos como a hipoteca, por não 
condizer com a natureza do objeto). 
 Os materiais para construção, enquanto não empregados, são, por natureza, 
coisas móveis, como veremos no ponto seguinte. Uma vez empregados na construção adquirem a 
qualidade de imóveis, e não perderão essa qualidade quando, provisoriamente, separados do 
prédio, se destinem a nele mesmo serem reempregados. Art. 46 CC. 
 Antes de prosseguirmos, vamos esclarecer um assunto. Dá-se a 
denominação geral de prédio aos imóveis consistentes em terrenos, cultivados ou não, e em 
construções. Os prédios podem ser rurais ou rústicos e urbanos, conforme sua situação seja dentro 
ou fora dos limites das cidades, vilas, ou povoações. Edifício designa, mais particularmente, as 
construções feitas, sejam rurais ou urbanas. Prédio quer dizer terrenoe edifício é a construção 
nele. 
 Agora vamos aos bens móveis. Bens móveis são aqueles suscetíveis de 
transporte de um lugar para o outro. Nosso direito distribui o bem móvel em quatro classes 
(móveis por natureza; por determinação de lei; fungíveis e infungíveis e consumíveis). Vamos a 
elas uma a uma: 
 I - Móveis por natureza ( corpóreos ). Suscetíveis de 
movimento próprio, ou de remoção por força alheia ( art. 47 CC ). São duas 
categorias: a dos que têm movimento próprio ( chamados de semoventes e são os 
animais ) e a dos que dependem de força alheia para sua remoção ( coisas 
inanimadas, como moedas, mercadorias, cadeiras, frutos colhidos, etc). 
 Mas existem aqueles que não se consideram móveis. O primeiro caso já foi 
abordado anteriormente e está disposto no art. 43, III, CC, onde os bens ficam imobilizados 
tornando-se imóveis por acessão intelectual ( o tijolo depois de ser assentado na parede, por 
exemplo ). Os navios são tratados pela lei como bens imóveis já que podem ser hipotecados ( art. 
825 CC ). E os chamados móveis por antecipação, o qual se refere o direito francês e o nosso 
desconhece, porque as safras ainda não colhidas, os frutos pendentes, as madeiras ainda não 
cortadas são, pelo nosso direito, considerados como acessórios do solo e, portanto, imóveis por 
natureza 
 Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam a sua qualidade de móveis. Assim, as pedras, as madeiras, canos, 
torneiras, etc, destinados a qualquer construção, enquanto não estiverem empregados, são 
considerados coisas móveis. 
 Os materiais provenientes da demolição de algum prédio, desde que não 
estejam provisoriamente separados para nele mesmo serem reempregados, readquirem a 
qualidade de coisas móveis. É o que está previsto no art. 49 CC; 
 II - Móveis por determinação da lei. Diz o art. 48 CC que são móveis para 
os efeitos legais os direitos reais sobre objetos móveis ( a propriedade sobre coisas móveis ou 
semoventes, o penhor ) e suas ações correspondentes, os direitos de obrigação e as respectivas 
ações ( direito de obrigação é o mesmo que direito de crédito ou direito pessoal, opondo-se ao 
direito real ), além dos direitos de autor. 
Direito Civil 
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 Sobre o direito autoral há controvérsia na doutrina. Existem quatro opiniões 
sobre a natureza do direito autoral. Vamos tentar expô-las: A primeira vê uma emanação imediata 
da personalidade, da qual não se desprende. A segunda opinião reduz o direito autoral a um 
simples privilégio. A terceira corrente vê no direito autoral uma nova espécie a acrescentar aos 
direitos reais e aos pessoais, recebendo a denominação de direito intelectual. A quarta opinião 
considera o direito autoral como um aspecto particular da propriedade. Nosso código segue esta 
última doutrina, defendida por Ihering, considerando os direitos do autor como de propriedade, a 
propriedade intelectual, que abrange o direito de autor, a patente de invenção, a propriedade 
intelectual das cartas, a das fotografias privadas e etc. Em nosso código está disposto nos arts. 
649 e seguintes sob o título “propriedade literária, científica e artística”. Concluindo, o direito de 
autor é um direito real, incluindo-se entre os móveis incorpóreos ( móveis por força de lei ); 
 III - Móveis fungíveis e infungíveis. São os que podem e os que não 
podem, respectivamente, serem susbstituídos por outros de mesma espécie, qualidade e 
quantidade, conforme diz o art. 50 CC. 
 Os bens fungíveis são coisas pertencentes ao mesmo gênero, apresentando 
entre elas tais semelhanças que, nas relações humanas, são tidas como equivalentes. As coisas 
fungíveis se indicam pelo gênero, qualidade e quantidade ficando suscetíveis de número, peso e 
medida. 
 As coisas infungíveis são individualizadas, consistentes em corpo certo, 
que se não podem substituir por outras. 
 É importante, no entanto, frisar que a vontade das partes não poderá tornar 
fungíveis coisas que sejam infungíveis. Mas, a infungibilidade poderá resultar do acordo das 
partes, ou das condições especiais do bem, ao qual, de fungível por natureza, se poderá atribuir o 
caráter de infungível. Por exemplo, alguém empresta determinadas moedas para figurarem em 
uma exposição, obrigando-se o devedor a restituir-lhe as próprias moedas. 
 Algumas relações jurídicas têm seu fundamento na idéia de fungibilidade e 
infungibilidade das coisas, como o mútuo ( arts. 1.256 a 1.264 CC ) que trata do empréstimo das 
coisas fungíveis, ou ainda, o comodato ( arts. 1.248 a 1.255 CC ) onde se fala do empréstimo de 
coisas infungíveis; 
 IV - Móveis consumíveis. São aqueles cujo uso importa destruição 
imediata da própria substância, considerando-se também como tais os destinados à alienação. Os 
bens móveis desta classe são consumíveis naturalmente ou juridicamente. 
 São naturalmente consumíveis quando, do seu uso comum, resulte a 
destruição imediata da própria substância, como os gêneros alimentícios, a lenha, a cerveja. 
 São juridicamente consumíveis quando destinados a alienação como o 
dinheiro, o livro enquanto na loja, etc. 
 A energia elétrica é equiparada à coisa móvel, ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
 Então vamos abordar as coisas, que podem ser divisíveis ou indivisíveis, 
singulares ou coletivas e ainda podendo advir de patrimônio ou herança. 
 A divisibilidade ou indivisibilidade das coisas como bens jurídicos é um 
aspecto importante a ser considerado no objeto do direito. 
 Como produtos naturais ou artísticos, as coisas podem ser divididas 
materialmente em partes dessemelhantes, mesmo que a separação altere a substância delas; mas, 
juridicamente a divisão atribui à parte destacada o caráter de um todo completo, reproduzindo o 
inteiro. 
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 Do ponto de vista jurídico, a divisão pode ser real ou material, caso em que 
só se aplica às coisas corpóreas; e ideal ou intelectual, que tanto se aplica às coisas corpóreas, 
como às incorpóreas. 
 Vamos falar das coisas divisíveis e indivisíveis primeiro. Dispõe o art. 52 
CC, conceituando, que as coisas divisíveis são as que podem partir em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito. Esta é a divisão real ou material e se aplica somente às 
coisas corpóreas. 
 Um terreno é coisa divisível, porque, separado em lotes, cada um destes 
forma um todo completo, sem dependência do prédio de que foi destacado; as coisas que se 
contam, se pesam e se medem, podem ser também divididas, de modo que cada uma delas forme 
um todo perfeito; os edifícios, as casas, às vezes serão divisíveis, outras não. Quando puderem ser 
partidas em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito, elas serão divisíveis; 
em caso contrário, não. Os edifícios de três ou mais pavimentos, porém, construídos de cimento 
armado ou matéria similar, incombustível, e com outros requisitos mais estabelecidos em lei 
própria, podem ser alienados no todo ou em parte, objetivamente considerada, constituíndo cada 
apartamento uma propriedade autônoma. Um animal vivo é indivisível; depois de morto, porém, 
o seu corpo é divisível; uma estátua, um quadro, qualquer outro objeto de arte, é indivisível. 
 Assim, são divisíveis os bens que se podem partir sem alteração na sua 
substância. 
 Nosso código também conceitua as coisas indivisíveis. Encontramos no art. 
53 CC: São indivisíveis, I - os bens que não se podem partir sem alteração na sua substância; II - 
os que, embora naturalmente divisíveis, se consideram indivisíveis por lei, ou vontade das partes. 
Ressalta-se que tal disposição deve ser aplicada tanto às coisas corpóreas quanto às coisas 
incopóreas. 
 A lei ou a vontade das partes pode tornar indivisíveis bens que sejam 
naturalmente divisíveis. Assim, são indivisíveis por lei as coisas que se não prestam a cômodadivisão ( art. 1.728 CC ) e aquelas que, pela divisão, se tornariam impróprias ao seu destino ( art. 
632 CC ). 
 Então, como a lei, a vontade das partes pode também tornar indivisíveis 
coisas naturalmente divisíveis. Isto, porém, em termos, porque a todo tempo é lícito ao 
condômino exigir a divisão da coisa comum, a não ser no caso do parágrafo único do art. 629, 
segundo o qual podem os consortes acordar que fica indivisa por termo não maior de cinco anos, 
suscetível de prorrogação ulterior. 
 A divisibilidade ideal ou intelectual tanto se aplica às coisas corpóreas 
como às incorpóreas, tanto às coisas divisíveis como às indivisíveis. Um prédio partilhado num 
inventário a quatro herdeiros, poderá ficar em comum, tendo cada um dos herdeiros uma parte 
ideal do todo. Uma estátua, ou outro objeto de arte, poderá ser adjudicada a mais de um herdeiro, 
ficando cada um com uma quota ideal de seu valor. 
 A divisibilidade ou indivisibilidade das coisas entra em consideração em 
muitas relações de direito. Se a coisa pertencente a várias pessoas for indivisível, ou, pela divisão, 
se tornar imprópria ao seu destino, e os condôminos não quiseram adjudicá-la a um só, 
indenizando os outros, será vendida e repartido o preço ( art. 632 CC ); as servidões prediais são 
indivisíveis ( art. 707 CC ); a hipoteca é também indivisível ( art. 757 CC ); as obrigações são 
divisíveis ou indivisíveis, segundo a natureza da prestação (arts. 889 a 895 CC). 
 De acordo com nosso Código devemos considerar as coisas sob um outro 
aspecto: coisas singulares e coletivas. Assim prescreve o art. 54 CC: “As coisas simples ou 
compostas. materiais ou imateriais, são singulares ou coletivas: I- Singulares, quando, embora 
Direito Civil 
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reunidas, se consideram de per si, independentemente das demais. II- Coletivas, ou universais, 
quando se encaram agregadas em todo”. 
 Vale ressaltar que materiais ou imateriais são o mesmo que corpóreas (que 
podem ser tocadas) ou incorpóreas (as que não incidem nos nossos sentidos, não podem ser 
tocadas). Simples ou compostas são qualidades das coisas singulares. São simples quando 
formam um todo homogêneo, cujas partes não reclamam especial determinação da lei, como um 
cavalo, uma planta, um painel; e compostas quando formadas de partes ligadas pela indústria 
humana, as quais, para certos efeitos, podem ser consideradas como coisas distintas do todo, 
como um edifício, um navio. 
 Então as coisas singulares, sejam simples ou compostas, são aquelas que se 
consideram de per si, independentemente das demais, mesmo quando reunidas (cavalo, navio, 
casa). 
 Coisas coletivas são as que, constituídas de várias coisas singulares, se 
consideram um conjunto, formando um todo econômico a que se dá uma denominação genérica. 
Essas coisas coletivas ou são um agregado de coisas corpóreas da mesma espécie ( rebanho, 
biblioteca ) ou são um conjunto de unidades abstratas de coisas e direitos (patrimônio, herança, 
massa falida). 
 Diz a lei no art. 55 CC que desaparecendo todos os indivíduos que formam 
a coletividade, menos um, desaparece a coletividade. O rebanho, por exemplo, desaparecerá se 
subsistir somente uma ovelha. Juridicamente, porém, enquanto existe um dos elementos da 
universalidade, a coletividade fica nela representada. No caso de uma herança de uma biblioteca 
ocorrendo um incêndio e restando apenas um volume tal direito não se extingue. 
 Agora é a vez do patrimônio e herança. No art. 57 CC “ O patrimônio e a 
herança constituem coisas universais, ou universalidades, e como tais subsistem, embora não 
constem de objetos materiais” . 
 O patrimônio constitue-se pela reunião de todos os bens econômicos 
(corpóreos ou incorpóreos) pertencentes a uma pessoa, e também de todos os encargos e 
obrigações que ela está sujeita. Com esses elementos o patrimônio adquire status de 
universalidade e, daí considerado como um conjunto ou complexo de direitos. 
 A definição de patrimônio, baseado nas premissas acima, é complexo das 
relações jurídicas de uma pessoa, que tiverem valor econômico. Ele pode ser ativo ou passivo. O 
ativo é representado pelos direitos de que a pessoa é titular e o passivo é representado pelos 
encargos e obrigações ( dívidas por que responde a pessoa ). 
 Sendo o patrimônio formado exclusivamente de bens de valor econômico, 
isto é, de bens avaliáveis em dinheiro, nele não se incluem, porque não são avaliáveis em 
dinheiro, aqueles bens que constituem irradiações da própria personalidade, como a vida, a 
liberdade, a honra, embora de sua ofensa possa resultar uma reparação civil; também não fazem 
parte do patrimônio aqueles direitos e encargos que constituem objetos dos direitos de família 
puros, como o pátrio poder, os direitos dos cônjuges e igualmente os direitos políticos, por essa 
mesma razão, de não serem avaliáveis em dinheiro. 
 O patrimônio identifica-se com a pessoa e, como esta é indivisível. 
Conclui-se que cada pessoa só pode ter um patrimônio, que a acompanha até a morte. 
 Assim, ao morrer, o patrimônio da pessoa se transforma em herança e passa 
para o sucessor ou sucessores do de cujus, conservando o caráter da universalidade. 
 Até agora nós falamos dos bens quanto à sua própria individualidade, 
podendo ser corpóreos e incorpóreos, imóveis e móveis, divisíveis e indivisíveis, singulares e 
coletivos, etc. Daqui em diante vamos observar os bens uns em relação aos outros. 
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 Eles podem ser principais ou acessórios. 
 Principal é a coisa que tem uma existência própria e independente de 
qualquer outra, como o terreno, a mesa, um crédito. 
 Acessória é aquela cuja existência supõe a da principal, ficando ligada a 
esta por uma relação de dependência, como a casa em relação ao terreno, gaveta à mesa, o penhor 
ou a hipoteca em relação ao crédito. 
 A distinção entre as coisas principais ou acessórias tanto se aplica aos bens 
corpóreos quanto aos incorpóreos. Então os direitos e as obrigações podem ser principais ou 
acessórias. A cláusula penal e as arras ( art. 1.094 CC ) são obrigações acessórias; e as servidões, 
o penhor, a hipoteca, são direitos acessórios. 
 Classificando os acessórios, eles podem ser os frutos, os produtos e os 
rendimentos. É o que diz o art. 60 CC. 
 Frutos são as utilidades que a coisa, periodicamente, produz. São três as 
suas especies: frutos naturais, frutos industriais e frutos civis. 
 Frutos naturais são os produzidos espontaneamente pela coisa, como o 
leite, a lã, os frutos das árvores, as crias dos animais. 
 Frutos industriais são os que se obtém pela cultura, resultando, portanto, da 
indústria humana sobre a natureza, como os cereais, o algodão, o café. 
 Frutos civis são os rendimentos que se podem obter de uma coisa pela 
utilização por outrem, que não o proprietário, como o aluguel de uma casa, o arrendamento de 
terras, os juros de uma quantia de dinheiro emprestado. 
 Quanto ao seu estado os frutos podem ser pendentes ( quando ainda unidos 
à coisa que os produziu ), colhidos ( quando já separados da coisa ), e percebidos (quando, com 
relação aos civis e industriais, depois de separados, já estão com o possuidor). 
 Os frutos colhidos se subdividem em estantes ( quando depois de separados 
ainda existem ), consumidos ( quando já foram utilizados pelo possuidor ), e percipiendos ( 
quando deviam ser, mas não foram colhidos ). 
 Estas divisões acima serão aplicadas praticamente quando estudarmos 
posse e usufruto. 
 Recapitulando, os bens reciprocamente considerados podem ser principal e 
acessório. Classificando os acessórios encontramos os frutos, os produtos e os rendimentos. Já 
abordamos os frutos seu estado e suas espécies. Agora são os produtos e os rendimentos. 
 Os produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a 
quantidade, porque não se reproduzem periodicamente.São as pedras de uma pedreira, os 
minerais de uma jazida, ou os metais de uma mina. 
 Os rendimentos são o mesmo que os frutos civis, já definidos. Nosso 
código destacou esta classe para fixar seus princípios. 
 Mas os acessórios não se classificam apenas como frutos, produtos e 
rendimentos. Eles também são classificados quanto às benfeitorias ou como são considerados em 
relação ao solo. 
 Diz o art. 61 que: “São acessórios do solo: I- os produtos orgânicos da 
superfície; II- os minerais contidos no subsolo; III- as obras de aderência permanente, feitas 
acima ou abaixo da superfície”. 
 Os produtos orgânicos da superfície são os vegetais. A palavra produto que 
aqui se encontra não tem o sentido técnico e restrito da mesma palavra empregada no art. 60. 
Aqui ela indica a coisa gerada ou produzida. 
 O inciso II foi revogado pelo Código de Minas. 
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 As obras de aderência permanente, feitas acima ou abaixo da superfície, são 
os edifícios ou quaisquer outras construções, com caráter permanente, que se façam acima ou 
abaixo da superfície. 
 Finalmente as benfeitorias. São as obras ou despesas feitas num móvel ou 
imóvel de outrem para conservá-lo, melhorá-lo ou simplesmente embelezá-lo. São os 
melhoramentos que se fazem em coisas alheias. 
 Detalhe é que a benfeitoria pode ser na coisa alheia ou na coisa própria, 
mas é na coisa alheia que ela pode tomar aspectos jurídicos importantes. 
 As benfeitorias são divididas em três espécies: necessárias, úteis e 
voluptuárias. 
 Necessárias são as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que se 
deteriore; Úteis são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa; e Voluptuárias, as de mero 
deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável. 
É o que prescreve o art. 63 CC. 
 Qualquer que seja o valor das benfeitorias, elas são consideradas como 
acessórios da coisa a que aderem. 
 Há, contudo, três exceções a essa regra: 1) a pintura em relação à tela; 2) a 
escultura em relação à matéria prima; e 3) a escrita e outro qualquer trabalho gráfico em relação à 
matéria prima que os recebe. A pintura, a escultura e a escrita transformam a coisa em que são 
aplicadas. 
 Não podem ser consideradas benfeitorias os melhoramentos sobrevindos à 
coisa, sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. É o princípio concretizado no art. 
64. 
 Assim, as acessões naturais que, embora aumentem o valor da coisa, não se 
consideram benfeitorias, porque estas supõem a intenção de melhorar o bem, resultam do esforço 
daquele que o tinha em seu poder. O acréscimo de valor, neste caso, é vantagem natural e gratuita 
e, para que haja benfeitoria, é necessária a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor da 
coisa beneficiada. 
 O acessório segue o principal, salvo disposição especial em contrário. 
 Dando prosseguimento, agora vamos estudar os bens em relação às pessoas 
a quem pertencem. Deste ponto de vista, isto é, do modo pelo qual se exerce o domínio sobre os 
bens, eles se dividem em públicos ou particulares. 
 Públicos são os que pertencem à União, ao Estados e aos Municípios. 
Particulares são os que pertencem às pessoas jurídicas de direito privado e às pessoas naturais, 
que delas podem usar, gozar e dispor, segundo as leis civis. 
 Art. 66 CC diz: 
 “Os bens públicos são: 
 I- os de uso comum do povo, tais como os mares, rios, estradas, ruas e 
praças; 
 II- os de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos aplicados a 
serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal; 
 III- os dominicais, isto é, os que constituem o patrimônio da União, dos 
Estados ou dos Municípios, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas 
entidades”. 
 A seguir apresentaremos uma tabela que classificará melhor os bens 
públicos: 
 
Direito Civil 
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BENS PÚBLICOS DE USO COMUM 
Pertencentes à União Pertencentes ao Estado Pertencentes ao Município 
a) águas marítimas ( mares 
territoriais, incluindo baías, 
golfos, enseadas e portos ); 
b) os lagos e os cursos 
d’água que, no todo ou em 
parte, sirvam de limites do 
Brasil com países 
estrangeiros; 
c) os cursos d’água que se 
dirijam a países estrangeiros 
ou deles provenham; 
d) os lagos e os cursos 
d’água que, no todo ou em 
parte, sirvam de limites a 
estados brasileiros; 
e) os cursos d’água que 
percorram territórios de mais 
de um estado brasileiro; 
f) os lagos e os cursos d’água 
existentes dentro da faixa de 
150 Km ao longo das 
fronteiras, desde que, em 
todos esses casos, os lagos e 
os cursos d’água naturais 
sejam, em algum trecho, 
flutuáveis ou navegáveis por 
um tipo qualquer de 
embarcação; 
g) as estradas de rodagem e 
os caminhos públicos 
compreendidos no plano de 
viação federal, desde que 
construídos ou adquiridos 
pela União. 
a) as águas, quando sirvam 
de limite a dois ou mais 
municípios ou quando 
percorram parte dos 
territórios de dois ou mais 
municípios; 
b) as estradas de rodagem e 
os caminhos públicos 
compreendidos no plano 
estadual de viação, desde que 
construídos ou adquiridos 
pelos estados. 
a) as águas, quando situadas 
exclusivamente em seus 
territórios, respeitadas as 
restrições que possam ser 
impostas pela legislação dos 
Estados; 
b) as estradas e os caminhos 
públicos circunscritos ao 
território municipal; 
c) as ruas, avenidas, praças, 
parques, jardins e quaisquer 
outros logradouros públicos, 
feitos ou adquiridos pelas 
prefeituras; 
d) os cemitérios. 
 
BENS PÚBLICOS DE USO ESPECIAL 
Pertencentes à União Pertecentes aos Estados Pertencentes aos Municípios 
a) os edifícios e os terrenos 
destinados aos serviços ou 
estabelecimentos públicos 
federais; 
b) as fortalezas, fortificações, 
construções militares, navios 
de guerra, material da 
marinha e do exército. 
a) edifícios e terrenos 
destinados aos serviços ou 
estabelecimentos públicos 
estaduais. 
a) edifícios e terrenos 
destinados aos serviços ou 
estabelecimentos públicos 
municipais. 
Direito Civil 
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BENS PÚBLICOS DOMINICAIS 
da União dos Estados dos Municípios 
a) as estradas de ferro, 
telégrafos, rádios, fábricas, 
oficinas e fazendas federais; 
b) os terrenos de marinha e 
os acrescidos natural ou 
artificialmente; 
c) as jazidas, ou depósitos 
minerais; 
d) as quedas d’água e outras 
fontes de energia hidráulica 
existentes em águas públicas 
de uso comum ou 
dominicais; 
e) os bens declarados vagos. 
a) os terrenos reservados às 
margens das correntes e 
lagos navegáveis, se, por 
algum título, não forem do 
domínio federal, municipal 
ou particular; 
b) as terras devolutas; 
c) as estradas de ferro, 
fábricas, oficinas e fazendas 
estaduais, etc. 
a) telefones; (???) 
b) terrenos destinados à 
alienação ou aforamento; 
c) bens que tiverem 
adquirido por qualquer título 
legítimo. 
 Dentre as características dos bens públicos está a inalienabilidade e a 
imprescritibilidade. 
 Dispõe o art. 67 CC: “Os bens de que trata o artigo antecedente só 
perderão a inalienabilidade, que lhes é peculiar, nos casos e forma que a lei prescrever”. 
 Assim a regra é que os bens públicos ( uso comum, uso especial ou 
dominical ) têm como regra peculiar a inalienabilidade. Como exceção, essa inalienabilidade 
poderá ser afastada nos casos e forma que a lei prescrever. 
 No direito brasileiro duas correntes interpretam de modo diverso esta 
disposição. 
 Uma corrente diz que há defeito nesta fórmula do dispositivo, pois os bens 
dominicais da União, dos Estados e dos Municípios não são inalienáveis. Apenas a alienação 
deles se dá segundo as formas e regras estabelecidas em lei; mas são alienáveis. Os de uso 
comum e os de uso especial, sim, são inalienáveis, enquanto conservarem este caráter.A outra corrente ensina que a característica da inalienabilidade é o uso 
público, a que é destinado o uso do bem; qualquer outra espécie de bens, desde que não 
destinados ao uso público, não pode entrar na classe dos bens inalienáveis. A diferença que existe 
é que os bens do estado só serão alienados, mesmo quando isso for possível, pela forma e regra 
estabelecidas na lei. E conclui que, em face do nosso código, a regra aceita pelo legislador é a de 
que todos os bens públicos são alienáveis, desde que haja uma lei autorizando a alienação. 
 Os bens públicos, como já foi dito, além de inalienável é também 
imprescritível. Isentam-se assim, de serem adquiridos por usucapião, já que o usucapião 
pressupõe um bem passível de alienação. Se os bens públicos são inalienáveis, isto é, não podem 
sair do patrimônio da União, dos estados ou dos Municípios senão pela forma que a lei 
determinar, claro é que ninguém poderá adquirí-los por via de prescrição. 
 Há divergência na doutrina: Alguns entendem estarem sujeitos à prescrição 
aquisitiva os bens públicos patrimoniais. Alega-se que os bens públicos patrimoniais e os bens 
públicos de uso especial estão sujeitos à prescrição aquisitiva e, quanto à estes últimos, é fácil 
justificar a razão; é porque se tais bens já estão na posse de um terceiro há mais de trinta anos, 
claro que já não estão eles servindo a um uso especial, mas sim, são meros bens públicos 
patrimoniais. 
Direito Civil 
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 Os bens públicos de uso comum são, por sua natureza, destinados à 
utilização de todos. A regra, portanto, é que essa utilização deve ser gratuita. Todos podem usar 
das ruas, praças, estradas, rios públicos, etc, independentemente de qualquer retribuição. 
 Excepcionalmente, porém, como compensação pelos gastos realizados nas 
obras de construção ou melhoramento de certos bens, a sua utilização poderá ser mediante 
retribuição. Os pedágios das pontes ou estradas, as taxas de ancoragem nos portos, são exemplos 
de remuneração pelo uso da coisa comum. 
 Ainda dentro dos bens relativamente aos respectivos proprietários, vamos 
falar das coisas fora do comércio. As coisas fora do comércio não podem ser apropriadas ou 
alienadas. Evidentemente elas são divididas em duas categorias: a) insuscetíveis de apropriação; 
b) as legalmente inalienáveis. 
 Na categoria de insuscetíveis de apropriação se incluem aquelas coisas que, 
por sua própria natureza, estão fora da circulação econômica e, por isso, não são suscetíveis de 
apropriação individual, como o ar, a luz, o oceano e as de uso comum do povo. 
 Na categoria de legalmente inalienáveis são as coisas que por força de lei 
foram afastadas da circulação econômica por não poderem ser alienadas, como os imóveis dotais 
( Art. 293 CC ), o bem de família ( art. 70 CC ) e quaisquer outros sobre os quais recaia a cláusula 
de inalienabilidade. 
 O corpo humano é considerado coisa fora do comércio. O homem não pode 
dispor de seu cadáver ou de uma parte de seu corpo, por motivos de ordem moral. Também não 
se pode vender sua própria liberdade ou vender o próprio corpo, em respeito à natureza humana. 
 Finalmente chegamos ao bem de família. 
 Devemos notar que o Bem de Família não se inclui na classificação geral 
dos Bens. Alguns doutrinadores pedem sua inclusão na parte relativa ao Direito de Família, 
outros no Direito das Coisas. O fato é que ele foi colocado na parte relativa aos Bens, o que não é 
de todo equivocado. Trata-se de uma instituição, como veremos a seguir, que põe o imóvel, por 
certo tempo, fora do comércio. Daí justifica-se sua colocação logo em seguida ao capítulo que 
declara as coisas que estão fora do comércio. 
 A instituição do bem de família consiste na destinação de um prédio para 
domicílio da família, ficando ele isento de responder por dívidas, enquanto forem vivos os 
cônjuges e até que os filhos se tornem maiores. 
 O objeto do bem de família deve ser um prédio ( imóvel rústico ou urbano ) 
onde a família fixe residência pois a lei justifica-se na intenção de garantir um abrigo a salvo dos 
credores. 
 O efeito principal do bem de família é ficar o bem isento de execução por 
dívidas, não podendo ser penhorado, salvo em dois casos: a) por impostos relativos ao mesmo 
prédio, porque, sendo ônus reais, são devidos pelo próprio prédio; b) pelas dívidas anteriores à 
constituição do bem, pois não se pode beneficiar a família lesando credores. 
 O prédio instituído em bem de família não poderá ter outro destino senão o 
de domicílio desta, pois a finalidade do instituto é dar um abrigo à família. Uma vez constituído 
em bem de família, o prédio se torna inalienável, salvo havendo o consentimento dos interessados 
e seus representantes legais. 
 Ao se constituir o bem de família o casal poderá registrar no cartório do 
registro de imóveis, dando publicidade a este ato, conforme dispõe o art. 70 CC. 
 Mas aquele casal que for possuidor de mais de uma residência, a 
impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado no devido 
cartório. 
Direito Civil 
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 A cláusula de Bem de família somente será eliminada, por mandado do 
juiz, a requerimento do instituidor, ou de qualquer interessado, se o prédio deixar de ser domicílio 
da família. 
 O detalhe importante sobre o bem de família é de que ele apenas recai 
sobre as pessoas casadas. Os solteiros não podem constituir bem de família. 
 A lei 8.009, de 29.03.90 dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de 
família. Tal imóvel não responde por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, 
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges, ou pelos pais ou pelos filhos que 
sejam seus proprietários e nele residam. 
 A impenhorabilidade recai também sobre os equipamentos, inclusive de 
uso profissional, ou móveis que guarneçam a casa, desde que quitados. Mas podem ser 
penhorados os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos. 
 A nova lei vai mais além e diz que no caso do imóvel locado, a 
impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de 
propriedade do locatário. 
 Também estão dispostos no Código de Processo Civil algumas isenções de 
penhorabilidade, conforme consta no seu art. 649. 
 
 
COMPARAÇÃO ENTRE O BEM DE FAMÍLIA E O BEM A QUE SE REFERE A LEI 8.009 
FORMA 
COMO SE 
APRESENTA 
BEM DE FAMÍLIA BENS REFERIDOS NA LEI 8.009 
1) Capacidade 
para instituir o 
bem de 
família: 
1) Chefe de família; 
 
1.A) 
 
 
 
1.B) Filhos solteiros que moram com 
os pais não podem instituir bem de 
família porque não são chefes de 
família; 
1.C) Solteiro que mora sozinho não 
pode instituir bem de família; 
1.D) Solteiro que mora com irmãos não 
pode instituir bem de família. O imóvel 
será impenhorável até que todos os 
irmãos adquiram a capacidade plena; 
1.E) Órfãos, curadores e tutores não 
podem instituir bem de família; 
1) Não há instituição, existe apenas a 
reserva legal; 
1.A) Residência do casal, casados ou 
não (concubinato) pela lei civil 
(art.1º,1ª parte)e da entidade familiar 
(art.1º,2ª parte) é impenhorável; 
1.B) Filhos solteiros que moram com 
os pais não podem instituir bem de 
família porque não são chefes de 
família; 
1.C) Solteiro que mora sozinho não 
pode instituir bem de família; 
1.D) Solteiro que mora com irmãos não 
pode instituir bem de família; 
 
 
1.E) Órfãos, curadores e tutores não 
podem instituir bem de família; 
2) Processos de 
instituição 
2) art. 260 a 265 da lei 6.015/73; 2) Não há instituição; há apenas 
reserva legal; 
3) Valor do 
imóvel 
3) Não há (art.19, lei 6.754/79); 3) Não há limite. Ressalvas: se o 
insolvente muda-se para outro imóvel 
mais valioso desfazendo-se da antiga 
residência, o juiz pode anular a venda 
(art.4º, §1º) e transferir aimpenhorabilidade para a antiga 
Direito Civil 
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residência; 
4) Escolha do 
imóvel 
4) A escolha cabe ao chefe de família; 4) Ninguém escolhe. Se houver vários 
imóveis utilizados como residência, 
será impenhorável o de menor valor; 
5) Efeitos da 
instituição 
5.A) Impenhorabilidade-art 70, 2ª 
parte; 
5.B) Inalienabilidade (art 72); 
5.A) Impenhorabilidade -art. 1º, § 
único; 
5.B) é alienável; 
6) Extinção da 
impenhorabili- 
dade 
6.A) Com a morte dos cônjuges ou até 
que os filhos atinjam a capacidade 
plena (art 70); 
6.B)ordem judicial (art 21,lei 6.742); 
6.C) pela não moradia (art.72); 
6.D) Por requerimento dos interessados 
(art. 72); 
 
6.E) Sub-rogação do vínculo; 
6.A) Não dispõe sobre possibilidade de 
morte; 
 
6.B) Por ordem judicial (art. 4º); 
6.C) Pela não moradia (art. 1º) 
6.D) Não há necessidade de 
requerimento, pois não há instituição 
por ato voluntário; 
6.E) Não pode e não precisa da sub-
rogação do vínculo. A reserva legal 
incidirá sobre qualquer imóvel que vier 
a residir 
 
 Fluxograma 
Direito Civil 
Página 23 
DOS BENS
objeto do 
Direito
( as coisas )
ações humanas
coisas corpóreas
e incorpóreas
( BENS )
modos de ser da
pessoa na 
sociedade
quanto à sua 
individualidade
relativos aos 
respectivos 
proprietários
uns em 
relação aos
outros
corpóreos 
ou
incorpóreos
VIDE ABAIXO
Acessórios
consumíveis
ou não 
consumíveis
divisíveis
ou indivisíveis
fungíveis 
ou 
infungíveis
singulares 
ou 
coletivos
Imóveis:
a) por natureza
 b) por acessão física artificial 
c) por acessão intelectual
d) ope legis
Móveis:
a) por natureza
 b) por determinação de lei 
c) fungíveis e infungíveis
d) consumíveis
Singulares
simples
Singulares 
compostos
Principais
móveis ou
imóveis
FrutosRendimentos
Produtos
Espécies Estado
Naturais Civis Pendentes PercebidosIndustriais Colhidos
Estantes PercepiendosConsumidos
Em relação
ao solo
Benfeitorias
Uteis
Voluptuárias
Necessárias
Relativos aos
respectivos 
proprietários
Bens Publicos
Coisas Fora 
do Comércio
uso comum dominicais 
bens 
particulares
uso especialInsuscetíveis
de apropriação
Legalmente
inalienáveis
Bem de família
 
 
 
 
 
Direito Civil 
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3. Dos fatos jurídicos 
 
 Até o momento falamos dos dois primeiros elementos do direito subjetivo: 
sujeito e objeto. Agora é a vez da fonte ou fator de relação de direito, conhecido como o terceiro e 
último elemento do direito subjetivo. 
 As relações de direito são o efeito jurídico de certas causas que, na teoria 
geral do direito civil, tomam o nome de fatos jurídicos. 
 Toda relação de direito nasce, conserva-se, transfere-se, modifica-se, ou 
extingue-se, em virtude de um acontecimento capaz de produzir o seu nascimento, a sua 
conservação, a sua transferência, a sua modificação ou a sua extinção. Esse acontecimento recebe 
o nome de fato jurídico. 
 Então temos o seguinte conceito retirado das premissas acima: Fatos 
jurídicos são os acontecimentos em virtude dos quais as relações de direito nascem, se 
conservam, se transferem, se modificam ou se extinguem. 
 Segundo Clóvis Bevilacqua os fatos jurídicos se desdobram em duas 
espécies: ou são fortuitos ou são ações humanas. 
 Os fortuitos, que outros autores chamam de fato jurídico natural, acontecem 
alheios à vontade humana ou para os quais esta apenas concorre indiretamente, como o 
nascimento de uma pessoa, a morte, o decurso de tempo. 
 As ações humanas desdobram-se em duas categorias. Ou o efeito jurídico 
resulta da vontade do agente ( ato jurídico, onde os exemplos podem ser o contrato, testamento, 
quitação ) ou o efeito jurídico independe da vontade do agente, mesmo resultando de uma ação ou 
omissão sua ( ato ilícito ). 
 Por outro lado, Washington Monteiro de Barros vê as espécies do fato 
jurídico sob outro aspecto, no que tange o ato jurídico ( lícito ) e o ato ilícito, classificando-os 
como se fossem separados. Para ele o fato jurídico Lato Sensu pode ser visto sob três aspectos: a) 
fato jurídico natural ( alheios à vontade ); b) ato jurídico ( atos voluntários, ações humanas ); c) 
ato ilícito. 
 Os fatos jurídicos são acontecimentos em virtude dos quais nascem, 
subsistem e extinguem as relações jurídicas ( Lato Sensu ). 
 Os fatos jurídicos naturais são de ordem natural, alheios à vontade humana, 
ou essa vontade apenas ocorre de modo indireto, como o nascimento ou a maioridade. 
 O ato jurídico é o acontecimento que ocorre necessariamente preso a uma 
manifestação humana, comissiva ou omissiva e essa ação visa a formação de uma relação 
jurídica. 
 Já o ato Ilícito é a ação que não se assenta na vontade de alcançar 
legitimamente um fim. Ele tem efeitos jurídicos involuntários. 
 Portanto, fato jurídico ( Lato Sensu ), é o acontecimento, dependente ou 
não da vontade, capaz de produzir consequências jurídicas, completa Washington Monteiro de 
Barros. 
 O importante é que resultando dos fatos jurídicos, os direitos se definem 
como faculdades reconhecidas e sancionadas pela lei. 
 Para melhor compreendermos o fato jurídico é necessário aprofundar um 
pouco mais sobre estes direitos definidos acima. Eles podem ser das seguintes espécies: atuais ou 
futuros, estes últimos se desdobrando em deferidos e não deferidos. Ainda num desdobramento 
dos direitos futuros não deferidos eles podem ser condicionais ou eventuais. Vamos a eles. 
Direito Civil 
Página 25 
 Atuais são os direitos completamente adquiridos, podendo ser 
imediatamente exercidos. Eles estabelecem para o titular uma situação jurídica definitivamente 
constituída. 
 Futuros são os direitos cuja aquisição não se acabou de operar. São aqueles 
cujo exercício depende da realização de uma condição ou prazo. Eles podem ser deferidos ou não 
deferidos. 
 Deferidos são os direitos futuros em que sua aquisição depende do arbítrio 
do sujeito. É o caso do herdeiro e o legatário, desde a abertura da sucessão até o momento em que 
se dá a aceitação. Chama-se direito futuro deferido porque para se tornar atual depende apenas da 
vontade deles. 
 Os não deferidos são os direitos futuros que se subordinam a fatos ou 
condições falíveis. É a promessa de recompensa prescrita no art. 1.512 CC. Os direitos futuros 
indeferidos ainda se desdobram em condicionais ou eventuais. 
 Condicionais, quando existe uma cláusula que subordina o efeito do ato 
jurídico a um evento futuro e incerto; e eventuais, onde a condição existente para a aquisição não 
provém exclusivamente das partes, mas da natureza do direito a que acede, conforme o art. 117 
CC. 
 Continuando, é a vez da aquisição dos direitos. Esta aquisição pode se dar 
por ato do adquirente ou por intermédio de outrem, para si ou para terceiros. 
 A aquisição de direitos se dá de duas formas: originária ou derivada. 
 Originária quando o direito não tem existência objetiva anterior, ou mesmo 
que a tivesse, não houve uma transmissão pelo seu titular. Como a aquisição de propriedade por 
ocupação ( usucapião ), apropriação de uma Res nullius. 
 Derivada é o ato de transmissão por via do qual o direito se transfere do 
transmitente para o adquirente. Por sucessão ou por transferência feita pelo titular do direito. 
Como exemplo temos a aquisição de direitos por herdeiros, contrato de compra e venda, etc. 
 A aquisição de direitos derivada se subdivide em: sucessão ( singular, 
universal, inter-vivos e causa mortis ); e pela transferência feita pelo titular do direito. 
 Aquisição por sucessão pode ser: 
 Singular se o adquirente substitui o antecessor em direitos determinados. 
São os casos do comprador e legatário. 
 Universal se o adquirente substitui o precedente

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