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Obrigações -Direito Civil / Apostila SEFAZ

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 07 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula  
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. Teoria Geral das Obrigações. Modalidades das 
obrigações. As formas de extinção das obrigações. A inexecução das 
obrigações. Transmissão das Obrigações. Fontes das obrigações. Modalidades 
das obrigações: Obrigações de dar, fazer e não fazer. Adimplemento e 
extinção das obrigações: Pagamento. 
Legislação a ser consultada  Código Civil: arts. 233 até 285 
(modalidades); arts. 286 até 303 (transmissão); 304 até 388 (adimplemento e 
extinção); arts. 389 até 420 (inadimplemento). 
 
Sumário 
 
Conceito de Obrigação ...................................................................... 02 
Elementos constitutivos ................................................................... 03 
Fontes das obrigações ...................................................................... 04 
QUADRO GERAL DAS OBRIGAÇÕES ................................................... 05 
 Obrigação de dar.......................................................................... 06 
 Coisa certa .............................................................................. 06 
 Coisa incerta ........................................................................... 09 
 Obrigação de fazer ....................................................................... 11 
 Obrigação de não fazer ................................................................ 14 
 Obrigações solidárias .................................................................. 18 
 Outras modalidades de obrigações .............................................. 23 
Cláusula penal .................................................................................. 31 
Perdas e danos ................................................................................. 33 
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ........................................................... 34 
 Pagamento Direto ........................................................................ 34 
 Mora ....................................................................................... 42 
 Juros ....................................................................................... 46 
 Enriquecimento sem causa ..................................................... 47 
Aula 07 
Direito das Obrigações 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 07 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Prof. Lauro Escobar 
 
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2 
 Pagamento indevido ............................................................... 48 
 Formas especiais de pagamento .................................................. 49 
 Pagamento em consignação ..................................................... 49 
 Pagamento com sub-rogação ................................................... 50 
 Imputação do pagamento ........................................................ 52 
 Pagamento indireto .................................................................... 53 
 Dação em pagamento .............................................................. 53 
 Novação ................................................................................... 54 
 Compensação ........................................................................... 56 
 Confusão .................................................................................. 57 
 Outras formas de pagamento ...................................................... 58 
 Remissão de dívidas ................................................................ 58 
 Execução forçada ..................................................................... 59 
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES (CESSÃO) .................................... 59 
 Cessão de crédito ....................................................................... 59 
 Cessão de débito (assunção de dívida) ....................................... 61 
 Cessão de contrato ..................................................................... 62 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 63 
Bibliografia Básica ............................................................................ 67 
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................. 68 
 
Meus amigos e alunos 
Hoje vamos analisar o Direito das Obrigações. Observem que há uma 
lógica em nosso estudo, seguindo a ordem do Código Civil. Vejamos: quem 
pode assumir uma obrigação? –As pessoas! (tema que foi visto em aula 
específica). Depois: o que pode ser objeto de uma obrigação? –Os bens! (que 
também já vimos em aula anterior). Finalmente: como as pessoas podem se 
relacionar para criar as obrigações? –Para responder a isso devemos saber o 
que foi visto na aula sobre fatos, atos e negócios jurídicos. Hoje, seguindo uma 
coerência lógica, veremos as obrigações propriamente ditas. Comecemos, 
então... 
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO 
Em nosso dia-a-dia assumimos diversas “obrigações”. Com a nossa família 
ou com vizinhos, com a religião que adotamos, com nosso País, etc. Mas a 
obrigação que nos interessa é a “obrigação civil”, ou seja, ligada ao Direito. 
Todo direito traz a ideia de obrigação. Isto porque não existe direito sem 
obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. Nosso Direito não 
define obrigação. A doutrina costuma conceituá-la, de uma forma completa e 
técnica dizendo que: 
 
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3 
“Obrigação é uma relação jurídica transitória, estabelecida 
entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal 
econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-
lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu patrimônio”... ufa! Em um 
conceito mais resumido podemos dizer que obrigação é um vinculo jurídico 
entre o credor e o devedor! Ou seja, confere-se ao credor (sujeito ativo) o 
direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada 
prestação de caráter patrimonial, sendo que no caso de descumprimento poderá 
o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor (art. 391, CC). 
CARACTERÍSTICAS 
 Patrimonialidade: por envolver patrimônio (dinheiro, bens). 
 Transitoriedade: a obrigação nasce com o objetivo de, em algum 
momento, extinguir-se. 
 Pessoalidade: trata-se de uma relação jurídica entre pessoas (credor e 
devedor). 
 Prestacionalidade: o objeto é sempre uma atividade; como veremos a 
prestação pode ser de dar, fazer ou não fazer. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
A) ELEMENTO PESSOAL OU SUBJETIVO. São os sujeitos (ou as partes) da 
obrigação: 
 Sujeito Ativo: é o credor, o beneficiário da obrigação; é a pessoa a 
quem a prestação (positiva ou negativa) é devida, tendo o direito de exigir 
o seu cumprimento. Pode ser qualquer pessoa, seja ela natural ou jurídica, 
capaz ouincapaz, pois basta ser “pessoa” para ser sujeito de direitos e 
deveres na ordem civil (art. 1°, CC). 
 Sujeito Passivo: é o devedor; aquele que deve cumprir a obrigação, de 
efetuar a prestação, sob pena de responder com seu patrimônio. 
 Observações 
01) Admite-se, num primeiro momento, que os sujeitos não sejam 
exatamente individualizados. Porém no curso da relação jurídica os sujeitos 
devem ser determinados. Se isso não ocorrer a obrigação pode ser extinta. 
02) Em cada um dos polos (ativo ou passivo) pode haver mais de um credor 
ou devedor (pessoas naturais e/ou jurídicas): “A” e “B” são credores e “C” e “D” 
são devedores. E, como veremos, estas posições nem sempre são estáticas. 
Ex.: digamos que “A” pratique um ato ilícito contra “B”. “A” é o devedor; ”B” é o 
credor. Aqui se sabe exatamente quem é o credor e quem é o devedor. Mas em 
uma compra e venda... quem é quem? Aqui temos uma relação complexa; 
ambos são credores e devedores simultaneamente: o comprador é credor da 
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coisa, mas é devedor do dinheiro; já o vendedor é credor do dinheiro, mas 
devedor da coisa... 
B) ELEMENTO MATERIAL OU OBJETIVO. É o objeto de uma obrigação. Para 
a maioria da doutrina, o objeto da obrigação é a prestação imediata, que é 
sempre uma conduta humana. Esta pode ser positiva (ação: obrigação de dar 
ou fazer) ou negativa (omissão: obrigação de não fazer). Veremos esta 
classificação logo adiante de forma detalhada. Já o objeto mediato é o bem ou 
a coisa, propriamente dita. 
Exemplo: “A” deve entregar um quadro a “B”. O objeto imediato é a obrigação 
de dar. Já o quadro é o bem sobre o qual recai o direito, sendo considerado 
como o objeto mediato. O objeto (prestação), para ser válido, deve ser lícito, 
possível (física e juridicamente), determinado ou determinável (não pode haver 
indeterminação no objeto imediato) e economicamente apreciável 
(patrimonialidade). É admissível a obrigação que tenha por objeto um bem não 
econômico, desde que seja digno de tutela o interesse das partes. 
C) ELEMENTO IMATERIAL (ABSTRATO) ou VÍNCULO JURÍDCIO. É o 
vínculo que liga os sujeitos ao objeto da obrigação (vínculo obrigacional); é o 
elo que sujeita o devedor a determinada prestação (positiva ou negativa) em 
favor do credor. A doutrina afirma que sobre o tema o Brasil adotou a teoria 
dualista ou binária, segundo a qual esse vínculo tem duas relações: a) dever 
do sujeito passivo de satisfazer a prestação em face do devedor; b) autorização 
dada pela lei ao credor que tenha sofrido o inadimplemento de constranger o 
patrimônio do devedor. Portanto, confere-se ao credor o direito de exigir o 
cumprimento da obrigação e ao devedor o dever de cumpri-la. Abrange o dever 
da pessoa obrigada (debitum) e sua responsabilidade em caso de não 
cumprimento (obligatio). Ex.: um acidente de trânsito gera um ato ilícito; um 
acordo de vontades produz o contrato. 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
Como surgem as relações concretas entre os particulares? Onde nascem as 
obrigações? Costuma-se dizer que a lei é a fonte primária ou imediata de 
qualquer obrigação (“Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em 
virtude de lei”). Já as fontes mediatas seriam: 
 Negócio Jurídico Bilateral: duas pessoas criam obrigações entre si. Ex.: 
os contratos de uma forma geral (compra e venda; locação, etc.). É a 
principal e maior fonte de obrigação. 
 Negócio Jurídico Unilateral: nestes casos só há uma vontade, ou seja, 
apenas uma pessoa se obriga (declaração unilateral de vontade). Ex.: 
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promessa de recompensa (perdeu-se cachorrinho... recompensa-se bem). 
Com isso eu me obrigo perante quem cumpre a tarefa. 
 Atos Ilícitos: quem comete um ato ilícito (art. 186, CC) fica obrigado a 
reparar eventuais prejuízos (art. 927, CC) dele decorrentes. 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
 
I. QUANTO À NATUREZA DO OBJETO 
A) Positivas 
1. Obrigação de Dar 
a) coisa certa 
b) coisa incerta 
2. Obrigação de Fazer 
a) fungível 
b) infungível 
B) Negativas 
1. Obrigação de Não Fazer 
II. QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
A) Simples: um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. 
B) Compostas: pluralidade de objetos ou de sujeitos. 
1. Pluralidade de Objetos 
a) cumulativa 
b) alternativa 
2. Pluralidade de Sujeitos (Solidariedade) 
a) ativa 
b) passiva 
III. QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS 
 puras e simples 
 condicionais 
 a termo 
 modais 
IV. OUTRAS MODALIDADES 
 líquidas ou ilíquidas 
 divisíveis ou indivisíveis 
 de resultado, ou de meio, ou de garantia 
 instantâneas, fracionadas, diferidas ou de trato sucessivo 
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 principais ou acessórias 
 propter rem 
 naturais 
 
I. OBRIGAÇÃO POSITIVA DE DAR 
 
Obrigação de dar (arts. 233/246, CC) é aquela em que o devedor se 
compromete a entregar alguma coisa (certa ou incerta). No direito das 
obrigações “dar” pode significar entregar a propriedade (em uma compra e 
venda) ou simplesmente entregar a posse (em uma locação). A obrigação de 
dar confere ao credor somente o direito pessoal e não o direito real. Isto é, o 
contrato cria apenas a obrigação, mas não opera a transferência da 
propriedade. Esta somente se concretiza com a tradição (entrega) para os bens 
móveis ou pelo registro para os bens imóveis. 
A obrigação de dar pode ser dividida em: a) específica: obrigação de dar 
coisa certa (ex.: uma joia, um carro, um livro, etc.); b) genérica: obrigação 
de dar coisa incerta (ex.: a obrigação de dar um boi, dentre uma boiada). 
Vejamos. 
A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233/242, CC) 
O devedor se obriga a entregar uma coisa certa e determinada, 
perfeitamente individualizada, que possa ser diferenciada de outras da mesma 
espécie (ex.: a vaca Mimosa ou a camisa do Pelé), podendo ser móvel ou 
imóvel. 
Regras básicas  
01) Se a coisa a ser entregue tiver acessórios, a obrigação principal abrange 
também esses acessórios, ainda que não mencionados, salvo se o contrário 
resultar do título (ou seja, as partes estipularam outra coisa) ou das 
circunstância do caso (art. 233, CC). Ex.: vendo a chácara “Alegria”, mas 
estabeleço que posso retirar todos os bens móveis da chácara; vendo meu 
carro, mas estabeleço que posso retirar o “som” nele instalado. Lembrando que 
em relação à pertenças essa regra não se aplica 
02) O credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa 
(art. 313, CC). Abrange a obrigação de transferir a propriedade (ex.: compra e 
venda), ou a de entregar a posse (ex.: locador ou comodante que deve 
entregar a coisa). 
03) O devedor deve conservar adequadamente a coisa que irá entregar ao 
credor, bem como defendê-la contra terceiros, como se fosse sua. A obrigação é 
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cumprida com a tradição (entrega da coisa). Até a tradição a coisa ainda 
pertence ao devedor. A coisa pode se perder ou deteriorar. Vejamos as 
consequências. 
Perecimento e Deterioração 
 Perda (destruição total ou perecimento) é a extinção, o desaparecimento 
completo da coisa para fins jurídicos (incêndio, furto, morte do animal, etc.). 
 Deterioração (destruição parcial) é aquela em que a coisa sofre danos, 
avarias, sem desaparecer. 
1) Consequências jurídicas da perda da coisa (destruição total). 
a) Sem culpa do devedor (caso fortuito ou força maior). Se a perda 
ocorreu antes da tradição (ou pendente condição suspensiva) sem que tenha 
havido culpa, resolve-se (extingue-se) a obrigação para ambas as partes, 
que voltam à situação primitiva. Se o vendedor já recebeu o preço da coisa 
que pereceu, deve devolvê-lo com correção monetária. Neste caso o prejuízo 
é só do vendedor (proprietário da coisa). Se a perda ocorreu após a tradição 
o negócio está mantido. Com a entrega da coisa sem vícios, o vendedor fica 
livre dos riscos. Neste caso o prejuízo é do só do comprador. 
b) Com culpa do devedor. Neste caso o devedor responderá pelo valor da 
coisa (o equivalente em dinheiro) mais perdas e danos. 
2) Consequências jurídicas da deterioração da coisa (destruição parcial). 
Consequências Jurídicas antes da tradição (arts. 235/236, CC): 
a) Sem culpa do devedor. Não há perdas e danos. Credor tem duas 
opções: resolve a obrigação, com restituição do preço mais correção 
monetária ou pode receber a coisa no estado que estiver, com um 
abatimento proporcional no preço que se perdeu. 
b) Com culpa do devedor. Credor pode optar: extingue-se a obrigação 
pagando o devedor o equivalente em dinheiro mais perdas e danos ou 
recebe a coisa no estado em que se encontra, recebendo uma indenização 
pelos prejuízos causados. 
Antes da Tradição Sem culpa do devedor Com culpa do devedor 
Perda (extinção total) da 
coisa (art. 234, CC). 
Extingue a obrigação. 
Devolução da quantia 
paga. 
Indenização (valor da 
coisa) mais perdas e 
danos. 
Deterioração (extinção 
parcial) da coisa (arts. 
235/236, CC). 
Extingue a obrigação ou 
abatimento propor- cional 
do preço. 
Indenização (valor da 
coisa) mais perdas e 
danos ou aceita a coisa 
mais perdas e danos. 
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Atenção: só haverá perdas e danos se houver culpa do devedor  
A obrigação de dar a coisa certa se equipara à obrigação de 
restituir (ou de devolver). A obrigação de restituir se difere da obrigação de 
dar, pois nesta a coisa pertence ao devedor até a tradição (entrega), enquanto 
na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor, apenas sua posse é que foi 
transferida ao devedor. Ex.: quando se aluga um carro, a locadora continua 
sendo proprietária dele; é apenas a posse que se transfere ao cliente. Então na 
locação o cliente/devedor tem a obrigação de restituir o bem ao locador após o 
prazo acertado, pois a propriedade já era do credor antes do surgimento da 
obrigação. Locação e empréstimo (comodato e mútuo) são exemplos de 
obrigação de restituir, ficando a coisa em poder do devedor, mas mantendo o 
credor direito de propriedade sobre ela. 
Importante  Tanto na obrigação de dar coisa certa, como na de restituir 
(locação, comodato e mútuo), aplica-se a regra res perit domino. Esta é uma 
expressão muito conhecida e usada no mundo jurídico e significa: a coisa perece 
para o dono. Vejamos as situações abaixo. Percebam que embora elas sejam 
diferentes, em ambas é o proprietário (independentemente do fato de ser 
credor ou devedor) quem sofrerá o prejuízo. 
01) Como vimos mais acima, se a obrigação for de DAR coisa certa e a 
coisa se perder antes da tradição, ainda que não haja culpa de sua parte, é o 
devedor (que ainda é o proprietário) quem arcará com o prejuízo. 
02) Se a obrigação for de RESTITUIR coisa certa e esta se perder antes 
da tradição, sem culpa do devedor, o credor (proprietário da coisa) 
sofrerá com a perda e a obrigação se extinguirá, ressalvados os seus direitos 
até o dia da perda (art. 238, CC). Exemplo: eu empresto um bem a uma pessoa 
e ela é assaltada, perdendo este bem. Ela não será obrigada ressarcir o dano, 
pois não teve culpa no evento; neste caso eu (que sou o proprietário) ficarei 
com o prejuízo e a obrigação será extinta. É de se esclarecer que a doutrina e a 
jurisprudência vêm entendendo que o “assalto” (tecnicamente se trata de um 
roubo, ou seja, subtração de patrimônio alheio mediante violência ou grave 
ameaça) é hipótese de força maior. Reparem o disposto no art. 393, CC: “O 
devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força 
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado”. No entanto, 
pode ter havido culpa do possuidor. Exemplo: tivemos um caso concreto em 
que uma empresa de “reportagem fotográfica” alugou de outra empresa, 
diversos equipamentos modernos e caros para realizar o evento. Durante o 
evento, os funcionários da primeira empresa deixaram os equipamentos sem 
vigilância e em local onde transitavam muitas pessoas, sendo que alguns 
equipamentos foram furtados. Ora, como nesse caso houve negligência (que é 
uma modalidade de culpa), não foi aplicada a regra res perit domino e o 
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devedor foi obrigado a indenizar o proprietário pela perda, acrescida das perdas 
e danos. É o que estabelece o art. 239, CC. 
 Cômodos ou melhorias na coisa (art. 237, CC): são as vantagens 
produzidas pela coisa. Até a tradição (entrega) a coisa pertence ao devedor, 
com todos os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá pedir 
aumento no preço. Ex.: uma pessoa vende a vaca Mimosa, que antes da 
entrega deu uma cria. Observem que o devedor se obrigou a entregar a vaca, 
não sendo obrigado a entregar o bezerro. Surgem então duas opções: a) 
devedor entrega o filhote, podendo exigir um aumento no preço; b) se o credor 
não aceitar a pagar o aumento resolve-se (extingue-se) a obrigação. Neste caso 
não podemos dizer que o bezerro é um acessório; ele não acompanha o 
principal. Quanto aos frutos: os percebidos (colhidos) até a tradição pertencem 
ao devedor; já os pendentes (ainda não colhidos) pertencem ao credor (são 
acessórios que acompanham o principal). 
Vamos reforçar O acordo entre as partes cria a obrigação de entrega 
da coisa, mas não transfere a propriedade dessa coisa. Como vimos, se o 
bem for móvel a transferência se dará pela tradição (entrega) e se o bem for 
imóvel, a transferência se dará pelo registro na matrícula do título aquisitivo 
(registro de imóveis). 
B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (arts. 243/246, CC) 
Coisa incerta indica que a coisa não é única, singular e exclusiva (ao 
contrário da obrigação de dar coisa certa). O objeto não é individualizado, mas 
indicado apenas de forma genérica no início da obrigação. No entanto ele deve 
ser determinávelpelo gênero e quantidade (art. 243, CC), faltando 
determinar a qualidade. Ex.: a obrigação de entregar dez bois é incerta. A 
princípio pode parecer que é uma obrigação de dar coisa certa... dez bois. No 
entanto eu tenho uma boiada de mil bois e devo entregar somente dez! 
Pergunto: quais os dez bois que devem ser entregues? Eles ainda não foram 
individualizados! Por isso chamamos de obrigação de dar a coisa incerta (ou 
genérica). Coisa incerta não quer dizer “qualquer coisa”. Mas sim coisa 
sujeita a determinação futura. Observem que já há determinação quanto ao 
gênero=bois e quanto à quantidade=dez. Falta individualizar quais os bois 
que serão entregues. A coisa está indeterminada, porém será suscetível de 
determinação futura. Por isso, o estado de indeterminação é transitório. 
Outro exemplo: entregar 50 sacas de café (deve-se separar o café, pesá-lo, 
ensacá-lo, contar as sacas, etc.). 
Pode haver a obrigação de dar “sacas de café”? Ou a obrigação de entregar 
“100 sacas”? Não! Nestes casos está faltando a quantidade no primeiro caso ou 
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o gênero no segundo caso e a obrigação contendo tal imprecisão no objeto, não 
gerará obrigação alguma. 
A individualização se faz pela escolha da coisa devida, pela média 
qualidade. Chamamos de concentração o ato jurídico unilateral de escolha 
ou de seleção, que se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc. 
A escolha cabe, em regra, ao devedor (art. 244, CC), salvo se for 
estabelecido de modo diverso no contrato. Neste caso, por exceção, a escolha 
caberá ao credor ou a uma terceira pessoa estranha ao negócio. 
Realizada a escolha acaba a incerteza. A obrigação genérica, 
inicialmente de dar a coisa incerta, se transforma em obrigação de dar a coisa 
certa (havendo a individualização da prestação), aplicando-se todas as regras 
que vimos mais acima (art. 245, CC). 
Segundo o art. 246, CC, antes da escolha não pode o devedor alegar 
perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito 
(genus nunquam perit: o gênero nunca perece). Os riscos correm por conta do 
devedor. Exemplo: se “A” deve mil laranjas a “B”, ele não pode deixar de 
cumprir a obrigação alegando que as laranjas que colheu se estragaram, pois 
‘mil laranjas... são mil laranjas’. Se a plantação de “A” se perder ele pode 
comprar as frutas em outra fazenda para cumprir a obrigação assumida. No 
entanto, após a escolha (e antes da entrega) caso as laranjas se percam sem 
culpa do devedor (ex.: incêndio no armazém) a obrigação se extingue, voltando 
as partes ao estado anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir 
perdas e danos. Isso porque após a escolha a obrigação se torna “obrigação de 
dar coisa certa” e, como vimos, o art. 234, CC estabelece que se a coisa se 
perder antes da tradição sem culpa do devedor fica resolvida a obrigação para 
ambas as partes. 
Atenção!! Princípio da equivalência das prestações (ou critério da 
qualidade média). Estabelece a lei (art. 244, CC) que na falta de disposição 
contratual a escolha do devedor não pode recair sobre a coisa menos valiosa ou 
de pior qualidade. E nem será ele compelido a entregar a coisa mais valiosa ou 
melhor. A solução é que o objeto deve recair no gênero intermediário. 
Obrigação Pecuniária 
Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro é uma 
espécie de obrigação de dar que abrange prestação em dinheiro, reparação de 
danos e pagamento de juros. Segundo o art. 315, CC, o pagamento em dinheiro 
será feito em moeda corrente. Deve ser realizado no lugar do cumprimento da 
obrigação e pelo seu valor nominal, ou seja, em Real (R$), que é nossa 
unidade monetária atual. 
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Devemos lembrar que nesta obrigação o devedor sofrerá com as 
consequências da desvalorização da moeda. No entanto, pode-se incluir em 
algumas convenções, cláusula de atualização da prestação. O art. 316, CC 
permite que se convencione um aumento progressivo no caso de prestações 
sucessivas. Finalmente o art. 317, CC prevê que no caso de ocorrer algum 
motivo imprevisível e, em decorrência disso, sobrevier manifesta desproporção 
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o 
Juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, o quanto possível, 
valor real da prestação. Trata-se da aplicação do Princípio da Função Social do 
Contrato. 
Outras formas de pagamento (ex.: cheque, cartão de crédito ou débito, 
etc.) são facultativas, podendo o comerciante (fornecedor) optar em não 
recebê-los. Alguns estabelecimentos colocam uma placa bem à mostra “não 
aceitamos cheques”. Isso é permitido? –Sim!! Trata-se de um risco que o 
comerciante está assumindo em não atrair clientes que iriam pagar com 
cheques. 
Importante São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em 
moeda estrangeira (chamamos isso de obrigação valutária – valutaria = 
valuta = divisa, moeda estrangeira), salvo os contratos e títulos referentes à 
importação e exportação. É o que diz o art. 318, CC. Assim, se cair alguma 
questão sobre a possibilidade de pagamento de dívidas em dólar ou em ouro, a 
resposta é que pelo Código Civil não pode, sob pena de nulidade absoluta 
(salvo alguns contratos especiais, como de importação/exportação, contratos 
estes que não estão previstos no Código Civil). 
 
II. OBRIGAÇÃO POSITIVA DE FAZER 
 
Obrigação de fazer (arts. 247/249, CC) consiste na prestação de uma 
atividade (prestação de um serviço ou execução de uma tarefa) positiva 
(material ou imaterial) e lícita do devedor. Ex.: trabalho manual, intelectual, 
científico ou artístico, etc. Pergunto agora: o que ocorre quando o devedor não 
faz o que deveria fazer? Resposta: a impossibilidade do devedor de cumprir a 
obrigação de fazer, bem como a recusa em executá-la, acarretam o 
inadimplemento contratual (não cumprimento do contrato). Sim... mas e se 
eu desejo que o ato ou serviço seja realizado? Posso obrigar o devedor a 
cumprir a tarefa? Sabemos que nas obrigações de dar é possível a atuação do 
Estado no sentido de se obter a execução específica da obrigação, por meio 
das ações judiciais. Mas... e nas obrigações de fazer? Nestas, geralmente ocorre 
o contrário, porquanto é difícil compelir compulsoriamente o devedor a realizar 
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uma prestação que se obrigou, já que a nossa ordem jurídica repudia o 
emprego de força física para isso. Portanto, em primeiro lugar precisamos 
saber se o devedor agiu com culpa. Nos termos do art. 248, CC, se não houver 
culpa (força maior ou caso fortuito) resolve-se a obrigação sem indenização. 
Ex.: cantor que ficou afônico, mercadoria que deveria ser entregue não é mais 
achada no mercado, etc. Repõem-se as partes no estado anterior da obrigação. 
Por outro lado, se o próprio devedor criou a impossibilidade, ele responderá por 
perdase danos. A recusa voluntária induz culpa do devedor. Mas e a obrigação 
em si? Ela será cumprida? Resposta: depende se esta obrigação de fazer é 
fungível ou infungível. Vejamos. 
Espécies: 
 Obrigação de fazer fungível: fungível quer dizer que embora o devedor 
se obrigue, admite-se que a prestação seja realizada pelo devedor ou por 
uma terceira pessoa, sem prejuízo para o credor; não se exige uma 
capacidade especial para tanto. Ex.: obrigação de pintar um muro – em 
tese qualquer pessoa pode pintar um muro, por isso é uma obrigação 
fungível. Se houver recusa ou mora (que é o atraso, a demora) no 
cumprimento da obrigação, sem prejuízo da cabível ação de indenização 
por perdas e danos, o credor pode mandar executar o serviço à custa do 
devedor. O credor está interessado no resultado da atividade do devedor, 
não exigindo habilidades especiais deste para realizar o serviço. Trata-se da 
aplicação do art. 249, CC e dos arts. 633 e 634 do Código de Processo Civil. 
 Obrigação de fazer infungível (personalíssima ou intuitu personae): a 
prestação só pode ser executada pelo próprio devedor ante a sua 
natureza (aptidões ou qualidades especiais do devedor) ou disposição 
contratual; não há a possibilidade de substituição da pessoa que irá cumprir 
a obrigação, pois esta, contratualmente falando, é insubstituível. Exemplo: 
contrato um artista famoso para pintar um quadro (ou para restaurar uma 
famosa obra de altíssimo valor artístico); ou uma banda famosa para dar 
um show; ou um cirurgião especialista para realizar uma operação, etc. 
A recusa ao cumprimento da obrigação resolve-se, tradicionalmente, em 
perdas e danos (art. 247, CC), pois não se pode constranger fisicamente o 
devedor a executá-la. No entanto, atualmente, admite-se a execução 
específica da obrigação. Isto é, pode ser imposta pelo Juiz (e somente pelo 
Juiz), uma multa periódica, chamada de astreinte (trata-se de mais uma 
expressão criada pela doutrina e que não está prevista no Código). 
Astreinte é uma expressão francesa. Deriva do latim astringere ou ad 
stringere, que significa compelir, sujeitar, obrigar. Trata-se de uma coerção em 
sentido econômico para que alguém cumpra determinada obrigação imposta em 
uma decisão judicial. Em outras palavras, trata-se da multa judicial, 
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geralmente diária (também chamada de multa cominatória). Lembrando que 
este é um tema do Direito Processual Civil e não do Direito Civil, propriamente 
dito. Mas como já vi cair em concursos e sempre alguém me pergunta algo 
sobre ele, vamos falar um pouquinho dele. Podemos conceituá-lo como sendo 
uma penalidade imposta ao devedor, mediante ação judicial (daí ser 
processual civil), consistente em uma prestação periódica, que vai sendo 
acrescida enquanto a obrigação não é cumprida, ainda que não haja no contrato 
a cláusula penal (ou seja, a multa contratual). Está previsto no art. 461 e seu 
§4° do CPC (vejam também os arts. 287, 644 e 645 do CPC). Exemplo: “A” 
deseja que alguém faça um determinado serviço (pintar um quadro). “B”, 
apesar de aceitar a obrigação, não faz o que deveria fazer. “A” ingressa com 
uma ação judicial em face desta pessoa. O Juiz concede um prazo razoável para 
o devedor cumpra a obrigação. Não o fazendo deverá pagar multa diária até o 
seu cumprimento. Atualmente há a possibilidade do Juiz fixar astreinte na 
obrigação de fazer, não fazer e também na obrigação de dar coisa certa. Esta é 
uma conclusão retirada dos artigos 461-A e seu §3° e 621, parágrafo único, CPC 
em vigor. Tal regra, segundo a melhor doutrina, não vale para a obrigação de 
dar coisa incerta, para a obrigação de pagar quantia em dinheiro e para a 
obrigação de restituir dívida em dinheiro. Isso por falta de previsão legal. 
O inadimplemento de emitir declaração de vontade no caso de um 
compromisso de compra e venda dá ensejo à propositura de ação de 
adjudicação compulsória. A expressão adjudicação provém do vocábulo latino 
adjucare, que significa transferir algo do patrimônio do devedor para o do 
credor por meio de uma sentença. A decisão judicial supre a vontade da parte 
inadimplente, tendo o mesmo efeito da declaração omitida, satisfazendo-se, 
assim, a obrigação de fazer. Exemplo clássico: Comprei a casa de Alfredo. 
Assinamos um compromisso de compra e venda onde eu me comprometi a 
pagar a importância em 10 prestações. Cumpri minha parte no acordo. Agora 
precisamos ir ao Cartório de Notas para lavrar a escritura. Porém Alfredo 
sempre alega uma “desculpa” para não realizar tal ato... Um dia, perco a 
paciência com a situação e ingresso com uma ação de obrigação de fazer: exijo 
que Alfredo vá ao Tabelionato para lavrar a escritura e peço astreinte do caso de 
não cumprimento. No caso de Alfredo continuar se recusando o Juiz, além de 
condená-lo (inclusive com astreintes), ainda pode dar uma ordem ao cartório, 
suprindo a vontade de Alfredo e possibilitando a confecção do registro do 
imóvel para fins de transmissão da propriedade. 
 Resumindo: inadimplemento da obrigação de fazer 
A) Sem culpa do devedor  extinção da obrigação sem qualquer 
indenização; volta-se tudo ao estado anterior (devolve-se a importância 
recebida). 
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B) Com culpa do devedor: 
1) Prestação fungível  credor manda a obrigação ser realizada por 
terceiro e executa o devedor inicial, ressarcindo-se pelas despesas no 
cumprimento da obrigação, mais perdas e danos. 
2) Obrigação não fungível (ou infungível) 
a) Recusa induz culpa  Indenização por perdas e danos. 
b) Ação judicial requerendo o cumprimento da obrigação. Imposição de 
astreinte. Em algumas situações  adjudicação compulsória. 
 Distinção: obrigação de dar X obrigação de fazer 
Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é a entrega de uma 
coisa, na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço (ex.: ministrar 
uma aula, fazer um show, construir um muro, etc.). Na obrigação de dar o 
devedor não precisa fazê-la previamente, enquanto na obrigação de fazer o 
devedor deve confeccionar a coisa para depois entregá-la. Além disso, na 
obrigação de dar, que requer a tradição, a prestação pode ser fornecida por 
terceiro, estranho aos interessados, enquanto na obrigação de fazer, em 
princípio, o credor pode exigir que a prestação seja realizada exclusivamente 
pelo devedor. Concluindo e perguntando: se eu quero comprar um quadro e 
encomendo a um artista, a obrigação será de fazer ou de dar? Resposta: 
depende... se o quadro já estiver pronto a obrigação será de dar; se o artista 
ainda for confeccionar o quadro a obrigação será de fazer. 
 
III. OBRIGAÇÃO NEGATIVA DE NÃO FAZER 
 
Obrigação de não fazer (arts. 250/251, CC) é aquela pela qual o devedor 
se compromete a não praticar certo ato que até poderia livremente praticar se 
não houvesse se obrigado. Seu conteúdo é uma omissão ou abstenção, um 
ato negativo. Ex.: proprietário se obriga a não construir um muro acima de 
certa altura para não obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não trazer 
animais domésticos para o cômodo alugado, um comerciante se obriga a não se 
estabelecer em determinadobairro para não fazer concorrência a outro 
estabelecimento, etc. Estas obrigações podem ser bem variadas, mas é evidente 
que as imorais e antissociais, ou as que sacrifiquem a liberdade das pessoas são 
proibidas. Além disso, pode haver um limite temporal para a obrigação, ou seja, 
a obrigação de não fazer pode ser temporária (ex.: contrato de exclusividade 
por um ano, cláusula que obriga o empregado demitido não trabalhe em 
empresa concorrente por dois anos, etc.). 
Se a pessoa praticar o ato que se obrigou a não praticar, ela se tornará 
inadimplente e o credor poderá exigir o desfazimento do que foi realizado. 
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Entretanto há casos em que somente resta o caminho da indenização. Ex.: 
pessoa se obriga a não revelar um segredo industrial. A obrigação de não fazer 
é sempre uma obrigação pessoal, devendo ser cumprida pelo próprio 
devedor (personalíssima e indivisível). Por isso se “A” se comprometer a não 
elevar o muro a certa altura e depois de algum tempo ele vender a propriedade, 
quem comprou não terá essa obrigação (a menos que se faça um novo 
contrato). Lembrando que o direito das obrigações vincula as pessoas entre si... 
A saída então é fazer uma servidão predial (direito das coisas). Neste caso todos 
os futuros proprietários estarão vinculados. Isto porque o direito das coisas 
vincula a pessoa à coisa (observem como o Direito das Coisas é “mais forte” que 
o Direito Obrigacional). E só para completar: e se a Prefeitura obrigar José a 
aumentar o muro por uma questão de urbanismo ou segurança? Neste caso o 
muro deve ser erguido e a outra parte nada poderá fazer (o Direito Público 
predomina sobre o Direito Privado; é o chamado “Fato do Príncipe”, em alusão 
aos monarcas que governavam os países na Europa medieval). 
Observação. Sempre que houver urgência na obrigação de fazer (art. 249, 
parágrafo único, CC) ou na de não fazer (art. 251, parágrafo único, CC) credor 
pode mandar fazer ou desfazer independentemente de autorização judicial 
e sem prejuízo de posterior ressarcimento. 
 Resumindo: descumprimento da obrigação de não fazer 
1) Sem culpa (impossibilidade da abstenção do fato sem culpa do devedor: 
alteração de uma lei)  exoneração do devedor. 
2) Com culpa (inexecução culposa do devedor)  a) se for impossível o 
desfazimento posterior do ato  reparação do prejuízo (perdas e danos); b) 
se for possível o desfazimento do ato  credor pode exigir o desfazimento do 
ato à custa do devedor, acrescentando-se eventuais perdas e danos ou 
simplesmente exigir as perdas e danos (não há mais interesse na obrigação 
de não fazer). 
OBRIGAÇÕES QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
A) OBRIGAÇÕES SIMPLES (ou singulares). São as que se apresentam com 
um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único objeto, destinando-se a 
produzir um único efeito. 
B) OBRIGAÇÕES COMPOSTAS (complexas ou plurais). São as que 
apresentam uma pluralidade de objetos (obrigações cumulativas ou 
alternativas) ou uma pluralidade de sujeitos (obrigações solidárias: ativa ou 
passiva). Vejamos cada uma delas. 
1) OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (ou conjuntivas) 
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São as compostas pela multiplicidade de prestações. O devedor deve 
entregar dois ou mais objetos, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título 
(ex.: obrigação de dar um carro e um apartamento) devidamente especificado. 
O inadimplemento de uma das prestações envolve o descumprimento total da 
obrigação; o devedor só se desonera cumprindo todas as prestações 
integralmente. Dependendo de ajuste prévio entre as partes, o pagamento 
pode ser simultâneo (tudo de uma vez) ou sucessivo. Mas o credor não é 
obrigado a receber, nem o devedor a pagar por partes, se assim não se ajustou. 
Recordando as aulas que tive de português: o “e”, neste caso, funciona como 
uma conjunção coordenativa sindética aditiva (lembram-se?). 
2) OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (ou disjuntivas – arts. 252/256, CC) 
Também são compostas pela multiplicidade de prestações heterogêneas, 
porém estas estão ligadas pela disjuntiva “ou”. Obrigação alternativa é a que 
compreende dois ou mais objetos e extingue-se com a prestação de apenas um, 
ou seja, existe obrigação alternativa quando se devem várias prestações, 
mas, por convenção das partes, somente uma delas será cumprida como 
pagamento. O devedor se desonera com o cumprimento de qualquer uma 
delas. Ex.: obrigo-me a entregar um touro ou dois cavalos; vendo a casa por 
cem mil ou troco por dois terrenos na praia. Essa alternativa pode estabelecer-
se entre duas ou mais coisas, entre dois ou mais fatos, ou até entre uma coisa e 
um fato (ex.: a obrigação assumida pela seguradora de, em caso de sinistro, dar 
outro carro ao segurado ou mandar reparar o veículo danificado, como este 
preferir). 
Nas obrigações alternativas, a escolha, em regra, pertence ao 
devedor, se o contrário não for estipulado no contrato (pode ser do credor, de 
um terceiro ou até mesmo escolhido por sorteio). Comunicada a escolha, não se 
pode mais modificar o objeto. O direito de opção transmite-se aos herdeiros, 
quer pertença ao devedor, quer ao credor. Estabelece o art. 252, §1°, CC a 
indivisibilidade do pagamento, ou seja, “não pode o devedor obrigar o credor 
a receber parte em uma prestação e parte em outra”. Sua opção deve ser total 
em relação a uma ou em relação a outra. Mas há uma exceção (art. 252, §2°, 
CC): quando se tratar de prestações periódicas nas quais se admite a renovação 
da opção a cada período (ex.: entrega mensal alternativa de determinados 
alimentos ou de certa quantidade em dinheiro). 
Feita a escolha, dá-se a concentração, ficando determinado, de modo 
definitivo e sem possibilidade de retratação unilateral, o objeto da obrigação 
(exceto se o contrato contiver alguma cláusula de arrependimento). A partir daí 
o devedor somente se libera da obrigação prestando a coisa devida, pois o 
objeto, inicialmente plúrimo e indeterminado, se torna individualizado e certo, 
sendo que o credor não pode ser obrigado a receber coisa diversa (art. 313, 
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CC). Com a escolha as prestações reduzem-se a uma só, e a obrigação se 
torna simples, onde só será devido o objeto escolhido, como se fosse ele o 
único, desde o nascimento da obrigação. Não se exige forma especial para a 
comunicação da escolha, bastando a declaração unilateral da vontade, sem 
necessidade de aceitação. 
 Observação: segundo a doutrina majoritária, não se aplica o princípio do 
meio termo ou da qualidade média nas obrigações alternativas. Isso só tem 
aplicação na obrigação de dar coisa incerta. 
Se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação, ou se tornar 
inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. Ex.: devo entregar um touro ou 
quatro cavalos; o touro morreu sem culpa das partes; deve-se então cumprir a 
obrigação que restou: a entrega doscavalos. Se a impossibilidade for de todas 
as prestações (sem que haja culpa do devedor), resolve-se (extingue-se) a 
obrigação, sem que haja o dever de indenização. E se houver culpa do devedor? 
Neste caso, depende: Se a escolha cabia ao devedor, ficará ele obrigado a pagar 
o valor da que por último se impossibilitou (mais perdas e danos). Mas se a 
escolha pertencia ao credor, pode ele (credor) exigir o valor de qualquer das 
prestações (mais perdas e danos). Não confundir com a obrigação de dar coisa 
incerta (nesta também há escolha), pois na alternativa há pelo menos dois 
objetos. 
 Resumindo a responsabilidade nas obrigações alternativas 
Perecimento de uma das obrigações 
1) Escolha do devedor: havendo ou não culpa do devedor, subsiste o 
débito quanto à outra obrigação. 
2) Escolha do credor: a) não havendo culpa do devedor, subsiste o 
débito quanto à outra obrigação; b) havendo culpa do devedor o credor 
pode optar pela prestação subsistente ou o valor da que pereceu mais 
perdas e danos. 
Perecimento das duas obrigações 
1) Escolha do devedor: a) não havendo culpa do devedor, extingue-se 
a obrigação; b) havendo culpa do devedor, há indenização pelo valor da 
que se impossibilitou por último, mais perdas e danos. 
2) Escolha do credor: a) não havendo culpa do devedor extingue-se a 
obrigação; b) havendo culpa do devedor há indenização pelo valor de 
qualquer uma das obrigações, mais perdas e danos. 
3) OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS: 
São variantes das obrigações alternativas, aceitas pela doutrina, mas não 
previstas em lei. A obrigação inicialmente é simples (há apenas uma 
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prestação), mas há a possibilidade do devedor se exonerar da obrigação 
substituindo a prestação. Ex.: quem encontra coisa perdida deve restituí-la 
ao dono, sendo que este fica obrigado a recompensar quem a encontrou. No 
entanto o dono pode, ao invés de pagar a recompensa, simplesmente 
abandonar a coisa, e aí quem encontrou a coisa poderá ficar com ela. Pagar a 
recompensa é a prestação principal do devedor; o abandono da coisa é 
prestação facultativa do dono. O abandono não é obrigação, mas uma 
faculdade do dono. Outro exemplo: agência de viagens que oferece 
determinado brinde (ex.: uma camiseta), mas ela mesma se reserva no direito 
de substituí-lo por outro (ex.: um boné). Na obrigação facultativa (ao contrário 
da alternativa) o credor não tem opção; ele só pode exigir a prestação principal. 
É o devedor que pode optar pela prestação facultativa. Podemos concluir que a 
obrigação facultativa é: alternativa para o devedor e simples para o credor (pois 
este só pode exigir o objeto principal). 
Diferença entre a obrigação alternativa e facultativa: na alternativa temos 
uma pluralidade de objetos e a obrigação se extingue com o cumprimento de 
um deles (todos são devidos até o cumprimento de um deles); na facultativa há 
apenas um objeto e o devedor pode se exonerar da obrigação cumprindo outra 
prestação. A doutrina acrescenta afirmando que na facultativa se o único objeto 
da obrigação perecer, sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo obrigacional, 
ficando o devedor inteiramente desonerado, não podendo o credor exigir a 
prestação acessória. 
4) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS (arts. 264 a 285, CC) 
Ocorre quando, em decorrência da mesma relação jurídica, há 
pluralidade de credores ou devedores (ou de ambos), sendo que eles têm 
direitos e/ou obrigações pelo total da dívida. Havendo vários devedores cada 
um responde pela dívida inteira, como se fosse um único devedor. O credor 
pode escolher qualquer um e exigir a dívida toda. Mas se houver vários 
credores, qualquer um deles pode exigir a prestação integral, como se fosse 
único credor (art. 264, CC). 
Características: a) unidade de prestação: qualquer que seja o número de 
devedores e/ou credores o débito/crédito é sempre único; além disso, o 
contrato é um só para todos; b) pluralidade de sujeitos (ativos e/ou passivo); 
c) multiplicidade de vínculos; d) corresponsabilidade dos interessados. 
Obrigações in solidum 
A doutrina diferencia a obrigação solidária da obrigação in solidum. Nesta, 
embora haja uma pluralidade de devedores pela totalidade da dívida e os 
mesmos estejam vinculados pelo mesmo fato, não há solidariedade entre os 
devedores, pois os liames que os unem com o credor são independentes. 
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Exemplo clássico: digamos que “A” causou um incêndio na fábrica “B”, sendo 
que esta fábrica possuía seguro contra incêndio. Observem que o fato é o 
mesmo (incêndio). Observem que dois são os devedores pelo valor da 
indenização: o causador do incêndio e a empresa seguradora. Assim, a vítima 
do incêndio pode pleitear a indenização de qualquer um deles e o pagamento 
efetuado por um libera o outro devedor. No entanto os liames destes devedores 
para com o credor são diferentes; não há uma causa comum na obrigação. A 
obrigação da seguradora é contratual (valor até o limite do contrato) e a do 
terceiro é extracontratual (valor total do prejuízo mais perdas e danos), 
decorrente de ato ilícito (art. 186 e 927, CC). Portanto, não há solidariedade 
entre os devedores. 
Espécies de obrigações solidárias 
 Solidariedade Ativa: pluralidade de credores. Ex.: na conta bancária 
“e/ou” qualquer correntista é credor solidário dos valores depositados e 
pode exigir do banco a entrega de todo o numerário. Outro exemplo: 
mandato outorgado a vários advogados, sendo que qualquer um deles 
poderá exigir os honorários integralmente do cliente. Observem também o 
art. 2° da lei de locações (Lei n° 8.245/91): havendo mais de um locador 
ou mais de um locatário entende-se que são solidários se o contrário não se 
estipulou. 
 Solidariedade Passiva: pluralidade de devedores. Ex.: o credor pode 
demandar tanto o devedor principal, como o seu avalista, pois ambos são 
devedores solidários. Exemplo de solidariedade passiva decorrente de lei: 
art. 585, CC: “Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente 
comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o 
comodante”. 
 Solidariedade Mista (ou recíproca): neste caso há uma pluralidade de 
devedores e de credores na mesma obrigação. 
Regra básica: “A solidariedade não se presume, 
resultando da lei ou da vontade das partes” (art. 265, CC). 
SOLIDARIEDADE ATIVA 
 É aquela em que qualquer um dos credores pode exigir a prestação por 
inteiro (art. 267, CC). É o que chamamos de “direito individual de 
persecução”. Ou seja, o devedor não pode pretender pagar a dívida ao credor 
demandante de forma parcial (apenas a sua quota-parte), sob a alegação de 
que deveria ratear a quantia entre os demais credores. Ele deve pagar tudo a 
quem lhe exigir a prestação, não porque o objeto é indivisível, mas porque 
assim foi pactuado. 
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 Cada um dos credorespoderá promover medidas assecuratórias do direito 
do crédito e constituir o devedor em mora, sem o concurso dos demais 
credores. 
 Qualquer um dos credores poderá ingressar em juízo visando à satisfação 
patrimonial; mas só poderá executar a sentença o próprio credor-
autor, e não outro estranho à lide inicial. Ex.: “A” é devedor de “B”, “C” e 
“D”. Somente este último ingressa com ação contra “A” e ganha. 
Consequentemente, somente “D” poderá executar a sentença que lhe foi 
favorável. 
 Se um dos credores se tornar incapaz, este fato não influenciará a 
solidariedade pactuada. 
 Enquanto não for demandado por algum dos credores, o devedor pode 
escolher um dos credores e pagar a dívida a qualquer um deles (art. 268, 
CC). O pagamento total do débito a um dos credores extingue 
inteiramente a dívida (art. 269, CC). O mesmo ocorre no caso de novação, 
compensação e remissão. Ex.: “A”, deve a “B”, “C” e “D” (credores 
solidários). Se “D” acionar “A”, este deverá pagar tudo ao primeiro, que 
receberá o valor em nome de todos os credores. Caso ninguém acione “A”, 
ele pode escolher qualquer um dos credores e efetuar o pagamento integral 
ao mesmo, extinguindo a obrigação. 
 A conversão da prestação em perdas e danos não extingue a 
solidariedade; ela continua existindo para todos os efeitos (art. 271, CC). 
Os juros de mora revertem em proveito de todos os credores. 
 Perdão: o credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o 
pagamento responde aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC). 
Ex.: se “B” perdoou “A” por toda a dívida, este estará desobrigado do 
pagamento. No entanto “B” responderá perante “C” e “D” a quota-parte 
destes. Se o perdão foi somente da quota-parte de “B”, “A” continua devedor 
dos demais pelo restante do crédito. 
 O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais. 
No entanto o julgamento favorável aproveita a todos, exceto se baseado em 
exceção pessoal ao credor que o obteve (art. 274, CC). Isto quer dizer que se 
uma ação entre um dos credores solidários e o devedor for julgado 
procedente, esta decisão é extensível aos demais credores (isto porque 
satisfaz o interesse dos demais credores solidários, sem causar prejuízo 
injustificado ao devedor, pois ele teve oportunidade de se defender no 
primeiro processo); no entanto se este credor perdeu a demanda esta 
decisão não é extensiva aos demais credores solidários (evitando-se, assim, 
que estes sejam afetados pela inépcia ou pouca diligência do credor 
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acionante na condução do processo ou mesmo evitando-se um possível 
conluio do credor perdedor da ação e o devedor). 
 Não importará renuncia à solidariedade a propositura de ação pelo credor 
contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, CC). 
Extinção da solidariedade ativa 
 Se os credores desistirem da solidariedade, pactuando que o pagamento da 
dívida será pro rata (ou seja, por rateio), cada credor será responsável 
apenas por sua quota. 
 Se um dos credores falecer seu crédito passará a seus herdeiros sem a 
solidariedade, salvo se a prestação for indivisível. “A”, “B” e “C” são 
credores solidários. “C” faleceu deixando três herdeiros. Cada um desses 
herdeiros só terá direito de receber a quota do crédito que corresponder ao 
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (como no caso 
da entrega de um cavalo). 
SOLIDARIEDADE PASSIVA 
 É aquela em que se obrigam todos os devedores ao pagamento total da 
dívida. Isso reforça o vínculo e facilita o cumprimento da obrigação, pois o 
credor pode escolher qualquer devedor para cumprir a prestação. Ele 
pode exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente o valor da dívida comum; se o pagamento for parcial, mantém-se 
a solidariedade passiva quanto ao remanescente (art. 275, CC). 
 Propondo a ação contra apenas um dos devedores, o credor não fica inibido 
de acionar também os outros. Ou seja, não há a presunção de que renunciou 
em relação aos demais devedores (art. 275, parágrafo único, CC). 
 Morrendo um dos devedores solidários, a dívida se transmite aos seus 
herdeiros, mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se 
indivisível a obrigação. Neste caso, todos os herdeiros reunidos são 
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores 
(art. 276, CC). Ex.: “A” é credor de $600 de “B”, “C” e “D”, que são 
devedores solidários. “D” faleceu deixando dois filhos (“E” e “F”). A 
solidariedade não se rompe totalmente; ela continua em relação a “B” e “C” 
pelo valor total da dívida. Mas... e os filhos de “D”? Continuam devedores 
solidários? Resposta: como neste caso o objeto da prestação é divisível 
(dinheiro), extingue-se a solidariedade e cada devedor-herdeiro responderá 
somente com a sua parte (como a quota de “D” era de $200, “E” e “F” ficarão 
obrigados apenas por $100 cada um). No entanto, se o objeto, ao invés de 
dinheiro, for um bem indivisível (ex.: um touro reprodutor, uma casa) a 
solidariedade permanece. Não pela solidariedade propriamente dita, mas pela 
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indivisibilidade da coisa. No entanto a responsabilidade dos herdeiros 
reunidos não poderá ser superior às forças do acervo hereditário. 
 O pagamento parcial feito por um devedor só aproveita aos demais 
devedores pelo valor pago ou relevado (art. 275, CC). Ou seja, os demais 
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
 O perdão concedido a um dos coobrigados extingue a dívida na parte a ele 
correspondente (art. 277, CC). 
 Nenhuma cláusula estipulada entre um devedor e o credor pode agravar a 
situação dos demais devedores, sem o consentimento deles (art. 278, CC). 
Ex.: “A” é credor de “B”, “C” e “D”. “B” renegocia a dívida com “A”. Se esta 
renegociação for realizada sem a anuência dos demais devedores e os 
prejudicar, não valerá para eles. 
 Impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores  extingue 
a obrigação; b) por culpa de um devedor  a solidariedade continua para 
todos; todos os devedores continuam com a obrigação e responderão pelo 
equivalente em dinheiro; mas só o devedor culpado responderá pelas perdas 
e danos (art. 279, CC). 
 Todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação tenha 
sido proposta contra um, mas o culpado responde aos outros pelo acréscimo 
(art. 280, CC). 
 O devedor demandado pode opor as exceções (formas de defesa) 
pessoais e as comuns a todos; porém não pode opor as pessoais de outro 
devedor (art. 281, CC). Ex.: “A” e “B” devem para “C”. No entanto “C” 
também deve para “B”. Por este dispositivo, somente “B” pode alegar a 
compensação, pois esta é considerada como uma "exceção pessoal". 
Continuando: “B” não pode alegar a eventual compensação entre “A” (o outro 
devedor) e “C”, pois esta é uma exceção pessoal de “A” e não de outro 
devedor. 
 Se o credor renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns 
devedores, só poderá acionar os demais abatendo o valor do débito a parte 
ou àqueles correspondentes, entretanto, se um dos coobrigados for 
insolvente,o rateio da obrigação atingirá também o exonerado da 
solidariedade (art. 282, parágrafo único, CC). Ex.: “A” é credor de “W”, “X”, 
“Y”, “Z”, no valor de 200 (50 cada devedor) sendo que ele renuncia à 
solidariedade em relação a “W”. Neste caso “A” somente pode demandar “X”, 
“Y” e “Z” solidariamente por 150. “A” continua credor de “W” no valor de 50. 
Mas sem a solidariedade. Observem que houve renúncia somente em 
relação à solidariedade. E não renúncia (ou perdão) da divida. 
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 O devedor que paga toda a dívida tem o direito de regresso, isto é, pode 
exigir a quota dos demais devedores, rateando-se entre todos o quinhão do 
insolvente, se houver; presumem-se iguais as partes de cada devedor; 
essa presunção admite prova em contrário (juris tantum - art. 283, CC). 
 Se a dívida interessa apenas a um dos devedores, responde este perante o 
qual a paga. Ex.: avalista que paga uma nota promissória; como garantidor 
da obrigação, ele deve ser reembolsado pelo total pago; neste caso não se 
fala em quotas (art. 285, CC). 
Extinção da solidariedade passiva 
 Morrendo um dos codevedores, desaparece a solidariedade em relação a 
seus herdeiros, embora continue a existir quanto aos demais 
coobrigados. 
 Renúncia total do credor. 
 Observações 
01) A obrigação de pagar alimentos geralmente é conjunta, mas existe 
previsão de solidariedade passiva no estatuto do idoso, ou seja, o idoso poderá 
escolher o parente que lhe pagará os alimentos. 
02) Se um devedor solidário for demandado sozinho em um processo de 
conhecimento, não poderá se eximir de pagar a dívida que está sendo cobrada. 
No entanto ele poderá trazer os demais devedores a este processo, utilizando-se 
do instituto conhecido como “chamamento ao processo”. Trata-se de um 
incidente processual pelo qual o devedor demandado chama, para integrar o 
mesmo processo, os demais coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los 
também responsáveis pelo resultado do feito. É uma forma de intervenção de 
terceiros em um processo a fim de que a sentença disponha sobre a 
responsabilidade de todos os envolvidos. Assim, o devedor já obtém sentença 
que pode ser executada contra os demais codevedores. Esse instituto 
(chamamento ao processo) é matéria de Direito Processual Civil (art. 77, CPC). 
OUTRAS IMPORTANTES MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO 
A) Obrigações quanto ao Conteúdo (de resultado, meio ou garantia). 
1) Obrigações de Resultado (ou de fim): quando só se consideram 
cumpridas com a obtenção de um resultado preestabelecido, geralmente 
oferecido pelo próprio devedor. Ex.: contrato de transporte (levar o passageiro a 
seu destino são e salvo); a doutrina costuma também citar o exemplo do 
médico especialista em “cirurgia plástica-estética”. Na obrigação de resultado o 
devedor responde independentemente de culpa (há, portanto, responsabilidade 
objetiva). Ou seja, o credor deve apenas provar que o resultado não foi 
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atingido. Porém, é possível a demonstração de que o resultado não foi 
alcançado por fator alheio à atuação do devedor (ex.: caso fortuito, força maior, 
culpa exclusiva do credor, etc.), o que excluiria sua responsabilidade. 
2) Obrigações de Meio (ou de diligência): quando o devedor só é 
obrigado a empenhar-se para conseguir o resultado, mesmo que este não seja 
alcançado. Ex.: o advogado em relação ao cliente; ele não se obriga a vencer a 
causa, mas trabalhar com empenho para ganhá-la. Se o resultado visado não 
for alcançado só poderá ser considerado o inadimplemento do devedor se se 
provar a sua falta de diligência. Assim, a culpa não pode ser presumida; o 
credor deve prová-la (responsabilidade subjetiva). O mesmo ocorre com um 
médico para salvar a vida de um paciente. 
 Observação: Segundo jurisprudência do STJ e da doutrina deve-se 
distinguir a cirurgia plástica em: a) puramente estética (resultado); b) 
estética reparadora (meio). Na cirurgia plástica puramente estética a sua 
finalidade é a de promover o embelezamento da pessoa, não tendo qualquer 
ligação com o funcionamento de determinado órgão ou parte do corpo humano 
(obrigação de resultado). Já na cirurgia plástica estética reparadora (de 
reconstrução estética, restauração e complementar, destinando-se a sanar 
defeito congênito) a finalidade principal é com relação à funcionalidade de 
determinado órgão ou parte do corpo (obrigação de meio), assumindo o fator 
beleza um caráter secundário. Exemplo: o implante de prótese “seio de 
silicone”, não havendo qualquer anomalia na mama é hipótese de cirurgia 
plástica puramente estética; já a implantação de seios de silicone em 
decorrência de mastectomia (remoção completa da mama para tratamento de 
câncer) é hipótese de cirurgia estética reparadora (obrigação de meio). 
3) Obrigações de Garantia: são as que visam eliminar um risco que 
pesa sobre o credor ou as suas consequências; seu objetivo é a estipulação de 
uma garantia pessoal em um contrato, propiciando maior segurança ao 
credor. Ex.: fiança no contrato de locação; contrato de seguro, etc. 
B) Obrigações quanto à Divisibilidade 
1) Obrigações Divisíveis (art. 257, CC): são as que comportam 
fracionamento, quer quanto à prestação, quer quanto ao próprio objeto sem 
prejuízo de sua substância ou de seu valor. A obrigação pode ser cumprida 
parcialmente sem prejuízo de sua substância e de seu valor. Ex.: devo R$ 
12.000, sendo que a dívida pode ser parcelada em 12 parcelas de R$1.000,00. 
Havendo pluralidade de credores ou devedores será feito um rateio (ou 
concurso) entre eles (“as partes se satisfazem pelo concurso”). A obrigação 
presume-se dividida em tantas partes iguais e distintas, quantos forem os 
credores ou devedores. Ex.: devo R$ 12.000,00 a “A”, “B” e “C”. Sendo a 
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obrigação divisível presume-se que estou devendo R$ 4.000,00 a cada um dos 
credores. 
2) Obrigações Indivisíveis (art. 258, CC): são aquelas cuja prestação 
só pode ser cumprida por inteiro (a prestação é única), não admitindo sua cisão 
em várias prestações. Espécies: a) convencional: pactuada pelas partes. Ex.: 
pagamento de uma dívida em dinheiro à vista. Assim, ainda que o objeto da 
obrigação seja divisível (ex.: dinheiro) o credor não pode ser obrigado a receber 
em partes, se assim não se ajustou. b) natureza da obrigação (ex.: entregar 
um cavalo, um touro); c) legal (ex.: dívidas de alimentos). 
Regras aplicáveis às obrigações indivisíveis: 
 Havendo dois ou mais devedores cada um será obrigado pela dívida toda. O 
devedor que paga a dívida inteira sub-roga-se no direito do credor, havendo 
ação de regresso em relação aos demais coobrigados (art. 259, CC). 
 Havendo pluralidade de credores, o devedor (ou devedores) somente se 
desobrigará pagando a todos conjuntamente ou a um dos credores, dando 
este caução (garantia) de ratificaçãodos outros credores (art. 260, CC). 
 Caso somente um dos credores receba toda a dívida, os demais poderão 
exigir deste a parte que lhes cabia em dinheiro (art. 261, CC). 
 No caso de remissão (perdão) por parte de um dos credores, a obrigação não 
ficará extinta em relação aos demais, que poderão exigir as suas quotas, 
descontada a parte remitida (art. 262, CC). Ex.: se Antônio deve um 
cavalo no valor de noventa mil a Bernardo, Carlos e Deodoro e este último 
perdoa a dívida, Antônio continuará obrigado a entregar o cavalo a Bernardo 
e Carlos. No entanto estes devem reembolsar Antônio na parte em Deodoro 
perdoou (trinta mil). 
 Se o objeto vier a perecer por culpa do devedor, a obrigação passa a ser de 
perdas e danos. Neste caso o objeto perde a indivisibilidade e passa a ser 
divisível, pois o objeto primitivo (indivisível) será substituído pelo equivalente 
em dinheiro, mais perdas e danos (que é divisível). Se houver culpa de todos 
os devedores, responderão todos por partes iguais; se a culpa for só de um, 
somente este responderá pelas perdas e danos (art. 263, CC). 
 As obrigações de dar e fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis. Já as de não 
fazer somente podem ser indivisíveis. 
 Exemplo Clássico. Imaginem que “A” e “B” se obrigam a entregar a “C” um 
touro reprodutor, premiado em exposições. Esta é uma obrigação divisível ou 
indivisível? É indivisível, claro! Pois um touro reprodutor não pode ser dividido, 
dada a sua natureza. E a obrigação de entregar o touro é solidária? Como vimos 
anteriormente a solidariedade não se presume! Ela deve estar expressa na 
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lei ou no contrato (vontade das partes). Como a pergunta nada menciona sobre 
a solidariedade, devemos entender que a obrigação é apenas indivisível (e não 
solidária). Desta forma, se o examinador deseja perguntar algo sobre a 
solidariedade, deve deixar isto bem claro na questão. E se o touro morrer antes 
da entrega, por culpa do devedor? Como vimos, a obrigação de entregar o touro 
que morreu será substituída pela indenização (dinheiro, que é divisível) e por tal 
motivo a obrigação passará a ser divisível. 
 Solidariedade X Indivisibilidade 
a) A solidariedade está baseada em relação jurídica subjetiva (diz respeito 
aos sujeitos da relação obrigacional) resultante da lei ou da vontade das 
partes, trazendo maior garantia ao credor Já a indivisibilidade está baseada em 
relação jurídica objetiva (diz respeito ao objeto da relação jurídica), em razão 
da natureza indivisível da prestação. 
b) Se ocorrer a conversão em dinheiro na obrigação indivisível, 
esta deixa de existir (a obrigação se torna divisível). Se ocorrer a 
conversão na solidariedade, esta continua a existir. Comparem seguintes 
artigos do Código: a) art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que 
se resolver em perdas e danos; b) art. 271. Convertendo-se a prestação em 
perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Ex.: eu deveria 
entregar um touro a dois credores, mas o mesmo morreu. Se a obrigação for 
apenas indivisível transformo o valor do touro em dinheiro e divido pelos dois 
credores: agora ficarei devendo metade do valor do touro para cada um dos 
credores. No entanto se foi pactuada a solidariedade, mesmo havendo a 
conversão em dinheiro, a solidariedade permanece: continuo devendo o valor 
integral do touro a ambos os credores. Isso porque como dissemos 
anteriormente, a solidariedade recai sobre as pessoas e não sobre o objeto. 
c) No caso da indivisibilidade as perdas e danos só podem ser exigidas 
do culpado pelo perecimento do objeto (arts. 263, §2°, CC). Já na solidariedade 
a prestação e as perdas e danos podem ser exigidas de qualquer um dos 
codevedores, mas quem pagou tem ação de regresso contra os demais, 
acrescido, contra o culpado das perdas e danos (arts. 271 e 279, CC). 
d) A solidariedade cessa com a morte, não se transmitindo aos 
sucessores; já a obrigação indivisível se transmite aos sucessores tal como 
pactuada (ou seja, a obrigação, mesmo com a morte de um dos contratantes, 
não se desnatura; continua sendo indivisível). 
 
 
 
 
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OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
A) QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS 
1) Obrigações Puras e Simples: são as que não estão sujeitas a 
nenhum elemento acidental, como a condição, o termo ou o encargo. O credor 
pode exigir o cumprimento da prestação de imediato. 
2) Obrigações Condicionais: são as que contêm cláusula que subordina 
seu efeito a evento futuro e incerto (ex.: eu lhe darei um carro se você entrar 
em uma universidade pública). Podem ser suspensivas (há uma expectativa de 
direito) ou resolutivas (perdem a eficácia quando implementada a condição). 
3) Obrigações a Termo (obrigações à prazo): são aquelas que contêm 
cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e certo (ex.: eu lhe darei um 
carro no fim deste ano). Se o devedor cumprir a obrigação de forma antecipada 
não terá direito de pedir a prestação de volta. O termo não suspende a 
aquisição do direito, apenas adia seu exercício. 
4) Obrigações Modais: são as oneradas de um encargo, um ônus à 
pessoa contemplada pela relação jurídica (ex.: dou-lhe dois terrenos, mas em 
um deles deve ser construída uma escola). 
B) QUANTO À AUTONOMIA DE EXISTÊNCIA (INDEPENDÊNCIA) 
1) Obrigações Principais: são as que independem de qualquer outra 
para ter validade (ex.: compra e venda, locação, etc.); são dotadas de vida 
própria e autônoma. 
2) Obrigações Acessórias: são as que têm sua existência subordinada a 
outra relação jurídica (ex.: a fiança é uma obrigação acessória em relação ao 
contrato de locação; da mesma forma a multa contratual é acessória em relação 
a uma obrigação qualquer, etc.). A extinção, ineficácia, nulidade ou prescrição 
da obrigação principal reflete-se na acessória. Lembre-se da regra segundo a 
qual o acessório segue a sorte do principal (princípio da gravitação jurídica). O 
inverso, porém, não é verdadeiro, pois se houver algum vício na obrigação 
acessória, em nada afetará a principal. 
C) QUANTO À LIQUIDEZ 
1) Obrigações Líquidas: são aquelas certas quanto à existência e 
determinadas quanto ao objeto. Ex.: entregar uma casa; entregar 
R$1.000,00, etc. Nelas se acham especificadas, de modo expresso, a 
quantidade, a qualidade e a natureza do objeto devido. O inadimplemento de 
obrigação positiva e líquida constitui o devedor em mora de pleno direito se não 
for cumprida no prazo (falaremos da mora ainda nesta aula). 
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2) Obrigações Ilíquidas: são aquelas incertas quanto à sua 
quantidade; dependem de uma apuração prévia, posto que o montante da 
prestação ainda é indeterminado. O exemplo clássico deste tipo de obrigação é a 
sentença penal condenatória com trânsito em julgado (ou seja, a que não cabe 
mais nenhum recurso).

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