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FLEXIBILIZAÇÃO, DESREGULAMENTAÇÃO DO TRABALHO E DUMPING SOCIAL

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FLEXIBILIZAÇÃO, DESREGULAMENTAÇÃO DO TRABALHO E 
DUMPING SOCIAL
DA FLEXIBILIZAÇÃO
A flexibilização do Direito de trabalho, entende-se como a implantação das políticas neoliberais, o fenômeno da globalização, o desemprego estrutural, o desenvolvimento tecnológico e o aumento da produtividade características deste que busca na realidade um conjunto de razões, tais como: as relações políticas, sociais e econômicas. 
Segundo Richard Sennet, a flexibilização é definida da seguinte forma: 
“A palavra flexibilidade entrou na língua inglesa no século XV. Seu sentido derivou originalmente da simples observação de que, embora a árvore se dobrasse ao vento, seus galhos sempre voltavam à posição normal. Flexibilidade designa essa capacidade de ceder e recuperar-se da árvore, o texto e restauração de sua forma.”
Já Souto Maior entende da seguinte forma:
“Por flexibilização entende-se a adaptação das regras trabalhistas à nova realidade das relações de trabalho, que permite, e muitas vezes exigem um neoordenamento do sistema jurídico, não necessariamente no sentido de regular, de modo diferente, as relações de trabalho.”
A flexibilização no Direito Trabalhista, com base nas palavras dos autores citados acima, pode-se entender como analisar os direitos dos trabalhadores por mais de uma única maneira. 
Oscar Erminda Uriarte tem uma visão abrangente sobre o assunto, conforme segue:
“Em termos gerais e no âmbito do direito do Trabalho, a flexibilização pode ser definida como eliminação, diminuição, afrouxamento ou adaptação da proteção trabalhista clássica, com a finalidade- real ou pretensa- de aumentar o investimento, o emprego ou a competitividade da empresa.”
Já Marco Túlio Viana leciona que “quando se fala em flexibilizar o Direito do Trabalho, o que se quer é torná-lo mais elástico, menos duro, menos rígido”.
Rosita de Nazaré Sidrim Nassar destaca a tal flexibilização como:
“Conjunto de medidas destinadas a dotar o direito Laboral de novos mecanismos capazes de compatibilizá-lo com as mutações decorrentes de fatores de ordem econômica, tecnológica ou de natureza diversa exigentes de pronto ajustamento.”
No Direito Trabalhista pátrio, pode-se dizer que a flexibilização das condutas empregativas, seria mais uma brecha que a lei deixaria para discussão, pois haveria mais de uma forma de decidir o que, atualmente, já está explicitamente e claramente definida, qual seja, os direitos dos empregados.
DA DESREGULAMENTAÇÃO
Segundo Amauri Mascaro Nascimento, desregulamentação é a “política legislativa de redução da interferência da lei nas relações coletivas de trabalho, para que se desenvolvam segundo o princípio da liberdade sindical e a ausência de leis do Estado que dificultem o exercício dessa liberdade, o que permite maior desenvoltura do movimento sindical e das representações de trabalhadores, para que, por meio de ações coletivas, possam pleitear novas normas e condições de trabalho em direto entendimento com as representações empresariais ou com os empregadores”.
A Desregulamentação pressupõe a total abstenção do Estado em legislar sobre o Direito do Trabalho, deixando este acordo contratual para o empregador e o empregado ou entes coletivos. 
É uma corrente por demais radical, não encontrando respaldo legal para tamanha inércia estatal, determinando a Constituição Federal em seu artigo 21 ser de competência da União legislar sobre Direito do Trabalho. Mesmo porque, se fizéssemos uma análise cronológica, admitiríamos que um Estado inerte à classe desfavorecida é uma tentativa frustrada, reflexo de crises e manifestações.
Inquestionável é a afirmação de que o Direito do Trabalho clama por uma adaptação à nova realidade, não se trata de uma relação contratual independente e sem a intervenção do Estado, e sim de desnivelar a idéia de autoritarismo assoberbado do Estado, como define Corrales (2008, p. 38): “A Justiça do Trabalho não pode correr o risco de tornar-se inadequada para as tarefas que é chamada a cumprir. O modo de vida está se transformando independente de onde estamos”.
A desregulamentação do Direito do Trabalho, conforme palavras acima, se entende, até mesmo como a omissão do Estado em regular as formas trabalhistas de relacionamento entre empregado e empregador. 
DUMPING SOCIAL
Segundo Jorge Luiz Souto Maior, denomina-se dumping social a prática na qual se busca vantagens comerciais através da adoção de condições desumanas de trabalho. 
Para o direito do trabalho o "dumping social" ocorre com agressões reincidentes e inescusáveis aos direitos trabalhistas gerando um dano à sociedade, pois com essa prática, desconsidera-se propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista, com a obtenção de vantagem indevida perante a concorrência. 
Segundo Marco Antônio Villatore e Eduardo Biacchi Gomes (2013, p.8) sobre a conceituação do dumping e suas características:
[…] convém explicar como uma empresa prática o dumping, com as seguintes características: a) ao possuir poder de estabelecer o valor do seu produto no mercado local; e b) ao possuir perspectiva de aumentar o lucro através de comércio no mercado internacional, por vezes vendendo no mercado externo o seu produto a valor inferior ao vendido no mercado local, por vezes impossibilitando que os cidadãos nacionais tenham acesso ao produto com o referido preço mais baixo.  
A respeito da conceituação de dumping condenável e o dumping não condenável, esclarece Welber Oliveira Barral (2000 citado por OZORIO, 2013, p.5):
“O dumping condenável ocorre quando o dumping implicar dano à indústria doméstica e o nexo causal entre o dano e a prática do dumping. Enquanto que o não condenável seria a ocorrência de dumping sem que redundasse em efeitos negativos para a indústria estabelecida no território de um país.”
A prática do dumping social trabalhista, objeto frequente de discussões, é visto como um problema a ser solucionado, devido a entendimentos jurisprudenciais e doutrinários distintos, diante da necessidade do cumprimento das normas trabalhistas em sua integralidade, conforme previsão constitucional e legislação específica.
Os profissionais de Direito do Trabalho do Brasil aprovaram o Enunciado nº 4 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho, organizada pela Anamatra e realizada nos dias 21 a 23 de novembro de 2007, no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília. O Enunciado dispõe que a violação reincidente e inescusável aos direitos trabalhistas gera dano coletivo, já que, com tal prática, desconsidera-se, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção de vantagem indevida perante a concorrência (MAIOR, MENDES e SEVERO, 2012).
O Enunciado nº 4 (BRASIL, 2007) dispõe do seguinte teor: 
“DUMPING SOCIAL”. DANO À SOCIEDADE. INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR. As agressões reincidentes e inescusáveis aos direitos trabalhistas geram um dano à sociedade, pois com tal prática desconsidera-se, propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção de vantagem indevida perante a concorrência. A prática, portanto, reflete o conhecido “dumping social”, motivando a necessária reação do Judiciário trabalhista para corrigi-la. O dano à sociedade configura ato ilícito, por exercício abusivo do direito, já que extrapola limites econômicos e sociais, nos exatos termos dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil. Encontra-se no art. 404, parágrafo único do Código Civil, o fundamento de ordem positiva para impingir ao agressor contumaz uma indenização suplementar, como, aliás, já previam os artigos 652, “d”, e 832, § 1º, da CLT.
Como explícito acima, o Dumping Social é o mal que atinge o Direito Trabalhista atualmente, por afetar diretamente os trabalhadores, que se submetem a custear os casos antijurídicos de seus empregadores.
 
REFERÊNCIAS
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=7195
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=2398&idAreaSel=8&seeArt=yeshttp://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/937299/o-que-se-entende-por-dumping-social-na-esfera-trabalhista-e-qual-o-tipo-de-dano-que-pode-ser-gerado-katy-brianezi
http://npa.newtonpaiva.br/letrasjuridicas/?p=118

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