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Aula 10 – Avaliação da Aprendizagem em Ciências – Cont. Met. e Prat. de Ensino de Ciências e Educ. Ambiental Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Reconhecer os elementos que norteiam a avaliação nas disciplinas de Ciências e Educação Ambiental sob a perspectiva de reconhecer que tal tarefa implica adoção de uma metodologia que considere as especificidades desses campos do conhecimento e as características dos alunos das séries iniciais. AVALIAÇÃO A avaliação é uma parte indissociável do ensino que se realiza de forma contínua ao longo do processo de aprendizagem, sendo que muitos fazem uso das notas para levar os alunos em direção ao aprendizado. É necessário avaliar tanto a aprendizagem do aluno quanto a adequação das estratégias de ensino que você utilizou. Sob essa perspectiva, a avaliação escolar tem duas funções: possibilitar o ajuste das metodologias e estratégias de ensino às características dos alunos e determinar em que medida os objetivos do planejamento de ensino foram alcançados. Isso porque é necessário avaliar tanto a aprendizagem dos alunos quanto a adequação das estratégias de ensino que o professor utilizou. No que se refere a ensinar Ciências Naturais, aceita-se hoje em dia, a concepção de que se aprende os conteúdos construindo, reconstruindo ou desconstruindo os conhecimentos, comparando os novos com os anteriormente adquiridos. Isso requer a implementação de um amplo repertório de metodologias e estratégias de ensino e avaliação que se complementam. (GIOPPO; BARRA, 2005) Instigar os professores a repensar, a refletir sobre sua prática pedagógica em sala de aula não é uma tarefa fácil, uma vez que o ser humano por natureza não possui o hábito de se autoavaliar. Porém, é algo imprescindível no mundo em que vivemos, com tantas mudanças dos processos de comunicação, das formas como agimos, fazemos e aprendemos em nosso cotidiano. O comportamento das crianças e jovens vem se transformando nesse novo contexto: a sociedade acaba cobrando mais dos meios educacionais e dos professores como novas formas de pensar, planejar, avaliar e estruturar a transmissão de conhecimento. Faz-se necessário oferecer aos alunos interações mais reais e criativas, vitais para uma nova escola, a qual tenha a cara do mundo em que vivemos. A transmissão mecânica dos conhecimentos não se adéqua à sociedade atual. Segundo Delizoicov; Angotti (2002), existem ações pedagógicas que apenas distanciam os conteúdos das ciências das situações significativas vividas pelos alunos. [...] regrinhas e receituários; classificações taxionômicas; valorização excessiva pela repetição sistemática de definições, funções e atribuições de sistemas vivos e não- -vivos, questões pobres para prontas respostas igualmente empobrecidas [...] experiência cujo único objetivo é a verificação da teoria (DELIZOICOV; ANGOTTI, 2002). Surge então a necessidade de se desenvolver o ensino de ciências de um modo diferenciado do atual, ou seja, superar ainda que parcialmente a fragmentação deste ensino e a falta de vínculo com a realidade dos alunos. Faz-se necessário que práticas inovadoras sejam vivenciadas em sala de aula para possibilitar aos alunos os conhecimentos de cada disciplina. Logo, o professor deve assumir a responsabilidade de refletir sobre toda a produção de conhecimento do aluno, favorecendo a iniciativa e a curiosidade no perguntar e no responder e construindo novos saberes junto com os alunos (HOFFMANN, 1996, p. 75). Dessa maneira, abordaremos o tema “Avaliação da Aprendizagem em Ciências”, tendo como fundamentação teórica as autoras Hoffman e Fernandes, sobre avaliação de Piaget e Ausubel, que abordam a aprendizagem e aprendizagem significativa respectivamente, e os autores Moran e Luckesi que destacam a importância da utilização de práticas inovadoras em sala de aula. Espera-se, portanto, que o tema abordado se traduza numa “reflexão-ação-reflexão” dos professores do ensino de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental. UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL O termo avaliação vem sendo mencionado e utilizado ao longo dos tempos de várias formas como, por exemplo, a frase de Sócrates, "conhece-te a ti mesmo", esse realmente deveria ser o primeiro passo da avaliação, conhecer-se para depois decidir o que fazer (avaliar). No que diz respeito à avaliação educacional, essa se iniciou apenas com a avaliação em sala de aula, centrada no aluno, ou seja, o avaliado é sempre o aluno e o avaliador, o professor. Fernandes (2002) destaca que o professor avalia o processo de ensino e aprendizagem do aluno, os níveis de conhecimentos adquiridos e quais os fatores que interferem em seu desenvolvimento. Esta é a chamada avaliação da aprendizagem. Hoffmann (1996) entende avaliação como uma ação provocativa do professor, desafiando o aluno a refletir sobre as experiências vividas, a formular e reformular hipóteses, direcionando para um saber enriquecido. Afirma ainda que "A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação" (HOFFMANN, p.15, 2005). Dessa maneira, a avaliação é a ação transformada em reflexão e é essa ação que nos leva a novas reflexões. De acordo com a autora, desde os primórdios da educação, os estudiosos em avaliação, importam-se, sobre tudo, em estabelecer críticas e opiniões entre ação, avaliação e diferentes manifestações pedagógicas, deixando, entretanto, de apontar perspectivas palpáveis ao educador que deseja exercer a avaliação em benefício da educação. A preocupação teórica com a avaliação surgiu no início do século XX. Até os dias atuais, viveram quatro momentos, com características mais ou menos distintas. Pode-se mesmo dizer que há quatro gerações de avaliação. Veja a seguir: � A primeira, considerada a geração da mensuração (saber tradicional), enfatiza os testes de verificação de aprendizagem e não distinguia avaliação de medida, no qual o avaliador não passava de um técnico. � A segunda geração, considerada descritiva (saber psicopedagógico) centrava-se mais na verificação dos objetivos propostos. Foi nesse momento que a compreensão do processo ampliou-se, levando a perceber sua relação com fenômenos educacionais mais amplos, como o sistema e a instituição entre outros. Essa geração eminentemente descritiva (saber tecnicista e tecnológico) teve aí seu limite cuja busca de superação resultou na avaliação centrada no julgamento de valor, o que caracteriza a terceira geração. Nesse modelo, o avaliador tem um papel de juiz. � A partir dessas gerações e questionamentos sobre as mesmas, surge a quarta geração que é a interação (saber crítico e interativo), que pode ser definida segundo Hoffmann (p.35, 2005), "pela busca de um enfoque mais amplo e amadurecido de avaliação, indo além de uma posição supostamente científica e meramente voltada para coleta de informação, a fim de envolver aspectos humanos, políticos, socioculturais e contextuais, sendo a negociação elemento crucial de integração". � Quando a finalidade é seletiva, o instrumento de avaliação é constatativo, prova irrevogável. Mas as tarefas na escola deveriam ter o caráter problematizador e dialógico, momentos de trocas de ideias entre educadores e educandos na busca de um conhecimento gradativamente aprofundado (HOFFMANN, 2005). Assim, podemos dizer que a avaliação da aprendizagem tem caráter fundamentalmente formativo, ou seja, ela é voltada para a formação global do educando, para o desenvolvimento de suas capacidades. As quais são construídas socialmente e através do processo de aprendizagem. Aprendizagem pode ser definida de uma de forma bem sintética, como o modo de os seres adquirirem novos conhecimentos, desenvolverem competências e mudarem o seu comportamento. Para Piaget (1983), a aprendizagemdepende do nível de desenvolvimento em que o aluno se encontra: do grau de maturidade, de inteligência, seu estado emocional, sua saúde, alimentação, interesse pelo assunto e seu relacionamento com o professor. Já Ausubel (1982) preocupou-se em saber de que forma o ser humano constrói significados e desse modo passou a apontar caminhos para a elaboração de estratégias de ensino que facilitem uma aprendizagem significativa. Segundo o autor, novas ideias e informações podem ser aprendidas e retidas na medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e sirvam, dessa forma, de ancoradouro a novas ideias e conceitos. Estrutura cognitiva de um indivíduo é o complexo organizado resultante de processos cognitivos através dos quais adquire e utiliza o conhecimento. O conceito central da teoria de Ausubel é o de aprendizagem significativa, um processo através do qual uma nova informação se relaciona de maneira não arbitrária e não literal a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do aprendiz, ou seja, este processo implica na interação da nova informação com uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel chama de “subsunçor”. O subsunçor é um conceito, uma ideia, uma proposição já existente na estrutura cognitiva, capaz de servir de ancoradouro a um novo conceito, ideia ou proposição de modo que o indivíduo possa atribuir significados a essa nova informação. Esse processo de ancoragem, por sua vez, resulta em crescimento e modificação do subsunçor que se torna mais elaborado e mais capaz de facilitar outras aprendizagens significativas. Para que ocorra a aprendizagem significativa, é necessário também que o aluno manifeste disposição para que aconteça e esta disposição está diretamente relacionada com a abordagem contextual dos conteúdos em sala de aula. No ensino de ciências, o aluno deverá ser motivado a compreender como o conhecimento científico pode relacionar ao seu contexto moral, espiritual e cultural. O ensino de ciências deve ser o caminho que permite ao aluno ampliar as suas concepções sobre a natureza e seus integrantes, sobre os avanços científicos e tecnológicos, os quais tanto influenciam as sociedades atuais, e que estes possam perceber que diversos saberes podem caminhar juntos em sua estrutura cognitiva, sendo assim, aplicáveis nos contextos que lhes for conveniente, facilitando a sua compreensão de mundo e consequentemente a sua melhoria da qualidade de vida. Segundo Moran (p. 137, 2000), práticas inovadoras são aquelas capazes de transformar a educação em um processo de vida real, tanto para os alunos como para os educadores, isto é, que transforme suas vidas em um processo permanentes de aprendizagem, como explica: São os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos. Portanto, a prática cotidiana do professor da área de ciências deve estar permeada por conhecimentos necessários para o desenvolvimento dos estudantes. O professor tem o papel de orientador e facilitador da aprendizagem, colocando a realidade do aluno cada vez mais próxima da linguagem das matérias afins, utilizada na sala de aula, despertando o interesse pela aprendizagem significativa. Percebe-se a importância de o professor utilizar múltiplas formas de avaliação para atender às especificidades dos alunos. Já que a sala de aula é um universo singular e alunos de uma mesma série não são iguais, cada professor precisa conhecer a realidade das suas aulas e de seus alunos. Luckesi (2000) chama a atenção para a disposição de acolher, a qual deve ser condição sine qua non para a avaliação inclusiva democrática e amorosa. Ele parte do princípio de que, para se fazer um bom diagnóstico da aprendizagem do aluno, é necessário que se aceite a real condição em que se encontra o aluno para, só a partir daí, iniciar um trabalho que demandará planejamento e uma adequada prática docente. O que não significa esconder os erros e nada fazer para melhorar a condição do aluno, mas, pelo contrário, o acolhimento permite diagnosticar e tomar uma decisão sobre o que fazer. Daí a responsabilidade social do educador. Querendo ou não, é um formador de opiniões que poderá escolher que tipo de aluno deseja formar, um mero reprodutor de ideias ou um aluno questionador, consciente e transformador de sua realidade pessoal e consequentemente um modificador da realidade coletiva. A avaliação que se realiza na interação diária com os estudantes pode trazer contribuições ímpares para a organização do trabalho pedagógico. O ambiente que mais oferece oportunidades para uma avaliação dessa natureza caracteriza-se pelo estabelecimento de uma educação dialógica que oferece um repertório diversificado de atividades aos estudantes. Nesse tipo de ambiente, o estudante deixa de ter a postura passiva, faz mais do que copiar o quadro e o discurso do professor, ou aprender a dar respostas padronizadas a “exercícios de fixação”. O processo avaliativo precisa contar com instrumentos diversificados de forma que constate diferentes habilidades dos estudantes para identificar, descrever, relacionar, inferir, extrapolar, justificar e argumentar. Assim, o professor terá elementos para identificar os diferentes níveis de entendimento de seus alunos acerca de determinado conteúdo e planejar ações que permitam os estudantes avançarem nesses níveis. Entre algumas atividades avaliativas, os estudantes podem ser chamados a produzir textos que sintetizam discussões realizadas coletivamente ou em pequenos grupos a partir da análise de problemas propostos pelo professor ou elaborados com sua ajuda. Podem aprender a investigar fenômenos naturais contrastando interpretações propostas para compreendê-los com as evidências apresentadas para sustentar tais interpretações. Podem sofisticar sua capacidade de argumentar e defender seus pontos de vista, de buscar fontes de informação e de organizar as informações disponíveis. A observação cotidiana que o professor realiza em momentos de trabalho coletivos e individuais propicia informações importantes para sustentar a avaliação processual, inclusive no campo das atitudes e condutas. É importante considerar o respeito pelo outro, o saber ouvir, o posicionamento diante dos debates e a iniciativa em explicitar ideias, valores, crenças e propostas de intervenção. Com isso, não se pretende normatizar condutas ou comportamentos, mas permitir sua avaliação de modo a identificar possíveis intervenções que podem ser realizadas pelo professor e pela escola. Dentro dessa concepção, o professor atua como um observador formativo, constituindo-se em uma referência fundamental para o desenvolvimento moral e intelectual dos estudantes. A avaliação também pode ser feita por meio de provas e testes que auxiliam na identificação de avanços e dificuldades enfrentadas pelos estudantes. As questões de uma avaliação cumprem um duplo objetivo: contemplar os diversos elementos dos conteúdos abordados e solicitar diferentes operações intelectuais e cognitivas por parte dos estudantes. Ao conceber uma questão, é necessário definir o que se pretende avaliar para que se possa interpretar o desempenho dos estudantes. Assim, por exemplo, fica mais fácil avaliar o que pode estar associado ao fracasso e ao sucesso do estudante na avaliação. A avaliação pode ser usada como modo de o professor conhecer as ideias dos estudantes acerca de um determinado assunto que ainda será desenvolvido. Esse momento é importante para levantar as ideias prévias do estudante e propiciar o estabelecimento de um diálogo entre essas ideias eo conteúdo a ser trabalhado. A escolha de contextos adequados é uma tarefa complexa. Contextos idênticos àqueles que foram utilizados nas situações de ensino- -aprendizagem avaliam pouco a capacidade do estudante em generalizar os conhecimentos produzidos e a utilizá-los na análise de novas situações. Isso não quer dizer, entretanto, que ao lidar com contextos já explorados ou conhecidos estejamos avaliando apenas a capacidade de memorização dos estudantes. Não se “memoriza” raciocínios completos ou operações intelectuais e cognitivas, pois esses raciocínios e operações não podem ser apenas retidos na memória. Por outro lado, novos contextos e situações propostos no momento da realização de uma prova devem ter características especiais para poderem avaliar a compreensão de noções, raciocínios e conceitos desenvolvidos em sala de aula. A análise de situações novas, não discutidas em sala de aula, não é uma tarefa fácil para os estudantes. Costumamos enfrentar maus resultados nas avaliações, ao subestimar a dificuldade dos estudantes em utilizar, em situações novas, conceitos, modelos e teorias propostas pela ciência escolar. Pesquisas no campo do ensino e aprendizagem de conceitos apontam dificuldades inerentes ao processo de transferência para novos contextos de recursos cognitivos que os estudantes aprenderam a utilizar em situações específicas. Os estudantes normalmente não usam os mesmos procedimentos que nós, professores e especialistas, utilizamos ao nos depararmos com novas situações a serem interpretadas. Frente a novos problemas, partirmos de conceitos, teorias e modelos gerais, buscando estabelecer relações entre contextos distintos. Tais relações são abstratas e, em certa medida, arbitrárias. Os estudantes, normalmente, não seguem esses procedimentos. Mais comumente examinam aspectos específicos de cada contexto e acabam por estabelecer diferentes soluções para problemas que, do ponto de vista científico, são similares. (GIOPPO; BARRA, 2005) Seja a avaliação constituída por instrumentos informais, por questões escritas, dissertativas ou de múltipla escolha, é importante que esteja embasada no trabalho desenvolvido em sala de aula e que seu nível de complexidade seja adequado ao nível de entendimento que é esperado dos estudantes nas diferentes etapas de escolarização. Em Ciências Naturais, pode-se avaliar os alunos de forma sistemática (por meio de observações, perguntas e respostas feitas durante as aulas, registros realizados etc.) ou de forma específica (provas, pesquisas, comunicações, relatórios etc.). É necessário diversificar as formas de verificação do avanço na aprendizagem para que aqueles alunos com dificuldades em expressão escrita, tímidos ou de difícil socialização não sejam prejudicados pelo tipo de avaliação empregado. Por isso, convém utilizar tanto formas individuais como coletivas, tanto orais como escritas. (CARVALHO, 1998) Ainda no que tange ao ensino de Ciências, espera-se do professor mais que saber expor a matéria e ter bom relacionamento com os alunos. É necessário que suas aulas sejam criativas e haja espaço para que surjam situações de aprendizagem necessárias para que os alunos construam e consolidem seus conhecimentos. Para que isso ocorra, o professor deve criar atividades nas quais os alunos possam manipular e explorar os objetos, criar regras de conduta que lhes permitam trabalhar de maneira satisfatória e alegre, criar liberdade intelectual para que eles não tenham receio de expor suas ideias e de fazer perguntas. ANEXO I AVALIAÇÃO EM CIÊNCIAS NATURAIS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O QUE PRECONIZAM OS PCNs? Coerentemente à concepção de conteúdos e aos objetivos propostos, a avaliação deve considerar o desenvolvimento das capacidades dos alunos com relação à aprendizagem de conceitos, de procedimentos e de atitudes. Tradicionalmente, a avaliação restringe-se à verificação da aquisição de conceitos pelos alunos, mediante questionários nos quais grande parte das questões exige definições de significados. Pergunta-se: “O que é...?”. Perguntas desse tipo são bastante inadequadas a alunos dos três primeiros ciclos do ensino fundamental, pois não lhes é possível elaborar respostas com o grau de generalização requerido. A essas perguntas acabam respondendo com exemplos: “Por exemplo,...”. Diante dessa situação, as ocorrências mais frequentes são: o professor aceita os exemplos como definição, transmitindo para o aluno a noção de que exemplificar é definir, ou considera errada a resposta, entendendo que o aluno não conseguiu aprender. Nos dois casos a intervenção do professor comprometeu a aprendizagem, pois em nenhum deles considerou que a inadequação era da pergunta e não da resposta. Outro tipo bastante frequente de perguntas são aquelas que solicitam respostas extraídas diretamente dos livros-texto ou das lições ditadas pelo professor. O fato de os alunos responderem de acordo com o texto não significa que tenham compreendido o conceito em questão. A avaliação da aquisição dos conteúdos pode ser efetivamente realizada ao se solicitar ao aluno que interprete situações determinadas, cujo entendimento demanda os conceitos que estão sendo aprendidos, ou seja, que interprete uma história, uma figura, um texto ou trecho de texto, um problema ou um experimento. São situações semelhantes, mas não iguais, àquelas vivenciadas anteriormente no decorrer dos estudos. São situações que também induzem a realizar comparações, estabelecer relações, proceder a determinadas formas de registro, entre outros procedimentos que desenvolveu no curso de sua aprendizagem. Desta forma, tanto a evolução conceitual quanto a aprendizagem de procedimentos e atitudes estão sendo avaliadas. É necessário que a proposta de interpretação ocorra em suficiente número de vezes para que o professor possa detectar se os alunos já elaboraram os conceitos e procedimentos em estudo, se estão em processo de aquisição, ou se ainda expressam apenas conhecimentos prévios. Note-se que este tipo de avaliação não constitui uma atividade desvinculada do processo de ensino e aprendizagem, sendo, antes, mais um momento desse mesmo processo. Se se considerar oportuno superar o ensino “ponto-questionário”, não apenas os métodos de ensino precisam ser revistos, mas, de modo coerente, os meios e a concepção de avaliação. O erro faz parte do processo de aprendizagem e pode estar expresso em registros, respostas, argumentações e formulações incompletas do aluno. O erro precisa ser tratado não como incapacidade de aprender, mas como elemento que sinaliza ao professor a compreensão efetiva do aluno, servindo, então, para reorientar a prática pedagógica e fazer com que avance na construção de seu conhecimento. O erro é um elemento que permite ao aluno entrar em contato com seu próprio processo de aprendizagem, perceber que há diferenças entre o senso comum e os conceitos científicos e é necessário saber aplicar diferentes domínios de ideias em diferentes situações. Os PCNs estabelecem alguns critérios para a avaliação das capacidades desenvolvidas pelos alunos nos dois primeiros ciclos. Observe a seguir o que os alunos devem compreender ao final de cada ciclo. No primeiro ciclo • Identificar semelhanças e diferenças entre ambientes e observar que todo ambiente é composto de seres vivos, água, ar e solo. • Saber que as características de animais e vegetais estão ligadas a seu meio. • Buscar informações em grupo. • Identificar etapas e registrar sequências de eventos observados em experimentos. • Perceber as transformações do ser humano ao longo da vida e reconhecer que os hábitos (exercícios, etc.) influenciam nosso corpo. • Identificar o material de que os objetos são feitos e conhecer algumas etapas necessárias a sua fabricação.No segundo ciclo • Saber comparar vários tipos de solo e reconhecer que todos contêm areia, argila, água, ar, seres vivos, decompositores e restos de animais e plantas, mas em quantidades diferentes. • Notar a amplitude da presença da água na natureza e conhecer suas mudanças de estado. • Reconhecer que o solo, a água e os seres vivos têm relação direta com escoamento e erosão e saber que a permeabilidade do solo depende de sua composição. • Saber estabelecer uma cadeia alimentar entre os seres vivos de um mesmo ambiente. • Conscientizar-se das intervenções do homem no ambiente, aplicando seus conhecimentos a respeito de água, solo e seres vivos. • Identificar os órgãos do corpo humano e suas funções. Deve, ainda, estabelecer as relações entre os sistemas circulatório, respiratório e digestivo. • Perceber que as condições de higiene pessoal e ambiental têm relação com a saúde, reconhecendo que ela depende da alimentação e da higiene pessoal e ambiental. • Conhecer as condições de saneamento básico (água e lixo) de sua região. • Reconhecer o papel de microrganismos e fungos, sabendo que eles contribuem para a fertilidade do solo e também podem ser transmissores de doenças. • Reconhecer as diferentes fontes de energia que alimentam as máquinas e saber quais as funções desses aparelhos. • Redigir textos, fazer tabelas, desenhos e maquetes, para registrar as informações sobre o tema estudado. Avalia-se assim a capacidade de representação daquilo que está sendo estudado. • Ao registrar experiências, apresentar as relações entre as etapa. O estudante deve identificar e registrar sequências de eventos (etapas e transformações) que acontecem no experimento que está realizando e entender o que causa cada evento. • Coletar informações em grupo e registrá-las durante observações e experimentações coletivas, seguindo um roteiro determinado pelo professor. O aluno deve sempre cooperar com os colegas. Síntese da Aula Nessa aula você: • Reconheceu os elementos que norteiam a avaliação nas disciplinas de Ciências e Educação Ambiental sob a perspectiva de reconhecer que tal tarefa implica adoção de uma metodologia que considere as especificidades desses campos do conhecimento e as características dos alunos das séries iniciais.
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