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Instrumentação e Controle Primeiro Quadrimestre de 2013 Prof. André Luís da Silva Aula 2 Dia 25 de maio de 2013 Modelos de Sistemas Dinâmicos Nesta aula, foi abordado o tema representação de espaço de estados. Este tema pode ser encontrado nas referências [1] e [2]. Para desenvolver o assunto, foi considerado o seguinte circuito RLC de terceira ordem: Este circuito é de terceira ordem pois existe um indutor e dois capacitores independentes (não estão em paralelo). A representação dinâmica do mesmo requer o conhecimento da corrente inicial no indutor e das tensões inciais em ambos os capacitores. As equações constitutivas são: v R1=R1 i1 , v L=L di1 dt , vR2=R2i3 , i2=C1 dvC1 dt , i3=C2 dvC2 dt (1) As leis de Kirchhoff das tensões e correntes fornecem: −v t vR1v LvC1=0, −vC1vR2vC2=0, i1=i2i3 (2) Manipulando estas equações, obtém-se o conjunto de equações diferencias de primeira ordem: di1 dt =− R1 L i1− 1 L vC1 1 L v t dvC1 dt = 1 C1 i1− 1 R2C1 vC1 1 R2C1 vC2 dvC2 dt = 1 R2C2 vC1− 1 R2C2 vC2 (3) O conjunto de equações diferenciais de primeira ordem em (3) pode ser escrito na forma matricial: d dt [ i1vC1vC2 ]=[− R1 L −1 L 0 1 C1 − 1 R2C1 1 R2 C1 0 1 R2C2 − 1 R2C2 ] [ i1vC1vC2][ 1L00 ] v t (4) A equação matricial (4) é uma equação de estado do circuito. Para ela descrever completamente a evolução temporal das variáveis de estado i1, vC1 , vC2 , ainda é necessário especificar as condições iniciais: [ i1vC1vC2]=[ i0 v0 a v0 b] (5) para determinada corrente i0 e tensões v0, a v0 b dadas. Definindo o vetor de estado x=[ i1vC1vC2] (6) e as matrizes: A=[− R1 L −1 L 0 1 C1 − 1 R2C1 1 R2C1 0 1 R2C2 − 1 R2 C2 ] , B=[ 1L00 ] (7) a equação de estado (4) é escrita como: d x dt =A xB v t (8) com condição inicial: x 0=x0 (9) onde x0=[ i0 v0 a v0 b]T . Chamando a função forçante v(t) de entrada u(t) (v(t)=u(t)), tem-se a forma geral de uma equação de estado linear: d x dt =A xBu t (10) onde u(t) está em negrito para levar em conta o caso geral de um vetor contendo mais de uma função forçante. Agora, considere o problema de se observar variávies que não estão no vetor de estado. Será necessário determinar uma nova equação de estado para tal? Por exemplo, considere o problema de observar as duas correntes i2, i3 , das equações constitutivas dos capacitores: i2=C 1 dvC1 dt , i3=C2 dvC2 dt no entanto, note que ambas equações são novas equações diferenciais. Será possível obter i2, i3 meramente por equações algébricas envolvendo as variáveis de estado e a tensão de entrada? Para isso, considere a lei das tensões de Kirchhoff e a tensão no resistor R2: −vC1vR2vC2=0 −vC1R2i2vC2=0 i2= 1 R2 vC1− 1 R2 vC2 (11) Assim, i2 é escrita como uma função algébrica das variáveis de estado vC1 , vC2 . Agora, considere a lei das correntes de Kirchhoff: i1=i2i3, i3=i1−i2 e pela equação (11): i3=i1− 1 R2 vC1 1 R2 vC2 (12) Assim, i3 é escrita em função das variáveis de estado i1 , vC1 , vC2 . Ambas as variáveis podem ser agrupadas em um vetor e escritas na forma de uma equação linear matricial: [ i2i3]=[0 1R2 − 1R21 − 1R2 1R2 ] [ i1 vC1 vC2][00] v t (13) A equação (13) é chamada equação de saída, o vetor formado pelas correntes observadas é chamado vetor de saídas. Definindo as matrizes C e D e o vetor y, essa equação é escrita na forma geral abaixo. y=[ i2i3] , C=[0 1R2 − 1R21 − 1R2 1R2 ] , D=[00] y=C xD u Com essas definições, temos a estrutura geral de um modelo de espaço de estados para sistemas lineares: d x dt =A xBu t , x 0=x0 y=C xD u Este modelo representa os principais conceitos envolvidos na definição de estado: • Em um sistema dinâmico, estado é o conjunto mínimo de variáveis a partir do qual qualquer outra variável do sistema pode ser determinada, uma vez conhecidas as respectivas condições inicias e valores da função de entrada. Em geral, encontrar as variáveis de estado de um sistema não é uma tarefa fácil. Inclusive, infinitas representações são possíveis, via transformações lineares ou mesmo difeomorfismos (sistemas não lineares). À critério de ilustração, em circuitos RLC, a corrente de cada indutor independente e a tensão de cada capacitor independente são respectivas variáveis de estado. Por independência, entende-se indutores que não estão em série e capacitores que não estão em paralelo. Em sistemas mecânicos, em geral, cada deslocamento de uma massa e respectiva velocidade são variáveis de estado. Então, se uma massa pode deslocar-sem duas dimensões, temos 4 variáveis de estado. Em corpos rígidos, além da translação, tem-se a rotação. Neste caso, tem-se duas variáveis de estado para cada grau de liberdade de rotação, um ângulo e uma velocidade. Para o caso de sistemas não lineares, o conceito de estado é o mesmo, também os de equação de estado, de saída, variável de entrada e saída, o que muda é a natureza não linear das funções envolvidas. d x dt =f x ,u t , xt 0=x0 y=hx ,u t f x ,u=[ f 1x1 , x2 , ...xn ,u1, u2 , ...umf 2x1 , x2 , ...xn ,u1, u2 , ...um⋮f nx1 , x2, ...xn , u1, u2 , ...um] h x ,u=[h1x1, x2, ... xn, u1 ,u2, ...umh2x1, x2, ... xn, u1 ,u2, ...um⋮hp x1 , x2 , ...xn ,u1, u2 , ...um] para um sistema com n variáveis de estado, m entradas e p saídas. Referências [1] DORF, R.C., BISHOP, R.H. “Sistemas de Controle Modernos”, LTC, 11ª edição, 2009. Seções 3.1 a 3.3. [2] OGATA, K. "Engenharia de Controle Moderno", Pearson Prentice Hall, 4ª edição, 2003. Seções 11.1 e 11.2.
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