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Aula 01 Direito Tributário p/ TRF 2ª Região (Analista Judiciário - Área Judiciária e Oficial) Com videoaulas Professor: Fábio Dutra Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 100 AULA 01: Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar (Princípios Tributários) SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 02 Princípios Constitucionais Tributários 06 Lista das Questões Comentadas em Aula 80 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 100 Observações sobre a Aula Olá, amigo(a)! Tudo bem com você? Seja muito bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário para o cargo de Analista Judiciário ± Área Judiciária, do TRF ± 2ª Região! Fico muito grato por você está lendo essa aula, pois isso é o sinal de que você depositou a sua confiança em nosso trabalho. Justamente por esse motivo é que estamos trabalhando dias e noites ± algumas madrugadas, inclusive ± para trazer aulas que venham agregar verdadeiro conhecimento para enfrentar as provas! Vamos ao que interessa! Na aula de hoje, estudaremos a primeira parte das limitações constitucionais ao poder de tributar. Vamos tratar apenas dos princípios constitucionais, sendo que as imunidades ficarão para a próxima aula (parte II). Ok? Saiba que a aula de hoje é muito importante para a compreensão do Direito Tributário, como um todo. Portanto, fique de olhos bem abertos! Prepare o café, a caneta e... bons estudos! Comecemos! Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 100 1 ± LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR Prezado candidato, vamos manter o foco total a partir de agora, pois HVVH�DVVXQWR�³GHVSHQFD´�HP�SURYDV�GH�FRQFXUVR, e eu tenho certeza de que haverá pelo menos uma questão sobre o tema na sua prova! Por essa razão, vamos nos aprofundar no ponto certo para que você domine o assunto e VHMD�FDSD]�GH�³GHWRQDU´�D�TXHVWmR�TXH�FDLU��7XGR�EHP"�Vamos lá! Conforme você já deve ter estudado no Direito Constitucional, para a formação de um Estado são necessários três elementos: território, povo e governo soberano. Perceba que é dessa soberania do governo que surge o poder de tributar do Estado. Na aula passada, nós já havíamos aprendido que o Estado existe para a consecução do bem comum, e é para isso que ele é dotado de poderes que o colocam em condições de superioridade em relação aos contribuintes. Afinal de contas, se não houvesse certa coação, ninguém se sentiria obrigado em contribuir. Assim, os entes federados receberam competência tributária (assunto a ser detalhado em momento oportuno), que é o poder constitucional para instituir tributos - impostos, taxas, contribuições de melhorias, por exemplo. Contudo, precisamos entender que o poder de tributar não é ilimitado, pois se o fosse, a vontade arrecadatória estatal poderia ser desmedida a ponto de prejudicar a vida financeira dos cidadãos. Muito lógico, não?! Nesse rumo, para que tal poder represente a vontade do povo em um Estado democrático de direito, ele deve estar previsto no texto constitucional. Podemos dizer que o poder de tributar é um poder de direito. Portanto, a relação entre contribuinte e Estado deve ser dotada de juridicidade, e não simplesmente uma imposição de poder. Com isso, nossa Constituição Federal impõe limitações ao poder de tributar, por meio de princípios e de imunidades tributárias, em seus artigos 150, 151 e 152. Basicamente, podemos dizer que as limitações ao poder de tributar são constituídas por princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 100 As limitações constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios e imunidades. Guarde isso! Há que se ressaltar, no entanto, que nem todas as limitações foram previstas nesse trecho, ou mesmo no texto constitucional, pois o próprio art. 150 menciona que pode haver outras garantias asseguradas aos contribuintes, além daquelas previstas naquele texto. De fato, há limitações previstas em outras partes da CF/88, como a imunidade de pagamento de taxas para obtenção de certidões na hipótese prevista no art. 5°, XXXIV, b. Além disso, o § 2°do mesmo artigo menciona que os direitos e garantias expressos na CF não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. É relevante observar também que cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II, CF/88). Preste atenção, pois isso cai bastante em prova. A lei complementar apenas regula as limitações constitucionais ao poder de tributar, não tendo autonomia para instituir novas limitações. Cumpre-nos destacar também a relação entre as limitações ao poder de tributar e as cláusulas pétreas. Você já ouvir falar sobre isso? O legislador constituinte determinou ± art. 60, § 4°, IV, da CF ± que os direitos e garantias individuais não podem ser abolidos por emendas constitucionais. A essa proibição denominamos cláusula pétrea. Tais normas são previstas como uma espécie de blindagem, para que a Constituição não sofra sucessivas emendas que a desvirtue dos princípios que foram nela consolidados quando houve sua promulgação. Com base no que acabamos de aprender, grande parte das limitações constitucionais ao poder de tributar podem ser consideradas como direitos individuais do contribuinte, sendo, portanto, cláusulas pétreas. Não é possível, portanto, que uma emenda constitucional venha reduzir, criar exceções ou mesmo suprimir uma limitação ao poder de tributar, pois estaria abolindo um direito individual. Note que o contrário não é proibido, ou Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 100 seja, é permitido que uma emenda constitucional venha acrescentar novos direitos aos contribuintes, instituindo outras limitações ao poder de tributar. Devemos estar atentos também ao fato de que a forma federativa de Estado também é uma cláusula pétrea (art. 60, §4°, I). Como ainda vamos ver, a imunidade recíproca (imunidade, como vimos, é uma forma de limitação ao poder de tributar) proíbe que os entes federados instituam impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros. Nesse contexto, se uma emenda constitucional permite que a União cobre impostos sobre o patrimônio dos Municípios, por exemplo, estaria violando uma cláusula pétrea também. Portanto, não é somente a limitação ao poder de tributar referente aos direitos dos contribuintes que podem ser caracterizadas como cláusulas pétreas. O exemplo que eu dei em relação à imunidade recíproca ilustra que devemos analisar cada situação para verificar se a emenda está ferindo ou não o art. 60, § 4° e suas hipóteses. Abaixo, vou exemplificar as limitações que já foram consideradas pelo STF como cláusulas pétreas: Princípio da anterioridade (previsto no art. 150, III, b, da CF/88); Princípio da anterioridadenonagesimal (previsto no art. 195, § 6°, da CF/88) Princípio da imunidade tributária recíproca (previsto no art. 150, VI, a, da CF/88); Imunidade dos templos de qualquer culto (prevista no art, 150, VI, b, da CF/88); Imunidade do patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos, entidades sindicais e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (prevista no art, 150, VI, c, da CF/88); Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (prevista no art. 150, VI, d, da CF/88). Agora que já tivemos uma noção razoável do que são as limitações constitucionais ao poder de tributar, podemos começar a falar dos princípios tributários. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 100 Questão 01 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Em matéria tributária, de acordo com a Constituição Federal, compete à Lei Complementar instituir as limitações constitucionais ao poder de tributar. Comentário: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. No entanto, a instituição de novas limitações é tarefa exclusiva do legislador constituinte. Questão errada. Questão 02 ± CESPE/MPE-RR/2008 Consoante jurisprudência firmada pelo STF, o poder que tem o Estado de tributar sofre limitações que são tratadas como cláusulas pétreas. Comentário: De fato, como vimos, muitas das limitações constitucionais ao poder de tributar já foram consideradas pelo STF como cláusulas pétreas. Questão correta. Questão 03 ± CESPE/Juiz-Sergipe/2004 O poder de tributar decorre de uma relação de poder e não de uma relação jurídica, de modo que seu exercício não depende de previsão expressa no texto constitucional. Comentário: A relação entre o contribuinte e o fisco é dotada de juridicidade, pois existe uma lei instituiu o tributo. Como a lei é criada pelos representantes do povo, não podemos afirmar que há uma relação de poder, mas sim uma relação jurídica à que se sujeitam os próprios contribuintes. Questão errada. Questão 04 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 Lei ordinária pode estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, mas somente lei complementar pode regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Comentário: Realmente, somente lei complementar pode regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 100 No entanto, o art. 146, III, da CF/88, estabelece que apenas lei complementar pode estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária (estudaremos isso em outra aula). Isso é o que torna a questão errada. Questão 05 ± FCC/Proc. Leg.-Câmara-SP/2014 1D�VHomR�GHQRPLQDGD�GDV� ³OLPLWDo}HV� FRQVWLWXFLRQDLV�DR�SRGHU�GH� WULEXWDU´� R� texto constitucional dispõe sobre a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar. c) capacidade tributária para cobrar tributos. d) imunidades e isenções tributárias. e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos instituídos na Constituição Federal. Comentário: Não será necessário analisar todos as assertivas, já que a questão é bastante direta. De acordo com o que estudamos, as limitações constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios ou regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. Portanto, a resposta é a Alternativa A. 2 ± PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 2.1 ± Princípio da Legalidade O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de que uma lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na verdade, de uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis são editadas pelo Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam a vontade do povo. 'H�DFRUGR�FRP�R�DUW�����,,��GD�&)�����³QLQJXpP�VHUi�REULJDGR�D�ID]HU� RX�GHL[DU�GH�ID]HU�DOJXPD�FRLVD�VHQmR�HP�YLUWXGH�GH�OHL´��&RPR�o tributo é uma prestação pecuniária compulsória (é uma obrigação, portanto), deve ser instituído em lei, como decorre do seu próprio conceito, estampado no art. 3° do CTN. Da mesma forma, as multas tributárias, apesar de se distanciarem do conceito de tributo, devem ser instituídas em lei, pois elas são prestações obrigatórias, assim como aqueles. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 100 Tal princípio também é denominado por alguns estudiosos de princípio da reserva legal. Portanto, caro candidato, você pode considerar correta a questão que fizer menção tanto à legalidade quanto ao princípio da reserva legal. ³A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da reserva legal´���67)��$',� 1.709) Obs.: Os emolumentos cartorários são taxas judiciárias. Embora o dispositivo constitucional apenas se refira à instituição e majoração de tributos, devemos considerar que a norma que institui ou majora é a mesma que reduz ou extingue o tributo. Em consonância com o disposto na CF/88 acerca do princípio da legalidade, o CTN ressalta, entre outros aspectos, que a instituição/extinção e a majoração/redução de tributos deve ser feita somente por lei, conforme vemos a seguir: ³�$UW������6RPHQWH�D�OHL�SRGH�HVWDEHOHFHU� I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução ������´ Outro ponto a ser estudado é a possibilidade de delegação do Congresso Nacional ao Presidente da República, para editar as chamadas leis delegadas. A princípio, seria estranho dizer que o Presidente da República poderia editar leis, mas como tal permissão foi prevista no texto da CF/88, não há qualquer vício nessa norma. O que você precisa saber sobre o tema é que o Chefe do Executivo ( o Presidente da República) pode criar leis delegadas, inclusive sobre matéria tributária, pois tal assunto não foi proibido no § 1° do art. 68 da CF/88, o qual elenca as restrições de tais normas. Além disso, saiba que este instrumento normativo foi usado poucas vezes, por ser mais fácil editar uma medida provisória. As medidas provisórias (MPs) são atos normativos editados pelo Presidente da República que possuem vida curta, e devem obedecer aos requisitos constitucionais de urgência e relevância (art. 62, caput). Além disso, são imediatamente submetidas ao Congresso Nacional, podendo ser ou não convertidas em lei. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 100 De acordo com o STF (RE 217.162/DF), os requisitos de urgência e relevância são políticos. Isto é, em princípio, a sua apreciação fica a cargo do Presidente da República. Contudo, admite-se o controle judicial se houver excesso do poder de legislar. Há muitas discussões a respeito da possibilidade de que as medidas provisórias tratem sobre matériatributária e se elas seriam capazes de instituir tributos. O que o aluno deve guardar a respeito do assunto é que as MPs podem tratar sim de matéria tributária bem como instituir tributos, inclusive isso consta na Magna Carta (art. 62, § 2°), quando esta dispõe sobre a instituição e majoração de impostos por meio de MP, e que, além disso, esse tem sido o entendimento do STF: EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei. 3. A Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e modificar tributos e contribuições sociais. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, AI 236.976/MG-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Néri da Silva, Julgamento em 17/08/1999) Destaque-se que a MP não pode tudo na seara tributária, pois a CF (art. 62, 1°, III) proibiu a edição de MPs que versem sobre matéria reservada a lei complementar. Há vários temas, em matéria tributária, cujo tratamento é restrito às leis complementares. Veremos durante este curso todas as situações em que tal requisito se faz necessário. Vai ser muito importante gravar todas as hipóteses, pois nem sempre a questão pergunta diretamente se uma MP pode regulamentar matérias destinadas às LCs. Algumas questões mencionam o assunto, e perguntam se é possível se utilizar de uma MP para regulamentar aquilo. A grosso modo, você já pode fazer uma leitura nos arts. 146; 146-A; 148; 153, VII; 154, I; 195, § § 4° e 11. Há ainda outros temas em Direito Tributário que devem ser tratados por lei complementar. Contudo, são bem específicos de cada tributo, motivo pelo qual deixarei para estudarmos quando estivermos nos aprofundando sobre cada assunto, ok? Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 100 2.1.1 ± Exceções ao Princípio da Legalidade Vimos até aqui que a regra geral é que a instituição/extinção e a majoração/redução devem obedecer ao princípio da legalidade ou reserva legal, correto? Para a instituição e extinção, devemos considerar que a regra não possui exceção, ou seja, todos tributos são criados e extintos por lei! Contudo, isso não se repete quando o assunto é majoração/redução de tributos. No texto constitucional inicial, foram previstas quatro exceções ao princípio da legalidade, no que se refere à alteração unicamente de alíquotas dentro dos limites legais, quais sejam: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo o CTN, é possível a alteração das alíquotas e bases de cálculo. Saiba que isso não deve ser encarado como verdadeiro, pois a CF recepcionou apenas a alteração de alíquotas como exceção ao princípio da legalidade. Nesses casos, a alteração das alíquotas não ocorre por lei, mas por atos infralegais (por decreto do Presidente da República, por exemplo). Mas por que esses tributos gozam de tal privilégio? Ora, trata-se de tributos extrafiscais, cuja finalidade principal não é arrecadar, mas sim regular a economia. Nós já estudamos as classificações dos tributos na aula anterior, lembra? Pois bem, para cumprir com os fins que lhes foram propostos é mais do que necessário haver certa flexibilização para que o Governo intervenha na economia com agilidade e eficácia. Além dessas exceções ao princípio da legalidade, duas outras surgiram com a Emenda Constitucional 33/2001, tratando sobre a tributação de combustíveis. A primeira delas se refere à CIDE-Combustíveis, tributo que já foi por nós estudado também na aula anterior. A exceção foi prevista no art. 177, § 4°, I, b, da CF/88, que afirma que a alíquota da referida contribuição poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 100 Caro aluno, entenda que restabelecer a alíquota significa elevá-la ao limite máximo fixado inicialmente pela lei. Ou seja, a lei, quando cria o tributo, prevê certa alíquota, como, por exemplo, 30%. Com a redução por ato do Poder Executivo, a alíquota poderia ser reduzida para 10%. Neste caso, para permanecer como exceção ao princípio da legalidade, as alíquotas só poderiam ser restabelecidas ao que foi inicialmente previsto, que é 30%. Caso fosse cobrado algo além desse percentual, estaria caracterizada a majoração de alíquotas, que deverá ocorrer por meio de uma lei. A segunda das exceções que foram criadas pela EC 33/2001 é a referente ao ICMS-Combustíveis, prevista no art. 155, § 4°, IV, da CF/88. Perceba, pela redação do dispositivo em análise, que as alíquotas serão fixadas mediante deliberação dos Estados e do DF, por meio de convênios interestaduais, que, hoje, são realizados no âmbito do Conselho de Política Fazendária (CONFAZ). Observação: O ICMS-Combustíveis, também denominado ICMS-monofásico, é o imposto de incidência monofásica (uma incidência em toda etapa de circulação da mercadoria), que se aplica tão somente aos combustíveis e lubrificantes definidos em lei complementar, conforme estabelece o art. 155, ����;,,��³K´��3RU�RUD��p�VRPHQWH�LVVR�TXH�YRFr�SUHFLVD�SDUD�DFHUWDU�TXHVW}HV� relativas ao princípio da legalidade. Não caiD�HP�³SHJDGLQKDV´��DILUPDQGR�TXH�DV�DOtTXRWDV�GR� ICMS podem ser fixadas por decreto estadual! Não existe essa possibilidade! Neste caso, a fixação das alíquotas sempre estará excetuada da legalidade, mesmo que haja aumento superior ao que foi inicialmente previsto, pois isso é o que se extrai da norma constitucional��1D�DOtQHD�³F´�GHVVH�PHVPR� inciso IV, fala-se sobre o restabelecimento, mas veja que ele se refere a outro princípio, o da anterioridade, que será posteriormente estudado por nós ainda nesta aula. Pela riqueza de detalhes, deixarei abaixo um breve resumo do que estudamos neste último tópico: Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de cálculos) está excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE- Combustíveis e ICMS-Combustíveis; As exceções da CIDE-Combustíveis e do ICMS-Combustíveis só entraram na CF com a EC 33/2001, e são justamente elas que guardam peculiaridades; Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 100 A CIDE-Combustíveis, embora possa ter sua alíquota alterada por decreto do Poder Executivo, este somente poderá reduzir e RESTABELECER as alíquotas ao máximo que foi inicialmente previsto. O ICMS-Combustíveis deve ser alterado mediante deliberação dos Estados e do DF, mas pode ter a alíquota livremente fixada, sem se sujeitar ao rito legal. Creio que com esse resumo não tenha ficado difícil para ninguém. Afinal, basta que o aluno guarde as 4 exceções que foram incialmente previstas, as duas que vieram depois, e que cada uma dessas duas últimas possui uma peculiaridade, que as distingue entre si e das outras 4. Por fim, eu gostaria de acrescentar algumas situações em matéria tributária que escapam do rigor da lei, ou seja, são exceções ao princípio da legalidade. Trata-se da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo e da fixação do prazo para recolhimento da exação tributária. A atualização do valor monetário da base de cálculo foi expressamente permitida pelo § 2° do art. 97 do CTN. Ressalte-seque não se deve confundir atualização com aumento, este está sujeito a edição de lei. Portanto, os entes federados devem observar o índice oficial de correção monetária para atualizar a base de cálculo dos tributos. A correção que for realizada em valor superior a tal índice revela aumento de tributo e isso só é possível por lei, como vimos. Não poderia, portanto, ser realizada por ato do Poder Executivo (decreto, por exemplo). Nesse sentido, vejamos a seguinte súmula do STJ: Súmula STJ 160 ± É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. No que se refere ao prazo para recolhimento dos tributos, o STF (RE 195.218/MG) já se posicionou no sentido de que, se a matéria não foi prevista no art. 97 do CTN (dispositivo que relaciona as situações que se sujeitam ao princípio da legalidade), não há motivo para criar tal restrição. Há exceção ao princípio da legalidade, no que se refere à majoração de alíquotas, não sendo extensível às bases de cálculo (permite-se, neste caso, apenas a atualização monetária). Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 100 Resumindo, além das exceções relativas à alteração de alíquotas dos tributos citados, temos as seguintes matérias que não necessitam obedecer ao princípio da legalidade: Atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo; Alteração do prazo para recolhimento dos tributos. Questão 06 ± FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014 Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça, por não possuir natureza tributária, não viola o princípio da legalidade tributária. Comentário: Sabe-se que os emolumentos cartorários são tributos da espécie taxa. Portanto, sua instituição deve ocorrer por meio de lei, em obediência ao princípio da legalidade tributária. Questão errada. Questão 07 ± FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014 Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a definição de vencimento das obrigações tributárias sujeita-se ao princípio da legalidade tributária. Comentário: A definição da data de vencimentos das obrigações tributárias não se sujeita ao princípio da legalidade tributária. Questão errada. Questão 08 ± FGV/Juiz-TJ-MS /2008 A vedação que impede a União, os Estados, o DF e os Municípios de exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça consagra o princípio da legalidade tributária. Comentário: A questão conceituou o princípio da legalidade, estando, portanto, correta. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 100 Questão 09 ± CESPE/AGU/2004 As alíquotas dos impostos de importação e exportação podem ser alteradas por decreto, de acordo com os limites previstos em lei, o que constitui atenuação ao princípio da legalidade. Comentário: Conforme preceitua o art. 153, § 1º, da CF/88, as alíquotas do II, IE, IPI e IOF podem ser alteradas por decreto, que é um ato infralegal. Questão correta. Questão 10 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção monetária. Comentário: Trata-se de interpretação a contrario sensu da Súmula 160 do STJ. Questão correta. Questão 11 ± CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei, em sentido formal, configura o veículo apto para instituir tributo, razão pela qual é vedada a instituição de tributo por intermédio de medida provisória. Comentário: Apenas lei, em sentido formal, ou instrumento normativo de igual força pode instituir tributo. O entendimento do STF é no sentido da possibilidade de as MPs instituírem ou modificarem tributos, ressalvados os que estiverem sujeitos à reserva de lei complementar. Questão errada. Questão 12 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 É vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que estabeleça essa exigência ou esse aumento, não se aplicando essa vedação aos empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. Comentário: Assertiva bastante forçada, não é mesmo? Instituição ou majoração de empréstimo compulsório sujeita-se à edição de lei complementar. Questão errada. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 100 Questão 13 ± FCC/AFR-SP/2013 É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a legalidade tributária estrita, incluída na Constituição Federal de 1988 pela Emenda Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003. Comentário: O princípio da legalidade existiu em quase todas as constituições brasileiras, tendo sido previsto na CF/88 desde a sua promulgação. Portanto, a questão encontra-se errada. Questão 14 ± INÉDITA/2015 O princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF/88, dispõe que a instituição ou majoração de tributos deve ser feita por meio de lei. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os tributos podem ser também instituídos ou majorados por medida provisória. Comentário: O STF entende que a medida provisória tem força de lei, podendo instituir ou modificar tributos. Questão correta. Questão 15 ± INÉDITA/2015 O princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF/88, dispõe que a instituição ou majoração de tributos deve ser feita por meio de lei. No entanto, admite-se, em alguns casos, a instituição de tributos extrafiscais por meio de decreto do Poder Executivo. Comentário: Não há exceções quanto à instituição de tributos, devendo ser respeitado o princípio da legalidade. Questão errada. Questão 16 ± INÉDITA/2015 As alíquotas do ICMS monofásico, incidente sobre os combustíveis e lubrificantes definidos em lei complementar, podem ser livremente fixadas pelo Poder Executivo estadual, por meio de decreto. Comentário: Não confunda! Embora seja exceção à legalidade, a alteração das alíquotas do ICMS somente se faz possível mediante celebração de convênios interestaduais, no âmbito do CONFAZ. Questão errada. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 100 2.2 ± Princípio da Isonomia O estudo desse princípio exige o conhecimento de diversos entendimentos jurisprudenciais. Veremos todos os principais que já caíram e que possam vir a cair em provas de concurso. Por isso, vamos fazer da seguinte forma: estudaremos inicialmente os conceitos básicos do princípio, para, logo em seguida, partir para a análise dos posicionamentos dos tribunais. Ok? Precisamos saber, basicamente, que isonomia significa o mesmo que igualdade. Você deve estar pensando que igualdade seria tributar TODOS contribuintes igualmente, certo? Entretanto, esse pensamento não está correto. Vejamos o que a nossa CF fala acerca do princípio da isonomia: ³$UW�������6HP�SUHMXt]R�GH�RXWUDV�JDUDQWLDV�DVVHJXUDGDV�DR�FRQWULEXLQWH�� é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direLWRV�´ Antes de analisarmos a norma, quero ressaltar que o princípio da isonomia possui como destinatários tanto o legislador (Poder Legislativo) aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário). No primeiro caso, dizemos que se trata da igualdade na lei; no segundo, igualdade perante a lei. Vale dizer, o princípio deve ser obedecido não só no momento da elaboração das leis, mas também na sua aplicação. Observe que, segundo o texto constitucional, é vedado a todos os entes federativos conferir tratamento desigual entre pessoas que se encontram em situação equivalente. Note que isso não significa tratar a todos igualmente, pois, da mesma forma que é vedado desigualar pessoas que se encontram em situações iguais, também é proibido tratar igualmente os contribuintes que são financeiramente desiguais. &RP� HIHLWR�� VH� ³$´� DXIHUH� PDLRUHV� UHQGLPHQWRV� GR� TXH� %�� QDGD� PDLV� MXVWR�GR�TXH�³$´�WHQKD�TXH�DUFDU�FRP�R�SDJDPHQWR�GH�YDORUHV�PDLRUHV��D�WtWXOR� de tributo. Por outro lado, se duas pessoas podem ser consideradas iguais, sob a ótica tributária, nada mais injusto do que tributá-las de maneira diferente. Como já vimos na aula anterior, já foi julgado no STF (HC 77.530/RS), a adoção ao princípio do pecunia non olet. De acordo com o tribunal, para que não haja ofensa ao princípio da isonomia, os rendimentos auferidos com atividades ilícitas devem ser tributados. Isso ocorre porque seria injusto Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 100 tributar quem aufere rendimentos decorrentes de atividades lícitas, e não fazer o mesmo com aqueles que ganham a vida ilicitamente, concordam? Outro aspecto curioso é o parâmetro utilizado para igualar ou desigualar os contribuintes. Trata-se da capacidade contributiva das pessoas, princípio que guarda íntima relação com a isonomia e que, por tal motivo, o estudaremos dentro do tópico a seguir. 2.2.1 ± O princípio da capacidade contributiva Primeiramente, devemos ressaltar que o princípio da capacidade contributiva não se limita a um parâmetro de isonomia tributária. Na verdade, ele existe para a busca da justiça na tributação, que pode ser considerada, a grosso modo, sinônimo de equidade. Nesse contexto, surgem duas acepções para a equidade na tributação, quais sejam: Equidade Vertical: contribuintes que possuem capacidade contributiva diferente devem contribuir de forma desigual. Equidade Horizontal: contribuintes que possuem igual capacidade contributiva devem ser tributados de maneira igual. Tal princípio foi previsto na CF/88 no art. 145 § 1°, como vemos a seguir: ³$UW������������� § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do FRQWULEXLQWH�´ Embora o dispositivo em análise só faça menção aos impostos, o entendimento que o STF (RE 406.955-AgR) tem é o de que esse princípio (capacidade contributiva) também pode ser extensível a outras espécies tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de cada uma delas. Partindo desse pressuposto, a capacidade contributiva é aferida de várias formas, adequando-se aos diversos impostos, bem como aos demais tributos aos quais se aplica o subprincípio. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 100 A aplicação da capacidade contributiva aos tributos ocorre de maneira distinta. Por exemplo, a progressividade ocorre quando a incidência tributária é mais gravosa sobre aqueles que possuem maior capacidade contributiva. É o que ocorre com o Imposto de Renda, em que as pessoas que auferem maiores rendas contribuem com alíquotas maiores. Para facilitar o seu entendimento, note a diferença entre a proporcionalidade e a progressividade. Alíquotas progressivas ocorrem quando o percentual a ser aplicado sobre a renda aumenta, à medida que a renda aumenta. Já a proporcionalidade está presente quando a mesma alíquota é aplicada sobre qualquer renda. Quanto a este aspecto, é relevante demonstrarmos o entendimento do STF acerca da progressividade dos impostos. Primeiramente, devemos diferenciar os impostos reais dos impostos pessoais: Impostos reais Æ São impostos incidentes sobre o patrimônio, desconsiderando as características pessoais dos contribuintes. Impostos pessoais Æ São os impostos que estabelecem diferenças tributárias em função das condições pessoais de cada contribuinte. Com base nessa definição, o STF entendia que a progressividade somente seria aplicável aos impostos pessoais, já que os impostos reais não consideram as características pessoais dos contribuintes. Em relação a estes, a progressividade somente seria possível se houvesse norma constitucional dispondo neste sentido. Foi com base nesta linha de raciocínio que o STF editou a Súmula 656, vedando a progressividade das alíquotas do ITBI, e também a Súmula 668, permitindo a progressividade fiscal do IPTU apenas após a sua permissão no texto constitucional, que ocorreu com a EC 29/00. Contudo, em 2013, o STF demonstrou estar alterando seu entendimento, ao julgar o RE 562.045, relativamente à progressividade das alíquotas do ITCMD, típico imposto real. Vejamos: ³(0(17$�� 5(&8562� (;75$25',1È5,2�� &2167,78&,21$/�� 75,%87È5,2�� LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 100 CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL TRIBUTÁRIA. OBSERVÂNCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. RECURSO (;75$25',1È5,2�3529,'2�´� (...) Transcrição parcial do voto da Min. Ellen Gracie: ³3RU� UHYHODU� HIHWLYD� H� DWXDO� FDSDFLGDGH� FRQWULEXWLYD� LQHUHQWH� DR� DFUpVFLPR� SDWULPRQLDO��R�LPSRVWR�VREUH�WUDQVPLVVmR�³FDXVD�PRUWLV´��WDPEpP�FRQKHFLGR� como imposto sobre heranças ou sobre a sucessão, é um imposto que bem se vocaciona à tributação progressiva.´ (STF, RE 562.045/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 06/02/2013, publicado em 27/11/2013) Não obstante a citada jurisprudência, as súmulas continuam em vigor, de modo que recomendamos considerá-las corretas, caso sejam cobradas em prova. Por outro lado, se a mencionar o caso específico do ITCMD, é mais coerente respondê-la com base na mais recente jurisprudência desta Corte. Deve-se considerar também que, para o STF (AI 583.636-MS), a adequação do tributo de acordo com a capacidade contributiva não é obtida apenas como a alteração de alíquotas, mas também pode ser concretizada, por meio do escalonamento das bases de cálculo. Como assim? A base de cálculo do IPTU, por exemplo, é o valor venal do imóvel. Contudo, para se chegar ao valor venal, vários critérios são utilizados pelos municípios.Um dos critérios poderia ser o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e luxo). Ou seja, à medida que o padrão da construção aumenta, haverá consequente escalonamento da base de cálculo. Como o tributo é calculado multiplicando-se a base de cálculo pela alíquota, de acordo com a Suprema Corte, trata-VH�GH�³índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da capacidade contributiva´� Observação: Valor venal é o valor pelo qual o imóvel é comercializado, com pagamento à vista, em condições normais de mercado. Para o estabelecimento desse valor, os Municípios normalmente consideram os seguintes fatores: tamanho do terreno, localização do terreno, área construída, tipo de acabamento. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 100 A capacidade contributiva pode ser mensurada não só pela aplicação de diferentes alíquotas, mas também pelo escalonamento da base de cálculo. Voltando nossa análise do art. 145, o dispositivo confere alguns poderes à administração tributária, para que ela seja capaz de aplicar o princípio da capacidade contributiva com efetividade. Dessa forma, é facultado a ela identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Perceba que tal poder não é ilimitado, já que devem ser respeitados os direitos individuais dos contribuintes, e nos termos da lei. 2.2.2 ± Princípio da Isonomia e a Jurisprudência Agora que já estudamos o princípio da isonomia, vamos trabalhar os entendimentos que os tribunais vêm adotando acerca desse princípio: Fere o princípio da isonomia a discriminação com base na função ou ocupação exercida (STF, AI 157.871-AgR) No caso concreto, o contribuinte estava requerendo isenção de IPTU, em decorrência de ser funcionário público. Note que o próprio art. 150, II, da CF/88, proíbe qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função exercida. Nesse rumo, o STF também já considerou inconstitucional lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos (ADI 3.260). Não fere o princípio da isonomia quando a lei estimula a contratação de empregados com determinadas características (por exemplo, idade mais elevada), por meio de incentivos fiscais (ADI 1.276, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8-2002) No caso concreto, a Assembleia Legislativa de SP, por motivos extrafiscais, criou incentivo fiscal para estimular a contratação de empregados com mais de quarenta anos de idade. De acordo com a Suprema Corte, tais normas não ferem o princípio da isonomia. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 100 Não fere o princípio da isonomia a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no que se refere à contribuição previdenciária sobre a folha de salários. (AC 1.109-MC, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 31-5-2007, Plenário, DJ de 9-10- 2007.) Realmente, não há que se falar em conflito com o princípio da isonomia neste caso, já que o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Não afronta o princípio da isonomia norma que proíbe a adoção do regime de admissão temporária para as operações de importação amparadas por arrendamento mercantil. (RE 429.306/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 16/3/11) 'H�DFRUGR�FRP�D�/HL�����������³a entrada no território nacional dos bens objeto de arrendamento mercantil, contratado com entidades arrendadoras domiciliadas no exterior, não se confunde com o regime de admissão temporária´�� Consoante a 6XSUHPD�&RUWH��³o arrendamento mercantil foi adotado no Brasil para que os interessados possam usufruir de suas virtudes intrínsecas, mas não para que obtenham tratamento fiscal mais benéfico, se comparado ao previsto em relação às operações de compra e venda financiada´� O que seria o arrendamento mercantil e qual a sua relação com o regime de admissão temporária? A Lei 6.099/74 vedou as pessoas que estejam realizando operações de arrendamento mercantil (leasing) se valerem dos benefícios da admissão temporária (suspensão do pagamento dos tributos na importação temporária de bens do exterior). As operações de arrendamento mercantil consistem basicamente naquelas em que o bem é "locado" ao arrendatário, ficando este obrigado ao pagamento de parcelas. Ao final do contrato, o arrendatário pode devolver o bem, arrendá-lo novamente ou adquiri-lo, pagando apenas um valor residual (valor este muitas vezes insignificante em relação ao valor do produto). Então, na prática, os arrendatários acabam por adquirir o bem arrendado ao final do contrato. Portanto, embora não haja transferência do bem coma realização do contrato de arrendamento mercantil, o objetivo final Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 100 é internalizar o produto definitivamente no Brasil. Entendemos que foi esse o motivo de o legislador proibir o regime de admissão temporária para tais operações. Dito isso, você precisa entender que o STF decidiu que essa vedação não viola o princípio da isonomia, já que tem por objetivo evitar que o leasing se torne opção por excelência devido às virtudes tributárias e não em razão da função social e do escopo empresarial que a avença tem. Não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica (STF, RE 312.511, rel. min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de 28.06.2002) A proibição de importação de veículos usados consta na Portaria n° 8/91 do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), e não pode ser considerada como discriminação, tendo em vista que está de acordo com os interesses fazendários. Afinal de contas, o art. 237 da CF/88 delega a competência de controle do comércio exterior ao Ministério da Fazenda. 2.2.3 ± Princípio da Capacidade Contributiva e o Sigilo Bancário Na segunda parte do § 1°, do art. 145, da CF/88, ao tratar do princípio GD�FDSDFLGDGH�FRQWULEXWLYD��IRL�GLWR�TXH�p�³facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os UHQGLPHQWRV�H�DV�DWLYLGDGHV�HFRQ{PLFDV�GR�FRQWULEXLQWH�´ Com base nesse dispositivo, a LC 105/2001 estabeleceu o seguinte: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Isso significa que as autoridades e os agentes fiscais tributários, sejam elesda União, dos Estados, do DF e dos Municípios podem examinar as informações bancárias do contribuinte, independentemente de ordem judicial nesse sentido, bastando que haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e que tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 100 Essa previsão foi levada ao Judiciário, tendo em vista que os interesses arrecadatórios parecem suprimir os direitos individuais, relativos à proteção da intimidade e da vida privada das pessoas. O tema gerou forte controvérsia jurisprudencial. Somente em fevereiro de 2016 o STF pôs fim às controvérsias. A Suprema Corte concluiu o julgamento de um conjunto de cinco processos (RE 601.314 e ADIs 2859, 2390, 2386 e 2397) que questionavam dispositivos da LC 105/01. Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento de que a previsão da referida lei complementar não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim na transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. De acordo com a jurisprudência do STF, as autoridades fiscais podem requisitar aos bancos as informações financeiras dos contribuintes, sem prévia autorização judicial. Questão 17 ± ESAF/ATRFB/2009 Em razão do princípio constitucional da isonomia, não deve ser diferenciado, por meio de isenções ou incidência tributária menos gravosa, o tratamento de situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçam um tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica. Comentário: Deve haver, sempre que possível, a diferenciação da carga tributária imposta aos contribuintes, em função da capacidade contributiva de cada um. Conforme estudamos, embora a CF/88 tenha se restringido aos impostos, para o STF, tal princípio é aplicável às demais espécies tributárias. Questão errada. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 100 Questão 18 ± CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 Dados os princípios da personalização e da capacidade contributiva, os impostos devem, sempre que possível, ter caráter pessoal e ser graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, sendo facultado à administração, respeitados os direitos individuais e os termos da lei, identificar os rendimentos do contribuinte, seu patrimônio e suas atividades econômicas. Comentário: A questão realizou cópia do art. 145, § 1º, da CF/88. Questão correta. Se a questão apenas mencionar os impostos, está correta, pois seguiu a CF. Por outro lado, se houver menção à jurisprudência do STF, o princípio se aplica a outras espécies tributárias. Questão 19 ± ESAF/MDIC/2012 A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por arrendamento mercantil. Comentário: O arrendamento mercantil não se confunde com o regime de admissão temporária, nos termos da Lei 6.099/74. O STF, ao analisar o dispositivo legal, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda financiadas. Questão errada. Questão 20 ± CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 Segundo o STF, é constitucional lei estadual que estabelece alíquotas diferenciadas do imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) em razão do tipo do veículo, por entender que não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva. Comentário: Como vimos, via de regra, os impostos reais não podem ser progressivos. No caso concreto, a lei estadual estava estabelecendo alíquotas Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 100 diferenciadas em função do tipo de veículo, o que não parece ser um critério que leva em consideração a capacidade contributiva, correto? Nesse sentido, o STF decidiu que não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva. Questão correta. Questão 21 ± ESAF/MDIC/2012 Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. Comentário: O STF já decidiu que não há violação do princípio da isonomia se a lei institui incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. Questão errada. Questão 22 ± ESAF/MDIC/2012 Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia. Comentário: O STF já permitiu a o tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte, dependendo de condições a elas peculiares. Ademais disso, o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada. Questão 23 ± ESAF/ATRFB/2009 A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, estabelece a isonomia, vale dizer, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre a isonomia, é correto afirmar que diante da regra mencionada, o tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte, por exemplo, deve ser considerado inconstitucional. Comentário: O tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte não pode ser considerado ofensível ao princípio da isonomia, haja vista sua previsão constitucional (art. 146, III, d, da CF/88). Questão errada. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 100 Questão 24 ± ESAF/ISS-RJ/2010 O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte, pode- se concluir, exceto, que: a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse público. b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido, por lei complementar, inclusive comregimes especiais ou simplificados. c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional. d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia. e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao princípio da isonomia. Comentário: Alternativa A: Pode haver tratamento desigual em função de diferentes capacidades contributivas, como também podemos ter distinções por razões extrafiscais, como, por exemplo, a aplicação de IPTU progressivo no tempo, em caso de não aproveitamento de solo urbano, nos termos do art. 182, § 4º, da CF/88. Item correto. Alternativa B: De fato, há essa permissão no art. 146, III, d, da CF/88. Item correto. Alternativa C: Tal distinção está prevista no art. 195, § 9º, da CF/88, não havendo, por conseguinte, ofensa ao princípio da isonomia. Item correto. Alternativa D: O intuito do princípio da isonomia é tratar diferentemente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Portanto, se um segmento econômico foi prejudicado por crise internacional, é mais do que razoável e isonômico que haja tratamento tributário diferenciado. Item errado. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 100 Alternativa E: O STF entende que não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica. Item correto. Gabarito: Letra D Questão 25± ESAF/MDIC/2012 O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Sobre ele, assinale a opção incorreta. a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas. b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade. c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo existencial. d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade. e) É compatível com a progressividade de alíquotas. Comentário: Alternativa A: Não há qualquer restrição quanto a isso. Logo, o princípio da capacidade contributiva aplica-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas. Item errado. Alternativa B: O fato de tributar mais quem aufere mais renda está intimamente ligado ao princípio da solidariedade, pois aqueles que menos contribuem (por possuírem menor capacidade contributiva) são os que mais usufruem dos serviços prestados pelo poder público. Item correto. Alternativa C: O princípio da capacidade contributiva tem como um de seus objetivos assegurar que o Estado não subtrairá a riqueza mínima do contribuinte, utilizada para a sua manutenção. Item correto. Alternativa D: Podemos dizer que constitui subprincípio da igualdade, pois, como dito na aula, confere tratamento desigual conforme as diferentes capacidades contributivas. Item correto. Alternativa E: A progressividade é um instrumento para conferir maior justeza na tributação das distintas capacidades contributivas, pois se tributa proporcionalmente mais quem aufere maiores rendimentos. Item correto. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 100 Gabarito: Letra A Questão 26 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia. Comentário: De fato, esse tem sido o entendimento do STF, que foi estudado em aula. Questão correta. Questão 27 ± ESAF/ISS-RJ/2010 O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da capacidade contributiva. Comentário: Conforme explicamos durante a aula, não só a modulação da alíquota é capaz de adequar o tributo de acordo com a capacidade contributiva de cada contribuinte, mas também o escalonamento da base de cálculo. A questão foi elaborada com base na jurisprudência do STF, copiando parte da ementa do AI 583.636-AgR. Questão correta. 2.3 ± Princípio do Não Confisco Dando continuidade ao estudo dos princípios constitucionais tributários, veremos agora o Princípio do Não Confisco, previsto no art. 150, IV, da CF/88 (acompanhe na sua Constituição Federal). Na realidade, embora majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório, que é diferente do confisco em si. Veja que confiscar bens significa aplicar pena de perdimento nos bens dos contribuintes. Tendo em vista que a perda de bens é considerada uma SXQLomR�SHOD�SUySULD�0DJQD�&DUWD��DUW�����;/9,��³E´���o tributo não poderia ser confiscatório, pois o art. 3° do CTN assevera que o tributo não constitui sanção por ato ilícito. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 100 Então, o que seria a tributação com efeito confiscatório? Ora, seria uma sobrecarga de tributos de tal forma que se assemelhe a uma punição, pois o Estado estaria absorvendo boa parte da riqueza gerada pelos contribuintes. Destaque-se que, para Luciano Amaro 1 , o princípio da vedação ao confisco atua em conjunto com o princípio da capacidade contributiva, pois ambos visam preservar a capacidade econômica do contribuinte. Agora que já sabemos o que é efeito de confisco, resta saber quando se configura a verdadeira tributação com efeito confiscatório. A principal informação que temos que gravar aqui é que se trata de um conceito indeterminado. Diante disso, muitas vezes o Judiciário se vale dos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade para conseguir enquadrar a situação no verdadeiro efeito confiscatório. De qualquer modo, para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do efeito confiscatório deve ser obtida, analisando a totalidade de tributos a que um contribuinte está submetido, dentro de determinado período, em relação à mesma pessoa política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se determinado imposto federal está sendo utilizado com efeito de confisco, há que se verificar todo o ônus tributário com que certo contribuinte arca em relação à União. Princípio do não confisco: Totalidade da carga tributária/ Mesma pessoa política (União, por exemplo). No que se refere às taxas, para o STF (ADI-MC-QO 2.551/MG), a análise a ser feita é entre a relação do custo do serviço prestado ao contribuinte e o que foi efetivamente cobrado dele. Nesses casos, o princípio objetiva evitar a onerosidade excessiva da atividade prestada pelo Estado. Cumpre-nos ressaltar que, embora não se trate de tributo, as multas tributárias também estão sujeitas ao princípio do não confisco. Esse é o entendimento adotado pelo STF (ADI 551/RJ): EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.º E 3.º DO ART. 1 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20ª Edição. 2014. Pág. 270. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 100 57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal. Ação julgada procedente. (STF, ADI 551/RJ, Plenário, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 24/10/2002) Com efeito, se um determinado contribuinte sonega tributo em certo montante, e o ente federado institui uma multa de, por exemplo, cinco vezes o valor que foi sonegado, resta claro que se trata de efeito confiscatório. O princípio da vedação ao efeito de confisco também é aplicável às multas tributárias (tanto moratórias como punitivas). No entanto, as multas não se confundem com tributos (aprendemos isso na aula anterior). Por último, fique atento ao fato de que a aplicação do princípio do não confisco deve ser atenuada, quando se trata de tributos extrafiscais. Tais tributos são utilizados como forma de controle, e por isso mesmo a doutrina e a jurisprudência aceitam que se estipule alíquotas elevadas nesses tributos. Nesse contexto, as alíquotas do IPI em relação aos cigarros, por exemplo, chegam a 300%, não sendo caracterizado confisco, haja vista que o interesse do Estado é o de que as pessoas evitem fumar. Portanto, a sobrecarga tem intuito extrafiscal, qual seja o de inibir certo comportamento das pessoas. 2.1 ± Princípio do Não Confisco e a Tributação do Patrimônio A tributação sobre o patrimônio ocorre de várias formas. No ordenamento jurídico pátrio, existe a possibilidade de os entes federados instituírem impostos sobre a propriedade de bens imóveis (urbanos e rurais) e veículos automotores. Não podemos nos esquecer que também há competência tributária para se tributar a transmissão dos bens imóveis e móveis. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 100 Dessa forma, a doutrina considera que a tributação do patrimônio pode ser analisada sob as perspectivas estática e dinâmica. Na perspectiva estática, a tributação do patrimônio é analisada desconsiderando-se quaisquer alterações no valor do bem, bem como os rendimentos porventura gerados. Assim sendo, analisando-se a tributação dos impostos sobre o patrimônio com base nesta perspectiva, percebe-se que há efeito confiscatório, já que a propriedade do bem móvel ou imóvel só se adquire uma única vez, quando da aquisição do bem, ao passo que a tributação ocorre todos os anos, enquanto se mantiver a propriedade sobre o bem. Assim ocorre com o IPTU, ITR e IPVA. De outra banda, Ricardo Alexandre 2 argumenta que, ao analisar a tributação do patrimônio com base na perspectiva dinâmica, percebe-se que a propriedade do bem é capaz de gerar acréscimos patrimoniais, como é o caso dos rendimentos produzidos pelos aluguéis. Logo, sob a perspectiva dinâmica a incidência tributária sobre o patrimônio não seria confiscatória. Questão 28 ± ESAF/AFRFB/2014 Sobre o entendimento do STF acerca da vedação da utilização, por parte da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dos tributos com efeitos de confisco, pode-se afirmar que por veicular um conceito jurídico indeterminado, e não havendo diretriz objetiva e genérica, aplicável a todas as circunstâncias, é permitido aos Tribunais que procedam à avaliação dos excessos eventualmente praticados pelo Estado, com apoio no prudente critério do Juiz. Comentário: Por se tratar de um conceito jurídico indeterminado, cabe ao Juiz determinar quando há ou não incidência tributária confiscatória. Questão correta. 2 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8ª Edição. 2014. Pág. xxx Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 100 Questão 29 ± FGV/SEAD-AP/2010 A vedação à instituição de tributos com efeito de confisco não atinge as multas moratórias ou punitivas, que podem ser fixadas em qualquer patamar conforme admitido pela jurisprudência. Comentário: Vimos que o princípio que a tributação com efeito confiscatório é aplicável tanto aos tributos quanto às multas, sejam elas moratórias ou punitivas. Portanto, a questão está errada. Questão 30 ± ESAF/AFRFB/2009 Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente. Comentário: Como vimos, para o STF, deve-se avaliar a totalidade da carga tributária a que o contribuinte esteja sujeito em relação à mesma pessoa política. Na presente questão, como se afirma que o conceito é incorreto ± e realmente é -, a questão está correta. Questão 31 ± CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 Conforme o caso concreto, é facultado à União, aos estados, ao DF e aos municípios, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, utilizar tributo com efeito de confisco. Comentário: De modo algum, pois é exatamente o contrário, ou seja, é vedado a todos os entes federados utilizar o tributo com efeito de confisco. Questão errada. Questão 32 ± ESAF/AFRFB/2009 O princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação dos tributos. Comentário: Se não houvesse um princípio que vedasse a invasão desmedida ao patrimônio do contribuinte, por meio de tributos, a progressividade das alíquotas não teria nenhuma restrição. Questão correta. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 100 Questão 33 ± ESAF/AFRFB/2009 Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por exemplo, não significa necessariamente confisco. Comentário: Quando se trata de tributos extrafiscais (que é o caso do IPI), há a atenuação do princípio do não confisco, pois a finalidade principal do Estado é a intervenção na economia, e não a arrecadação. Conformeexemplificado, os cigarros são tributados em 300% de IPI. Questão correta. Questão 34 ± ESAF/AFRFB/2009 Os impostos sobre o patrimônio podem ser confiscatórios, quando considerados em sua perspectiva estática. Comentário: Quando se analisa a incidência dos impostos sobre o patrimônio sob a perspectiva estática, percebe-se que há efeito confiscatório, já que esta analise desconsidera as alterações no valor do bem. Questão correta. Questão 35 ± ESAF/AFRFB/2009 O imposto de transmissão causa mortis, na sua perspectiva dinâmica, pode ser confiscatório. Comentário: Como a transmissão da propriedade não configura riqueza renovável, a incidência de impostos sobre tal fato caracteriza efeito confiscatório, ainda que analisado sob a perspectiva dinâmica. Questão correta. Questão 36 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013 Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte. Comentário: A questão traz a definição perfeita do efeito confiscatório causado pelo excesso de tributação por parte do Fisco. Questão correta. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 100 Questão 37 ± CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 A vedação do efeito confiscatório aplica-se tanto aos tributos propriamente ditos quanto às multas pelo descumprimento da legislação tributária. Comentário: Para o STF, realmente o princípio do não confisco aplica-se também às multas pelo descumprimento da legislação tributária. Questão correta. Questão 38 ± CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 Segundo o STF, o denominado princípio da vedação ao confisco tem aplicação apenas em relação ao tributo e não à sanção, motivo pelo qual não estende a sua aplicação às multas moratórias. Comentário: Na realidade, o STF entende que o princípio do não confisco aplica-se também às multas, inclusive às moratórias. Questão errada. 2.4 ± Princípio da não surpresa Como já sabemos, um Estado Democrático de Direito pressupõe a existência de princípios que protejam os particulares do excesso de poder do Estado. Nessa concepção, surge o princípio da segurança jurídica, relacionado à estabilidade das relações jurídicas, fornecendo garantia e certeza das consequências dos atos praticados pelo contribuinte, no que concerne às relações jurídico-tributárias. Isso significa que uma das vertentes do princípio da segurança jurídica é proteger o contribuinte contra alterações repentinas que possam trazer prejuízos inesperados ao seu patrimônio. Relativamente à matéria tributária, a segurança jurídica é concretizada por meio do princípio da não surpresa, embora não se resuma neste. Mas o que viria a ser tal princípio? Observação: Em matéria tributária, o princípio da segurança jurídica possui várias vertentes, envolvendo temas que ainda não estudamos neste curso. Como o Direito Tributário rege as normas atinentes à instituição, arrecadação e fiscalização tributária, ou seja, envolve a subtração do patrimônio particular em benefício do Estado, é natural que a Constituição estabeleça princípios que evitem ± ou reduzam ± a alteração brusca das normas que venham a prejudicar os contribuintes. Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 100 Portanto, o princípio da não surpresa é representado, na CF/88, pelos princípios da anterioridade, noventena e até mesmo o da irretroatividade. Preferimos deixar para estudar este por último. Estudaremos, a partir de agora, esses três princípios. Contudo, apesar de a ordem em que inserimos acima ser a adotada pela CF/88, para fins didáticos, iniciaremos nosso estudo pelo princípio da anterioridade. 2.4.1 - Princípio da Anterioridade De acordo com o que foi previsto no art. 150, III, b, da CF/88, é vedado a qualquer dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) cobrar WULEXWRV�³no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou´� Observação: O princípio da anterioridade também pode vir na prova com os seguintes títulos: anterioridade anual, anterioridade de exercício ou anterioridade comum. 2�TXH�VHULD�³H[HUFtFLR�ILQDQFHLUR´" No Brasil, o denominado exercício financeiro tem início no dia 01 de janeiro e termina em 31 de dezembro. Pode-se dizer, pois, que o exercício financeiro se confunde com o ano civil. Isso significa que, como regra, se uma lei institui um tributo, o ente federado que a editou só poderá cobrá-lo no ano seguinte ao que foi publicada a lei instituidora. Perceba que a essência do dispositivo é justamente proteger o contribuinte contra surpresas decorrentes de alterações legislativas que possam vir a prejudicá-lo. Segurança Jurídica Princípio da Não Surpresa *Princípio da Irretroatividade *Princípio da Anterioridade *Princípio da Noventena Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 100 Nesse sentido, alterações que venham trazer vantagens para os contribuintes não estão protegidas por esta norma. Com isso, a redução e extinção de um tributo obviamente não necessitarão aguardar tais prazos, produzindo efeitos imediatamente. Destaque-se que, de acordo com o STF (RE-AgR 274.949/SC), a alteração de prazo para recolhimento de tributo não prejudica o contribuinte, mesmo que se trate de antecipação do prazo, não se sujeitando, tal medida, ao princípio da anterioridade. Vejamos também uma súmula vinculante do STF que corrobora o seu entendimento: Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 670 do STF. Isso significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. Ademais, de acordo com a Corte Suprema (RE-AgR 200.844/PR), a atualização do valor monetário do tributo também não constitui majoração de tributo, não sendo necessário que se submeta ao princípio da anterioridade. Lembre-se de que tanto a alteração do prazo para recolhimento como a atualização monetária também são exceções ao princípio da legalidade. Nessa linha, o STF (RE 204.062) já considerou que a revogação de isenção anteriormente concedida não se equipara à majoração de tributo, não se sujeitando ao princípio da anterioridade. Portanto, esta revogação produz efeitos imediatamente. Acompanhe a ementa do citado recurso extraordinário: EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO: REVOGAÇÃO. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. I. - Revogada a isenção, o tributo torna-se imediatamente exigível. Em caso assim, não há que se observar o princípio da anterioridade, dado que o tributo já é existente. II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal. III. - R.E. conhecido e provido. (RE 204.062/ES, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 19/12/1996) Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 100
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