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INTRODUÇÃO À ONCOLOGIA / MECANISMOS DE CARCINOGÊNESE O câncer é hoje reconhecido como uma doença genética originada a partir de erros na replicação celular, originados a partir de diversos fatores, tais como danos ambientais pela ação de agentes químicos e radiação ou mesmo estilo de vida, que levam a reprodução celular desordenada. Cerca de 5 a 10% dos tumores apresentam agrupamento familiar importante que sugerem uma predisposição hereditária ao câncer. Em tumores mais raros como o carcinoma medular de tireóide e retinoblastoma, o percentual de tumores chega a 25 e 40%, respectivamente. No organismo normal o ciclo de proliferação celular é rigorosamente controlado para que as células constituam comunidades organizadas. Na sua formação, os órgãos só crescem até atingirem certo tamanho, pois suas células obedecem aos sinais recebidos para entrar na fase G-zero do ciclo celular e interromper a proliferação. Um controle rígido sobre a proliferação celular também é exercido nos órgãos que se regeneram após uma lesão. As células se multiplicam o suficiente para reconstituir o órgão com aproximadamente o mesmo tamanho que apresentava antes da lesão. As células cancerosas, no entanto, são células com o DNA danificado e que, por isso, escapam dos mecanismos de controle do ciclo celular. Uma célula de tumor diferencia-se de uma célula normal pela sua IMORTALIDADE, pela sua TRANSFORMAÇÃO MORFOLÓGICA e pela sua capacidade de formar METÁSTASES. O câncer surge de uma única célula que sofreu mutação, multiplicou-se por mitoses e suas descendentes foram acumulando outras mutações, até darem origem a uma célula cancerosa. O acúmulo de mutações por uma célula e suas descendentes é um processo lento, e isso, provavelmente, explica a maior incidência de câncer nas pessoas idosas. Todos os agentes que danificam o DNA são mutagênicos e podem levar ao aparecimento de células cancerosas. Alguns vírus também podem participar da formação de células cancerosas. A célula cancerosa prolifera muito, perde a capacidade de aderência, secreta enzimas que atacam a matriz extracelular, invade os tecidos vizinhos, penetra nos vasos sanguíneos e linfáticos e se espalha pelo organismo, estabelecendo-se e proliferando em locais distantes de sua origem, onde produz tumores secundários: as metástases. As células malignas secretam moléculas que estimulam o crescimento dos vasos sanguíneos capilares, promovendo uma angiogênese(neoformação vascular). A Carcinogênese: > É lenta > É complexa > Envolve muitos genes por alteração no DNA > Está relacionada a fatores de transcrição celular e sistema de reparo do DNA > Mecanismos Epigenéticos · Acetilação · Fosforilação · Metilação Uma variedade de agentes aumenta a freqüência na qual células são convertidas à condição transformada; tais agentes são chamados de carcinogênicos. Algumas vezes, estes carcinógenos são divididos entre aqueles que “iniciam” e aqueles que “promovem”a formação de tumores, indicando a existência de diferentes estágios no desenvolvimento do câncer. Os carcinógenos podem causar modificações epigenéticas ou podem modificar o genótipo da célula. Há duas classes de genes que, quando mutados, causam transformação: Os oncogenes e os genes supressores de tumor. Estes genes que participam da formação de tumores são principalmente os que, nas células normais, estão envolvidos com o controle do ciclo celular, reparação do DNA e apoptose. Os genes supressores representam uma perda de função em genes que normalmente impõe alguns limites ao ciclo celular ou ao crescimento celular. A liberação da restrição por eles imposta é tumorigênica. Alguns exemplos de genes supressores de tumores: RB Retinoblastoma P53 50% da totalidade dos tumores P16 adenocarcinoma do pâncreas e muitos outros tumores BRCA1 tumores de mama e do ovário BRCA2 tumores da mama APC carcinoma do cólon VHL carcinoma do rim, hemangioblastoma (tumor de vaso sanguíneo) P53 O SUPRESSOR DE TUMOR P53 SUPRIME O CRESCIMENTO OU DESENCADEIA A APOPTOSE O gene P53 normal suprime a formação do câncer através de diversos mecanismos: Impede que as células sofram danos no DNA É capaz de desencadear os mecanismos de apoptose (morte celular programada) quando existe dano no DNA É o GUARDIÃO DO DNA A mutação em p53 é a causa da síndrome Li-Fraumeni, uma forma rara de câncer hereditário. Indivíduos afetados desenvolvem cânceres em vários tecidos. Oncogenes Cerca de 100 oncogenes já foram identificados. Os oncogenes são enquadrados em vários grupos, representando diferentes tipos de atividades, que vão desde proteínas de membrana até fatores de transcrição. A definição destas funções pode, portanto, levar ao entendimento dos tipos de modificações envolvidas na formação de tumores. A geração de um oncogene representa um evento deganho de função, no qual um proto- oncogene celular é ativado inapropriadamente. Isto pode envolver uma modificação mutacional da proteína, uma ativação constitutiva da expressão do gene, a sua superexpressão ou a falha na inativação da sua expressão no momento adequado. Várias modificações genômicas podem ativar proto-oncogenes, algumas vezes envolvendo uma mudança no próprio gene-alvo, outras vezes ativando-o sem modificar o produto protéico. Inserções, translocações e amplificações podem ser eventos causadores da tumorigênese. EXEMPLO: A translocação entre o cromossomo 22 e o cromossomo Philadelphia, que sintetizam transcritos de fusão bcr-abl, responsáveis por dois tipos de leucemia. Uma influência importante na capacidade de multiplicação de uma célula é exercida pela telomerase, a enzima ribonucleoprotéica responsável pela extensão dos telômeros. A função da telomerase é a de compensar o encurtamento dos telômeros que ocorre a cada ciclo de replicação. A telomerase é inativada em muitas células somáticas, tipicamente quando ocorre a diferenciação. Entretanto, a sua atividade normalmente é reativada em tumores. Marcadores Tumorais Os marcadores tumorais são definidos como substâncias presentes ou produzidas pelo tumor, ou pelo hospedeiro, que podem ser usadas para diferenciar neoplasias de tecido normal por mensuração no sangue ou em secreções. Tais substâncias podem ser: enzimas, isoenzimas, hormônios, anticorpos, antígenos, proteínas,etc. CUIDADO: A sensibilidade e a especificidade dos marcadores biológicos atuais não são suficientes para o diagnóstico de câncer. Várias doenças não malignas, principalmente inflamatórias também apresentam elevação destes marcadores, muito embora, em valores geralmente menores que em neoplasias avançadas. Alguns marcadores: CARCINOEMBRYONIC ANTIGEN (CEA)- Tumor colorretal ALFA-FETOPROTEÍNA (AFP) – carcinoma hepatocelular MARCADORES MUCÍNICOS (os mais estudados são: CA125 – Tumor de ovário; CA19.9 – Tumor de Pâncreas; CA15.3- Tumor de mama; CA72.4- Tumor Gástrico) PROSTATE SPECIFIC ANTIGEN (PSA) – Tumor de Próstata Β Human Chorionic gonadotropin (βhcg) – Tumor de Testículo Diagnóstico, Estadiamento e Princípios de Tratamento Biópsia Um diagnóstico de Câncer deve basear-se em evidência histológica. Um fragmento de tecido pode ser obtido durante a cirurgia ou por biópsia de agulha. Avaliação da Extensão da Doença: Estadiamento Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer, é fundamental que, antes de qualquer decisão terapêutica, seja feita uma avaliação da disseminação da doença. O estadiamento é realizado por três razões básicas:Ajudar a avaliar os resultados, determinar a melhor terapêutica existente e orientar o prognóstico. Facilita ainda o intercâmbio de informações entre os vários centros e serve de base para pesquisas. No sistema TNM as seguintes definições são utilizadas: T Tumor primário Extensão do tumor primário. N Linfonodos Regionais Comprometimento dos Linfonodos regionais. M Metástases à Distância . Presença de metástase PENSAR: Tumor Localizado: Tumor ressecável? Paciente operável? Inoperável? Tumor Irressecável?? Metástase?? Qual magnitude? Planejamento do Tratamento Ø Cirurgia Ø Quimioterapia Ø Radioterapia Ø Hormonioterapia Ø Imunoterapia Ø Tratamentos combinados Cirurgia Até hoje continua sendo a principal forma de tratamento para a grande maioria dos pacientes curáveis. A cirurgia engloba dois procedimentos básicos: a ressecção ampla do tumor primário e suas extensões diretas e remoção dos gânglios linfáticos regionais, quando apropriado. A cirurgia pode ser também paliativa para remover lesões que provocam sangramento, obstruções; remoções de tumores que provocam compressão na medula, etc. ou cirurgia para recidivas do tumor. Quimioterapia Trata-se de um tratamento sistêmico.A quimioterapia é mais utilizada como adjuvante: É um tratamento adicional realizado após ressecção cirúrgica do tumor. O objetivo deste tratamento é o controle de metástases subclínicas residuais, locais, ou à distância que estejam presentes. Neoadjuvante: A quimioterapia neoadjuvante diminui o estado tumoral, podendo melhorar os resultados da cirurgia e da radioterapia e, em alguns casos, a resposta obtida para chegar à cirurgia. Os efeitos colaterias dependem do agente quimioterápico e os mais importantes são: Alopécia ou queda de cabelo: É o efeito colateral mais visível devido a mudança da imagem corporal e que mais afecta psicologicamente aos enfermos, sobretudo as mulheres. Náuseas e Vômitos Mucosite Cistite Esterilidade Mialgia Fibrose pulmonar Reação local Mielossupressão Flebite Diarréia Obstipação intestinal Anemia Infecções: Devido a diminuição do número de leucócitos Hemorragia: Devido a diminução do número de plaquetas Cardiotoxicidade enfermedades cardiovasculares Hepatotoxicidade Nefrotoxicidade Ganho de peso Objetivo da combinação de drogas quimioterápicas: o uso de drogas combinadas em vez de agentes isolados representa um avanço significativo no tratamento farmacológico do câncer e tem eficácia aumentada. Os seguintes princípios se aplicam ao uso de drogas combinadas: · Devem ser usadas drogas com diferentes mecanismos de ação. · As drogas não devem ter a mesma toxicidade Atividade (mecanismos de ação diferentes, mecanismos de resistência diferentes + Segurança (efeitos colaterais compatíveis) Hormonioterapia Uso de hormônio para combater o crescimento neoplásico em órgãos sensíveis a hormônios como, por exemplo, alguns casos de câncer de próstata e câncer de mama com receptores hormonais positivos. Radioterapia Seu objetivo é erradicar a doença residual , prevenir a recidiva marginal, controlar a doença subclínica e /ou viabilizar a operação de um tumor considerado inoperável. Nesse tipo de tratamento a radiação também atinge todas as estruturas (tecidos e órgãos) que estiverem no trajeto do feixe de radiação até o tumor. Com os progressos obtidos por novas técnicas de radioterapia, a redução dos danos causados ao tecido normal tornou-se um importante objetivo do tratamento radioterápico. Imunoterapia Só com os últimos avanços da biotecnologia é que a imunoterapia pode ser completamente investigada como tratamento oncológico. O uso da tecnologia recombinante de DNA permitiu a análise da estrutura física das moléculas e a criação de moléculas mutantes com as substituições específicas desejadas na sua seqüência de aminoácidos e, mais importante, facilitou a produção em grande escala de citoquinas e linfoquinas puras e de alta qualidade para o uso em ensaios terapêuticos. Estão sendo desenvolvidos anticorpos monoclonais com especificidade para antígenos associados a tumores, que podem oferecer uma imunomodulação eficiente e fornecer uma modalidade seletiva de citoxicidade para células neoplásicas. Os interferons são exemplos típicos de moléculas que ajustam a resposta do hospedeiro a uma neoplasia e inibem o crescimento celular tumoral. Os interferons inibem a proliferação celular, a expressão dos oncogenes e a angiogênese induzida por tumores. Fonte: Manual de condutas diagnósticas e terapêuticas em oncologia/editores Luiz Paulo Kowalski [et al];3ed. São Paulo: Âmbito Editores,2006. Manual de Oncologia Clínica 2 ed. Fundação Oncocentro de São Paulo 1996 Genes VII. Benjamin Lewin; Artmed Editora,2001. PREVENÇÃO Tipos de intervenção preventiva baseados nos três níveis de prevenção, tradicionalmente enfocados na medicina, a saber: Ø Prevenção primária - quaisquer atos destinados a diminuir a incidência de uma doença numa população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos; Ø Prevenção secundária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma doença numa população reduzindo sua evolução e duração (diagnóstico precoce); Ø Prevenção terciária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença. O câncer é responsável por mais de 12% de todas as causas de óbito no mundo: mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente da doença. Como a esperança de vida no planeta tem melhorado gradativamente, a incidência de câncer, que em 2002 foi de 11 milhões de casos, alcançará mais de 15 milhões em 2020. Esta previsão, feita em 2005, é da International Union Against Cancer (UICC). A explicação para este crescimento está na maior exposição dos indivíduos a fatores de risco cancerígenos. A redefinição dos padrões de vida, a partir da uniformização das condições de trabalho, nutrição e consumo, desencadeada pelo processo global de industrialização, tem reflexos importantes no perfil epidemiológico das populações. As alterações demográficas, com redução das taxas de mortalidade e natalidade, indicam o prolongamento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional, levando ao aumento da incidência de doenças crônico-degenerativas, especialmente as cardiovasculares e o câncer. O câncer constitui, assim, problema de saúde pública para o mundo desenvolvido e também para nações em desenvolvimento. Atualmente, o tabaco é um dos principais responsáveis pelo total de mortes no mundo, causando cerca de uma em cada oito mortes. O tabagismo é amplamente reconhecido como doença crônica gerada pela dependência da nicotina, estando por isso inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A alimentação é composta por diversos tipos de alimentos, nutrientes e substâncias químicas que interferem no risco de câncer. Outros fatores alimentares, como o método de preparo e conservação do alimento, o tamanho das porções consumidas e o equilíbrio calórico também contribuem para o risco. Estudos indicam que a atividade física regular tem um papel protetor em relação ao câncer de algumas localidades, principalmente o de cólon e aqueles relacionados aos hormônios femininos (mama e endométrio). O álcool está associado ao aumento do risco de diversos tipos de câncer: boca, faringe,laringe, esôfago, fígado, mama e intestino, e este risco aumenta independentemente do tipo de bebida. Outro fator de risco é em relação à exposição solar. A maior parte da radiação ultravioleta (UV) que chega à superfície da Terra é do tipo UVA. Esses raios penetram profundamente na pele e estão relacionados principalmente ao envelhecimento celular, podendo contribuir também para o desenvolvimento do câncer de pele. O câncer ocupacional pode ser definido como aquele causado pela exposição a agentes cancerígenos presentes nos ambientes de trabalho. Esses fatores interagem de várias formas para dar início às alterações celulares envolvidas na etiologia do câncer. De acordo com pesquisadores, de 2% a 4% de todos os casos de câncer podem estar associados a exposições ocorridas nos ambientes de trabalho. Embora de pouco conhecimento por parte da população, as infecções estão entre as principais causas de câncer, superadas apenas pelo tabagismo e alimentação inadequada. No mundo, estima-se que cerca de 18% dos casos de câncer estejam associados a agentes infecciosos. O HPV é considerado o agente infeccioso mais importante no desenvolvimento do câncer. A ele se atribuem 100% dos casos de câncer do colo do útero e 5,2% do total de casos de câncer no mundo para ambos os sexos. Atualmente, o papel do H. pylori no desenvolvimento do câncer de estômago está bem estabelecido e desde 1994 a bactéria é classificada como carcinogênica, sendo associada ao desenvolvimento do carcinoma e do linfoma gástrico. Estudos indicam que tanto o HBV quanto o HCV são responsáveis pela maioria dos carcinomas das células do fígado. Dois tipos de câncer são freqüentemente associados à infecção pelo HIV: o Sarcoma de Kaposi e o linfoma não- Hodgkin, entre outros. Ações de prevenção primária no controle do câncer Fatores de risco são definidos como qualquer coisa que aumenta o risco de um indivíduo desenvolver uma determinada doença ou sofrer um determinado agravo. Exemplo: uso de tabaco. De maneira oposta, os fatores de proteção são aqueles que reduzem esse risco. Exemplo: ingestão diária de pelo menos cinco porções de frutas, legumes e verduras. O câncer é uma doença genética cujo processo tem início com um dano a um gene ou a um grupo de genes de uma célula e progride quando todos os mecanismos do complexo sistema imunológico de reparação ou destruição celular falham. A pesquisa relacionada aos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de um câncer permitiu identificar, até o momento, um conjunto de fatores de natureza intrínseca e extrínseca. Como exemplos de fatores de risco intrínsecos estão a idade, o gênero, a etnia ou raça, e a herança genética. Já no grupo de fatores de risco extrínsecos, diversos já foram identificados, como o uso de tabaco e álcool, hábitos alimentares inadequados, inatividade física, agentes infecciosos, radiação ultravioleta, exposições ocupacionais, poluição ambiental, radiação ionizante, alimentos contaminados, obesidade e situação socioeconômica. Há ainda na lista o uso de drogas hormonais, fatores reprodutivos e a imunossupressão. Essa exposição é cumulativa no tempo e, portanto, o risco de câncer aumenta com a idade. Mas é a interação entre os fatores intrínsecos e extrínsecos que vai determinar o risco individual de câncer. Baseados em estilos de vida e em fatores associados ao nível de desenvolvimento econômico, político e social de uma comunidade, os fatores de risco ambientais variam de forma significativa no mundo e incluem ainda como causas componentes as condições climáticas e outras características do ambiente. A boa notícia é que parte desses fatores ambientais depende do comportamento do indivíduo, que pode ser modificado, reduzindo o risco de desenvolver um câncer. Algumas dessas mudanças dependem tão somente do indivíduo, enquanto que outras requerem alterações em nível populacional e comunitário. Um exemplo de uma modificação em nível individual é a interrupção do uso do tabaco e, em nível comunitário, a introdução de uma vacina para o controle de um agente infeccioso associado com o desenvolvimento do câncer, como o vírus da hepatite B. A partir da premissa de que é possível modificar o risco de desenvolvimento do câncer, estima-se hoje que cerca de 30% de todas as neoplasias podem ser prevenidas. Nos Estados Unidos, estima-se que pelo menos dois terços das mortes por câncer estão relacionadas com apenas quatro fatores: uso do tabaco, alimentação, obesidade e inatividade física. E todos eles podem ser modificados. As modificações dependem, portanto, de mudanças no estilo de vida individual, do desenvolvimento de ações e regulamentações governamentais, de mudanças culturais na sociedade e dos resultados de novas pesquisas. Sob essa perspectiva, os fatores de risco para o câncer são hoje classificados segundo a possibilidade de modificação. Ações de prevenção secundária no controle do câncer Meios para a detecção precoce A incorporação crescente de novas tecnologias de diagnóstico resultou em uma expansão da perspectiva de utilização de procedimentos e de programas de prevenção secundária do câncer. Sabemos também que, quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, maior será a chance de cura, de sobrevida e da qualidade de vida, além da relação efetividade/custo ser melhor. Rastreamento O rastreamento (screening) é o exame de pessoas assintomáticas utilizado para classificálas como passíveis ou não passíveis de ter uma enfermidade objeto do rastreamento. Diz-se que há um programa de rastreamento populacional de câncer quando há iniciativa de busca ativa da população-alvo pelo programa, podendo ser definido como o exame de pessoas assintomáticas pertencentes a determinados grupos populacionais, através de ações organizadas, com a finalidade de identificar lesões precursoras ou cancerígenas em estado inicial. Os indivíduos identificados como positivos ao rastreamento são submetidos, então, à investigação diagnóstica para confirmar ou afastar a doença investigada. Para que o procedimento de rastreamento populacional seja aplicável, é necessário que: • A enfermidade seja um problema de saúde pública prioritário, isto é, deve ter morbidade e mortalidade elevadas e ser passível de prevenção e controle. • O processo saúde-doença seja bem conhecido. • A doença tenha fase pré-clínica detectável e seja curável, quando tratada nesta fase. • Exista um exame de execução simples, seguro, não-invasivo, barato, de sensibilidade e especificidade comprovadas e de fácil aceitação pela população e pela comunidade científica. • Tenha garantia de acesso ao tratamento adequado. No começo de um programa de rastreamento, são encontradas tanto lesões iniciais, como lesões avançadas da doença. Ao longo do tempo, o número dos casos detectados em fase inicial ou pré-clínica continuam sendo identificados, porém haverá uma redução dos casos em fase avançada. Diagnóstico precoce O diagnóstico precoce é o procedimento utilizado na tentativa de se descobrir o mais cedo possível uma doença, através dos sintomas e/ou sinais clínicos que o paciente apresente, principalmente quando associados à presença de fatores de risco. Nesse caso, o enfermeiro pode aplicar, em sua prática assistencial, seus conhecimentos sobre os fatores de risco para o câncer, bem como sobre medidas de prevenção. Deve ainda informar sobre os sinais e sintomas de alerta para o câncer que podem levantar, com isso, suspeita diagnóstica e orientar e encaminhar os pacientes aos serviços de saúde. As pessoas informadas passam então a procuraruma unidade de saúde para investigação e, caso haja confirmação diagnóstica,para tratamento. Sinais de alarme : nódulos febre contínua feridas que não cicatrizam indigestão constante rouquidão crônica sangramento vaginal dor durante a relação sexual Ações de prevenção terciária no controle do câncer § Tratamento Rápido § Equipe capacitada § Minimizar seqüelas § Prevenção e Detecção precoce do segundo tumor primário Diagnóstico Precoce Rastreamento Ref: INCA - Ações de prevenção primária e secundária no controle do câncer- capítulo 5 Diagnóstico, Estadiamento e Princípios de Tratamento do Câncer A carcinogênese é um processo complexo que se desenvolve em múltiplas etapas, compreendendo basicamente indução, promoção, transformação e progressão tumoral. A indução envolve a ação direta de carcinógenos sobre o DNA ocasionando mutações e alterações da expressão de genes. Nas fases de promoção e transformação, os clones celulares em replicação acumulam múltiplas alterações genéticas e epigenéticas. O câncer surge quando, o conjunto de mutações acumuladas produz um clone celular capaz de se proliferar indefinidamente, invadir os tecidos ao seu redor e se disseminar para órgãos e tecidos a distância. Virtualmente todos os tecidos estão susceptíveis a transformação maligna porém, esta é mais freqüente naqueles onde há um processo de multiplicação natural e naqueles expostos a fatores carcinógenos. Infelizmente, uma parte significativa da história natural da doença ocorre de maneira sub-clínica, muitas vezes ao longo de anos (figura 1). Figura 1 Os tumores não diagnosticados nas fases pré-invasivas evoluem comprometendo estruturas adjacentes e podem metastatizar para linfonodos regionais ou órgãos à distância. Na prática clínica diária de não-especialistas, o câncer é uma doença pouco frequente e os sinais iniciais são confundidos com doenças benignas, principalmente as inflamatórias. Além disso, uma série de tumores evolui por longos períodos de modo totalmente assintomático ou oligoassintomático. É necessário destacar que mesmo com os modernos métodos de diagnóstico por imagem, imunoistoquímica e biologia molecular, resultados falso-negativos e falso-positivos podem ocorrer. Deste modo, é necessário levar em consideração todas as variáveis para chegar a um diagnóstico definitivo correto. A biópsia é o método diagnóstico mais importante em oncologia. Deve ser capaz de colher material representativo e suficiente para a realização de diversas análises, uma vez que o resultado do anátomo-patológico é imprescindível para a escolha do tratamento mais adequado. O anátomo-patológico permite identificar não somente o tipo histológico que deu origem à neoplasia, mas também pode permitir a identificação de alvos moleculares para tratamentos direcionados. Através de técnicas como a imunohistoquímica, pode-se identificar proteínas expressas nas células tumorais, como receptores hormonais e marcadores tumorais. Pode ainda, através de técnicas mais sofisticadas como o FISH, identificar amplificações gênicas que auxiliarão na escolha terapêutica. Avaliação Clínica de pacientes com diagnóstico provável de câncer: 1. Queixa principal e duração dos sintomas 2. Anamnese espontânea 3. Anamnese dirigida 4. História de hábitos pessoais de risco 5. Antecedentes mórbidos pessoais 6. Antecedentes mórbidos familiares 7. Exame físico geral 8. Exame locorregional direcionado 9. Exames complementares para confirmação diagnóstica 10. Exames subsidiários de estadiamento ATENÇÃO: os sintomas estão presentes nos estádios mais avançados da fase clínica e costumam ter caráter persistente e progressivo. A DOR é um sintoma presente em fase mais tardias da doença. ESTADIAMENTO Após realizar o diagnóstico de câncer deve-se proceder com o estadiamento. Este tem por objetivo detectar a extensão da doença para que se possa realizar um planejamento terapêutico. Para isso é necessário conhecer a fisiopatologia da doença: - Velocidade de crescimento - Risco de disseminação - Vias de disseminação (Linfática, Hematogênica ou por Contigüidade) - Locais de preferenciais para a ocorrência de metástases O estadiamento pode ser clínico, feito através de exames subsidiários, ou cirúrgico, feito no intra-operatório e após a análise do material enviado para a anatomia-patológica. A grande maioria das neoplasias origina-se de tecidos epiteliais, por isso compartilham de um padrão de crescimento e disseminação. Geralmente apresentam um maior risco de disseminação quanto maior forem e, caso esta aconteça, o primeiro sítio de metástases são os linfonodos regionais. Por isso criou-se um sistema de classificação de nome “TNM”: PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO: Após saber qual é o tipo histológico do tumor e suas características moleculares (anátomo-patológico), bem como qual é a extensão da doença (estadiamento), resta responder a questão mais importante: Quem está doente? - Idade cronológica - Idade biológica - Performance status, comorbidades - Contexto econômico, social e religioso - Expectativas do paciente e de seus familiares Decide-se então se o tratamento terá intuito curativo ou paliativo. Se iremos priorizar o tratamento local ou se haverá a necessidade de tratamento sistêmico. Quanto ao momento em que são oferecidos, os tratamentos podem ser classificados em: Neoadjuvante: Realizado antes da cirurgia, tem por objetivo reduzir o volume tumoral para permitir uma intervenção mais conservadora, permitir que casos inoperáveis possam ser operados, bem como iniciar precocemente o tratamento sistêmico possíveis focos de micrometástases. Apresenta ainda a grande vantagem de permitir testar “in vivo” a sensibilidade do tumor ao tratamento. Adjuvante: Realizado após a cirurgia, tem o objetivo de combater focos de micrometástases em tumores com alto risco de disseminação. Paliativo: Todos os tratamentos realizados sem o intuito de cura. Aqui o principal objetivo é garantir tempo de vida com qualidade, bem como aliviar sintomas. Curativo ou Terapêutico: O tratamento principal realizado com intuito de cura. Este termo é geralmente utilizado em tumores hematológicos, onde a quimioterapia, e algumas vezes a radioterapia, serão realizadas sem que haja a necessidade de cirurgia. TRATAMENTOS LOCAIS CIRURGIA: Ainda é a base do tratamento da maioria das neoplasias, sem a qual não haveria a chance de cura. Deve ser realizada por médico treinado, uma vez que a violação dos princípios oncológicos fundamentais (cirurgia em bloco, com margens de segurança, etc) compromete a chance de cura e dificilmente pode ser corrigido integralmente por outros métodos terapêuticos. RADIOTERAPIA: Raramente é utilizada como tratamento isolado. Na maioria das vezes é administrada após a cirurgia a fim de reduzir os riscos de recidiva local, principalmente após cirurgias conservadoras ou em que as margens cirúrgicas ideais não puderam ser alcançadas. No cenário paliativo é um importante método de paliação de sintomas localizados. TRATAMENTOS SISTÊMICOS - Hormonioterapia: Aplicada nos poucos tumores onde o crescimento celular está sob a influência de hormônio, como as neoplasias de próstata, as neoplasias de mama que expressam receptores de estrógeno e progesterona, e mais raramente as neoplasias de endométrio e ovário. - Quimioterapia:Drogas que atuam em células em divisão, ainda são a base da oncologia clínica. São administradas em ciclos com intervalos pré- estabelecidos que devem ser rigorosamente respeitados. Baseia-se no princípio de que os tecidos normais se recuperam de seus efeitos tóxicos mais rapidamente que os tecidos tumorais. Assim, a cada ciclo haveria uma redução do volume tumoral. Por agirem em células em divisão de forma indistinta, provocam efeitos colaterais importantes, principalmente nos tecidos com maior índice proliferativo: Medula óssea: Neutropenia, Trombocitopenia, Anemia Mucosas: Mucosite, Diarréia, Náuseas, Vômitos Pele: Hipersensibilidade ao sol, Alopécia - Terapia direcionada a Alvos moleculares específicos: Drogas desenvolvidas a partir do conhecimentos das diferenças estruturais e bioquímicas existentes entre as células normais e as células tumorais. Atuam sobre proteínas ou enzimas presentes em maior quantidade nas células tumorais. Uma vez que os tecidos neoplásicas são muito semelhantes aos tecidos do hospedeiro, estas drogas também apresentam efeitos colaterais significativos. MARCADORES TUMORAIS São substâncias detectadas nos fluidos corporais que seriam produzidas pelos tecidos tumorais e que portando denotariam a presença destes. Acontece que a grande maioria dos marcadores tumorais conhecidos na atualidade não é produzida exclusivamente pelas neoplasias, apresentando baixa especificidade. Além disso, nem todos os tumores os produzem, o que confere a estes exames baixa sensibilidade em muitos casos. Desta forma, os marcadores tumorais: 1- Auxiliam no diagnóstico 2- Podem ser fatores prognósticos 3- São importantes na avaliação da resposta ao tratamento 4- São importantes na detecção precoce da recidiva URGÊNCIAS EM ONCOLOGIA SÍNDROMES OBSTRUTIVAS E COMPRESSIVAS COMPRESSÃO MEDULAR A compressão medular por massa tumoral manifesta-se por dor lombar, redução progressiva de força e sensibilidade em membros (mais comumente os membros inferiores). Mais raramente a compressão medular pode manifestar-se como dor torácica ou abdominal ou ainda sinais de compressão radicular. Fisiopatologia 1 : - Metástase hematogênica para corpo vertebral - corpo vertebral posterior é mais vascularizado - crescimento contínuo e obliteração do canal medular Fisiopatologia 2: - acometimento do osso cortical - fratura com angulação anterior - deslocamento posterior do fragmento ósseo As principais neoplasias causadoras de compressão medular são: Mama, pulmão, linfoma, próstata, sarcoma, mieloma, rim, entre outros. A dor antecede as alterações neurológicas. Em virtude das conseqüências devastadoras da compressão medular, qualquer dor em topografia de esqueleto axial é de origem metastática até que se prove ao contrário. O diagnóstico precoce e instituição imediata da terapia adequada são imprescindíveis, uma vez que os sinais neurológicos encontrados ao diagnóstico são normalmente irreversíveis. Atuar rapidamente para evitar a paraplegia ou tetraplegia. Os pacientes admitidos já plégicos também devem ser tratados imediatamente com intenção de eliminar a dor, limitar a extensão da lesão e impedir a progressão do dano neurológico. A suspeita clínica de compressão medular exige a documentação imediata da localização e extensão da lesão por métodos de imagem, preferencialmente a ressonância nuclear magnética. Esta deve ser direcionada para o segmento provável de compressão, baseado exame neurológico: Tratamento O tratamento imediato consiste de corticoterapia, com intuito de reduzir o processo inflamatório, a área de edema e reduzir a compressão sobre a medula espinhal. A corticoterapia dve ser mantida durante toda a radioterapia. A radioterapia normalmente é o tratamento de escolha para a maioria dos casos de compressão medular. Tem a função de descomprimir as estruturas neurais através de citorredução, prevenção de progressão neurológica, alívio da dor e prevenção de recorrência local. O tratamento cirúrgico está indicado quando: 1) Não há diagnóstico de neoplasia firmado 2) Houver instabilidade da coluna ou compressão ocasionada por fragmento ósseo 3) Não houver resposta ao tratamento radioterápico 4) No caso de metástases por tumores radio - resistentes 5) Já foi administrada a dose máxima de radioterapia (áreas previamente irradiadas) SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR A síndrome de Veia Cava Superior (SVCS) é a expressão clínica da obstrução do fluxo sanguíneo através da veia cava superior. É relativamente rara, sendo principalmente secundária à neoplasias ou ainda a processos inflamatórios do mediastino superior ou obstrução induzida por cateteres. A veia cava superior apresenta paredes delgadas e flexíveis, e é das primeiras estruturas a serem comprimidas em processos expansivos que ocorram no mediastino. Sendo completamente envolvida por linfonodos da drenagem torácica, o aumento de volume destas estruturas, bem como de brônquios principais ou esôfago podem levar à sua obstrução. Principais causas: tumores de pulmão (especialmente carcinomas de pequenas células) e os linfomas de mediastino e neoplasias de mama. Entre as causas não neoplásicas, destaca-se os granulomas infecciosos, aneurismas da aorta e fibrose do mediastino Sintomas: Dispnéia, tosse, dor torácica, disfagia, cervicalgia e tonturas. Sinais: Estase jugular, circulação colateral em tórax, edema face, edema dos membros superiores, pletora facial e cianose. Antes de qualquer tratamento, deve-se proceder a investigação diagnóstica. Está indicada a tomografia computadorizada ou ressonância magnética para determinar a anatomia da massa mediastinal. Intervenções endovasculares percutâneas proporciona alívio rápido dos sintomas sem prejuízo ao diagnóstico. A radioterapia imediata deve ser evitada para não obscurecer o diagnóstico. Corticosteróides são especialmente indicados se a síndrome estiver relacionada ao diagnóstico de linfoma. O tratamento, geralmente a base de radioterapia e/ou quimioterapia dependerá da patologia de base. É importante ressaltar que a Síndrome de Veia Cava Superior não é um fator de mau prognóstico. Muitas das neoplasias envolvidas, tais como linfomas, neoplasias germinativas e câncer de pulmão de pequenas células podem inclusive ser curadas com o tratamento adequado. SÍNDROMES RESTRITIVAS DERRAME PLEURAL Exudato: DHL pleural – plasmático> 0.8 Proteína pleural – plasmática > 0.5 Albumina plasmática – pleural < 1.2 Colesterol > 45 a 60 mg/dL Obs: Biópsia pleural raramente acrescenta informações úteis Tratamento Toracocentese exclusiva: 97% de recorrência em 30 dias se a doença de base não for passível de controle efetivo Pleurodese: Para tumores quimio-resistentes ou refratários, têm finalidade paliativa. O Talco é a substância de escolha para a realização deste procediemnto por ser barato, disponível e ter alta efetividade. Exudato da pleura parietal visualizado durante procedimento de pleurodese com talco em portador de melanoma metastático URGÊNCIAS METABÓLICAS HIPERCALCEMIA As neoplasias provocam hipercalcemia por induzirem a reabsorção óssea por interação direta das metástases ósseas com os osteoclastos (produção local de TNF, IL-1, IL-6, etc) ou através da liberação de substâncias que mimetizam a ação do paratormônio e, consequentemente, ativam os osteoclastos.A hipercalcemia é a síndrome paraneoplásica mais comum, acometendo 10 a 20% dos pacientes portadores de neoplasias avançadas. Sinais e Sintomas: anorexia, náuseas e vômitos, polidipsia, poliúria, astenia, constipação; desidratação, letargia, rebaixamento do nível de consciência podendo evoluir para o coma. As neoplasias malignas mais associadas com a hipercalcemia são: carcinoma de mama, mieloma múltiplo, tumores de cabeça e pescoço, neoplasias de pulmão (especialmente os de pequenas células), neoplasia de rim e tumores do trato uroepitelial. O tratamento consiste de uma rigorosa hidratação já que os pacientes apresentam-se desidratados e com disfunção tubular renal. Manter a função renal preservada é fundamental a medida que será por esta via que o excesso de cálcio será eliminado. Os bifosfonatos são a base do tratamento, reduzindo a reabsorção óssea através da inibição dos osteoclastos. No entanto, o pico de ação inicia- se em 24 a 48 horas, por isso a calcitonina de salmão pode ser associada por via inalatória ou sub-cutânea para reduzir os níveis plasmáticos de cálcio nas primeiras horas. Atualmente reservamos o uso de diuréticos para os pacientes que não toleram a hidratação vigorosa endovenosa. SÍNDROME DE LISE TUMORAL Conjunto de alterações metabólicas decorrentes da destruição celular maciça, geralmente após o início da quimioterapia e/ou radioterapia. É observada com freqüência nas leucemias e linfomas podendo ser observada no tratamento de alguns tumores sólidos altamente sensíveis ao tratamento oncológico, que apresentam grandes massas tumorais ou extensa doença metastática, ou também durante o processo de citorredução em preparação para o transplante de medula óssea. Tratamento: É mais fácil prevenir!!! Hidratação vigorosa antes do tratamento da neoplasia maligna, com o objetivo de manter o fluxo urinário maior que 100 ml/h. Reduzir os níveis de ácido úrico através da administração de alopurinol. A rasburicase, uma urato-oxidase recombinante, converte o ácido úrico em um composto solúvel, tem se mostrado como rápida e eficaz profilaxia e tratamento da síndrome. Depois de instalada, o índice de mortalidade é alto e medidas invasivas de suporte podem ser necessária como a hemodiálise. URGÊNCIAS HEMATOLÓGICAS NEUTROPENIA FEBRIL Infecções em pacientes com câncer são freqüentes e causam significativas morbi-mortalidade. A neutropenia febril é uma emergência oncológica, podendo evoluir rapidamente para sepse e óbito em poucas horas. É definida como contagem de neutrófilos < 1000 /mm 3 associada a febre > 38.3º ou temperatura sustentada por mais de uma hora ≥ 38º. A maioria dos episódios de neutropenia febril ocorre em pacientes recebendo quimioterapia, podendo também ocorrer em pacientes com leucemias agudas, síndromes mielodisplásicas ou infiltração da medula óssea por tumor e neutropenia secundária à radioterapia que atinge grandes áreas de medula óssea. Geralmente as infecções provém da flora endógena do indivíduo, tanto por bactérias gram negativas da flora entérica quanto por gram positivas da flora oral e pele. Deve-se fazer um exame físico minucioso, avaliando cavidade oral e sítio de inserção de cateteres, entre outros. Recomenda-se colher hemoculturas (via periférica e central), urocultura e cultura de secreções. Tratamento Uma vez diagnosticada neutropenia febril, deve-se instituir a antibioticoterapia imediatamente com drogas de largo espectro. Só a presença de febre em paciente neutropênico, mesmo que assintomático, já é indicação de tratar. Cefepime 2 g IV 12/12 horas ou Ceftazidima 2 g IV 8/8 horas OBS: Associar Vancomicina em caso de instabilidade hemodinâmuca ou mucosite intensa ou infecção de pele/ cateter.
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