Buscar

Aulas do Contedo online Aulas 1 a 10

Prévia do material em texto

CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 1 INFÂNCIA: CONCEITO SOCIAL
A Lei 9.394/96 estabeleceu pela primeira vez na história de nosso país, que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e atualmente, esse segmento do ensino encontra-se em um momento de superação entre por um lado a tradição assistencialista das creches e, de outro, a marca da antecipação da escolaridade das pré-escolas. Essa disciplina parte da discussão de infância como um conceito social, construído historicamente e reflexo da organização sócio-cultural. Visa contribuir com a formação permanente do educador da infância, apontar metas de qualidade que busque estimular a integração da família e a comunidade no desenvolvimento saudável das crianças brasileiras para que sejam capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos a infância são reconhecidos.
Normalmente, associa-se a infância a imagens de crianças saudáveis e felizes, brincando descontraídas, sem preocupações, envolvidas em tarefas que pertençam somente a atividade lúdica em que estão concentradas no momento, geralmente, acompanhadas de um olhar atento de um adulto que as observa e procura suprir as suas necessidades.
Infelizmente nem sempre é assim... 
O fato de ser criança nem sempre garantirá uma infância feliz.
Infelizmente, é possível afirmar que em diferentes momentos históricos e em realidades diversas, sempre existiram e existem ainda muitas crianças que possuem suas infâncias roubadas.
Atualmente, algumas ciências nos permitem obter conhecimentos específicos a respeito de ser criança e de ter infância.  
Uma criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas a partir do nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o décimo oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito meses até oito anos de idade.
A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo primeiro ano de vida de uma pessoa.
Aries (1975) em seu livro História Social da Infância e da Família desenvolveu um rico estudo a respeito da lenta transformação da criança e da família na Europa Ocidental.
“Na idade média, no inicio dos tempos modernos, e por muito tempo ainda nas classes populares, as crianças misturavam-se com os adultos assim que eram consideradas capazes de dispensar a ajuda das mães ou das amas, poucos anos depois de um desmame tardio – ou seja, aproximadamente, aos sete anos de idade...
A partir desse momento ingressavam imediatamente na grande comunidade dos homens, participando com seus amigos jovens ou velhos dos trabalhos e dos jogos de odos os dias.”
Você sabia que durante muito tempo o lugar da criança esteve atrelado ao papel da mulher na sociedade?
ARROYO (1994) ressalta que com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a configuração da família mudou recebendo novas formas de organização.
Este aspecto modificou a maneira de educar a criança que atualmente entra em um mundo social amplo bem mais cedo, em comparação com as crianças de outros períodos históricos.
Até aqui destacamos principalmente um modelo Europeu de construção de infância, porém estudando especificamente, a organização da sociedade brasileira é importante destacar o momento da consolidação do Brasil colonial.
O tratamento a criança na cultura indígena
Estudos descrevem que os pais das crianças indígenas na época do Brasil Colonial eram atenciosos, amorosos  e costumavam participar da vida de seus filhos desde o nascimento . Poderiam oferecer qualquer coisa àqueles que dessem atenção as suas crianças.
Os adultos tratavam as crianças com respeito. Não existiam castigos ou agressões físicas e todos os membros da tribo se sentiam  responsáveis pela criança.
Os adultos tratavam as crianças com respeito. Não existiam castigos ou agressões físicas e todos os membros da tribo se sentiam  responsáveis pela criança.
É possível perceber que a cultura indígena em geral respeita a criança e procura acompanhá-la, oferecendo as condições necessárias para que se constitua um ser humano capaz de assumir o seu lugar na sociedade, a partir de uma infância livre e amorosa.
As amas de leite – a influência dos negros
Ao chegarem ao Brasil, os negros não trouxeram crianças, pois o trabalho escravo era destinado aos adultos do sexo masculino.
As crianças negras na época do Brasil colonial nasceram em nosso país, e ao chegarem ao mundo já eram consideradas escravas, sem direito a liberdade e a poucos cuidados maternos, uma vez que suas mães amamentavam os filhos das mulheres brancas que não cuidavam de suas próprias crias.
Segundo Gilberto Freire, as “mães negras” inundaram a imaginação infantil com um folclore riquíssimo de assombrações e criaturas estranhas, como o boitatá e o “mão de cabelo”, que tiravam o sono dos meninos malcriados, perambulando pelas casas grandes e senzalas.
É possível afirmar que as crianças negras e escravas tiveram pouco tempo e espaço para ser criança durante a infância. Viveram em um período em que era permitida a exploração de seu corpo que nem mesmo lhe pertencia.
A infância em diferentes locais
Atualmente, ao ilustrar as diferentes infâncias, considerando as variadas culturas, podemos afirmar que viver na zona rural ou na zona urbana também é um fator que interfere ativamente na maneira como uma criança irá viver a infância.
O campo, apesar de oferecer mais espaço e liberdade para as crianças, muitas vezes as obriga a entrar no mundo do trabalho precocemente, uma vez que o filho pode acompanhar o pai na plantação ou na criação de animais. Este aspecto acaba diminuindo a infância, reduzindo-a a um período mais curto e de menor valor.
A vida na cidade grande muitas vezes deixa claro “o que é de criança e o que é de adulto”. Quer dizer, considerando a classe econômica a qual a criança pertença, quem trabalha é o adulto, enquanto a criança deve apenas estudar.
É preciso estar atento a esses aspectos, pois em uma sociedade em que adultos e crianças tem papeis que se confundem, o lugar da infância corre o risco de deixar de existir, cedendo à pressa do mundo do consumo e do trabalho.
É preciso ter claro que as crianças precisam de cuidados e de uma educação de qualidade que valorize o respeito às necessidades de sua infância.
Aprenda praticando!
Leia as afirmativas abaixo e assinale a sequência correta.
(A) A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo quinto ano de vida de uma pessoa. FALSA
(B) Pode-se considerar criança o indivíduo que têm entre dezoito meses e oito anos de idade. VERDADEIRA
(C) Na educação indígena as crianças são respeitadas pelos adultos e todos da tribo são responsáveis por sua educação. VERDADEIRA
(D) A mídia tem proporcionado à criança a oportunidade de ter acesso as mesmas informações que um adulto tem. VERDADEIRA 
Nesta aula, você:
• percebeu que infância é um conceito social, construído historicamente  e que a forma como os adultos valorizam a criança dará acesso ou não à um desenvolvimento saudável e feliz;
• comparou diferentes culturas e diversos tratamentos oferecidos à infância; 
• avaliou a importância de oferecermos um espaço social adequado ao desenvolvimento das crianças de nosso país;
• percebeu a relação de uma infância saudável a uma educação de qualidade, envolvendo espaços amplos, atividades lúdicas, profissionais competentes, famílias estruturadas, acesso a atividades variadas e afetividade.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 2 POLITICAS PUBLICAS NACIONAIS PARA ED. INFANTIL
Aqui você conhecerá de forma resumida a história das políticas públicas voltadas à infância brasileira, desde o surgimento das primeiras creches até o parecer de 2009, que obriga toda criança a partir de quatro anos a frequentar espaços de educação infantil.
Apesar de ainda ser necessário estar fortemente implicado na luta sobre o direito da criança brasileira, é preciso reconhecer que nasúltimas décadas do século XX houve um grande avanço na garantia dos direitos da criança.
Vale ressaltar, que as conquistas nessa área são reflexos em sua maioria da organização de setores da sociedade civil que lutaram pela garantia das crianças no Brasil para que fossem vistas como cidadãs de direitos.
Vamos conhecer um pouco sobre como as creches foram sendo instaladas em nosso país.
As primeiras creches no Brasil surgiram em meados de 1870, destinadas prioritariamente às famílias pobres. Eram designadas mulheres que precisavam trabalhar para ajudar no sustento da família.
Assim, as creches surgiram como um depósito normatizador do comportamento das crianças pobres, liberando a mão de obra feminina, como afirma Pardal.
É possível imaginar a dor e a culpa que estavam associadas às mães pobres que precisavam trabalhar e se afastar de seus filhos.
Além desse aspecto, havia o estigma associado às crianças que frequentavam as creches, que eram vistas como coitadas e dependentes da assistência de pessoas caridosas, uma vez que a manutenção desses espaços não era ainda responsabilidade exclusiva do Estado.
Você já ouviu falar no Código de 1927?
O Código de 1927, primeiro conjunto de leis voltado especificamente para crianças, na verdade foi o marco da infância brasileira desigual, em que o foco verdadeiro era defender a sociedade do “menor infrator” ou “da criança abandonada”.
Nunes relata que este período foi marcado pelo autoritarismo de uma política centralizadora caracterizada pela exclusão total ou parcial e a inexistência da cidadania infantil.
A partir dos anos 70 a entrada da pesquisa e analise cientifica na área da infância, principalmente voltada para o abandono e a pobreza das crianças permite trazer novos significados à infância brasileira.
Vamos saber mais sobre as bases da reformulação política do atendimento oferecido às crianças pobres de nosso país.
Parecer CNE/CEB n20/2009
Em 11 de novembro de 2009, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aprova as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. 
Duas mudanças significativas surgem em função das medidas estabelecidas nas diretrizes curriculares. A primeira é a ampliação do Ensino Fundamental com a integração do CA como primeiro ano, para nove anos e não oito como anteriormente. A segunda medida diz respeito a obrigatoriedade da família em matricular a criança de 4 anos na pré-escola.
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil 
Em 17 de dezembro de 1998, a conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE – Câmara de Educação Básica), relata e aprova o parecer 022/98 sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
 As referidas diretrizes constituem-se na doutrina sobre princípios, fundamentos e procedimentos da educação básica, definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientará as instituições de educação infantil dos Sistemas Brasileiros de Ensino, na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil
O RCNEI não tem valor legal, constitui-se apenas de um conjunto de sugestões para os professores de creches e pré-escolas. Este documento representou um retrocesso no processo que vinha se dando no Brasil de o governo com a participação da sociedade civil, construir uma política de educação para as crianças pequenas.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Em 20 de dezembro de 1996 é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), a LDB, apresentando três artigos que tratam da educação infantil. Apesar de não parecer muito, ainda assim é possível considerar o avanço que ela representa, principalmente por reafirmar que a educação para as crianças com menos de 6 anos é a primeira etapa da educação básica.
Política Nacional de Educação Infantil
Como resultado da Constituição Federal e da elaboração do ECA, o Ministério da Educação e Desporto (MEC) propõem uma política Nacional de Educação Infantil, assumindo finalmente a importância de seu papel na garantia dos direitos das crianças a uma educação de qualidade.
O MEC institui na primeira metade da década de 1990, uma Comissão Nacional de Educação Infantil (CNEI), que participa da elaboração dessa política em todo o país.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
O ECA é um grande divisor de águas na luta pelo direito da criança e do jovem brasileiro, pois, apesar da grande dificuldade que o conselheiro tutelar tem tido ao realizar o seu trabalho, o Estatuto representa um grande avanço, já que propõe medidas protetoras no lugar das tradicionais medidas de repressão.
Todas as instancias devem ser controladas pela sociedade civil, tanto quanto através do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente quanto pelos Conselhos Tutelares.
A constituição Federal de 1988 
A CF de 1988 destaca que a educação é direito de todos e coloca a educação infantil como um dever do Estado. Sendo assim, a ela passa pela primeira vez no Brasil a ser um direito da criança e uma opção da família.
Essa Constituição representou um grande avanço na luta pelos direitos do cidadão brasileiro e, consequentemente, na luta pelo direito da criança, possibilitando avanços posteriores que vieram em outras leis.
Este breve histórico tentou apresentar uma realidade de conquistas e lutas de crianças oprimidas por uma sociedade adultizada.
As leis principais que favorecem às crianças e jovens brasileiros foram resultados da organização de setores civis da sociedade que lutaram por um olhar mais humano e pela efetivação das leis.
A informação e a mobilização parecem critérios fundamentais na construção de uma educação infantil de qualidade.
É impossível conceber uma educação infantil de qualidade sem relacioná-la a fatores políticos, históricos, econômicos e culturais. Todos temos que nos considerar representantes da construção desse processo.
Nesta aula, você:
• conheceu a história do surgimento das primeiras creches no Brasil que eram destinadas prioritariamente às famílias pobres, servindo como um depósito normatizador do comportamento dessas crianças pobres para liberar a mão de obra feminina;
• tomou conhecimento do código de 1927, um marco na linha política e ideológica do país;
• aprendeu sobre as políticas voltadas à educação infantil;
• analisou os principais pontos da consolidação da história da educação infantil no Brasil.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 3 O CUIDAR E O EDUCAR : CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS. Cuidar e o Educar: Crianças de 0 a 5 Anos
Tradicionalmente o trabalho nas creches e pré-escolas se constituiu por meio de uma equivocada divisão que refletiu práticas fragmentadas e excludentes, marca da divisão social de classes: o cuidar e o educar.
Cuidar: Atividades ligada meramente ao corpo e destinada às crianças pobres.
Educar: Como experiência de promoção intelectual reservada aos filhos dos grupos socialmente privilegiados.
Atualmente, pesquisadores e especialistas da área buscam em seus discursos e textos deixar explícitas as ações de educar e cuidar como fundamentais e indissociáveis, na construção cotidiana de uma proposta pedagógica de qualidade.
O MEC, ao publicar os Referenciais para o exame nacional de ingresso na carreira docente, além de registrar a garantia de bons professores para a educação infantil, reconhece a importância do brincar e do cuidar para esse público.
Após esses pontos iniciais, vale ressaltar que no cotidiano das instituições de educação infantil serão promovidas as ações que irão consolidar a união do cuidar e do educar como práticas inseparáveis.
“Reconhecer as funções do cuidar e do brincar para o desenvolvimento das crianças da educação infantil.”
É no espaço do dia a dia, no ritmo e ao longo de cada jornada que acontecem saltos qualitativos no desenvolvimento da criança. Respeitando-sesua singularidade, movimento e necessidade, a criança fará descobertas vivendo experiências a partir de tudo que será oferecido a sua volta.
O professor ao fazer o planejamento do que irá acontecer durante a rotina diária, precisará valorizar alguns aspectos fundamentais.
É preciso ressaltar a importância de um planejamento flexível que permita a participação ativa da criança, deve ser evitada uma rotina que favoreça a convivência mecânica, pois esta forma irá desmotivar a criança, atrapalhando seu processo de desenvolvimento.
É muito importante brincar e estudar, mas isso não é tudo!
Os cuidados com o corpo, envolvendo a higiene, o sono e a alimentação, como parte fundamental do processo educativo das crianças, são ações fundamentais que devem ser planejadas em detalhes na busca de conforto e orientação à criança. Algumas instituições, infelizmente, ainda insistem em uma prática que oferece essas ações de forma mecânica e sem importância.
A educação das emoções e do afeto.
Outro aspecto importante relacionado ao cuidar e ao educar é a valorização da educação das emoções e do afeto como parte que deve ser considerada tão importante quanto a construção de conhecimentos.
O educador deve estar atento às várias manifestações das crianças percebendo sua frequência e em que condições ela ocorre. É importante considerar as variações individuais, pois as crianças são diferentes entre si e apresentam formas de manifestar suas emoções que acentuam essas diferenças.
O educador deve prestar atenção nos comportamentos infantis; deve respeitar a individualidade de cada uma e buscar formas afetuosas de intervir durante momentos emotivos, pois a criança poderá viver situações difíceis que irão refletir em seus comportamentos, e o educador deverá amenizar essas situações respeitando os sentimentos das crianças.
Rotina e ambiente escolar.
A organização da rotina e do ambiente são aspectos fundamentais para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem, a autonomia e a criatividade das crianças.
A altura dos murais e das estantes, o tamanho dos móveis e a disposição deles nas salas, o oferecimento de ambientes externos e internos são alguns dos aspectos fundamentais para ajudar a organizar uma proposta pedagógica de qualidade.
A organização da rotina e do ambiente expressa a ideia de criança e da educação que será oferecida a ela dentro da instituição.
Brincadeira de criança: como é bom!
Perceber a construção de um planejamento para que as brincadeiras ocorram de forma diversificada também faz parte essencial de um trabalho de qualidade.
A brincadeira é uma das atividades essenciais para o desenvolvimento de uma infância saudável, e uma instituição de educação infantil, que é responsável pela formação integral da criança, deve planejar formas diferenciadas que permitam a expressão do lúdico de diferentes maneiras.
À medida que a criança adquire mais autonomia motora e linguística, com a aquisição do andar e do falar, as atividades lúdicas devem ser planejadas envolvendo outros aspectos, tais como: peso, tamanho, material que constituirão os brinquedos, bem como a disponibilidade em que serão oferecidos às crianças.
A partir dos 4 a 5 anos, é esperado que as crianças já tenham adquirido alguns hábitos de independência e autonomia. Portanto, expressam curiosidades e interesses por vários aspectos, como sexualidade e língua escrita, testando os limites estabelecidos, e possuem laços de amizades, entre outras conquistas alcançadas.
Vale destacar que cuidar e educar as crianças de forma integrada exige a cumplicidade de adultos e crianças, em todo momento.
Os adultos devem proporcionar espaços de ação e compartilhamento em que todos possam interagir trocando experiências significativas, em que “corpo” e “cabeça” não sejam percebidos separadamente, mas com o mesmo valor.
As crianças devem ter acesso à saúde e higiene, tanto quanto aos conhecimentos do mundo e de sua cultura. Os profissionais de creches e instituições de educação infantil devem buscar planejar o cotidiano procurando respeitar as individualidades, bem como as necessidades especificas de cada faixa-etária.
Afetividade e compreensão devem ser requisitos básicos na constituição de qualquer profissional que tenha o desejo de trabalhar com crianças.
Nesta aula, você:
• conheceu a história do surgimento das primeiras creches no Brasil que eram destinadas prioritariamente às famílias pobres, servindo como um depósito normatizador do comportamento dessas crianças pobres para liberar a mão de obra feminina;
• tomou conhecimento do código de 1927, um marco na linha política e ideológica do país.
• aprendeu sobre as políticas voltadas à educação infantil;
• analisou os principais pontos da consolidação da história da educação infantil no Brasil .
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 4 O PERFIL DOS EDUCADORES QUE TRABALHAM NA CRECHE
Ao discutirmos o perfil desejável dos educadores que trabalham em creches é necessário ressaltar dois aspectos fundamentais que servirão como base para a discussão que será proposta nessa aula.
O primeiro aspecto é quanto ao perfil, pois, considerando que as pessoas possuem características individuais que refletem sua cultura, sua história de vida e as relações afetivas que tiveram ao longo da vida, não devemos pensar em um controle rígido que incentive um padrão, pois cada um terá uma forma diferente de desenvolver o trabalho com crianças a partir de suas características individuais. É preciso esclarecer que a intenção é traçar critérios que valorizem o papel desse profissional, baseando-se nas Diretrizes Nacionais da Educação Infantil.
O segundo aspecto é quanto a questão de gênero, pois tradicionalmente a profissão de professor de educação infantil tem sido ocupada exclusivamente pelo universo feminino, refletindo uma concepção de trabalho doméstico e maternagem. Cabe aqui fazer uma pergunta: é possível a inserção de educadores (gênero masculino) no desenvolvimento de trabalhos pedagógicos que envolvam o cuidar e o educar para crianças na faixa etária de 0 a 5 anos?
Perfil dos profissionais de educação infantil.
Contexto sociocultural: Ao traçar o perfil profissional  de professores de Educação Infantil devemos considerá-los em seu contexto sociocultural; o que significa incluir além das questões de gênero, questões de raça, idade e classe social. É importante considerar que este assunto é bastante complexo e existem poucos parâmetros para defini-lo de forma absoluta.
Humor e disposição: Para esse profissional que estamos delineando a partir das considerações das diretrizes postuladas pelo governo e considerando as diferenças dos aspectos socioculturais, alguns pontos são importantes.  Entre eles o fato de procurar estar com bom humor e bem disposto, pois as crianças são ativas e rápidas, por isso necessitam de educadores com essas características.
Emoções infantis: Outro ponto importante é procurar atuar como mediador entre a criança, as suas emoções e o seu ambiente, isso significa ser capaz de interpretar e compreender o que uma criança está sentindo, por isso envolve o conhecimento de muitas emoções.
Compreender as próprias emoções é essencial para saber lidar com os sentimentos das crianças.
Em primeiro lugar, é necessário que os adultos compreendam e aceitem suas próprias emoções, principalmente, quando essas não são consideradas socialmente positivas, como: raiva, inveja, ciúme entre outras.
Geralmente, ao ouvir “Não”, as crianças manifestam irritabilidades ou choros, por isso, saber lidar bem com essas situações é muito importante. Facilita bastante o fato de um adulto saber lidar de forma equilibrada com seus próprios sentimentos.
Ter equilíbrio emocional facilitará o oferecimento de uma sólida base de afeto – sorrir e falar carinhosamente com as crianças é importante para que elas não se sintam ameaçadas ou pressionadas a fazer coisas que impeçam seu desenvolvimento.
Veja outros pontos muito importantes no trabalhocom a Educação Infantil!
É importante saber organizar o espaço e o tempo de modo a favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Com relação a esse aspecto é essencial organizar detalhes do ambiente, procurando criar uma atmosfera de segurança, como exemplo: sala bem ventilada, limpa, bonita, com objetos, imagens e cores que estimulem a imaginação.
Importante também é distribuir o tempo de modo adequado entre as diferentes atividades do dia, para não cansar as crianças e nem deixá-las sem atividades.
Desde pequenas as crianças já demonstram uma grande capacidade de ajuda mútua. É importante que o professor possa organizar possibilidades em que as crianças ajam umas com as outras, de maneira que vivam a multiplicidade de experiências e superem desafios.
Construindo regras coletivas...
A criança também tem o direito de falar!
É importante levar as crianças a participarem do processo de tomada de decisão, ou seja, levá-las a fazer uso frequente da palavra e articular ideias de maneira lógica e clara. Isso irá ajudá-las a descentrar e coordenar diferentes pontos de vista, permitindo que possam ser mais autônomas.
Tradicionalmente, as regras eram oferecidas para a criança de forma autoritária, em uma relação em que só o adulto poderia afirmar impositivamente como as coisas seriam organizadas, e muitas vezes nem mesmo procurando ser justo com  a criança.
Atualmente, pesquisas demonstram que é fundamental possibilitar às crianças o direito de escolher e de argumentar no sentido de negociar e renegociar as normas, avaliando se são justas e, caso não sejam, que possam rediscuti-las de forma continuada e contando com a participação ativa de todos, adultos  e crianças.
Um aspecto facilitador é o fato de poder dialogar com a família procurando saber o que acontece em casa, fazendo relações com o que acontece nos espaços educativos.
Estar sempre procurando investir em sua formação, buscando aprender cada vez mais sobre o seu trabalho é um aspecto que dará vida e sentido à construção da proposta pedagógica cotidiana.
Um professor que está sempre em contato com novos conhecimentos de sua área será capaz de fazer reflexões que possibilitarão o aprimoramento constante, permitindo o aumento de sua motivação.
Os educadores de crianças, além de uma formação inicial, devem procurar ter curso universitário ou pelo menos o curso de formação de professores, e estar sempre interessados em ampliar os seus conhecimentos na área.
Reconhecer as especificidades de cada contexto educacional é ponto chave, pois as condições de trabalho desse profissional não podem ser analisadas separadamente de seu perfil. O lugar disponível para a realização do trabalho pedagógico deverá ser o grande aliado desse profissional.
Para favorecer a realização de um trabalho de qualidade é necessário pensar na quantidade de crianças para cada educador. Recomenda-se que quanto menor a faixa etária, menos deverá ser a quantidade de criança por adulto.
Outros aspectos também importantes estão relacionados à distribuição do tempo e do espaço. É necessário garantir que as crianças possam escolher o que e com quem devem trabalhar, podendo expressar seus reais talentos e interesses.
Podemos resumir que entre algumas características fundamentais para os educadores de crianças estão:
respeitar e fortalecer a identidade das crianças e suas famílias;
educar e cuidar da criança, como ser total, completo e indivisível;
articular e integrar conhecimentos, de forma prazerosa;
avaliar a evolução das crianças e registrar seus progressos.
Para finalizar é importante destacar uma característica que não deverá faltar em nenhuma hipótese à capacidade do adulto de “entrar no jogo da criança”, ou seja, despir-se de suas características de adulto e tentar entrar no mundo do faz de conta que a criança está inserida.
O educador para conseguir tal êxito deverá entrar em contato com sua criatividade artística e com o seu humor. O que permitirá elevar-se a sentidos sem aparentes significados imediatos ou fins previamente estabelecidos.
Nesta aula, você:
• identificou o perfil de educadores que trabalham na creche ou em centros de educação infantil valorizando a presença dos seguintes aspectos:
• reconhecer, respeitar e fortalecer a identidade das crianças e suas famílias;
• educar e cuidar da criança, como ser total, completo e indivisível;
• articular e integrar conhecimentos, de forma prazerosa;
• avaliar a evolução das crianças e registrar seus progressos .
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 5 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O brincar tem sido apontado por vários autores como um dos comportamentos principais da infância. As crianças quando brincam desenvolvem habilidades motoras, cognitivas, sociais e afetivas. Por isso, na educação infantil a brincadeira precisa estar presente como uma atividade importante em si mesma.
A brincadeira permite à criança transitar entre mundos opostos que delimitam a realidade e a fantasia. O real e o imaginário se misturam abrindo a possibilidade de criação que instiga a viver com mais energia e alegria, encarando as dificuldades com mais leveza.
A partir dos estudos de Vygostsky podemos afirmar que a brincadeira contém todas as tendências do desenvolvimento de forma condensada, sendo uma grande fonte de desenvolvimento.
É possível pressupor que a criança da educação infantil brinca em um mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados.
Portanto, é necessário garantir espaço e tempo para as crianças brincarem sem que necessariamente tenham que atingir algum objetivo antes, durante ou depois da atividade.
O brincar é garantido à criança brasileira. Fique esperto!
Atualmente existem no Brasil leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - 1990) que garantem a legalidade do brincar à criança brasileira.
Desde a Constituição de 1988 a criança brasileira passou a ser cidadã de direito e como tal, um de seus direitos é o brincar. Portanto, um educador de creches e pré-escolas não pode utilizar o brincar como prêmio ou punição e, em hipótese alguma, escolher um grupo de crianças para uma atividade lúdica e deixar o restante impossibilitado de participar.
Várias pesquisas na área da psicologia do desenvolvimento têm apontado sobre a necessidade de brincar na infância.
A brincadeira deve ser favorecida de diversas formas e os espaços de educação infantil devem ser planejados considerando o tempo para a brincadeira livre e dirigida.
Alguns autores, como Piaget e Vygotsky, consideram o brincar como fundamental nesse período. Apesar de esses estudiosos apresentarem divergências, é fundamental compreender a contribuição que ambos trouxeram para a análise do brincar na infância.
Piaget - Jogo de Exercício, Brincadeiras de Faz de Conta e Jogos com Regras
Jogo de Exercício: 
• Caracteriza a fase do desenvolvimento pré-verbal.
• Tem como finalidade o próprio prazer do funcionamento; por exemplo, quando a criança empurra uma bola, vai atrás dela, volta e recomeça, ela o faz por mero divertimento.
Jogo Simbólico : 
• Caracteriza a fase que surge com o aparecimento da linguagem.
• O símbolo implica a representação de um objeto ausente (comparação entre um elemento dado e outro imaginado).
Jogo de Regras:
• A regra substitui o símbolo e enquadra o exercício quando certas regras sociais se constituem.
• As regras podem ser transmitidas ou espontâneas.
Vygotsky – o papel do brinquedo no desenvolvimento
O brinquedo não pode ser definido simplesmente como atividade que dá prazer, mas é preciso tomar cuidado para não ignorar a importância dele no preenchimento das necessidades infantis.
Segundo Vygotsky frequentemente descrevemos o desenvolvimento da criança como o de suas funções intelectuais, toda criança se apresenta para nós como um teórico, caracterizada pelo nível de desenvolvimento intelectual superior ou inferior, que se desloca de um estágiopara o outro. Porém, se ignoramos as necessidades da criança e os incentivos que são eficazes para colocá- la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio de desenvolvimento para ouro, porque odo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos. Aquilo que é de grande interesse para um bebê deixa de interessar uma criança um pouco maior.
As atividades lúdicas vão se transformando com o tempo e a criança adquire novas formas de expressá-la. Portanto, é necessário considerar as diferenças entre as atividades lúdicas das crianças para diferentes faixas etárias.
Para crianças de 0 a 3 anos as atividades devem concentrar-se em brincadeiras corporais – tocar e ouvir – engatinhar e andar, atirar, botar, balançar e empurrar objetos, fazer percursos, contornar obstáculos.
Enquanto que para crianças de 4 a 5 anos  as brincadeiras corporais podem ser de correr, pular, subir, jogar.
O educador deve planejar atividades variadas que favoreçam ao lúdico de diferentes formas, oferecendo contação de histórias (dramatização), música (bandinha musical, construção de instrumentos), arte (pintura, desenho, modelagem, colagem).
As brincadeiras na Educação Infantil!
É necessário criar condições para a brincadeira no planejamento da rotina da creche. Isso envolve o planejamento do espaço, como possuir um parquinho, ter brinquedos variados e acessíveis na sala de aula e apresentar um lugar com uma brinquedoteca para a brincadeira livre e dirigida.
Finalmente, é importante valorizar o papel do professor como um mediador brincante: um adulto que brinca e constrói vínculos seguros e estáveis com a criança, alguém que reconhece a necessidade de observá-la e aprender com ela. Alguém que acredita na essência lúdica da humanidade, mas sabe que é na cultura e através de espaços e profissionais de qualidade que o brincar se constrói.
Nesta aula, você:
• identificou o brincar como atividade essencial na infância;
• percebeu as diferenças das atividades lúdicas para crianças de 0 a 3 anos e 4 a 5 anos;
• compreendeu a importância de articular e integrar conhecimentos, por meio de atividades lúdicas;
• percebeu as diferenças entre as brincadeiras de faz de conta e o jogo com regras;
• identificou maneiras de criar condições no planejamento da rotina da creche para que o brincar ocorra;
• compreendeu a necessidade de valorização da brinquedoteca como espaço essencial nas creches e escolas de educação infantil.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 6 A PROPOSTA PEDAGÓGICA E AS MULTIPLAS LINGUAGENS.
Os caminhos para a elaboração de uma proposta pedagógica e as múltiplas linguagens
A criança tem cem linguagens!
Aqui, serão ressaltadas a expressão corporal, as línguas oral e escrita, a linguagem plástica e musical, como formas de expressão que devem ser respeitadas e valorizadas como aspectos fundamentais para o desenvolvimento.
OS PROJETOS PEDAGÓGICOS
Uma das mais recentes maneiras de oferecer à criança a oportunidade de expressar múltiplas linguagens tem sido o trabalho com projetos pedagógicos.
Os projetos são planejados para serem desenvolvidos por meio de atividades com significado, que permitam a construção diária de novos conhecimentos, bem como a aquisição de novas habilidades.
A pedagogia de projetos está presente em muitas realidades de educação infantil e apresenta propostas bastante diferentes das escolas do ensino fundamental. Entre elas está oferecer um conhecimento de mundo que tenha significado e que permita a participação ativa da criança.
O corpo como forma de expressão
Geralmente, as crianças ficam pouco tempo concentradas em uma mesma atividade em que fiquem paradas, sem sair do lugar. Elas necessitam correr, pular, subir e etc., expressando suas emoções pelo movimento.
A motricidade deve ser valorizada, permitindo com que a criança faça vários deslocamentos de lugar dentro da instituição. As atividades devem ser planejadas em locais variados.
É importante considerar o uso da língua oral e escrita!
Com relação à linguagem escrita é necessário ressaltar a necessidade de respeitar o período adequado para iniciar a criança ao uso da linguagem escrita, pois, geralmente, os adultos preocupados e ansiosos tentam oferecer atividades que não apresentam nenhum significado para a criança.
A escrita apresentada antes do momento correto não poderá ser considerada como uma ferramenta útil para a criança se expressar.
Vários autores destacam a língua como um instrumento importante que nos ajuda a tomar decisões, antecipar ações e organizar as ideias, facilitando o planejamento. 
A linguagem oral produzirá saltos importantes na estrutura cognitiva da criança, por esse motivo o contexto social é fundamental. Ao trabalhar com projetos o educador deve oferecer oportunidade para as crianças expressarem suas hipóteses.
Outra linguagem que deve ter seu espaço garantindo na educação infantil é a linguagem plástica.
As crianças desde pequenas adoram mexer com tintas, lápis de cor, massinhas e outros materiais pedagógicos que lhes possibilitam expressar livremente sua ideias e maneiras de ver o mundo.
Com relação a essa linguagem, vale lembrar as creches de Reggio Emília; essa experiência é desenvolvida em um município da Itália e tem sido reconhecida pelo mundo inteiro pelo seu sucesso.
RANZO (2004, p.232) destaca alguns objetivos principais para propor atividades diversificadas que permitam a expressão da criança por meio da linguagem plástica:
1. convencer o aluno de que desenhar um elemento não é unicamente a reprodução de sua forma aparente, mas que esse elemento tem uma estrutura interna a partir da qual se gera forma exterior;
2. descartar o critério de obter um resultado bonito pelo mero fato da destreza manual e da riqueza do material empregado;
3. o aspecto mais importante é trazer à luz seu potencial criativo e imaginativo, fazer descobrir que simplesmente pensando, observando, analisando, vão surgindo ideias quanto as técnicas, processos de acoplamento.
O cotidiano da educação infantil, geralmente, é repleto de atividades musicais.
Os educadores costumam apresentar músicas para entrar na sala, ir lanchar, hora de escovar os dentes, hora de sair e muitos outros momentos.
A linguagem musical é ao mesmo tempo rítmica e corporal, por esse motivo é importante manter um tempo, sentir a cadência rítmica, o caráter dos diferentes acentos musicais, realizar os valores de duração, a associação entre os gestos e os sons e a respiração das frases, entre outros aspectos. 
É importante considerar o manuseio de objetos sonoros que devem estar disponíveis para as crianças. Elas precisam ter experiências concretas com objetos que emitem sons, instrumentos musicais e formar um vocabulário específico para se referir a eventos sonoros.
Há ainda como formas de expressão a dramatização e a contação de história.
Portanto, disponibilizar livros infantis, fantasias, adereços e outros utensílios são fundamentais para garantir que essas linguagens também possam ser manifestadas pelas crianças.
Essas expressões são muito apreciadas pelas crianças, sendo mediadas pelo adulto ou não.
Nesta aula, você:
 • estudou a respeito da construção de projetos pedagógicos para crianças de 0 a 5 anos, como: 
           • adequação do tópico a ser investigado em profundidade;
           • construção de um conhecimento de base;
           • integração do conteúdo e do currículo;
 • incorporação provocações e conversas instrutivas;
 • compromisso com o trabalho com projetos.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 7 ORGANIZAÇÃO DE TEMPO E ESPAÇO NA EDUC. INFANTIL
Pensar a organização do espaço e do tempo na educação infantil não é tarefa simples. Representa pensar em detalhes que irão refletir o projeto pedagógico da instituição.
Cores da parede.
Altura dos murais. 
Tamanhoe disposição dos móveis.
Estes são apenas alguns dos aspectos fundamentais que envolvem tal tarefa.
O cotidiano de uma escola de educação infantil não deve parecer monótono e desinteressante para as crianças.
Na verdade, esse cotidiano deve se transformar em um aspecto necessário para elas. As crianças devem sentir falta de estar na escola e se sentirem dispostas a criar e inventar participando das atividades propostas durante o dia.
Um ponto importante é que certamente as atividades oferecidas para as crianças menores não serão as mesmas oferecidas às maiores. Os desafios se modificam e exigem novos elementos. Inclusive a organização das salas não pode ser a mesma.
Fortunati destaca que pensar o espaço também como gerador da experiência representa o sinal de uma atenção de escuta das necessidades das crianças que antecipa o cuidado da relação e da interação do adulto com as crianças dentro do contexto educacional.
O autor afirma que:
“Pensar como o espaço da experiência das crianças ajuda o adulto a amadurecer as expectativas de protagonismo nas ações que as crianças expressam em seu interior, utilizando as oportunidades presentes, e também pode ajudar o adulto a suavizar a intromissão sobre a criança por parte das instancias educacionais quando a necessidade dos resultados prevalece sobre a sensibilidade da escuta.”
E o PPP, entra nessa história?
É importante destacar que o planejamento, o desenho do espaço e, posteriormente, a intervenção que o educador e toda a equipe farão sobre o ambiente, devem responder a critérios que estão na base dos objetivos do projeto político pedagógico da instituição.
A instituição, ao construir esse documento, deve considerar que as crianças precisam de auxílio para compreender o mundo que as cerca; é importante definir bem os espaços. A organização externa contribuirá na organização interna das crianças.
O que evita esse tipo de situação?? Planejamento!
É fundamental o planejamento dos horários e das atividades que garantam o cuidar e o educar, lembrando que o lúdico deve sempre estar presente. Sem aprisionar as pessoas em horários rígidos e atividades repetitivas.
Com relação ao tempo é importante garantir que a rotina não vire uma repetição monótona que gera desmotivação e desinteresse nas crianças. É necessário evitar que o dia a dia se torne uma corrida contra o tempo em prol de deixar as crianças limpas, arrumadas e alimentadas.
Para evitar que esse fato ocorra, o planejamento é essencial: organizar os espaços, definindo como e quando será utilizado pelos diferentes grupos de pessoas, ajuda as crianças a se orientarem.
Além desses aspectos, é importante lembrar ao se planejar a organização do tempo, que a rotina deve ser garantida para ajudar a criança a apresentar uma estabilidade comportamental.
A organização dos espaços refletirá a maneira como a escola percebe a criança e como ela acredita que deve ser educação infantil. Ideologias, valores e cultura estarão expressos no ambiente.
Na criação do ambiente é importante buscar espaços que estimulem o movimento e as destrezas motoras, lugares livres e amplos para correr e deslocar-se livremente, assim como, garantir espaços mais calmos para atividades de leitura ou que possibilitem assistir a um filme.
A criação de espaços harmônicos, que expressem sensibilidade e a busca pela beleza, favorecerá o bem-estar de todos, estimulando laços de amizades e trocas afetivas.
Um ambiente alegre e democrático irá facilitar esse processo de integração. Um bom exemplo é o uso do mural. Podem existir murais que exponham o trabalho das crianças, mas também murais de avisos e notícias interessantes em que qualquer pessoa da comunidade escolar possa participar.
Outro aspecto importante é promover a comunicação entre todos os membros da instituição: crianças, equipe e familiares. As trocas devem ser ricas e diversificadas.
Finalmente, é imprescindível lembrar-se de transformar cada jornada de trabalho em algo prazeroso e cheio de descobertas. Onde o lúdico esteja sempre presente e cada dia represente uma nova aventura cheia de desafios.
O cotidiano de instituições de educação infantil deve sempre inspirar afeto e alegria, refletindo uma dimensão humana em que a criança seja valorizada como sujeito que merece respeito às suas necessidades especificas.
Nesta aula, você:
• estudou a respeito da importância da organização da rotina e das atividades propostas para as crianças, considerando dois aspectos fundamentais: o tempo e a organização do espaço. E para alcançar tal objetivo foi necessário:
- destacar que a sala deve ser uma ambiente especialmente criado para proporcionar experiências variadas;    
- ressaltar que o mobiliário deve ser adequado as necessidades das crianças criando  possibilidades de independência e autonomia, responsabilidade e uso do bem comum;
- enfatizar que fatores como: número de crianças, faixa-etária e características do grupo são pontos fundamentais de atenção na organização do espaço.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 8 ASPECTOS PEDAGÓGICOS FUNDAMENTAIS
Preste atenção ao diálogo abaixo.
(Dona Margarida) Ah essa escola é boa, esse menino vai ser muito inteligente!
(Dona Tereza) Você sabe que o meu sobrinho já escreve o nome dele todo, e todo dia ele faz trabalhinho de dever de casa?
Esta é uma situação comum entre responsáveis de crianças que estão frequentando escolas de educação infantil. Pais alfabetizados pelo método tradicional não compreendem as propostas sociointeracionistas de escolas que trabalham o aprendizado através do construtivismo. Além disso, ainda existem escolas que reproduzem métodos antigos, como a escola representada no diálogo ao lado.
Mas, afinal, qual a função de um centro de educação infantil (creche e pré-escola)?
Devemos pensar em aproveitar a infância das crianças para treiná-las para o futuro, preparando-as para serem integradas no ensino fundamental?
Como fazer para que as crianças sejam cidadãs criativas e reflexivas dominando a língua escrita, e, capazes de compreender os códigos e instrumentos de nossa cultura?  
De acordo com Magda Soares (1998), existem diferenças entre alfabetização e letramento:
Alfabetização
Corresponde ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia – a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-la para ler e escrever. Para adquirir tal tecnologia é importante compreender o funcionamento do alfabeto, memorizar as convenções letra-som e dominar o seu traçado, usando instrumentos como lápis, papel ou outros que os substituam.
Letramento 
É o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais.
Portanto, a aquisição dos dois processos não deve ser feita separadamente, eis aqui o grande dilema que reflete as diferenças entre os métodos utilizados em diferentes escolas. Escolas que apresentam uma proposta baseada em concepções sociointeracionistas procuram desenvolver um processo em que a aquisição da língua escrita não se resuma apenas à escrita de letras.
Vygotsky destaca diretrizes para que a escrita se torne um instrumento de expressão e conhecimento do mundo para uma criança leitora e produtora de textos:
Que o ensino da escrita se apresente de modo que a criança sinta necessidade dela.
Que a escrita seja apresentada não como um ato motor, mas como uma atividade cultural complexa. >>> Só sai daí  quando acabar de copiar!
Que a necessidade de aprender e escrever, seja natural, da mesma forma como a necessidade de falar.
Que ensinemos à criança a linguagem escrita e não as letras.
Obrigar as crianças a copiar letras sem oferecê-las o significado, além de ser uma atividade sem sentido, representa, em muitas ocasiões, adestramento. Com esse tipo de atitude ela aprende que o mais importante é aprender a obedecer, não importa para que finalidade. Atitudes como essa, além de não trazerem nenhum benefício, reforçam a ideia de uma criança heterônoma,aquela que aprende a obedecer pelo medo.
Esse ponto contradiz um dos objetivos importantes da educação infantil: a construção da autonomia, que significa criar possibilidades para que as crianças pensem sobre suas atitudes e tenham liberdade de escolher suas ações com responsabilidade, sem precisar de punições autoritárias para que isso aconteça.
Outro ponto importante é a respeito de quando iniciar o processo de aquisição da escrita. Segundo Mello, “Vygotsky defenderia o letramento para as crianças até 6 anos, e para as crianças entre 6 e 10 anos a alfabetização com letramento”.  Mas, surgem novas angústias:
Será que meu filho estará preparado para o ensino fundamental frequentando uma escola que favorece o brincar como atividade principal?
O letramento deve ser pensado como uma atividade que exige que a criança seja inserida em um processo cultural, em que ela domine símbolos e instrumentos de nossa sociedade. Nesse sentido, não precisamos temer atrasos hipotéticos em crianças que tenham brincado bastante durante o processo de aquisição da escrita, pois possivelmente são crianças que tiveram a oportunidade de pensar e participar ativamente desse processo, de ter suas ideias respeitadas e valorizadas e que acreditam em si mesmas como produtoras de conhecimento.
De acordo com Borba, é importante que façamos algumas perguntas para nós mesmos:
• Como podemos compreender a criança nas suas formas próprias de ser, pensar e agir? 
• Como vê-la como alguém que inquieta o nosso olhar, desloca nossos saberes e nos ajuda a enxergar o mundo e a nós mesmos?
• Como podemos ajudar a criança a se constituir como sujeito no mundo? 
• De que forma a compreensão sobre o significado do brincar na vida e na constituição dos sujeitos situa o papel dos adultos e da escola na relação com as crianças e os adolescentes?
É importante destacar que pesquisas realizadas em diversos países demonstram que meninos e meninas que desde cedo escutam histórias lidas e/ou contadas por adultos, ou que brincam de ler e escrever (quando ainda não dominam o sistema de escrita alfabetizada), adquirem um conhecimento sobre a linguagem escrita e sobre os usos dos diferentes gêneros textuais, antes mesmo de estarem alfabetizadas.
ARROYO (1994, p. 91) afirma que:
“Há uma superalfabetização e matematização de nossas crianças. Nossa escola superestima o domínio da linguagem escrita porque esquece outras linguagens. Esquece outras dimensões. O teatro não é valido só enquanto ajuda a decorar textos ou coisas parecidas. O teatro faz parte da história da humanidade. Faz parte de nossa construção tanto quanto pela leitura para um dia ler e inserir-nos na sociedade.“
Você entenderá agora como deve ser conduzido o processo de avaliação na educação infantil.
Este deverá representar um reflexo da forma como todos os conteúdos são construídos com as crianças de forma descontraída e prazerosa, garantindo o interesse da criança a todos os assuntos que lhes são oferecidos.
A avaliação não tem o objetivo de aprovar ou reprovar a criança. Ela representa um momento de trabalhar a autoestima e valorizar os avanços.
Uma criança precisa aprender sobre si mesma que ela é capaz, tem boas ideias, faz bons desenhos, conta boas histórias e pode contribuir com o mundo adulto oferecendo seu conhecimento já conquistado. Essa base segura favorecerá o movimento da criança na busca do conhecimento, que é fundamental que seja assimilado por ela sempre como uma aventura cheia de prazer e novas possibilidades, inclusive em outros períodos da vida.
Segundo a LDB (Lei 9394/96, artigo 31):
“Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.”
Outro aspecto importante é que um processo avaliativo deve representar uma avaliação que não fique restrita apenas as crianças, mas que envolva todos os personagens ativos na tarefa de auxiliar a educação delas. Portanto, significa incluir a família e os educadores.
A inclusão desses personagens é fundamental, pois considerando que uma criança é um ser em desenvolvimento, sozinha ela não conseguirá conquistar com qualidade novas etapas. Será necessário que ela esteja “acompanhada”, ou seja, “estar em companhia” significa ter um olhar atento de um adulto que auxilia e observa os progressos conquistados pela criança, seja na creche ou em casa.
 
Para que tal tarefa seja realizada, é necessário verificar as relações diárias da criança com o mundo e perceber suas conquistas, oferecendo desafios que apresentem sentido aos seus questionamentos e hipóteses a partir de seus interesses. Portanto, a parceria da família com a instituição é fundamental.
Por esse motivo a avaliação não poderá se restringir apenas a criança, mas também exigirá uma reflexão da participação dos envolvidos durante esse processo.
Uma instituição infantil de qualidade deverá deixar claro para a família aspectos fundamentais relacionados a construção de sua proposta pedagógica:
Quais os objetivos da educação infantil?
Como é realizado o processo avaliativo?
Qual a criança que pretende ajudar a formar?
É oportuno reafirmar que a educação infantil tem um fim, em si mesma, e não deve representar preparação para o ensino fundamental. Atualmente, vivemos em uma sociedade cada vez mais adultizada em que o tempo da infância corre o risco de deixar de existir.
Para que a criança possa viver uma infância plena é fundamental garantir aspectos que a própria sociedade roubou da criança, como, por exemplo, a redução ou inexistência de espaço e tempo para a brincadeira livre e em grupo, aspectos importantes que provavelmente fizeram parte da infância de muitas pessoas adultas.
É importante garantir a possibilidade de oferecer às crianças “coisas de criança” para que possam expressar seus pensamentos e suas ações assimilando o mundo que vivem em doses gradativas e toleráveis, pois a pressa poderá representar ausência de determinados aspectos que serão necessários para as novas etapas.
Já existiu uma época em que crianças e adultos compartilhavam das mesmas atividades e tinham tarefas semelhantes, sem muita diferenciação. É essencial colocar atenção a esse aspecto, pois em um momento histórico com as características da nossa sociedade – tecnologia (internet, jogos eletrônicos), reorganização da família nuclear, falta de tempo para interações diárias, adulto e crianças tendo acesso as mesmas informações – existe o risco de termos crianças com suas infâncias roubadas, onde “coisa de criança” deixe de existir, fazendo com que elas sejam tratadas como miniaturas de adulto.
A educação infantil deve garantir, além de outros aspectos, que a criança seja tratada como criança e tenha direito ao ócio para organizar suas ideias e testar suas hipóteses através da atividade principal da infância, a brincadeira.
A brincadeira irá garantir formas de expressão, assimilação do mundo real, desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, criando possibilidades para que a criança tenha uma base segura que lhe possibilitará dar grandes saltos na direção de um equilíbrio emocional possibilitando um acesso de qualidade ao mundo em que vive.
Nesta aula, você:
• aprendeu sobre a inserção da criança no mundo da leitura e da escrita e como deve ser realizado o processo avaliativo na educação infantil;
• percebeu que o oferecimento do mundo letrado para a criança deve ser feito de maneira gradativa através do desenho, da linguagem oral, da brincadeira de faz-de-conta, e outras formas lúdicas que tenham sentido e significado;
• compreendeu que a avaliação não tem objetivos de aprovação ou reprovação, e sim um momento de trabalhar a autoestima das crianças, sendo importante contar com a participação da família nesse momento.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 9 INSTRUMENOS DO EDUCADOR E A ENTRADA NA CRECHE
Para a realização de um trabalho de qualidade no cotidiano das crechese pré-escolas, a elaboração e utilização de alguns instrumentos são quesitos fundamentais ao trabalho do educador infantil.
Saber diferenciar os processos acolher e adaptar.
Identificar os itens importantes para a elaboração de uma anamnese ou entrevista inicial.
Conhecer alguns pontos essenciais para elaboração do diário do educador infantil.
Reconhecer a importância de realizar, durante diferentes momentos e atividades, os registros da observação dos comportamentos infantis.
Reconhecer a importância da roda de conversa para o desenvolvimento infantil.
Conhecer os aspectos importantes para planejamento do educador.
O momento inicial da criança na creche é muito importante, pois irá representar pela primeira vez uma separação da criança de sua mãe ou núcleo familiar por momentos maiores de tempo. Além desse aspecto, representa uma nova fase em que a criança está sendo inserida em um contexto social mais amplo e em um ambiente diferente de seu cotidiano.
Durante muito tempo esse momento inicial era planejado sem levar em consideração as características singulares de cada criança. Estar integrado representava um processo igual para todos, onde as crianças viveriam essa experiência todas da mesma forma, obedecendo as regras da instituição.
Pensando em modificar as formas como esse processo era apresentado pelas instituições de educação infantil, Soares sugere uma substituição do termo:
Adaptar >> Acolher
Hoje sabemos que o ser humano se constitui como sujeito a partir de processos biológicos e sociais e que o contexto social desse indivíduo o torna um ser singular. Essas diferenças devem ser consideradas pela instituição de educação infantil ao receber as crianças pela primeira vez, garantindo o respeito a valorização de sua cultura familiar.
A compreensão de quem são os principais personagens envolvidos durante esse processo é fundamental na condução do mesmo, aqui o destaque é dado a três personagens:
Em primeiro lugar a criança, em seguida a mãe (ou o membro da família que irá acompanhar de perto esse processo) e por último, mas tão importante quanto os outros, a educadora que irá recebê-los e conviver com eles por muito mais tempo.
A conversa com os familiares, ou, com quem busca, ou entrega a criança na instituição, são fundamentais. Saber as manias das crianças é importante, pois faz parte da estruturação de uma base emocional segura durante esse momento de separação da criança com a mãe por períodos mais prolongados.
Essa parceria irá se solidificar e será construída uma base de maior confiança a medida que a família permanece na creche o período necessário para que a adaptação possa acontecer de uma maneira tranquila e sem pressões. Este aspecto é considerado como um ponto fundamental na condução do processo.
É importante destacar que a entrada da criança na creche não representa o único momento em que é necessário um acolhimento, existem outros momentos diferentes em que as crianças passarão por readaptações e precisarão de atenção especial, como é o caso de mudança de turma e de educadora ou a saída da criança da instituição de educação infantil para um outro segmento do ensino. 
Vale destacar, que podem surgir além dos aspectos citados, situações singulares pertencentes ao processo de vida de cada uma delas e para que o trabalho seja bem sucedido a parceira com a família é fundamental. O início dessa parceria geralmente começa com a anamnese ou entrevista inicial.
Um dos itens importantes para a construção da parceria da família da criança com a instituição é a anamnese ou entrevista inicial. Este instrumento permitirá conhecer a história da criança e as características de seu contexto familiar.
Para a compreensão da importância deste instrumento é necessário observar itens essenciais:
Além dos aspectos citados é indicado deixar um espaço para observações adicionais, caso seja necessário. Vale ressaltar, que essa entrevista deve ser realizada em ambiente privativo, onde o responsável da criança que irá fazer a entrevista sinta-se seguro para disponibilizar as informações necessárias.
Quanto ao profissional da instituição que realizará a entrevista este deve ser discreto e compreensível, permitindo assim que o familiar sinta-se a vontade, pois muitas vezes algumas perguntas irão levá-lo a memórias difíceis para ele entrar em contato, e mais ainda poder disponibilizá-las.
As informações registradas em uma entrevista inicial devem ficar disponíveis apenas para os profissionais que necessitem consultá-las com o objetivo de garantir afeto e cuidado a criança e apoio a seus familiares.
O trabalho desenvolvido no povoado de Reggio Emília, na Itália, é considerado um modelo para profissionais comprometidos com a busca de formas mais espontâneas e mais criativas de propostas alternativas focadas para crianças. E um aspecto muito valorizado na condução desse trabalho tem sido o registro das diferentes formas de expressão das crianças nos  momentos das atividades e das rotinas.
Portanto, outro ponto chave na condução de um trabalho de qualidade é o diário do educador. Existem pontos importantes do comportamento infantil que devem ser registrados por um educador que busca qualidade no desenvolvimento de seu trabalho. E para que esse registro seja realizado com eficácia é necessário destacar as formas, os momentos e os principais aspectos para a realização dessa observação.
O planejamento como uma das ações do educador é parte fundamental, pois permitirá: 
Organizar os materiais que serão utilizados;
A forma dessa utilização;
A maneira como as crianças ficarão organizadas;
A sequencia do que será desenvolvido;
Avaliação da condução da própria atividade.
Vale destacar, que o planejamento nunca pode ser rígido, ele deverá oferecer maleabilidade que permita respeitar os interesses das crianças, seus ritmos e suas diferentes expressões.
Muitas vezes ele poderá contar com a colaboração da família, que poderá pesquisar aspectos que estejam envolvendo o tema que foi escolhido para ser desenvolvido. É essencial perceber a importância de articular e integrar conhecimentos, de forma prazerosa, em contato permanente com a família e a comunidade, tendo o diálogo e a interação como eixos do trabalho pedagógico.
Outro instrumento fundamental do educador e que deve fazer parte de sua rotina é a roda de conversa. Através dessa ferramenta são organizados os combinados da turma.
Muitos adultos não sabem como abordar tais aspectos, as práticas oscilam entre ações tradicionais ou ausência de limites seguros. Esse é um ponto fundamental, pois crescendo em uma sociedade que vive uma crise de valores, que permite com que em determinadas situações as pessoas sejam comparadas ao que possuem, falar de respeito e compartilhamento pode cair em um discurso vazio que não encontre eco no contexto familiar e/ou em um contexto mais amplo da criança.
A roda de conversa também permite conhecer as novidades do final de semana, ou qualquer assunto que a criança queira compartilhar, por isso deve ser aberta e flexível para permitir a participação das crianças, acolhendo suas ideias, dúvidas e direcionamentos.
Resumindo tudo o que foi apresentado, é possível dizer que a entrada da criança na creche é um momento crucial que irá representar o início de um mundo de desafios e possibilidades que deve ser vivenciado com muito afeto e alegria.
E para a condução do que virá são necessários instrumentos muito importantes para o educador, tais como: a anamnese, o diário, a roda de conversa e o planejamento.
Lembrando que a importância de avaliar a evolução das crianças e registrar seus progressos está principalmente no fato de auxiliarmos a criança a sentir-se segura e capaz.
Nesta aula, você:
• percebeu a importância e os itens essenciais para a elaboração de uma anamnese ou entrevista inicial;
• conheceu alguns pontos fundamentais na elaboração do diário do educador infantil, destacando as formas, os momentos e os principais aspectos para a observação dos comportamentos infantis;• percebeu as diferenças entre acolher e adaptar, identificando quem são os principais personagens envolvidos durante esse processo e as formas de integrá-los;
• conheceu os diferentes momentos de adaptação que a criança vive durante o seu percurso em uma instituição de educação infantil.
CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO NAS CRECHES E EDUCAÇÃO INFANTIL
AULA 10 PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO
O projeto político pedagógico (PPP) é um documento que deve conter todos os aspectos que envolvam a organização de uma instituição de educação infantil de qualidade e deve favorecer a integração da família e de toda a comunidade que esteja envolvida na condução do processo de educar as crianças que frequentam a instituição.
Deve ser proposto dentro de uma gestão democrática e participativa que inclua as famílias e toda a equipe durante sua elaboração. Portanto, sua construção deve ser realizada contando com todos os membros da equipe, a participação das famílias e de toda a comunidade escolar.
Nesta aula, você vai aprender a importância da construção de um projeto político pedagógico dentro de uma gestão democrática e participativa que inclua as famílias e toda equipe durante sua elaboração.
Como primeiro passo para a elaboração de um PPP é preciso conhecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e alguns dos critérios e princípios inspirados nelas e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Será importante definir diretrizes, critérios e princípios de qualidade para uma educação infantil que respeite a criança e sua cultura familiar.
Um aspecto imprescindível é que este documento reconheça a importância da identidade pessoal das crianças, suas famílias, educadores e outros profissionais.
O texto PPP deve apresentar todos os aspectos principais que nortearão o trabalho:
Proposta pedagógica (linha teórica que fundamenta a prática);
Estrutura física (números de salas, ambientes, banheiro, cozinha e outros);
Localização e história da instituição;
Perfil da equipe de trabalho;
Número de crianças;
Atividades que a instituição oferece;
Forma de avaliação;
E, principalmente devem estar registrados os princípios, critérios e diretrizes que irão conduzir o desenvolvimento da proposta.
Em nosso país existe um documento oficial, organizado pelo ministério da Educação, que estabelece algumas diretrizes para o trabalho em educação infantil, em creches e pré-escolas, tentando respeitar e valorizar as diferenças regionais brasileiras. Este documento estabelece como princípios os seguintes objetivos descritos abaixo:  
o respeito à dignidade e os direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças  individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.;
o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;
o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética;
a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;
o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.
A construção do PPP deve pautar-se em princípios éticos, políticos e estéticos discutidos por toda a equipe. Deve reconhecer, respeitar e fortalecer a identidade de todos os envolvidos. Além desses aspectos, é fundamental reconhecer todos os aspectos relacionados a educar e cuidar da criança como ser total, completo e indivisível.  
Inclui-se também valorizar a importância do investimento na formação continuada e em uma formação especializada para quem faz educação infantil, que inclua reunião em equipe, estudos e pesquisa. Ainda precisaremos conquistar muitos direitos, mas o processo já foi iniciado. Por isso vale lembrar que o profissional que irá trabalhar com crianças deve ter uma formação adequada e estar em formação constante.
Um aspecto central que ajudará a traçar o perfil da instituição, necessitará do aperfeiçoamento dos processos de gestão e o exercício da liderança. Garantindo um clima harmonioso que não seja centralizador e, ao mesmo tempo, garanta uma diretriz que norteará as práticas.
Existem algumas propostas de atividades que devem convidar as famílias a estarem mais presentes no cotidiano dos centros de educação infantil, por exemplo:
Entrevista inicial;
Reuniões pedagógicas;
Serviços de empréstimos de livros infantis ou jogos;
Conversas individuais ou em grupo com o objetivo de abordar assuntos específicos que deixam duvidas na educação familiar tais como: sexualidade, limites, desfralde e ouros.
Uma escola democrática deve preocupar-se em manter a escuta sempre atenta para as solicitações da equipe, das famílias das crianças e, principalmente, das próprias crianças.
Um projeto político pedagógico (PPP) só tem sentido se traduzir os desejos e vontades dos sujeitos envolvidos com a educação das crianças. Deve representar a busca da qualidade de uma proposta pedagógica que garanta um atendimento de qualidade às crianças de nosso país.
O PPP deve estar atrelado às políticas públicas voltadas para a infância brasileira e as diretrizes nacionais curriculares da educação infantil, pois no exercício da busca de qualidade do atendimento deverá planejar um orçamento que envolva gastos com materiais pedagógicos adequados e a previsão da contratação de profissionais especializados.
A visão que deve nortear a proposta do PPP é a que percebe a educação infantil como direito da criança, entendendo como princípio o cuidar e o educar, substituindo uma visão assistencialista que foi construída e que durante muito tempo representou a maioria dos trabalhos desenvolvidos nas creches e pré-escolas de nosso país.
Nesse sentido podemos perceber que a mãe, atualmente, pode compartilhar a educação de seu filho com outros adultos, especializados, que planejam e estudam para oferecer atividades que possam ter sentido e significado à criança.
É importante afirmar que as concepções que a mãe tem sobre a instituição, sua crenças e valores sobre a maternidade, irão repercutir na confiança que a mãe terá nos profissionais e em todo o trabalho que está sendo oferecido.
É importante deixar claro no PPP a ideia da instituição a respeito do que representa uma boa educação de crianças:
•Qual o seu objetivo?
• Como são desenvolvidas as propostas pedagógicas?
• Como será oferecido o contato com as diferentes áreas do conhecimento – matemática, ciências, língua portuguesa, artes e outros conhecimento gerais?
Vários aspectos podem ser acrescentados nos itens que aqui foram apresentados, porém, é importante que todos tenham a clareza de que um bom projeto político pedagógico terá vida a partir da união de todos. Ele deverá representar o resultado de uma empreitada que contou com a participação democrática da maioria, enriquecido pelas discussões que foram realizadas dentro das instituições.
Nesta aula, você:
• percebeu a  importância da organização de um projeto político pedagógico de qualidade que possa contar com a parceria da família e de toda a comunidade escolar na educação da criança, integrando os diferentes saberes à proposta curricular.

Continue navegando