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Resumo das aulas de oclusão II Por Liziane Monique Ajuste Oclusal Modificação dos formatos oclusais dos dentes com a intenção de igualar as tensões oclusais, produzindo contatos oclusais simultâneos ou harmonizando as relações intercuspídicas. Objetivo: Redistribuir e/ou igualar as tensões nas posições de contato dentário funcional. Instrumental: - Ponta diamantada - Accufilm 2 - Pinça de Muller - Brocas para acabamento Modalidades de ajuste: - Ajuste total em RC - Ajuste total em MIH - Ajuste parcial Contra indicações: - Razões profiláticas (avaliar a necessidade de desgaste) - Sintomatologia dolorosa (tratar primeiro a dor) - Desconhecimento - Fatores psicossomáticos Orientações ao paciente: - Razões para o tratamento - Número de seções - Riscos e benefícios - Custo - Consentimento - Pré-medicações Interferência oclusal: contatos que ao longo dos movimentos mandibulares impedem a intercuspidação e a ação dos movimentos excursivos. Mapeamento do ajuste: - Antecipar a necessidade de tratamento restaurador - Visualizar a dimensão vertical final - Facilitar o planejamento geral Anatomia da superfície oclusal: Vértice (ponta de cúspide) Aresta longitudinal (mesial e distal) Crista transversal ou oblíqua Vertente triturante Crista marginal Vertente lisa externa Sulco de desenvolvimento vestíbulo-lingual Sulco mesio-distal Etapas do ajuste oclusal: - Em relação cêntrica - Sem deslize Oclusão estática - Movimento protrusivo - Lado de trabalho - Lado de balanceio Regra de Fisher Divide a área triturante em 3 áreas iguais. Se a ponta de a ponta de cúspide ocluir nas duas primeiras partes podemos fazer o ajuste. Se a ponta de cúspide ocluir na 3ª área é necessária ortodontia – não podemos fazer o ajuste oclusal. 1ª regra: Não existe ajuste oclusal profilático 2ª regra: Devemos sempre preservar o máximo das pontas de cúspides, principalmente as de contenção cêntrica (VI PS). - Quando houver contato da ponta de cúspide vestibular inferior contra palatina superior, desgasta a palatina superior porque a vestibular inferior participa mais ativamente do ciclo mastigatório, sendo mais importante na oclusão. 3ª regra: Ponta de cúspide X Vertente triturante = desgasta vertente triturante. 4ª regra: Toda vez que houver contato em acidentes com nomes iguais desgasta um pouco de cada. 5ª regra: Quando não souber de nenhuma regra apela para esta: Regra dos grupos: Grupo 1: VI Grupo 2: PS Grupo 3: cúspides de não contenção (VS LI) Desgasta o de menor prioridade. Objetivo da 1ª fase do ajuste oclusal: Transformar o paciente em ROC (RC=MIH). Objetivo da 2ª fase do ajuste oclusal (sem deslize): Equilibrar as forças. Regra de Shuyler: 1º Consultar a guia protrusiva quando o contato forte estiver nos dentes anteriores 2º Consultar lateralidade esquerda ou direita quando o contato forte estiver nos dentes posteriores O objetivo dessa regra é não destruir uma guia que já estava formada após o término da primeira fase do ajuste oclusal Objetivo da 3ª fase do ajuste oclusal (guia protrusiva): A face incisal dos inferiores percorre a palatina dos incisivos anterossuperiores de MIH até topo a topo desocluindo os posteriores. Esse movimento deve ser feito com pelo menos 2 dentes superiores e 2 inferiores. Objetivo da 4ª fase do ajuste oclusal: Lado de trabalho – verificar se a guia é pelo canino, parcial ou total. E verificar principalmente se o paciente tem função intercalada [não pode]. Objetivo da 5ª fase do ajuste oclusal: Lado de balanceio – Desgasta onde quiser, mas é bom levar em consideração as regras da 1ª fase e o bom senso.Exercitando: Contato forte no 1ºPM (crista marginal x ponta de cúspide), paciente tem guia apenas pelo canino, onde desgasta? Pode desgastar onde quiser, pois não interfere na guia, mas é preferível na crista marginal. Contato forte no 2ºPM (crista marginal x ponta de cúspide), paciente tem função total, onde desgasta? Crista marginal, pois se desgastar ponta de cúspide vai desfazer a guia. Contato forte no 1º e 2ºPM (crista marginal x ponta de cúspide), paciente tem função parcial até o 2ºPM, onde desgasta? Crista marginal, pois se desgastar as pontas de cúspides vai desfazer a guia. Contato forte no 1º e 2ºPM (crista marginal x ponta de cúspide), paciente tem função parcial até o 1ºPM, onde desgasta? 1ºPM – crista marginal para não destruir a guia 2ºPM – qualquer lugar, mas é preferível na crista marginal. “Durante o ajuste muitas vezes é necessário usar o bom senso clínico, ou seja, levar em consideração a estética, a sensibilidade, o mau posicionamento dos dentes (extrusão) e a presença de restaurações mal feitas (resina ou coroas de porcelana mal executadas)”. Disfunções temporomandibulares (DTM) Termo coletivo que abrange patologias associadas aos músculos da mastigação, a articulação temporo-mandibular (ATM) ou ambos. A dor muscular na região orofacial pode ser por DTM ou secundária a outras origens. Sintomas: - Dor na face, ATM, cabeça e pescoço. - Má oclusão repentina - Ruídos articulares - Dificuldade de abrir a boca Sinais: - Sensibilidade muscular e da ATM à palpação - Restrição da abertura - Ruídos articulares à palpação - Irregularidades nas trajetórias mandibulares Causas: - Hábitos parafuncionais - Traumatismos (intubação, flexão cervical...). - Anomalias - Desordem do sono - Oclusão (geralmente tem classe II ou III) - Dores profundas - Fatores sistêmicos - Emocional Consequências: Mobilidade dentária Trauma oclusal primário, secundário ou combinado. Desgaste dentário - Atrição - Erosão - Abrasão * Perimólise: tipo de erosão causado por refluxos gástricos (nas faces vestibular e oclusal) A idade limite com relação a desgaste dentário é 35 anos, ou seja, desgaste em pacientes acima dessa idade é fisiológico e com idade inferior a 35 é patológico. Lesões cariosas ou não - Lesão cervical - Abfração (de origem não cariosa): origem traumática, aspecto em forma de cunha, bordas cortantes. Forças laterais podem criar tensões que desalojam cristais de hidroxiapatita, permitindo a penetração de moléculas com H2O que suscetibilizam o esmalte à sua deterioração física e química. * Quando a abfração aumenta e fica em forma de lua cheia o diagnóstico é mais difícil. Recessão gengival Toda vez que houver desgaste, recessão ou mobilidade generalizada tenho que partir o meu diagnóstico para bruxismo. Quando for localizada, com certeza, a causa será oclusal. Assim, para dar um melhor diagnóstico, mando o paciente executar o movimento protrusivo e lateralidades esquerda e direita. Dor Tipos de tratamento: Aconselhamento, terapia caseira, placas oclusais, psicoterapia, ultrassom, ortodontia, acupuntura, artroscopia, artrocentíse, infiltrações, terapia farmacológica, fisioterapia, fonoaudiologia, TENS, biofeedback, reabilitação oral, cirurgia, laser, homeopatia, ajuste oclusal. Patologias intra-articulares Desvios da forma - Defeitos na superfície articular - Afinamento do disco articular e perfuração - Sobrecarga da ATM - Crepitação (vários barulhos) Deslocamento do disco - Com redução: Estalido recíproco (clicking): quando o côndilo passa pelo rebordo posterior ao abrir e ao fechar. Ligamentos distais alongados, pressão sobre a zona bilaminar. Desvio da trajetória mandibular para o lado afetado. Durante a abertura o estalido pode ser no início, meio ou fim, dependendo da localização do disco. Durante o fechamento o estalido é sempre no final Geralmente o disco está deslocado para a anterior. Obstrução temporária da translação condilar. * O termo desvio deve ser diferenciado de deflexão. Desvio é o movimento excursivo inicial da mandíbula, contrário a linha média, sendo que a mandíbula retorna à posição cêntrica no final do movimento. Na deflexão, a linha médiamandibular é continuamente deslocada para o lado comprometido e não retorna para a posição cêntrica. - Sem redução: Abre a boca de 20 a 30 mm “Closed lock” Ausência de ruído Deflexão para o lado Deslocamento do complexo côndilo/disco - Hipermobilidade Cria depressão pré-auricular Abertura excessiva (50 a 60 mm) Os côndilos saltam lateralmente Ruído no final Geralmente é indolor - Deslocamento “open lock” Travamento com a boca aberta Histórico de hipermobilidade Condições inflamatórias - Capsulites - Sinovites - Retrodiscite: condição inflamatória relacionada com os tecidos retrodiscais. Artrite Anquilose Patologias musculares agudas Mioespasmo – trismo Miosite – inflamação do músculo Mialgia – dor no músculo Escala de dor (análise visual) 0 – sem dor 1 – dor leve 2 – de média a forte 3 – de média a forte mais movimento brusco Locais a serem examinados: Temporal anterior e masseter superficial (origem – 1 cm a frente da ATM; inserção – ângulo da mandíbula; corpo – entre um e outro). Devemos usar uma força de 1 kg e meio para avaliação muscular e de 1 kg para a ATM por 2 segundos. Avalia o esternocleidomastóideo por pinçamento e ainda devem-se avaliar os cervicais posteriores e suboccipitais. Avaliação da ATM: Através da palpação digital, mando o paciente abrir e fechar a boca lentamente para localizar a posição do côndilo. Peço ao paciente que fique em posição de repouso e exerço a pressão. Patologias musculares crônicas Contração protetora (não cai na prova): Contração muscular reflexa, envolvendo o sistema nervoso central, para proteger partes danificadas de traumas maiores. Mioespasmo ou trismo: contração involuntária de um músculo ou grupo de músculos, causando dor espontânea e restrição nos movimentos mandibulares. Abertura limitada de 2 a 5 mm Miosite (não cai na prova): Inflamação no músculo, resultante de uma causa local. O paciente é capaz de relacionar o início da dor com algum evento. Dor miofacial: Distúrbio regional da dor muscular, caracterizado pela presença e um “Trigger point” dentro das estruturas miofaciais. Sinais e sintomas: - “Trigger points" palpáveis e associação com dores articulares ou outras síndromes dolorosas. “Trigger point” - estria muscular retesada (enrijecida) de um músculo esquelético, tendão ou ligamento, capaz de causar dor referida (dor em outro lugar) em uma distribuição anatômica definida, quando estimulado. Tem de 2 a 5 mm de extensão. Palpação de 2 a 4 KG por 6 a 10 segundos até que produza dor em outro lugar. Fibromialgia (não cai na prova): procurar reumatologista. Dor em vários lugares do corpo. 11 a 18 pontos sensíveis. Dor presente por pelo menos 3 meses. Desperta frequentemente durante a noite. Dificuldade em adormecer. Tratamentos Placas oclusais: são aparelhos removíveis, usualmente fabricados em resina acrílica, que cobrem as incisais e oclusais dos dentes em um dos arcos. Placa estabilizadora: é uma placa de resina acrílica usada na arcada superior envolvendo todos os dentes, possuindo frequentemente uma leve elevação na altura dos dentes anteriores para permitir desoclusão tanto nos movimentos laterais quanto nos protrusivos. Objetivo: manutenção da posição ortopédica estável entre a maxila/mandíbula. Remove os contatos oclusais que ocorrem entre os dentes, eliminando assim os efeitos da má oclusão, equilibrando e reduzindo a tensão muscular. Placa de mordida anterior (Front plateau): é uma placa de acrílico usada nos dentes anterossuperiores e que mantém contato apenas com os dentes anteroinferiores. Objetivo: promover a desoclusão dos dentes posteriores, eliminando assim sua influência na função do sistema mastigatório. Passo a passo (front plateau): Primeira fase Vaselina de canino a canino Resina incolor num pote dappen e resina líquida até adquirir uma consistência ideal (não grudar na luva) Faz um bastão de resina Envolve de canino a canino Procura empurrar metade para a face vestibular e metade para a palatina Com a técnica de Selenza, levar a mandíbula até a face incisal de todos os inferiores de canino a canino contatarem nessa porção de resina de maneira que os dentes posteriores se mantenham em desoclusão. Segunda fase Após o endurecimento da placa vamos torna-la mais estética. Para isso, com uma broca de tungstênio, fazer a forma de arco côncavo regular (acompanhando a margem gengival) e afinar a placa na vestibular. Na face palatina, fazer ajuste oclusal até obter 6 contatos puntiformes. Indicação: Desordens musculares e atividades parafuncionais.
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